Rabdomiossarcoma Introdução Os sarcomas são tumores malignos originários de células mesênquimais imaturas, diferenciáveis em músculo estriado, músculo liso, ossos, cartilagem, tecido gorduroso e tecido fibroso. Quando uma, entre muitas células, que daria origem ao músculo esquelético entra em colapso durante sua jornada de especialização surge o rabdomiossarcoma (RMS). Sua apresentação acadêmica aconteceu em 1854 por Weber e ganhou uma descrição histopatológica moderna apenas em 1946 por Stout. Acomete várias partes do organismo sendo as principais Geniturinário (29%), parameníngeas ( 24%), extremidades (15%), retroperitônio (13%), órbita (8%),outro em cabeça e pescoço ( 7%), variados em outras regiões (4%). Nas crianças, este é considerado o terceiro tumor sólido extracranial mais comum, perdendo apenas para o tumor de Wilms e o retinoblastoma. Distribuição do tumores primários Epidemiologia e etiologia RMS é o sarcoma de partes moles mais comum entre as crianças e adolescentes. Aproximadante de 250 a 350 novos casos aparecem nos EUA. Nas crianças, este é considerado o terceiro tumor sólido extracranial mais comum, perdendo apenas para o tumor de Wilms e o retinoblastoma. Entre os tumores orbitários, o RMS é tumor maligno primário mais comum na infância, sendo que 70% aparecem na primeira década de vida. O sexo masculino apresenta uma proporção maior que o feminino, relação de 5:3 respectivamente. A grande parte dos tumores aparecem esporadicamente com nenhuma predisposição associada a fatores de risco. Porém, em alguns casos, o RMS desenvolve-se em crianças portadoras de síndromes familiares como neurofibromatose, síndrome de Li-fraumeni, síndrome de Costello, síndrome de Noonan, síndrome de Beckwith-Wiedmann e algumas de anomalias congênitas. Pode também ser associado ao uso de cocaína e maconha pelos pais.Estudos mostram uma predisposição quando a linhagem germinativa do gene p53 sofre sofre alguma alteração, sendo este um gene supressor de tumor. Rabdomiossarcoma Página 1 Classificação Existem 3 subtipos histológicos: -Embrionário (botrióide) -Alveolar -Indiferenciado O embrionário é o mais freqüente na infância. O embrionário apresenta crescimento polipóide em superfícies mucosas e ocorre principalmente nas vias geniturinárias (vagina, bexiga), conjuntiva e vesícula biliar. O alveolar lembra os alvéolos pulmonares fetais. A correlação do prognóstico foi realizado pela Classificação Internacional de Rabdomiossarcoma (CIR) de acordo com os achado histopatológicos: Bom: botrióide Intermediário: embrionário Mau: alveolar e indiferenciado. Clínica De modo geral o RMS aparece como uma massa de crescimento progressivo, sem sinais flogísticos. Dependendo da sua localização apresenta diferentes sinais. Na órbita mostra-se como uma proptose unilateral de rápida evolução nas crianças, temporalmente há edema palpebral, sendo a dor uma manifestação incomum. Na região parameníngea pode apresentar paralisia facial, obstrução nasal, secreção serossanguinolenta, sinusite de repetição, dor, abaulamento local. No testículo apresenta-se como massa sólida paratesticular de consistência endurecida. Na vagina ou no útero pode haver secreção sanguinolenta, extrusão do tumor polipóide pela vagina. Na bexiga ou próstata, a clínica é de retenção urinária ou massa pélvica. Complicações A complicação mais importante deste tumor maligno é semelhante, senão idêntico, a todos outros tumores maligno: metástase. Cerca de 15% dos pacientes apresentam metástases ao diagnóstico que pode ser por via hematogênica ou via linfática. Primeiramente aparece os pulmões, seguido pelos ossos, medula óssea e linfonodos. Existe a verificação do aumento de casos de metástases nos adultos mas isso ocorre devido ao aumento da sobrevida alcançada pela ciência junto do paciente. Diagnósticos O diagnóstico de certeza deve ser realizado através da biópsia e exame anatomopatológico. Após a suspeita diagnosticada com base na história e no exame físico é de extrema importância avaliar as dimensões do tumor e suas relações com estruturas vizinhas utilizando ultra-som, tomografia computadorizada,RNM, vaginoscopia e nos tumores parameníngeos também solicitar liquor. A procura pelas metástases deve ser realizada pelos seguintes exames: tomografia computadorizada de tórax, mapeamento ósseo, biópsia de medula óssea, ultra-som e/ou tomografia computadorizada de abdome. Rabdomiossarcoma Página 2 Tratamento O tratamento cirúrgico para RMS de órbita está restrito à biópsia para diagnóstico. O normal para essas neoplasias é a utilização de radioterapia local seguida de quimioterapia. Complicações do tratamento incluem catarata, ptose, enoftalmia, retinopatia, ceratoconjuntivite seca, assimetria facial e hipoplasia óssea. Exenteração é reservada para os raros tumores recorrentes ou resistentes à radioterapia. A taxa de sobrevida é de 90% quando o tumor é confinado à órbita e 65% na presença de destruição e extensão óssea. Nos casos que não respondem ao tratamento a morte ocorre usualmente dentro de 18 meses. Bibliografia Livros -Tratado de Clínica Médica. 1 ª edição- Lopes -Oftalmologia Clínica. 3 ª edição- Kanski Artigos -Philip P. Breitfeld, William H. Meyer. Rhabdomyosarcoma: New Windows of Opportunity. The Oncologist 2005;10:518–527. - Ramzi Dagher, Lee Helman. Rhabdomyosarcoma: An Overview. The Oncologist 1999;4:3444. - Cruz Aav; Chahud F & Guimarães FC. Patologia do anexos oculares. Medicina, Ribeirão Preto, 30: 36-51, jan./march 1997. - Fine-structural classification of orbital rhabdomyosarcoma. Arnold J. Kroll .Invest. Ophthalmol. Vis. Sci., Oct 1967; 6: 531 - 543. - Robert H. Sagerman. Orbital Rhabdomyosarcoma: A Paradigm for Irradiation. Radiology, Jun 1993; 187: 605. Rabdomiossarcoma Página 3