PROGRAMA DE RECURSOS HUMANOS DA ANP PARA O SETOR PETRÓLEO E GÁS - PRH-ANP PRH NO RELATÓRIO DE PLANO DE TRABALHO DE PESQUISA 1 – IDENTIFICAÇÃO Nome do Bolsista Rafael Eugênio Moura Ramos Título do Programa Engenharia de Processos em Plantas de Petróleo e Gás Natural Título do Curso / Especialização Engenharia Química / Graduação Instituição Sigla Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN Nome do Orientador (1) Nome do Orientador (2) Osvaldo Chiavone Filho Josette Lourdes de Souza Melo 2 – TÍTULO Desenvolvimento de um sistema híbrido de destilação solar para tratamento de água produzida. PRHfor17.rtf PROGRAMA DE RECURSOS HUMANOS DA ANP PARA O SETOR PETRÓLEO E GÁS - PRH-ANP 3 – INTRODUÇÃO PRH NO O petróleo é a principal fonte energética do mundo. Assim sendo, a indústria do petróleo cresce cada dia mais, e surge a necessidade da mesma de se adequar às necessidades sociais e ambientais do mundo moderno. Com relação às necessidades ambientais, destaca-se o destino dos rejeitos dessa indústria, que estão presentes em grandes quantidades e são prejudiciais ao meio ambiente. De acordo com Azevedo, 1998, citado por Bezerra, 2004, a indústria do petróleo, no que se refere aos processos de exploração e produção, apresenta como rejeito de maior quantidade as águas produzidas. Denomina-se água produzida, ou água de formação de petróleo, toda a água que é produzida junto com o óleo, seja esta a originada da água de formação, presente no reservatório, ou resultante também da água de injeção, usada para estimular a produção de um poço. Em campos maduros, a produção de água pode chegar a mais de 90% da produção total (Thomas et al., 2001, citado por Bezerra, 2004), como é o caso de grande parte dos campos do estado do Rio Grande do Norte. Além dos problemas logísticos gerados por tal quantidade de efluente, existe ainda o problema ambiental, pois esta água passa por tratamento a fim de que possa ser descartada no mar. Desse modo, um grande volume de água é descartada, quando, na verdade, poderia ser reutilizada para diversos fins na indústria, como na geração de vapor. Para tanto, é necessário um tratamento adicional eficiente e barato, como o uso da energia solar. Essa água mesmo depois de tratada, como ocorre atualmente, não é reutilizada devido aos problemas de incrustação e corrosão que provoca em uma unidade industrial, já que a mesma apresenta, geralmente um mínimo de 1000 ppm de sais, além de metais pesados e compostos orgânicos. Conforme mencionado, a energia solar se configura como uma alternativa interessante, como um tratamento adicional da água produzida, pois uma consiste em uma fonte energética gratuita e abundante, gera pouca poluição e é eficaz no tratamento de águas. Existem várias formas de utilizar a energia solar para esse fim, sendo a principal delas o aproveitamento da radiação solar como energia térmica em um destilador solar, para evaporação e posterior condensação da água poluída, obtendo ao final do processo água destilada. Essa operação imita, em pequena escala, o ciclo natural da água, e apesar de eficaz na purificação de águas, encontra algumas limitações, como a sua baixa produtividade e eficiência energética, necessitando ocupar extensas áreas. A eficiência energética de um destilador solar se encontra na faixa entre 38% e 43%, podendo chegar a um máximo de 60%. Esse valor deve-se, principalmente, às perdas energéticas típicas em um destilador solar. Assim, contando com um valor de energia solar incidente sendo de 4 a 5 kWh/m 2 dia, a produção correspondente seria de apenas 2 a 2,7 Kg/m2 .dia de água (Maluf, 2005). Desse modo, a destilação solar dificilmente é empregada para tratamento de grandes volumes de água poluída, sendo utilizada principalmente para abastecer pequenas comunidades que não têm fácil acesso à água potável, onde se utiliza a dessalinização solar da água do mar. O uso de destiladores solares no tratamento de águas de produção seria apenas parcialmente eficiente, já que, apenas para citar um exemplo, a vazão de água de produção na UTPF (Unidade de Tratamento e Processamento de Fluidos) de Guamaré - RN, segundo Engenheiros do local, é atualmente, de 80000 m 3/dia e apresenta a perspectiva de aumentar rapidamente, com o aumento nos investimentos na perfuração de novos poços. Esse volume de água é bastante elevado para ser tratado por um destilador solar de área pequena. Logo, o desafio é encontrar uma maneira de utilizar a energia solar no tratamento de maiores volumes de água de produção. É importante observar que a energia solar ainda se configura como uma fonte alternativa, sendo utilizada em conjunto com outros tratamentos mais comumente usados, mas não isoladamente. De qualquer modo, é importante estudar meios de aumentar a produtividade e eficiência de sistemas solares. Nesse contexto, Uma alternativa interessante é utilizar sistemas híbridos ou compostos, como um dessalinizador solar híbrido utilizado por Lopes (2004). O mesmo utilizou um coletor solar para pré-aquecer a água de entrada do destilador, bem como, fez uso de painéis fotovoltaicos para aquecimento da água no destilador através de uma resistência elétrica acoplada. A forma de pré-aquecimento de água que parece mais promissora é a convencionalmente usada, ou seja, o aproveitamento do sistema de aquecimento solar de água utilizado em residências e estabelecimentos comerciais (também chamado de aquecedor solar), que é formado basicamente por coletores solares, reservatório térmico e uma caixa d’água (alimentação do sistema). Esse sistema pode então ser acoplado ao destilador solar, formando um sistema de préaquecimento/destilação solar de água que será chamado de sistema solar. O uso do pré-aquecimento na destilação solar permite um aumento na produtividade do destilador solar, de acordo com Esteban (2000) e Lopes (2004). PRHfor17.rtf PROGRAMA DE RECURSOS HUMANOS DA ANP PARA O SETOR PETRÓLEO E GÁS - PRH-ANP PRH NO 4 – OBJETIVO O objetivo central do projeto é desenvolver e otimizar um sistema híbrido de destilação solar para tratamento da água produzida, provinda de emissários Petrobras, com o intuito de remover os sais da mesma, bem como melhorar a qualidade desse efluente para que possa ser destinado ao reuso. Há ainda alguns objetivos secundários a serem desenvolvidos, que são: Quantificar a variação de temperatura dos fluidos (no destilador e no boiler), relacionando-a com as variáveis ambientais, especialmente a radiação solar; teste com diferentes configurações de alimentação do destilador pelo aquecedor solar; medida de vazões do destilado e alimentação; Modelagem do sistema para estudo de scale-up (ampliação de escala); Determinação de propriedades da água produzida; Estudo da taxa de evaporação; E Realização de análises físico-químicas na água, antes e depois do tratamento, a fim de determinar a eficiência do sistema. 5 – RELEVÂNCIA DO TEMA Atualmente, as indústrias de variados setores em todo o mundo estão investindo em processos de tratamento para seus efluentes, que sejam satisfatórios, técnica e economicamente. Isso porque a poluição gerada pelas mesmas ao longo dos anos contaminou o ar, a água e o solo. E devido a esse fato, as legislações ambientais estão cada vez mais rigorosas. A indústria de petróleo tem se preocupado com o impacto ambiental de seus efluentes e está se esforçando em descartar o seu maior rejeito, a água produzida, em condições razoáveis. No entanto, ao invés de descartar, o ideal seria fazer um reuso da mesma a partir de um tratamento adicional desse efluente, que seja eficaz e barato, como o uso da energia solar. Isso é o que propõe o presente projeto, que portanto, apresenta alta relevância. A reutilização dessa água na agricultura, por exemplo, é um benefício social importante. Vale destacar também a vantagem econômica gerada a longo prazo, pois esse sistema apresenta baixo custo de operação e manutenção. 6 – METODOLOGIA Após a montagem do “sistema solar”, foram realizados testes preliminares no aquecedor solar, com água de abastecimento e com solução aquosa salobra, que apresentaram um perfil de temperatura semelhante no “boiler” com o tempo. A água salobra é representativa da água produzida e apresentava concentração de 1000 ppm de NaCl. Essa água foi preparada da seguinte maneira: Pesou-se em uma balança analítica no laboratório 250g de NaCl. Este foi então adicionado lentamente (e sob agitação) à caixa d’água ( de capacidade de 250L), preenchida anteriormente com água comum e foi feita a homogeneização na mesma. No que diz respeito aos experimentos com a água comum, estes foram realizados a partir do final do mês de Maio, quando o sistema de pré-aquecimento foi montado, até a metade do mês de junho, época em foram iniciados os testes com a água salobra, que permaneceram até Agosto. Em Setembro começaram os experimentos com água produzida. Foram realizados testes no destilador com dois modos de operação: Em batelada e contínuo, quando alimentado pelo aquecedor solar. Na forma contínua, utilizou-se um fluxo constante de aproximadamente 0,5 L/h para alimentação do destilador, onde o fluido foi a água produzida. A mesma está sendo fornecida pela PETROBRÁS e é originada do rejeito para os emissários submarinos. O “sistema solar” é composto de uma caixa d'água de 250L, uma placa coletora solar de 2m2, um reservatório térmico de 200L e um destilador solar, tipo duas águas, com 1m 2 de área útil. A caixa d´água serve como alimentação do sistema. As medidas de temperaturas foram realizadas com termorresistências (tipo PT-100) de aço inox, no boiler e no destilador solar (temperatura do líquido e do vapor). Os dados foram coletados e armazenados através PRHfor17.rtf PROGRAMA DE RECURSOS HUMANOS DA ANP PARA O SETOR PETRÓLEO E GÁS - PRH-ANP PRH NO de registradores (dataloggers), a cada minuto, e transmitidos para o computador. Além da temperatura da água, foram obtidos dados de temperatura do ar, radiação solar incidente e precipitação pluviométrica, que foram adquiridos juntos ao INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O tratamento dos dados das temperaturas é realizado em um computador na forma de gráfico e tabela. Faz-se então, uma comparação das temperaturas do ar, do líquido e do vapor (no destilador), da água no boiler e dos dados de radiação solar obtidos do INPE. Após cada teste no sistema solar, realiza-se a coleta de destilado e quantifica-se o volume total diário obtido. Parte da coleta é reservada para as análises, onde também é coletada amostra do resíduo e do boiler. As amostras destinadas a análises são conservadas em geladeira a aproximadamente 4°C. As análises a serem realizadas são: pH, condutividade, cloretos, TOC, TOG e dureza. As medições de pH e de condutividade estão sendo realizadas em medidores digitais do laboratório. A condutividade será feita através do método de Mohr, que se trata de uma titulação simples. Os métodos para as análises de TOC, TOG e dureza serão definidos no decorrer do projeto. Serão testadas diversas configurações de alimentação do destilador pelo sistema de pré-aquecimento solar (constituído pela caixa d´água, o boiler e o cloetor solar plano), a fim de otimizar a produtividade da água destilada 7 – ETAPAS O projeto divide-se em quatro etapas principais: Revisão bibliográfica; Montagem do “sistema solar”; Experimentos no “sistema solar”, Otimização do sistema. A revisão bibliográfica foi realizada inicialmente e deve-se manter durante todo o andamento do projeto, em que se está estudando especialmente a energia solar e sua aplicação no tratamento de águas, bem como, o uso do destilador solar; O próximo passo foi a cotação dos equipamentos úteis ao projeto, como o coletor solar, o reservatório térmico (boiler) e o próprio destilador solar. Essa cotação foi feita junto às empresas da área, através de visitas aos websites das próprias e contato via e-mail, e através de dissertações que continham análise de custos, como o trabalho de Maluf (2005). A mesma foi realizada pelo bolsista PRH – 14 Rogério Pitanga, também responsável pela aquisição e instalação dos equipamentos, montagem do sistema de pré-aquecimento e testes preliminares e corresponde à etapa inicial do projeto. O destilador sola foi desenvolvido pelo DEM - Departamento de Engenharia Mecânica da UFRN e o sistema de pré-aquecimento solar, bem como os sensores de temperatura e dataloggers foram adquiridos por empresas privadas nacionais. Após montado o sistema solar, estão sendo realizados experimentos no mesmo. Esta é a etapa mais importante do projeto pois é a que produz os resultados experimentais. A mesma está subdividida nas seguintes etapas: Testes no sistema de pré-aquecimento (aquecedor solar), com experimentos com água comum e água salobra; Testes no destilador em batelada, realizado também com água produzida; Testes no sistema solar, com alimentação contínua. A etapa de otimização do sistema pode ser desenvolvida junto com os testes no sistema e constitui-se na otimização: Do sistema de pré-aquecimento; Do destilador; E do sistema solar como um todo. Além disso, ela envolve também uma modelagem para o sistema, que permitirá a análise de uma posterior ampliação de escala. A otimização de cada parte do sistema em separado e do sistema completo constitui-se na análise e configuração dos parâmetros que propiciem a melhor eficiência e produtividade para o sistema. Nesse caso, serão feitos testes com diversas configurações de alimentação do destilador. Por fim, realizar-se-á uma modelagem e conseqüente estudo de ampliação de escala do sistema, para que ao final, seja possível o tratamento de vazões moderadas de água de produção, sendo capacitado a ser instalado, como um sistema de tratamento alternativo, em Guamaré-RN, por exemplo. 8 – CRONOGRAMA DE TRABALHO Revisão bibliográfica Experimentos-piloto Março/ 2008 x Abril/ 2008 x Maio/ 2008 x x Junho/ 2008 x x Julho/ 2007 x x Agosto/ 2007 x x PRHfor17.rtf PROGRAMA DE RECURSOS HUMANOS DA ANP PARA O SETOR PETRÓLEO E GÁS - PRH-ANP PRH NO x Cotação de equipamentos Otimização/ desenvolvimento/ compra de equipamentos Experimentos otimizados (sistema) x Setembro/ 2008 Outubro/ 2008 Novembro/ 2008 x x x x x Dezem bro/ 2008 x x x x x x x x Revisão bibliográfica Experimentos-piloto Cotação de equipamentos Otimização/ desenvolvimento/ compra de equipamentos Experimentos otimizados (sistema) x Janeiro /2008 Fevereiro /2008 x x x x x 9 – DISCIPLINAS DA ESPECIALIZAÇÃO Código DEQ0375 Disciplinas Seminários de Petróleo e Gás Natural Nº Créditos 03 DEQ0372 DEQ0370 Engenharia de Processos Refino de petróleo e petroquímica 04 04 DEQ0376 DEQ0511 Introdução à Engenharia de Petróleo Termodinâmica dos processos 04 04 10 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DUFFIE, JOHN A., BECKHAM, WILLIAM A., 1991. “Solar Engineering of Thermal Processes”. 2ª Edição, J. Wiley, New York. MAGNA ANGÉLICA DOS SANTOS BEZERRA, “Desenvolvimento de um destilador solar para tratamento de águas de produção de petróleo com vistas a sua utilização na agricultura e geração de vapor”, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN, 2004. J. R. SAGLIETTI, J. F. ESCOBEDO, L. A. SILVA, “Coletor solar de polietileno – uma alternativa de baixo custo”, IB/UNESP, SP, 1997. CARLOS HENRIQUE FICHE DE CARVALHO, “Projeto de um sistema de aquecimento solar de água para pousadas”, Universidade Federal de Lavras, MG. ALEXANDRE PRATA MALUF, “Destiladores Solares no Brasil”, Universidade Federal de Lavras, MG, 2005. CLARISSA SOARES, “Tratamento de água unifamiliar através da destilação solar natural utilizando água salgada, salobra e doce contaminada”, Universidade Federal de Santa Catarina, 2004. ANTONIO VICTOR VAZ DE PINA, “Dessalinização solar no abastecimento de água para uma família no arquipélago de Cabo Verde”, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS, 2004. CARMEN ESTEBAN, JUDITH FRANCO, AMILCAR FASULO, “Distilador solar asistido con coletor solar acumulador”, Universidad Nacional de San Luis, 2000. JOAQUIM TEIXEIRA LOPES, “Dimensionamento e Análise Térmica de um Dessalinizador Solar Híbrido”, Universidade Estadual de Campinas, SP, 2004. http://www.soletrol.com.br http://www.inpe.br 11 – OUTRAS OBSERVAÇÕES PERTINENTES Este projeto apresenta a colaboração do CENPES (Centro de Pesquisa da PETROBRAS), Rio de Janeiro – RJ, Brasil; O trabalho é a continuação do projeto iniciado pelo bolsista PRH – 14 Rogério Pitanga Santos, que está concluindo a PRHfor17.rtf PROGRAMA DE RECURSOS HUMANOS DA ANP PARA O SETOR PETRÓLEO E GÁS - PRH-ANP PRH NO graduação; A água produzida utilizada está sendo concedida pela empresa PETROBRÁS. Local Data Natal ____19_/__11___/__08_____ PRHfor17.rtf