de dissertação em pdf - Pós

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Universidade Federal da Bahia
Escola de Medicina Veterinária
Mestrado em Ciência Animal nos Trópicos
ANIMAIS SILVESTRES E ZOONOSES: O EXEMPLO DA
SALMONELOSE EM JABUTIS-PIRANGA (Geochelone carbonaria)
OBERDAN COUTINHO NUNES
Salvador – Bahia
2007
i1
OBERDAN COUTINHO NUNES
ANIMAIS SILVESTRES E ZOONOSES: O EXEMPLO DA
SALMONELOSE EM JABUTIS-PIRANGA (Geochelone carbonaria)
Dissertação apresentada à Escola de
Medicina Veterinária da Universidade
Federal da Bahia, como requisito para a
obtenção do título de Mestre em Ciência
Animal nos Trópicos, na área de Saúde
Animal.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Franke
Co-Orientadora: Profª. Drª. Eugênia Márcia de Deus Oliveira
Salvador – Bahia
2007
ii2
FICHA CATALOGRÁFICA
NUNES, Oberdan Coutinho
Animais silvestres e zoonoses: o exemplo da salmonelose em jabutispiranga (Geochelone carbonaria) / Oberdan Coutinho Nunes –
Salvador, 26 de outubro de 2007. 74p. Dissertação (Mestrado
em Ciência Animal nos Trópicos) – Escola de Medicina
Veterinária da Universidade Federal da Bahia, 2007.
Professor orientador – Carlos Roberto Franke
Palavras-chave - doenças emergentes; Salmonella, tráfico.
1-Oberdan
silvestres I-Título
Coutinho
Nunes
2-Salmonelose
3-animais
iii3
Este trabalho é dedicado aos meus pais,
pelos exemplos que ajudaram na
formação do meu caráter e honestidade e
pelo respeito ao meu trabalho.
iv4
AGRADECIMENTOS
Ao Criador de todas as coisas, pelo livre arbítrio;
Aos meus pais, Elenildes A. C. Nunes e Walmir S. Nunes, pela educação e apoio em todos os
momentos da minha vida;
À minha noiva, Vanessa C. V. Azevedo, pelo amor, carinho, dedicação, paciência e apoio nos
momento de angústia;
Ao IBAMA e ao CETAS Chico Mendes, por terem me permitido realizar o presente trabalho;
Ao meu orientador, o prof. Dr. Carlos R. Franke, pela confiança, conhecimentos, paciência e
dedicação;
À minha Co-Orientadora: Profª. Drª. Eugênia Márcia de Deus Oliveira, pela confiança,
paciência, dedicação e incontáveis ajudas;
À Sônia S. Laborda, pelos isolamentos das colônias de Salmonella spp, no Laboratório de
Bacterioses da UFBA;
À amiga, Janis C. Hohlenwerger, pela amizade e pelo auxílio nas coletas e no isolamento das
colônias;
Ao amigo, Moacyr A. M. Neto, pela amizade e pela ajuda no isolamento das colônias;
Ao setor de enterobactérias da seção de Bacteriologia do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo,
pela identificação das cepas;
Ao Mestrado em Ciência Animal nos Trópicos, da UFBA, pela aprovação dos meus projetos e
pela ajuda na formação profissional; e
À Universidade Federal da Bahia, por ter me acolhido por tantos anos como meu segundo lar.
v5
“As cidades estão criando suas próprias
versões de espécies selvagens...”.
(autor desconhecido).
vi6
ÍNDICE
RESUMO..................................................................................................................................vii
SUMMARY.................................................................................................................................ix
1.0 - INTRODUÇÃO GERAL..................................................................................................11
2.0 - REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................................14
2.1 - O tráfico de animais silvestres e os riscos à saúde e à conservação.....................14
2.1.1 - Aspectos legais de proteção à fauna.......................................................18
2.2 - Principais zoonoses “emergentes” e “re-emergentes” de impacto mundial.........19
2.2.1 - Ebola......................................................................................................22
2.2.2 - Influenza aviária.....................................................................................22
2.2.3 - Nipah......................................................................................................24
2.2.4 - Vírus do Oeste do Nilo...........................................................................24
2.2.5 - Síndrome respiratória severa aguda (SARS)..........................................25
2.3 - Principais zoonoses associadas ao manejo de fauna no Brasil.............................26
2.3.1 - Clamidiose..............................................................................................30
2.3.2 - Doença de Newcastle.............................................................................32
2.3.3 - Raiva......................................................................................................32
2.3.4 - Leishmaniose visceral............................................................................33
2.3.5 - Doença de Chagas..................................................................................34
2.3.6 - Toxoplasmose........................................................................................35
2.3.7 - Leptospirose...........................................................................................37
2.3.8 - Enterobactérias.......................................................................................38
2.3.9 - Salmonelose...........................................................................................38
2.3.9.1 - Classificação...........................................................................38
2.3.9.2 - Transmissão.............................................................................39
2.3.9.3 - Aspecto zoonótico...................................................................40
2.3.9.4 - Animais susceptíveis e reservatórios.......................................41
2.3.9.5 - Salmonelose em humanos.......................................................42
2.3.9.6 - Patogenia.................................................................................43
2.3.9.7 - Achados de necropsia..............................................................43
2.3.9.8 - Diagnóstico..............................................................................44
2.3.9.9 – Prevenção, tratamento e controle............................................45
3.0 - ARTIGO CIENTÍFICO....................................................................................................47
4.0 - CONSIDERAÇÕES GERAIS..........................................................................................60
5.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................63
vii7
NUNES, O. C: Animais Silvestres e Zoonoses: o Exemplo da Salmonelose em jabutispiranga (Geochelone carbonaria). Salvador, Bahia, 2007. 72p. Dissertação (Mestrado em
Ciência Animal nos Trópicos) - Escola de Medicina Veterinária, Universidade Federal da
Bahia, 2007.
RESUMO
O incremento da criação de animais silvestres como pets coloca em risco a saúde ambiental,
animal e humana, preocupando órgãos ambientais e setores de saúde pública. Neste contexto,
o tráfico de animais silvestres é parte importante da epidemiologia de diversas zoonoses, a
exemplo da Salmonelose que, considerada “emergente”, destaca-se pelos seguintes aspectos:
1) maior detalhamento de informações epidemiológicas disponíveis; 2) elevação da incidência
associada à popularização da adoção de espécies de répteis como pets e 3) identificação
freqüente de cepas resistentes a diversos tipos de antibióticos. Nos humanos, a doença
manifesta-se especialmente em crianças, apresentando uma síndrome gastrintestinal com
baixa taxa de letalidade. Dentre as espécies silvestres que atuam como reservatório de
Salmonella spp, os répteis representam um importante grupo. O fato da espécie Geochelone
carbonaria, vulgarmente denominada de jabuti-piranga, ser o réptil mais apreendido no
Estado da Bahia, em vista de ser preferido como animal de estimação para crianças, motivou
o presente trabalho de avaliação do envolvimento de jabutis, oriundos do tráfico, no ciclo
epidemiológico da Salmonelose atuando como potencial fonte de infecção para humanos. Em
três anos, o centro de triagem de animais silvestres (CETAS) Chico Mendes (Salvador) IBAMA/BA recebeu mais de 2.500 espécimes de jabutis oriundos do comércio ilegal na
Bahia. Neste trabalho foram coletadas fezes de 89 jabutis mantidos no CETAS Chico Mendes.
As amostras foram analisadas no Laboratório de Bacterioses da UFBA (n=40) e em uma
Clínica Veterinária particular no município de Lauro de Freitas, Bahia (n=49). Foram isoladas
colônias características de Salmonella spp em 12,36% dos jabutis (11/89). Nove colônias
foram enviadas para identificação no Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, onde foram
confirmadas como Salmonella spp, estando distribuídas em seis diferentes sorovares: S.
enterica salamae 47:b:-; S. enterica houtenae 21:g,z51; S. Panama; S. Poona; S. Javiana e S.
Michigan, todas, segundo nosso conhecimento, sem prévia descrição na espécie G.
carbonaria, no entanto, presentes em relatos de infecção em humanos e/ou animais e em
estudos sobre resistência a antibióticos. Estes resultados reforçam os argumentos contra a
8
viii
aquisição de animais silvestres provenientes do tráfico, em vista do risco que podem
representar à saúde humana. No caso da salmonelose, mesmo quando os animais são
adquiridos em criadouros comerciais registrados no IBAMA, a utilização de práticas de
higiene é recomendada. Como não há dados suficientes sobre essa doença atribuída à criação
de répteis no Brasil, sugerimos que campanhas de combate ao tráfico de animais silvestres,
educação da população sobre os ricos associados a essa atividade e o desenvolvimento de
estudos mais específicos sobre outros reservatórios podem minimizar a incidência dessa
zoonose.
Palavras-chave: doenças emergentes; Salmonella, tráfico.
ix9
NUNES, O. C. Wild animals and zoonosis: example of Salmonelosis in red-foot-tortoise
(Geochelone carbonaria). Salvador, Bahia, 2007. 72p. Dissertation (Master of Science in
Tropical Animal Science) - School of Veterinary Medicine, Federal University of Bahia,
2007.
SUMMARY
The increasing husbandry of captive wildlife threats environment health, animal health and
human health, worrying ambient government and public health sectors. So, wildlife trade
rules significant impact on zoonosis’ epidemiology, as is the case of Salmonelosis, which is
considered an “emerging disease” and is distinguished for the following aspects: 1) major
detailing of available epidemiologic information; 2) increasing
incidence associated to
husbandry of reptiles as pets and; 3) usual identification of antibiotic-resistant sorotypes. In
humans, the illness occurs especially in children, presenting as a gastric syndrome with low
lethality. The reptiles represent an important group among the wild reservoirs of Salmonella
spp. As Geochelone carbonaria, also called red-foot tortoise, seems to be the more usual
reptile in the wildlife trade of Bahia State – Brazil (because of its preference as a pet for
children), we were motivated to conduct the present work to evaluate the whole of the redfoot tortoises, deriving of the animal traffic, in the epidemiologic cycle of salmonelosis,
acting as a potential source of infection for humans. In period of three years, the wildlife
center, called “Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) Chico Mendes (Salvador) IBAMA/BA”, received more than 2,500 red-foot tortoises from the illegal commerce in the
Bahia State. Feces of 89 red-foot tortoises kept in the “CETAS Chico Mendes” were collected
and the samples had been analyzed in the Bacteriology Laboratory of the Federal University
of Bahia (n=40) and in a particular veterinary clinic (n=49), in Lauro de Freitas city, State of
Bahia (n=49). Characteristic colonies of Salmonella spp had been isolated in 12,36% of the
turtles (11/89). Nine colonies had their sorotypes identificated in the Adolfo Lutz Institute – in
São Paulo State - Brazil, distributed in six different sorotypes: S. enterica salamae 47:b:-; S.
enterica houtenae 21:g,z51; S. Panama; S. Poona; S. Javiana e S. Michigan, all of them,
according to our knowledge, without previous description of infecting G. carbonaria.
However, there are relates of human and/or animal infection and antibiotics resistance
involving these sorotypes. These data strength the arguments against the acquisition of wild
animals proceeding from the illegal wildlife trade, as it represents a risk for human health. In
10
x
salmonelosis cases, even if the animals are acquired in legal pet shops, hygiene practices are
recommended. As few data associates illness to reptiles husbandry in Brazil, we suggest that
campaigns against illegal wildlife trade, population education about the risk of this practice
and development of more specific studies on other reservoirs can minimize the incidence of
this zoonosis.
Keywords: emerging diseases; Salmonella, wildlife trade.
11
1.0 - INTRODUÇÃO GERAL
O Brasil é um dos países mais megadiversos do mundo, apresentando em torno de 20% do
número total de espécies existentes, a maior riqueza de espécies e a mais alta taxa de
endemismos (GODOY, 2006). Encontra-se em 3º lugar no ranking mundial entre os que
apresentam maior diversidade de aves, com 1.796 espécies descritas (CBRO, 2006); 3º lugar
em número de espécies de mamíferos (aproximadamente 600 espécies) (INSTITUTO
HÓRUS, 2006); 4º lugar em número de répteis, com 641 espécies e encontra-se em 1º lugar
em diversidade de anfíbios, com 776 espécies descritas até o ano de 2005 (SBH, 2005). Além
disso, o país possui uma rica fauna de peixes por conta de diversas características geográficas
favoráveis, especialmente na Bacia Amazônica e nos ambientes recifais, onde se destacam
espécies ornamentais bastante coloridas e que o coloca em importante situação mundial em
números de espécimes/espécies utilizados em aquários do mundo inteiro (SAMPAIO, 2003).
Tal riqueza favorece situações específicas naturais e de interferência humana direta. Entre
elas: os encontros sazonais de determinados grupos de animais, destacando-se as aves e os
répteis e a perda de diversidade causada pelos desmatamentos, invasão dos ambientes naturais
e o tráfico de animais silvestres. Estas interferências têm causado reduções nas populações de
animais selvagens em todo o mundo, em curto intervalo de anos.
A sazonalidade nos ciclos biológicos de cada grupo de animais pode estar relacionada, entre
outros fatores, com: 1. atividade reprodutiva (manifestando-se em agrupamentos, migração ou
aumento da atividade de deslocamento, mudas de penas, etc.); 2. disponibilidade de alimento
no ambiente; ou 3. as duas associadas (SICK, 2001; PRADO, 2006). Tais características
podem influenciar ou serem influenciadas por atividades humanas, que acarretam em
encontros ocasionais nem sempre desejados, como acidentes causados por serpentes
peçonhentas (NUNES et al., 2003) ou mesmo na dispersão de enfermidades por aves
silvestres migratórias (DIERAUF et al., 2006). Além disso, outros fenômenos naturais, como
o El Niño, podem afetar diretamente os ciclos biológicos de vetores, e, consequentemente, a
epidemiologia das enfermidades transmitidas por eles (FRANKE et al., 2002).
O desmatamento e a proximidade das matas a centros urbanos também podem gerar conflitos
que colocam em risco a própria saúde do ambiente, como a dispersão de vetores e adaptação
de patógenos a novos hospedeiros (DASZAK et al., 2000), agressões por animais domésticos,
12
acidentes sofridos por animais sinantrópicos com construções humanas (GUIMARÃES,
2005), contaminações tóxicas e exposição a esgotos e lixos (SILVA, 2005). O entendimento
destas situações e a avaliação das formas de prevenção e mitigação de tais conflitos são
atribuições dos estudos atuais da Biologia e Medicina da Conservação. Segundo Silva (2005),
os estudos dessas interações entre meio ambiente, agente etiológico e hospedeiro, analisadas
individualmente ou coletivamente, podem servir como modelos importantes para o
entendimento
do
processo
saúde-doença
em
estudos
ecológicos,
biológicos
e
epidemiológicos.
Segundo Coura (1992), a maior coexistência de espécies enriquece a natureza nas regiões
tropicais e subtropicais, principalmente no trópico úmido, mas favorece a proliferação de
germes e parasitos, o desenvolvimento de reservatórios e de vetores biológicos, induzindo o
aumento das doenças infecciosas e parasitárias chamadas metaxênicas, ou seja, aquelas que
possuem reservatórios e vetores biológicos na natureza. Além disso, a existência de múltiplos
hospedeiros associada aos variados padrões de ciclo de vida entre hospedeiro e parasito
atribuem grande complexidade às interações da doença com o ambiente (DASZAK &
CUNNINGHAM, 2002).
A Medicina da Conservação é uma ciência nova que tem como objetivo promover a saúde
ecológica na natureza e na sociedade através da junção da saúde humana, animal e ambiental.
Entre os seus objetos de estudo e pesquisa estão a preocupação com a suscetibilidade dos
animais selvagens às doenças aliado a diminuição da variabilidade genética e o
comprometimento da conservação das espécies (TRÍADE, 2006).
No mundo inteiro, o contínuo aumento da criação de animais silvestres como pets tem
preocupado tanto órgãos ambientais, por conta do risco de introdução de espécies hospedeiras
exóticas e seus patógenos na natureza – a chamada “poluição patogênica” (SCHLOEGEL et
al., 2005), quanto os setores de saúde pública, que têm se deparado com surtos de
enfermidades zoonóticas em humanos, como a Salmonelose (SCHRÖTER et al., 2004). Nesse
contexto, o tráfico de animais silvestres é fator importante no processo epidemiológico de
dispersão de enfermidades infecciosas em espécies silvestres (RUPPRECHT, 1999). Primeiro,
por conta da ausência de controle sanitário durante a movimentação desses animais, e
segundo, pela debilidade física e imunológica em que se encontram durante esse processo,
onde são submetidos à fome, sede e densidades elevadas em espaços inadequados
(RENCTAS, 2001).
13
Sabe-se que a ocorrência de doenças exerce uma marcante influência sobre o sucesso ou o
fracasso
de
programas
de
manutenção
de
espécies
selvagens
em
cativeiro.
Concomitantemente, o desenvolvimento de projetos de soltura de indivíduos oriundos do
tráfico depende de avaliações sanitárias preconizadas pela União Internacional para a
Conservação da Natureza (IUCN), que minimizam os riscos de dispersão de doenças
infecciosas emergentes nos ambientes selecionados. Diversos animais, especialmente
primatas, podem servir de sentinelas na vigilância de patógenos emergentes e de modelos
biológicos para doenças cuja ocorrência pode colocar a espécie em risco de extinção,
limitando o sucesso em programas de soltura (SILVA, 2005).
Em pouco mais de três anos (2004 a 2007), o centro de triagem de animais silvestres
(CETAS) Chico Mendes (Salvador) - IBAMA/BA recebeu mais de 7.500 animais oriundos de
todo o Estado, especialmente da região nordeste. Os répteis representam 12% dos animais
apreendidos que são encaminhados a este CETAS, sendo que os jabutis-piranga da espécie
Geochelone carbonaria são os mais freqüentes (92%), principalmente enquanto ainda são
filhotes (84%) (AZEVEDO, 2006; HOHLENWERGER et al., 2006).
O presente trabalho propõe uma investigação do potencial de jabutis-piranga oriundos do
tráfico de animais silvestres no ciclo epidemiológico da Salmonelose, tendo em vista a
elevada freqüência de encontro desses animais nesta atividade ilícita, a fim de servir como
ferramenta para vigilância epidemiológica desta zoonose.
Segundo a lei nº 8.080, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e
recuperação da saúde, entende-se por vigilância epidemiológica “um conjunto de ações que
proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores
determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de
recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos” (BRASIL,
1990).
Segundo Marvulo (2006), o estudo da epidemiologia das zoonoses é vital para o
conhecimento dos focos naturais, pois permitem avaliar quais são os fatores de risco
associados e quais as doenças que ocorrem nos animais selvagens. Dentro desse foco, tornamse relevantes tais estudos nos animais silvestres oriundos do tráfico (entregues
espontaneamente ou apreendidos) registrados no CETAS Chico Mendes - uma vez que este é
o único centro de triagem na região metropolitana de Salvador e os mesmos podem ser úteis
como inibidores da procura ilegal destes animais.
14
2.0 - REVISÃO DE LITERATURA
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA) (2006), a Biodiversidade é uma das
propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos
ecossistemas, e fonte de imenso potencial de uso econômico. Considera-se que seja
responsável pelos processos naturais e produtos fornecidos pelos ecossistemas e espécies que
sustentam outras formas de vida e modificam a biosfera, tornando-a apropriada e segura para
a vida. Além de seu valor intrínseco, a diversidade biológica possui valor ecológico, genético,
social, econômico, científico, educacional, cultural, recreativo e estético. Entre os principais
processos responsáveis pela perda da biodiversidade estão: perda e fragmentação dos habitats;
introdução de espécies e doenças exóticas e exploração excessiva de espécies de plantas e
animais (MMA, 2006).
2.1 - O tráfico de animais silvestres e os riscos à saúde e à conservação
Os seres humanos comercializam espécies animais desde tempos imemoriais: para uso como
alimento, medicinal e para atividades culturais, científicas e esportivas. Entretanto, a expansão
dos mercados e a crescente demanda por animais, combinadas com a evolução das técnicas de
captura e o fácil transporte, estão causando a exploração de muitas espécies além dos níveis
sustentáveis (BAILLIE et al., 2004).
No Brasil, o hábito de manter animais em cativeiro está presente de forma arraigada na
maioria da população brasileira, em todas as classes sociais, o que torna difícil a educação das
pessoas para a compreensão dos conceitos de ameaças e suas conseqüências para a
Biodiversidade, e uma das causas dessa dificuldade está no pouco conhecimento acerca da
legislação vigente e o pouco interesse pelos animais quando em seu ambiente natural (SICK,
2001).
O tráfico de fauna silvestre é a retirada de espécimes da natureza para comercialização. Iniciase com o indivíduo que reside junto ao ambiente natural, capturando e aprisionando os
animais para vendê-los diretamente aos turistas ou aos primeiros atravessadores que os
transportam para os grandes centros de compra. Estes animais são levados principalmente de
15
barcos na região Norte e caminhões e ônibus nas outras regiões do país (IBAMA, 2006).
Diversos trabalhos indicam a região do semi-árido como uma das mais importantes em
números de espécimes capturados para manutenção do comércio ilegal, abastecendo o
mercado ilegal das regiões Sudeste e Sul do País (WWF, 1995).
De todas as formas de agressão que vêm sofrendo a biodiversidade brasileira, o tráfico de
animais silvestres é a mais cruel e um dos fatores responsáveis pela extinção das espécies. É o
terceiro maior negócio ilícito do planeta, superado apenas pelo tráfico de armas e o de drogas.
Acredita-se que, anualmente, esta atividade movimenta entre 10 a 20 bilhões de dólares no
mundo e o Brasil participa com cerca de 10%. Informações recentes apontam que 38 milhões
de animais brasileiros são retirados de seus habitats para abastecer este mercado ilegal
(LIMA, 2007).
Este comércio é responsável por altos índices de mortalidade entre as suas vítimas,
especialmente por causa das formas inadequadas de acondicionamento e transporte, bem
como por conta da privação alimentar e hídrica e uso inadequado de sedativos (PONTES,
2002). Pode acarretar em conseqüências irreversíveis para o meio ambiente, como o
empobrecimento da diversidade faunística, diminuição das populações selvagens das espécies
afetadas e a introdução inadequada de espécies exóticas (FREITAS & GUERREIRO, 1998),
tanto competidoras ou predadoras das espécies nativas, quanto de suas enfermidades
(DASZAK et al., 2000). Os animais apreendidos apresentam quadros de severa
imunossupressão e, conseqüentemente, manifestação de diversas doenças, desde zoonoses até
uma série de outras doenças transmissíveis aos animais domésticos (GODOY, 2006).
Recentemente, Godoy (2006) realizou necropsia em 360 pássaros silvestres recém
apreendidos na região da Grande São Paulo e entorno que haviam sido encaminhados ao
Centro de Recuperação de Animais Silvestres do Parque Ecológico do Tietê e pôde constatar
que 78,6% dos casos apresentaram enfermidades infecciosas, o que sugere a necessidade de
estudos mais detalhados quando é cogitada a possibilidade de soltura de animais oriundos do
tráfico.
Mundialmente, a criação de répteis como pets tem aumentado nos últimos anos e isso tem
permitido que tais animais sejam comumente vendidos no tráfico. Jabutis, serpentes e lagartos
têm se tornado bastante populares entre criadores que buscam atributos relacionados à beleza
e à menor necessidade de alimentação, espaço e freqüência de limpeza de que esses animais
necessitam (SHIAU et al., 2006), o que gera um aumento do risco de entrada de diversos
16
patógenos nas residências, especialmente de enterobactérias (JOHNSON-DELANEY, 1996).
Alguns sorovares de salmonelas, por exemplo, parecem ser um componente normal da
microbiota intestinal dos répteis e destes, alguns são altamente invasivos e virulentos para o
homem. A prevalência de salmonelas em répteis é igual ou superior a 90%
(VASCONCELLOS, 2001).
No Brasil, é conhecida a ocorrência de apenas duas espécies de jabutis: o jabuti-piranga,
Geochelone carbonaria (Spix, 1824) (figura 1) e o jabutitinga, Geochelone denticulata
(Linnaeus, 1766) (figura 2) (SBH, 2005). Apesar de estarem listados no Apêndice II da
Convenção Internacional de Comércio de Fauna e Flora Silvestres Ameaçados de Extinção –
CITES (CITES, 2007), ambos apresentam vasta distribuição e são considerados comuns em
suas áreas de ocorrência. Ainda assim, diversos aspectos da sua biologia são
insuficientemente esclarecidos (VANZOLINI, 1999). Estudos recentes indicam que são
importantes dispersores de sementes na natureza (STRONG & FRAGOSO, 2005), o que
significa que a sua captura para abastecimento do tráfico de fauna silvestre pode comprometer
processos naturais de manutenção da biodiversidade. G. carbonaria distribui-se amplamente
pela América do Sul, especialmente em ambientes de savana, e já foi introduzido em biomas
não-naturais para a espécie (PRITCHARD, 1979; FREITAS & SILVA, 2005).
Figura 1: Indivíduo de jabuti-piranga
(Geochelone carbonaria) encaminhado ao
CETAS Chico Mendes.
Figura 2: Indivíduo de jabutitinga (Geochelone
denticulata) encaminhado ao CETAS Chico
Mendes.
Apresentam diversos atributos domesticáveis, como beleza, mansidão, adaptabilidade e fácil
reprodução em cativeiro. Tal fato, associado à forma de transporte (empilhados em
densidades elevadas), facilita que essa espécie seja o réptil silvestre mais comercializado
ilegalmente no Brasil (LOPES, 1991 apud RENCTAS, 2001). Em todo o país, é mantido
como animal de estimação, onde a ilegalidade cometida pela criação sem licença específica e
falta de conhecimentos relacionados à sua manutenção, levam os criadores a diversos
17
equívocos, como a manutenção destes animais em ambiente aquático ou alimentação com
dieta monoespecífica, normalmente carente em cálcio e proteínas. (REBELATO, 2006).
Geralmente não são monitorados com relação às condições sanitárias quando são de origem
ilegal, se tornando potenciais transmissores de zoonoses, como a salmonelose, mesmo
enquanto não apresentam quadro clínico (FOWLER, 1978; OLIVEIRA, 2003).
Os mamíferos sofrem ainda mais impacto da super-exploração do que aves ou anfíbios
(BAILLIE et al., 2004). Entre eles, os primatas são bastante desejados como animais de
estimação, por serem animados, inteligentes e cativantes. Quando capturados filhotes, se
adaptam facilmente ao cativeiro (CLARKE, 1994), o que significa que suas mães são
geralmente mortas por caçadores. Entretanto, o que a maioria das pessoas desconhece, é que
estes animais podem servir como hospedeiros de diversas zoonoses devido à proximidade
filogenética com os humanos, o que põe em risco a saúde do próprio mantenedor (SZIRMAI,
1999).
A perda de habitat e o tráfico são as principais causas de declínios populacionais de espécies
silvestres no Brasil. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2007), são consideradas
cinco categorias de extinção: Vulnerável; Em Perigo; Criticamente em Perigo; Extinta na
Natureza e Extinta. Diversas espécies de aves já se encontram ameaçadas por conta deste
comércio indiscriminado, para serem destinados a colecionadores, a exemplo do chauá
(Amazona rhodocorytha), do papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea), da arara-azul-delear (Anodorhynchus leari) e da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), que já foi extinta na
natureza, sobrevivendo apenas em cativeiros no exterior. Entre os passeriformes, há exemplos
de animais ameaçados que chegam a custar altos valores no tráfico por conta da beleza dos
seus cantos, como o bicudo (Sporophila maximiliani) (SICK, 2001) e outras por conta da sua
morfologia e raridade, como o pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa) (SILVEIRA et al., 2003).
A diminuição das populações de animais silvestres possui também efeitos genéticos
deletérios, como a depressão endogâmica e a perda da flexibilidade evolucionária, devido a
cruzamentos consaguíneos (PRIMACK & RODRIGUES, 2001). Este efeito pode ser
responsável pela perda da viabilidade em longo prazo, ou mesmo extinção ecológica da
população (REDFORD, 1997), especialmente quando surgem patógenos exóticos em
populações silvestres estabelecidas (CUBAS, 1993).
Os animais oriundos desse comércio clandestino são geralmente encaminhados para Centros
de Triagem (CETAS), onde são submetidos a procedimentos de avaliação clínica e
18
comportamental. Os Centros de Triagem de Animais Silvestres são unidades responsáveis
pela triagem, registro, acomodação, manutenção, reabilitação e encaminhamento de animais
apreendidos, entregues espontaneamente por criadores ilegais ou resgatados/acidentados em
vida livre. Podem ser encaminhados à liberação na Natureza ou aos possíveis destinos
definidos pela Lei de Crimes Ambientais, de acordo com as suas condições (MMA/IBAMA,
2004).
2.1.1 - Aspectos legais de proteção à fauna
O Brasil é membro da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) através
de diversos órgãos, tanto governamentais como civis, que possui entre outras comissões, a
Comissão de Sobrevivência das Espécies, sendo uma rede mundial de especialistas visando à
conservação de espécies críticas. Esta comissão abriga o Programa de Comércio de Vida
Selvagem, que visa à proteção das espécies selvagens que são comercializadas mundialmente,
tanto legal como ilegalmente (GODOY, 2006).
As medidas de controle do tráfico, apreensão destes animais e punição dos criminosos,
dependem das ações de fiscalização realizadas pelos órgãos responsáveis, como IBAMA,
polícias civil, federal e militar, etc. (RENCTAS, 2001). O Brasil destaca-se positivamente em
relação à legislação ambiental e estrutura governamental para proteção à fauna silvestre nativa
(GODOY, 2006), especialmente a partir da promulgação da Lei 9.605, de 12 de fevereiro de
1998: a “Lei de crimes ambientais”, que considera crime contra a fauna “matar, perseguir,
caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a
devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a
obtida”. Além desses, incide sob o crime “quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire,
guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna
silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos,
provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização
da autoridade competente” (BRASIL, 1998).
O Decreto no 3.179, de 21 de setembro de 1999, dispõe sobre a especificação das sanções
aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, onde “toda ação ou omissão que
viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente é
considerada infração administrativa ambiental”. Prevê como sansões da utilização ilegal de
19
fauna silvestre: multa de R$500,00 (quinhentos reais), por unidade com acréscimo por
exemplar excedente de: I – R$5.000,00 (cinco mil reais), por unidade de espécie constante da
lista oficial de fauna brasileira ameaçada de extinção e do Anexo I da Convenção do
Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção CITES; e II – R$3.000,00 (três mil reais), por unidade de espécie constante da lista oficial de
fauna brasileira ameaçada de extinção e do Anexo II da CITES (BRASIL, 1999).
Entretanto, para a criação de animais, comercialização, uso ou manejo da Fauna Silvestre de
modo legal, o IBAMA autoriza mediante projetos analisados sob condições específicas para
cada caso, de acordo com portarias, leis e instruções normativas: criadouros de animais da
fauna silvestre com fins econômicos e industriais (Portaria 118/97); criadouros
conservacionistas (Portaria 139/93); criadouros científicos (Portaria 16/94); zoológicos (Lei
7.173/83) e criadores amadoristas de passeriformes (Instrução Normativa nº 01/03).
A criação legal de animais silvestres em cativeiro é uma alternativa dada pelo IBAMA para
aqueles que admiram a fauna e a desejam como pets, sem comprometer a manutenção dos
indivíduos de vida livre. Eles podem ser comprados nos criadouros comerciais legalizados
pelo órgão. Normalmente os preços são superiores ao do mercado ilegal, entretanto são
animais registrados, com nota fiscal, nascidos em cativeiro e saudáveis.
2.2 - Principais zoonoses “emergentes” e “re-emergentes” de impacto mundial
Segundo Daszak et al. (2000) e Schloegel & Daszak (2004), são consideradas doenças
infecciosas emergentes (DIE´s) aquelas que aumentaram em prevalência ou extensão
geográfica recentemente, se deslocaram para novas populações de hospedeiros, foram
descobertas recentemente ou são causadas por agentes patogênicos evoluídos recentemente.
Podemos incluir nessa classificação as doenças cujas áreas de ocorrências e incidências
ameaçam aumentar nos próximos anos em decorrência dos mesmos critérios. Assim,
enfermidades endêmicas em determinada localidade ou região, podem ameaçar tornar-se
DIE’s em outras livres de infecções até então, principalmente quando há ligações comerciais
onde se incluem animais domésticos (DASZAK & CUNNINGHAM, 2002).
O termo “emergente” é utilizado desde a década de 70 do século passado, mas ganhou
notoriedade no final dos anos 80, após a descoberta de grupos de enfermidades altamente
patogênicas, que incluíam a AIDS, hantavirose, borreliose, infecções bacterianas resistentes a
20
múltiplas drogas, entre outras. Até hoje, o número de DIE’s continua a aumentar, com novos
patógenos sendo descobertos a níveis alarmantes, enquanto antigas doenças ressurgem em
elevação de suas incidências por aumento da resistência a antibióticos, ou por novas ameaças
advindas
dos
seus
reservatórios
naturais
(doenças
re-emergentes)
(DASZAK
&
CUNNINGHAM, 2002; BLANCOU et al., 2005).
Entre as principais características associadas a essas DIE´s que possuem relação direta com a
interferência do Homem sobre o meio ambiente e com as mudanças climáticas globais,
destacam-se: mudanças no uso das terras e práticas agrícolas, incluindo perda de habitats,
penetração humana e simplificação de habitats por monoculturas; migrações associadas à
urbanização e outras mudanças demográficas humanas; redução e/ou alteração das populações
animais, principalmente pelo declínio dos predadores (controladores naturais de espécimes
menos aptos) e redução de competidores; contaminação de recursos alimentares ou água;
guerra; fome e comércio internacional, além das mudanças climáticas induzidas pela
interferência
humana
(DASZAK
&
CUNNINGHAM,
2002;
EPSTEIN,
2002;
CUNNINGHAM, 2005; WOOLHOUSE & GOWTAGE-SEQUERIA, 2005). Assim como o
planeta tem sofrido profundas modificações ecológicas, organismos patogênicos, seus vetores
e hospedeiros, têm apresentado igual capacidade de apresentar rápidas mudanças nas suas
características (WILLIAMS et al., 2002; CHOMEL, 2002).
Blancou et al. (2005) sugerem que as condições para emergência ou re-emergência e
dispersão de zoonoses bacterianas ainda estão presentes no início do século XXI, apesar
destas causarem menos danos do que as viroses emergentes. Entre tais condições, os autores
citam: 1. o crescente risco de exposição aos agentes zoonóticos, identificados pelas mudanças
nas dietas humanas e animais, associadas às infecções alimentares; 2. o aumento crescente das
criações de animais domésticos para produção e de silvestres exóticos como animais de
companhia, pelo favorecimento natural do desenvolvimento de alguns patógenos; 3. os
deslocamentos de humanos e animais, translocações e mudanças nos períodos de atividade de
animais silvestres sob pressão de caça; 4. os crescentes contatos com reservatórios silvestres,
associados com o desenvolvimento de atividades lesivas à fauna silvestre, como caça, pesca e
turismo, com conseqüente exposição humana às bactérias excretadas por esses reservatórios
animais saudáveis; 5. a degradação acelerada dos ambientes naturais por desmatamentos para
criação de cidades que forçam a aproximação dos animais a zonas suburbanas e,
consequentemente ao homem, e; 6. o aquecimento global causado por atividades humanas,
que altera especialmente os ciclos das zoonoses transmitidas por vetores.
21
A causa mais frequentemente associada com o surgimento de DIE’s em espécies animais e de
plantas no ambiente silvestre é a introdução antrópica de patógenos para novas regiões
geográficas, com ou sem a presença de seus hospedeiros (DASZAK et al., 2000; KARESH et
al., 2005). Este processo é chamado de “poluição patogênica” e está fortemente associado ao
tráfico internacional de animais silvestres (DASZAK & CUNNINGHAM, 2002; BELL et al.,
2004).
Além das ameaças à biodiversidade, o tráfico de animais silvestres tem sido uma séria ameaça
à saúde pública mundial (BELL et al., 2004; KARESH et al., 2005). Segundo Weiss (2001),
muitas das doenças infecciosas mais perigosas tiveram origem entre as aves e mamíferos,
como a Raiva, o Ebola, a Febre Amarela, o Tifo e a AIDS. Alguns desses patógenos podem
causar sérias doenças em animais silvestres, mas em alguns casos os animais podem servir
como
reservatórios,
sem
necessariamente
apresentarem
qualquer
sintoma
clínico
(WILLIAMS et al., 2002). A introdução dessas doenças em áreas historicamente livres ou
onde foram recentemente erradicadas ameaça a saúde global e as economias nacionais, além
da perda de biodiversidade causada pelas elevadas taxas de mortalidade e redução da
fecundidade, e está associada ao numeroso crescimento global de processos de extinção
(DASZAK & CUNNINGHAM, 2002).
Aproximadamente 75% dessas doenças são zoonoses que emergem frequentemente quando se
propagam de um reservatório animal resistente para outra espécie suscetível, o que dificulta a
previsão de qual será o próximo agente silvestre patogênico a emergir (SCHLOEGEL &
DASZAK, 2004; SCHLOEGEL et al., 2005). Segundo Flammer (1999), os médicos
veterinários são geralmente os primeiros profissionais da área de saúde a identificar essas
enfermidades.
Desde a última década, o surgimento de diversas epidemias de DIE’s tem ameaçado
potencialmente a saúde humana, pois muitos patógenos demonstraram elevada capacidade de
dispersão entre populações humanas e animais através dos continentes, especialmente os vírus
(TAPPER, 2006). Woolhouse & Gowtage-Sequeria (2005) listaram 177 espécies de
patógenos humanos classificados como emergentes ou re-emergentes, representando 17% de
todos os patógenos humanos; sendo 77 vírus, 54 bactérias, 22 fungos, 14 protozoários e 10
helmintos. Diversos desses patógenos adquiridos diretamente de animais têm causado
importantes epidemias de doenças infecciosas nos últimos anos (WEISS, 2001).
22
2.2.1 - Ebola
Após 15 anos sem registros da doença em humanos, no ano de 1994, o vírus do Ebola
ressurgiu na África a partir do contato de uma etnologista suíça com um chipanzé (Pan
troglodytes) infectado que foi encontrado morto. Em apenas seis meses do início da nova
epidemia, a doença vitimou 315 pessoas, apresentando taxa de óbito de 81% (POURRUT et
al., 2005). Membro da família Flaviviridae, este vírus causa febre hemorrágica severa em
seres humanos e primatas não-humanos, sem possuir terapia efetiva ou profilaxia, e é
transmitido diretamente entre humanos (ROUQUET et al., 2005). Diversos novos surtos
epidêmicos surgiram nos anos subseqüentes, tendo sempre como origem o contato de pessoas
com carcaças de primatas não-humanos de vida livre existentes em florestas próximas a
habitações humanas, e tais populações animais declinaram significativamente naquele
continente por causa dessa enfermidade (POURRUT et al., 2005; ROUQUET et al., 2005).
2.2.2 – Influenza aviária
Atualmente, o mundo se prepara para uma pandemia causada pelo vírus da influenza aviária
H5N1 (SHORTRIDGE et al., 2003). Desde 1999, quando foi publicado primeiro caso de
infecção desta mutação viral em humanos (KU & CHAN, 1999), a enfermidade cumpria os
dois primeiros terços dos pré-requisitos essenciais para ser considerada pandemica: 1º: um
novo subtipo deveria ser transmitido a humanos; 2º: este subtipo deveria se replicar
subsequentemente e causar doença em humanos e finalmente; 3º: o vírus deveria ser
transmitido diretamente entre humanos, causando sucessivas correntes de transmissão (WHO,
2004). Em 2005, a Organização Mundial de Saúde elaborou um manual com ações
estratégicas recomendadas para prevenir as unidades de saúde contra a ameaça pandemica
desse vírus, partindo do pressuposto de que: 1. o risco seria grande e persistiria; 2. não havia
como prever a evolução dessa ameaça; 3. os atuais sistemas de vigilância eram deficientes; 4.
as intervenções preventivas eram possíveis, mas não foram testadas até aquele momento; e 5.
a redução da morbidade e mortalidade durante a pandemia seria limitada por suprimentos
inadequados de medicamentos (WHO, 2005).
O vírus da Influenza A é um Orthomyxovirus, cujo subtipo H5N1 de alta patogenicidade
ocorre em diversas espécies de aves silvestres, principalmente de Anseriformes (patos,
marrecos, gansos e afins) e aves marinhas (REED et al., 2003; THORSON & EKDAHLNN,
23
2005; DIERAUF et al., 2006). A gripe humana é transmitida pela inalação de gotículas e
núcleos de gotículas infecciosas, por contato direto e talvez por contato indireto (fômites),
com auto-inoculação para o trato respiratório superior ou para a mucosa conjuntiva
(BRIDGES et al., 2003). Outras formas foram também implicadas na transmissão da doença,
como: a depenação e preparação das aves doentes; o contato com galos de briga; as
brincadeiras com as aves e o consumo de sangue dos patos ou possivelmente de aves mal
cozidas. Em função da sobrevivência do vírus no meio ambiente, são teoricamente possíveis
as transmissões através da ingestão oral de água contaminada durante a natação e a inoculação
intranasal conjuntiva direta durante a exposição à água, bem como a contaminação das mãos
por fômites infectados e a subseqüente auto-inoculação, o uso disseminado das fezes de aves
não-tratadas, como fertilizante; e a transmissão entre humanos (CHAN, 2002; OMS, 2005). A
maioria dos pacientes apresenta os sintomas iniciais de febre alta e uma doença semelhante à
gripe, com sintomas do trato respiratório inferior, podendo evoluir rapidamente para
pneumonia severa e falência múltipla dos órgãos (CHAN, 2002), chegando a óbito em até
89% dos casos (CHOTPITAYASUNONDH et. al., 2005).
Em 1997, foi registrado o primeiro caso de doença em humanos, causada por este subtipo, em
Hong Kong e foi associada a um surto da doença em criações de frango (SHORTRIDGE et
al., 2003). De lá pra cá, o vírus tem sido isolado em diversas espécies animais, incluindo
predadores naturais de aves, bem como foram registrados diversos casos da doença em
humanos, na Ásia, África e Europa (WHO, 2007).
Ainda não há registros de gripe aviária causados por esse subtipo no continente americano,
mas esse potencial de entrada existe de diversas formas e é iminente (DIERAUF et al., 2006).
Segundo nota divulgada à imprensa pela Sociedade Brasileira de Ornitologia (SBO), apesar
de existir a possibilidade de entrada desse vírus no Brasil através de aves migratórias, seria
muito mais provável que tal situação ocorresse através do contágio entre humanos, uma vez
que este vírus estava restrito a países da Ásia e da Europa, que não possuem rotas diretas de
espécies migratórias com o Brasil (MACHADO, 2005). Entretanto, outros autores relatam
que é possível que os casos de entrada do H5N1 por migração ao longo do continente
americano possam ocorrer a qualquer momento, dadas as rotas existentes entre os diferentes
continentes (WEBBY & WEBSTER, 2001; REEDS et al., 2003).
2.2.3 – Nipah
24
No final de 1998, um surto de encefalite febril severa entre criadores de porcos esteve
associado a altas taxas de mortalidade na Malásia. Inicialmente acreditava-se que era causado
pela Encefalite japonesa, doença endêmica daquela região, transmitida através de mosquitos
vetores e de ocorrência esporádica e de forma difusa na população. Entretanto, o controle de
insetos, a vacinação sem sucesso e características epidemiológicas distintas que indicavam
que esta enfermidade apresentava caráter ocupacional, tornou claro que se tratava de uma
nova DIE. Descobriu-se depois que se tratava do Nipah, doença viral gerada por um
Paramyxoviridae, que causa febre, dor de cabeça, vômito, redução de níveis de consciência e
disfunção cerebral proeminente (LAM & CHUA, 2002) e que é transmitida por porcos, gatos,
cães, cavalos, cabras, morcegos e diretamente através de contato entre humanos infectados
(JOHARA et al., 2001; LAM & CHUA, 2002; GURLEY et al., 2007).
2.2.4 – Vírus do Oeste do Nilo
Em 1999, foram diagnosticados os primeiros casos de encefalite em humanos causada pelo
vírus do Oeste do Nilo nos Estados Unidos (ASNIS et al., 2000; NASH et al., 2001). Este
Flavivirus foi isolado pela primeira vez na África, do sangue de uma mulher com febre, na
década de 30 do século passado (SMITHBURN et al., 1940). Posteriormente, foram
registradas diversas epidemias em humanos e animais, na África, Ásia e na Europa (NASH et
al., 2001; PETERSEN & ROEHRIG, 2001).
Acredita-se que o surto desse vírus nos EUA teve como origem uma ave migratória ou
importada infectada, vetor infectado ou uma pessoa em fase virêmica oriunda das regiões
endêmicas (ASNIS et al., 2000; WEISS, 2001; REED et al., 2003). A partir de 2001, a doença
foi detectada em diversos países da América Central (KOMAR & CLARK, 2006); depois na
Colômbia e Venezuela (em 2004) (MATTAR et al., 2005; BOSCH et al., 2007) e Argentina
(em 2006) (MORALES et al., 2006). Não há registros da doença para o Brasil, mas por conta
da proximidade geográfica com os países onde a doença já foi documentada e das rotas
migratórias de aves que existem entre Brasil e Argentina, é possível que o vírus já esteja
circulando na Natureza.
O vírus do Oeste do Nilo é transmitido por mosquitos, principalmente do gênero Culex
(PETERSEN & ROEHRIG, 2001), apesar de ter sido também isolado de Aedes vexans e
Anopheles, nos EUA (ASNIS et al., 2000). As aves silvestres e domésticas são os principais
25
reservatórios do vírus. Essa enfermidade geralmente não causa doença nesses animais, mas no
surto ocorrido nos EUA ela apresentou alta letalidade e a sua dispersão foi associada a
períodos migratórios das aves, sendo que os corvos (Corvus brachrhynchos) foram
caracterizados como principais hospedeiros reservatórios do vírus naquele país (PETERSEN
& ROEHRIG, 2001; BELL et al., 2006). Nos humanos, o Vírus do Oeste do Nilo pode causar
meningite e encefalite, incluindo: febre, dores de cabeça, fraqueza, náuseas, vômitos,
alterações do estado mental e paralisia flácida difusa (ASNIS et al., 2000; NASH et al.,
2001).
2.2.5 - Síndrome respiratória severa aguda (SARS)
No final de 2002, foi diagnosticado pela primeira vez um caso de pneumonia atípica na China,
que foi posteriormente identificada como a síndrome respiratória severa aguda (SARS)
causada por um Coronavirus (GAO, 2004). Foi considerada a primeira doença nova, severa e
rapidamente transmissível, a emergir no século 21; e que apresentou elevada capacidade de se
dispersar por rotas internacionais de transportes aéreos e em locais com significativas
concentrações humanas (WHO, 2003). Em poucos meses, a SARS se espalhou pela Ásia e
América do Norte com elevada taxa de mutação, transmissão direta entre humanos, testes
diagnósticos com limitações e sem a existência de vacinas ou tratamento específico, causando
inúmeros óbitos, além de impactos econômicos, psicológicos e sociais (WHO, 2003; TSANG
et al., 2004).
A origem da SARS foi atribuída a mamíferos silvestres oriundos do tráfico internacional na
China e à comercialização desses animais para consumo humano em feiras-livres, restaurantes
e criatórios de animais silvestres e domésticos naquele país (GUAN et al., 2003; BELL et al.,
2004; LUN & QU, 2004). Todas as espécies supostamente relacionadas com a transmissão da
doença a humanos são onívoras e acredita-se que adquirem esse vírus através da predação de
roedores silvestres infectados (BELL et al., 2004). Os sintomas da SARS em humanos estão
relacionados com febre alta prolongada, mal estar, diarréia, tosse e dores de cabeça;
apresentando taxas de mortalidade de até 55% em pessoas com idade superior a 60 anos
(ANDERSON et al., 2004).
2.3 - Principais zoonoses associadas ao manejo de fauna no Brasil
26
A interação entre a saúde humana e animal não é um fenômeno novo. Há anos os animais são
utilizados como sentinelas nos estudos de riscos à saúde humana, sejam através de
investigações de agentes químicos no ambiente, ou mesmo em estudos com agentes
infecciosos presentes nas diversas espécies (RABINOWITZ et al., 2005). Além disso, animais
também são utilizados como modelos experimentais para enfermidades humanas,
especialmente os primatas (DINIZ, 1997; OLIVEIRA et al., 2004). Estudos com este grupo
indicam que cerca de 70% das suas enfermidades infecciosas são generalistas, ocorrendo em
mais de uma Família, especialmente as doenças virais, por conta da alta taxa de mutações,
maior diversidade antigênica e tempos curtos entre gerações (PEDERSEN et al., 2005).
Entende-se por zoonoses, as doenças ou infecções que se transmitem naturalmente dos
animais vertebrados ao homem (ACHA & SZYFRES, 2003; MARVULO, 2006) (tabela 1).
Tais doenças possuem importante impacto na saúde pública, economia e na conservação da
vida silvestre e vêm sendo estudadas rotineiramente ao longo dos anos (CLEAVELAND et
al., 2001). Sempre afetaram a saúde humana ao longo da história, especialmente as adquiridas
da vida silvestre (KRUSE et al., 2004). Entretanto, o espaço, a escala e o impacto dos
zoonoses no mundo em que nós estamos enfrentando hoje não têm nenhum precedente
histórico.
27
Tabela 1: Indicação das principais zoonoses adquiridas de animais silvestres, respectivos agentes etiológicos, reservatórios e vias de transmissão.
DOENÇA NO HOMEM
BACTÉRIAS
Anthrax
Botulismo
Brucelose
Campilobacteríase
Cinomose
Clamidiose
Clostridiose
Colibacilose
Doença de Lyme
Febre maculosa
Lepra (Hanseníase)
Leptospirose
Listeriose
Micobacterioses atípicas
Pasteurelose
Peste
Pseudotuberculose
Salmonelose
Shiguelose
Tétano
Tuberculose
VÍRUS
Dengue silvestre
Doença de Newcastle
Encefalite eqüina do Leste
Encefalite eqüina do Oeste
Febre aftosa
Febre amarela
Febre de Mayaro
Febre do Oeste do Nilo
Hepatite A
Herpes
AGENTE ETIOLÓGICO
RESERVATÓRIOS ANIMAIS
VIA DE TRASMISSÃO
FONTE
Bacillus anthracis
Toxinas de Clostridium botulinum
Brucella spp
Campilobacter jejuni
Pseudomonas mallei
Chlamydophila psittaci
Clostridium spp
Escherichia coli
Borrelia burgdorferi
Rickettsia rickettsii
Mycobacterium leprae
Leptospira interrogans
Listeria monocytogenes
Mycobacterium spp
Pasteurella multocida
Yersinia pestis
Yersinia pseudotuberculosis
Salmonella spp
Shiguela dysenteriae
Clostridium tetani
Mycobacterium spp
Mamíferos
Aves e mamíferos
Ungulados, marsupiais e carnívoros
Aves e mamíferos
Eqüídeos e carnívoros
Aves
Animais silvestres em geral
Animais silvestres em geral
Mamíferos
Marsupiais, roedores e lagomorfos
Primatas, tatus
Mamíferos
Aves
Peixes, aves, mamíferos e répteis
Aves e mamíferos
Roedores e marsupiais
Aves e mamíferos
Aves, mamíferos e répteis
Primatas
Mamíferos
Mamíferos e aves
Fecal-oral e vetores
Fecal-oral
Fecal-oral
Digestiva
Aerógena
Aerógena, bicamento, fecal-oral
Diversas formas
Fecal-oral
Picadas de vetores
Picada de carrapato
Inalação, contato direto
Contato direto
Aerógena e digestiva
Aerógena e digestiva
Aerógena e digestiva
Vetores ou contato com feridas
Fecal-oral
Fecal-oral
Fecal-oral
Contato com feridas
Aerógena, digestiva
Fowler & Miller, 2003
Marvulo, 2006
Marvulo, 2006
Acha & Szifres, 2003
Marvulo, 2006
Fowler & Millar, 1999
Fowler & Millar, 2003
Fowler & Millar, 2003
Marvulo, 2006
Marvulo, 2006
Acha & Szifres, 2003
Fowler & Miller, 2003
Marvulo, 2006
Fowler & Miller, 1999
Marvulo, 2006
Fowler & Miller, 2003
Fowler & illar, 1999
Acha & Szifres, 2003
Acha & Szifres, 2003
Marvulo, 2006
Acha & Szifres, 2003
Flavivirus
Paramyxovirus
Alphavirus
Alphavirus
Aphtovirus
Flavivirus
Alphavirus
Flavivirus
Picornavirus
Herpesvirus simiae
Cebídeos
Aves
Aves e roedores
Anfíbios, serpentes e passeriformes
Artiodátilos
Primatas
Sagüis, bugios
Aves
Primatas
Primatas
Vetor-mosquito (Aedes)
Aerossóis e secreções nasais
Vetor-mosquito (Culex spp e Aedes spp)
Vetor-mosquito (Culex spp)
Aerógena e contato com secreções
Vetor-mosquito (Haemagogus)
Vetor-mosquito (Aedes)
Vetor-mosquito (Culex spp)
Fecal-oral
Saliva, arranhão
Acha & Szifres, 2003
Fowler & Miller, 1999
Marvulo, 2006
Marvulo, 2006
Marvulo, 2006
Acha & Szifres, 2003
Acha & Szifres, 2003
Marvulo, 2006
Acha & Szifres, 2003
Acha & Szifres, 2003
Herpesvirus hominis
Influenzavirus
Lyssavirus
Morbilivirus
Orthopoxvirus
Cryptosporidium spp
Trypanosoma cruzi
Giardia lambia
Leishmania braziliensis
Leishmania chagasi
Plasmodium spp
Sarcocystis spp
Toxoplasma gondii
PROTOZOÁRIOS
Criptosporidiose
Doença de Chagas
Giardíase
Leishmaniose cutânea
Leishmaniose visceral
Malária dos primatas
Sarcocistose
Toxoplasmose
AGENTE ETIOLÓGICO
DOENÇA NO HOMEM
VÍRUS (continuação)
Herpes simples tipo 1
Influenza aviária
Raiva
Sarampo
Varíola
Peixes, aves, mamíferos e répteis
Mamíferos
Aves e mamíferos
Mamíferos (roedores e marsupiais)
Mamíferos (canídeos)
Primatas (cebídeos)
Felídeos e animais endotérmicos
Mamíferos (felídeos)
Primatas
Aves
Mamíferos
Primatas
Primatas
RESERVATÓRIOS ANIMAIS
Fecal-oral
Contato com fezes de vetores
Fecal-oral
Picada do vetor flebotomíneo
Picada do vetor flebotomíneo
Picada do vetor (Anopheles cruzi e A. neivai)
Fecal-oral
Fecal-oral
Saliva
Fecal-oral e respiratória
Saliva, mordida, arranhadura
Aerógena
Direta
VIA DE TRASMISSÃO
Fowler & Millar, 1999
Marvulo, 2006
Fowler & Millar, 1999
Marvulo, 2006
Marvulo, 2006
Marvulo, 2006
Marvulo, 2006
Fowler & Miller, 1999
Acha & Szifres, 2003
Fowler & Miller, 1999
Acha & Szifres, 2003;
Acha & Szifres, 2003
Acha & Szifres, 2003
FONTE
28
29
Em meio às profundas mudanças da nossa visão e atividades, estão o nascimento de uma nova
era de zoonoses emergentes e re-emergentes, e o potencial impacto significativo destas
doenças na saúde pública. O impacto da globalização, industrialização, reestruturação de
sistemas agro-culturais e do consumismo, mudará certamente a estrutura das operações
básicas de políticas de saúde animal e como nós devemos considerar e nos prepararmos para o
futuro (VALLAT, 2006). Apesar deste crescimento populacional e desenvolvimento
tecnológico serem os principais agentes responsáveis pela emergência de diversas doenças, os
seus agentes etiológicos sempre existiram em animais em seus ambientes naturais. Os
desequilíbrios ambientais contribuíram significativamente para o surgimento de doenças
comuns a ambos os grupos, como a aproximação física não-natural do homem com os animais
(DINIZ, 1997).
Existem diferentes tipos de exposição à zoonoses a que estamos sujeitos, desde formas de
transmissão diretas bem conhecidas ou compreendidas, tal como as mordidas e a raiva, até as
menos óbvias, cujos fatores de risco ou potenciais formas de exposição são difíceis de
reconhecer e que estão interligados em uma rede de relações entre o ser humano, animais
selvagens e o meio-ambiente (figura 3) (FRIEND, 2006). As fontes de transmissão mais
freqüentes de zoonoses estão constituídas por alimentos e água contaminados, picadas de
insetos vetores e arranhaduras ou mordeduras causadas por animais infectados (CHOMEL,
2002).
30
Figura 3: Rotas potenciais de transmissão de doenças infecciosas entre animais e humanos (Adaptado de
FRIEND, 2006).
2.3.1 - Clamidiose
Diversas enfermidades específicas estão associadas a determinados grupos de animais
silvestres ou exóticos comumente criados em cativeiro. Na Costa Rica, Herrera et al. (2001)
utilizaram testes de diagnóstico sorológico para detectar a presença de enfermidades em 128
araras-piranga (Ara macao) mantidas em cativeiro e puderam registrar resposta positiva de
anticorpos para Chlamydophila psittaci em 12,39% dos animais.
31
C. psittaci é um parasito intracelular obrigatório, atualmente classificado como bactéria
Gram-negativa, que pode permanecer latente nas aves silvestres por muito tempo até ser
ativada por diversos fatores estressantes, como transporte e aglomeração em ambientes
limitados. As aves portadoras podem apresentar-se clinicamente saudáveis enquanto eliminam
este microorganismo intermitentemente. O organismo é excretado através das fezes e
descargas orais de animais infectados, podendo permanecer no ambiente durante meses em
condições favoráveis. A clamidiose é uma das enfermidades reportadas como frequentemente
transmitida pelas aves aos humanos, o que geralmente ocorre através da exposição a estes
animais, especialmente psitacídeos (periquitos, papagaios, araras e afins), principalmente
através da inalação do organismo em forma de aerossol oriundo de secreções respiratórias ou
fezes secas de animais enfermos. Também pode ser transmitida por bicamentos, contato bucal
com o bico do animal e manipulação da pele ou plumagem de aves infectadas (CDC, 1998;
FLAMMER, 1999).
Em animais, não apresenta sinais clínicos específicos, podendo ocorrer diarréia, sinais
respiratórios e emagrecimento. Nos humanos, a clamidiose (também chamada de psitacose ou
ornitose) apresenta-se como uma síndrome semelhante a uma gripe ou a uma pneumonia
atípica, com efeitos cardíacos ou neurológicos ocasionais (FLAMMER, 1999).
No Brasil, esta enfermidade ocorre naturalmente em psitacídeos de vida livre, parecendo não
oferecer ameaça às populações desse grupo de aves onde ela existe. Estima-se que, em torno
de 1% dos filhotes são infectados pelos pais, ainda no ninho, sofrendo de uma infecção leve.
Dados indicam a presença do agente em 27% de pombos clinicamente saudáveis (CUBAS,
1993).
É considerada uma doença ocupacional e, nos anos 80, em torno de 70% dos casos
conhecidos de psitacose em humanos resultaram de exposição a aves cativas. O principal
grupo atingido (43%) incluía proprietários de aves. Funcionários de pet shops contribuíram
com 10% dos casos. Criadores de pombos, funcionários de granjas avícolas, técnicos de
laboratório veterinário, fazendeiros e funcionários de zoológicos e centros de triagem também
estão expostos ao risco de aquisição da doença (CDC, 1998; FERNANDES & FURLANETO,
2004). Estudos realizados na Austrália indicam que esta enfermidade apresenta elevada
prevalência entre veterinários de aves, quando comparado à freqüência na população daquele
país (GOSBELL et al., 1999).
32
2.3.2 – Doença de Newcastle
A Doença de Newcastle é uma zoonose geralmente benigna, que afeta apenas pessoas com
alta susceptibilidade. É uma das enfermidades de maior importância econômica e sanitária na
avicultura. Causada por um Paramixovírus tipo 1, pode causar doença altamente patogênica
nas aves, transmitida através de aerossóis e secreções nasais (CHAN, 1994). Diversas
espécies de aves silvestres de vida livre são susceptíveis, incluindo as de hábitos alimentares
granívoros
e frutívoros, sendo que as
gregárias adoecem
mais frequentemente
(GUIMARÃES, 2006). Estudos indicam que tanto espécies domésticas criadas para
subsistência, quanto aves silvestres de vida livre e cativas servem como reservatórios para a
manutenção desse vírus no ambiente (JÚNIOR et al., 2003; PULILLO et al., 2005).
Em animais, os sintomas da Doença de Newcastle variam a depender da virulência e do
tropismo do vírus nos tecidos, podendo ocorrer secreção ocular serosa a mucopurulenta,
conjuntivite, espirros, tosse, descarga nasal, dispnéias, diarréia amarela a esverdeada e
comprometimento do sistema nervoso central. A morbidade e mortalidade podem atingir
100% (GUIMARÃES, 2006). No homem, esta doença é pouco freqüente e se manifesta
através de uma leve conjuntivite (CHAN, 1994; FERNANDES & FULANETO, 2004;
GUIMARÃES, 2006).
2.3.3 – Raiva
Entre as enfermidades transmitidas pelos mamíferos, raiva é a que apresenta maior
importância em saúde pública, especialmente em países em desenvolvimento (RAMOS &
RAMOS, 2002). É uma doença geralmente transmitida através da mordedura de um animal
infectado, que causa encefalomielite fatal, de curso agudo e com caráter ocupacional,
especialmente em profissionais que trabalham em zoológicos. É causada por um vírus da
família Rhabdoviridae, no gênero Lyssavirus, que se distribui por todos os continentes
habitados, podendo ocorrer em todas as espécies de mamíferos e tem sido considerada uma
doença re-emergente (RUPPRECHT, 1999). As aves são geralmente resistentes a essa
infecção e sua transmissão diretamente das aves para os humanos ainda não foi documentada,
apesar de este potencial existir. Aves de rapina recém-expostas a presas infectadas poderiam
potencialmente transmitir o vírus através de meio mecânico (FLAMMER, 1999).
33
A proximidade das populações silvestres desses animais a centros urbanos, associado ao
hábito da captura de filhotes de primatas para criação como pets são fatores que contribuem
para a manutenção deste vírus na população humana (FAVORETTO et al., 2001). Além do
desrespeito às questões legais associadas à manutenção destes animais cativos, acrescenta-se
o fato da vacina utilizada para cães e gatos não constituir imunógeno apropriado para
utilização na rotina de imunização de primatas (PASSOS et al., 2002), o que
consequentemente limita a sua profilaxia.
No município de São Paulo, os primatas não-humanos foram responsáveis por 0,4% das
notificações de acidentes com animais no final da década de 90 (267 casos). A soro-vacinação
anti-rábica foi indicada em 85% destes casos e os mesmos estiveram envolvidos com animais
mantidos ilegalmente em cativeiro, bem como o oferecimento de alimento a animais de vida
livre residentes em parques públicos (RAMOS & RAMOS, 2002). Nesta mesma década,
foram registrados 13 casos de morte em humanos causados por raiva transmitida por animais
silvestres no Ceará. Os sagüis-de-tufo-branco (Callithrix jacchus) estiveram envolvidos em
oito destes casos, sendo que o tratamento pós-exposição não foi realizado em duas situações
por acreditar-se que tais animais não apresentavam importância epidemiológica no ciclo desta
doença (FAVORETTO et al., 2001).
O vírus da raiva não persiste por muito tempo fora do hospedeiro mamífero e seu tempo de
sobrevivência depende da natureza e quantidade de material infeccioso, como tecido cerebral
denso ou uma película fina de saliva. Além disso, é rapidamente inativado por solventes e
exposição à formalina, ácidos e bases fortes, detergentes, aquecimento e radiação ultravioleta
do Sol (RUPPRECHT, 1999).
2.3.4 – Leishmaniose visceral
Assim como no caso da raiva, a invasão dos ambientes florestais pelo contínuo processo de
urbanização facilita o surgimento de novos casos de leishmaniose visceral (LV) em humanos,
doença que apresenta vasta distribuição na América Latina, ocorrendo do México à Argentina
(LAINSON & RANGEL, 2005). O ciclo, que ocorria normalmente em ambientes rurais e
silvestres, hoje se desenvolve em ambientes urbanos. Cabe destacar as mudanças ambientais e
climáticas e a adaptação do vetor aos ambientes modificados pelo homem entre os fatores
34
ambientais associados ao desenvolvimento dessa enfermidade nas cidades (GONTIJO &
MELO, 2004; COSTA et al., 2007).
A LV é uma doença crônica grave, cuja letalidade pode alcançar até 100% quando não
tratada. É causada por espécies de protozoários do gênero Leishmania, pertencentes ao
complexo L. (Leishmania) donovani, sendo que, no Brasil, o agente etiológico é a L. chagasi
(GONTIJO & MELO, 2004). No país, a LV clássica acomete pessoas de todas as idades, mas
na maior parte das áreas endêmicas, 80% dos casos registrados ocorrem em crianças com
menos de 10 anos. Em alguns focos urbanos estudados existe uma tendência de modificação
na distribuição dos casos por grupo etário, com ocorrência de altas taxas também no grupo de
adultos jovens (SILVA et al., 2001a).
A principal forma de transmissão do parasito para o homem e outros hospedeiros mamíferos é
através da picada de fêmeas de dípteros da família Psychodidae, sub-família Phebotominae,
conhecidos genericamente por flebotomíneos. Lutzomyia longipalpis é a principal espécie
transmissora da L. chagasi no Brasil (GONTIJO & MELO, 2004; LAINSON & RANGEL,
2005) e canídeos domésticos e silvestres, roedores e marsupiais são os reservatórios
conhecidos (LAINSON et al., 2002; DIAS et al., 2003; CURI et al., 2006).
2.3.5 – Doença de Chagas
Primatas não-humanos também podem servir como hospedeiros naturais de diversas espécies
de tripanossomídeos (Trypanosoma spp), que figuram entre os principais protozoários nestes
animais. Apesar disso, sua prevalência, taxonomia, biologia e transmissão na maioria das
espécies estão pouco caracterizadas (SILVA et al., 2001b; KUNZ et al., 2002). T. cruzi é o
agente causador da Doença de Chagas, ou tripanossomíase americana, nos seres humanos, e
os mantenedores mais importantes do ciclo silvestre dessa enfermidade no Estado do Rio de
Janeiro são os primatas, marsupiais, tatus, canídeos e roedores (FERNANDES et al., 1999;
TEIXEIRA et al., 2006).
Esses protozoários são parasitos flagelados móveis, presentes no sangue de muitos
hospedeiros vertebrados e invertebrados, localizando-se nos tecidos, às vezes em forma não
flagelada. Quase todas as espécies não geram efeitos graves no hospedeiro, mas alguns (como
T. cruzi) são patógenos importantes (JONES et al., 2000).
35
Os triatomíneos (Triatoma spp), conhecidos popularmente como barbeiros, que podem
adquirir os protozoários através do sangue ingerido durante a alimentação ou via vertical, são
os vetores responsáveis pela transmissão dessa enfermidade, através das suas fezes
contaminadas (TEIXEIRA et al., 2006). Ocorre um desenvolvimento cíclico definitivo no
corpo dos hospedeiros invertebrados “verdadeiros”, onde os tripanossomas multiplicam-se em
várias formas no trato digestivo até a forma infecciosa, que migra para o intestino posterior
(no caso de T. cruzi) e é excretado nas fezes dos triatomídeos hospedeiros (JONES et al.,
2000). Estes animais possuem o hábito de defecar enquanto se alimentam, depositando suas
fezes contaminadas próximas as feridas que causam (TEIXEIRA et al., 2006).
No Velho Mundo, os primatas infectam-se de diversas formas: principalmente quando da sua
introdução em áreas onde a doença ocorre, mas também de forma não-vetorial, através de
transmissão vertical ou horizontalmente através de membranas mucosas (KUNZ et al., 2002).
Quando infectados, estes animais não mostram sinais de doença (VERONA & PISSINATTI,
2006), o que os torna importantes reservatórios, especialmente as espécies que se adaptam
bem a antropização, como sagüis (Callithrix spp) (SILVA et al., 2001b). Outro mamífero
silvestre comumente criado ilegalmente em cativeiro e que pode tornar-se reservatório deste
parasito é o furão (Galictis cuja), sendo que estudos realizados no Estado de São Paulo já
comprovaram esse potencial (YENSEN & TARIFA, 2003).
2.3.6 – Toxoplasmose
O Toxoplasma gondii foi descrito originalmente em 1908, por Nicolle e Manceaux, num
material proveniente de um roedor, mas sua ampla distribuição entre os animais só foi
reconhecida 20 anos depois. Em 1939, foi incriminado como causador de uma encefalite
difusa e coriorretinite em uma criança recém-nascida (JONES et al., 2000).
A toxoplasmose também está relacionada principalmente com mamíferos, apesar de poder
ocorrer em todos os vertebrados. Os felinos domésticos e silvestres, mesmo em vida livre, são
considerados os hospedeiros mais importantes na história natural do protozoário intracelular
obrigatório responsável por esta zoonose (Toxoplasma gondii), por poderem ser definitivos ou
intermediários. A aquisição do parasito se dá através da ingestão de carne crua de roedores ou
pássaros com bradizoítos encistados, através da via tranplacentária (congênita) ou da ingestão
de matéria fecal contaminada. As fezes desses felinos são fontes de infecção para aves e
36
mamíferos, inclusive os humanos, que também podem adquirir a enfermidade através da
ingestão de leite e carne crua ou mal cozida (GARELL, 1999; JONES et al., 2000; ACHA &
SZYFRES, 2003).
O período pré-patente em felinos é de três a 10 dias após a ingestão de cistos e de 20 a 34 dias
após a ingestão de oocistos esporulados em matéria fecal, sendo que milhões de oocistos
podem eclodir nas primeiras duas semanas da infecção inicial, podendo estar associado à
diarréia. Nas re-infecções subseqüentes, poucos oocistos eclodem e o animal pode apresentar
quadros subclínicos. Após 24 horas da eliminação nas fezes, os oocistos esporulam e se
tornam infectantes, podendo resistir por mais de 18 meses em condições favoráveis
(GARELL, 1999).
É uma das zoonoses mais comuns e difundidas pelo mundo, podendo ocorrer em 30% da
população humana (ACHA & SZYFRES, 2003; BUXTON & MALEY, 2006), sendo que
testes sorológicos indicam a presença de anticorpos em até 75% de populações humanas e
animais de determinados locais (GARELL, 1999; JONES et al., 2000). A infecção pode ser
comum em várias espécies, mas a manifestação clínica da doença é rara, inclusive entre os
humanos (GARELL, 1999; JONES et al., 2000). Neste grupo, quando sintomática, pode ser
congênita ou ter sido adquirida ao longo da vida, sendo mais grave quando ocorre durante a
vida intra-uterina, podendo gerar de graves patologias fetais até o aborto. As crianças podem
apresentar redução da acuidade visual, cegueira, hidrocefalia, retardamento mental e
calcificação intracerebral. Pacientes portadores do vírus HIV também podem desenvolver
encefalite quando infectados (GARELL, 1999; ACHA & SZYFRES, 2003), assim como
animais filhotes ou imunodeprimidos são mais susceptíveis ao desenvolvimento de sinais de
enfermidade após a infecção (JONES et al., 2000). A infecção inaparente ou a recuperação da
enfermidade aguda leva o paciente à imunidade, mas cistos teciduais contendo bradizoítos
viáveis permanecem por períodos de mais de um ano, podendo servir como origem de
recrudescência para a infecção ativa (JONES et al., 2000).
No Brasil, testes sorológicos em felinos silvestres mantidos em zoológicos revelaram
prevalência de 54,6% de exposição ao T. gondii (SILVA et al., 2001b). No Pará, primatas
amazônicos cativos adquiriram esta enfermidade através de contato com felinos, apresentando
os sinais patológicos post mortem clássicos dos animais domésticos e selvagens (TÚRY et al.,
1999), como: focos necróticos visíveis nos pulmões, fígado, baço e rins e necrose celular no
fígado, linfonodos, sistema nervoso central e musculatura (GARELL, 1999). Em emas (Rhea
37
americana) clinicamente sadias, Marobin et al. (2004) encontraram soroprevalência de 8,1%
no Rio Grande do Sul, sendo que não ficou comprovada a importância desses animais na
transmissão desta zoonoses a humanos.
2.3.7 – Leptospirose
Leptospirose também é uma doença de caráter zoonótico que afeta animais domésticos e
silvestres, especialmente mamíferos. Apresenta distribuição mundial, porém com maiores
prevalências nos trópicos, onde há maior precipitação pluviométrica (CORRÊA, 2006).
Estudos realizados no Parque Zoológico de São Paulo demonstraram 19,5% de prevalência
entre os mamíferos do plantel pesquisados, concluindo-se que o rato doméstico (Rattus
novergicus) era o principal dispersor daquele microorganismo no ambiente (CORRÊA et al.,
2004). Rebanhos semi-confinados de javalis (Sus scrofa scrofa) criados no interior de São
Paulo e do Paraná, apresentaram 21,2% de reações positivas a testes sorológicos distribuídos
em três diferentes sorovares de Leptospira (MARCHIORI FILHO, 2002).
O agente etiológico dessa enfermidade é a bactéria Leptospira interrogans, representada por
cerca de 200 sorovares de importância epidemiológica (ACHA & SZYFRES, 2003;
CORRÊA, 2006). É eliminada na urina dos animais infectados, contaminando solos, alimento
e água. A via de entrada é através da pele com solução de continuidade ou íntegra amolecida
pela água contaminada, mucosas ou conjuntivas, inalação de gotículas ou ingestão de
alimentos contaminados (CORRÊA, 2006).
Os animais silvestres podem se infectar diretamente, através do contato com animais
hospedeiros, ou de forma indireta, através da água e alimentos contaminados. Freqüentemente
vêm a óbito sem apresentar sinais clínicos da doença, que podem ser representados por
disfunções reprodutivas (CORRÊA, 2006); enquanto no homem a doença é transmitida
através de exposição prolongada a água e a solos úmidos ou ingestão de água ou alimentos
contaminados, levando a quadros de febre, miosites, falências renal e hepática, hemorragias e
morte (ACHA & SZYFRES, 2003).
38
2.3.8 – Enterobactérias
As enterobactérias figuram como os parasitos mais importantes entre as zoonoses transmitidas
pelos répteis. Esses agentes causam doenças estreitamente associadas a baixos padrões de
higiene pessoal e de saneamento básico, representando uma das principais causas de
morbidade em geral e de mortalidade infantil, sobretudo em crianças com idade inferior a um
ano (LINS, 1983).
Entre os animais de hábitos aquáticos mantidos em cativeiro, especialmente cágados-d’água
(Trachemys spp), a enterobactéria Aeromonas spp apresenta-se como um patógeno
oportunista que chega a ser isolado em mais de 60% de animais clinicamente sadios. Esta
bactéria é encontrada rotineiramente em lagos artificiais e tanques para répteis, sendo
transmitida aos humanos através de mordeduras ou arranhões no ambiente aquático
(JOHNSON-DELANEY, 1996). Em um estudo realizado nos EUA, Aeromonas hydrophila
foi isolada na cavidade oral em 85% dos jacarés (Alligator mississippiensis) de vida livre sem
sintomas clínicos aparentes (GORDEN et al., 1979). Edwarsiella tarda foi isolada de diversos
animais aquáticos, bem como da superfície da água, na Flórida (WHITE et al., 1973).
Estudos desenvolvidos a partir do final da década de 60, já realizavam o isolamento de
Arizona, Citrobacter, Edwarsiella e Salmonella em quelônios cativos e de vida livre,
referenciando a importância desses patógenos na saúde pública e relatando a importância de
práticas de higiene para manipulação destes animais (JACKSON et al., 1969; JACKSON &
JACKSON, 1971). No Brasil, Sá & Solari (2001) isolaram Salmonella de diversas espécies de
répteis nacionais e exóticos criados em cativeiro como animais de companhia e destacaram a
ameaça potencial à saúde pública advinda da manutenção desses animais.
2.3.9 – Salmonelose
2.3.9.1 - Classificação
O gênero Salmonella recebeu esse nome em homenagem ao bacteriologista veterinário D. E.
Salmon (JONES et al., 2000). São reconhecidas apenas duas espécies, S. bongori e S.
enterica, divididas em subespécies que possuem antígenos somáticos de superfície e
antígenos flagelares, que permitem a discriminação em mais de 2400 sorovares, com o auxílio
39
de soros aglutinantes monoespecíficos (BIER, 1985; DAVIES, 2007; CARVALHO, 2006).
Usualmente, os autores abreviam a identificação utilizando o nome dos sorovares após o
gênero (p.ex. Salmonella enterica enterica sorovar Enteritis é chamada de Salmonella
Enteritis) (JOHNSON-DELANEY, 1996; ACHA & SZYFRES, 2003; KETZ-RILEY, 2003;
CARVALHO, 2006). Alguns sorovares são hospedeiro-específicos, mas a maior parte deles é
patogênica para um grande número de animais (JOHNSON-DELANEY, 1996; KETZRILEY, 2003; DAVIES, 2007).
São bacilos curtos (0,7-1,5 x 2-5 m), facilmente corados, que pertencem à família das
enterobactérias, cujas espécies são Gram-negativas, não esporuladas, geralmente com flagelos
perítricos e alguns imóveis. São aeróbias ou anaeróbias facultativas que crescem em meios
simples, em temperaturas entre 5 e 45°C (crescimento ótimo em 37°C) e pH 7 (suporta
valores entre 4 e 9), reduzem nitratos a nitritos, são oxidase-negativas e fermentam hidratos
de carbono. Apresentam-se como colônias de 2-4mm de diâmetro, com bordas lisas e
arredondadas, e estruturas em relevo se o meio contém carbono e nitrogênio. As espécies são
incluídas na família por conta de características morfológicas, culturais e bioquímicas,
enquanto que, para subdivisão em tipos, são importantes as propriedades sorológicas (BIER,
1985; STELLMACHER, 1988; JONES et al., 2000; ROSSI, 2005).
2.3.9.2 - Transmissão
São bactérias intestinais amplamente dispersas no ambiente e comumente encontradas em
locais onde há presença de animais, dejetos humanos ou em qualquer local onde possa haver
algum tipo de contaminação fecal (KETZ-RILEY, 2003; DAVIES, 2007; MERMIN et al.,
2004), podendo sobreviver longos tempos em solo úmido, água, fezes, alimentos e superfícies
com matéria orgânica (JOHSON-DELANEY, 1996; FRIEND, 1999; ACHA & SZYFRES,
2003; CARVALHO, 2006).
A principal via de transmissão das infecções por Salmonella é fecal-oral, através de contato
direto ou indireto com animais ou pela ingestão de alimentos e água contaminados (figura 4)
(BIER, 1985; STELLMACHER, 1988; FRIEND, 1999; ACHA & SZYFRES, 2003; KETZRILEY, 2003), sendo que diversos vetores silvestres, como roedores, canídeos e artrópodes,
podem servir como mantenedores desta enfermidade em criações animais (SOUNIS, 1985;
LIEBANA et al., 2003). Além disso, transmissões verticais, trans-ovarianas e no momento da
40
postura, apresentam relativa importância entre os répteis e as aves (FRIEND, 1999;
SCHÖTER et al., 2006).
Figura 4: Rotas potenciais de transmissão de Salmonella spp (Modificado de FRIEND, 1999).
2.3.9.3 - Aspecto zoonótico
A Salmonella foi bem estudada por Perluffo e Hormaeche, em 1940 (SOUNIS, 1985), e sua
importância zoonótica foi descrita pela primeira vez já em 1963, quando uma criança de sete
anos adquiriu a doença de um quelônio criado como animal de estimação, apesar deste
potencial já haver sido reconhecido desde 1946, quando do primeiro isolamento de
Salmonella spp de cágados (JOHNSON-DELANEY, 1996). Por conta disso, em 1968, o
Estado de Washington, nos EUA, proibiu a venda de quelônios como animais de estimação
em vista da impossibilidade de obter resultados confiáveis que garantissem que tais animais
estariam livres de Salmonella spp (JOHSON-DELANEY, 1996).
41
A salmonelose é considerada a principal zoonose transmitida pelos répteis, sendo que esses
animais são geralmente portadores assintomáticos de Salmonella spp em associação
comensal, raramente se observando enterite, diarréia com anorexia, apatia ou septicemia
nesses animais (TROIANO, 1991; MERMIN et al., 1998; KETZ-RILEY, 2003; DAVIES,
2007; MERMIN et al., 2004; SCHRÖTER et al., 2004). Por sua vez, estima-se que 74.000
casos anuais de infecção humana nos EUA estão associados ao contato direto ou indireto com
répteis ou anfíbios, especialmente entre jovens com idade inferior a 21 anos (MERMIN et al.,
2004).
Todos os sorovares de Salmonella são considerados como causadores de zoonoses, sendo que
esta é a zoonose que apresenta maior impacto, incidência e monitoramento no mundo todo,
especialmente em países em desenvolvimento (CARPENTER & GENTZ, 1997; ACHA &
SZYFRES, 2003; ROSSI, 2005).
2.3.9.4 - Animais susceptíveis e reservatórios
Pode afetar todas as espécies de animais domésticos, sendo que jovens e fêmeas prenhes ou
lactantes são mais susceptíveis. A manifestação clínica mais comum é enterite, mas diversos
outros sinais clínicos, como septicemia aguda, aborto, artrite, necrose de extremidades e
doença respiratória podem estar presentes. Os sinais e lesões não são patognomônicos e o
curso da infecção, sinais clínicos, achados post mortem e padrões epidemiológicos variam de
acordo com o sorovar e a espécie animal envolvida (DAVIES, 2007).
As aves silvestres apresentam importante papel no ciclo dessa enfermidade, contraindo
salmonelose de alimento e fezes, contaminando então novos ambientes durante meses, sendo
que Salmonella pullorum e S. gallinarum são os táxons mais importantes, por conta dos
impactos econômicos que causam sobre criações domésticas (CARPENTER & GENTZ,
1997; FRIEND, 1999). Ocorre em todas as espécies, mas são comuns em galináceos,
anseriformes e aves marinhas (FLAMMER, 1999). É considerada uma doença emergente em
pássaros canoros que vivem em ambientes urbanos e sua ampla distribuição geográfica nestas
aves está associada à contaminação dos seus recursos alimentares (FRIEND, 1999). Os
indivíduos jovens são normalmente os mais afetados, apresentando altas taxas de mortalidade
e animais clinicamente sadios ou que sobreviveram a surtos de salmonelose podem ser
portadores (CUBAS, 1993).
42
No Paraná, água contaminada com Salmonella enteritidis causou a morte de dezenas de aves
marinhas costeiras. Os sintomas clínicos observados foram: desidratação, apatia, sonolência,
inapetência, fraqueza, penas eriçadas, hipertermia e diarréia aquosa enegrecida. (CUBAS,
1993).
Mamíferos domésticos e silvestres podem albergar Salmonella spp sem manifestarem sinais
clínicos. Os roedores e marsupiais de vida livre se infectam com sorovares característicos do
ambiente em que vivem e podem transmitir esse patógeno a outras espécies (ACHA &
SZYFRES, 2003; LIEBANA et al., 2003; VILLAFAÑE et al., 2004; CARVALHO, 2006).
Em primatas, há controvérsias sobre o isolamento de Salmonella. Diniz (1997) relata que esta
bactéria só é encontrada em grupos com manifestações clínicas, causando normalmente
septicemias fatais, mas não referencia essa informação e nem comenta sobre as espécies
susceptíveis. Por sua vez, Szirmai (1999) afirma que, apesar de numerosos sorovares terem
sido isolados em esfregaços retais de animais recém-chegados de seus países de origem, não
há dados sobre formas de aquisição e histórico clínico desta doença, que pode desenvolver
diarréia grave e morte. Além disso, o mesmo autor relata que Salmonella pode estar presente
no trato intestinal dos primatas do Novo Mundo, sem constituir a causa principal da
enfermidade entérica nestas espécies.
2.3.9.5 - Salmonelose em humanos
A maior parte das infecções humanas é adquirida através da ingestão de alimentos
contaminados, geralmente através da manipulação com mãos mal higienizadas, especialmente
produtos cárneos e lacticínios, sendo que cozimento inadequado, esfriamento lento do
alimento, manutenção do alimento por muitas horas sem resfriamento e aquecimento
inadequado antes da ingestão são fatores que contribuem para a enfermidade. Transmissão
entre humanos pode ocorrer em hospitais, através de mãos contaminadas ou vetores
(SOUNIS, 1985; ACHA & SZYFRES, 2003; ROSSI, 2005).
Manifesta-se clinicamente com uma síndrome gastrintestinal com período de incubação de
seis a 72 horas, quando pode ocorrer uma instalação brusca de febre, dor abdominal, náuseas,
diarréia e vômito, acompanhada de dores de cabeça, podendo causar desidratações graves e
mortalidade entre 1 e 2% dos pacientes. Entretanto, a Salmonelose apresenta um curso
benigno e a recuperação clínica ocorre em 2 a 4 dias (TROIANO, 1991; JOHSON-
43
DELANEY, 1996; THAMLIKITKUL et al., 1996; CARPENTER & GENTZ, 1997; ACHA
& SZYFRES, 2003). Infecções assintomáticas também podem ocorrer em humanos
(SOUNIS, 1985). Estudos estimam que esta enfermidade acometa 1,4 milhões de pessoas
apenas nos Estados Unidos, com 600 mortes anuais (MEAD et al., 1999).
Afeta seriamente crianças, idosos e imunodeprimidos, como pacientes em uso de corticóides e
portadores do vírus HIV (JOHSON-DELANEY, 1996; THAMLIKITKUL et al., 1996;
WOLDAY & SEYOUM, 1997; URIO et al., 2001; ACHA & SZYFRES, 2003; MAHAJAN
et al., 2003; WELLS et al., 2004; BAR-MEIR et al., 2005).
2.3.9.6 - Patogenia
As bactérias aderem aos enterócitos através de fímbrias ou pili, e colonizam o intestino
delgado. Em seguida penetram nos enterócitos, onde ocorre nova multiplicação antes que as
bactérias cruzem a lâmina própria e continuem a proliferar, tanto em liberdade como no
interior dos macrófagos. Muitas infecções não progridem para outros locais; contudo, alguns
sorovares mais patogênicos, especialmente em jovens, são transportados por macrófagos até
os linfonodos mesentéricos. Nova multiplicação termina provocando septicemia, com
localização das bactérias em muitos órgãos e tecidos, como baço, fígado, meninges, cérebro e
articulações (JONES et al., 2000; ARGÔLO FILHO, 2007).
A microbiota intestinal é um fator que influencia na infecção e na enfermidade. Um número
reduzido de bactérias do gênero Salmonella já é capaz de causar enfermidade em jovens,
sendo que esse número precisa se tornar mais elevado à medida que o animal se torna maduro.
Aparentemente, isso ocorre porque a microflora intestinal adquirida protege os animais contra
a infecção, mesmo na presença de um ambiente bastante contaminado (FRIEND, 1999).
2.3.9.7 - Achados de necropsia
Os achados necroscópicos podem variar significativamente, a depender do curso da infecção,
virulência do organismo e resistência do hospedeiro, apresentando geralmente lesões de
enterocolite e septicemia (FRIEND, 1999; JONES et al., 2000).
44
O estômago e parte proximal do intestino normalmente não apresentam lesões, sendo que a
enterite se inicia no íleo, estendendo-se pelo cólon. A mucosa fica hiperêmica a hemorrágica,
espessada e frequentemente revestida por um exsudato vermelho, amarelo ou cinzento,
podendo conter úlceras. Microscopicamente, ocorre hemorragia na mucosa, edema, necrose e
infiltração de leucócitos, principalmente macrófagos (JONES et al., 2000).
No fígado, observam-se “nódulos paratifóides”, onde há pequenos agregados de células
reticuloendoteliais que podem ocorrer em associação com necrose hepática. Nos linfonodos e
baço, está presente uma hiperplasia reticuloendotelial que pode causar aumento desses
tecidos. Ocorrem hemorragia e necrose nos linfonodos mesentéricos. Nos casos septicêmicos,
formam-se petéquias ou equimoses da pleura, peritônio, endocárdio, rins e meninges e, ao
exame microscópico, necrose fibrinóide das paredes vasculares e material hialino depositado
em capilares glomerulares e nos pequenos vasos da derme (JONES et al., 2000).
Nas aves, lesões características podem estar completamente ausentes em casos agudos.
Passeriformes infectados geralmente apresentam nódulos caseosos amarelos na superfície do
esôfago, que quando aberto, exibe estes nódulos de forma larga, com lesões difusas em forma
de placa, ou áreas nodulares discretas ao longo deste órgão. Casos de infecções intestinais
agudas apresentam hiperemia da mucosa interna, dos dois terços posteriores à metade do
ceco, do intestino grosso e do cólon. À medida que a enfermidade progride, a mucosa
intestinal é coberta por um material fibrinoso pálido e aderente. Alguns casos podem
apresentar lesões necróticas, alargamento e impactação do reto, artrites e pequenos abscessos
externos (1mm de diâmetro) (FRIEND, 1999).
Primatas não humanos podem apresentar enterocolite moderada a grave, incluindo edema,
congestão e hemorragia da mucosa (SZIRMAI, 1999).
2.3.9.8 - Diagnóstico
Como a enfermidade clínica e as lesões necroscópicas na salmonelose são semelhantes a
diversas outras doenças, o diagnóstico da enfermidade depende do isolamento laboratorial e
identificação da Salmonella spp associada aos achados patológicos. O isolamento desta
bactéria de animais sem lesões típicas indica apenas que os mesmos eram portadores, e não
necessariamente vítimas de salmonelose (FRIEND, 1999; JONES et al., 2000).
45
Nas aves, o ceco é local preferencial para obtenção de culturas positivas para a maior parte
dos sorovares de Salmonella. Fígado, intestino, coração, ovos e suas cascas e membranas
também podem servir como material para investigação (FRIEND, 1999). Em primatas, há
referência sobre o isolamento de numerosos sorovares desta enterobactéria em esfregaços
retais (SZIRMAI, 1999).
Como técnicas de diagnóstico, utilizam-se métodos de isolamento e provas bioquímicas,
provas de detecção rápida (ELISA), imunodifusão, hibridização de DNA, hemoaglutinação e
imunofluorescência (ARGÔLO FILHO, 2007).
No caso de culturas de fezes, estas devem ser manipuladas com cuidado para evitar
contaminações e os resultados positivos para Salmonella devem ser interpretados com
cuidado, uma vez que sozinhos não indicam doença. Os materiais devem ser acondicionados
em embalagens plásticas espessas, lacradas e refrigeradas, para serem encaminhados ao
laboratório (FRIEND, 1999).
2.3.9.9 – Prevenção, tratamento e controle
Em animais domésticos, a medida de prevenção contra a salmonelose é a vacinação.
Entretanto, para os silvestres, o uso dessa ferramenta é limitado, cabendo a adoção de medidas
inespecíficas, sugerindo-se a avaliação microbiológica periódica da população de indivíduos
cativos. Melhoria do bem-estar animal e estocagem de alimento livre de acesso a vetores
podem auxiliar também no controle dessa enfermidade em um plantel (ADA, 2001; ACHA &
SZYFRES, 2003; CARVALHO, 2006).
Para humanos, vacinação de crianças, inspeção rigorosa dos produtos de origem animal,
campanhas de educação sanitária, adoção de medidas de higiene e desinfecção, controle de
roedores e moscas, notificação dos casos e estudos epidemiológicos específicos eficazes
(origem, fontes de infecção, sorotipagem e exames bacteriológicos) podem elucidar sobre a
doença e prevenir a infecção (SOUNIS, 1985; ADA, 2001; ACHA & SZYFRES, 2003;
CARVALHO, 2006). Cabe ressaltar que a vacinação só é efetiva contra a febre tifóide, e não
imuniza o indivíduo contra as formas não-tifoidais, como diversos sorovares transmitidos
pelos répteis. Nesses casos, o acondicionamento adequado dos animais e práticas de higiene
adequadas podem prevenir a infecção (ARGOLO FILHO, 2007).
46
Em humanos, o tratamento geral é realizado com reposição de fluidos, controle da dor,
náuseas e vômito. O tratamento específico é realizado com antibióticos, que não são
recomendados para terapia de gastroenterites não-invasivas causadas por Salmonella nãotifoidal, excetuando os casos em que ocorram meningite ou infecções complicadas (ARGOLO
FILHO, 2007).
Assim como outras Enterobactérias, Salmonella tem preocupado cientistas por conta de
características relacionadas com a crescente resistência a antibióticos tradicionais, requerendo
atenção imediata pelas características invasivas (BLANCOU et al., 2005; PATERSON,
2006). Acredita-se que essa característica, que a classifica como doença emergente, tenha sido
originada do uso excessivo ou insuficiente desses antibióticos, por médicos humanos e
veterinários, oferecendo condições ideais para o surgimento de mutações resistentes de
diversos sorovares dessa bactéria (BLANCOU et al., 2005). Alguns sorovares isolados de
animais exóticos também já demonstram resistência a uma série de antibióticos
tradiconalmente utilizados na clínica médica veterinária (HEADRICK et al., 2001).
Uma grande variedade de desinfetantes químicos pode ser eficiente no seu controle, entre eles
o peróxido de hidrogênio, ácido acético, ácido lático, cloro, formaldeído, peróxido de
hidrogênio, polihexametileno biguamida, amônia quaternária, glutaraldeído, iodo, formol e
produtos a base de fenóis (ROSSI, 2005).
O controle da enfermidade em animais de produção pode ser realizado através da eliminação
de portadores, enquanto em animais de companhia pode ser realizado o tratamento com
antibióticos, mas tal medida é polêmica, pois a bactéria nem sempre é eliminada, por conta da
capacidade de sobreviver dentro da célula e o hospedeiro pode ser mantenedor da
enfermidade em uma população (FRIEND, 1999). Tratamento de suporte com reposição de
fluidos e eletrólitos é recomendado em casos de desidratação (ACHA & SZYFRES, 2003;
CARVALHO, 2006).
Não há dados suficientes sobre os casos de salmonelose em humanos atribuídos ao contato
com animais oriundos de criação ilegal de répteis no Brasil, mas campanhas de fiscalização e
de combate ao tráfico, educação da população sobre os ricos associados a esta atividade e
desenvolvimento de estudos sobre potenciais reservatórios desta enterobacteriose podem
minimizar o impacto que ela representa à saúde pública.
47
3.0 - ARTIGO CIENTÍFICO
48
ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE CEPAS DE Salmonella spp DE JABUTISPIRANGA ORIUNDOS DO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES
Oberdan Coutinho Nunes1; Eugênia Márcia de Deus Oliveira2; Sônia da Silva Laborda2; Janis
Cumming Hohlenwerger2; Moacyr Antônio de Moraes Neto3; Carlos Roberto Franke4.
1. Instituto Brasileiro do meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) – SUPES/BA, Centro
de Triagem e reabilitação de Animais Silvestres (CETAS) Chico Mendes;
2. Universidade Federal da Bahia, Escola de Medicina Veterinária, Laboratório de Bacterioses;
3. Clínica Veterinária Villas do Atlântico.
4. Universidade Federal da Bahia; Escola de Medicina Veterinária, Pós-graduação em Ciência Animal nos
Trópicos.
RESUMO
O incremento da criação de animais silvestres coloca em risco a saúde ambiental, animal e
humana, preocupando órgãos ambientais e setores de saúde pública. Neste contexto, o tráfico
de animais silvestres é parte importante da epidemiologia de zoonoses. Este trabalho
objetivou investigar a ocorrência de Salmonella spp em jabutis-piranga da espécie
Geochelone carbonaria, em vista da elevada freqüência com que este réptil é encontrado no
comércio ilegal no Estado da Bahia e do risco que representa para a saúde. Foram coletadas
fezes de 89 jabutis mantidos no Centro de Triagem de Animais Silvestres Chico Mendes –
IBAMA/BA e as amostras foram analisadas no Laboratório de Bacterioses da UFBA (n=40) e
em uma Clínica Veterinária particular (n=49). Colônias características de Salmonella spp
foram isoladas em 12,36% dos jabutis (11/89). Nove colônias foram enviadas para
identificação no Instituto Adolfo Lutz - São Paulo, onde se mostraram distribuídas em seis
diferentes sorovares: S. enterica salamae 47:b:-; S. enterica houtenae 21:g,z51; S. Panama; S.
Poona; S. Javiana e S. Michigan, todas, segundo nosso conhecimento, sem prévia descrição
para G. carbonaria, no entanto, presentes em relatos de infecção humana e/ou animal e em
estudos sobre resistência a antibióticos. Nossos resultados confirmam o risco representado
pelo tráfico de animais silvestres para a saúde pública, tanto no que concerne à exposição de
crianças à fonte de infecção representada pelo jabuti-piranga, quanto à disseminação de
sorovares resistentes.
Palavras-chave: répteis, zoonoses, epidemiologia.
49
ABSTRACT
The increasing husbandry of captive wildlife threats environment health, animal health and
human health, worrying ambient government and public health sectors. So, wildlife trade
rules significant impact on zoonosis’s epidemiology. We investigated Salmonella spp in redfoot tortoise (Geochelone carbonaria) because this reptile shows high frequency in the illegal
commerce in the State of Bahia and because the risk that this situation represents for the
human and animal health. Feces of 89 turtles kept in a wildlife center were collected and the
samples were analyzed in the Bacteriology Laboratory of the Federal University of Bahia
(n=40) and in a particular veterinary clinic (n=49). Characteristic colonies of Salmonella spp
had been isolated in 12,36% of the turtles (11/89). Nine colonies had their sorotypes
identificated in the Adolfo Lutz Institute – in the state of São Paulo, distributed in six
different sorotypes: S. enterica salamae 47:b:-; S. enterica houtenae 21:g,z51; S. Panama; S.
Poona; S. Javiana e S. Michigan, all of them, according to our knowledge, without previous
description of infecting G. carbonaria. However, there are relates of human and/or animal
infection and antibiotics resistance involving these sorotypes. These data confirms the public
health risk represented by the wildlife trade, because of the children exposition to the source
of infection represented by the red-foot tortoise, and their dissemination of resistant sorotypes.
Keywords: reptiles, zoonoses, epidemiology.
INTRODUÇÃO
O aumento mundial da criação de animais silvestres nativos e exóticos como pets tem
preocupado órgãos ambientais, em vista do risco de introdução de espécies hospedeiras
exóticas e seus patógenos (SCHLOEGEL et al., 2005), e setores de saúde pública, pelo risco
de epidemias em humanos decorrentes da crescente proximidade com estes animais no
ambiente domiciliar, a exemplo de salmoneloses atribuídas ao contato com répteis
(SCHRÖTER et al., 2004; HEADRICK et al., 2001). Nesse contexto, o tráfico de animais
silvestres é fator importante na dispersão de enfermidades, não só por conta da ausência de
controle sanitário durante a movimentação desses animais, mas também, pela debilidade física
e imunológica a que são submetidos em virtude da fome, sede e densidades elevadas em
espaços inadequados, características do transporte ilegal de fauna (RENCTAS, 2001).
50
As Salmonellas spp são enterobactérias naturalmente presentes em diversas espécies animais,
sendo que fatores estressantes podem torná-las patogênicas (TROIANO, 1991; JOHSONDELANEY, 1996). A principal via de transmissão é fecal-oral, por intermédio do contato
direto ou indireto com animais infectados ou pela ingestão de alimentos e água contaminados,
estando dispersas amplamente no ambiente em locais onde há presença de animais e dejetos
(KETZ-RILEY, 2003; DAVIES, 2007; MERMIN et al., 2004), podendo sobreviver longos
tempos em solo úmido, água, fezes, alimentos e superfícies com matéria orgânica (ACHA &
SZYFRES, 2003; JOHSON-DELANEY, 1996; CARVALHO, 2006) e serem levadas para
novas regiões por movimentações de animais, artrópodes ou por veículos e equipamentos
contaminados (KETZ-RILEY, 2003).
Em humanos, a maioria das salmoneloses manifesta-se clinicamente como uma síndrome
gastrintestinal, com período de incubação de 6 a 72 horas, seguida de febre, dor abdominal,
náuseas, diarréia e vômito, acompanhada de dores de cabeça, podendo causar desidratação
grave e letalidade entre 1 a 2% dos pacientes. Entretanto, geralmente apresenta um curso
benigno e a recuperação clínica ocorre em poucos dias (SOUNIS, 1985; TROIANO, 1991;
JOHSON-DELANEY, 1996; THAMLIKITKUL et al., 1996; CARPENTER & GENTZ,
1997; ACHA & SZYFRES, 2003).
A salmonelose destaca-se como a principal zoonose transmitida pelos répteis trazidos para o
interior do domicílio humano para serem criados como pets (JOHSON-DELANEY, 1996).
Nos Estados Unidos da América, estima-se cerca de 74.000 casos anuais de infecções por
contato direto ou indireto com anfíbios ou répteis, atingindo principalmente jovens com
menos de 21 anos (MERMIN et al., 2004). Algumas cepas de Salmonella encontradas no
ambiente intestinal dos répteis são altamente invasivas e virulentas para o homem
(VASONCELOS, 2001).
51
No Brasil, os jabutis são os répteis mais freqüentes no tráfico de animais silvestres (LOPES,
1991 apud RENCTAS, 2001), sendo conhecidas apenas duas espécies: Geochelone
carbonaria (Spix, 1824) e G. denticulata (Linnaeus, 1766) (SBH, 2005). Ambas estão listadas
no Apêndice II da Convenção Internacional de Comércio de Fauna e Flora Silvestres
Ameaçados de Extinção (CITES, 2007), mas apresentam vasta distribuição e são consideradas
comuns em suas áreas de ocorrência (VANZOLINI, 1999). Apresentam diversos atributos que
os tornam apreciados como pets, a exemplo da beleza, mansidão, adaptabilidade e fácil
reprodução em cativeiro. No entanto, a falta de conhecimento quanto sua criação tem
conduzido a graves erros de manejo, comprometendo a saúde e o bem-estar dos animais
(REBELATO, 2006). Por serem, em geral, de origem ilegal, não são monitorados quanto aos
aspectos sanitários, tornando-os potenciais fontes de infecção de diversas zoonoses, a
exemplo da salmonelose (FOWLER, 1978; OLIVEIRA, 2003).
Apesar da salmonelose ocorrer com freqüência em humanos, sua prevalência e incidência no
mundo é imprecisa, em virtude de deficiências quanto à vigilância epidemiológica e escassez
de estudos específicos (SOUNIS, 1985; ACHA & SZYFRES, 2003). Apenas em 2004,
Salmonella spp foi isolada de 35.661 pacientes em diversas regiões do planeta (CDC, 2006).
No Brasil, há poucos registros oficiais sobre zoonoses, no entanto, observa-se que a
salmonelose é doença mais predominante entre elas (ROSSI, 2005). Por isso, informações
sobre sua prevalência são essenciais para relacionar os possíveis reservatórios responsáveis
pela sua transmissão (ALLGAYER, 2003).
Este trabalho objetiva investigar a ocorrência de bactérias do gênero Salmonella em jabutis da
espécie Geochelone carbonaria, em vista da elevada freqüência com que este réptil é
encontrado no tráfico de fauna silvestre no Estado da Bahia e do risco que representa para a
saúde humana e animal.
52
MATERIAL E MÉTODOS
Foram coletadas fezes de 89 jabutis (Geochelone carbonaria) de origem ilegal encaminhados
ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) Chico Mendes – IBAMA, situado em
Salvador, Bahia, sendo 29 jovens ou adultos oriundos de entregas espontâneas (68 a 209mm
de comprimento de plastrão) e 60 filhotes oriundos de apreensões realizadas por órgãos
ambientais (40 a 60mm). Procurou-se coletar amostras de animais recém-chegados para evitar
possíveis contaminações horizontais nos recintos do CETAS. Para a coleta das fezes, os
animais foram lavados e colocados em decúbito dorsal sobre superfície limpa e forrada com
papel toalha, para estimular a defecação. As fezes foram coletadas com swabs e encaminhadas
para o Laboratório de Bacterioses da Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal
da Bahia ou para uma clínica veterinária particular colaboradora no projeto, para a realização
das culturas e provas bioquímicas, utilizando a mesma metodologia.
As fezes (1g) foram semeadas em 10mL de caldo Kauffman para crescimento, acrescentado
de uma gota de iodo-iodetado e colocado em estufa a 37°C. Após 24hs, foi realizada a
primeira passagem em placa com meio seletivo de Salmonella-Shigella e colocada em estufa a
37°C durante 24hs. Foi realizada a leitura e as colônias que apresentaram características
lactose negativas pequenas e brilhantes foram semeadas em meio TSI (Triple Sugar Iron
Agar) e colocadas em estufa a 37°C por 24hs. Após 48hs, foi realizada a segunda passagem
do Kauffman em placa com meio de Kristensen e estufa a 37°C por 24hs. As colônias com o
perfil sugestivo de Salmonella spp foram semeadas em meio TSI e mantidas em estufa a
37°C, por 24hs. As colônias sacarose negativa características (formação de gás, superfície
alcalina e base ácida) foram selecionadas e submetidas ao teste da oxidase. Colônias oxidasenegativas e com formação de gás foram submetidas a provas bioquímicas e foram
53
consideradas positivas para Salmonella spp as que apresentaram as características indicadas
na tabela 01. Após o isolamento, as amostras foram encaminhadas para identificação das
cepas no setor de enterobactérias da seção de Bacteriologia do Instituto Adolfo Lutz – São
Paulo.
Tabela 01: Provas bioquímicas e resultados esperados para
caracterização de Salmonella spp.
TESTE
Indol
Vermelho de metila
Citrato
Mobilidade
Lactose
Sacarose
REAÇÃO
+
+
+
-
TESTE
Malonato
Uréia
Adonitol
Glicose
Dulcitol
Manitol
REAÇÃO
+
+
+
+
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Colônias com características sugestivas de Salmonella spp foram isoladas das fezes de
12,36% dos jabutis (11/89), sendo que duas colônias, isoladas de animais adultos, foram
perdidas antes da identificação das cepas. O reduzido número de isolamentos registrados neste
estudo não permite inferir sobre uma possível relação entre a freqüência de isolamento de
salmonelas nas fezes e a faixa etária dos animais. Epidemiologicamente, os filhotes
representam maior risco como fonte de infecção para humanos em vista de serem os mais
procurados para presentear as crianças, que por sua vez, apresentam-se relativamente mais
susceptíveis à infecção por terem ainda imaturo seu sistema imune (JOHSON-DELANEY,
1996; VANZOLINI, 1999; URIO et al., 2001; ACHA & SZYFRES, 2003; MAHAJAN et al.,
2003; BAR-MEIR et al., 2005; JONG et al., 2005; HOHLENWERGER et al., 2006).
Os quelônios podem ser hospedeiros naturais de Salmonella spp, com registros na literatura
de taxas de prevalência de até 91% em certas populações, e freqüentes relatos sobre a
ocorrência de infecções assintomáticas (TROIANO, 1991; JOHNSON-DELANEY, 1996;
DAVIES, 2007; MERMIN et al., 2004). Estima-se que praticamente todos os répteis sejam
54
hospedeiros e eliminem Salmonella, e que as exceções podem ser atribuídas a problemas de
sensibilidade dos testes diagnósticos ou a intermitência na eliminação da bactéria nas fezes
(TROIANO, 1991; JOHNSON-DELANEY, 1996; ACHA & SZYFRES, 2003; MERMIN et
al., 2004; CARVALHO, 2006). Sá & Solari (2001) tentaram sem êxito o isolamento de
Salmonella spp em cinco exemplares de G. carbonaria criados como pets, ao contrário do
observado com a espécie G. denticulata, da qual os autores isolaram a bactéria em um dentre
cinco indivíduos examinados, confirmando os resultados prévios relatados em jabutis da
espécie G. denticulata, mantida em zoológico nos EUA, apontando a espécie como
hospedeira de Salmonella spp (JACKSON et al., 1969; JACKSON & JACKSON, 1971).
As nove colônias cujas cepas foram identificadas distribuíram-se em seis diferentes sorovares
apresentados na tabela 2 e representam, segundo nosso conhecimento, os primeiros registros
da ocorrência destes sorovares na espécie Geochelone carbonaria. Os répteis podem conter,
simultaneamente, em sua flora intestinal diversos sorovares de Salmonella spp, com especial
destaque para os sorovares: Java; Stanley; Marina; Poona; Pomona e Chamaleon
(VASCONCELLOS, 2001). Troiano (1991) observou que 10 entre 11 tartarugas importadas
apresentavam salmonelas de 70 diferentes sorovares. Jackson et al. (1969) isolaram dois
diferentes sorovares até então não identificados em jabutis da espécie G. denticulata e
Jackson & Jackson (1971) relataram o isolamento do sorovar Salmonella Houten também em
G. denticulata.
Tabela 2: Resultado da identificação das cepas de Salmonella isoladas de jabutis da espécie Geochelone
carbonaria.
AMOSTRA
CV01
CV02
J16
J22
J28
J32
J33
J36
J38
PROCEDÊNCIA
Apreensão
Apreensão
Apreensão
Apreensão
Apreensão
Apreensão
Apreensão
Apreensão
Apreensão
MEDIDA
>50mm
>50mm
50mm
50mm
50mm
45mm
50mm
50mm
55mm
SOROVAR
S. Poona
S. enterica salamae 47:b:S. Panama
S. enterica houtenae 21:,z51:Identificada bioquimicamente como S. enterica houtenae
S. Javiana
S. enterica salamae 47:b:S. enterica salamae 47:b:S. Michigan
55
S. enterica salamae e S. enterica houtenae foram as subespécies mais freqüentes no presente
trabalho. Ambas são de ocorrência freqüente em répteis e no ambiente (BRENNER et al.,
2000), o que dificulta inferir qual a origem na infecção nos jabutis-piranga. No Brasil, Sá &
Solari (2001) isolaram S. enterica salamae de lagartos e S. enterica houtenae, de serpentes,
lagartos e de outros quelônios criados em cativeiro. Argôlo Filho (2007) isolou S. Panama de
lagartos teiús (Tupinambis merianae) criados em cativeiro no Estado da Bahia. Este sorovar
foi isolado no Chile em amostras de animais, de água, de alimentos e de fezes de crianças com
diarréia. Os mesmos autores demonstraram, também, o processo de evolução da resistência
desta bactéria a antibióticos de primeira escolha no tratamento de casos de diarréia
(CORDANO & VIRGILIO, 1996). Na Suíça, Jong et al. (2005) isolaram S. Panama e S.
Poona de pacientes com salmonelose que tinham histórico de contato prévio com répteis em
cativeiro, especialmente de crianças que conviviam com quelônios. Nos EUA, uma criança de
três anos de idade teve infecção letal causada por S. Poona adquirida no contato com uma
iguana (Iguana iguana) criada em casa como animal de estimação (WU et al., 1998). Olsen et
al. (2001) observaram que o isolamento de S. Javiana de pacientes humanos é mais freqüente
em jovens com menos de 19 anos de idade e que alterações na epidemiologia de alguns
sorovares de Salmonella spp podem ser, pelo menos parcialmente, influenciadas pela
popularização da criação, comércio e manipulação de espécies de répteis em cativeiro.
Apesar da disseminação da salmonelose por animais silvestres ser citada como um fator de
risco à saúde humana por parte de órgãos de combate ao tráfico de fauna (LIMA, 2007),
poucas são as informações quantitativas de casos humanos da doença associados à criação
ilegal de répteis em cativeiro no Brasil. Nossos resultados confirmam o risco representado
pelo tráfico de animais silvestres para a saúde pública, tanto no que concerne à exposição de
crianças à fonte de infecção representada pelo jabuti-piranga, quanto à disseminação de
56
sorovares já descritos como resistentes a antibióticos utilizados na terapêutica humana e
animal. Novos estudos devem ser incentivados para a otimização da repressão ao tráfico, da
educação sanitária e ambiental e da pesquisa, objetivando ampliar o conhecimento
epidemiológico sobre as salmoneloses e sua disseminação através do comércio ilegal de
animais silvestres.
AGRADECIMENTOS
Ao IBAMA, pela autorização do trabalho; ao CETAS Chico Mendes, pela disponibilização
dos animais; ao programa de pós-graduação em Ciência Animal nos Trópicos da
Universidade Federal da Bahia, pela aprovação do projeto da pesquisa; ao Laboratório de
Bacterioses da UFBA e à Clínica Veterinária Villas do Atlântico, pelo isolamento das
colônias de Salmonella spp; ao setor de enterobactérias da seção de Bacteriologia do Instituto
Adolfo Lutz – São Paulo, pela identificação das cepas; a Vanessa C. V. Azevedo, pela
colaboração nos manuscritos e a Elenaide C. Nunes pelo auxílio na tradução do resumo.
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4.0 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
O tráfico de animais silvestres é uma das principais ferramentas responsáveis pela dispersão
de doenças, principalmente zoonoses emergentes e re-emergentes, que têm preocupado
pesquisadores e cidadãos comuns de todo o planeta por conta da diversidade de agentes
patogênicos ocorrendo em tempos simultâneos. Mas diversos outros fatores oriundos de
atividades antrópicas também ajudaram a conceber esse momento histórico, como a invasão
dos ambientes naturais para o crescimento das cidades e os avanços tecnológicos e políticos.
Entendemos que todas essas ações são igualmente co-autoras dessa realidade em que
vivemos, pois há uma cadeia de processos interligados que sobrepõem causas e
conseqüências. Por um lado, a invasão dos ambientes naturais causa perda de habitat e
recursos da fauna silvestre, degeneração endogâmica e aumento da fragilidade em termos
imunológicos; por outro, a captura desses animais para criação doméstica acarreta em
redirecionamento de seus patógenos para animais domésticos e para o homem.
Ainda não existe um cenário ideal para controle dessas ameaçadas constantes, especialmente
no Brasil, que possui uma legislação protecionista bastante criteriosa, mas não possui
estrutura política que possibilite o seu cumprimento. Além disso, ainda não está muito bem
difundido no país o fomento à formação de profissionais aptos e à criação de estruturas
adequadamente equipadas para identificar, tratar e monitorar de forma eficaz as zoonoses
emergentes e re-emergentes. Apenas com a adoção de medidas multi-institucionais nesse
sentido, é que podemos caminhar na direção do controle epidemiológico dessas doenças.
Localmente, há intervenções paliativas que os profissionais da saúde podem adotar facilmente
em suas rotinas de trabalho, especialmente os médicos veterinários. Uma delas é a utilização
61
apropriada e respeito ao período de quarentena, para identificação de possíveis patógenos.
Cabe aqui ressalvar a importância da qualificação continuada desses profissionais,
especialmente dos que lidam com animais silvestres nativos ou exóticos, para que se
familiarizem com as zoonoses emergentes, suas causas, conseqüências e ocorrências ao redor
do mundo.
Médicos humanos deveriam ser mais bem preparados, especialmente para identificação dos
sintomas de zoonoses e outras doenças emergentes, especialmente nos postos de saúde e
hospitais especializados em doenças infecto-contagiosas; além de portos, aeroportos e
fronteiras nacionais, que deveriam também ser melhor equipados. Nestes locais, é de suma
importância haver um controle bastante rigoroso, uma vez que servem como portas de entrada
dessas doenças. Além disso, hóspedes estrangeiros em complexos hoteleiros deveriam ser
especialmente monitorados.
Zoológicos, Centros de triagem e/ou reabilitação, Criadouros de animais silvestres nativos ou
exóticos, instituições de pesquisa, empresas de consultoria ambiental, importadores e
exportadores de animais silvestres, pet shops e quaisquer outras instituições que lidem com
fauna silvestre devem estar especialmente atentas aos protocolos de avaliação clínica, pois
geralmente manipulam animais submetidos a processos de stress, os mais predispostos à
manifestação de enfermidades. Funcionários dessas instituições devem ser protegidos
imunologicamente através de vacinações e serem submetidos a exames periódicos,
especialmente sorológicos para as zoonoses mais comuns.
Sugere-se a orientação da comunidade acerca da utilização de práticas básicas de higiene
quando da manipulação de animais e seus utensílios ou uso subseqüente de ambientes por eles
utilizados. Tais práticas são primordiais para prevenir a aquisição de diversos patógenos
potencialmente zoonóticos, principalmente se tratando de enterobactérias facilmente
62
adquiridas de répteis em residências que possuem crianças, idosos e/ou imunodeprimidos.
Campanhas públicas podem ser realizadas em escolas, lojas que comercializam animais,
consultórios veterinários, além de outras estruturas relacionadas. É de responsabilidade dos
órgãos de saúde pública alertar a população comum acerca do risco associado ao contato
direto com animais domésticos, silvestres e suas carcaças, encontrados nas áreas urbanas.
Dado as características irreversíveis associadas com o surgimento de doenças infecciosas
emergentes, sugere-se a implementação obrigatória de disciplinas diretamente relacionadas
com a problemática apresentada pela Medicina da Conservação nos cursos universitários de
Medicina, Enfermagem, Medicina Veterinária, Agronomia, Ciências Biológicas, Zootecnia e
outros relacionados com o manejo de animais e/ou pessoas; para que tais profissionais sejam
apresentados a esse tema e possam servir como agentes multiplicadores dessas informações.
63
5.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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