1 Avaliação de caracteres agronômicos em feijão-vagem de crescimento determinado Wellington Pereira da Silva1; Francisco José de Oliveira2; Gheysa Coelho Silva3; Washington Freire Santiago Filho4; Wagner Dias4; Dimas Menezes2; Israel Pereira da Silva2;1Bolsista PIBIC/CNPq/UFRPE - Agronomia; 2Professores – DEPA/UFRPE; 3Bolsista 4 PET/MEC/SESu/UFRPE – Agronomia; Graduando em Agronomia. 1,2,3,4 Universidade Federal Rural de Pernambuco - Departamento de Agronomia - Rua D. Manoel de Medeiros, s/n – Dois Irmãos. CEP: 52.171-900, Recife – PE. E-mail: [email protected], RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar os caracteres da planta no desempenho agronômico em genótipos de feijão-vagem de crescimento determinado na Zona da Mata de Pernambuco. O experimento foi conduzido no Campus do Departamento de Agronomia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), no ano agrícola de 2004/2005, Município de Recife. Foram utilizados doze genótipos do feijão-vagem (Phaseolus vulgaris L.), de crescimento determinado. O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados, com três blocos e doze tratamentos. Os caracteres avaliados foram período em dias para o início do florescimento, comprimento da vagem, produção de vagens verdes e número de vagens verdes por planta. O tratamento estatístico utilizado foi a análise da variância com aplicação do teste F de Snedecor ao nível de 5% e 1% de probabilidade. Efetuou-se desdobramento da soma de quadrados de tratamentos em dois contrastes, um entre genótipos testados, e outro, entre a testemunha. As comparações de médias foram feitas pelo teste de Tukey, ao nível de 5%, tanto para comparar os doze genótipos, entre si, como para os dois contrastes estudados. A cultivar Rasteiro Fartura (testemunha) apresentou melhor desempenho em produção de vagens verdes por planta e número de vagens verdes por planta. Para o início do florescimento, o genótipo HAB7 CNF 6244 foi o mais precoce, enquanto, o Rasteiro Fartura foi o mais tardio. Palavras-chave: Phaseolus vulgaris, caracteres da planta, floração, vagem verde ABSTRACT - EVALUATION OF AGRONOMIC THE CHARACTERS IN SNAP BEAN OF CERTAIN GROWTH This work aimed to evaluate the characters of the plant in the agronomic acting in genotypes of snap bean of certain growth in the Zone of the Mata the State of Pernambuco. The experiment was led at the Campus of the Department of Agronomy of the Universidade Federal de Pernambuco, in Brazil. Twelve genotypes of the snap bean were used (Phaseolus vulgaris L.), of certain growth. The data were accomplished in complete randomized blocks with three replicates, twelve treatments and one cultivar check. The appraised characters went period in days to the beginning of the flowering, length of the bean, yield of green beans and number of green beans for plant. To cultivate Rasteiro Fartura it presented better acting in yield of green beans for plant and number of green beans for plant. For the beginning of the flowering, the genotypes HAB7 CNF 6244 was the most precocious, while, the Rasteiro Fartura was the latest. Keywords: Phaseolus vulgaris, plant traits, flowering, green pods INTRODUÇÃO No cultivo do feijão-vagem (Phaseolus vulgaris L.), em geral, são plantadas cultivares de hábito de crescimento indeterminado (trepadoras), que exigem investimento em tutores, amarração e muita mão-de-obra para a colheita (Peixoto et al., 1997; Filgueira, 2000). Contudo, o desenvolvimento de novas cultivares de feijão-vagem com hábito de crescimento determinado e ciclo de desenvolvimento mais curto têm despertado interesse de pesquisas que avaliam as características de crescimento e produção desses materiais (Queiroga et al., 2003). As cultivares de hábito de crescimento determinado (tipo I), ou seja, as anãs, embora menos produtivas que as trepadoras, têm a vantagem de não necessitar de tutoramento, e de ocupar a área por tempo mais curto, com a possibilidade de mecanização total da lavoura (Leal et al., 1983), condições que podem aumentar a rentabilidade do agricultor. Outra vantagem do cultivo do feijão-vagem anão é a possibilidade de se efetuar uma única colheita, ou seja, o arranque das plantas no campo e a posterior separação das vagens. O rendimento de vagens é relativamente 2 menor quando se efetua uma única colheita, mas há a compensação da menor necessidade de mão-de-obra. Ademais, o arranque das plantas propicia condições bem mais confortáveis para a separação e o encaixotamento das vagens. Silva et al. (2003) estudando o comportamento de oito cultivares de feijão-vagem concluíram que a cultivar Macarrão Trepador apresentou o melhor desempenho agronômico, sendo a mais adaptada ao cultivo nas condições agroecológicas da Mata de Pernambuco. O objetivo deste trabalho foi avaliar os caracteres da planta no desempenho agronômico em genótipos de feijão-vagem de crescimento determinado na Zona da Mata de Pernambuco. MATERIAL E MÉTODOS O experimento de campo foi conduzido no Campus do Departamento de Agronomia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), no ano agrícola de 2004/2005, Município de Recife localizado na posição (8º10’52” S, 34º54’47” W, 2m de altitude). Foram utilizados onze genótipos do feijão-vagem (P. vulgaris L.), de crescimento determinado, oriundos do Centro Nacional de Pesquisa do Arroz e Feijão da Embrapa (CNPAF – EMBRAPA) e um como testemunho cultivado pela Empresa Hortivale (PE), conforme discriminados na Tabela 1. O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados, com três blocos e doze tratamentos. A unidade experimental foi representada por três fileiras de 4,0 m de comprimento, com espaçamento de 0,50 m x 0,25 m com duas plantas por cova. Na área experimental, por ocasião do preparo do solo ainda úmido, o mesmo recebeu uma quantidade de adubação de esterco de curral e complementada com uma adubação mineral para atender às necessidades de nutrientes da cultura. O controle das plantas invasoras foi efetuado de acordo com as necessidades de forma evitar a competição destas com a cultura. As observações foram efetuadas em três repetições para os cinco caracteres fenotípicos, sendo tomadas, ao acaso, cinco plantas competitivas na fileira central. Os caracteres avaliados foram os seguintes: a) período em dias para o início do florescimento; b) comprimento da vagem; c) produção de vagens verdes; d) número de vagens verdes por planta. O número de vages verdes por planta e o peso de vagens verdes por planta foram obtidos quando as vagens ainda imaturas no ponto ideal para consumo. Foi considerado início de floração quando 50% das plantas estavam florescidas. O tratamento estatístico utilizado foi a análise da variância com aplicação do teste F de Snedecor ao nível de 5% e 1% de probabilidade. Efetuou-se desdobramento da soma de quadrados de tratamentos em dois contrastes, um entre genótipos testados, e outro, entre a testemunha. As comparações de médias foram feitas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade, tanto para comparar os doze genótipos, entre si, como para os dois contrastes estudados. As variáveis período em dias para o início do florescimento e comprimento da vagem, em centímetros, foram analisadas com os dados originais, já que os coeficientes de variação foram baixos, da ordem de 6,74% e 5,77%, respectivamente, demonstrando pelo menos boa aditividade. Entretanto, os dados originais das variáveis produção de vagens verdes (gramas) e número de vagens verdes por planta demonstram falta de aditividade, razão pela qual esses dados foram transformados para o seu logaritmo decimal, obtendo-se coeficientes de variação razoáveis da ordem de 18,26% e 12,87%, respectivamente. RESULTADOS E DISCUSSÃO Estão sintetizados nas Tabelas 1, 2 e 3 os resultados dos três caracteres submetidos à análise de variância e comparações de médias pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Com relação a variável período em dias para o início do florescimento, o genótipo HAB 7 CNF 6244 diferiu estatisticamente dos genótipos HAB 2 CNF 6240, HAB 21 CNF 6257, HAB 10 CNF 6246, HAB 11 CNF 6247, HAB 18 CNF 6254, HAB 19 CNF 6255, HAB 20 CNF 6256 e Rasteiro Fartura (Tabela 1). O genótipo HAB 7 CNF 6244 apresentou menor período para início de florescimento, sendo o mais precoce, enquanto, o Rasteiro Fartura (testemunha) foi o mais tardio. De maneira geral, os genótipos testados foram mais precoces quando comparados com a testemunha. Para variável comprimento da vagem (Tabela 2), observa-se que o genótipo HAB 19 CNF 6255 foi superior estatisticamente aos genótipos HAB 2 CNF 6240, ao Rasteiro Fartura e ao HAB 22 CNF 6258. Quando comparados aos genótipos testados, de uma maneira geral, superaram a testemunha. Os genótipos estudados exibiram variabilidade genética para o comprimento de vagem concordante com o de Silva et al. (2003). 3 No que se refere à produção de vagens verdes por planta, o genótipo HAB 11 CNF 6247 diferiu estatisticamente, ao nível de 5% probabilidade, do genótipo HAB 11 CNF 6247 (Tabela 3). Verifica-se que o HAB 11 CNF 6247 foi o menos produtivo que os demais, com exceção dos genótipos HAB 10 CNF 6246 e HAB 20 CNF 6245. Contudo, em média, quando comparados, a testemunha superou estatisticamente o grupo de genótipos testados. Os resultados da análise de variância para o número de vagens verdes por planta referente aos doze genótipos (Tabela 4) mostram que não houve diferença estatística nem para a comparação entre os doze genótipos, bem como, para o contraste entre testemunha e genótipos testados. Portanto, a cultivar Rasteiro Fartura apresentou melhor desempenho em produção de vagens verdes por planta e número de vagens verdes por planta. Para o início do florescimento, o genótipo HAB7 CNF 6244 foi o mais precoce, enquanto, o Rasteiro Fartura foi o mais tardio. Tabela 1 – Análise estatística da variável período em dias para o início do florescimento de doze genótipos de feijão-vagem (P. vulgares L). Recife (PE), 2005. Comparação entre os doze genótipos Genótipos Médias(1) (dias) 19,33a 21,67ab 23,33abc 23,33abc 24,33bc 24,33bc 25,00bc 25,00bc 25,00bc 25,00bc 25,00bc 30,00d 4,75 Comparação entre os genótipos regulares e a testemunha Grupos Médias (dias) Genótipos Testados 23,76a Testemunha 30,00b HAB 7 CNF 6244 HAB 6 CNF 6243 HAB 9 CNF 6245 HAB 22 CNF 6258 HAB 2 CNF 6240 HAB 21 CNF 6257 HAB 10 CNF 6246 HAB 11 CNF 6247 HAB 18 CNF 6254 HAB 19 CNF 6255 HAB 20 CNF 6256 Rasteiro Fartura DMS(5%) 2,01 CV = 6,74% (1) Na coluna, as médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Tabela 2 – Análise estatística da variável comprimento da vagem de doze genótipos de feijãovagem (P. vulgares L). Recife (PE), 2005. Comparação entre os doze genótipos Genótipos 2 (1) Médias( ) (cm) 8,93a 8,85ab 8,76ab 8,65ab 8,59abc 8,59abc 8,30abc 8,10abc 8,00abc 7,50bc 7,46bc 7,20c 1,41 Comparação entre os genótipos regulares e a testemunha Grupos Médias(*) (cm) Genótipos Testados 8,31a Testemunha 7,46b HAB 19 CNF 6255 HAB 21 CNF 6257 HAB 20 CNF 6256 HAB 18 CNF 6254 HAB 7 CNF 6244 HAB 9 CNF 6245 HAB 10 CNF 6246 HAB 6 CNF 6243 HAB 11 CNF 6258 HAB 22 CNF 6258 Rasteiro Fartura HAB 2 CNF 6240 DMS(5%) 0,60 CV = 5,77% (1) Na coluna, as médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. (2) Dados obtidos da media de cinco plantas. 4 Tabela 3 – Análise estatística da variável produção de vagens verdes por planta de doze genótipos de feijão-vagem (P. vulgares L). Recife (PE), 2005. (1) Comparação entre os doze genótipos Comparação entre os genótipos regulares e a testemunha (2) (2) Genótipos Médias Grupos Médias (cm) (cm) HAB 22 CNF 6258 1,75a Testemunha 1,63a HAB 19 CNF 6255 1,64a Genótipos Regulares 1,43b HAB 2 CNF 6240 1,63a Rasteiro Fartura 1,59a HAB 6 CNF 6243 1,52a HAB 21 CNF 6257 1,52a HAB 7 CNF 6244 1,50a HAB 9 CNF 6245 1,48a HAB 18 CNF 6254 1,47a HAB 20 CNF 6256 1,38ab HAB 10 CNF 6246 1,16ab HAB 11 CNF 6258 0,64b DMS(5%) 0,79 0,33 CV = 18,26% (1) Na coluna, as médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. (2) Dados transformados para logaritmo decimal da média de cinco plantas. Tabela 4 – Análise estatística da variável número de vagens verdes por planta (g) de doze genótipos de feijão-vagem (P. vulgares L). Recife (PE), 2005. (1) Comparação entre os doze genótipos Comparação entre os genótipos regulares e a testemunha (2) (2) Genótipos Médias Grupos Médias Rasteiro Fartura 1,34a Testemunha 1,34a HAB 22 CNF 6258 1,32a Genótipos Testados 1,18a HAB 19 CNF 6255 1,28a HAB 9 CNF 6245 1,26a HAB 2 CNF 6240 1,21a HAB 18 CNF 6254 1,21a HAB 21 CNF 6257 1,20a HAB 6 CNF 6243 1,16a HAB 7 CNF 6244 1,13a HAB 20 CNF 6256 1,10a HAB 10 CNF 6246 1,07a HAB 11 CNF 6258 1,05a DMS(5%) 0,46 0,19 CV = 12,87% (1) Na coluna, as médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. (2) Dados transformados para logaritmo decimal da média de cinco plantas. LITERATURA CITADA FILGUEIRA, F. A R. Novo Manual de Olericultura: Agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: Editora Folha de Viçosa Ltda, 2000. 402 p. LEAL, N. R.; ARAUJO, M. L. de; LIBERAL, M. T.; CRUZ JUNIOR, F. G. da. Avaliação comparativa entre culturas estaqueada e rasteira de feijão-de-vagem. In: Congresso Brasileiro de Olericultura, 23, 1983, Rio de janeiro. Resumos ... Rio de Janeiro: UFRRJ, 1983. P.42. PEIXOTO, N.; THUNG, M. D. T; SILVA, L. O.; FARIAS, J. G.; OLIVEIRA, E. B de; BARBEDO, A. S. C.; SANTOS, G. Avaliação de cultivares arbustivas de feijão-vagem, em diferentes ambientes do estado de Goiás. Goiânia: EMATER-GO, 1997. 20p. (Boletim de Pesquisa 01). QUEIROGA, J. L.; ROMANO, E. D. U.; SOUZA, J. R. P; MIGLIORANZA, E. Estimativa da área foliar do feijão-vagem (Phaseolus vulgaris L.) por meio da largura máxima do folíolo central. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 21, n. 1, p. 64-68, março 2003. SILVA, G.C.; SOUZA, A.F.P.; SANTOS, J.R. da S.;OLIVERIA, F.J. de. Caracterização de cultivares de feijão-vagem. In: III JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO, Recife: UFRPE, CD-ROM, dezembro 2003.