Relatório de Aplicação UW-003 O Uso de Testes de Toxicidade na Avaliação de Efluentes Dipl. Biol R. Dannenberg Secretaria do Meio Ambiente da Cidade de Hamburgo Adaptação: Dr. Jörg H. Saar UMWELT Ltda Assessoria Ambiental Resumo Este artigo é um resumo de duas testes de Mestrado cujo objetivo foi o de avaliar métodos alternativos e mais sensíveis ao bioteste com peixes para avaliação da toxicidade de efluentes a pedido da Agência Federal de Proteç!ão ao Meio Ambiente da Alemanha. Está sendo discutido, há algum tempo, a aplicação de alternativas ao teste utilizando peixes, cuja realização é obrigatória mediante a Lei de Taxação das Águas para a avaliação de efluentes. Com o objetivo de ganhar em experiência no uso de quatro possíveis métodos alternativos, estes foram utilizados conjuntamente com o teste de toxicidade para peixes na análise de 62 efluentes com toxicidades muito variados dos setores da indústra de alimentos, da petroquímica e de diferentes estações de tratamento de efluentes. O teste usando células de peixe e o próprio peixe, conforme Lei da Taxação das Águas (AbwAG), nestes ensaios revelaram respostas com a menor sensibilidade. Os testes usando dáphnia e o pólipo de água doce “hydra” demostraram uma sensibilidade nitidamente maior. Como ainda mais sensível e, na prática, mais vantajoso foi avaliado o teste com bactérias luminescentes, o qual conseqüêntemente deve ter a prioridade na escolha do método alternativo. 1. Introdução A análise química de efluentes complexos é laboriosa, de elevado custo e não é capaz de garantir que todos os compostos tóxicos relevantes sejam detectados. Por esta razão, o teste de toxicidade para os peixes foi incluído na Lei de Taxação das Águas, para se conseguir uma indicação sobre o efeito tóxico da totalidade das substâncias contidas na água de maneira somatória. Nos últimos anos surgiram cada vez mais dúvidas sobre a relevância do teste de toxicidade com peixes, isto por duas razões: 1. Na avaliação de substâncias isoladas, o teste com peixes revelou-se em parte menos sensível em comparação com outros testes, que usam organismos teste menos evoluídos. 2. O teste com peixes apenas é aplicável no caso de indústrias com despejo de efluentes diretamente no corpo receptor; não é aplicado no caso de efluentes despejados indiretamente, isto é, direcionados para uma estação de tratamento de efluentes municipal para tratamento final. Por parte das organizações de proteção de animais surgiram objeções sérias. Por exemplo, a Lei de proteção dos animais regulamenta, que experimentos com animais mais evoluídos apenas são permitidos no caso de não existirem métodos alternativos adequados [1]. Por esta razão o desenvolvimento de técnicas alternativas obteve apoio financeiro intenso. Métodos de testes alternativos ao teste com peixes foram investigados com relação a sua aplicabilidade na análise de efluentes em duas teses de Mestrado no Departamento de Engenharia Bioquímica da Universidade Hamburg-Bergedorf. Os trabalhos foram realizados na Secretaria do Meio Ambiente , Setor Proteção Ambiental – Análises do Meio Ambiente. Os resultados mais importantes destas teses estão apresentados à seguir [2, 3]. UMWELT Ltda - Rua Quixabás, 245 – BLUMENAU – SC – 89040-290 Tel/Fax: (47) 326 7131 [email protected] 2 2. Materiais e Métodos Os seguintes métodos de testes foram utilizados na análise das amostras de efluentes: 1. Efeito Letal para Peixes (Leuciscus idus) conforme DIN 38412, parte 31 [4], 2. Teste com Células de Peixes segundo Prof. AHNE [5], 3. Determinação da Mobilidade de Dáphnias com Daphnia magna, comforme DIN 38412, parte 30 [6], 4. Teste com Pólipos de Água Doce (Hydra litoralis): neste teste estão sendo utilizadas como critério de avaliação modificações morfológicas dos organismos teste [7], 5. Inibição da Emissão de Luz de Bactérias Luminescentes, conforme DIN 38412, parte 34 [8]. Estes métodos são utilizados em ensaios para a determinação da toxicidade aguda de amostras de água. A duração do ensaio é de 30 minutos para o teste com bactérias luminescentes, 24 horas para o testes com dáphnias, hydra e células de peixes e de 48 horas para o teste com peixes. No total foram analisadas 62 amostras de efluentes gerados em diferentes fontes, tratando-se principalmente de lançamentos indiretos, ou seja, efluentes enviados através de tubulação para uma estação de tratamento. Efluente de lançamento indireto, via de regra, apresenta toxicidade maior em comparação ao de lançamento direto. Das 62 amostras, 20 eram provenientes do setor alimentício, 27 da indústria petroquímica e 15 eram oriundas de afluentes e efluentes de estações de tratamento de esgotos. No setor da indústria alimentícia foram representados produtores de óleo comestível, cervejarias, produtores de vaselina e levedo, além de empresas com ampla faixa de produtos. As petroquímicas incluiram refinarias, empresas de reciclagem de óleo usado, empresas de limpeza de tanques e empresas geradoras ou consumidoras de hidrocarbonetos aromáticos . As estações de tratamento de esgoto foram: ETE Stellinger Mohr (efluentes de entrada), ETE Dradenau (efluentes de saída) e fluxos parciais de seu sistema de purificação de água de lavagem (SARA). As amostras foram filtradas e neutralizadas quando necessário. O teor de oxigênio nos ensaios foi controlado. As amostras para o teste com bactérias luminescentes foi ajustado em termos de teor de sais. Foram usadas bactérias conservadas das empresas Dr.Lange e Microbics. A medição da intensidade de luminescência foi realizada no sistema de análises LumisTox da empresa Dr.Lange. Sempre que possível, cada amostra de efluente foi investigada em paralelo com os cinco métodos de ensaio, descritos acima. No teste com Hydra litoralis foram efetuados 24 testes. Os testes foram realizados em séries de diluições com passos de diluição simples. Como menor diluição foram usados os níveis de diluição 2 (i.e. 1 volume de amostra com 1 volume de água de diluição) e no teste com bactérias luminescentes o nível 1,3 (i.e. 1 volume de amostra e 0,3 volumes de meio de diluição). Com isso, o menor fator de diluição (valor FD, ou “G”em alemão) é 2 (ou 1,3 no teste com bactérias luminescentes) e foi considerado como “não tóxico”. Sendo que ainda não foram definidos classes de toxicidade à nível da legislação ambiental, recomendou-se aplicar a seguinte diferenciação (Tab.1): UMWELT Ltda - Rua Quixabás, 245 – BLUMENAU – SC – 89040-290 Tel/Fax: (47) 326 7131 [email protected] 3 Tabela 1: Estimativa do efeito tóxico com base a valores de FD Valor FD Classe de Toxicidade <= 2 não tóxico (classe 0) 3 – 10 levemente a médiamente tóxico (classe 1) 11 – 35 muito tóxico (classe 2) > 35 extremamente tóxico (classe 3) 3. Resultados 3.1 Efluentes das indústrias alimentícias A tabela 2 resume os valores apurados de FD dos testes com peixes (FDP), células de peixes (FDCP), dáphnias (FDD) , hydras (FDH) e bactérias luminescentes (FDB) dos 20 efluentes da indústria de alimentos. Tabela 2: Toxicidade das amostras de efluentes da indústria de alimentos No de entrada FDP FDCP FDD FDH FDB 1479 1505 1556 1580 1604 1605 1622 1637 1770 1793 1794 2041 2042 2098 2241 2243 2247 2273 2550 2558 2 2 5 2 5 25 2 2 2 2 2 6 4 20 2 2 6 2 2 2 2 2 5 2 2 35 2 2 2 2 2 2 2 5 2 2 5 2 2 2 2 5 20 2 5 40 5 5 2 15 5 5 5 15 2 2 15 5 2 2 5 2 5 2 10 >70 2 35 - 8 1,3 64 1,3 32 512 1,3 1,3 128 64 1,3 128 64 256 4 1.3 32 64 1,3 4 UMWELT Ltda - Rua Quixabás, 245 – BLUMENAU – SC – 89040-290 Tel/Fax: (47) 326 7131 [email protected] 4 No total foram detectados 17 efluentes apresentando toxicidade. No teste com células de peixes foram reconhecidas apenas 4 das 20 amostras como sendo tóxicas, aplicando o teste com peixes, foram 7 amostras tóxicas e nos testes com dáphnias e bactérias luminescentes, 13 amostras revelaram efeitos tóxicos. Na comparação das substâncias tóxicas dos cinco métodos de ensaio foi demostrado com clareza: Quanto menos evoluído for o organsimo teste, mais sensível ele será aos poluentes contidos nos efluentes. Com fins de demostração, a figura 1 mostra os valores de FD da amostra 1605. 600 Valor de toxicidade 500 400 300 200 100 0 Peixe Células Dáphnias Hydra Bact. Lum. Figura 1: Apresentação dos valores de FD da amostra 1605 apurados com diferentes métodos A explicação desta observação é o fato que em organismos menos evoluídos, especialmente bactérias, não existem estruturas de proteção os quais evitam a penetração de substâncias nocivas em animais de ordem maior (p.ex. pele e cutícula). Além disso, não dispõem dos órgãos e mecanismos de detoxificação como é o caso dos peixes ou das células hepáticas. UMWELT Ltda - Rua Quixabás, 245 – BLUMENAU – SC – 89040-290 Tel/Fax: (47) 326 7131 [email protected] 5 3.2 Efluentes das indústrias petroquímicas A tabela 3 resume os valores apurados de FD dos testes com peixes (FDP), células de peixes (FDCP), dáphnias (FDD) , hydra (FDH) e bactérias luminescentes (FDB) de 27 efluentes da indústria petroquímica. Tabela 3: Toxicidade das amostras de efluentes da indústria petroquímica; dados para efluentes tratados No de entrada FDP FDCP FDD FDH FDB 1324 1325 1328 1329 1389 1607 1619 1782 1969 2030 2031 2033 2106 2107 2108 2161 2173 2222 2258 2260 2272 2288 2290 2540 2555 2556 2557 2 20 5 5 2 >45 10 10 25 2 10 2 2 2 10 2 30 5 2 2 6 2 2 2 5 15 7 2 20 5 2 2 5 5 5 20 2 5 3 2 2 2 2 50 5 2 2 5 2 2 5 5 5 5 2 30 15 2 5 20 15 15 15 2 10 2 2 5 15 2 50 25 20 2 15 2 5 5 5 10 20 2 >50 10 15 2 2 10 40 >80 5 15 - 3 1024 32 4 4 64 8 32 128 1,3 16 2 1,3 4 128 4 512 128 1,3 1,3 4 1,3 192 1,3 64 128 1024 No total foram detectados efeitos tóxicos em 24 das 27 amostras da indústria petroquímica. No teste com peixes e células de peixes foram reconhecidas 15 amostras como sendo tóxicas. Os testes com dáphnias detectaram 19 e o teste com bactérias luminescentes 20 amostras com toxicidade UMWELT Ltda - Rua Quixabás, 245 – BLUMENAU – SC – 89040-290 Tel/Fax: (47) 326 7131 [email protected] 6 3.3 Amostras de Efluentes na Entrada e Saída de Estações de Tratamento de Esgotos (ETE) A tabela 4 resume os valores apurados de FD de 15 amostras de diferentes ETEs. Foram analisadas amostras das ETEs Stellinger Moor e Dradenau, além da ETE “SARA”. Tabela 4: Toxicidade das amostras das Estações de Tratamento de Esgoto No de entrada FDP FDCP FDD FDH FDB ETE Stellinger Moor 1355 (entrada sul) 1356 (entrada oeste) 1357 (entrada norte) 1489N (entrada norte) 1489S (entrada sul) 1489W (entrada oeste) 1733 (entrada norte) 1774 (entrada sul) 1775 (entrada oeste) 2 5 5 5 5 5 5 10 5 2 2 2 2 2 2 2 2 5 3 2 4 2 2 2 2 10 2 10 25 25 5 2 2 - 32 64 16 16 64 64 32 32 64 ETE Dradenau 1555 (saída) 1783 (saída) 2 2 2 2 2 2 - 1,3 1,3 ETE “SARA” - Tratamento de água de lavagem 523 (entrada) 5 2 524 (entrada decantador) 5 2 525 (saída rotator biológico) 2 2 526 (saída final tratamento) 2 2 6 5 2 2 - 1,3 1,3 1,3 1,3 Em todos os efluentes de entrada foram detectados efeitos tóxicos, principalmente no teste com bactérias luminescentes. Na saída da ETE Dradenau e do sistema de tratamento “SARA” não foi encontrada nenhuma toxicidade. 3.4 Variações da Toxicidade no Período de Avaliação Durante o período de quatro meses de coleta de amostras (11.06.91-08.10.91), das 26 empresas diferentes, em 12 empresas foram realizadas amostragens múltiplas de duas a quatro vezes em intervalos de algumas semanas. Em uma empresa foram coletadas cinco amostras em intervalos de 8 a 12 dias. Nas ETEs (efluentes de entrada e saída) foram coletadas amostras duas a três vezes num intervalo de 4 semanas. Para demostrar as variações da toxicidade no período de amostragem, as tabelas 5 a 7 apresentam os números de entrada das amostras coletadas nas empresas e ETEs com o valor correspondente de FD dos 5 métodos de teste. UMWELT Ltda - Rua Quixabás, 245 – BLUMENAU – SC – 89040-290 Tel/Fax: (47) 326 7131 [email protected] 7 Tabela 5: Variação da toxicidade dos efluentes da indústria de alimentos no período de medição No de entrada Empresa 1 1556 1793 2273 1505 1580 1770 1794 1604 1605 2041 2042 2558 2243 Empresa 2 Empresa 3 Empresa 4 FDP FDCP FDD FDH FDB 5 2 2 2 2 2 2 5 25 6 4 2 2 5 2 2 2 2 2 2 2 35 2 2 2 2 20 15 5 5 2 2 5 5 40 5 5 2 2 5 2 2 10 >70 - 64 64 64 1,3 1,3 128 1,3 32 512 128 64 2 1,3 Tabela 6: Variação da toxicidade dos efluentes da indústria petroquímica no período de medição No de entrada Empresa 5 Empresa 6 Empresa 7 Empresa 8 Empresa 9 Empresa 10 Empresa 11 Empresa 12 1324 2290 1328 1619 1329 1782 2272 1389 2540 1607 2258 2556 2108 2030 2106 2107 2161 2260 2555 2033 FDP FDCP FDD FDH FDB 2 2 5 10 5 10 6 2 2 >45 2 15 10 2 2 2 2 2 5 2 2 2 5 5 2 5 5 2 5 5 2 5 2 2 2 2 2 2 5 3 2 5 15 15 2 15 15 5 5 20 20 10 15 2 2 5 2 2 5 2 2 10 10 15 2 2 15 - 32 192 32 8 4 32 4 4 1,3 64 4 128 128 1,3 1,3 4 4 1,3 64 2 UMWELT Ltda - Rua Quixabás, 245 – BLUMENAU – SC – 89040-290 Tel/Fax: (47) 326 7131 [email protected] 8 Tabela 7: Toxicidade dos efluentes de entrada da Estação de Tratamente de Efluentes StellingerMoor no período de medição No de entrada Entrada Sul Entrada Oeste Entrada Norte 1355 1489 S 1774 1356 1489 W 1775 1357 1489 N 1773 FDP FDCP FDD FDH FDB 2 5 10 5 5 5 5 5 5 2 2 2 2 2 5 2 2 2 3 2 10 2 2 2 4 2 2 10 2 25 2 25 5 - 32 64 32 64 64 64 16 16 32 Não foram constatadas variações significativas (diferenças < fator 4) em 6 das 12 empresas com relação aos valores apurados de toxicidade de seus efluentes no período de medição. Em seis empresas foram observadas grandes variações, cuja razão deve ser a composição alterada das substâncias contidas nos efluentes. Dos três pontos de entrada de efluentes da ETE “Stellinger Moor” , a entrada sul apresentou variações nítidas no teste com dáphnias e peixes. As demais entradas não mostraram alterações significantes com relação a efeitos tóxicos no período de investigação (exeção: teste com hydra). Deve ser ressaltado, que as amostras 1604 e 1605 (ver tabela 5, empresa 3) foram coletadas num intervalo de apenas 16 minutos, sendo que a amostra 1605 apresentou uma toxicidade nitidamente maior. As análises físico-químicas, efetuadas rotineiramente nas amostras, não forneceram indicações de possíveis razões desta modificação drástica da toxicidade: A temperatura do efluente aumentou de 1ºC em 16 minutos, o valor de pH mudou de 6.7 para 7.5 e o teor de substâncias lipofílicas de baixa volatilidade caiu de 92 mg/L para 72 mg/L. Este exemplo mostra claramente a velocidade de mudanças na toxicidade de efluentes, impossível de acompanhar na análise de rotina, e a necessidade de se trabalhar com sistemas de coleta composta para evitar os “picos” de valores de medição. Baseado num grau de incerteza metodológico de um fator de 2 para os testes toxicológicos (o qual corresponde a um nível de diluição), resultam variações/oscilações significantes na toxicidade dos efluentes da metade das empresas investigadas. Estas variações deviam ser demostradas também nas análises químicas. Porém, os dados apurados rotineiramente nestes ensaios não foram suficientemente detalhados afim de permitir uma correlação aprofundada com os resultados toxicológicos (ver o exemplo das amostras 1604 e 1605). 4. Discussão e Avaliação dos Resultados A utilização de métodos biológicos serve, entre outras coisas, para fornecer dados com relação à preocupação da presença de substâncias perigosas nos efluentes (§7 WHG) Além disso, testes ecotoxicológicos estão sendo utilizados no monitoramento dos efluentes para avaliar a eficiência de sistemas de tratamento de efluentes. Em ambos os casos, a sensibilidade do sistema teste aplicado é fundamental. Na proteção do meio ambiente, deve se garantir, na medida do possível, que efluentes tóxicos sejam identificados como tais. Na figura 2 é apresentada a “frequência de detecção” para os cinco métodos utilizados, isto é, o número de amostras reconhecidas pelo teste como sendo seguramente tóxicas. UMWELT Ltda - Rua Quixabás, 245 – BLUMENAU – SC – 89040-290 Tel/Fax: (47) 326 7131 [email protected] 9 % 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 83 69 68 62 37 Células Peixe Hydra Dáphnias Bac. Lum. Figura 2: Frequência de detecção percentual dos 5 métodos utilizados (100% = soma das amostras medidas com toxicidade). Para o teste com Hydra, relativo ao número efetuado de testes. Em 52 das 62 amostras apuradas foram detectados efeitos tóxicos. A maior frequência de detecção foi observada no teste com bactérias luminescentes (83%) e a menor frequência com o teste com peixes com 37%. O teste utilizado deve também permitir a avaliação do “grau de perigosidade” de um efluente, isto é, diferenciar entre “levemente tóxico” e “exessivamente tóxico”. Na figura 3 é demostrada a distribuição dos valores FD apurados nos 5 métodos de teste, conforme classes de toxicidade, definidos na tabela 1. 70 60 50 40 30 20 10 0 % Células Peixe Hydra Dáphnias Bac.lum. 0 1 2 3 Figura 3: Distribuição relativa dos valores FD de 5 métodos teste para as classes de toxicidade UMWELT Ltda - Rua Quixabás, 245 – BLUMENAU – SC – 89040-290 Tel/Fax: (47) 326 7131 [email protected] 10 Demostrou-se, que a sensibilidade dos testes com peixes e células de peixes é significativamente menor quando comparado aos demais métodos, o que frequentemente leva a uma subestimação da toxicidade comparado aos outros três testes. Por esta razão, os testes com peixes e células de peixes não são apropriados para a análise toxicológica de efluentes. Segundo a Lei de Protecção dos Animais §7 (2) , o trabalho com vertebrados – os quais incluem os peixes – só é permitido no caso de não existirem métodos alternativos adequados. O teste com bactérias luminescentes pode ser considerado como algo mais importante do que uma mera metodologia alternativa para o teste com peixes, pois apresenta outras vantagens, além das vantagens do ponto de vista da proteção de animais: - comparado ao teste com peixes, o cultivo dos organismos teste e a execução do teste com bactérias luminescentes é muito mais fácil (e menos custoso); - as bactérias reagem, via de regra, de maneira mais sensível e mais rápida em comparação aos peixes; - o teste com bactérias luminescentes demostra uma frequência de detecção maior e permite uma melhor diferenciação do efeito tóxico do que o teste com peixes; - medidas de controle da qualidade (p.ex. ensaios em duplicata e o teste com substâncias de referência) são obrigatoriamente previstas nos procedimentos padronizados do teste com bactérias luminescentes. No teste com peixes, via de regra, não se utilizam ensaios paralelos e outras medidas de controle da qualidade, para manter baixo o número de animais teste sacrificados. Além disso, o uso de bactérias na análise de efluentes lançados indiretamente pode ser vantagoso pois eventualmente detecta efeitos negativos no sistema de tratamento biológico da ETE receptora. Porém, uma indicação conclusiva de possíveis efeitos nocivos no sistema biológico da ETE não é possível, pois as bactérias luminescentes não são organismos típicos de efluentes e, sim ,de ambientes marinhos. Interferências, como descritos na norma DIN 38412, parte 34, parágrafo 5 [8], podem levar a resultados falso positivos no teste de efluentes com bactérias luminescentes. Em cinco das 62 amostras de efluentes analisadas foram observados efeitos apenas no teste com bactérias luminescentes, os quais não puderam ser confirmados por nenhum dos demais testes. Em um caso foi apurado um valor FD muito elevado (FDB = 128), enquanto as outras quatro amostas demostraram uma toxicidade muito baixa (FDB = 3 ou 4). Para solidificação dos resultados do teste com bactérias luminescente pode ser realizado – conforme norma DIN – um teste de inibição da divisão celular ou, por exemplo, o teste com dáphnias, como fonte de dados secundária. No uso combinado dos testes com dáphnias e bactérias luminescentes foram detectados efeitos tóxicos em 30 amostras por ambos os testes, 11 amostras revelaram efeito apenas com o teste com bactérias luminescentes e 7 apenas com o teste com dáphnias. Com isso, existe a certeza da presença de substâncias tóxicas para as amostras positivas nos dois testes , para as demais amostras existe, no mínimo, a preocupação com este fato. UMWELT Ltda - Rua Quixabás, 245 – BLUMENAU – SC – 89040-290 Tel/Fax: (47) 326 7131 [email protected] 11 O teste com dáphnias e hydra também demostrou vantagens com relação ao teste com peixes em muitos pontos (ver anexo). Conseqüêntemente podem ser considerados como alternativas para este teste. Com relação ao teste com bactérias luminescentes, eles apresentam uma série de desvantagens. Por exemplo, a manutenção de dáphnias e hydra é muito mais laboriosa do que a manutenção das bactérias luminescentes conservadas. A duração do ensaio, também, com 24 horas, é nitidamente maior do que a realização do teste com bactérias, de meia hora (sem contar o tempo de preparo do teste). Com base nas experiências adquiridas até o momento, o teste com bactérias luminescentes pode ser recomendado para a análise de efluentes lançados indiretamente. No âmbito da Diretriz de Limites de Emissão para Efluentes (Rahmen-AbwasserVerwaltungsvorschrift; RAV), são previstos os testes ecotoxicológicos com peixes, dáphnias, bactérias luminescentes e algas. Na alteração da RAV está sendo discutido no momento o seguinte procedimento [9]: Em análises de varredura devem ser usados os quatro testes, para que seja selecionado em seguida o teste mais sensível, o qual deve apresentar, no futuro, a base para a taxação da água. Nesta avaliação de efluentes da cidade de Hamburgo, o teste com algas não foi realizado. Entretanto, este teste já comprovou a sua elevada sensibilidade para efluentes em outros trabalhos deste tipo [10,11]. Com base aos resultados obtidos neste ensaio, o teste com bactérias luminescentes apresentou-se como teste mais sensível em 27 casos, o teste com dáphnias em 11 casos e o teste com peixes apenas em um caso (não considerando os demais testes). O procedimento mencionado acima para a determinação do teste mais sensível, neste caso, levaria automaticamente a uma redução significativa do teste com peixes. UMWELT Ltda - Rua Quixabás, 245 – BLUMENAU – SC – 89040-290 Tel/Fax: (47) 326 7131 [email protected] 12 Avaliação de Métodos de Testes Toxicológicos na Análise de Efluentes Avaliação do teste com peixes Vantagens Desvantagens - operação simples; - Organismos podem faltar em - sem necessidade de equipamentos mais determinadas épocas do ano; complexos; - pouca sensibilidade; - resposta sem eventuais equívocos - duração do teste de 48 horas; - problemática da protecção dos animais; - necessita mão-de-obra treinada e especializada; - requer fiscalização operacional Avaliação do teste com células de peixes Vantagens - material teste não vivo; - testes com elevado número de amostras/repetições praticável; - pequeno volume da amostra Avaliação do teste com dáphnias Vantagens - muito sensível - resposta sem eventuais equívocos Desvantagens - trabalho em condições estéreis requer grande experiência e equipamento laboratorial sofisticado (p.ex. Fluxo laminar) - grande complexidade metodológica - muito pouco sensível - resposta freqüêntemente equívoca e questionável Desvantagens - cultivo bastante laborioso Avaliação do teste com hydra Vantagens - muito sensível - requer pouco equipamento de laboratório Desvantagens - critério de teste equívoco/apenas observado com experiência - não é método padronizado (DIN) Avaliação do teste com bactérias luminescentes Vantagens - muito sensível; - não requer cultivo, o teste pode ser realizado a qualquer momento; - duração do teste de apenas 30 min; - não requer conhecimentos específicos para a operação - medidas de controle da qualidade previstas na metodologia - requer pouco volume da amostra Desvantagens - requer equipamento de medição UMWELT Ltda - Rua Quixabás, 245 – BLUMENAU – SC – 89040-290 Tel/Fax: (47) 326 7131 [email protected] 13 Bibliografia [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10] [11] Tierschutzgesetz vom 24.7.72 (BGBI. I S. 1277) in der Fassung der Bekanntmachung vom 18.8.1986 (BGBI. I S. 1319) Heinze, B.: Vergleichende Untersuchungen zum Einsatz des Fischtests nach dem AbwAG durch den Toxizitätstest mit Leberzellen der Regenbogenforelle. Diplomarbeit der Fachhochschule Hamburg, Fachbereich Bio-Ingenieurswesen, (1991). Bürning-Leutermann, I.: einsatz des R1-Zytotoxizitätstestsnach Ahne bei der behördlichen Abwasserkontrolle – Vergleich mit anderen Toxizitätstestverfahren. Diplomarbeit der Fachhochschule Hamburg, Fachbereich Bio-Ingenieurswesen, (1992). DIN 38412 Teil 31: Bestimmung der nicht akut giftigen Wirkung von Abwasser gegenüber Fischen über Verdünnungsstufen, (1989). DIN-Arbeitskreis “Suborganische Testverfahren”: Bestimmung der akuten Toxizität vom Abwasser mit der Zellinie R1 von Regenbogenforellen, 7. Entwurf, (1990). DIN 38412 Teil 30: Bestimmung der nicht akut giftigen Wirkung von Abwasser gegenüber Daphnien über Verdünnungsstufen, (1989). 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(Hrsg.), Biologische Testverfahren, Schriftenreihe des Vereins für Wasser-, Boden- und Lufthygiene, Bd 89 (1992), S. 539-552. Este relatório foi publicado em: gwf Wasser – Abwasser 135 (1994) nº. 8 p. 475-480 UMWELT Ltda - Rua Quixabás, 245 – BLUMENAU – SC – 89040-290 Tel/Fax: (47) 326 7131 [email protected] 14