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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Fabiana Donato Vieira
EFEITOS DA OOFORECTOMIA E EXERCÍCIO AERÓBIO SOBRE O
MÚSCULO PAPILAR DO VENTRÍCULO ESQUERDO DE RATAS WISTAR:
ANÁLISE MORFOMÉTRICA E ESTEREOLÓGICA.
SÃO PAULO
2009
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Fabiana Donato Vieira
EFEITOS DA OOFORECTOMIA E EXERCÍCIO AERÓBIO SOBRE O
MÚSCULO PAPILAR DO VENTRÍCULO ESQUERDO DE RATAS WISTAR:
ANÁLISE MORFOMÉTRICA E ESTEREOLÓGICA.
Dissertação apresentada como requisito parcial à
obtenção do título de mestre em Educação Física do
Programa Stricto Sensu em Educação Física da
Universidade São Judas Tadeu.
Área de Concentração: Bases Biodinâmicas da Atividade Física.
Orientador: Profº. Drº. Romeu Rodrigues de Souza.
SÃO PAULO
2009
Vieira, Fabiana Donato
Efeitos da ooforectomia e exercício aeróbio sobre o músculo papilar do
ventrículo esquerdo de ratas wistar: análise morfométrica e estreológica / Fabiana
Donato Vieira. - 2009.
77 f. : il. , graf. , tab.
Orientador: Romeu Rodrigues de Souza.
Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São
Paulo, 2009.
1. Exercícios aeróbicos – Aspectos fisiológicos. 2. Ovariectomía. 3. Coração Ventrículo esquerdo I. Souza, Romeu Rodrigues de. II. Universidade São Judas
Tadeu, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física. III. Título
CDD- 796
Ficha catalográfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878
Dedico este trabalho à minha família, amigos e
professores que me ajudaram e apoiaram quando
mais precisei, transmitindo segurança, respeito e
compreensão nesta etapa importante na minha
vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Evandro Camilo Vieira, o amor da minha vida, pelo apoio,
compreensão, paciência nas noites longas para corrigir e enriquecer a dissertação e
incentivo para ingressar no curso de mestrado.
À minha família por todos os anos de estudo e pelo amor e dedicação eterna que
tem me dado até hoje.
Ao meu orientador Romeu Rodrigues de Souza pela confiança dada na condução
deste trabalho, segurança e paciência. Obrigado por me tornar uma pesquisadora.
Às professoras Eliane Florêncio Gama Laura por serem minhas “tias”... e claro,
por esclarecer dúvidas que surgiam no processo de estruturação do trabalho e ajudaram
a enriquecê-lo.
À professora Vilma Lení Nista-Piccolo pelo conhecimento e incentivo.
Aos amigos Camila, Cláudia, Eduardo, Leandro, Janaína, Fernanda, Daniel, por
estarem sempre dispostos a ajudar qualquer hora.
À Clayr por ter me substituído em todos os momentos que precisei.
Às minhas alunas pela compreensão para que conseguisse terminar a dissertação.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
.......................................................................................................15
2. REVISÃO DE LITERATURA
...............................................................................20
2.1.
Características Estruturais do Músculo Papilar
2.2.
Efeitos da Privação de Estrógenos sobre o Músculo Papilar
2.3.
Ooforectomia
2.4.
Efeitos do Exercício no Miocárdio
3. OBJETIVOS
........................23
.................................................................................................26
................................................................28
............................................................................................................33
3.1.
Objetivos Gerais
3.2.
Objetivos Específicos
4. JUSTIFICATIVA
.............................................21
............................................................................................34
....................................................................................34
....................................................................................................35
5. MATERIAIS E MÉTODOS
...................................................................................37
5.1.
Animais e Grupos
..........................................................................................38
5.2.
Protocolo Experimental
5.3.
Protocolo de Treinamento
5.4.
Citologia Vaginal e Exame de Sangue
5.5.
Eutanásia dos Animais
..................................................................................42
5.6.
Preparação do Material
.................................................................................42
.................................................................................39
.............................................................................40
5.6.1. Microscopia Eletrônica de Transmissão
5.7.
Análise Morfométrica
5.8.
Estereologia
..........................................................41
.................................................42
...................................................................................43
...................................................................................................44
5.8.1. Densidade de Volume dos Miócitos (Vv[m]), dos Capilares (Vv[c]) e do
Espaço Intersticial (Vv[i]) do Músculo Papilar
5.9.
Análise Estatística
.......................................46
.........................................................................................47
6. RESULTADOS
........................................................................................................48
6.1.
Variação de Peso dos Animais
6.2.
Desempenho Físico
6.3.
Aspectos Morfológicos dos Componentes do Músculo Papilar
6.4.
Densidade de Miócitos (Número de Miócitos/Área)
6.5.
Área dos Miócitos
6.6.
Densidade de Capilares (Número de Capilares/Área)
6.7.
Densidade de Volume dos Miócitos
.............................................................58
6.8.
Densidade de Volume dos Capilares
.............................................................59
6.9.
Densidade do Volume do Espaço Intersticial
7. DISCUSSÃO
......................................................................49
.......................................................................................51
...................53
....................................55
.........................................................................................56
..................................57
...............................................59
............................................................................................................61
7.1.
Variação do Peso dos Animais
......................................................................62
7.2.
Desempenho Físico
7.3.
Análise Morfométrica e Estreológica
.......................................................................................63
...........................................................63
7.3.1. Densidade Numérica dos Miócitos (Número de Miócitos/Área)
7.3.2. Área dos Miócitos
.......63
...................................................................................65
7.3.3. Densidade Numérica dos Capilares (Número de Capilares/Área)
..........65
7.3.4. Densidade de Volume dos Miócitos
........................................................66
7.3.5. Densidade de Volume dos Capilares
.......................................................66
7.3.6. Densidade de Volume do Espaço Intersticial
..........................................66
8. CONCLUSÕES
........................................................................................................68
9. REFERÊNCIAS
.......................................................................................................70
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Vista anterior de um dos músculos papilares do ventrículo esquerdo (seta). As
cordas tendíneas presas às extremidades do músculo e à margem da válvula são facilmente
visíveis
...........................................................................................................................22
Figura 2 – Passos da cirurgia da ooforectomia. A-Tricotomia; B-Abertura da cavidade
abdominal por incisão na pele; C-Tração do ovário; D-Pinçamento do ovário; E-Sutura do
pedículo do ovário; F-Sutura da pele
..............................................................................38
Figura 3 – Ilustra os animais sob treinamento em esteira ergométrica programável
........40
Figura 4 – Ilustra o microscópio eletrônico de transmissão, por meio do qual fotomicrografias
foram tiradas para realizar a análise dos cortes estudados
.............................................43
Figura 5 – Sistema teste de oitenta e quatro pontos utilizado para calcular estereologicamente
as densidades de volume dos componentes do músculo papilar (miócitos, capilares e espaço
intersticial)
...................................................................................................................45
Figura 6 – Ilustra o sistema teste de oitenta e quatro pontos sobreposto a uma
eletromicrografia para calcular estereologicamente as densidades de volume dos componentes
do músculo papilar (miócitos, capilares e espaço intersticial)
.......................................45
Figura 7 – Médias das pesagens obtidas no pré-operatório, em cada um dos três testes de
esforço máximo e no dia da eutanásia, dos animais GA, GOA e GOEX
........................49
Figura 8 – Os dados mostram a velocidade máxima média obtida no GA, GOA e GOEX ....51
Figura 9 – Os dados mostram a média de velocidade do treinamento do GOEX e do exercício
do GA e GOA nos três meses do experimento
.................................................................53
Figura 10 - Eletromicrografias de cortes transversais ultrafinos do MP do grupo GA.
Observam-se miócitos (M), capilares (C) e espaço intersticial (I)
...................................54
Figura 11 - Eletromicrografias de cortes transversais ultrafinos do MP do grupo GOA.
Observam-se miócitos (M), capilares (C) e espaço intersticial (I)
.................................54
Figura 12 - Eletromicrografias de cortes transversais ultrafinos do MP do grupo GOEX.
Observam-se miócitos (M), capilares (C) e espaço intersticial (I)
.................................54
Figura 13 – Ilustra uma eletromicrografia na qual se pode visualizar como foram feitas as
medidas das áreas dos miócitos pelo sistema de análise de imagens
...............................56
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Média das pesagens, em gramas, seguidas pelo desvio padrão e significância
estatística.
.....................................................................................................................51
Tabela 2 – Valores das velocidades médias em cada TEM, seguidos pelo desvio padrão e
significância estatística
.................................................................................................53
Tabela 3 – Valores médios da densidade de miócitos (Número de miócitos/área) para cada
animal dos três grupos estudados e médias ± erros padrões das médias (EPM) dos quinze
animais estudados
.........................................................................................................55
Tabela 4 – Valores médios da área dos miócitos para os animais de cada grupo e médias ±
erros padrões da média (EPM) dos cinco animais de cada grupo
................................57
Tabela 5 – Valores médios da densidade de capilares (capilares/área) para cada animal dos
três grupos e médias ± erros padrões da média (EPM) dos quinze animais estudados
.......58
Tabela 6 – Valores médios da densidade de volume (%) dos miócitos para cada animal nos
três grupos e médias ± erros padrões da média (EPM) dos quinze animais estudados
......58
Tabela 7 - Valores médios da densidade de volume (%) dos capilares para cada animal nos
três grupos e médias ± erros padrões da média dos quinze animais estudados
...............59
Tabela 8 - Valores médios da densidade de volume (%) do espaço intersticial para cada
animal nos três grupos e médias ± erros padrões das médias (EPM) dos quinze animais
estudados
....................................................................................................................60
LISTA DE ABREVIATURAS
GA: Grupo de ratas sem ooforectomia ativas
GOA: Grupo de ratas com ooforectomia ativas
GOEX: Grupo com ooforectomia e exercício aeróbio
MP: Músculo papilar
TEM: Treinamento de esforço máximo
TRH: Terapia de reposição hormonal
VE: Ventrículo esquerdo
RESUMO
EFEITOS DA OOFORECTOMIA E EXERCÍCIO AERÓBIO SOBRE O MÚSCULO
PAPILAR DO VENTRÍCULO ESQUERDO DE RATAS WISTAR: ANÁLISE
MORFOMÉTRICA E ESTEREOLÓGICA.
Autora: Fabiana Donato Vieira
Orientador: Prof. Dr. Romeu Rodrigues de Souza
A literatura mostra que são vários os fatores que influenciam a estrutura do miocárdio. Em
relação aos hormônios estrogênicos, alguns trabalhos têm demonstrado efeitos da sua
privação sobre o miocárdio do ventrículo esquerdo. Também são conhecidos os benefícios da
realização de exercícios sobre o miocárdio. A literatura, porém, não registra trabalhos sobre
efeitos da privação de estrógenos associada a exercícios no músculo papilar. O objetivo deste
trabalho foi investigar por meio da morfometria e estereologia 1- Os efeitos da falta de
estrógenos no músculo papilar e 2- Efeitos da falta de estrógenos associado ao exercício
aeróbio na estrutura do músculo papilar do ventrículo esquerdo de ratas Wistar. Foram
utilizadas 15 ratas com seis meses de idade da linhagem Wistar e massa corporal variando de
185g a 260g, as quais foram divididas em três grupos com cinco ratas cada: 1. Grupo Ativo
(GA) - composto por ratas com 6 meses de idade sem ooforectomia ativas (1vez /semana
corrida na esteira até 30% da vel. máxima); 2. Grupo com ooforectomia (GOA) ativo composto por ratas com seis meses de idade submetidas à ooforectomia bilateral ativas (1vez
/semana corrida na esteira até 30% da vel. máxima); 3. Grupo com ooforectomia e exercício
aeróbio (GOEX) - ratas de 6 meses de idade submetidas à ooforectomia bilateral mais
exercício aeróbio (5 vezes/semana corrida na esteira até 60% da vel. máxima) durante 3
meses. O programa de exercício físico teve duração de 3 meses em períodos de 4 semanas
com 3 testes de esforço máximo (TEM). Os animais foram eutanasiados aos 9 meses de vida e
seus músculos papilares do ventrículo esquerdo foram retirados. Foram feitos cortes ultrafinos
(90µm) submetidos às análises morfométrica e estereológica, utilizando fotomicrografias
obtidas por microscopia eletrônica de transmissão. Os Dados foram submetidos à estatística
através do ANOVA e teste de Tukey (significância: p<0,05). Os resultados mostraram que
houve aumento do peso dos animais do GOA e GOEX em relação ao GA. Quanto ao
treinamento, os animais do GOEX tiveram melhor rendimento nos TEMS. A ooforectomia
aumentou a densidade numérica de miócitos, sem hipertrofiá-los, talvez por redução do
espaço intersticial. A ooforectomia associada ao exercício aeróbio não aumentou a densidade
numérica dos miócitos, mas ocorreu sua hipertrofia, com redução significante do espaço
intersticial. Concluímos que tanto a ooforectomia isolada como a ooforectomia associada ao
exercício aeróbio tem efeitos sobre o miocárdio.
Palavras-Chave: Músculo papilar, ooforectomia, exercício aeróbio.
ABSTRACT
EFFECTS OF OOPHORECTOMY AND AEROBIC EXERCISE ABOUT THE
PAPILLARY MUSCLE FROM LEFT VENTRICULUM OF WISTAR RATS :
ESTEREOLOGIC AND MORPHORMETRIC ANALYSIS.
Autora: Fabiana Donato Vieira
Orientador: Prof. Dr. Romeu Rodrigues de Souza
The literature shows that there are several factors that influence the myocardium structure. In
relation to the estrogenic hormones, some studies have shown effects of their privation on the
left ventricle myocardium. The benefits of exercises worked out on the myocardium are also
known. There are fewer studies about effects of privation of estrogenic hormones associated
with exercises in papillary muscle. The aim of this study was to investigate using
morphometric and stereologic methods the effects of the lack of estrogens and the practice of
aerobic exercise on the left ventricle papillary muscle structure of Wistar rats. Fifty females
Wistar rats were used, six months of age with body mass ranging from 185 to 260g. Rats were
divided into three groups of five rats: 1. Group Activity (GA) - composed of rats with 6
months of age without oophorectomy actives (1time / week treadmill running up to 30% of
vel. Maximum), 2. Group with ovariectomy (GOA) active - composed of rats with six months
of age who underwent bilateral oophorectomy actives (1time / week treadmill running up to
30% vel. Maximum) 3. Group with oophorectomy and aerobic exercise (GOEX) - rats 6
months of age who underwent bilateral oophorectomy more aerobic exercise (5 times / week
treadmill running up to 60% of vel. Maximum) for 3 months. The exercise program lasted 3
months in periods of 4 weeks with 3 maximal effort tests (TEM). The animals were
euthanized at 9 months of life and its papillary muscles of left ventricle were removed.
Ultrathin sections were cut (90µm) submitted to morphometric and stereological analysis,
using photomicrographs obtained by transmission electron microscopy. Data were submitted
to statistic by ANOVA and Tukey's test (significance: p <0.05). The results showed an
increase in weight of the animals and GOA GOEX compared to GA. As for training, the
beasts of GOEX had better yield in TEMS. Ovariectomy increased the numerical density of
myocyte hypertrophy without them, perhaps by reducing the interstitial space. Ovariectomy
combined with aerobic exercise did not increase the numerical density of myocytes, but its
hypertrophy occurred, with significant reduction of interstitial space. We conclude that both
isolated as oophorectomy oophorectomy associated with aerobic exercise has effects on the
myocardium.
Keywords: papillary muscle, ovariectomy, aerobic exercise.
15
INTRODUÇÃO
16
1.
INTRODUÇÃO
O miocárdio vem sendo exaustivamente estudado devido à sua complexidade e
importância para o desempenho adequado de todo o sistema cardiovascular. Além disso,
estes estudos ganharam notoriedade à medida que o aumento de doenças cardíacas
passou a afetar grande parte da população adulta. Deste modo, o miocárdio o miocárdio
tem uma participação essencial, pois qualquer alteração na sua estrutura pode causar
falhas e danificar outros sistemas até comprometer todo o organismo.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1999), a maior causa de
morte nos últimos anos são as doenças cardíacas. Dados de mortalidade da OMS (1999)
mostram que as doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio, acidente vascular
cerebral, insuficiência cardíaca e outras, provocam a morte de aproximadamente 17,5
milhões de pessoas no mundo por ano, sendo que 80% destas mortes ocorrem em países
em desenvolvimento, como o Brasil.
É conhecido o fato de mulheres entre 45 e 64 anos apresentam menor incidência
de doenças cardíacas do que os homens (39%) até o período da menopausa. A partir dos
65 anos, entretanto, a taxa de mortalidade por doenças cardíacas em mulheres ultrapassa
a dos homens em 22% (NATIONAL CENTER FOR HEALTHY STATISTICS, 1996).
As explicações para este fato ainda não estão bem esclarecidas, mas há várias hipóteses,
tais como: insuficiência cardíaca, aumento da massa ventricular esquerda com a idade e
maior hipertrofia, disfunção diastólica, entre outros que podem fornecer um substrato
estrutural para as diferenças de gênero (HAYWARD et al., 2000).
17
Além disso, Castanho et al. (2001) mencionam os fatores de risco para doenças
cardiovasculares, como a prevalência de diabetes (4%), o excesso de peso e a obesidade
(44%), a inatividade física (49%) e o fumo (21%).
Ao mesmo tempo, o sexo interfere no que diz respeito à fisiologia e biologia do
coração, pois, apesar das similaridades anatômicas, é um potente modificador do
sistema cardiovascular (HAYWARD et al.,2000).
Uma das hipóteses está relacionada à menopausa, que está relacionada ao início
do processo de envelhecimento (LANDAU, 1994). Para Northrup (2004), é um episódio
único, caracterizando o fim da fase reprodutiva da mulher. Neste contexto, há uma
falência completa da função ovariana, levando a uma deficiência na produção de
hormônios, principalmente estrógenos e progesterona.
Apesar de ser um fenômeno natural, a menopausa causa importantes efeitos na
saúde feminina a curto, médio e longo prazo como, redução da densidade óssea,
predisposição para doenças cardiovasculares, além de alterações psicológicas e físicas
(LANDAU, 1994).
A falta de estrógenos causa redução do seu efeito cardioprotetor e, associada à
cessação reprodutiva, gera maior incidência de várias doenças, principalmente as
cardiovasculares (BRENNER, 1988).
Deste modo, tem sido atribuída aos hormônios estrogênicos a proteção
cardiovascular que as mulheres apresentam até a menopausa (STAMPFER et al., 1991a
e 1991b). Este fato é explicado por Kuo et al. (1999), que apontam que mulheres entre
40 a 49 anos apresentam atividade parassimpática maior do que os homens da mesma
idade, os quais apresentam uma hiperatividade simpática em relação ao sexo oposto,
sugerindo uma proteção cardiovascular do sexo feminino até essa faixa etária.
18
Hábitos como a prática regular de exercícios, alimentação balanceada e
terapêutica hormonal podem trazer benefícios a médio e longo prazo para o sistema
cardiovascular.
Com relação à reposição hormonal, existem muitos estudos apontando que o uso
de estrógeno é um fator benéfico para o sistema circulatório (COLDITZ et al., 1996;
BARRET-CONNOR, 1987; GRADY, 1992; STURGEON, 1995; LA VECCHIA,
1992), embora os efeitos da terapia de reposição hormonal devam ser mais pesquisados.
Esse tratamento sugere uma redução do risco cardíaco em geral, mas por outro lado
aumenta o risco de trombose e doenças cerebrais (FERNANDES et al., 2008).
Quanto ao exercício proporciona melhora da saúde e qualidade de vida da
mulher, retardando o envelhecimento (FONSECA et al., 2000).
O exercício físico proporciona inúmeros benefícios para o organismo tais como:
melhora do condicionamento cardiovascular, resistência e flexibilidade. Além disso, há
uma regularização imediata dos níveis de glicose sanguínea, adrenalina e noradrenalina
(CARVALHO et al., 2000).
O exercício físico está sendo considerado como um potente instrumento para a
melhora do estresse oxidativo e para o controle da circulação na vigência da privação de
estrógenos, parecendo ser uma alternativa para as mulheres após a menopausa,
reduzindo o risco de desenvolver doenças crônicas (IRIGOYEN et al., 2005).
No miocárdio, localiza-se o músculo papilar, no qual exerce um papel muito
importante, de impedir que o sangue volte para o átrio a cada sístole cardíaca. Embora
seja essencial para o desempenho funcional do coração, ainda são escassos os estudos
sobre este assunto, enfatizando os efeitos do exercício físico e privação de estrógenos no
19
músculo papilar. Conseqüentemente, este trabalho poderá fornecer embasamento para
outros estudos sobre o tema, com animais de experimentação.
Portanto, este estudo tem como objetivo investigar através da morfometria e
estereologia os efeitos da falta de estrógenos associada ao exercício aeróbio na estrutura
do músculo papilar do ventrículo esquerdo de ratas wistar.
20
REVISÃO DE LITERATURA
21
2.
REVISÃO DE LITERATURA
2.1.
Características Estruturais do Músculo Papilar
O sistema circulatório é fundamental para a manutenção da vitalidade tecidual
de todo o organismo ao promover sua irrigação e drenagem. Como órgão principal deste
sistema está o coração. O coração é um órgão muscular central que através de
batimentos rítmicos se contrai, atuando como uma bomba ao impulsionar o sangue para
o interior de um sistema de tubos, os vasos sanguíneos. Possui a forma de um cone,
embora apresente variações de espécie para espécie.
Estruturalmente, sua parede apresenta-se constituída por três túnicas, conforme
descrito por Banks (1992) e Junqueira-Carneiro (2004): a interna, ou endocárdio, que
reveste o coração internamente e é composta por tecido endotelial liso com células
pavimentosas poliédricas com grande quantidade de fibras colágenas e poucas elásticas;
a média, o miocárdio, que é a camada mais espessa do coração e é composta por feixes
de fibras musculares cardíacas dispostos em várias direções e separados por septos de
tecido conjuntivo bem vascularizado; e a externa, o pericárdio, que corresponde à
camada visceral e seu epitélio se apresenta como cúbico cilíndrico e achatado, sendo
rico em fibras elásticas e colágenas (GARDNER et al., 1998; SPENCE, 1991).
Além disso, o coração possui uma porção central fibrosa que serve de ponto de
apoio para as valvas e fibras musculares cardíacas chamadas de esqueleto fibroso. O
principal elemento funcional do coração é o músculo cardíaco, ou miocárdio, que
compreende as fibras musculares cardíacas dispostas em duas camadas de um modo
complexo e espiraladas. Há uma camada profunda que por sua vez, dá sustentação às
valvas, e uma superficial, que envolve essa camada profunda (SPENCE, 1991).
22
Ademais, as paredes musculares delimitam quatro cavidades: os átrios direito e
esquerdo e os ventrículos direito e esquerdo. O átrio direito e o ventrículo direito
constituem o coração direito, ou lado direito do órgão, e o átrio esquerdo e ventrículo
esquerdo integram o coração esquerdo, ou lado esquerdo do órgão. Os átrios estão
separados entre si pelo septo interatrial, e os ventrículos, pelo septo interventricular.
Entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo, separando as duas cavidades, encontrase a valva atrioventricular esquerda; entre o átrio direito e o ventrículo direito está a
valva atrioventricular direita (GRAAFF, 2003).
Nos ventrículos estão localizados os músculos papilares, os quais são projeções
musculares cônicas implantadas nas paredes dos ventrículos. Ligam-se às válvulas das
valvas atrioventriculares através das cordas tendíneas (Figura 1). As cordas tendíneas
surgindo das cabeças dos músculos papilares estão ancoradas nas margens livres das
válvulas (OKOSHI, 1994).
Figura 1 – Vista anterior de um dos músculos papilares do ventrículo esquerdo
(seta). As cordas tendíneas presas às extremidades do músculo e à margem da
válvula são facilmente visíveis
23
Os músculos papilares têm como função segurar e tracionar as cordas tendíneas
para que, a cada contração do ventrículo, as valvas impeçam que o sangue volte para o
átrio. Os músculos papilares são compostos por miócitos, que constituem 80% da massa
ventricular; enquanto os outros 20% são representados pela matriz extracelular,
constituída por fibras do tecido conjuntivo (elásticas), vasos sanguíneos, fibroblastos e
outras proteínas estruturais (ÁGUILA et al.,1998).
Um estudo morfométrico ultraestrutural do músculo papilar do ventrículo direito
de gatos mostrou, através da microscopia eletrônica, que 73,5% do músculo papilar são
composto por células musculares, 9,7% por vasos sangüíneos, e o restante é composto
por tecido conjuntivo intersticial (MARINO et al., 1983).
A morfologia do músculo papilar do ventrículo esquerdo tem sido estudada
especialmente em ratos (ANVERSA et al., 1980). Em geral, há poucos estudos de
estereologia de músculo papilar em outras espécies animais.
2.2.
Efeitos da Privação de Estrógenos sobre o Músculo Papilar
A menopausa refere-se a um episódio único, ou seja, a última menstruação
espontânea, caracterizando o fim da fase reprodutiva da mulher. Sendo assim, há uma
falência completa da função ovariana, levando a uma deficiência na produção de
hormônios, principalmente estrógenos e a progesterona (NORTHRUP, 2004).
Pinotti (2003) afirma que a função dos ovários começa a diminuir cerca de cinco
a dez anos antes da última menstruação, pois, com o avançar da idade, o número de
folículos dos ovários vai diminuindo, de modo que a produção de hormônios também
24
diminui. A menopausa ocorre quando a reserva de folículos ovarianos é esgotada e,
assim, os ovários deixam de secretar estrogênios e progesterona.
Diversos estudos têm demonstrado que a menopausa está relacionada à
diminuição da capacidade aeróbia, da força muscular e da densidade mineral óssea,
aumento ao peso corporal e do diabetes tipo 2 fraturas osteoporóticas e à maior
incidência de doenças cardiovasculares (SOWERS-LA PIETRA, 1995; STAESSEN et
al., 1997). A incidência de doenças no coração aumenta drasticamente após a
menopausa. A mudança na massa do ventrículo esquerdo em mulheres na menopausa é
significativa (HAYWARD et al., 2000). De acordo com Nanete (1993) e Hayward et al.
(2000), a menopausa está associada portanto, a um aumento da espessura ventricular
esquerda.
Hayward et al. (2000) descrevem que as mulheres, até a menopausa, apresentam
menos doenças cardíacas do que os homens de faixa etária similar. Um estudo
experimental com ratos machos e fêmeas sugeriu que o exercício pode ser mais
importante para os homens do que para as mulheres antes da menopausa na defesa
contra os efeitos de doenças cardíacas e pode oferecer uma nova maneira pela qual o
sexo masculino pode reduzir a susceptibilidade a eventos cardíacos adversos (PAROO
et al. , 2002).
O estrógeno parece exercer um efeito protetor sobre o miocárdio até a
menopausa (BRENNER, 1988) por causa do liberação de fatores cardioprotetores e do
aumento da disponibilidade dos íons Ca²+ (VAN EICKLS et al., 2002). Segundo Tiidus
(2003), o estrogênio pode atuar diretamente sobre membranas dos músculos para
preservar a estabilidade ultraestrutural e a homeostasia intracelular do cálcio. Grodstein
et al. (2008), corroborados por Hayrward et al. (2000), sugeriram que os hormônios
esteróides têm a função de regular o crescimento cardíaco, a função contrátil cardíaca e
25
o controle de doenças arterosclerótica através de plaquetas, além de uma alteração
pequena, porém significante, na pressão sangüínea em resposta à menopausa.
Diversos estudos indicam que a terapia de reposição hormonal (TRH) reduz o
risco de doenças cardiovasculares em geral na pós-menopausa (STAMPFER, et al.,
1991). Hunt et al. (2001) demonstraram que a terapia de reposição de estrógeno a longo
prazo em mulheres pós-menopáusicas tem efeitos sobre a regulação cardiovascular; no
entanto, a terapêutica hormonal ainda é questionável pelos outros efeitos que causa e
não se aplicam à todas as mulheres pós-menopáusicas (COLDITZ et al., 1996;
STURGEON, 1995; LA VECCHIA, 1992), pois a TRH é benéfica quando iniciada logo
após a menopausa. Obesidade, tempo decorrido do início da menopausa e aumento da
PA aumentam o risco de eventos adversos durante a TRH (HUNT et al., 2001).
A TRH é recomendada como forma de tratamento para mulheres na pósmenopausa (POCHMANN et al., 2004) e para redução do risco de doença
cardiovasculares.
Entretanto, no que diz respeito à proteção cardiovascular que a TRH
proporcionaria, existem evidências científicas alterando esta hipótese (BARRETCONNOR, 1987; MANSON et al., 2003; FERNANDES et al., 2008).
Segundo pesquisadores a terapia de reposição hormonal reduz o risco de
doenças cardiovasculares, porém aumenta o risco de doença arterial coronariana,
acidente vascular cerebral e doença tromboembólica venosa (MANSON et al.., 2003;
FERNANDES et al., 2008; BARRET-CONNOR, 1987).
Segundo um estudo sobre análise científica da TRH publicado no Journal of the
American Medical Association (JAMA) por Nelson et al. (2002), ao contrário do que se
acreditava, os resultados mostraram que as mulheres que usufruíram da TRH não
26
apresentaram redução de risco de infarto do miocárdio e nem de morte por
coronariopatia; ao contrário, constatou-se, no primeiro ano do estudo, elevação
expressiva dos episódios tromboembólicos, que declinaram ao longo dos anos
subseqüentes.
Além disso, de acordo com um outro estudo publicado no Journal of The
American Medical Association (JAMA) realizado por Yaffe et al. (1998), há um
aumento significativo do risco de câncer de mama em mulheres após a menopausa que
se submetem a um tratamento de TRH. Se, no passado, a TRH era oferecida
indistintamente a todas as mulheres que sofriam com este período de transição,
atualmente, segundo as modernas evidências científicas, a utilização deste tratamento
substitutivo deveria se limitar a casos específicos, por causa da ausência de proteção
cardiovascular sugerida inicialmente e do risco evidente de desenvolvimento de
neoplasias (endométrio e mamas).
Segundo Yoneda et al. (1998) e Shimomura et al. (2002), após a ooforectomia
ocorre uma diminuição dos níveis de leptina, hormônio regulador da obesidade,
provocando ganho ponderal em ratas.
De acordo com Vasconcellos et al. (2005), a privação dos hormônios ovarianos
em ratas decorrente da ooforectomia, seja em idade jovem ou mais avançada, está
relacionada a ganho ponderal, tendo em vista que o estrogênio aumenta o consumo
energético e, como conseqüência, diminui o peso corporal (GUYARD, 1991). Portanto,
se houver a privação estrogênica, o consumo de energia será menor e os animais terão
aumento de peso.
Um estudo realizado por Kalu (1991), com modelo animal de ratas pósmenopáusicas, evidenciou a perda óssea causada pela ooforectomia. O autor sugere que
as ratas sofreram perda óssea por causa da deficiência hormonal ovariana, de forma
27
semelhante à que ocorre em mulheres pós-menopausa. Wronski et al. (1985) enfatizam
que além de acentuada perda óssea há também alterações esqueléticas em ratas
ooforectomizadas. Esta perda óssea foi associada a elevados índices histomorfométricos
de anormalidades de reabsorção óssea e formação.
Outro estudo verificou os efeitos da ooforectomia na cartilagem articular do
joelho de ratas ooforectomizadas. A ooforectomia produziu um aumento relativo da
densidade numérica dos condrócitos na zona profunda da cartilagem articular medial da
tíbia (FONTINELE, 2007).
De acordo com Mercuro et al., (2006) com a ooforectomia induzindo a privação
de estrogênios, ocorre uma disfunção endotelial e o comprometimento autonômico,
aumentando o estresse oxidativo nas mulheres ainda férteis e mulheres pósmenopáusicas, aumentando o risco cardiovascular.
Segundo TIIDUS (2003), a ooforectomia e suas consequentes alterações
fisiológicas podem influenciar os índices de lesão muscular após injúria em ratas.
Embora existam muitos estudos sobre a privação de estrógenos através da
ooforectomia sobre diversos tecidos, ainda são escassos os estudos sobre os efeitos da
ooforectomia no miocárdio em geral, mas não no músculo papilar.
2.3.
Efeitos do Exercício no Miocárdio
Os exercícios físicos têm sido recomendados para mulheres no período da
menopausa como forma de tratamento não farmacológico para muitas doenças. O
exercício é eficaz em retardar a perda óssea relacionada ao envelhecimento e é de
extrema importância para o sistema cardiovascular, ajudando a reduzir o peso e
aumento da pressão sanguínea.
28
Muitos estudos têm relatado a importância do exercício físico para o sistema
cardiovascular, para qualquer idade. Todavia, existem controvérsias sobre o tipo,
duração, frequência e intensidade do treinamento para regular certos parâmetros, como
a pressão sanguínea, e alcançar os níveis terapêuticos (CASIGLIA et al., 2002;
BROWN et al., 2004).
De modo geral, tem sido observada uma melhora na função contrátil do
miocárdio em seres humanos e animais, in vivo, em corações isolados e preparações
multicelulares, submetidos a diferentes modelos de exercício. Alguns estudos, no
entanto, não observaram tais adaptações, existindo controvérsias (NATALI et al., 2001)
que podem ter sido causadas pelo uso de diferentes modelos de exercício, técnicas para
medir contração, condições experimentais e isolamento de células de diferentes regiões
do ventrículo (NATALI et al., 2004).
Neste contexto, torna-se importante conhecer os ajustes estruturais e
morfológicos do miocárdio que ocorrem após o exercício. Dentre estes ajustes, destacase a possibilidade de hipertrofia cardíaca, a qual está relacionada diretamente ao
desenvolvimento de força celular.
Segundo Mole (1978), Palmer-Moore (1996) e Mokelke (1997), miócitos
isolados intactos de animais submetidos a exercícios contínuos de longa duração
(aeróbio) há hipertrofia do ventrículo esquerdo de ratos, não havendo alterações na
espessura dos miócitos.
Por outro lado, Natali et al. (2001) e Natali et al. (2002), mostraram que o
exercício de longa duração causa aumento da espessura dos miócitos ventriculares em
ratos, sem alteração no seu comprimento, sendo esta adaptação mais acentuada nos
miócitos da região próxima ao seu endocárdio.
29
Estes estudos com células isoladas reforçam os resultados obtidos em seres
humanos e animais in vivo, ou seja, indicam que exercício aeróbio de baixa e média
intensidade induz hipertrofia excêntrica (com células longas), enquanto o exercício de
alta intensidade provoca hipertrofia concêntrica (com células espessas). Os miócitos se
adaptam à carga hemodinâmica do exercício dependendo do local da parede ventricular
onde se encontram.
Di Bello et al. (1996) mostraram que há um aumento da resposta contráctil do
miocárdio durante o exercício em seres humanos e animais in vivo, em corações
isolados e em músculo papilar de ratos exercitados. Alguns resultados, entretanto, são
divergentes (FULLER-NUTTER, 1981), pois, em exercício moderado, não houve
diferença entre ratos sedentários e treinados; deste modo, não teve alteração na
contractilidade cardíaca. O aumento da contractilidade intrínseca dos miócitos é um
mecanismo em potencial para o esclarecimento da melhora da função do miocárdio
induzida pelo exercício.
O treinamento físico prolongado conduz a mudanças compensatórias no sistema
cardiovascular. Uma das mais importantes é a hipertrofia cardíaca. O conhecimento dos
fatores que contribuem para a hipertrofia de cardiomiócitos causada pelo exercício
físico ainda é incompleto (KAMINSKI et al., 2007).
Marques et al. (2006), em um estudo realizado com ratas ooforectomizadas com
hipertensão espontânea, sugeriram que a ooforectomia acelerou a perda de
cardiomiócitos, todavia, o exercício físico compensou este processo e mostrou-se
benéfico nos seguintes fatores: reduziu a pressão arterial, diminuiu a hipertrofia cardíaca
causada pela hipertensão, reduziu a remodelação da parede cardíaca e aórtica
ocasionada pela diminuição da fibrose miocárdica intersticial, aumentou a
vascularização do miocárdio e manteve o número e hipertrofia de cardiomiócitos.
30
No estudo citado acima, o exercício físico após a ooforectomia provocou efeitos
benéficos para o miocárdio que podem ter sido produzidos pela diminuição da pressão
sanguínea ocasionada pelo exercício físico. Deste modo, estes resultados confirmam que
o exercício e, por conseqüência, o condicionamento físico exercem efeito protetor
indireto nos cardiomiócitos e nos vasos, principalmente na aorta (MARQUES et al.,
2006).
Ademais, outro estudo de ratas submetidas à ooforectomia e exercício aeróbio
verificou que a cirurgia causou aumento do peso corporal em ratas de laboratório,
mesmo com treinamento físico, e provocou aumento da produção de colágeno na matriz
da cartilagem articular do côndilo lateral da tíbia (FONTINELE, 2007).
O exercício aeróbio proporciona algumas mudanças fisiológicas, perceptíveis
quando o indivíduo se encontra em repouso. As principais alterações são: freqüência
cardíaca e pressão arterial, sendo que um dos efeitos benéficos do exercício aeróbio é a
diminuição da freqüência cardíaca em repouso (SHEPHARD, 2003; OKUMA, 1998).
Contudo, estudos sobre o exercício físico em diversos tecidos vêm sendo cada
vez mais realizados e para aumentar o embasamento dos profissionais da área da saúde
e da população em geral, é importante conhecer e esclarecer as consequências que a
privação de hormônios traz para a mulher no período da menopausa e o que essa falta
faz na estrutura do MP. Além disso, o exercício aeróbio associado a essa privação de
hormônios poderá influenciar positivamente, prevenindo as doenças cardiovasculares e
consequentemente proporcionando melhora da qualidade de vida da mulher.
Portanto, para que possamos verificar os efeitos desses fatores no MP, é
necessário analisar e quantificar através da morfometria e estereologia os componentes
do MP (miócitos, capilares e espaço intersticial).
31
Assim, este estudo poderá favorecer outros pesquisadores que queiram intervir
na área que é de extrema importância, uma vez que o MP exerce um papel fundamental
no desempenho funcional cardíaco.
32
OBJETIVOS
33
3.
OBJETIVOS
3.1.
Objetivos Gerais
O objetivo geral do presente estudo foi verificar os efeitos do exercício aeróbio
no miocárdio do músculo papilar de ratas submetidas à ooforectomia, no desempenho
físico e peso corporal.
3.2.
Objetivos Específicos
Os objetivos específicos deste trabalho foram analisar e comparar no músculo
papilar do ventrículo esquerdo de ratas wistar submetidas à ooforectomia, associada ao
exercício aeróbio, os seguintes parâmetros:
- Área dos miócitos;
- Densidade numérica dos miócitos;
- Densidade numérica dos capilares;
- Densidade de volume ocupada por capilares, interstício e miócitos.
34
JUSTIFICATIVA
35
4.
JUSTIFICATIVA
O interesse deste estudo está no fato de serem escassos os trabalhos sobre efeitos
da ooforectomia no miocárdio e não haver, na literatura, registros de informações sobre
efeitos do exercício em músculos papilares de animais ooforectomizados. Além disso, o
maior índice de mortalidade na vida atual está associado às doenças cardiovasculares
após a menopausa, e o exercício físico regular tem importância na prevenção dessas
doenças, como mostrado em muitos trabalhos. Apesar disso, não observamos na
literatura trabalhos sobre efeitos de exercícios aeróbios para prevenir estas possíveis
alterações em músculos papilares na menopausa.
36
MATERIAIS E MÉTODOS
37
5.
MATERIAIS E MÉTODOS
5.1.
Animais e Grupos
Para a realização deste estudo foram utilizadas quinze ratas com seis meses de
idade da linhagem wistar, pesando entre 185g e 260g, provenientes do Biotério da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. Os
animais foram mantidos agrupados, em condições ambientais controladas de
temperatura (22ºC) e de iluminação (ciclo de 12 horas claro/12 horas escuro). Água e
comida foram oferecidas de modo irrestrito, sendo fornecida ração comercial referência
para ratos (Nuvital) e água ad libitum. Os animais foram distribuídos em três grupos
experimentais a seguir relacionados:
Grupo Controle (GA) – Ratas sem ooforectomia e ativas durante três meses
(n=5);
Grupo com ooforectomia (GOA) – Ratas ooforectomizadas ativas durante três
meses (n=5);
Grupo
com
ooforectomia
e
exercício
aeróbio
(GOEX)
–
Ratas
ooforectomizadas mais exercício aeróbio durante três meses (n=5).
Todos os animais foram eutanasiados aos 9 meses de idade.
5.2.
Ooforectomia
A ooforectomia é uma cirurgia que tem a finalidade de inibir qualquer ação
endócrina proveniente dos ovários, induzindo assim a privação de estrógenos. Segundo
38
Tuffery (1995), antes da cirurigia há uma submissão a anestesia geral com injeções
intraperitoniais de Ketamina (75mg/kg).
A ooforectomia inicia-se com anestesia e exposição das vísceras pélvicas e
abdominais, e então os ovários e as tubas uterinas são tracionados para fora da cavidade
abdominal, por meio de uma pinça cirúrgica, seguindo-se sutura nas tubas dos dois
lados para posterior remoção bilateral dos ovários. Ao final, a parede abdominal do
animal será novamente suturada.
Após as cirurgias, é administrado por via subcutânea o anti-inflamatório e
analgésico Flunixin Meglumine uma vez ao dia durante três dias consecutivos, a uma
dosagem de 2,5mg/kg (FLECKNELL, 1999).
Figura 2 – Passos da cirurgia da ooforectomia. A-Tricotomia; B-Abertura da cavidade abdominal por
incisão na pele; C-Tração do ovário; D-Pinçamento do ovário; E-Sutura do pedículo do ovário; FSutura da pele
As ratas do GOA e GOEX foram submetidas à ooforectomia bilateral sob
anestesia geral com injeções intraperitoneais de Ketamina (75mg/kg) e diazepan
(5mg/kg) (TUFFERY, 1995).
Com o animal em decúbito dorsal, foi feita uma pequena incisão na região préumbilical, mais precisamente no centro do abdômen, entre as patas posteriores, com a
39
finalidade de expor as vísceras pélvicas e abdominais. Os ovários e tubas uterinas foram
tracionados para fora da cavidade abdominal, através daquela abertura, por uma pinça,
no qual foram atadas nos dois lados para posterior remoção bilateral dos ovários. Ao
final, a parede abdominal do animal foi suturada.
Após as cirurgias, foi administrado por via subcutânea o anti-inflamatório e
analgésico Flunixin Meglumine uma vez ao dia durante três dias consecutivos, a uma
dosagem de 2,5mg/kg (FLECKNELL, 1999).
Depois desse procedimento, as ratas ficaram em observação por uma semana,
permanecendo alojadas em caixas de polipropileno providas de bebedouro e
comedouro, e mantidas em condições ambientais controladas de temperatura (22º C) e
de iluminação (ciclo de doze horas claro/doze horas escuro). Passado este período, foi
iniciado o exercício físico (YASUNORI et al., 2001). Para todos os grupos, foi
fornecida ração comercial referência para ratos (Nuvital) e água ad libitum.
5.3.
Protocolo Experimental
Todos os animais foram pesados antes e ao final do experimento. Para o
programa de exercício físico, foi realizada uma pré-seleção dos animais ao protocolo de
treinamento. Para isso, as ratas foram submetidas a uma adaptação de treinamento
durante três dias na esteira.
A seguir foto ilustrativa das ratas sendo treinadas na esteira ergométrica:
40
Figura 3 – Ilustra os animais sob treinamento em esteira
ergométrica programável
5.4.
Protocolo de Treinamento
O programa de exercício físico teve duração de três meses e foi dividido em
períodos de quatro semanas.
Um teste de esforço máximo (TEM) foi realizado no início do experimento em
uma esteira com velocidade inicial de 0,3km/h. A cada quatro minutos, a velocidade da
esteira foi aumentada na mesma proporção (0,3km/h) (SILVA et al., 1997), até a
obtenção da velocidade máxima que o animal conseguisse correr. Os TEMs foram
realizados a cada 4 semanas no GOEX.
Após o primeiro TEM, os animais do GOEX foram submetidos a três meses de
treinamento em esteira, cinco dias por semana, com velocidade progressiva até 60%
daquela conseguida no teste de esforço. Na primeira semana após o teste, os animais
correram por trinta minutos, aumentando este tempo em dez minutos por semana até
41
chegar a sessenta minutos na quarta semana ao final desta, outro TEM foi realizado para
ajustar a intensidade do exercício para as próximas quatro semanas.
O treinamento teve duração de três meses, sendo realizado sempre no mesmo
horário e nas mesmas condições.
Os animais do GOA e GA foram submetidos a exercício físico apenas uma vez
por semana durante dez minutos com velocidade progressiva até 30% do seu respectivo
teste de esforço.
Os animais de todos os grupos foram pesados antes do experimento, antes de
cada TEM e antes da eutanásia. As médias dos pesos foram calculadas, os dados
tabulados e comparados estatisticamente.
5.5.
Citologia Vaginal e Exame de Sangue
A duração do ciclo estrogênico de ratas ocorre em torno de quatro dias e é
caracterizada por quatro fases: diestro, próestro, estro e metaestro (MARCONDES et
al., 2002; MARTINS et al., 2005). A fase estro corresponde à máxima estimulação
estrogênica no tecido.
Foram realizadas oito citologias vaginais, nos animais do GOA e GOEX,
divididas em dois períodos: quatro (uma por dia), e após um mês, mais quatro (uma por
dia).
Após a anestesia, no momento da eutanásia, os corações foram evidenciados por
meio de toracotomia, e antes da lavagem do sistema, retiramos uma pequena amostra de
sangue dos animais do GA, GOA e GOEX, as quais foram enviadas para um laboratório
especializado, para dosagem do estradiol através do método de Radioimunoensaio.
42
Tanto a citologia vaginal quanto o exame de sangue dos animais do GOA e GOEX
mostraram resultados compatíveis com fêmeas castradas.
5.6.
Eutanásia dos Animais
O protocolo sob o número 1168/2007 de eutanásia dos animais foi submetido à
Comissão de Bioética da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo.
Ao final, os animais foram pesados e eutanasiados com dose excessiva de
anestésico, via peritoneal (Tiopental - Sigma®, USA, 40mg/kg de peso corpóreo).
5.7.
Preparação do Material
Após vinte e quatro horas da última sessão de corrida (tempo necessário para
não alterar os efeitos morfológicos), os animais dos três grupos foram anestesiados,
imobilizados e manipulados em prancha de cortiça. O coração foi retirado, o ventrículo
esquerdo foi aberto e o músculo papilar anterior foi removido através de uma secção
transversal na sua base de implantação.
5.7.1. Microscopia Eletrônica de Transmissão
Foram feitos cortes ultrafinos (90 nanômetros) transversais dos músculos
papilares dos cinco animais de cada grupo, à direção dos miócitos e examinados à
microscopia eletrônica de transmissão (fig.2). Em fotomicrografias de doze campos
obtidas aleatoriamente para cada animal (microscópio Jeol, ICB, USP), capturadas e
gravadas em CD, foram feitas as análises morfométrica e estereológica.
43
Figura 10 – Ilustra o microscópio eletrônico de
transmissão, por meio do qual fotomicrografias foram
tiradas para realizar a análise dos cortes estudados
5.8.
Análise Morfométrica
A morfometria foi realizada utilizando um sistema digital de processamento de
imagens em computador, do laboratório de anatomia da Universidade São Judas Tadeu.
O sistema transmite as imagens gravadas de um arquivo para o computador equipado
com processador Pentium V e placa digitalizadora.
A análise foi realizada em imagens digitalizadas com o programa Axio Vision,
Zeiss. Foram obtidos valores das áreas das transsecções dos miócitos presentes em cada
campo, nas quais eram contornadas integralmente através do mouse do computador, até
que o programa de análise fornecesse o valor da área total; o número de miócitos e
capilares por campo, foram contados manualmente.
44
Além disso, a análise morfométrica foi baseada nas chamadas “linhas
proibidas”, ou seja, miócitos e capilares que tocavam as linhas superior e lateral
esquerda não eram consideradas e os que tocavam as linhas superior e lateral direita
eram contadas (GUNDERSEN,1977).
5.9.
Estereologia
As fotomicrografias dos cortes transversais dos miócitos foram também
utilizadas para determinação da fração de volume ocupado pelos miócitos, espaço
intersticial e capilares. Os cortes obtidos no microscópio eletrônico com aumento de
sessenta vezes foram analisados por meio de um sistema teste, contendo oitenta e quatro
pontos, o qual foi aplicado a doze campos para cada fotomicrografia (WEIBEL et al.,
1966). Foram contados os pontos que caíram sobre os miócitos, sobre o interstício e
sobre os capilares. Foram então calculadas as densidades (%) de volume ocupadas por
miócitos, capilares e espaço intersticial, tal como explicado a seguir. As medidas e os
erros-padrões foram calculados e, a partir destes dados, foram construídas tabelas
correspondentes.
45
Figura 5 – Ilustração do sistema teste de pontos utilizado para calcular
estereologicamente as densidades de volume dos componentes do músculo
papilar (miócitos, capilares e espaço intersticial)
Figura 6 – Ilustração do sistema teste de pontos sobreposto a uma
eletromicrografia para calcular estereologicamente as densidades de volume
dos componentes do músculo papilar (miócitos, capilares e espaço
intersticial). Campo com aumento de 600 vezes.
46
Apresentaremos a seguir os parâmetros que foram considerados neste estudo.
5.9.1. Densidade de Volume dos Miócitos (Vv[m]), dos Capilares (Vv[c]) e do
Espaço Intersticial (Vv[i]) do Músculo Papilar
A densidade de volume expressa a fração ocupada pela estrutura de interesse no
volume total (volume referência). Para a estimação da densidade de volume de cada
componente do músculo papilar, um sistema teste composto por oitenta e quatro pontos
delimitados por linha de exclusão e inclusão, sistemática e uniformemente alocadas, foi
sobreposto às secções de referência usadas para a estimação das densidades de volume.
O número total de pontos é conhecido (84); a seguir, o número de pontos que caíram
sobre cada componente era registrado. Então, a seguinte equação foi utilizada (BRÜEL,
2002; WULFSOHN et al., 2004a):
a) Para os miócitos:
Vv[m] = c`f∑P[m] / ∑P[mp]
Onde:
P[m] = número de pontos que tocam os miócitos;
P[mp] = número total de pontos.
b) Para os capilares
Vv[c] = ∑ P[c] / ∑P[mp]
Onde:
P[c] = número de pontos que tocam os capilares;
P[mp] = Número total de pontos.
47
c) Para o espaço intersticial
Vv[i] = ∑P[ep] / ∑P[mp]
Onde:
P[ep] = número de pontos que tocam o espaço intersticial;
P[mp] = número total de pontos.
O valor da densidade de volume pode ser dado de zero a um, podendo também
ser expressa em percentagem (RIBEIRO, 2006), considerando 100% o número total de
pontos (84) e calculando a percentagem de um determinado componente a partir do
número de pontos sobre esse componente.
5.10. Análise Estatística
Os resultados foram apresentados como média ± EPM (erro padrão da média). O
teste de análise de variância (ANOVA) e o teste de Turkey foram devidamente
aplicados para análise dos dados. Valores de p < 0,05 foram considerados significativos.
As médias de cada parâmetro dos três grupos foram comparadas estatisticamente.
48
RESULTADOS
49
6.
RESULTADOS
Todos os animais sobreviveram ao experimento e evoluíram sem intercorrências
durante todo o período do estudo.
Os resultados serão apresentados de acordo com os seguintes itens: variação de
peso dos animais, desempenho físico, análise morfométrica e estereológica.
6.1.
Variação de Peso dos Animais
A figura 7 e a tabela 1 mostram os resultados das pesagens dos animais. Como
já citado, os animais foram pesados no pré-operatório, nos testes de esforço máximo
(1TEM, 2TEM e 3TEM) e na pré-eutanásia. Temos, então, cinco medições para cada
um dos grupos (GA, GOA e GOEX), representadas na figura 7.
Peso dos Animais
280
Gramas
270
260
250
GC
240
GSO
230
GOEX
220
210
Pr
é-
ia
ás
Eu
ta
n
TE
M
3
TE
M
2
TE
M
1
op
e
ra
tó
rio
200
Período
Figura 7 – Médias das pesagens obtidas no pré-operatório, em
cada um dos três testes de esforço máximo e no dia da eutanásia,
dos animais GA, GOA e GOEX
50
Os valores das médias no GA foram de 224,37 (± 22,07) no pré-operatório; 235g
(± 22,03) no primeiro TEM; 235,5g (± 19,61) no segundo TEM; 252, 75g (± 49,98) no
terceiro TEM e 237g (± 29,45) no dia da eutanásia. A comparação estatística das médias
do pré-operatório e no dia da eutanásia não mostrou diferença significante (p >0,05)
(Tabela 1).
O GOA obteve média de 229,75g (± 29,12) no pré-operatório; 231,75g (± 23,16)
no primeiro TEM,; 250,75g (± 31,90) no segundo TEM; 262,75g (±34,32) no terceiro
TEM e 273,75g (± 36,58) no dia da eutanásia. A comparação mostrou que a estatística
das médias do pré-operatório e no dia da eutanásia, para este grupo, apresentou
diferença significante (p < 0,05). Ou seja, os pesos dos animais ao final do experimento
foram significantemente maiores do que no início, conforme exposto na tabela 1.
Os animais do GOEX obtiveram médias de 228,75g (± 22,97) no pré-operatório;
232g (± 25,47) no primeiro TEM; 252,75g (± 20,36) no segundo TEM; 249,25g (±
22,72) no terceiro TEM e 263,5g (± 23,12) no dia da eutanásia. A comparação
estatística das médias do pré-operatório e no dia da eutanásia revelou diferença
significante (p < 0,01). Ou seja, do início ao final do experimento, ganharam peso
significantemente (Tabela 1).
A comparação entre os valores das médias de pesos entre os grupos, tanto no
pré-operatório como no final do experimento, não mostrou diferença significante entre
eles (p > 0,05) (Tabela 1).
51
Tabela 1 – Média das pesagens, em gramas, seguidas pelo desvio padrão e significância
estatística.
Pesagens
GA
GOA
GOEX
Pré-operatório
234,37 ± 22,07
229,75 ± 29,12
228,75 ± 22,97
1TEM
235 ± 22,03
231,75 ± 23,16
232 ± 25,47
2TEM
235,5 ± 19,61
250,75 ± 31,90
252,75 ± 20,36
3TEM
252,75 ± 49,98
262,75 ± 34,32
249,25 ± 22,72
Eutanásia
237 ± 29,45
273,75 ± 36,58*
263,5 ± 23,12**
* Significante em relação ao pré-operatório no GOA; ** Significante em relação ao pré-operatório
no GOEX
6.2.
Desempenho Físico
As figuras 8 e a tabela 2 mostram os resultados obtidos pelos animais nos TEMs.
As médias de velocidades máximas alcançadas no GA, GOA e GOEX foram calculadas
a partir dos TEMs (Figura 8).
Velocidade
1,4
Km/h
1,2
1
GC
0,8
GSO
0,6
GOEX
0,4
0,2
TE
M
3
TE
M
2
1
TE
M
0
TEM
Figura 8 – Os dados mostram a velocidade máxima média obtida
no GA, GOA e GOEX
52
No GA, os animais apresentaram velocidade média de 0,93 km/h (± 0,25) no
primeiro TEM, 0,9 km/h (±0,22) no segundo TEM e 0,67 km/h (± 0,13) no terceiro
TEM. A comparação estatística das médias de velocidade obtidas nos TEMs realizados
pelos animais deste grupo mostrou diferença significante (p < 0,05), ou seja, as
velocidades médias do 1 TEM e 2 TEM foram maiores do que do 3TEM,(Tabela 2).
Os animais do GOA apresentaram velocidade média de 0,63 km/h (± 0,25) no
primeiro TEM, 0,78 km/h (± 0,22) no segundo TEM e 0,95 km/h (± 0,36) no terceiro
TEM. A comparação estatística das médias de velocidade obtidas nos TEMs realizados
não indicou diferença significante (p > 0,05),como pode ser verificado na Tabela 2.
Os valores referentes à velocidade média dos animais do GOEX foram de 0,82
km/h (± 0,21) no primeiro TEM, 1,38 km/h (± 0,31) no segundo TEM e 1,08 km/h (±
0,31) no terceiro TEM. A comparação estatística das médias de velocidades nos TEMs
realizados neste grupo reveou significância (p > 0,01). Os valores das médias de
velocidade do 2TEM foram significativamente maiores que o 1TEM (Tabela 2).
A comparação entre os valores das médias do 1TEM entre os grupos não
apontou significância (p > 0,05) (Tabela 2).
Os valores das médias comparadas entre os grupos no 2TEM, apresentaram
diferenças significantes (p < 0,01). As médias de velocidade do 2TEM do GA e GOA
foram menores do que do GOEX (Tabela 2).
A comparação entre os valores das médias no 3TEM entre os grupos mostrou
significância (p < 0,05). As velocidades médias do 3TEM no grupo GOEX foram
significativamente maiores do que no GA (Tabela 2).
53
Tabela 2 – Valores das velocidades médias em cada TEM, seguidos pelo desvio padrão
e significância estatística
TEM
GA
GOA
GOEX
1TEM
0,93 ± 0,25a
0,63 ± 0,25
0,82 ± 0,21
2TEM
0,90 ± 0,22***a
0,78 ± 0,22#
1,38 ± 0,31**
3TEM
0,67 ± 0,13b
0,95 ± 0,36
1,08 ± 0,31*
** Significante em relação ao 1TEM no GOEX (P<0,01); *** Significante em relação ao GOEX no
2TEM (P<0,01); # Significante em relação ao GOEX no 2TEM (P<0,001); * Significante em relação
ao GA no 3TEM (P<0,05). Letras diferentes em uma mesma coluna mostram diferença significante
(P<0,05)
As médias de velocidade de treinamento para os animais do GOEX com 60% da
velocidade máxima e do exercício físico realizado pelos GA e GOA com 30% da
velocidade média, para os três meses de treinamento, serão mostradas na figura 9.
Velocidade
0,9
0,8
Km/h
0,7
0,6
GC (30% TEM)
0,5
GSO (30% TEM)
0,4
GOEX (60% TEM)
0,3
0,2
0,1
0
1º Mês
2º Mês
3º Mês
Período
Figura 11 – Os dados mostram a média de velocidade do treinamento
do GOEX e do exercício do GA e GOA nos três meses do
experimento
6.3.
Aspectos Morfológicos dos Componentes do Músculo Papilar
As figuras 10, 11 e 12 mostram os aspectos morfológicos dos componentes do
músculo papilar dos três grupos estudados. Pode-se observar o aspecto dos miócitos,
espaço intersticial e dos capilares nos grupos estudados.
54
Figura 10 - Eletromicrografias de cortes transversais
ultrafinos do MP do grupo GA. Observam-se miócitos (M),
capilares (C) e espaço intersticial (I). 90µ
Figura 11 - Eletromicrografias de cortes transversais
ultrafinos do MP do grupo GOA. Observam-se miócitos
(M), capilares (C) e espaço intersticial (I). 90µm
Figura 12 - Eletromicrografias de cortes transversais
ultrafinos do MP do grupo GOEX. Observam-se miócitos
(M), capilares (C) e espaço intersticial (I). 90µm
55
6.4.
Densidade de Miócitos (Número de Miócitos/Área)
A tabela 3 mostra os resultados das análises das densidades numéricas de
miócitos no MP (número de miócitos por área), bem como a média da densidade
numérica total das estruturas no GA, GOA e GOEX.
A comparação estatística dos valores das médias da densidade numérica de
miócitos do MP do ventrículo esquerdo, para GA, GOA e GOEX, mostrou diferenças
significantes (p > 0,01) (Tabela 3).
A análise estatística dos grupos GA e GOA apontou um aumento da densidade
de miócitos no grupo GOA em relação ao GA, ou seja, a privação de estrógeno causou
um aumento significante do número de miócitos por área (p < 0,01) (Tabela 3).
Outro resultado obtido por meio dos dados estatísticos dos grupos GOA e
GOEX indicou que o exercício associado à privação de estrógenos promoveu aumento
com aproximação maior ainda dos miócitos por campo no grupo GOEX em relação ao
GOA (p < 0, 001), (Tabela 3).
Tabela 3 – Valores médios da densidade de miócitos (Número de miócitos/área) para
cada animal dos três grupos estudados e médias ± erros padrões das médias (EPM) dos
quinze animais estudados
ANIMAIS
Grupos
GA
GOA
GOEX
1
2
3
4
5
Média ± EPM
3,00
4,92
6,75
4,25
5,83
4,92
3,14
8,67
11,33
2,42
2,25
8,00
2,25
2,42
2,69
3,17 ± 0,2383
*4, 817 ± 0,4072
†6, 833 ± 0,5203
*Diferença significante (p< 0,01) em relação ao GA; †Diferença significante em relação ao GOA.
56
6.5.
Área dos Miócitos
A figura 13 mostra o aspecto de uma fotomicrografia digitalizada do sistema de
análise de imagens Axion Vision, na qual as áreas dos miócitos do músculo papilar
foram demarcados de vermelho com suas respectivas áreas descritas.
Figura 13 – Ilustração de uma eletromicrografia na qual se pode visualizar as
demarcações para obter os valores das medidas das áreas dos miócitos pelo sistema de
análise de imagens. Aumento ilustrativo.
A tabela 4 mostra o resultado da análise dos valores das áreas dos miócitos do
M.P, bem como a média da área total dos grupos GA, GOA e GOEX.
A comparação estatística dos valores das médias das áreas dos miócitos do MP
do VE, para o GA, GOA e GOEX, mostrou diferença significante entre os grupos GOA
e GOEX (p > 0, 001) (Tabela 4)
A privação de hormônios causou aumento da área dos miócitos do grupo GOEX,
no qual as áreas foram maiores do que as do grupo GOA. Em outras palavras, o
exercício aeróbio proporcionou aumento da área dos miócitos em animais privados de
estrógenos.
57
Tabela 4 – Valores médios da área dos miócitos para os animais de cada grupo e
médias ± erros padrões da média (EPM) dos cinco animais de cada grupo
ANIMAIS
Grupos
GA
GOA
GOEX
1
2
3
4
5
Média ± EPM
693,70
1426,57
2057,26
745,66
522,42
1601,17
311,04
478,71
2416,63
590,60
446,40
1183,38
686,45
748,31
601,36
605,49 ± 3,305
724,48 ± 59,255
*1208,9 ± 1,07
*Diferença significante (p < 0,001) em relação ao grupo GOA
6.6.
Densidade de Capilares (Número de Capilares/Área)
A tabela 5 mostra o resultado da análise da densidade numérica de capilares no
MP (número de capilares por área), bem como a média da densidade numérica total dos
GA, GOA e GOEX.
A comparação estatística dos valores das médias da densidade de volume dos
capilares no MP do ventrículo esquerdo para o GA, GOA e GOEX mostrou diferença
significante (p < 0,01) (Tabela 5).
Observamos que os animais do grupo GOA comparados aos do GA mostraram
diferenças entre os valores. Ou seja, ocorreu um aumento significante da densidade de
capilares no grupo GOA em relação ao grupo GA. Os valores do grupo GOA
comparados aos do GOEX não apontaram diferença estatisticamente significante.
58
Tabela 5 – Valores médios da densidade de capilares (capilares/área) para cada animal
dos três grupos e médias ± erros padrões da média (EPM) dos quinze animais estudados
ANIMAIS
Grupos
GA
GOA
GOEX
1
2
3
4
5
7,58
15,50
11,33
9,00
6,58
10,42
10,58
7,33
14,50
9,92
14,83
7,08
9,00
13,67
13,83
Média ± EPM
9,23 ± 0,2724
*11, 583 ± 0,6122
11, 433 ± 0,5505
*Diferença significante (p < 0,01) em relação ao grupo GA
6.7.
Densidade de Volume dos Miócitos
A tabela 6 mostra o resultado da análise da densidade de volume dos miócitos
no MP, bem como a média da densidade de volume total dos GA, GOA e GOEX.
A comparação estatística dos valores das médias da densidade de volume dos
miócitos no MP do ventrículo esquerdo para o GA, GOA e GOEX mostrou diferença
significante (p > 0,05) (Tabela 6).
Observamos que as densidades de volume de miócitos dos animais do grupo
GOEX foram significativamente maiores que as do GOA. Entretanto, as densidades dos
animais do grupo GOA comparadas às do GA não revelaram diferenças estatisticamente
significantes.
Tabela 6 – Valores médios da densidade de volume (%) dos miócitos para cada animal
nos três grupos e médias ± erros padrões da média (EPM) dos quinze animais estudados
ANIMAIS
Grupos
1
2
3
4
5
Média ± EPM
GA
75,17
71,42
72,67
71,25
79,08
73, 917± 0,6094
GOA
GOEX
75,83
75,42
76,25
77,58
73,17
77,00
72,92
76,67
75,92
77,33
74, 817± 0,5328
*76, 800 ± 0,3990
*Diferença significante (p < 0,05) em relação ao grupo GOA
59
6.8.
Densidade de Volume dos Capilares
A tabela 7 mostra o resultado da análise da densidade de volume dos capilares
no M.P, bem como a média da densidade de volume total dos GA, GOA e GOEX.
A comparação estatística dos valores das médias da densidade de volume dos
capilares no MP do ventrículo esquerdo para o GA, GOA e GOEX não mostrou
diferença significante (p < 0,05) (Tabela 7).
Tabela 7 - Valores médios da densidade de volume (%) dos capilares para cada animal
nos três grupos e médias ± erros padrões da média dos quinze animais estudados
ANIMAIS
Grupos
GA
GOA
GOEX
6.9.
1
2
3
4
5
Média ± EPM
3,25
4,75
3,25
4,67
2,75
2,67
4,58
3,75
3,75
5,08
3,83
3,08
4,17
2,67
2,75
4, 350 ± 0,2387
3, 550 ± 0,2394
3, 100 ± 0,2455
Densidade do Volume do Espaço Intersticial
A tabela 8 mostra o resultado da análise da densidade de volume do espaço
intersticial no MP, bem como a média da densidade de volume total dos GA, GOA e
GOEX.
A comparação estatística dos valores das médias da densidade de volume do
espaço intersticial no MP do ventrículo esquerdo para o GA, GOA e GOEX mostrou
diferença significante (p < 0, 05) (Tabela 6).
Observamos que as densidades dos animais do grupo GOEX comparadas às dos
animais do grupo GOA apresentaram-se significantemente maior. Entretanto, as
60
densidades dos animais do grupo GOA comparadas às dos animais do grupo GA não
apontaram diferença significante (p > 0, 005) (Tabela 8).
Tabela 8 - Valores médios da densidade de volume (%) do espaço intersticial para cada
animal nos três grupos e médias ± erros padrões das médias (EPM) dos quinze animais
estudados
ANIMAIS
Grupos
GA
GOA
GOEX
1
2
3
4
5
Média ± EPM
5,67
3,33
4,59
7,67
5,00
3,75
7,08
7,08
2,75
7,42
8,08
4,25
2,83
4,75
3,92
6, 133 ± 0,4994
5, 650 ± 0,4911
*3, 833 ± 0,2763
*Diferença significante (p < 0,05) em relação ao grupo GOA
61
DISCUSSÃO
62
7.
DISCUSSÃO
Para melhor compreensão dos resultados obtidos, os temas da discussão serão
apresentados segundo os mesmos itens utilizados no capítulo de resultados: variação do
peso dos animais, desempenho físico, análise morfométrica e estereológica.
7.1.
Variação do Peso dos Animais
Os resultados obtidos demonstraram que as ratas do GOA e do GOEX ganharam
peso após a ooforectomia. O ganho de peso do GOA foi de 19% e do GOEX de 15%.
Não houve diferença significativa entre estes dois últimos grupos quanto a este aspecto.
O ganho de peso dos animais de ambos os grupos pode ser explicado pela deficiência de
estrógeno. Christgau et al. (2004) também demonstraram aumento de peso em ratas
após a ooforectomia. Um estudo recente avaliou os efeitos do climatério no peso
corporal e na distribuição de gordura, comparando mulheres na pré-menopausa, na perimenopausa e na pós-menopausa. A média total de gordura corporal dos tecidos moles
foi
significantemente
maior
na
peri-menopausa
do
que
na
pré-menopausa
(GENAZZANI-GAMBACCIANI, 2006).
É provável que o valor um pouco menor do ganho de peso dos animais do
GOEX seja decorrente do efeito do exercício físico. O treinamento adequado é fator
reconhecido para preservar o peso corpóreo (ASIKAINEN, 2004). Mesmo na
menopausa, um programa de exercícios físicos de carga moderada, em mulheres
sedentárias e com sobrepeso, mostrou ser significante para a redução de peso corporal e
gordura corporal total (IRWIN et al., 2003).
63
Nossos dados sugerem que a ooforectomia induziu a um aumento de peso e que
o exercício físico não interferiu de maneira significativa nesses resultados.
Entretanto, Irigoyen et al.(2005) demonstraram que houve uma redução do peso
corporal de ratas treinadas ooforectomizadas e Askainen et al. (2004), demonstraram,
em 9 estudos realizados com mulheres pós-menopausa, redução do peso corporal após
treinamento físico.
7.2.
Desempenho Físico
De acordo com os dados obtidos, os resultados dos animais do GOEX no 3TEM
foram significativamente maiores do que do GA (61%). Houve um pequena queda no
rendimento do GOEX no 3TEM, e, portanto, não houve significância em relação ao
GOA. Os resultados mostraram uma diminuição no desempenho dos animais do GA ao
final do 3TEM (39%), enquanto em relação ao GA e GOA (53% e 77%
respectivamente). Podemos dizer, então, que neste estudo o treinamento produziu
melhor condicionamento físico no GOEX do que nos GA e GOA. Estes resultados
contradizem alguns autores quando ao sugerir que a menopausa pode representar uma
importante causa para a depreciação da capacidade de realização de exercício
(MERCURO et al., 2006).
7.3.
Análise Morfométrica e Estreológica
7.3.1. Densidade Numérica dos Miócitos (Número de Miócitos/Área)
Os resultados obtidos sobre o efeito da ooforectomia na densidade numérica dos
miócitos do MP demonstraram que os animais dos GOA e GOEX tiveram aumento nas
densidades numérica dos miócitos quando comparados ao GA. A ooforectomia
64
aumentou a densidade numérica de miócitos, sem hipertrofiá-los, talvez por redução do
espaço intersticial.
A ooforectomia associada ao exercício físico ocasionou um número
significantemente maior de miócitos por campo em relação aos demais grupos.
Provavelmente isto tenha ocorrido por causa da privação de estrógenos e de uma
remodelação do espaço intersticial, com diminuição deste espaço, e consequentemente,
aproximação dos miócitos, ficando estes mais agrupados, resultando no aumento do
número por área.
Outra hipótese possível para este resultado é que indica ter ocorrido um aumento
real do número de miócitos (hiperplasia), pois há estudos mostrando aumento real do
número de miócitos sem exercício físico (MOORE, 1993), ocasionado um possível
remodelamento na densidade numérica de miócitos por área.
Marques et al. (2006) relataram que o número de miócitos do ventrículo
esquerdo em ratas sedentárias era significantemente menor do que nos treinados e era
significantemente menor nas ratas ooforectomizadas do que nas ratas não operadas.
Não foram encontradas pesquisas que mostrassem especificamente o efeito do exercício
físico sobre a área dos miócitos do MP em protocolos parecidos com o estudado.
Marques ressalta ainda que a ooforectomia induziu um aumento do volume de
miócitos e de tecido conjuntivo, causando uma hipertrofia patológica (diminuição da
vascularização), sendo que a densidade de volume do tecido conjuntivo era
significativamente menor no grupo treinado e ooforectomizado comparado com o grupo
sedentário ooforectomizado. Hayward et al. (2000) ainda sugeriram, em um estudo com
animais
machos
e
fêmeas
gonadectomizados,
que
a
reposição
hormonal
(progesterona/estrogênio) reduz o suprimento capilar e aumenta a área intersticial.
65
7.3.2. Área dos Miócitos
O presente estudo mostrou que houve aumento significante da área dos miócitos
nos grupos GOA e GOEX em relação ao grupo GA. A ooforectomia causou aumento
significativo da área dos miócitos do grupo GOA e, associado ao exercício físico
produziu maior hipertrofia destes.
Porém, os resultados obtidos revelaram que a privação de hormônios associada
ao exercício aeróbio parece provocar aumento da área dos miócitos.
7.3.3. Densidade Numérica dos Capilares (Número de Capilares/Área)
O aumento da densidade numérica de capilares na região do coração é bem
conhecido na literatura e a explicação que se dá é que ela ocorre pelo mecanismo de
neoformação.
A neoformação ocorre tanto em animais sadios como em animais com
comprometimento do miocárdio, havendo remodelação com aumento do número de
capilares para melhor suporte sanguíneo para o miocárdio (LAUGHLIN, 1992;
TOMANEK, 1994; BROWN-HUDLICKA, 1999).
Verificamos que somente o grupo GOA obteve diferença significante de
aumento em relação ao GA. O grupo GOEX teve tendência (não significante) a
apresentar aumento da densidade numérica de capilares por área, devendo ser mais
estudada a aplicação de um protocolo com tempo mais longo de exercício aeróbio, o
que poderia levar a modificações mais evidentes em relação ao volume de treinamento e
número de animais analisados.
66
7.3.4. Densidade de Volume dos Miócitos
Através da análise estereológica, verificamos um aumento significante da fração
de volume de pontos ocupada pelos miócitos no grupo GOEX em relação aos grupos
GA e GOA. Isto pode ser explicad talo pelo fato de os miócitos ocuparem maior
número por campo, em decorrência do exercício físico.
A ooforectomia isolada não produziu resultados estatisticamente significativos
neste item.
7.3.5. Densidade de Volume dos Capilares
Um estudo de BLOOR-LEON (1970) demonstrou que os exercícios aeróbios
moderados aumentam a relação capilar/miócito, favorecendo a perfusão cardíaca.
Em nosso estudo, não encontramos diferença significante entre os valores da
densidade de volume dos capilares no MP. Portanto, nem a ooforectomia, nem o
exercício físico tiveram efeito sobre o volume dos capilares, o que pôde ser comprovado
por meio da estereologia utilizando-se o sistema teste de pontos.
Entretanto, etes
resultados podem ser explicados pela limitação técnica do sistema.
7.3.6. Densidade de Volume do Espaço Intersticial
Verificamos uma diminuição do espaço intersticial nos grupos GOA e GOEX.
Porém, estatisticamente foi significante no GOEX em relação aos demais grupos. No
GOEX, este achado pode ser explicado pelo aumento de miócitos por campo e
hipertrofia da área dos miócitos.
67
No grupo GOEX, foi constatado que apenas 3,83% do MP do VE
correspondiam ao espaço intersticial, sendo significante em relação ao grupo GOA com
5,65%. Estes resultados podem ser explicados pelo fato da ooforectomia associada ao
exercício físico produzir hipertrofia e aproximação dos miócitos. Deste modo, houve
redução do espaço entre as células, o espaço intersticial.
Portanto, o exercício físico potencializou uma diminuição do espaço intersticial
do MP, o que, aparentemente, pode ser benéfico ao coração.
A ooforectomia isolada não produziu significantemente este efeito.
68
CONCLUSÕES
69
8.
CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos no presente estudo a respeito dos efeitos da
ooforectomia e do exercício aeróbio sobre o MP do VE de ratas wistar, podemos
concluir que:
•
A ooforectomia contribuiu para um aumento de peso em ratas de laboratório
mesmo com um treinamento físico com intensidade de 60%, com duração de
três meses.
•
O treinamento físico com intensidade submáxima de 60%, com duração de
três meses, foi capaz de melhorar o desempenho físico de ratas
ooforectomizadas.
•
A ooforectomia aumentou a densidade numérica de miócitos, sem
hipertrofiá-los.
•
A ooforectomia associada ao exercício aeróbio não aumentou a densidade
numérica dos miócitos, mas ocorreu sua hipertrofia.
•
A ooforectomia associada ao exercício aeróbio provocou redução
significante do espaço intersticial.
•
Tanto a ooforectomia isolada como a ooforectomia associada ao exercício
aeróbio têm efeitos sobre o miocárdio.
70
REFERÊNCIAS
71
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