1 SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ Meningite: conhecimento da população sobre a doença no município de Praia Grande, SP Lais Conceição Menezes da Silva Aluna do curso Ciência e Tecnologia com ênfase em Ciências – UNIFESP Universidade Federal de São Paulo – Campus Baixada Santista [email protected] Gabriela Fernandes Ferreira Aluna do curso técnico em Farmácia da Etec de Praia Grande Centro Paula Souza – Governo do Estado de São Paulo [email protected] Jaqueline Batista da Silva Aluna do curso técnico em Farmácia da Etec de Praia Grande Centro Paula Souza – Governo do Estado de São Paulo Anne Caroline Fogaça Aluna do curso técnico em Farmácia da Etec de Praia Grande Centro Paula Souza – Governo do Estado de São Paulo Janara de Camargo Matos Professora da Fatec Praia Grande e Etec de Praia Grande Centro Paula Souza – Governo do Estado de São Paulo [email protected] Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee Resumo: A meningite é o processo inflamatório de membranas que recobrem o sistema nervoso central. Em geral, é causada por micro-organismos como bactérias, vírus ou fungos. Os sintomas mais conhecidos são as fortes dores de cabeça, rigidez na nuca e os vômitos em jato. Na prevenção desta doença a vacinação é o fator mais importante. Dentre as vacinas existentes contra a meningite existe a vacina conjugada meningocócica, aplicada gratuitamente na rede de saúde pública para crianças até 2 anos de idade. O objetivo do trabalho foi levantar o conhecimento da população de Praia Grande (SP), a respeito da doença e da vacinação. Constatou-se que grande parcela dos entrevistados desconheciam a doença, os casos ocorridos e divulgados na mídia atualmente, bem como a vacinação gratuita. Mortes e internações devido a surtos de meningite ocorrem constantemente em nosso país. É necessário intensificar as campanhas de prevenção bem como sua divulgação. Com isso, enfatiza-se que o conhecimento sobre a doença deve começar nas escolas através das crianças, e por meio de campanhas 2 educativas com os pais, bem como no acompanhando e atualização das carteiras de vacinação. Ter informação é ter a base para construção de um país livre de patologias infecto-contagiosas, como a meningite. Palavras-chave: Meningite, Vacina, Informação. Seção 5. Projetos de pesquisa sobre o tema central – Meio Ambiente: Cidadania”. Apresentação: pôster. 1. Introdução A meningite é uma patologia grave e muito fácil de ser confundida devido aos sintomas inespecíficos. Atualmente, ocorreram vários casos no país, os mais comentados na mídia ocorreram na Bahia, incluindo cantores famosos. No estado de São Paulo, nos últimos três anos foram registrados 16.693 casos de meningite. Porém, desde a disponibilização da vacina pelo Sistema Único de Saúde (SUS), os números estão caindo consideravelmente, ainda assim ocorrem óbitos, principalmente em crianças, e na maioria das vezes, são provocados pelo tipo bacteriano da doença. A vacinação é a maneira prática que o sistema de saúde de um país pode utilizar para prevenir e conter surtos e epidemias graves. Mas, a informação deveria ser acompanhada da imunização e, nem sempre, é o que se verifica. Deve-se acabar com a ideia de que a informação provocará pânico numa população, pelo contrário, através da conscientização sobre os hábitos adequados de higiene, imunização através da vacinação e também a própria construção do conhecimento coletivo levará a diminuição da propagação dessa doença infecto-contagiosa. O objetivo do presente trabalho é frisar a importância da imunização através da vacina e da informação da população como contribuição à prevenção. Durante as pesquisas para construção do trabalho, foi observada a fragilidade da informação transmitida para a população. Isso quer dizer que muitas pessoas não tem conhecimento sobre a patologia em questão, por simplesmente não ter acesso a informação. 2. Meningite Meningite é o processo inflamatório das meninges. As meninges são membranas que protegem e envolvem o Sistema Nervoso Central (SNC) que é constituído pelo encéfalo e medula espinhal. As meninges estão dispostas em três camadas denominadas Dura-máter, Aracnóide e Pia-máter, todas formadas por tecido conjuntivo (Rubinstein e Cardoso, 2012). A Dura-máter, a camada mais externa, é vascularizada apenas na altura da medula espinhal. A Aracnóide é a camada intermediária e recebe 3 esse nome, pois suas partes finas lembram teias de aranha, ela não possui vascularização e entre uma de suas partes encontra-se o líquido cefalorraquidiano, este por sua vez é responsável por proteger o SNC de traumas. A última camada, Pia-máter, a mais interna, é altamente vascularizada e reveste todo o cérebro, apenas as células e as fibras nervosas não ficam em contato com ela. A meningite pode ser causada por infecções bacterianas, virais, granulomatosas (que são as tuberculosas e fúngicas) ou ainda ser asséptica, quando não resulta de um processo infeccioso (Madigan et al., 2010). 2.1 Meningite bacteriana Meningite bacteriana ou purulenta é a inflamação aguda causada por bactérias, provocando reação com secreção, isto é, que segrega pus nas estruturas do SNC. Este tipo de meningite é bastante abrangente atingindo principalmente os recém-nascidos, mas também adultos e idosos. Os principais agentes bacterianos causadores de meningite são: Streptococcus agalactie, Listeria monocytogenes, Escherichia coli, Salmonella sp. e Streptococcus pneumoniae que afetam principalmente bebês até os três meses de vida. Haemophilus influenzae tipo b, novamente Streptococcus pneumoniae e Neisseria meningitidis (meningococo) atingem crianças a partir de quatro meses até cinco anos de idade. Em epidemias Neisseria meningitidis se destaca ocorrendo casos desde lactentes até idosos (Verlangieri e Farhat, 2010; Campéas, 2003). Streptococcus agalactie podem habitar o trato gastrointestinal superior, trato genital e urinário. As infecções podem ocorrer ainda no útero materno ocasionado pela aspiração do líquido amniótico, durante o parto e também mais tarde pela própria mãe e outras crianças doentes (Oliveira, 2005; Trabulsi et al, 2005). Listeria monocytogenes são bacilos que têm grande facilidade para habitar o SNC, principalmente tronco encefálico e meninges. A transmissão geralmente ocorre durante o parto e em idosos com mais de 50 anos (UFSC, 2011). Encherichia coli são bacilos que habitam o intestino de animais de sangue quente, a transmissão também pode ocorrer durante o parto. A taxa de mortalidade no caso da meningite chega a até 40% e metade dos sobreviventes ficam com sequelas (Trabulsi et al, 2005). Salmonella sp. pouco frenquentemente causa meningite, mas a taxa de mortalidade é alta, geralmente é acompanhada por gastroenterite, pelo fato de haver intoxicação alimentar (Vázquez-López et al, 1998). Streptococcus pneumoniae é um dos agentes mais comuns de meningite atingindo indivíduos desde a infância até a fase adulta. A inflamação inicia-se com a infestação da nasofaringe e vem acompanhada de outras inflamações do trato respiratório, além disso, pode ocorrer em pessoas com fraturas no crânio entre o espaço subaracnóide e seios paranasais (Morais e Guedes, 1990; Trabulsi et al, 2005). 4 Haemophilus influenzae b colonizam o trato respiratório superior. O primeiro local de instalação desta bactéria é a mucosa das vias aéreas superiores. A doença pode ser transmitida de indivíduo para indivíduo por contato direto pelo portador da colonização (Ministério da Saúde, 2004;). Neisseria meningitidis tem como primeiro local de aderência a nasofaringe, logo após ocorre invasão da mucosa e alcance da corrente sanguínea. A transmissão pode ocorrer por contato direto de pessoas doentes (Trabulsi et al, 2005). 2.2. Meningite viral A Meningite viral consiste em um quadro de alteração neurológica que frequentemente evolui de forma benigna. A maioria dos casos ocorre em climas quentes e os principais afetados são os menores de cinco anos de idade. Dentre os vírus causadores de meningite, 85% são do grupo Enterovirus, destacando-se: Poliovirus, os Echovirus e os Coxsackievirus dos grupos A e B (Vranjac, 2006). Os Enterovirus são formados por cápsula, não possuem envelope protetor e medem 20-30 nanômetros, e sua forma de contágio é via oralfecal. Os Poliovirus são vírus composto de cadeia simples de RNA, sem envoltório, medem de 24-30 nanômetros. Os Coxsackievirus A e B não possuem envelope, apresentam diâmetro de 27 nanômetros com simetria icosaédrica. A incubação do vírus leva de 235 dias, frequentemente ocorre em clima úmido. O grupo A produz miosite difusa (inflamação aguda e necrose das fibras dos músculos voluntários), já o grupo B provoca degeneração cerebral, necrose músculo-esquelética e alterações inflamatórias do pâncreas e coração. Podem causar grave infecção e danos permanentes ao miocárdio, levando o paciente ao quadro de meningite e posterior morte súbita, na maioria dos casos (Comerlato et al., 2010). 2.3 Meningite tuberculosa A meningite tuberculosa é uma das complicações mais graves da tuberculose. A diferença entre este tipo de meningite e as demais é sua evolução mais lenta, de semanas a meses, propiciando assim dificuldade no diagnóstico. A forma de transmissão, de indivíduo para indivíduo, se dá quando os bacilos penetram pelas vias aéreas e atingem, em seguida, os pulmões. A doença pode se instalar em qualquer idade, porém é mais comum em crianças e adultos jovens, além disso, pessoas HIV positivo apresentam risco maior de desenvolvê-la (Doenças Infecciosas e Parasitárias, 2010; Bibliomed, 2007). Os principais agentes causadores de meningite tuberculosa são os bacilos do complexo Mycobacterium (M. bovis, M. africanum e M. tuberculosis). 5 Bactérias deste complexo são bacilos não formadores de esporos, são aeróbicas e imóveis, medindo aproximadamente de 0,5µm a 0,7µm, causadoras da tuberculose que é o ponto de partida para o desenvolvimento da meningite (Madigan et al., 2010). 2.4 Meningite fúngica A meningite fúngica ou micótica pode surgir como infecção ou acometer indivíduos imonucomprometidos (diabéticos, portadores de câncer ou HIV). Desenvolve-se também em pacientes transplantados ou que utilizam medicamentos imunossupressores. Os agentes micóticos mais comuns causadores da meningite crônica são: Cryptococcus neoformans, Candida albicans e Histoplasma sp., existindo outros fungos que causam a patologia com menos frequência: Coccidioides immitis, Aspergillus spp, Blatomyces e Mucor spp (Antunes, 2011). O contágio se dá pela inalação de esporos destes fungos, mas a patologia não é contagiosa de pessoa para pessoa (CDC, 2009). Cryptococcus neoformans é o principal causador da meningite fúngica, é encontrado no meio ambiente e apenas provoca a doença em pessoas imunocomprometidas como portadores de HIV, câncer e diabetes. O fungo Candida albicans apresenta contágio raro que, na maioria das vezes, ocorre em ambiente hospitalar, já Histoplasma sp. é encontrado em ambientes contaminados com fezes sendo inofensivo ao homem sadio, mas não às pessoas imunologicamente debilitadas (Meningitis Research Foundation, 2011; CDC, 2009). 3. Sintomas da meningite Os sintomas da meningite são variáveis de caso para caso, sendo que em recém-nascidos e lactentes eles diferem dos padrões observados em crianças maiores, que apresentam a tríade de sintomas: febre, dor de cabeça e vômitos. 3.1 Sintomas da meningite bacteriana Os sintomas se diferenciam conforme a idade do indivíduo afetado. Desde o nascimento até os três meses de vida há históricos de: febre, hipotermia (redução da temperatura corporal), falta de apetite, cianose (coloração azulada, lívida ou escura da pele), icterícia (amarelidão na pele e na membrana branca do olho), apatia, desconfortos respiratórios, letargia (sono profundo que aparentemente não há circulação, nem respiração), irritabilidade e convulsões. Dos três meses de vida até dois anos apresentam-se sinais mais visíveis como: vômitos em jato, curvatura da moleira e também convulsões. A partir dos dois anos de idade, alem da febre e dos vômitos em jato, dor de cabeça, sinais de irritação meníngea e rigidez de nuca. Nas crianças maiores de dois anos os sintomas são parecidos com os apresentados na fase adulta, além dos três mais clássicos (febre, dor de 6 cabeça e vômitos), podem acontecer calafrios, suor excessivo, aversão à luz, dor nos músculos. Um quadro clínico que pode levar o paciente a morte é a Síndrome de Waterhouse-Friderichsen um choque séptico fulminante, que geralmente ocorre na meningite meningocócica (Verlangieri e Farhat, 2010). 3.2 Sintomas da meningite viral Os sintomas variam de acordo com o agente epidemiológico, idade e resistência imunológica, normalmente os sintomas apresentados são: febre, hipotermia (redução da temperatura corporal), astenia (fraqueza, falta de energia para realizar tarefas simples que não melhora com descanso), mialgia (tensões nos músculos provocando dor intensa), fotofobia (sensibilidade à luz nas retinas), dor de cabeça, distúrbios gastrointestinais, pequenas bolhas no corpo, rigidez na nuca e dificuldades respiratórias (Vranjac, 2006). 3.3 Sintomas da meningite tuberculosa O quadro clínico da meningite tuberculosa é gradual, geralmente divide-se em três fases, sendo: - Fase 1: sintomas inespecíficos como: febre, sonolência, apatia, irritabilidade, anorexia, vômitos, alterações súbitas de humor, dores abdominais, musculares e de cabeça. - Fase 2: surgem evidências de dano cerebral, alguns doentes manifestam inflamações no encéfalo, distúrbios na fala, entre outros sintomas. - Fase 3: esta última fase é reconhecida quando há déficit neurológico focal, rigidez da nuca, ritmo cardíaco e respiratório alterados, perturbação da consciência e até coma (Doenças Infecciosas e Parasitárias, 2010). 3.4 Sintomas da meningite fúngica Além dos sintomas comuns apresentados anteriormente, nas meningites bacterianas, virais e tuberculosas, como dor de cabeça, febre, enjoos, vômitos, convulsões, rigidez da nuca, danos cerebrais e aversão à luz, a meningite fúngica pode causar perda de audição, dificuldade de aprendizagem, complicações da fala, paralisia e alucinações. Assim como a meningite tuberculosa, seus sintomas aparecem gradualmente (Meningitidis Research Foundation, 2011). 4. Imunidade O termo imunidade é derivado da palavra latina immunitas que se refere á proteção contra processos legais que senadores romanos possuíam durante o seu mandato. Historicamente, imunidade significava proteção contra doenças, em particular contra doenças infecciosas. 7 As células e moléculas responsáveis pela imunidade formam o sistema imunológico, e a sua resposta coletiva e coordenada à introdução de substâncias estranhas é chamada de resposta imunológica (Abbas et al., 2008). A defesa contra microrganismos é mediada pelas reações iniciais da imunidade natural (mecanismos de defesa celulares e bioquímicos que já existiam antes do estabelecimento de uma infecção e que estão programados para responder rapidamente a infecções) e pelas respostas tardias da imunidade adquirida (estimulada pela exposição a agentes infecciosos cuja magnitude e capacidade defensiva aumenta com a exposição posterior a um microrganismo em particular). A imunidade contra um microrganismo pode ser induzida pela resposta do hospedeiro ao microrganismo agressor (imunidade ativa) ou pela transferência de anticorpos ou de linfócitos específicos prontos, diretamente para o hospedeiro (imunidade passiva). A vantagem da proteção conferida pela imunização ativa é sua característica duradoura, justificada pela existência de uma memória imunológica (produção rápida de anticorpos quando há novo contato com o antígeno). Muitos fatores podem interferir na resposta imunológica à vacinação. Alguns fatores são relativos aos próprios imunobiológicos (vacinas) como sua conservação, sua dose e o tipo de antígeno, a via de administração utilizada e a presença de adjuvantes na composição vacinal; outros fatores são relativos ao hospedeiro como idade, nutrição, características genéticas, doenças coexistentes como imunossupressão e a presença de anticorpos circulantes (Risco biológico, 2008). Adquirir naturalmente uma infecção também é uma forma de adquirir imunidade ativa. Após adquirir certas doenças o indivíduo fica imunizado não tendo mais o risco de adoecer mesmo se exposto ao agente infeccioso novamente. 4.1. Vacinas Vacina é uma substância produzida com bactérias ou vírus, mortos ou enfraquecidos. A vacina, ao ser introduzida no organismo humano, provoca uma reação do sistema imunológico (imunização), promovendo a produção de anticorpos, contra aquela substância agressora. Assim, a vacina prepara o organismo para que, em caso de infecção, por aquele agente patogênico, o sistema de defesa aja com força e rapidez para a doença não se desenvolver ou, em alguns casos, se desenvolver de forma atenuada. As vacinas salvaram muito mais vidas do que qualquer outro tipo de medicamento na história, por isso são tão importantes para humanidade. Estima-se que as vacinas poupam mais de 3 milhões de vidas a cada ano (Allergovaccine, 2012). Um exemplo atual da eficácia da vacinação é o caso da inserção das vacinas conjugada contra meningite meningocócica C, pentavalente (Hib + 8 HB + DTP) e pneumocócica conjugada heptavalente no Calendário Básico de Vacinação da Criança, do Ministério da Saúde, no ano de 2002. Este fato corroborou para a diminuição do número de casos de meningite meningocócica em crianças menores de 2 anos, conforme observado na figura 2, tomando como amostra o estado de São Paulo. Figura 2. Gráfico da incidência de meningite bacteriana no estado de São Paulo. Fonte: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/resp/dm_grafico.htm No mercado, atualmente, existem diversos tipos de vacinas: vacinas inativas, vacinas atenuadas, vacinas acelulares, vacinas conjugadas, vacinas que utilizam toxóides e muitos outros tipos ainda estão sendo estudados. 5. Metodologia Além da pesquisa bibliográfica, foi realizada, em fevereiro de 2012, uma pesquisa empírica, na forma de entrevistas com questionário contendo perguntas fechadas, com 114 pais de alunos de duas escolas municipais de ensino infantil e fundamental localizadas no município de Praia Grande (SP). 6. Resultados O questionário aplicado nas entrevistas continha dez questões de múltipla escolha. Após a tabulação dos dados coletados, observou-se que a maioria das crianças matriculadas nas escolas, ou seja, 47% estavam na faixa etária de 4 a 7 anos, seguida pela faixa etária de 1 a 3 anos com 28% e pela faixa até 6 meses de idade com 15% das crianças (figura 3). 9 Figura 3. Idade dos filhos dos entrevistados. Observou-se uma diferença entre o conhecimento a respeito da doença meningite e quais seriam seus sintomas. Um dado assustador foi obtido, pois, apenas 33% dos entrevistados sabiam o que era a meningite. Este resultado indica uma discrepância entre as respostas já que 57% dos entrevistados disseram conhecer os sintomas da doença, mas apenas a menor parte deles conhecia realmente alguns detalhes sobre a doença em si. Os 29% de entrevistados que conheciam claramente os sintomas da doença, possuíam tais informações por terem presenciado a doença em amigos e familiares (figura 4). A falta de conhecimento a respeito da patologia, o que é, como ocorre, quais são os sintomas, ou seja, a falta de informação geral, adia a busca pelo diagnóstico e tratamento precoce, o que pode ser fatal principalmente para as crianças e idosos. Figura 4. Entrevistados que presenciaram casos da doença em amigos ou familiares. Quando os entrevistados foram questionados se seus filhos haviam sido imunizados com a vacina da meningite, 46% responderam que não e ainda 2% não souberam responder, conforme figura 5. Esta porcentagem alta de 46% de crianças não vacinadas, provavelmente está ligada a faixa etária acima dos 4 anos de idade, pois somente no ano de 2010, a vacina conjugada meningocócica C foi incluída, juntamente com a vacina pneumocócica 10-valente, no calendário de vacinação da criança na rede pública de saúde, estando disponíveis para os menores de 02 anos de idade (SAÚDE, 2012). 10 Figura 5. Conhecimento dos pais sobre a imunização dos filhos contra a meningite. Quando os entrevistados foram questionados sobre seu conhecimento a respeito da gratuidade da aplicação da vacina conjugada meningocócica C em postos de saúde do SUS para crianças até 2 anos, apenas 59% tinha conhecimento do fato. Os 41% restantes são pais que desconheciam a gratuidade da vacina, fato preocupante que leva à falta de imunização de grande parte das crianças, que ficam suscetíveis à infecção. Atualmente, tomou-se conhecimento, através da mídia, de vários casos de meningite, em diferentes estados, municípios e principalmente nos municípios da Baixada Santista, muitos casos levaram a óbito as pessoas afetadas. Apesar disso, observou-se que praticamente metade dos entrevistados não conhecia esses fatos, conforme figura 6. Figura 6. Conhecimento dos pais sobre surtos recentes de meningite na Baixada Santista. 7. Conclusão Analisando os resultados obtidos, observou-se a falta de informação que, em um século de tantas descobertas e inovações tecnológicas, ainda pendura na sociedade. A divulgação de informações sobre as doenças, em especial as infectocontagiosas, não deve ser enfatizada nos meios de comunicação apenas quando surgem novos surtos e mortes. Ela deve fazer parte das campanhas contínuas de promoção da saúde, bem como no ambiente escolar. É necessário que os profissionais da saúde tenham responsabilidade e exerçam seu papel de educadores, realizando, sempre que possível, a conscientização da população, para a prevenção de doenças. Mortes e internações por causa de doenças causadas por vírus e bactérias, muitas vezes podem ser prevenidas com a aplicação de vacinas. 11 Grande parte desse arsenal de prevenção está disponibilizado no Sistema Único de Saúde. Embora estejam disponíveis, uma parcela da população desconhece o fato e não faz uso dessas vacinas. A falta de informação aumenta o número de doentes, atrasa o diagnóstico e, consequentemente, o tratamento. É preciso criar um sistema de informação que não cause pânico, tumulto ou insegurança, mas que seja eficaz na prevenção e na remediação. Com isso, enfatiza-se que o conhecimento deve começar nas escolas através das crianças, no ambiente hospitalar e clínico por meio de campanhas educativas, com os profissionais de saúde no dia-a-dia informando o público e acompanhando a atualização das carteiras de vacinação em todas as idades, em especial, nas crianças. Informação é conhecimento, e este, é a base de progresso de uma sociedade. No âmbito da saúde a informação leva a prevenção de doenças, a diminuição de internações e óbitos, à melhora da qualidade de vida da população e auxilia na busca de um dos objetivos de uma nação que é a saúde para todos. 8. Referências bibliográficas ABBAS, A.K.; LICHLMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 6ª edição. 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