II Congresso de Educação – UEG/UnU Iporá A formação de professores: uma proposta de pesquisa a partir da reflexão sobre a prática docente ENSINO DE GEOMORFOLOGIA NAS ESCOLAS BATISTA, Daiane Ferreira¹; SOUSA, Flávio Alves de² Universidade Estadual de Goiás – Unidade Universitária de Iporá ¹[email protected]; ²[email protected] RESUMO O presente artigo faz uma breve reflexão sobre o ensino da geomorfologia nas escolas, mostrando alguns procedimentos que são viáveis para que os alunos das primeiras séries de ensino possam assimilar este conteúdo de maneira eficaz e prazerosa. Procura mostrar também que professores e livros didáticos devem estar adaptados e preparados para este tipo de ensino. Palavras Chaves: Geomorfologia, ensino, alunos. O ENSINO DE GEOMORFOLOGIA O ensino de geomorfologia nas escolas é mascarado entre as demais disciplinas de geografia física, ficando muitas vezes seus conceitos diluídos em simples conteudismo, sem que os alunos entendam a sua importância no dia-a-dia e no seu aprendizado. O ensino da geomorfologia deve ter um caráter mais amplo no ensino de geografia nas escolas, e em muitos casos o livro didático e o professor, que nem sempre é formado na área, subestima o seu valor. O ensino de geomorfologia deveria ser mais valorizado, uma vez que o estudo ambiental e a compreensão do meio onde se vive se dá sobre o relevo. É o relevo quem determina a infraestrutura das cidades, das rodovias, ferrovias, o uso e ocupação das terras, os processos erosivos, entre outros fatores fundamentais para a vida humana. É claro que outros fatores físicos atuam, mas o relevo é sempre uma peça fundamental na análise da paisagem. O aparecimento da geomorfologia como ciência data do século XVIII e tem sido aplicado por diversos profissionais que lidam com o meio natural. Cassetti (2001) descreve assim a geomorfologia: A geomorfologia é a ciência que se ocupa em estudar as formas do relevo presentes em nosso planeta, e pode ser datada ainda do século 18 II Congresso de Educação – UEG/UnU Iporá A formação de professores: uma proposta de pesquisa a partir da reflexão sobre a prática docente XVIII, com os estudos de profissionais de outras áreas que passaram a analisar a natureza de uma maneira mais focada. Para se ter uma ideia da má compreensão do que seja relevo, basta perguntar para algumas pessoas e mesmo aos alunos o que significa relevo para perceber que o mesmo é visto apenas como morro, ou elevações montanhosas. Isso se deve à má formação dos professores e deficiência dos livros didáticos. Os alunos no ensino fundamental precisam de uma linguagem mais lúdica e voltada para sua realidade vivida, mas para se fazer esta transposição é necessário um bom domínio da disciplina pelo professor, o que infelizmente nem sempre ocorre, e neste caso, dá-se ênfase para outros conteúdos mais simples em detrimento da geomorfologia. Para ensinar o relevo de forma correta é necessário falar a mesma linguagem dos alunos, isso para que eles compreendam o que o professor esta dizendo. Ab’Saber apud Cunha e Guerra (1998) enfatiza que as formas de classificações geomorfolgias das formas do relevo podem gerar dificuldades a serem aplicadas na educação básica e na graduação, uma vez que “tem sido difícil separar os objetivos de uma classificação didática para uso dos alunos do 1º e 2º graus, e uma classificação mais detalhada de caráter plenamente científico”. Os livros didáticos são com certeza instrumentos essenciais para aprendizagem do aluno, em todas as matérias inclusive geomorfologia, mas na maioria das vezes esta parte da Geografia não é apresentada de forma adequada, ou não oferece todos os conteúdos essenciais para os alunos. Uma boa maneira de utilizar o conhecimento da geomorfologia na escola é mostrar aos alunos, que no seu espaço de vivência ele está fazendo uso da geomorfologia. Mostre a eles uma lavoura, uma horta, a cidade, um aterro sanitário e diga que tudo isso está assentado sobre o relevo. Bordenavave e Pereira (1994) acrescentam que as atividades de ensino e a capacidade dos alunos podem ser ressaltadas através da observação, da capacidade de análise, da capacidade de teorizar e da capacidade de aplicar, por isso o ensino da geomorfologia de conter imagens, visitas ao campo e discussões sobre o que foi visualizado e/ou visitado e quais as suas relações com o espaço vivido. Todas as capacidades desenvolvidas pelos alunos devem ser consideradas e avaliadas no enriquecimento das atividades. É necessário mostra aos alunos que a linguagem gráfica (mapas) esta representando uma realidade física e não é simplesmente um símbolo, faz-se isso pedindo aos alunos que desenhem (espacialize) os objetos que visualizaram no campo. Isso inclusive é ressaltado pelo 19 II Congresso de Educação – UEG/UnU Iporá A formação de professores: uma proposta de pesquisa a partir da reflexão sobre a prática docente PCN, quando destaca que é preciso “Saber utilizar a linguagem gráfica para obter informações e representar a espacialidade dos fenômenos geográficos” Brasil (1998). Todos estes passos servirão para que se tenha uma visão melhor sobre a Geomorfologia, e para que ela seja aplicada de maneira que os alunos consigam assimilar as informações sem ter que apenas decorá-las. O livro didático pode ser um roteiro de atividade, mas nunca deverá cercear a liberdade do professor em complementar atividades. Aplicar instrumentos que facilitem a compreensão do aluno, como maquetes, fotos, e simples aquários, por exemplo, pode facilitar o resultado esperado pelo professor. Outro aspecto importante no ensino da geomorfologia é a utilização do mapa como forma de mostrar a realidade ao aluno antes de ir ao campo. Pega-se um mapa local, com objetos conhecidos e mostra-se para os alunos a sua representação no campo, mostrando que alguns objetos que são maiores ou ocupam uma maior extensão territorial no mapa também apresentam uma maior extensão no terreno, mas para isso é importante que professor e aluno vejam a mesma imagem de forma igual, por isso é necessário que o professor fique atendo na forma como o aluno esta vendo a imagem: [...] Há uma tendência perceptivo-conceitual característica nas crianças pela qual eles tendem a se concentrar em aspectos limitados da informação contida em um mapa. Por isso, tornam-se importantes as instruções claras do professor no sentido de orientar o que pode ser visto e depreendido dos recursos de imagem utilizados. Caso contrário, professor e aluno observarão coisas diferentes (Graves 1985). Gonçalves (2001) mostra a importância da representação de imagens para melhor compreensão dos alunos: [...] A comunicação visual tem importância fundamental no processo de ensino aprendizagem. No caso do ensino de geociências, a linguagem visual tem papel importante na representação de modelos do Sistema Terra e na percepção de como funcionam esses modelos. Todavia, o trabalho com esse tipo de recurso nem sempre é feito de forma adequada junto aos alunos porque falta uma compreensão adequada do que esses recursos podem demonstrar e de como eles podem ser explorados. Entende-se que além da imagem visual ser de extrema importância para o aluno, conseguir visualizar e fixar os conceitos, não é somente o necessário, ele precisa tentar aplicar 20 II Congresso de Educação – UEG/UnU Iporá A formação de professores: uma proposta de pesquisa a partir da reflexão sobre a prática docente os conceitos na visualização, no principio com o auxilio do professor e ao passar do tempo já consegue analisar as paisagens sozinhas. O aluno pode interagir na aula dando exemplos de onde mora, pois, terá conhecimento do assunto; as fotografias propiciam maior facilidade de visualização do terreno e é mais fácil para os alunos. A fotografia obliqua e em 3D são de fácil compreensão para os alunos. CONSIDERAÇÕES FINAIS O ensino de geomorfologia na escola deverá então ter uma linguagem mais fácil aos alunos, deverá utilizar matérias lúdicos, utilizar a experiência do aluno, associar a teoria do livro didático (e além dele) com a prática da observação em campo. As maiores dificuldades são: a má formação do professor de geografia na área física; professores deslocados de outras disciplinas que atuam como professores de geografia; complexidade excessiva ou carência de conteúdo nos livros didáticos e falta de infra-estrutura básica das escolas (principalmente das públicas) para o ensino em laboratórios. O ensino da geomorfologia na escola permeia todos os conhecimentos sobre o meio físico natural, levando o aluno (futuro cidadão) a compreender melhor o espaço onde vive e auxiliando na educação ambiental do mesmo. REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS AB’SÁBER, A. N. Megageomorfologia do território brasileiro. In: CUNHA, S. B. e GUERRA, A. J. T. Geomorfologia do Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. BORDENAVAVE, J. D. PEREIRA, A. M. Estratégias de Ensino-aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 1994, p.121-181. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Parâmetros Curriculares Nacionais.: Ensino Fundamental. Brasília: MEC, 1998. CASETTI, Valter. Elementos de Geomorfologia. Ed.: UFG, 2001. p.11-38. GONÇALVES P.W. 2001. Saberes pedagógicos: atividade docente em Geografia. In: Reunião Anual da ANPED, 24 Caxambu, 2001. Anais... Caxambu, ANPED. p. 1-16. (CDROM). 21