Lucas Silva da Costa TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO O PERFIL DO CONSUMIDOR DE MÚSICA ELETRÔNICA UNDERGROUND DE SANTA MARIA/RS Santa Maria 2015 Lucas Silva da Costa O PERFIL DO CONSUMIDOR DE MÚSICA ELETRÔNICA UNDERGROUND DE SANTA MARIA Trabalho final de graduação apresentado ao Centro Universitário Franciscano de Santa Maria como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel(a) em Publicidade e Propaganda. Orientador: M.ª Cristina Munarski Jobim Hollerbach Santa Maria 2015 Lucas Silva da Costa O PERFIL DO CONSUMIDOR DE MÚSICA ELETRÔNICA UNDERGROUND DE SANTA MARIA BANCA EXAMINADORA __________________________________________ Prof. Ma. Claudio Souto – Centro Universitário Franciscano __________________________________________ Prof. Ma. Pauline Neutzling Fraga - Centro Universitário Franciscano __________________________________________ Prof. Ma. Cristina Munarski Jobim - Centro Universitário Franciscano (orientador) Aprovado em: 25 de novembro de 2015. RESUMO A música eletrônica é um dos maiores pilares da indústria fonográfica, e não diferente disso, no Brasil, esse gênero vem ganhando espaço. Dessa forma, esta pesquisa tem o objetivo de identificar o perfil do consumidor de festas e música eletrônica underground de Santa Maria/RS. Para identificar o perfil foi aplicado um questionário através da página do Facebook da maior festa de música eletrônica underground de Santa Maria/RS, a Sunset Sessions. Os dados obtidos foram quantificados e descritos em uma análise qualitativa para posteriormente serem cruzados com o material levantado a partir da pesquisa bibliográfica usada no referencial teórico. RESULTADOS Palavra-chave: música underground; contracultura; música eletrônica; perfil do consumidor. ABSTRACT Electronic music is one of the pillars of the music industry, not different from that in Brazil this genre has been gaining ground. Thus, this research aims to identify the user profile parties and underground electronic music Santa Maria/RS. To identify the profile a questionnaire was administered through the Facebook page of the biggest party of underground electronic music Santa Maria/RS, the Sunset Sessions. The data were quantified and described in a qualitative analysis for later crossed with material lifted from the literature used in the theoretical framework. Keyword: Underground music; counterculture; Eletronic Music; consumer profile. 4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................................. 6 2. A CONTRACULTURA E O UNDERGROUND............................................................ 8 3. A MÚSICA ELETRÔNICA UNDERGROUND............................................................12 3.1 A ORIGEM DA MÚSICA ELETRÔNICA.....................................................................12 3.2 A MÚSICA ELETRÔNICA EM SANTA MARIA.........................................................16 4. METODOLOGIA.............................................................................................................18 5. APRESENTAÇÃO DOS DADOS....................................................................................21 5.1 PRIMEIRA PARTE – DADOS DEMOGRÁFICOS........................................................ 21 5.2 SEGUNDA PARTE – CONSUMO DE FESTA...............................................................25 5.3 TERCEIRA PARTE – O CONHECIMENTO DO GÊNERO...........................................31 5.4 QUARTA PARTE – O CONSUMO DE MÚSICA.......................................................... 33 6. O PERFIL DO CONSUMIDOR DE MÚSICA ELETRÔNICA UNDERGROUND DE SANTA MARIA/RS...............................................................................................................36 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................39 REFERÊNCIAS.....................................................................................................................41 5 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Festival Woodstock realizado em 1969 no estado de Nova Iorque.................. 8 Figura 2 – Palco do festival Tomorrowland, edição de 2014............................................. 9 Figura 3 – Efeito de luz e visual do palco do festival Dream Valley 2014....................... 12 Figura 4 – Vista de parte da estrutura do Warung Beach Club......................................... 16 Figura 5 – Printscreen da publicação do questionário da página da Sunset Sessions........19 6 1. INTRODUÇÃO A música eletrônica vem ganhando destaque no Brasil, consequência disso é a chegada de festivais de porte internacional como o Tomorrowland, maior festival de música eletrônica do mundo, além da propagação de festivais nacionais, como o TribalTech, que acontece em Curitiba/PR anualmente. Além dos festivais, o Brasil possui muitas casas exclusivamente de música eletrônica, algumas delas entre os melhores clubs do mundo, como a Green Valley, escolhido em 2015 pela DJ Mag, renomada revista de música eletrônica, como o melhor Club do mundo. Essa importância que o Brasil adquiriu no cenário da música eletrônica o fez alcançar na revista Forbes o título de país da música eletrônica no artigo “Esqueça a Bossa Nova, Brasil é o novo país da música eletrônica"1 e também em sites nacionais que confirmaram que “realmente o Brasil agora é mais do que nunca o país da música eletrônica” (PHOUSE, 2014), o que colocou o país no mercado da música eletrônica mundial. Conhecer o público da cena da música eletrônica é fundamental, seja em âmbito nacional, ou regional, como no caso do trabalho a ser apresentado. A importância da cidade de Santa Maria no cenário da música eletrônica gaúcha é de grande valia, trata-se de um grande pólo da cultura da música eletrônica, em específico, do House Music2. Conhecida por ser uma cidade universitária, Santa Maria sempre teve uma noite agitada. Casas noturnas como o Absinto Hall, fechado em 2013, trouxeram para a cidade e seus jovens a cultura clubber. Essa cultura desenvolvida com o tempo, ajudou a criar o atual cenário da cidade. Com a organização de festas de música eletrônica na região, como a Sunset Sessions, que vem acontecendo desde 2012 em Santa Maria, o número de adeptos a esse gênero de música cresceu muito, de uma média de 700 pessoas nos primeiros eventos para 1500 nas últimas edições da Sunset Sunset, números que tem se mantido nas festas de acordo com Mezomo (2015). Tais constatações instigaram a questão: qual o perfil do consumidor de música eletrônica underground na cidade de Santa Maria/RS? Essa pesquisa tem como objetivo identificar o perfil do público consumidor de música eletrônica no município de Santa Maria/RS, em específico a música eletrônica underground. Os objetivos específicos são: levantar dados sobre a história da música eletrônica underground no mundo e em Santa 1 Disponível em:< http://www.forbes.com/sites/andersonantunes/2012/02/27/forget-the-bossa-nova-brazil-isnow-the-country-of-electronic-music/>. Acesso em: 28 de set. 2015. 2 Um dos grandes gêneros da música eletrônica. 7 Maria/RS; identificar o perfil demográfico dos consumidores de música eletrônica underground da cidade; e verificar o grau de conhecimento do gênero dos consumidores de música eletrônica underground. Para tal estudo, foi elaborado um questionário aplicado através da página do Facebook da maior festa de música eletrônica da cidade, a Sunset Sessions. Esse questionário foi analisado de forma quali-quantitativa, sendo a parte quantitativa para identificar características comuns do público e a parte qualitativa para analisar os dados coletados a partir da parte quantitativa. Para dar sustentação ao trabalho, foi elaborado uma pesquisa bibliográfica sobre temas como a contracultura, um movimento cultural jovem que surgiu na década de 60 que originou movimentos atuais como o da música eletrônica underground. No capítulo dois, autores como Brandão e Duarte (2004) dão referências para tratar assuntos como os movimentos culturais na juventude e Roszak (1972) traz temas como a cultura Hippie dos anos 60 que deixou de herança para a música eletrônica atual a psicodelia. Ainda no segundo capítulo é tratada a influência dos movimentos jovens da década de 60 na cultura brasileira. Movimentos culturais como a Tropicália e a Jovem Guarda fazem parte do cenário da década de 60 no Brasil, esses e outros são exemplos de movimentos culturais jovens assim como o da música eletrônica underground atual. Na música eletrônica, capítulo três, é mostrado um pouco sobre a origem, a história a relevância do Brasil e da cidade de Santa Maria para a música eletrônica. Fritsch (2013) é um dos autores citados nesse capítulo para argumentar sobre a origem da música eletrônica, que se deu por volta da década de 40 na Alemanha. A história da música eletrônica se estende até os dias atuais com a citação de artigos na internet sobre o tema. Ainda nesse capítulo também é iniciada a discussão “comercial versus underground” que existe na música eletrônica atual. Discorrer sobre esses temas é fundamental para entender o universo da música eletrônica underground como um todo e também na cena de Santa Maria. Além de que compreender um pouco sobre o perfil do consumidor desse gênero de música é de grande valia para o pesquisador, já que também trabalha como DJ e produtor de festas de música eletrônica underground na cidade. 8 2. A CONTRACULTURA E O UNDERGROUND Falar de cultura undergruond é falar de contracultura. Ao contrário da cultura de massa, que visa produzir, em primeiro lugar, para o mercado (STRININATI, 1999), a contracultura, ou cultura underground, busca incentivar o desenvolvimento de culturas alternativas, culturas que não estão nos holofotes da mídia de massa (ROSZAK, 1972), podese dizer que o movimento underground é formado a partir da luta de uma minoria pelo desenvolvimento de uma dessas culturas alternativas. Apesar de que não se pode afirmar que a música eletrônica underground seja parte desse movimento, embora algumas de suas características sejam convergentes. Brandão & Duarte (2004, p. 7), afirmam que os “inúmeros movimentos de transformação social [...] que as últimas décadas viram surgir tiveram como principais articuladores os jovens”. Brandão & Duarte (2004) ainda explicam que os jovens só começaram a se manifestar mais declaradamente a partir dos anos 50, quando surgiu a “cultura da juventude”. Vale ressaltar que “a participação na cultura é seletiva e depende de vários fatores, tais como faixa etária, sexo, condições socioeconômicas, experiência escolar e outros” (BRANDÃO & DUARTE, 2004, p. 11) Assim, como citado por Roszak (1972), a cultura underground, nada mais é que a luta do jovem burguês contra uma cultura estabelecida. Nos primórdios do movimento underground, Estados Unidos dos anos 60, a maioria dos integrantes, por sua vez, eram universitários (ROSZAK, 1972). Além disso, esse movimento era um dos formados por jovens que se viam “na condição de única oposição radical efetiva” (ROSZAK, 1972, p.16), ou seja, jovens que lutavam contra o pensamento político da época e também contra a burguesia de onde eram “na maioria dos casos, seus próprios pais” (ROSZAK, 1972, p.16). Somente a partir da década de 60 a juventude passou então a “apresentar críticas mais contundentes à sociedade moderna, não só negando os valores dessa sociedade, mas tentando criar e vivenciar um estilo de vida alternativo” (BRANDÃO & DUARTE, 2004, p. 16), assim como a cultura hippie (ver Figura 1), um dos ícones da contracultura, também formada por jovens da classe média, surgida na década de 60, que também “expressaram uma rejeição moral da sociedade estabelecida” (THE HIPPIE DICTIONARY) e “buscavam construir um mundo alternativo com uma cultura própria” (BRANDÃO & DUARTE, 2004, p. 60), assim como muitos dos outros movimentos da contracultura. 9 Figura 1 – Festival Woodstock realizado em 1969 no estado de Nova Iorque Fonte: Site Tear Cultura3 Esses movimentos influenciaram muito a cultura brasileira, especialmente no campo da música, com a Jovem Guarda e a Tropicália como explicam Brandão e Duarte (2004). Tal influência se da com a evolução dos meios de comunicação que fizeram com que “essas manifestações atravessassem fronteiras e chegassem também ao nosso país” (BRANDÃO; DUARTE, 2004, p. 7) influenciando os jovens. Pode-se dizer, também, que “dentro desse conjunto de fatos, [...], a música teria importância fundamental, figurando no centro das profundas mudanças no âmbito individual e social” (BRANDÃO; DUARTE, 2004, p. 62), tanto que hoje, pode-se dizer que existe um movimento contracultural exclusivamente de música, o da música eletrônica underground. E foi ainda na década de 60 que a indrustrialização dessa cultura fez com que esses movimentos se expandissem (BRANDÃO; DUARTE, 2004), apesar de serem contra a cultura de massa, foi através da música que os jovens encontraram um modo de difundir e introduzir “temas e questões até então ignorados ou pouco discutidos pela maioria da sociedade, como por 3 Disponível em: < http://www.observatoriogeo.ggf.br/web_tearcultura/musica/mus_festival_woodstock.php>. Acesso em 14 out. 2015 10 exemplo drogas” (BRANDÃO; DUARTE, 2004, p. 17), que não podemos deixá-las de relacionar com as festas e festivais de música eletrônica de hoje. Drogas como o LSD, muito usado pelos hippies dos anos 60, deixaram de herança para os dias de hoje o psicodelismo, que é o estado alterado da “consciência, trazendo sensações semelhantes ao sonho” (SITE SIGNIFICADOS), referência muito usado em decorações de festivais de música eletrônica, como na Figura 2. O acid rock (rock ácido) era um dos gêneros que exploravam esse psicodelismo nos jovens dos anos 60, esse gênero procurava, com criação de “espaços musicais amplos e abstratos, e com o emprego de estranhas sonoridades, reproduzir os sons e ruídos, os climas e sugestões emocionais da experiência psicodélica com as drogas” (BRANDÃO & DUARTE, 2004, p. 62), propósito desse gênero musical, assim como o Trance na música eletrônica onde “os ritmos são usados para alterar estados de consciência e trazer a espiritualidade e dissociação” (VERZARO, 2011), do mesmo modo em que acontece no House Music, grande vertende da música eletrônica underground. Figura 2 – Palco do festival Tomorrowland, edição de 2014. Fonte: Site Vipado4 Com esses exemplos fica claro a influência das sociedades alternativas, da contracultura, ou cultura underground na música atual. Hoje, o movimento da contracultura tomou outros rumos, pode-se dizer que restam algumas manifestações isoladas que pouco lembram a contracultura dos anos 60, como citou Macalli (2014). Podemos considerar a música como um desses poucos movimentos atuais se pensarmos que assim como na década de 60, artistas como Janis Joplin, através de suas letras e estilo musical, buscavam uma forma 4 Disponível em: < http://vipado.com.br/boom/>. Acesso em: 28 de out. 2015. 11 de fugir do convencional, ou seja, sair do padrão estabelecido pela cultura de massa como cita Macalli (2014). Sendo assim, hoje movimentos musicais mais alternativos, como o rock alternativo e até mesmo a música eletrônica underground, que será explicada posteriormente, buscam também estar fora dos padrões musicais mais populares. Hoje, o movimento underground está difuso em pequenos nichos, cada um com seus objetivos cada vez mais individualizados, o que pode se dar ao fato da “crise de identidade” que vem assolando o mundo contemporâneo como afirma Hall (2001). Também é possível afirmar que “as velhas identidade [...] estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivídio moderno”, ou seja, o dividindo em pequenos nichos com pensamentos e costumes similares. Devido a já falada evolução dos meios de comunicação por Brandão e Duarte (2004), essa fragmentação do indivíduo moderno se dá ao fato, também, de que à medida em que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos identificar – ao menos temporariamente. (HALL, 2001, p.13). Sendo assim, é comum uma pessoa ter inúmeras identidades em uma sociedade pósmoderna, pois ficou muito mais fácil ter acesso a essa multiplicidade de identidades em virtude da globalização, segundo Hall (2001). Essa individualização das culturas e a multiplicidade de representações culturais faz com que um dos grandes gêneros da música eletrônica atual também seja considerado um movimento da contracultura, ou cultura underground, a chamada música eletrônica underground, pois ela também busca “designar um ambiente cultural que foge dos padrões comerciais” (MARIMAI, 2015), ou seja, num caráter mais particular, a música eletrônica underground busca uma diferenciação perante a música eletrônica comercial, representada normalmente pelo EDM, Eletronic Dance Music. 12 3. A MÚSICA ELETRÔNICA UNDERGROUND Ao contrário da comercial, a música eletrônica underground busca fugir dos padrões vigentes. Mezomo (2015) diz que é difícil conceitualizar esses termos, mas afirma que a música eletrônica underground é mais alternativa, feita “com a alma” do artista visto que não visa apenas o retorno comercial. Enquanto que a música comercial é de fácil assimilação, já que usa timbres, elementos e arranjos conhecidos pela grande massa (MEZOMO, 2015). Na música eletrônica underground Mezomo (2015) prefere dizer que existem dois grandes gêneros, o Techno e o House, e afirma que a derivação desses pode ser muito ambíguas, como o Deep House, Tech House e outros. Mezomo (2015) ainda lembra que o Psytrance e suas vertentes também fazem parte da música eletrônica underground, esse gênero, o Psytrance, foi muito importantes para compor a cena da música eletrônica em Santa Maria através das primeiras Raves. A música eletrônica underground tem, normalmente, de seis à nove minutos. A duração desse gênero de música é maior que as demais justamente por não ter um apelo comercial, ou seja, não são como as músicas eletrônicas comerciais que tem em média de três a cinco minutos, que faz com que eles tornem-se mais fáceis de serem encaixadas na promogramação das rádios. Outra característica que difere a música eletrônica underground da comercial pode se dar ao fato do número de batidas por minuto, o BPM. No underground, gêneros como o Tech House possuem em média de 116 a 124 BPM, enquanto que o Techno, gênero um pouco mais agressívo do underground¸ pode chegar até 126 BPM. Porém a música eletrônica comercial, em específico o Eletronic Dance Music, ou EDM, possui normalmente 130 batidas por minuto. 3.1 A ORIGEM DA MÚSICA ELETRÔNICA Não se sabe exatamente quando foi criada a primeira música eletrônica, mas a invenção de algumas tecnologias ajudou a compor o cenário atual do gênero. Segundo Fritsch (2013), algumas tecnologias foram determinantes para a consolidação da música eletrônica nos dias de hoje, como a criação do gramofone que possibilitou a gravação de sons, e em seguida as primeiras modificações, como acelerar, reduzir e reproduzi-lo em reverso. A partir dali, “iniciou uma fase de reprodução e disseminação das inúmeras obras artísticas envolvidas com o som” (MONTEIRO E ROMARIZ, 2012), o que impulsionou a indústria fonográfica. 13 As primeiras músicas eletrônicas, foram criadas na Alemanha da década de 40, no primeiro estúdio criado exclusivamente para o gênero, o Kraftwerk. Nessa época, a música eletrônica era erudita, de caráter experimental e ainda clássico segundo Monteiro e Romariz (2012), e só em 1960, com a chega de bandas como The Beatles e Pink Floyd, a utilização de instrumentos eletrônicos se tornou mais popular, porém a música eletrônica ainda era vista como um sub-gênero. Só em meados da década de 70 o cenário se inverteu, com a chegada dos discos lançados pelo estúdio Kraftwerk, “cujo conceitos influenciaram a música eletrônica dali em diante” (MONTEIRO E ROMARIZ, 2012), o que inspirou novas criações. A partir da criação de músicas eletrônicas pelo estúdio Kraftwerk e “com a rápida popularização do estilo, [...] a música eletrônica começou a ter no ambiente undergound seu refúgio” (MONTEIRO E ROMARIZ, 2012), mas ainda estava longe de ser um gênero popularmente conhecido. Foi nesse período que surgiu o synphpop, exemplificado por grupos como Depeche Mode, New Order e Duran Duran, um gênero musical que “usava os sintetizadores eletrônicos e tendências dance music, totalmente influenciadas pelos conceitos criados pelo Kraftwerk” (MONTEIRO E ROMARIZ, 2012), mostrando que a herança deixada pelo estúdio realmente serviu de inspiração para os novos ritmos da época. Porém, a música eletrônica como ouvimos hoje demorou muito para se formar. Klaus Quirini se autointitula o primeiro DJ do mundo, em entrevista para o site Vice, realizada por Felix Nicklas (2010), o DJ afirma que só nos anos 70, cerca de dez anos depois de começar a discotecar, foi que começou a surgir os primeiros efeitos visuais e de luz (Ver Figura 3). Hoje é indispensável em uma festa de música eletrônica a presença de efeitos visuais como canhão de luzes, leds e outros. Figura 3 – Efeito de luz e visual do palco do festival Dream Valley 2014 Fonte: Site NoiseMaker5 5 Disponível em: <http://www.noisemaker.com.br/2015/05/segura-o-forninho-que-ate-o-fim-de-2015.html>. Acesso em: 28 de out. 2015. 14 Já consolidada, “hoje, a música eletrônica é um dos mais importantes pilares da indústria fonográfica” (MONTEIRO E ROMARIZ, 2012). No Brasil, a música eletrônica está cada vez mais presente em nosso cotidiano, como comerciais de televisão, no rádio e nas baladas. Em 2015, aconteceu no Brasil, a primeira edição de um dos maiores festivais de música eletrônica do mundo, o Tomorrowland 6. Em entrevista para o jornal Estadão, Michiel Beers, um dos fundadores do festival, disse que o Brasil foi um dos primeiros lugares em que procuraram terrenos (ANTUNES, 2015), o que coloca o país como um dos principais do gênero. Além de receber uma edição do maior festival de música eletrônica do mundo, o Brasil é sede do melhor Club do mundo, a Green Valley de Camboriú/SC, chamada pelo seu público de GV, tendo esse título atribuido pela revista DJMag7 em 2014 – uma das mais influentes do mundo na música eletrônica –. Além da GV, outros clubs brasileiros compõe a lista dos melhores Clubs do mundo, como o Warung Beach Club de Itajaí e o El Fortin de Porto Belo, ambos no litoral de Santa Catarina. Recentemente o Brasil também entrou para a lista dos melhores DJs do mundo. A renomada revista DJMag publicou na edição de 2015 a lista dos 100 DJs mais populares do mundo8 e, pela primeira, vez um brasileiro ficou entre os 50 primeiros lugares, o Alok, um dos DJs mais nenomados do Brasil. Ultimamente esse DJ tem levantado inúmeros debates sobre a música eletrônica no Brasil, sendo um deles sobre a diferença entre a música eletrônica comercial e a underground. Esse debate foi levantado pelo próprio DJ no último episódio de sua série chamada “24 horas com Alok”9, quando o artista fez o seguinte apelo: Eu nunca afirmei que estava deixando o underground para fazer comercial. Mas, a partir do momento que o underground começa a quebrar barreiras e começa a chegar a lugares onde antes não chegava, então as pessoas já começam a rotular meu som e a minha imagem como comercial. E se underground foi feito para tocar sempre em baladas pequenas e para eu poder tocar em baladas grandes é comercial, então eu sou comercial e não tenho medo de falar isso. Agora, acho que o que importa no final das contas é o som, e o meu som continua com a mesma identidade (ALOK, 2015). 6 Maior festival de música eletrônica do mundo. Lista dos 100 melhores Clubs do mundo escolhidos pela DJMag. Disponível em: < http://djmag.com/top100clubs>. Acesso em: 07 de out. 2015 8 Lista dos 100 melhores DJ do mundo de 2015 pela DJMag. Disponível em: <http://djmag.com/top100dj>. Acesso em: 29 de out. 2015 9 Último episódio da série “24 horas com Alok”. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=rlVn4I8kEFk>. Acecco em: 29 out. 2015 7 15 Caracterizado pelo Techno, gênero da música eletrônica underground, o som do Alok pode ser considerado sim underground, mas a tamanha popularização desse artista pode tê-lo tornado um artista comercial. Ou seja, um DJ comercialmente conhecido com sons do gênero underground. No entando, nessa pesquisa não trataremos a música eletrônica underground como superior ou inferior à comercial, mas sim que esses dois gêneros musicais representam duas culturas que são apenas diferentes entre si (BRANDÃO E DUARTE, 2004). Normalmente com muitos vocais, a música eletrônica comercial é representada por artistas como David Guetta, Hardwell e Tiësto. Para exemplificar a popularidade da música comercial, em específico o EDM, como pode ser visto na lista dos 100 DJs mais populares do mundo pela revista DjMag, nenhum DJ que compõe músicas dos gêneros underground aparecem entre os 50 primeiros, com exceção do brasileiro Alok. Outro exemplo de popularidade entre a música eletrônica comercial e a underground está em seus festivais. É na música eletrônica comercial que tem os maiores festivais do mundo e do Brasil. A edição de 2015 do Tomorrowland no Brasil contou com um público de aproximadamente 60 mil pessoas em cada um dos dois dias, já na primeira edição do festival. Enquanto que o maior festival de música eletrônica underground do Brasil, o TribalTech, em Curitiba, contou com a presença de 20 mil pessoas em sua décima primeira edição que aconteceu no mês de outubro de 2015. No entanto os dois gêneros de música eletrônica nunca deixaram de andar juntos de certa forma. A edição do Tomorrowland no Brasil contou a presença de um palco exclusivamente de música eletrônica underground, além do palco principal com atrações do universo comercial. No segundo dia do evento, o palco underground foi representado pelo Warung Beach Club, club brasileiro exclusivamente de música eletrônica underground. A relevância do Warung para o público de música eletrônica underground é tanta que o Club é chamado por seu público de “O Templo da Música Eletrônica”, em função de sua arquitetura fazer referência aos templos religiosos das ilhas da Indonésia, conforme pode ser visto na Figura 4. A interação entre a natureza e a música é uma das propostas do club. De acordo com o site do Warung, apenas 3% da área dos 62 mil metros quadrados de Mata Atlântica virgem são ocupados pela casa, além de ser construído todo em madeira e palha, com exceção dos banheiros e da cozinha que foram feitos com alvenaria. Toda essa preocupação do club underground com o meio ambiente ambiente pode ter sido herdada das “preocupações ecológicas por um maior equilíbrio entre o homem e a natureza” (BRANDÃO E DUARTE, 2004, p. 70) dos movimentos contraculturais dos anos 60. 16 Figura 4 – Vista de parte da estrutura do Warung Beach Club Fonte: Site Psicodelia10 O Warung Tour é um dos eventos realizados pelo Warung em outras cidades do Brasil. Em 2015, em Santa Maria, aconteceu uma edição do Warung Tour, a qual trouxe atrações residentes do Templo para a cidade. Em um vídeo chamado Contest Talk publicado no site da Sunset Sessions em 2015, o DJ Albuquerque, residente do Warung Beach Club, conta que sua passagem pela cidade o deixou muito feliz, pois o público realmente está muito receptivo para ouvir músicas diferentes e conhecer trabalhos novos, o que é a proposta da música eletrônica underground. 3.2 A MÚSICA ELETRÔNICA EM SANTA MARIA As primeiras festas de música eletrônica em Santa Maria iniciaram nos anos 2000. Mezomo (2015) cita três grandes correntes que impulsionaram Santa Maria na música eletrônica, a Viptronic, uma das primeiras festas de música eletrônica de Santa Maria, o trance e os próprios esforços que a Sunset Sessions tem feito nos últimos três anos de existência. A festa Viptronic iniciou em 2004 e em suas edições contou com a presença de DJs que na época não eram tão conhecidos, mas que hoje são referência na música eletrônica, 10 Disponível em: <http://psicodelia.org/noticias/confira-agenda-do-warung-beach-club-para-o-ver%C3%A3o2012>. Acesso em: 29 out. 2015 17 como Pimpo Gama, Adnan Sharif e Seco Mânica, idealizador da Viptronic, esses três já se apresentaram em edições da Sunset Sessions. Já no trance, uma das primeiras raves que aconteceram em Santa Maria foi a Trancedelic. Com a sua edição de 11 anos marcada para os dias 09 e 10 de abril de 2016, a Trancedelic tem influenciado a cena na região desde 2005. As vertentes do Trance tem muita força em Santa Maria. Raves como a Flow, Equilíbrio, Blue Beats, Cosmos e outras vem acontecendo anualmente em Santa Maria e região. Já a influência trazida pela Sunset Sessions à Santa Maria se deu por meio das vertentes do house e do techno. Em suas edições, que acontecem desde 2012, artististas nacionais e internacionais tem composto a lista de atrações de cada edição da festa. Além da própria festa, a Sunset Sessoins está trabalhando em um novo projeto chamado Som & Sol Festival. Esse festival, segundo Mezomo (2015), busca intensificar a experiência de curtir música eletrônica underground, ou conceitual como o DJ prefere chamar. O festival será um evento anual e contará com grandes artistas da música eletrônica underground nacional e internacional. Outras festas que trouxeram grandes artistas nacionais para Santa Maria, foram as realizadas no já extinto Absinto Hall. Diante disso, Mezomo (2015) afirma que Santa Maria já é considerada referência na região e no estado para a música eletrônica underground, porém para atingir conhecimento nacional ele diz que é preciso continuar trabalhando com artistas inovadores e inéditos, o que vai diferenciar a cidade de muitas outras com a cena também em expansão pelo Brasil. Além das grandes festas e festivais, Santa Maria também se destacado na música eletrônica underground, especialmente entre as vertentes do House e do Techno, em virtude de outras festas menores como a Red Cup Party, idealizada pelo pesquisador desse trabalho, a 5W, a The Church, o Som no Sítio, entre outras que vem ganhando seu espaço na cidade. Além dessas festas e outras mais particulares, em 2015, duas grandes boates foram inauguradas em Santa Maria, o Aruna Club, com capacidade para quase mil pessoas, que tem como um dos sócios do club um dos idealizadores da Sunset Sessions. E o Kasarão On Stage, com capacidade para aproximadamente 500 pessoas, que foi idealizado pelo grupo Kasarão de Faxinal do Soturno. Sendo assim, a presença da música eletrônica underground em Santa Maria tem se dado com intensidade, não só através de eventos maiores como o Warung Tour ou o novo projeto da Sunset Sessions, o Sol & e Sol Festival, mas também através das pequenas festas que tem incentivado novos artistas por toda região. 18 4. METODOLOGIA Para desenvolver esse trabalho foi necessário, primeiro, uma pesquisa bibliográfica e exploratória. Foi utilizado o livro “Música eletrônica: uma introdução ilustrada” de Eloy F. Fritsch (2013) para levantamento de dados sobre a história da música eletrônica, além de artigos da internet em virtude do pouco material bibliográfico sobre esse assunto. Para contemplar os assunto underground e identidade cultural, foram utilizados livros como “A contracultura” de Theodore Roszak (1972) e “A identidade cultural na pós-modernidade” de Stuart Hall (2001). Por não haver muito material científico sobre a história local da música eletrônica e o próprio underground, optou-se por complementar o referencial teórico com dados obtidos de uma entrevista com Bruno Mezomo, DJ e produtor de música eletrônica underground de Santa Maria, e também um dos idealizadores da Sunset Sessions, projeto que influenciou a cena underground local. A entrevista aconteceu no dia 07 de outubro de 2015, às 15:30, no Aruna Club, casa noturna de Santa Maria. Já no caráter exploratório, essa pesquisa foi “um procedimento de aproximação com o objeto de análise” (ISER, 2006, p.194), seja com público, sua forma de consumo e a própria cidade de Santa Maria. Para isso, foi elaborado um questionário (Apêndice A) com perguntas abertas e fechadas que teve por objetivo captar dados demográficos, comportamentais, de conhecimento e consumo de música eletrônica underground. Esse questionário foi incorporado ao Google Docs e divulgado pela página do Facebook da festa Sunset Sessions, que é uma das maiores páginas relacionadas a música eletrônica da região de Santa Maria com mais de 18 mil curtidas. No dia 09 de setembro, Mezomo, administrador da página, publicou o link da pesquisa, acompanhado de um texto de incentivo (figura 1). Em 3 dias o post teve 58 curtidas, 4 comentários e resultou em 64 respostas que foram apresentadas no capítulo 5. 19 Figura 5: Printscreen da publicação do questionário da página da Sunset Sessions. A análise do questionário ocorreu em duas partes, sendo a primeira quantitativa, para levantar dados que possam identificar características comuns no perfil do consumidor de 20 festas e música eletrônica undeground de Santa Maria, e uma segunda parte qualitativa, onde foram analisado os dados levantados na primeira etapa. Tomando a pesquisa quantitativa como uma análise de técnica estatística e que possui um resultado mais objetivo (DIEHL, 2004) foi analisado a percentagem de gênero, idade, escolaridade, renda própria, tipos de balada que o público frequenta, o conhecimento do público perante a música eletrônica e um breve consumo de música. Esses dados foram apresentados em percentagens e gráficos, porém em virtude de “seu caráter reducionista” (EPSTEIN, 2005, p.26) optou-se por realizar também uma análise qualitativa dos dados levantados na parte quantitativa, essa segunda parte descreve e analisa os dados com mais complexidade, a fim de compreender os processos vivido nesse determinado grupo além de entender as variadas particularidades do público (DALFOVO, LANA, SILVEIRA, 2008). Ou seja, o público não foi medido apenas em uma escala numérica, mas também foi comparado, analisado e cruzado com o material levantado no referencial teórico. Por fim, no capítulo no 5º capítulo é apresentado e comentado os dados levantados através do questionário, utilizando-se de gráficos e percentagens para todas as perguntas, sejam elas abertas ou fechadas. Para apresentar esses dados optou-se por separá-los em quatro categorias: os dados demográficos, o consumo de festa, o conhecimento do gênero e o consumo de música. O perfil do consumidor de música eletrônica underground de Santa Maria foi apresentado no 6º capítulo. Optou-se por apresentar o perfil em um capítulo distinto a fim de deixá-lo mais claro e visível. Nesse capítulo o perfil é apresentado diretamente no texto e as informações são cruzadas com o referencial teórico. Algumas características são argumentadas através do referencial já feito e outras são comentadas e cruzadas entre si. Na conclusão foi recapitulado tudo que foi abordado nessa pesquisa além de mostrar justificativas do pesquisador para a realização do mesmo e a relavância do trabalho para a cidade de Santa Maria. Também foi descrito sobre o aprendizado e o conhecimento adquirido pelo pesquisador através de sua pesquisa. 21 5. APRESENTAÇÃO DOS DADOS O questionário era composto por 21 perguntas abertas e fechadas, separadas em quatro partes, a primeira parte, composta pelos dados demográficos, a segunda, formada a partir do interesse e forma de consumo das festas de música eletrônica, a terceira a respeito do conhecimento do público sobre o gênero e a quarta com informações sobre o consumo de música. Todas as respostas foram quantificadas nesse capítulo. Foi determinado o uso de amostragem por conveniência, pela qual o “pesquisador seleciona membros da população mais acessíveis” (SCHIFFMAN, L. & KANUK, L., 2000, p. 27), nesse caso o questionário foi aplicado na página do Facebook de maior relevância para a música eletrônica underground cidade de Santa Maria, a da Sunset Sessions. Publicado através da página da Sunset Sessions no Facebook, o questionário obteve 64 respostas após 3 dias da postagem. Responderam pessoas ligadas a página da Sunset Sessions, maior festa de música eletrônica underground da cidade, além de usuários do Facebook ligados ao perfil do DJ e produtor de festas Mezomo e do autor dessa pesquisa Lucas Costa, também DJ e produtor de festas. 5.1 PRIMEIRA PARTE - DADOS DEMOGRÁFICOS Na etapa inicial do questionário procurou-se identificar características demográficas dos consumidores de festa e música eletrônica underground de Santa Maria. Os dados levantados foram relativos a idade, gênero, grau de escolaridade, profissão e renda. Na primeira pergunta, sobre o gênero, foi obtido 38 respostas masculino e 26 feminino, 59,4% e 40,6% respectivamente (Gráfico A). Gênero 41% Masculino - 38 59% Gráfico A - Gênero Feminino - 26 22 O número maior de homens entre o público da música eletrônica, não só em Santa Maria, pode se dar ao fato de que a maioria dos DJs, produtores de festas e produtores de música eletrônica são homens. No ranking dos melhroes DJs publicado pela revista brasileira HouseMag 11 , dos 50 primeiros colocados apenas três são mulheres, sendo uma delas integrante de uma dupla, Flow & Zeo. Em Santa Maria a presença de mulheres na lista de DJs é pouca. Pelo menos nenhuma mulher residente em Santa Maria foi inscrita como DJ no primeiro censo12 de DJs do Brasil realizado pela empresa Big Space em 2015, ainda que 41% do público que respondeu o questionário sejam mulheres. A segunda pergunta era sobre a faixa etária do público. Nessa pergunta foram obtidos as seguintes respostas: de 18 a 20 anos foram 24 respostas, aproximadamente 37%, logo em seguida 21 respostas marcavam a idade de 21 a 23 anos, representando 32,8% das respostas, o item “24 a 29 anos” foi marcado 17 vezes, representando 26,6% das respostas e apenas 3,1%, duas respostas, marcaram “mais de 30 anos”. As respostas podem ser observadas no gráfico (Gráfico B) abaixo. Sendo assim, 96,9% do público é jovem, pois segundo o Estatuto da Juventude, perante o artigo 1 da Lei nº 12.852 são considerados jovens as pessoas com idade entre 15 e 29 anos (BRASIL, 2013). Faixa etária 3% 27% 37% 18 a 20 anos - 24 21 a 23 anos - 21 24 a 29 anos - 17 mais de 30 anos - 2 33% Gráfico B – Faixa Etária O grau de escolaridade foi obtido através da terceira pergunta. Até o ensino médio completo foram marcadas nove respostas, ou seja, 14,1%. A grande maioria, 45 respostas, marcou “Ensino Superior Incompleto” e 5 responderam ter o ensino superior completo, representando 70,3% e 7,8%, respectivamente. Apenas 5 pessoas marcaram estar cursando ou 11 12 Disponível em: <http://www.housemag.com.br/www/top50djs.html>. Acesso em: 04 out. 2015. Disponível em: <http://bigspacesservices.com/censo2015/#quemmandou>. Acesso em: 04 out. 2015. 23 ter completado uma Pós Graduação. O gráfico abaixo (Gráfico C) mostra as respostas mais detalhadas. Escolaridade 8% 2%3% 8% 9% Ensino Fundamental Completo 1 Ensino Médio Incompleto - 2 Ensino Médio Completo - 6 Ensino Superior Incompleto - 45 Ensino Superior Completo - 5 Pós Graduação (completa ou incompleta) - 5 70% Gráfico C – Grau de Escolaridade Para aqueles que estavam cursando ou já cursaram o ensino superior, foi feita a pergunta “Qual instituição você está cursando, ou cursou sua graduação?”. Nessa quarta pergunta foram obtidas os seguintes dados: UNIFRA com 24 respostas, UFSM com 21, ULBRA apenas duas, FAMES foi marcada por uma pessoa e “Outros” por oito pessoas. Vale salientar que a UNIFRA, uma instituição privada, em 2015, iniciou suas atividades com mais de seis mil alunos segundo uma nota publicada em seu site (UNIFRA, 2015). Ao passo que a UFSM, uma universidade pública, iniciou suas atividades no segundo semestre de 2015 com mais de 29 mil alunos em seu campus, de acordo uma notícia publicada em seu site (UFSM, 2015). Sendo assim, para essa amostra, considerando a proporção das duas instituições, o interesse pela música eletrônica em instituições privadas pode ser bem maior que nas instituições públicas. O gráfico a seguir (Gráfico D) representa as respostas obtidas na quarta pergunta do questionário. 24 Qual instituição você está cursando ou cursou sua graduação? 14% UNIFRA - 24 2% 4% 43% UFSM - 21 ULBRA - 2 FAMES - 1 Outros - 8 37% Gráfico D – Instituição de ensino A quinta pergunta permitiu respostas abertas. Essa pergunta se referia a área de estudo ou profissão do público. Os cursos de Engenharia foram citados cinco vezes, e Comunicação Social e Administração três vezes. Os cursos de Arquitetura, Publicidade e Propaganda, Jornalismo, Relações Públicas, Design e Psicologia foram citados 2 vezes cada pelo público. Agronomia, Medicina, Pedagogia, Letras, Farmácia, entre outros, foram citados apenas uma vez cada. Além das áreas de estudos, foram citadas algumas profissões, como jornalista, empresário, skatista, DJ, professor e militar. Apesar do curso de engenheria ter sido o mais citado entre os respondentes, podemos perceber que a presença dos cursos de ciências humanas e sociais se dão em maiores proporções. Entre os 10 cursos mais citados, 10 são das ciências humanas e 9 estão entre as ciências sociais (Gráfico E). Ou seja, as Engenharias estão entre os cursos que mais podem se enquadrar no público da música eletrônica de Santa Maria, porém são as ciências sociais e humanas que dominam esse parâmetro, apesar de estarem dividas em seus cursos, como Publicidade e Propaganda, Jornalismo, Administração, entre outros. 25 Qual sua área de estudo ou profissão? 11% Engenharia - 5 Comunicação Social - 3 7% Administração - 3 7% Curso Técnico - 3 Arquitetura - 2 45% Publicidade e Propaganda - 2 6% 4% Jornalismo - 2 Relações Públicas - 2 Design - 2 4% 4% 4% 4% 4% Psicologia - 2 Outros - 21 Gráfico E – Área de estudo e profissão. Referente a renda própria, a sexta pergunta era fechada. Entre as respostas, 28, ou seja, cerca de 43% das pessoas marcaram não ter uma renda própria. O item “até R$1.000”, foi marcado 15 vezes pelo público e “de R$1.001 até R$2.999” 16 vezes, representando 23,4 e 25%, respectivamente. Três pessoas marcaram ter uma renda de R$3.000 a R$6.999 e apenas duas pessoas afirmaram receber mais de R$7.000. As respostas dessa pergunta são representadas através do gráfico a seguir (Gráfico F). Renda própria 5% 3% Não possue renda própria - 28 25% 44% Até R$1.000 - 15 De R$1.001 até R$2.999 - 16 De R$3.000 até R$6.999 - 3 Mais de R$7.000 - 2 23% Gráfico F – Renda própria 5.2 SEGUNDA PARTE - CONSUMO DE FESTA A segunda parte do questionário trata sobre o consumo de festas de música eletrônica, na cidade e em outros lugares. Dividida entre sete perguntas, a terceira parte do questionário 26 busca informações sobre quais Clubs ou festas de música eletrônica o público conhece ou ja frequentou, assim como o interesse em outros tipos de baladas. Na primeira pergunta dessa segunda parte, o público teve que responder se conhecia outras festas de música eletrônica na cidade de Santa Maria, se sim, quais festas. Cerca de 25 pessoas afirmam não conhecer outra festa de música eletrônica em Santa Maria, além da Sunset Sessions. Entre as 39 que responderam conhecer pelo menos uma outra festa na cidade, foram citadas festas como a Red Cup Party, PVT Boiler Room, festas particulares, Aruna Club, The Church, 5W e a Moon, além de algumas Raves. Todas as festas citadas são organizadas por pessoas da cidade de Santa Maria e divulgadas para o público santamariense, entretanto, algumas das festas citadas acontecem em cidades próximas, devido a falta de espaço para festas na cidade. As respostas dessa primeira pergunta da segunda parte foram catalogadas pelo número de festas que o público conhece. Nove pessoas afirmaram conhecer apenas uma outra festa na cidade, onze pessoas citaram duas festas, oito conheciam três festas e onze citaram mais de quatro festas de música eletrônica. Essas informações são representadas pelo gráfico abaixo (Gráfico G). Você conhece outra festa de música eletrônica underground além da Sunset Sessions? 17% Não conhece outra festa - 25 39% 13% Apenas uma festa - 9 Duas festas - 11 Três festas - 8 4 ou mais festas - 11 17% 14% Gráfico G – Outras festas de música eletrônica em Santa Maria A segunda pergunta dessa parte era “Você já frequentou festas de música eletrônica em outra cidade?” e 21 pessoas responderam não ter ido em festa fora de Santa Maria. Entre as 43 pessoas que afirmaram já ter frequentado pelo menos uma vez uma festa de música eletrônica fora da cidade, elas citaram festas e Clubs como o Warung Beach Club de Itajaí, citado por 15 pessoas, raves e festivais de Trance foram citados por nove pessoas, a Green Valley de Balneário Camboriú foi citada por seis pessoas e quatro pessoas afirmaram já terem ido na Domingueira 4Beats de Santa Cruz. Outras festas foram citadas por 21 pessoas, como 27 Maori Beach Club de Capão da Canoa, TribalTech de Curitiba e até a própria Sunset Sessions organizada no Kasarão de Faxinal do Soturno, porém nenhuma foi citada quatro ou mais vezes. Abaixo, as respostas são exemplificadas através de um gráfico (Gráfico H). Festas e Clubs de outras cidades citadas 28% 27% Não frequentou festas de música eletrônica em outra cidade - 21 Warung Beach Club - 15 Raves e festivais de Trance - 9 Green Valley - 6 Domingueira 4Beats - 4 5% Outras festas - 21 8% 20% 12% Grafico H – Festas em outras cidades Além de outras cidades, também foi perguntado ao público a respeito do consumo de festas internacionais. A terceira pergunta dessa parte do questionário visava saber se o público havia ou não frequentado alguma festa de música eletrônica fora do país. A disparidade nessa pergunta foi maior, apenas seis pessoas afirmaram já ter frequentado pelo menos uma festa de música eletrônica fora do Brasil (ver Grafico I). Estados Unidos, países vizinhos, como a Argentina e Uruguai, além de alguns países da Europa, estão as festas em que pouca parte do público teve a oportunidade de conhecer. Você já frequentou alguma festa de música eletrônica em outro país? 9% Já frequentaram - 6 Ainda não frequentaram - 58 91% Grafico I – Festas e Clubs em outros países. Além de quantificar as festas que o público já frequentou em Santa Maria, outras cidades e até mesmo outros países, foi perguntado quais festas ou casas de música eletrônica eles gostariam de conhecer. O litoral Santa Catarinense, já conhecido pela grande influência 28 na cena eletrônica underground brasileira, teve muitas de suas casas e festas citadas. Clubs como o Warung Beach Club, El Fortin e Terraza são uns dos lugares mais desejados pelo público. Casas como a D-Edge de São Paulo, que em 2015, pela revista HouseMag13 – uma das mais influentes revistas de música eletrônica brasileira – foi escolhida como o terceiro melhor Club do Brasil, teve nove citações. Algumas casas de música eletrônica comercial, o EDM e outros gêneros, também estão entre os destinos procurados pelo público. A Green Valley, ou GV, de Balneário Camboriú, teve seu nome citado em cinco respostas. Assim como a GV, a Maori Beach Club, de Capão da Canoa, que também tem atrações dos gêneros considerados comerciais, foi citada por duas pessoas, bem como o Bali Hai de Garopaba. Além das casas e festas que abrangem as vertentes do House Music, festivais nacionais de música Trance também foram citados. O Universo Paralello, festival brasileiro de música eletrônica que acontece na Bahia durante sete dias no réveillon, foi lembrado quatro vezes pelo público. Além dele, o Revolution, que acontece no estado de Santa Catarina, também teve seu nome entre festas que o público gostaria de frequentar. Figura 6 – Fotografia de uma das pistas do festival Universo Paralello Fonte: Facebook do festival Universo Paralello, 2015. Festivais internacionais de música eletrônica também estão entre os destinos cobiçados pelo público. Além do próprio Tomorrowland, um dos maiores festivais de música eletrônica 13 Lista dos 50 melhores Clubs de 2015 escolhidos pela revista HouseMag. Disponível em: <http://www.housemag.com.br/www/top50clubs.html>. Acesso em: 07 de out. 2015 29 do mundo, presente em sete respostas, festivais como o Burning Man, que acontece em meio ao deserto de Nevada dos Estados Unidos e o O.Z.O.R.A, festival de cultura alternativa que acontece anualmente na Hungria também foram citados. Os dois locais mais cobiçados pelo público, o Warung e a D-Edge, tem como um dos sócios, o DJ, produtor e empresário Renatio Ratier, o qual já tocou em Santa Maria em uma edição do Warung Tour, festival do Warung Beach Club que acontece em diversas cidades do Brasil e do mundo. Em primeiro lugar, com 12 respostas, o Warung, também chamado de templo da música eletrônica underground, ou O Templo, pode ser o destino mais esperado pelo público santamariense de música eletrônica, seguido pela D-Edge, com nove citações. O resumo das respostas pode ser visto abaixo (Gráfico J). Quais outras festas/casas de música eletrônica você gostaria de ir? 11% 32% 14% Warung Beach Club - 12 D-Edge - 9 Tomorrowland - 7 Green Valley - 5 19% Universo Paralello - 4 24% Gráfico J – Quais outras festa/casas de música eletrônica você gostaria de ir? A próxima pergunta do questionário faz relação ao templo da música eletrônica, o Warung Beach Club. Foi decidido aplicar uma pergunta exclusiva para essa casa justamente por seu caráter cultural. Em 2012 o Warung publicou em sua página do Facebook que passou a ser “patrimônio cultural de Santa Catarina” (WARUNG, 2012) e foi escolhido pela revista HouseMag como o segundo melhor Club do Brasil14. A pergunta era “Você já frequentou o Warung Beach Club, em Itajaí – SC?” e 23 pessoas afirmaram já ter ido ao Templo, enquanto a maior parte, 41 pessoas, ainda não conheceram (Gráfico K). 14 Lista dos 50 melhores Clubs de 2015 escolhidos pela revista HouseMag. Disponível em: <http://www.housemag.com.br/www/top50clubs.html>. Acesso em: 08 de out. 2015 30 Você já frequentou o Warung Beach Club, em Itajaí - SC? Sim 23 32% Não 48 68% Gráfico K – Você já frequentou o Warung Beach Club, em Itajaí – SC? Além das festas de música eletrônica que o público já frequentou ou tem vontade de conhecer, também foi perguntado se eles frequentavam outros tipos de baladas. Dez pessoas afirmaram não ir em outro tipo de festa, 19 não responderam essa pergunta e a grande maioria, 35 pessoas, afirmaram frequentar outros tipos de baladas. Entre os tipos de festas e locais que mais frequentam, estão festas de Rock ou Indie Rock em onze respostas. O Macondo Lugar, bar de música alternativa muito frequentado pelo público GLS, teve oito citações, assim como as baladas sertanejas, de pagode, hip hop e rap que também foram lembradas oito vezes pelo público. O funk foi citado apenas duas vezes entre as respostas e outros gêneros musicais aparecem apenas uma vez (Gráfico L). As respostas dessa pergunta eram abertas e o público podia citar mais de um tipo de balada. Você frequenta outro tipo de balada? 13% Não frequento 24% Rock e Indie Rock 14% Macondo Sertanejo e Pagode Hip Hop e Rap 10% 16% Funk Outros 3% 10% 10% Gráfico L – Você frequenta outro tipo de balada? Não responderam 31 5.3 TERCEIRA PARTE - O CONHECIMENTO DO GÊNERO Essa parte do questionário buscava verificar o conhecimento do público a respeito da música eletrônica. Para introduzir essa parte do questionário, aplicamos uma pergunta para saber o que o público mais valoriza em um Headliner, a atração principal de uma festa de música eletrônica. A pergunta era fechada e havia cinco altenativas: fama, carisma, marketing, musicalidade ou inovação. Com uma grande diferença, a musicalidade foi marcada em 51 respostas enquanto que a inovação apenas nove, carisma e marketing tiverem duas marcações cada e a fama é o critério menos valorizado pelo público ( ver Gráfico M). O que você mais valoriza em um headliner de um evento? 14% 3% 3% Carisma - 2 Marketing - 2 Musicalidade - 51 Inovação - 9 80% Gráfico M – O que você mais valoriza em um Headliner de um evento? A segunda pergunta sobre o conhecimento do público diz respeito aos DJ’s que conhecem. Nessa questão foram apresentadas algumas alternativas e o público poderia marcar mais de uma alternativa, entre os DJ’s elencados estão o santamariense Mezomo que foi o mais lembrado pelo público com 58 marcações. Kolombo que já tocou na cidade e é conhecido por mais de 88% do público e Alok, escolhido o melhor DJ do Brasil pela revista HouseMag em 2015, ficou em terceiro lugar lembrado por 52 pessoas. A lista de artista completa pode ser vista no gráfico a seguir (Gráfico N). 32 Outros 15 Sam Pagnini 10 Hernan Cattaneo 15 Maceo Plex 19 Dixon 20 Mano Le Tough 23 DJ's Emanuel Satie 24 31 Solomun 41 Tapesh 44 DJ Glen 52 Alok 55 Kolombo 58 0 10 20 30 40 50 60 Mezomo 70 Gráfico N – Quais desses DJ’s de música eletrônica você conhece? Além dos DJ’s, também foi perguntado ao público se eles conheciam os gêneros da música eletrônica underground, se sim, quais. Foi constatado que 33 pessoas não respoderam a essa pergunta, cinco afirmaram não conhecer os gêneros da música eletrônica underground e quatro pessoas tiveram suas respostas incoerentes com a pergunta (ver Gráfico O). Apenas 22 pessoas citaram algumas das vertentes, entre elas, o Tech House, Deep House e o Techno, todas essas presentes nas festas de música eletrônica da cidade. Você conhece os gêneros (vertentes) da música eletrônica Underground? 34% Sim - 22 Não - 5 52% Resposta incoerente - 4 Não responderam - 33 8% 6% Gráfico O – Você conhece os gêneros (vertentes) da música eletrônica underound? 33 5.4 QUARTA PARTE – O CONSUMO DE MÚSICA A última parte do questionário foi desenvolvida para verificar como o público consome música eletrônica. A primeira pergunta feita foi “Você ouve música eletrônica no seu dia a dia?” e a grande maioria (89,1%) afirmou que sim (Gráfico P), enquanto que apenas sete pessoas não ouvem o gênero durante seus dias. Você ouve música eletrônica no seu dia a dia? 11% Sim - 57 Não - 7 89% Gráfico P – Você ouve música eletrônica no seu dia a dia? A segunda pergunta buscava conhecer quais as plataformas usadas pelo público para ouvir as músicas em seu dia a dia. Cada pessoa podia marcar mais de uma alternativa nessa questão. As plataformas mais usadas pelo público são o YouTube e o SoundCloud com 50 e 46 marcações, respectivamente, sendo ambas plataformas gratuitas e online. Em seguida, usado por 33 pessoas, o celular e o computador são as plataformas que o público usa para ouvir as músicas eletrônicas já baixadas. As plataformas online Spotify e Beatport são usadas também por 17 e 12 pessoas, respectivamente, ambas são pagas ou possuem algum tipo de tarifa. O iTunes, plataforma de música da Apple, foi lembrada por oito pessoas, enquanto que apenas uma marcou a alternativa “outros”. O tabela (Gráfico Q) completa das plataformas utilizadas pelo público pode ser vista a seguir. 34 Outros 1 iTunes 8 Beatport 12 Category 1 Spotify 17 Músicas baixadas no PC/Smartphone SoundCloud 33 46 50 0 10 20 30 40 50 Youtube 60 Gráfico Q – Quais plataformas você usa para ouvir música eletrônica? A próxima pergunta dizia respeito a compra de música eletrônica na internet. Apenas 12 pessoas afirmaram já ter comprado música eletrônica através de alguma plataforma online. Três plataformas foram citadas para comprar as músicas do gênero: o Beatport, o DjDelivery e o iTunes. As músicas normalmente são pagas em dólares e segundo o que Mezomo (2015) respondeu em seu questionário existem três grandes motivos para se comprar música eletrônica, o primeiro é sobre a legalidade da música, usar a música de um artista sem tê-la comprado é crime, exceto se o artísta a disponibilizou-a em free download. Já na segunda questão, mais importante para Mezomo, se dá ao fato da valorização do artista e de contribuir para que o mesmo siga sua carreira profissional. E o terceiro fator se da aos DJ que se quiserem ser profissionais devem trabalhar com material profissional. Entretanto, a maior parte do público (81,3%) afirma não ter comprado música eletrônica na internet (Gráfico R). Você já comprou música eletrônica na internet? 19% Sim - 12 Não - 52 81% Gráfico R – Você ja comprou música eletrônica na internet? 35 Também a respeito de compra de músicas através da internet, a última pergunta do questionário era sobre a compra de outros gêneros musicais através da internet e o consumo do público foi ainda menor (Grafico S), apenas seis pessoas afirmaram terem comprado músicas de outro gênero. O iTunes foi citado por três dessas pessoas e a plataforma Deezer por apenas um. Você já comprou outro gênero de música na internet? 9% Sim - 06 Não - 58 91% Gráfico S – Você ja comprou outro gênero de música na internet? Esses foram os dados obtidos através do questionário, elaborado junto a plataforma Google Docs, aplicado pela página da Sunset Sessions do Facebook. Dividido em quatro partes, buscou explorar características comuns entre o público da música eletrônica santamariense que vem cada vez mais crescendo segundo Mezomo (2015). 36 6. O PERFIL DO CONSUMIDOR DE MÚSICA ELETRÔNICA UNDERGROUND A partir dos dados obtidos na pesquisa bibliográfica e nos questionários aplicados, pode-se identificar o perfil do consumidor de música eletrônica underground de Santa Maria. O público frequentador de festas de música eletrônica aumentou consideravelmente, como vimos anteriormente. Esse aumento significativo abriu portas para eventos maiores, como o festival Som e Sol que trará atrações inéditas da música eletrônica underground para o sul do Brasil. Conhecer o público é de grande valia quando se fala em organização de eventos. Sendo assim, o público consumidor de música eletrônica underground de Santa Maria são homens e mulheres, 59,4 e 40,6% respectivamente, que têm de 18 a 29 em sua maioria, ou seja, jovens. Essa característica pode ter sido herdada dos movimentos contraculturais da década de 60 onde “tiveram como principais articuladores os jovens” (BRANDÃO & DUARTE, 2004, p. 7) que compuseram a chamada Cultura da Juventude. Esses jovens estão cursando o ensino superior (70,3%). E estão divididos entre a UNIFRA e a UFSM (37,5 e 32,8% respectivamente), nos cursos de ciências humanas e sociais. Em questão de renda, 43,8% do público não possui uma renda própria, ou seja, suas festas ainda são pagas por seus responsáveis. E os outros 48,4% ganham até R$2.999. Isso pode se dar ao fato da maioria universitária, que pode estar apenas estudando. Esses dados são importantes para compor o perfil do público, pois como disseram Brandão & Duarte (2004, p.11) “a participação na cultura é seletiva e depende de vários fatores, tais como faixa etária, sexo, condições socioeconômicas, experiência escolar e outros”. Sendo assim, levantar esses dados para introduzir o perfil do público é relevante para essa pesquisa. Além dos dados demográficos já citados, também foi analisado o consumo de festas do público que afirmam não estarem ligado apenas a Sunset Sessions, 61% diz conhecer e frequentar pelo menos mais uma festa em Santa Maria além da Sunset Sessions. E o número de frequentadores de festas em outras cidade é ainda maior, 73% afirmam já ter frequentado pelo menos uma festa fora da cidade. A festa mais frequentada fora da cidade pelo público é o Warung Beach Club, referência mundial na música eletrônica underground, 35,9% afirmaram já ter frequentado o Club, e dos outros 64,1% que não frequentaram, metade deles (32%) tem vontade de conhecer a casa, mostrando que o público realmente está interessado em festas desse gênero musical apesar de 91% do público ainda não ter frequentado festas de música eletrônica fora do país. 37 A segunda festa que o público mais gostaria de ir é o Club paulista D-Edge (24%), tanto essa quanto o Warung são casas de música eletrônica underground, mostrando que o público está mais interessado nas casas e festas undergrounds do que os Clubs dos gêneros comerciais, como a Green Valley que é esperada por apenas 15% deles. O público da música eletrônica underground de Santa Maria também costuma frequentar outros tipos de festa. Mais da metade (60%) frequenta baladas de rock, indie rock, sertanejo, pagode, rap e hip hop. O gênero menos frequentado pelo público é o funk, apenas 3% afirma ir em festas desse tipo. Essa multiplicidade de culturas pode se dar ao fato de sermos “confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, cada uma das quais poderíamos nos identificar” (HALL, 2001, p. 13), assim, podese dizer que é normal o público estudado estar ligado a outras culturas musicais. Porém mesmo frequentando outros tipos de festas, quando se trata de música eletrônica underground o público realmente sabe o que está falando. Para os pesquisados a fama (0%) não importa na hora de qualificar um headliner, o artista principal, de um evento de música eletrônica, mas sim a sua música, 79,7% afirmam que a musicalidade do DJ é essencial, mostrando realmente quanto mais conhecido ou maior a fama menos ele é interessante. Com uma média de 50%, o público afirmou conhecer os DJ’s de música eletrônica underground listados no questionário. Entre eles, o DJ mais conhecido é o santamariense Mezomo, um dos idealizadores da Sunset Sessions, lembrado por mais de 93% do público, mostrando que também valorizam os artistas locais. Em seguida o DJ e produtor de música eletrônica underground Kolombo é o segundo mais conhecido entre os DJ’s litados no questionário, 88,7% do público afirma conhecer esse DJ internacional que já tocou em uma edição da Sunset Sessions em Santa Maria e algumas vezes no Warung. E só em terceiro lugar entrou Alok, DJ que vem sendo considerado comercial por muitas pessoas, visto no capítulo 3. Apesar de conhecerem os DJ’s, o público ainda não conhece os gêneros ou vertentes da música eletrônica underground. Mais da metade (52%) não responderam a pergunta, 8% afirmaram não conhecer e 6% escreveram uma resposta incoerente, representando 66% do público. Apesar da maior parte do público não conhecer os gêneros da música eletrônica underground, 89,1% ouvem música eletrônica no seu dia a dia. Os mecanismo mais utilizados para se ouvir música entre o público são o YouTube e o Soundcloud, com 82 e 75,4% respectivamente, ambas plataformas online que possuem tanto uma versão para computador quando para smartphones. 38 Plataformas como Youtube e Soundcloud são gratuitas e possuem um grande acervo quando se trata de música eletrônica. A preferência por plataformas gratuitas pode se dar ao fato que 81,3% do público nunca comprou uma música eletrônica através das plataformas de compras, como o Beatport. E o número é ainda maior para os outros gêneros de música, 90,6% afirmam não ter comprado qualquer tipo de música pela internet. Conhecer melhor a música eletrônica underground talvez seja o próximo passo a ser tomado pelo público. Com o crescimento de festas do gênero na cidade e a realização dos primeiros workshops de música eletrônica realizados pelo do Aruna Club, talvez um novo estudo precise ser realizado com o tempo. Por enquanto, os dados obtidos através do questionário ajudaram a montar o perfil do consumidor de música eletrônica underground de Santa Maria. 39 7. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS Realizar esse trabalho, para o pesquisador, foi de grande valia já que o mesmo trabalha como DJ e produtor de festa de música eletrônica na cidade de Santa Maria. Determinar o perfil do público em que se trabalha pode ser de grande relevância mercadológica, além de servir de conhecimento do assunto para o pesquisador. Com essa pesquisa ficou claro que o público de Santa Maria realmente está interessado na música eletrônica, e agora esse perfil passa de um perfil de hipóteses e suposições para um perfil com argumentos e embasamentos científicos, o que dá uma autenticidade e credibilidade para o nicho. Essa pesquisa tinha como objetivo identificar o perfil do consumidor de festa e música eletrônica underground de Santa Maria. Foram descritos como jovens de 18 a 29 anos, universitários, com uma renda de até três mil reais. Esses jovens tem interesse pelas festas de música eletrônica underground mais do que a música comercial. O Warung Beach Club é o lugar que eles mais gostariam de conhecer, isso pode se dar ao fato da relevância do lugar para a música eletrônica e também por já ter tido uma edição do Warung Tour em Santa Maria o que pode ter gerado esse interesse no público. Como já era esperado pelo pesquisador, o resultado obtido nessa pesquisa foi satisfatório. O perfil do público consumidor de música eletrônica underground de Santa Maria não estava muito longe do que os organizadores, DJs e os próprios frequentantes das festas pensavam. Os dados usados para descrever o possível perfil do consumidor de festa e música eletrônica underground da cidade foram obtidos através de um questionário aplicado pelo Google Docs e publicado na página da Sunset Sessions, maior festa de música eletrônica underground de Santa Maria. O questionário ficou disponível por três dias e obteve 64 respostas. Todos os dados levantados foram apresentados em gráficos e descritos pelo pesquisador em um trabalho quali e quantitativo. Para descrever o perfil, alguns dados foram cruzados com o referêncial teórico a fim de justificar e argumentar os mesmos, o que deu um apelo científico para o perfil. Pesquisar sobre música eletrônica em uma cidade que vem se destacando na cena tem grande importância não só para o pesquisador, mas também para todos as outras pessoas envolvidas com a música eletrônica da cidade e da região central do estado do Rio Grande do Sul. Além de servir para os propósitos pessoais e profissionais do pesquisador, esse projeto 40 pode abrir caminhos para outros pesquisadores desenvolverem temas mais aprofundados sobre a música eletrônica em Santa Maria ou até mesmo replicar a pesquisa em outras cidades e públicos. Para a publicidade, essa pesquisa traz informações sobre o perfil consumidor de um público que vem crescendo e ganhando espaço no Brasil. Compreender um pouco mais sobre esse determinado público pode servir de base para campanhas de divulgação de festivais de todos os tamanhos. 41 REFERÊNCIAS ANTUNES, A. Forbes: Forget The Bossa Nova, Brazil Is Now The Country Of Eletronic Music. Disponível em:<http://www.forbes.com/sites/andersonantunes/2012/02/27/forget-thebossa-nova-brazil-is-now-the-country-of-electronic-music/>. Acesso em: 28 de set. 2015. BRADÃO, Antonio Carlos; DUARTE, Milton Fernandes. Movimentos culturais de juventude. São Paulo: Moderna, 2004, 160 p. BRASIL, Lei nº 12.852, de 05 de agosto de 2013. 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Acesso em: 08 de out. 2015. 43 APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO PARA O PÚBLICO Pesquisa Perfil do Consumidor Esta pesquisa servirá como base de estudo para um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do Centro Universitário Franciscano. Pedimos que leiam com atenção e responda com sinceridade as perguntas, caso não tenha conhecimento sobre algum dos tópicos poderá deixar em branco. 1) Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino 2) Faixa Etária: ( ) 18 a 20 anos ( ) 21 a 23 anos ( ) 24 a 29 anos ( ) mais de 30 anos 3) Escolaridade: ( ) Ensino Fundamental Incompleto ( ) Ensino Fundamental Completo ( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Médio Completo ( ) Ensino Superior Incompleto ( ) Ensino Superior Completo ( ) Pós Graduação (completa ou incompleta) 4) Qual instituição você está cursando ou cursou sua graduação? ( ) Não curso o ensino superior ( ) UNIFRA ( ) UFSM ( ) ULBRA ( ) FAMES 44 ( ) FADISMA ( ) Outra: __________________ 5) Qual sua profissão ou área de estudo? _________________________ 6) Qual sua renda própria? ( ) Não possuo renda própria ( ) Até R$1.000 ( ) De R$1.001 até R$2.999 ( ) De R$3.000 até R$4.999 ( ) De R$5.000 até R$6.999 ( ) Mais de R$7.000 7) Além da Sunset Sessions, você conhece outra festa de música eletrônica underground em Santa Maria? Se sim, quais? ____________________ ____________________ ____________________ 8) Já frequentou festas de música eletrônica underground em outra cidade? Se sim, quais? ____________________ ____________________ ____________________ 9) Já frequentou festas de música eletrônica underground em outro país? Se sim quais? ____________________ ____________________ ____________________ 10) Quas outras festas/casas de música eletrônica você gostaria de ir? ____________________ ____________________ ____________________ 45 11) Você já frequentou o Warung Beach Club, em Itajaí – SC? ( ) Sim ( ) Não 12) Você frequenta outro tipo de balada? Se sim, quais? ____________________________________________ 13) O que você mais valoriza em um Headliner de um evento? ( ) Fama ( ) Carisma ( ) Marketing ( ) Musicalidade ( ) Inovação 14) Quais desses DJs você conhece? Marque-os ( ) Tapesh ( ) Kolombo ( ) Sam Pagnini ( ) Solomun ( ) Mano Le Tough ( ) Maceo Plex ( ) Dixon ( ) Alok ( ) Hernan Cattaneo ( ) Mezomo ( ) Emanuel Satie ( ) DJ Glen ( ) Outros: ________________________ 15) Você conhece os gêneros (vertentes) da música eletrônica underground? Se sim, cite os que conhece: __________________________________________________________ 46 16) Você ouve música eletrônica no seu dia-a-dia? ( ) Sim ( ) Não 17) Quais plataformas você usa para ouvir música eletrônica? ( ) Música baixadas no PC/Celular ( ) YouTube ( ) Spotify ( ) Beatport ( ) SoundCloud ( ) iTunes ( ) Outros: ___________________________ 18) Você já comprou música eletrônica na internet? ( ) Sim ( ) Não 19) Se sim, qual plataforma usou para comprar? ______________________________________ 20) Você já comprou outro gênero de música na internet? ( ) Sim ( ) Não 21) Se sim, qual plataforma usou para comprar? ______________________________________ 47 APENDICE B – QUESTIONÁRIO APLICADO PARA O DJ MEZOMO 1. Fale como iniciou a Sunset, qual era o objetivo? O objetivo era fazer algo relacionado à musica eletrônica conceitual acontecer na cidade, visto que nada ou quase nada existia. Começamos compartilhando informações na Fanpage do Facebook e logo realizamos o primeiro evento. 2. Qual era o público da Sunset Sessions quando iniciou, e qual é o público atual das festas (número do público)? Devido às estratégias de divulgação e distribuição de ingressos da primeira edição, atingimos a lotação de 700 pessoas, e essa foi a média no começo. Quando começamos à realizar eventos em lugares maiores como o Kasarão Arena, a média passou para 1500 pessoas, que é o que se mantem até hoje. 3. Como você ve o mercado da música eletrônica em Santa Maria? Acredito que é um mercado em expansão, assim como no resto do Brasil. Acredito que a iniciativa que tivemos três anos atrás, colaborou para acelerar o processo de expansão da cena por aqui, mas é algo que naturalmente iria acontecer e vai continuar expandindo, com novos eventos, artistas e iniciativas. 4. Como você vê a cidade e sua importância na região, no estado e em âmbito nacional? Santa Maria é considerada referência na região e no estado, devido ao período fértil que tivemos na época da Viptronic, à grande força da cena trance que a cidade sempre teve, e ao trabalho que viemos realizando nos últimos tempos. Mas para termos algum tipo de reconhecimento nacional, precisamos continuar trabalhando com artistas inovadores e inéditos, que vão diferenciar a cidade das muitas outras com cenas em expansão pelo Brasil. 5. O “Som e Sol Festival” vai ser um grande evento para a cidade, explique esse novo conceito, o que vocês tem a dizer para essa nova fase da música eletrônica na cidade? A pergunta era como intensificar a experiência de curtir música eletrônica conceitual por aqui. A resposta foi o surgimento do Som & Sol Festival, que é um evento com 14 horas de duração, realizado em um lugar incrível integrado à natureza, com 2 stages super legais e artistas internacionais e nacionais. A idéia é que consigamos fixar um 48 festival anual dessas dimensões em nossa cidade, proporcionando continuar crescendo e sonhando com artistas cada cez mais incríveis. 6. Como você diferenciaria a música eletrônica underground da comercial? É extremamente difícil conceitualizar, há muitas respostas possíveis e muitas discordâncias. Dá pra ter a visão do lado mais lúdico, e também do lado mercadológico. Underground é o que foge do padrão vigente, que não é o mais tocado, mais consumido, é algo alternativo. À princípio, pressupõe-se que o que é underground é feito com mais alma e verdade, visto que não visa apenas o retorno comercial. Musica eletrônica comercial é aquela de fácil assimilação, com timbres, elementos e arranjos conhecidos pela grande massa. 7. Quais são as características da música eletrônica underground? Quais são as vertentes? (as principais) Aqui também há espaço para muitas discordâncias. As principais pra mim são Techno e House, todas as derivações desses são muito ambíguas e costumo não dividir mais do que isso. Drum’n’Bass é uma vertente de musica eletrônica underground muito importante no mundo, bem como o trance e o psytrance. 8. O Trance pode ser considerado uma música eletrônica underground? Sim, o psytrance é um dos gêneros mais undergrounds da musica eletrônica, pois raramente tem apelo comercial. Já o trance europeu, é uma vertente que surgiu no underground e popularizou por todo o mundo, tornando-se um hit comercial e inspirando a EDM que vemos hoje. 9. Como se caracterisa o trabalho do DJ? Alguém que proporciona uma mistura de entretenimento e conhecimento. O DJ tem que animar, mas ao mesmo tempo, por ter a oportunidade de apresentar experiências musicas, deve mostrar coisas novas, novas sonoridades e possibilidades musicais. 10. Como você vê o público da música eletrônica em Santa Maria? Extremamente democrático e impossível de definir. Uma cidade ‘pequena’, aonde todos ‘se conhecem’ e aonde o mais burguês frequenta o mesmo lugar daqueles com 49 menos condições. Isso se reflete no público de música eletrônica, que vai desde aqueles que são aficionados e buscam novas informações, como por aqueles que querem apenas diversão e não valorizam tanto a experiência musical. 11. Quais as vantagens de comprar uma música eletrônica? Primeiro: porque é o único jeito legal de ter uma musica, visto que o resto é crime. Segundo e mais importante: pra valorizar o artista, visto que ele não teria como bancar sua vida profissional se nao houvesse aqueles que compram musica. Terceiro: porque um DJ que se considera profissional, tem que trabalhar com material profissional. 12. Você acredita que as condições sociais de alguém possa interferir em seu gosto musical? De forma alguma, jamais. Acredito que as condições sociais possam sim interferir no acesso às diferentes possibilidades musicais. Mas hoje em dia, com a democratização da informação, internet, etc, o acesso é cada vez mais universal e parecido para todos. Portanto, é possível observar aquele menino humilde que acessa na lan house e descobriu e é fã de determinado estilo ou artista mais alternativo, e também observa-se o menino de família rica que tem todo o acesso possível mas não tem nenhum senso artístico e musical, e acaba consumindo apenas o que a grande massa consome e o que a mídia impõe.