O Uso de Testes de Toxicidade na Avaliação de Efluentes

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Relatório de Aplicação
UW-003
O Uso de Testes de Toxicidade
na Avaliação de Efluentes
Dipl. Biol R. Dannenberg
Secretaria do Meio Ambiente da Cidade de Hamburgo
Adaptação: Dr. Jörg H. Saar
UMWELT Ltda
Assessoria Ambiental
Resumo
Este artigo é um resumo de duas testes de Mestrado cujo objetivo foi o de avaliar métodos
alternativos e mais sensíveis ao bioteste com peixes para avaliação da toxicidade de efluentes a
pedido da Agência Federal de Proteç!ão ao Meio Ambiente da Alemanha.
Está sendo discutido, há algum tempo, a aplicação de alternativas ao teste utilizando peixes, cuja
realização é obrigatória mediante a Lei de Taxação das Águas para a avaliação de efluentes. Com
o objetivo de ganhar em experiência no uso de quatro possíveis métodos alternativos, estes foram
utilizados conjuntamente com o teste de toxicidade para peixes na análise de 62 efluentes com
toxicidades muito variados dos setores da indústra de alimentos, da petroquímica e de diferentes
estações de tratamento de efluentes. O teste usando células de peixe e o próprio peixe, conforme
Lei da Taxação das Águas (AbwAG), nestes ensaios revelaram respostas com a menor
sensibilidade. Os testes usando dáphnia e o pólipo de água doce “hydra” demostraram uma
sensibilidade nitidamente maior. Como ainda mais sensível e, na prática, mais vantajoso foi
avaliado o teste com bactérias luminescentes, o qual conseqüêntemente deve ter a prioridade na
escolha do método alternativo.
1. Introdução
A análise química de efluentes complexos é laboriosa, de elevado custo e não é capaz de garantir
que todos os compostos tóxicos relevantes sejam detectados. Por esta razão, o teste de toxicidade
para os peixes foi incluído na Lei de Taxação das Águas, para se conseguir uma indicação sobre o
efeito tóxico da totalidade das substâncias contidas na água de maneira somatória.
Nos últimos anos surgiram cada vez mais dúvidas sobre a relevância do teste de toxicidade com
peixes, isto por duas razões:
1. Na avaliação de substâncias isoladas, o teste com peixes revelou-se em parte menos
sensível em comparação com outros testes, que usam organismos teste menos evoluídos.
2. O teste com peixes apenas é aplicável no caso de indústrias com despejo de efluentes
diretamente no corpo receptor; não é aplicado no caso de efluentes despejados
indiretamente, isto é, direcionados para uma estação de tratamento de efluentes municipal
para tratamento final.
Por parte das organizações de proteção de animais surgiram objeções sérias. Por exemplo, a Lei
de proteção dos animais regulamenta, que experimentos com animais mais evoluídos apenas são
permitidos no caso de não existirem métodos alternativos adequados [1]. Por esta razão o
desenvolvimento de técnicas alternativas obteve apoio financeiro intenso.
Métodos de testes alternativos ao teste com peixes foram investigados com relação a sua
aplicabilidade na análise de efluentes em duas teses de Mestrado no Departamento de Engenharia
Bioquímica da Universidade Hamburg-Bergedorf. Os trabalhos foram realizados na Secretaria do
Meio Ambiente , Setor Proteção Ambiental – Análises do Meio Ambiente. Os resultados mais
importantes destas teses estão apresentados à seguir [2, 3].
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2
2. Materiais e Métodos
Os seguintes métodos de testes foram utilizados na análise das amostras de efluentes:
1. Efeito Letal para Peixes (Leuciscus idus) conforme DIN 38412, parte 31 [4],
2. Teste com Células de Peixes segundo Prof. AHNE [5],
3. Determinação da Mobilidade de Dáphnias com Daphnia magna, comforme DIN 38412,
parte 30 [6],
4. Teste com Pólipos de Água Doce (Hydra litoralis): neste teste estão sendo utilizadas como
critério de avaliação modificações morfológicas dos organismos teste [7],
5. Inibição da Emissão de Luz de Bactérias Luminescentes, conforme DIN 38412, parte 34
[8].
Estes métodos são utilizados em ensaios para a determinação da toxicidade aguda de amostras
de água. A duração do ensaio é de 30 minutos para o teste com bactérias luminescentes, 24 horas
para o testes com dáphnias, hydra e células de peixes e de 48 horas para o teste com peixes.
No total foram analisadas 62 amostras de efluentes gerados em diferentes fontes, tratando-se
principalmente de lançamentos indiretos, ou seja, efluentes enviados através de tubulação para
uma estação de tratamento. Efluente de lançamento indireto, via de regra, apresenta toxicidade
maior em comparação ao de lançamento direto. Das 62 amostras, 20 eram provenientes do setor
alimentício, 27 da indústria petroquímica e 15 eram oriundas de afluentes e efluentes de estações
de tratamento de esgotos.
No setor da indústria alimentícia foram representados produtores de óleo comestível, cervejarias,
produtores de vaselina e levedo, além de empresas com ampla faixa de produtos. As
petroquímicas incluiram refinarias, empresas de reciclagem de óleo usado, empresas de limpeza
de tanques e empresas geradoras ou consumidoras de hidrocarbonetos aromáticos . As estações
de tratamento de esgoto foram: ETE Stellinger Mohr (efluentes de entrada), ETE Dradenau
(efluentes de saída) e fluxos parciais de seu sistema de purificação de água de lavagem (SARA).
As amostras foram filtradas e neutralizadas quando necessário. O teor de oxigênio nos ensaios foi
controlado. As amostras para o teste com bactérias luminescentes foi ajustado em termos de teor
de sais.
Foram usadas bactérias conservadas das empresas Dr.Lange e Microbics. A medição da
intensidade de luminescência foi realizada no sistema de análises LumisTox da empresa Dr.Lange.
Sempre que possível, cada amostra de efluente foi investigada em paralelo com os cinco métodos
de ensaio, descritos acima. No teste com Hydra litoralis foram efetuados 24 testes.
Os testes foram realizados em séries de diluições com passos de diluição simples. Como menor
diluição foram usados os níveis de diluição 2 (i.e. 1 volume de amostra com 1 volume de água de
diluição) e no teste com bactérias luminescentes o nível 1,3 (i.e. 1 volume de amostra e 0,3
volumes de meio de diluição). Com isso, o menor fator de diluição (valor FD, ou “G”em alemão) é 2
(ou 1,3 no teste com bactérias luminescentes) e foi considerado como “não tóxico”.
Sendo que ainda não foram definidos classes de toxicidade à nível da legislação ambiental,
recomendou-se aplicar a seguinte diferenciação (Tab.1):
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3
Tabela 1: Estimativa do efeito tóxico com base a valores de FD
Valor FD
Classe de Toxicidade
<= 2
não tóxico (classe 0)
3 – 10
levemente a médiamente tóxico (classe 1)
11 – 35
muito tóxico (classe 2)
> 35
extremamente tóxico (classe 3)
3. Resultados
3.1 Efluentes das indústrias alimentícias
A tabela 2 resume os valores apurados de FD dos testes com peixes (FDP), células de peixes
(FDCP), dáphnias (FDD) , hydras (FDH) e bactérias luminescentes (FDB) dos 20 efluentes da
indústria de alimentos.
Tabela 2: Toxicidade das amostras de efluentes da indústria de alimentos
No de
entrada
FDP
FDCP
FDD
FDH
FDB
1479
1505
1556
1580
1604
1605
1622
1637
1770
1793
1794
2041
2042
2098
2241
2243
2247
2273
2550
2558
2
2
5
2
5
25
2
2
2
2
2
6
4
20
2
2
6
2
2
2
2
2
5
2
2
35
2
2
2
2
2
2
2
5
2
2
5
2
2
2
2
5
20
2
5
40
5
5
2
15
5
5
5
15
2
2
15
5
2
2
5
2
5
2
10
>70
2
35
-
8
1,3
64
1,3
32
512
1,3
1,3
128
64
1,3
128
64
256
4
1.3
32
64
1,3
4
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4
No total foram detectados 17 efluentes apresentando toxicidade. No teste com células de peixes
foram reconhecidas apenas 4 das 20 amostras como sendo tóxicas, aplicando o teste com peixes,
foram 7 amostras tóxicas e nos testes com dáphnias e bactérias luminescentes, 13 amostras
revelaram efeitos tóxicos.
Na comparação das substâncias tóxicas dos cinco métodos de ensaio foi demostrado com clareza:
Quanto menos evoluído for o organsimo teste, mais sensível ele será aos poluentes contidos nos
efluentes. Com fins de demostração, a figura 1 mostra os valores de FD da amostra 1605.
600
Valor de toxicidade
500
400
300
200
100
0
Peixe
Células
Dáphnias
Hydra
Bact. Lum.
Figura 1: Apresentação dos valores de FD da amostra 1605 apurados com diferentes métodos
A explicação desta observação é o fato que em organismos menos evoluídos, especialmente
bactérias, não existem estruturas de proteção os quais evitam a penetração de substâncias
nocivas em animais de ordem maior (p.ex. pele e cutícula). Além disso, não dispõem dos órgãos e
mecanismos de detoxificação como é o caso dos peixes ou das células hepáticas.
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5
3.2 Efluentes das indústrias petroquímicas
A tabela 3 resume os valores apurados de FD dos testes com peixes (FDP), células de peixes
(FDCP), dáphnias (FDD) , hydra (FDH) e bactérias luminescentes (FDB) de 27 efluentes da indústria
petroquímica.
Tabela 3: Toxicidade das amostras de efluentes da indústria petroquímica; dados para efluentes
tratados
No de
entrada
FDP
FDCP
FDD
FDH
FDB
1324
1325
1328
1329
1389
1607
1619
1782
1969
2030
2031
2033
2106
2107
2108
2161
2173
2222
2258
2260
2272
2288
2290
2540
2555
2556
2557
2
20
5
5
2
>45
10
10
25
2
10
2
2
2
10
2
30
5
2
2
6
2
2
2
5
15
7
2
20
5
2
2
5
5
5
20
2
5
3
2
2
2
2
50
5
2
2
5
2
2
5
5
5
5
2
30
15
2
5
20
15
15
15
2
10
2
2
5
15
2
50
25
20
2
15
2
5
5
5
10
20
2
>50
10
15
2
2
10
40
>80
5
15
-
3
1024
32
4
4
64
8
32
128
1,3
16
2
1,3
4
128
4
512
128
1,3
1,3
4
1,3
192
1,3
64
128
1024
No total foram detectados efeitos tóxicos em 24 das 27 amostras da indústria petroquímica. No
teste com peixes e células de peixes foram reconhecidas 15 amostras como sendo tóxicas. Os
testes com dáphnias detectaram 19 e o teste com bactérias luminescentes 20 amostras com
toxicidade
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6
3.3 Amostras de Efluentes na Entrada e Saída de Estações de Tratamento de Esgotos
(ETE)
A tabela 4 resume os valores apurados de FD de 15 amostras de diferentes ETEs. Foram
analisadas amostras das ETEs Stellinger Moor e Dradenau, além da ETE “SARA”.
Tabela 4: Toxicidade das amostras das Estações de Tratamento de Esgoto
No de entrada
FDP
FDCP
FDD
FDH
FDB
ETE Stellinger Moor
1355 (entrada sul)
1356 (entrada oeste)
1357 (entrada norte)
1489N (entrada norte)
1489S (entrada sul)
1489W (entrada oeste)
1733 (entrada norte)
1774 (entrada sul)
1775 (entrada oeste)
2
5
5
5
5
5
5
10
5
2
2
2
2
2
2
2
2
5
3
2
4
2
2
2
2
10
2
10
25
25
5
2
2
-
32
64
16
16
64
64
32
32
64
ETE Dradenau
1555 (saída)
1783 (saída)
2
2
2
2
2
2
-
1,3
1,3
ETE “SARA” - Tratamento de água de lavagem
523 (entrada)
5
2
524 (entrada decantador)
5
2
525 (saída rotator biológico)
2
2
526 (saída final tratamento)
2
2
6
5
2
2
-
1,3
1,3
1,3
1,3
Em todos os efluentes de entrada foram detectados efeitos tóxicos, principalmente no teste com
bactérias luminescentes. Na saída da ETE Dradenau e do sistema de tratamento “SARA” não foi
encontrada nenhuma toxicidade.
3.4 Variações da Toxicidade no Período de Avaliação
Durante o período de quatro meses de coleta de amostras (11.06.91-08.10.91), das 26 empresas
diferentes, em 12 empresas foram realizadas amostragens múltiplas de duas a quatro vezes em
intervalos de algumas semanas. Em uma empresa foram coletadas cinco amostras em intervalos
de 8 a 12 dias. Nas ETEs (efluentes de entrada e saída) foram coletadas amostras duas a três
vezes num intervalo de 4 semanas. Para demostrar as variações da toxicidade no período de
amostragem, as tabelas 5 a 7 apresentam os números de entrada das amostras coletadas nas
empresas e ETEs com o valor correspondente de FD dos 5 métodos de teste.
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7
Tabela 5: Variação da toxicidade dos efluentes da indústria de alimentos no período de medição
No de entrada
Empresa 1
1556
1793
2273
1505
1580
1770
1794
1604
1605
2041
2042
2558
2243
Empresa 2
Empresa 3
Empresa 4
FDP
FDCP
FDD
FDH
FDB
5
2
2
2
2
2
2
5
25
6
4
2
2
5
2
2
2
2
2
2
2
35
2
2
2
2
20
15
5
5
2
2
5
5
40
5
5
2
2
5
2
2
10
>70
-
64
64
64
1,3
1,3
128
1,3
32
512
128
64
2
1,3
Tabela 6: Variação da toxicidade dos efluentes da indústria petroquímica no período de medição
No de entrada
Empresa 5
Empresa 6
Empresa 7
Empresa 8
Empresa 9
Empresa 10
Empresa 11
Empresa 12
1324
2290
1328
1619
1329
1782
2272
1389
2540
1607
2258
2556
2108
2030
2106
2107
2161
2260
2555
2033
FDP
FDCP
FDD
FDH
FDB
2
2
5
10
5
10
6
2
2
>45
2
15
10
2
2
2
2
2
5
2
2
2
5
5
2
5
5
2
5
5
2
5
2
2
2
2
2
2
5
3
2
5
15
15
2
15
15
5
5
20
20
10
15
2
2
5
2
2
5
2
2
10
10
15
2
2
15
-
32
192
32
8
4
32
4
4
1,3
64
4
128
128
1,3
1,3
4
4
1,3
64
2
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8
Tabela 7: Toxicidade dos efluentes de entrada da Estação de Tratamente de Efluentes
StellingerMoor no período de medição
No de entrada
Entrada Sul
Entrada Oeste
Entrada Norte
1355
1489 S
1774
1356
1489 W
1775
1357
1489 N
1773
FDP
FDCP
FDD
FDH
FDB
2
5
10
5
5
5
5
5
5
2
2
2
2
2
5
2
2
2
3
2
10
2
2
2
4
2
2
10
2
25
2
25
5
-
32
64
32
64
64
64
16
16
32
Não foram constatadas variações significativas (diferenças < fator 4) em 6 das 12 empresas com
relação aos valores apurados de toxicidade de seus efluentes no período de medição. Em seis
empresas foram observadas grandes variações, cuja razão deve ser a composição alterada das
substâncias contidas nos efluentes. Dos três pontos de entrada de efluentes da ETE “Stellinger
Moor” , a entrada sul apresentou variações nítidas no teste com dáphnias e peixes. As demais
entradas não mostraram alterações significantes com relação a efeitos tóxicos no período de
investigação (exeção: teste com hydra).
Deve ser ressaltado, que as amostras 1604 e 1605 (ver tabela 5, empresa 3) foram coletadas num
intervalo de apenas 16 minutos, sendo que a amostra 1605 apresentou uma toxicidade
nitidamente maior. As análises físico-químicas, efetuadas rotineiramente nas amostras, não
forneceram indicações de possíveis razões desta modificação drástica da toxicidade: A
temperatura do efluente aumentou de 1ºC em 16 minutos, o valor de pH mudou de 6.7 para 7.5 e o
teor de substâncias lipofílicas de baixa volatilidade caiu de 92 mg/L para 72 mg/L. Este exemplo
mostra claramente a velocidade de mudanças na toxicidade de efluentes, impossível de
acompanhar na análise de rotina, e a necessidade de se trabalhar com sistemas de coleta
composta para evitar os “picos” de valores de medição.
Baseado num grau de incerteza metodológico de um fator de 2 para os testes toxicológicos (o qual
corresponde a um nível de diluição), resultam variações/oscilações significantes na toxicidade dos
efluentes da metade das empresas investigadas. Estas variações deviam ser demostradas também
nas análises químicas. Porém, os dados apurados rotineiramente nestes ensaios não foram
suficientemente detalhados afim de permitir uma correlação aprofundada com os resultados
toxicológicos (ver o exemplo das amostras 1604 e 1605).
4. Discussão e Avaliação dos Resultados
A utilização de métodos biológicos serve, entre outras coisas, para fornecer dados com relação à
preocupação da presença de substâncias perigosas nos efluentes (§7 WHG) Além disso, testes
ecotoxicológicos estão sendo utilizados no monitoramento dos efluentes para avaliar a eficiência
de sistemas de tratamento de efluentes. Em ambos os casos, a sensibilidade do sistema teste
aplicado é fundamental. Na proteção do meio ambiente, deve se garantir, na medida do possível,
que efluentes tóxicos sejam identificados como tais.
Na figura 2 é apresentada a “frequência de detecção” para os cinco métodos utilizados, isto é, o
número de amostras reconhecidas pelo teste como sendo seguramente tóxicas.
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9
%
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
83
69
68
62
37
Células
Peixe
Hydra
Dáphnias
Bac. Lum.
Figura 2: Frequência de detecção percentual dos 5 métodos utilizados (100% = soma das
amostras medidas com toxicidade). Para o teste com Hydra, relativo ao número efetuado de testes.
Em 52 das 62 amostras apuradas foram detectados efeitos tóxicos. A maior frequência de
detecção foi observada no teste com bactérias luminescentes (83%) e a menor frequência com o
teste com peixes com 37%.
O teste utilizado deve também permitir a avaliação do “grau de perigosidade” de um efluente, isto
é, diferenciar entre “levemente tóxico” e “exessivamente tóxico”.
Na figura 3 é demostrada a distribuição dos valores FD apurados nos 5 métodos de teste,
conforme classes de toxicidade, definidos na tabela 1.
70
60
50
40
30
20
10
0
%
Células
Peixe
Hydra
Dáphnias
Bac.lum.
0
1
2
3
Figura 3: Distribuição relativa dos valores FD de 5 métodos teste para as classes de toxicidade
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10
Demostrou-se, que a sensibilidade dos testes com peixes e células de peixes é
significativamente menor quando comparado aos demais métodos, o que frequentemente leva a
uma subestimação da toxicidade comparado aos outros três testes. Por esta razão, os testes com
peixes e células de peixes não são apropriados para a análise toxicológica de efluentes.
Segundo a Lei de Protecção dos Animais §7 (2) , o trabalho com vertebrados – os quais incluem os
peixes – só é permitido no caso de não existirem métodos alternativos adequados. O teste com
bactérias luminescentes pode ser considerado como algo mais importante do que uma mera
metodologia alternativa para o teste com peixes, pois apresenta outras vantagens, além das
vantagens do ponto de vista da proteção de animais:
-
comparado ao teste com peixes, o cultivo dos organismos teste e a execução do teste com
bactérias luminescentes é muito mais fácil (e menos custoso);
-
as bactérias reagem, via de regra, de maneira mais sensível e mais rápida em comparação
aos peixes;
-
o teste com bactérias luminescentes demostra uma frequência de detecção maior e
permite uma melhor diferenciação do efeito tóxico do que o teste com peixes;
-
medidas de controle da qualidade (p.ex. ensaios em duplicata e o teste com substâncias
de referência) são obrigatoriamente previstas nos procedimentos padronizados do teste
com bactérias luminescentes. No teste com peixes, via de regra, não se utilizam ensaios
paralelos e outras medidas de controle da qualidade, para manter baixo o número de
animais teste sacrificados.
Além disso, o uso de bactérias na análise de efluentes lançados indiretamente pode ser vantagoso
pois eventualmente detecta efeitos negativos no sistema de tratamento biológico da ETE
receptora. Porém, uma indicação conclusiva de possíveis efeitos nocivos no sistema biológico da
ETE não é possível, pois as bactérias luminescentes não são organismos típicos de efluentes e,
sim ,de ambientes marinhos.
Interferências, como descritos na norma DIN 38412, parte 34, parágrafo 5 [8], podem levar a
resultados falso positivos no teste de efluentes com bactérias luminescentes. Em cinco das 62
amostras de efluentes analisadas foram observados efeitos apenas no teste com bactérias
luminescentes, os quais não puderam ser confirmados por nenhum dos demais testes. Em um
caso foi apurado um valor FD muito elevado (FDB = 128), enquanto as outras quatro amostas
demostraram uma toxicidade muito baixa (FDB = 3 ou 4). Para solidificação dos resultados do teste
com bactérias luminescente pode ser realizado – conforme norma DIN – um teste de inibição da
divisão celular ou, por exemplo, o teste com dáphnias, como fonte de dados secundária. No uso
combinado dos testes com dáphnias e bactérias luminescentes foram detectados efeitos tóxicos
em 30 amostras por ambos os testes, 11 amostras revelaram efeito apenas com o teste com
bactérias luminescentes e 7 apenas com o teste com dáphnias. Com isso, existe a certeza da
presença de substâncias tóxicas para as amostras positivas nos dois testes , para as demais
amostras existe, no mínimo, a preocupação com este fato.
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O teste com dáphnias e hydra também demostrou vantagens com relação ao teste com peixes
em muitos pontos (ver anexo). Conseqüêntemente podem ser considerados como alternativas para
este teste. Com relação ao teste com bactérias luminescentes, eles apresentam uma série de
desvantagens. Por exemplo, a manutenção de dáphnias e hydra é muito mais laboriosa do que a
manutenção das bactérias luminescentes conservadas. A duração do ensaio, também, com 24
horas, é nitidamente maior do que a realização do teste com bactérias, de meia hora (sem contar o
tempo de preparo do teste).
Com base nas experiências adquiridas até o momento, o teste com bactérias luminescentes pode
ser recomendado para a análise de efluentes lançados indiretamente.
No âmbito da Diretriz de Limites de Emissão para Efluentes (Rahmen-AbwasserVerwaltungsvorschrift; RAV), são previstos os testes ecotoxicológicos com peixes, dáphnias,
bactérias luminescentes e algas. Na alteração da RAV está sendo discutido no momento o
seguinte procedimento [9]: Em análises de varredura devem ser usados os quatro testes, para que
seja selecionado em seguida o teste mais sensível, o qual deve apresentar, no futuro, a base para
a taxação da água. Nesta avaliação de efluentes da cidade de Hamburgo, o teste com algas não
foi realizado. Entretanto, este teste já comprovou a sua elevada sensibilidade para efluentes em
outros trabalhos deste tipo [10,11]. Com base aos resultados obtidos neste ensaio, o teste com
bactérias luminescentes apresentou-se como teste mais sensível em 27 casos, o teste com
dáphnias em 11 casos e o teste com peixes apenas em um caso (não considerando os demais
testes). O procedimento mencionado acima para a determinação do teste mais sensível, neste
caso, levaria automaticamente a uma redução significativa do teste com peixes.
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Avaliação de Métodos de Testes Toxicológicos na Análise de Efluentes
Avaliação do teste com peixes
Vantagens
Desvantagens
- operação simples;
- Organismos
podem
faltar
em
- sem necessidade de equipamentos mais
determinadas épocas do ano;
complexos;
- pouca sensibilidade;
- resposta sem eventuais equívocos
- duração do teste de 48 horas;
- problemática da protecção dos animais;
- necessita mão-de-obra treinada e
especializada;
- requer fiscalização operacional
Avaliação do teste com células de peixes
Vantagens
- material teste não vivo;
- testes com elevado número de
amostras/repetições praticável;
- pequeno volume da amostra
Avaliação do teste com dáphnias
Vantagens
- muito sensível
- resposta sem eventuais equívocos
Desvantagens
- trabalho em condições estéreis requer
grande experiência e equipamento
laboratorial sofisticado (p.ex. Fluxo
laminar)
- grande complexidade metodológica
- muito pouco sensível
- resposta freqüêntemente equívoca e
questionável
Desvantagens
- cultivo bastante laborioso
Avaliação do teste com hydra
Vantagens
- muito sensível
- requer pouco equipamento de
laboratório
Desvantagens
- critério de teste equívoco/apenas
observado com experiência
- não é método padronizado (DIN)
Avaliação do teste com bactérias luminescentes
Vantagens
- muito sensível;
- não requer cultivo, o teste pode ser
realizado a qualquer momento;
- duração do teste de apenas 30 min;
- não requer conhecimentos específicos
para a operação
- medidas de controle da qualidade
previstas na metodologia
- requer pouco volume da amostra
Desvantagens
- requer equipamento de medição
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Bibliografia
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Fachhochschule Hamburg, Fachbereich Bio-Ingenieurswesen, (1991).
Bürning-Leutermann, I.: einsatz des R1-Zytotoxizitätstestsnach Ahne bei der behördlichen
Abwasserkontrolle – Vergleich mit anderen Toxizitätstestverfahren. Diplomarbeit der
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Este relatório foi publicado em:
gwf Wasser – Abwasser 135 (1994) nº. 8 p. 475-480
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