pronomes oblíquos átonos

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ANA MARIA VIÉGAS PIRES
PRONOMES OBLÍQUOS ÁTONOS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO LUÍS
NÚCLEO DE APOIO DE MOEMA
JABOTICABAL – SP
2008
ANA MARIA VIÉGAS PIRES
PRONOMES OBLÍQUOS ÁTONOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Faculdade de Educação São Luís, como
exigência parcial para a conclusão do curso de
Pós-Graduação Lato Sensu em Língua
Portuguesa, Compreensão e Interpretação de
Texto.
Orientadora: Profª. Janaína Maria Lopes Ferreira
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO LUÍS
NÚCLEO DE APOIO DE MOEMA
JABOTICABAL – SP
2008
Dedicamos
aos nossos queridos e saudosos
pais (in memoriam), que
tanto orgulho sentiram
dos filhos que tiveram,
sempre nos apoiando
e incentivando;
aos professores e
colegas de turma,
pela convivência
e dedicação.
AGRADECIMENTOS
A Deus, Criador de nossas Vidas e nosso pai celestial.
Ao
meu
querido
irmão,
Dr.
Adilson
Joaquim
Viégas Pires,
pelo
companheirismo e amor fraternais, entre nós divididos, nos momentos alegres e
difíceis de nossas vidas.
Aos professores tutores, pela imprescindível orientação, dedicação e auxílio
prestados durante nosso curso.
Em especial, queremos dedicar à Professora Janaína, pela paciência,
presteza e contribuição a nós prestados, sempre disponível, dedicada e solícita,
orientando-nos em todos os momentos de dúvidas, sem a qual este trabalho não
seria possível.
Aos colegas de Curso de pós-graduação, pela agradável convivência
.
“O que mais preocupa não é o grito dos violentos,
nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos
sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos
bons”.
Martin Luther King
RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo primordial, apresentar um estudo sobre os
casos gerais de colocação correta dos pronomes oblíquos átonos, assim como, os
casos inadmissíveis de sua colocação de acordo com a norma culta.
O intuito deste trabalho é demonstrar os erros mais comuns que costumam
ocorrer quando de seu emprego nas frases e apresentar um estudo específico que
possa dirimir eventuais dúvidas, auxiliando na sua colocação correta.
Com o intuito de satisfazer os objetivos da pesquisa, foram analisados na
literatura, aspectos gramaticais, artigos, trabalhos e livros que abordam o tema
escolhido. Foram utilizadas consultas a regras gramaticais, revistas, jornais,
petições, sites da internet e material exemplificativo, os quais trouxeram diretrizes
que tornaram possível o uso correto dos pronomes oblíquos átonos, de maneira
segura e simples.
A partir da análise realizada sobre as regras gramaticais, exemplificando-a,
teremos contribuído positivamente no sentido de desenvolver um método prático e
correto de sua colocação, em consonância à norma culta, contribuindo, deste modo,
para que se compreenda melhor a ocorrência desse processo.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................... 09
1. PRONOMES OBLÍQUOS ÁTONOS
1.1 Quadro geral demonstrativo dos pronomes pessoais............................ 10
1.2 Pronomes oblíquos átonos – algumas observações..............................
1.3 Aspectos gerais de colocação pronominal.............................................. 12
13
2. PRÓCLISE: DEFINIÇÃO:............................................................................... 15
2.1 Casos gerais e regras gramaticais
3. MESÓCLISE: DEFINIÇÃO:............................................................................. 22
3.1 Casos gerais e regras gramaticais...........................................................
4. ÊNCLISE: DEFINIÇÃO:................................................................................... 25
4.1 Casos gerais e regras gramaticais
5. COLOCAÇÃO PRONOMINAL NAS LOCUÇÕES VERBAIS E TEMPOS
COMPOSTOS......................................................................................................
5.1
Locuções Verbais..................................................................................... 29
5.1.1 Casos gerais e regras gramaticais......................................................... 30
5.2
Tempos Compostos................................................................................. 32
5.2.1 Casos gerais e regras gramaticais......................................................... 33
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 34
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 36
9
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa bibliográfica tem como objetivo primordial demonstrar nossa
preocupação com os novos rumos da língua portuguesa em todos os seus aspectos,
discorrendo inclusive, sobre a importância de suas regras que servem de material
direcionador para o uso de uma linguagem padrão, em respeito à nossa cultura e à
nossa língua nacional.
A língua portuguesa é nosso idioma oficial e, assim como a bandeira, o hino,
as armas, os selos nacionais, nossa língua merece todo o nosso respeito e
admiração, fato este que nos motivou a fazer um estudo profundo de uma das várias
partes da gramática portuguesa, especificamente no que concerne ao emprego
correto dos pronomes oblíquos átonos, que pudesse direcionar ao uso de uma
linguagem culta e padrão, em sinal de respeito à nossa cultura e à nossa linguagem,
como um dos símbolos nacionais. Os problemas que envolvem a aprendizagem
gramatical da língua portuguesa são bastante complexos, uma vez que muito
diversificada e rica em detalhes característicos. Utilizemos como exemplo, a língua
inglesa, pois, atinente a esta linguagem, podemos observar que não há conjugação
verbal, ou seja, diferentemente do que ocorre com a língua portuguesa em que o
verbo sempre deve ser conjugado de acordo com o pronome pessoal
correspondente. Isto é apenas uma exemplificação da riqueza gramatical de nossa
língua e suas peculiaridades e, uma vez que se torna impossível um estudo de toda
gramática portuguesa, devido à sua complexidade e diversificação, escolhemos uma
parte dela, de igual modo importante, para se obter o uso de uma linguagem culta e
padrão. Deve-se ter por assente que a partir de uma análise de toda a parte
gramatical que envolve o assunto “Pronomes Oblíquos Átonos”, dúvidas poderão ser
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dirimidas, exemplificadas e esclarecidas. E é esse objetivo que esta pesquisa busca.
O que é pronome oblíquo átono? Como empregá-los corretamente? Quais os
processos de sua utilização? O que é próclise? O que é mesóclise? O que é
ênclise? Verificação da parte gramatical dos respectivos empregos... Quais são os
casos inadmissíveis de suas utilizações? Pretendendo entender todo o processo
gramatical dos pronomes oblíquos átonos, objetivamos conseguir meios seguros e
práticos para sua correta colocação, inclusive, verificando erros comuns encontrados
em textos públicos, para melhor assimilação.
Para chegar aos resultados pretendidos, este trabalho organiza-se em cinco
capítulos. O primeiro apresenta um quadro geral demonstrativo dos pronomes
pessoais, com algumas observações de pronomes oblíquos átonos e aspectos
gerais de colocação pronominal. Nos demais capítulos serão apreciados as
respectivas regras gramaticais, assim como, erros de colocação verificados,
concernentes às ocorrências de próclise, mesóclise e ênclise.
1 PRONOMES OBLÍQUOS ÁTONOS
1.1 Quadro geral demonstrativo dos pronomes pessoais:
Pronomes pessoais são aqueles que substituem os nomes e representam as
pessoas do discurso.
Segundo André (1997, p. 451), é importante relembrar a posição dos
pronomes oblíquos átonos dentro do quadro geral dos pronomes pessoais:
PRONOMES PESSOAIS
as tentativas iniciais
política
do Brasil, política
catequética,
Retos de independência
Oblíquos
átonos
Oblíquos
tônicos foram
singular
1ª pessoa: eu
me
mim, comigo
decisivas para 2ª
a prática
da leitura. te
O nacionalismo e a modernização
pessoa: tu
ti, contigoderam inicio as
3ª pessoa: ele, ela
se, lhe, o, a
si, consigo
primeiras práticas de leituras, cuja formação foi altamente influenciada pela cultura
plural
1ª pessoa: nós
nos
conosco
européia. A leitura
era encarada
devos
forma diferente dos dias convosco
atuais, era reconhecida
2ª pessoa:
vós
3ª pessoa: eles, elas se, lhes, os, as
si, consigo
como uma prática necessária e quase que exclusiva dos religiosos, para os mesmos
Os pronomes átonos formam, com o verbo, um todo fonético. São
colocados, freqüentemente, após a forma verbal (ênclise); muitas vezes, antes
(próclise); mais raramente, no meio (mesóclise). Mas essa colocação não é
indiferente, pois com os pronomes átonos o verbo se alonga e o ritmo da frase
modifica-se. A correta colocação do pronome átono será sempre aquela que
provocar um ritmo agradável, característico do português.
Embora na linguagem falada a colocação dos pronomes não seja
rigorosamente seguida, algumas normas devem ser observadas, sobretudo, na
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linguagem escrita.
Dicas: Existe uma ordem de prioridade na colocação pronominal:
.Primeiro tente fazer próclise,
.Depois mesóclise e
.Em último caso ênclise
Próclise, ênclise e mesóclise são fenômenos do português que se
caracterizam pelo fato de nenhuma palavra ocorrer entre os pronomes oblíquos
átonos e o verbo. São três as posições relativas do pronome em relação ao verbo:
Próclise pronome + verbo
Exemplos:
...me observou...
...me observa...
...me observará...
...me observaria...
...me observando...
Ênclise verbo + pronome
Exemplos:
...observou-me...
...observa-me...
Mesóclise início do verbo + pronome + terminação verbal
Exemplos:
...observar-me-á...
...observar-me-ia...
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Todas as conjugações verbais permitem próclise e, com exceção do
particípio e dos tempos Futuro [fará, dirá, verá] e Futuro do Pretérito [faria, diria,
veria], permitem também ênclise. Somente os tempos Futuro e Futuro do Pretérito
permitem mesóclise.
1.2 Pronomes oblíquos átonos – algumas observações
Inicialmente insta salientar o significado da palavra átono que é = não
acentuado, sem acento tônico, o mesmo que atônico.
Para Silva (2003), os pronomes átonos (= me, te, se, o, a lhe, nos, vos, os,
as, lhes) são fracos na pronúncia. Por serem átonos, unem-se ao verbo. Não há
hífen na próclise, porque a “união” é maior na ênclise. Em razão disso, na sintaxe
lusitana a preferência é a ênclise. No Brasil, a preferência é a próclise.
Neste sentido, SACCONI (2007, pág.360), afirma que “o português falado no
Brasil guarda algumas diferenças de ordem fonética em relação ao português falado
em Portugal e em outras partes do mundo que receberam a influência da língua
desse país. Entre nós, brasileiros, a próclise tem nítida preferência, tanto na língua
falada quanto na escrita, mesmo que em início de período. Tal preferência se explica
pelos padrões fonéticos por nós utilizados”. (...) “Em Portugal, a preferência pela
ênclise faz os lusitanos construir com visível duplo sentido uma frase como esta, por
exemplo: “Os jornais chamam-nos de animais”. Os brasileiros evitam a ambigüidade,
ao construirmos: “Os jornais os chamam de animais””.
Cumpre consignar, ainda, algumas observações importantes no que toca ao
emprego correto dos pronomes oblíquos átonos:
- Em textos formais, evite começar frase por pronome átono;
- Prefira, sempre que possível, a próclise;
- Após o infinitivo, a ênclise está sempre correta;
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- A mesóclise só é possível quando o verbo está no futuro do indicativo;
- A ênclise de verbo no futuro ou no particípio está sempre errada;
- Em locuções verbais, prefira a próclise do verbo principal.
1.3 Aspectos gerais de colocação pronominal
- Os pronomes oblíquos podem desempenhar as funções de objeto direto
e/ou objeto indireto. Os pronomes oblíquos LHE e LHES desempenham a função de
objeto indireto; o(s), a(s) e formas derivadas: lo(s), la(s), no(s), na(s) exercem a
função de objeto direto. Exs.: Eu LHE disse a verdade. (lhe = objeto indireto). Eu o
encontrei. (o = objeto direto).
- Após formas verbais terminadas em r, s, z, os pronomes o(s), a(s)
assumem as formas lo(s), la(s). Exs.: Vou pegar a mala. (= Vou pegá-la). Ajudemola. (= Ajudemos + a).
- Após formas verbais terminadas em: (am), (em), (ão), (õe) os pronomes
o(s), a(s) assumem as formas no(s), na(s). Exs.: Trazem-nos. (trazem + os).
Ajudaram-na. (ajudaram + a).
- Com exceção dos pronomes oblíquos o(s), a(s), lhe(s), os demais podem
ser reflexivos. Pronomes reflexivos são os que se referem ao sujeito da oração.
Exs.: Eles feriram-se. (eles: 3ª pes. Suj.) (se: 3ª pes.). Eu me machuquei. (eu: 1ª
pes. Suj.) (me: 1ª pes.).
- Os pronomes oblíquos me, te, lhe, nos, vos podem combinar-se com o(s),
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a(s), gerando as formas: me, te, lho, no-lo, vo-lo. Ex.: Este direito, eu lho nego.
(lhe+o = lo = OD).
- Os pronomes oblíquos me, te, lhe, nos, vos podem ocorrer com valor de
possessivos. Ex.: Não lhe entendo a intenção. (lhe = sua = Não entendo a sua
intenção).
- Os pronomes eu e tu não podem vir regidos de preposição. Ex.: Nada
houve entre mim e ti. (errado: entre eu e tu)
- Os pronomes oblíquos (me, te, se, o, a, nos, vos) podem funcionar como
sujeito do infinitivo. Ex.: Deixe-me dizer isto.
- Precedidos da preposição com, os pronomes nós e vós combinam-se com
ela, exceto se vierem seguidos de outros, outras, todos (a), mesmos (as). Exemplos:
Deixaram o recado conosco. Deixaram o recado com nós mesmos.
2 PRÓCLISE
Definição: É a colocação dos pronomes oblíquos átonos antes do verbo.
2.1 Casos gerais e regras gramaticais:
Deve-se colocar o pronome átono antes do verbo, quando antes dele houver uma
palavra pertencente a um dos seguintes grupos:
- Palavras ou expressões de sentido negativo: não, nunca, ninguém, jamais,
etc..
-Ela nem se incomodou com meus problemas.
-Não se esqueça de mim. -Nunca se esqueça de mim.
-Não me deixe sozinho esta noite!
-Nunca se recuse ajudar a quem precise.
-Nem nos conte porque você fez isso.
-Nenhum deles me prestou a informação correta.
-Ninguém lhe deve nada.
-De modo algum (Em hipótese alguma) nos esqueceremos disso.
-Ninguém o apóia.
-Não me fale sobre este assunto.
-Nada me perturba.
-Ninguém se mexeu.
-De modo algum me afastarei daqui.
-Ela nem sem importou com meus problemas.
-Ninguém me ama, ninguém me quer.
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- Advérbios:
-Aqui se tem sossego, para trabalhar.
-Talvez nos seja fácil fazer esta tarefa.
-Ontem os vi no cinema.
-Aqui me agrada estar todos os dias. Agora vos contarei um conto de fadas.
-Pouco a pouco te revelarei o mistério.
-De vez em quando me pego falando sozinho.
-De súbito nos assustamos com os tiros.
-Aqui se vive.
Observações:
a - O pronome átono pode ser colocado antes ou depois do infinitivo
impessoal, se antecedendo o infinitivo vier uma das palavras ou expressões
mencionadas acima. Exemplos:
-Tudo faço para não perturbar naqueles dias difíceis; ou
-Tudo faço para não perturbá-la.
b - Caso haja pausa depois do advérbio, emprega-se ênclise.
Exemplo:
-Aqui, vive-se.
-Aqui, fala-se muito. (Aqui se fala muito)
- Pronomes Indefinidos: (tudo, nada, pouco, muito, todos, algo, nenhum,
ninguém, quanto, alguém, quem, algum, diversos, qualquer, cada qual, algum,
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quem quer que, etc.).
-Alguém me telefonou.
-Alguém me disse que você vai viajar
-Quem lhe disse essas bobagens?
-Dos vários candidatos entrevistados, alguns (diversos) nos pareceram
bastante inteligentes.
-Entre os dez pares de sapato, qualquer um me serve para ir a festa no
sábado.
-Quem quer que me traga uma flor, conquistará meu coração.
- Tudo se acaba.
- Pouco se sabe a respeito desse médico.
- Tudo me parece impossível.
-Tudo me incomoda nesse lugar.
- Pronomes e Advérbios Interrogativos:
- Que me acontecerá agora?
- Quem te convidou para sair? (pronome interrogativo)
- Por que a maltrataram? (advérbio interrogativo)
- Quanto me cobrará pela tradução?
- Pronomes Relativos: (quem, qual, que, cujo, onde, quanto).
- A pessoa que me telefonou não se identificou.
- O livro que me emprestaste é muito bom.
- Este é o senhor de quem lhe contei a vida.
- Esta é a casa da qual vos falei.
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- O ministro, cujo filho lhe causou tantos problemas, está aqui.
- Aquela rua, onde me assaltaram, foi melhor iluminada.
- Pagarei hoje tudo quanto lhe devo.
- O padre que me ajudou é doutor em filosofia.
- Tudo quanto me disseste é falso.
- Foi aquele colega quem me ensinou a matéria.
- Há pessoas que nos tratam com carinho.
- Aqui é o lugar onde te conheci.
- Pronomes Demonstrativos Neutros:
- Isso me comoveu deveras.
- Conjunções Subordinativas:
- Escrevia os nomes, conforme me lembrava deles.
- Deixarei você sair, quando me disser a verdade.
- Posso ajudar-te na obra, se me levares contigo.
- Faça todo esse trabalho, como lhe ensinei.
- Entramos no palácio, porque nos deram permissão.
- Fiquem em nossa casa, enquanto vos pareça agradável.
- Continuo a gostar de ti, embora me magoasse muito.
- Confiei neles, logo que os conheci.
- Ela não quis a blusa, embora lhe servisse.
- É necessário que o traga de volta.
- Comprarei o relógio se me for útil.
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- Frases exclamativas e/ou optativas (que exprimem desejo):
- Quantas injúrias se cometeram naquele caso!
- Deus te abençoe, meu amigo!
- Como te admiro!
- Deus o ilumine!
- Frases com preposição em + verbo no gerúndio:
- Em se tratando de gastronomia, a Itália é ótima.
- Em se estudando Literatura, não se esqueça de Carlos Drummond de
Andrade.
- Em se tratando de negócios, você precisa falar com o gerente.
- Em se pensando em descanso, pensa-se em férias.
- Frases com preposição + infinitivo flexionado:
- Ao nos posicionarmos a favor dela, ganhamos alguns inimigos.
- Ao se referirem a mim, fizeram-no com respeito.
- Havendo duas palavras atrativas, tanto o pronome poderá ficar após as duas
palavras, quanto entre elas:
- Se me não ama mais, diga-me.
- Se não me ama mais, diga-me.
- Se o verbo não estiver no início da frase, pode ocorrer próclise também,
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mesmo não havendo palavra atrativa:
- Ele se arrependeu do que fizera.
Dicas: O pronome poderá vir proclítico quando o infinitivo estiver precedido de
preposição ou palavra atrativa.
Exemplos: É preciso encontrar um meio de não o magoar. É preciso encontrar
um meio de não magoá-lo.
- Com a palavra "só" (no sentido de "apenas", "somente") e com as
conjunções coordenativas alternativas.
- Só se lembram de estudar na véspera das provas.
- Ou se diverte, ou fica em casa.
Casos de uso proibido:
- Não ocorre próclise em início de frase. Não deve ser usada no início de oração
ou período.
Ex.: O certo é Traga-me essa caneta que aí está.
e não
Me traga essa caneta.
O certo é Faz-se justiça com as próprias mãos naquele lugar.
e não
Se faz justiça com as próprias mãos naquele lugar.
O certo é Naquele lugar, faz-se justiça com as próprias mãos.
e não
Naquele lugar, se faz justiça com as próprias mãos.
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Observações:
•
Nos infinitivos há uma tendência à ênclise, mas também é possível a próclise.
A ênclise só é mesmo rigor quando o pronome tem a forma o (principalmente
no feminino a) e o infinitivo vem regido da preposição a.
Ex.: Se soubesse, não continuaria a lê-lo.
Existem determinadas palavras da língua que são consideradas "atratores"
dos pronomes pessoais oblíquos átonos pois, nos enunciados em que elas ocorrem,
esses pronomes devem ficar em posição proclítica com relação ao verbo que
complementam.
3 MESÓCLISE
Definição: É a colocação dos pronomes oblíquos átonos no meio do verbo. Usa-se
a mesóclise, quando houver verbo no Futuro do Presente ou no Futuro do
Pretérito, sem que haja palavra atrativa alguma, apesar de, mesmo sem palavra
atrativa, a próclise ser aceitável.
Exemplos:
Chamar-te-ei, quando ele chegar.
Se houver tempo, contar-vos-emos nossa aventura.
Dar-te-ia essas informações, se soubesse.
Falar-lhe-ei a teu respeito. (Falarei + lhe)
Procurar-me-iam caso precisassem de ajuda. (Procurariam + me)
Observação: Se antes dessas formas verbais houver uma palavra ou
expressão que provocam a próclise, não se empregará, conseqüentemente,
o pronome átono na posição mesoclítica.
Exemplos:
-Nada lhe direi sobre este assunto.
-Livrar-te-ei dessas tarefas, porque te daria muito trabalho.
-Tudo lhe emprestarei, pois confio em seus cuidados. ( o pronome "tudo"
exige o uso de próclise.)
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3.1 Casos gerais e regras gramaticais:
O pronome oblíquo átono será colocado entre o infinitivo e as terminações ei, ás, á,
emos, eis, ão, para o Futuro do Presente, e as terminações ia, ias, ia, íamos, íeis,
iam, para o Futuro do Pretérito. Por exemplo, o verbo queixar-se ficará conjugado
da seguinte maneira:
Futuro do Presente
Futuro do Pretérito
queixar-me-ei queixar-me-ia
queixar-te-ás queixar-te-ias
queixar-se-á
queixar-se-ia
queixar-nos-emos
queixar-nos-íamos
queixar-vos-eis
queixar-vos-íeis
queixar-se-ão queixar-se-iam
Para se conjugar qualquer outro verbo pronominal, basta-lhe trocar o
infinitivo. Por exemplo, retira-se queixar e coloca-se zangar, arrepender, suicidar,
mantendo os mesmos pronomes e desinências: zangar-me-ei, zangar-te-ás...
Lembre-se de que, quando o verbo for transitivo direto terminado em R, S
ou Z e à frente surgir o pronome O ou A, OS, AS, as terminações desaparecerão.
Por exemplo Vou cantar a música = Vou cantá-la. O mesmo ocorrerá, na formação
da mesóclise: Cantarei a música = Cantá-la-ei.
Os verbos dizer, trazer e fazer são conjugados no Futuro do Presente e no
Futuro do Pretérito, perdendo as letras ze, ficando, por exemplo, direi, dirás, traria,
faríamos. Na formação da mesóclise, ocorre o mesmo: Direi a verdade = Di-la-ei;
Farão o trabalho = Fá-lo-ão; Traríamos as apostilas = Trá-las-íamos.
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Observações:
- Se o verbo não estiver no início da frase e estiver conjugado no Futuro do
Presente ou no Futuro do Pretérito, no Brasil, tanto poderemos usar Próclise, quanto
Mesóclise. Por exemplo: Eu me queixarei de você ou Eu queixar-me-ei de você.
Os alunos se esforçarão ou Os alunos esforçar-se-ão.
- Com esses tempos verbais ( futuro do presente e futuro do pretérito) jamais
ocorre a ênclise.
- A mesóclise é colocação exclusiva da língua culta e da modalidade
literária.
4 ÊNCLISE
Definição: É a colocação dos pronomes oblíquos átonos depois do verbo. A ênclise
pode ser considerada a colocação básica do pronome, pois obedece à seqüência
verbo-complemento. Assim, o pronome surge depois do verbo.
4.1 Casos gerais e regras gramaticais:
Usa-se a ênclise, principalmente nos seguintes casos:
- Quando o verbo iniciar a oração.
- Trouxe-me as propostas já assinadas.
- Arrependi-me do que fiz a ela.
- Diga-me apenas a verdade.
- Importava-se com o sucesso do projeto.
- Falava-me suavemente.
- Disseram-me que você me ama.
- Com o verbo no imperativo afirmativo.
- Por favor, traga-me as propostas já assinadas.
- Arrependa-se, pecador!!
- Dê-me um copo d’água.
- Faça-me um favor.
Observação: Se o verbo não estiver no início da frase e não estiver conjugado no
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Futuro do Presente ou no Futuro do Pretérito, no Brasil, tanto poderemos usar
Próclise, quanto Ênclise. Por exemplo: Eu me queixei de você ou Eu queixei-me
de você. Os alunos se esforçaram ou Os alunos esforçaram-se.
- As formas verbais do infinitivo impessoal (precedido ou não da preposição
"a"), do gerúndio e do imperativo afirmativo pedem a ênclise pronominal.
- Urge obedecer-se às leis.
- Obrigou-me a dizer-lhe tudo.
- Bete pediu licença, afastando-se do grupo.
- O velho criticava a juventude, dirigindo-se aos presentes.
- Entendeu o segredo do tempo, olhando-se no espelho.
- Aqueles livros raros? Compra-os imediatamente!
- Nas orações reduzidas de Infinitivo.
- Convém confiar-lhe esta responsabilidade.
- Espero contar-lhe isto hoje à noite.
- Nas orações reduzidas de gerúndio (desde que não venham precedidas de
preposição "em".)
- A mãe adotiva ajudou a criança, dando-lhe carinho e proteção.
- O menino gritou, assustando-se com o ruído que ouvira.
- Nas orações imperativas afirmativas.
- Fale com seu irmão e avise-o do compromisso.
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- Professor, ajude-me neste exercício!
- Com verbo no infinitivo, regido da preposição a.
- Chegamos a abraçá-lo.
- “Sabe-se ele se tornará a vê-los algum dia!” (José de Alencar)
- Junto a infinitivo precedido de artigo.
- O vender-se; o queixar-se.
- Nas orações interrogativas, estando o verbo no infinitivo, embora antecedido
de palavra ou locução que obrigue a próclise.
- “Como alistar-me, se o governo não tem inimigos?”
- Por que arrepender-me?
- Como apanhá-lo?
Casos de uso proibido:
-Não se inicia um período pelo pronome átono nem a oração principal precedida de
pausa, assim como as orações coordenadas assindéticas, isto é, sem conjunções.
Exemplos:
Me contaram sua aventura em Salvador. (errado)
Contaram-me sua aventura em Salvador. (certo)
Permanecendo aqui, se corre o risco de ser assaltado. (errado)
Permanecendo aqui, corre-se o risco de ser assaltado. (certo)
Segui-o pela rua, o chamei, lhe pedi que parasse. (errado)
Segui-o pela rua, chamei-o, pedi-lhe que parasse. (certo)
Observações:
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- A ênclise não pode ser empregada com verbos no futuro e no particípio
passado.
- Tornarei-me....... (errada)
- Tinha entregado-nos..........(errada)
- Se o verbo não estiver no início da frase, nem conjugado nos tempos
Futuro do Presente ou Futuro do Pretérito, é possível usar tanto a próclise
como a ênclise.
Eu me machuquei no jogo.
Eu machuquei-me no jogo.
As crianças se esforçam para acordar cedo.
As crianças esforçam-se para acordar cedo.
5 COLOCAÇÃO PRONOMINAL NAS LOCUÇÕES VERBAIS E TEMPOS
COMPOSTOS
5.1 – Locuções verbais:
São locuções verbais perfeitas aquelas formadas de um verbo auxiliar modal
(QUERER, DEVER, SABER, PODER, ou TER DE, HAVER DE), seguido de um
verbo principal no infinitivo impessoal. Neste caso, o pronome átono pode ser
colocado antes ou depois do primeiro verbo, ou ainda depois do infinitivo.
Exemplos:
Nós lhe devemos dizer a verdade.
Nós devemos lhe dizer a verdade.
Nós devemos dizer-lhe a verdade.
Observação: No entanto, se no caso acima mencionado as locuções
verbais vierem precedidas de palavra ou expressão que exija a próclise, só duas
posições serão possíveis para empregar-se o pronome átono: antes do auxiliar ou
depois do infinitivo.
Exemplos:
Não lhe devemos dizer a verdade.
Não devemos dizer-lhe a verdade.
As locuções verbais são formadas por verbo auxiliar + infinitivo, particípio
ou gerúndio. Portanto, podem ter o verbo principal no infinitivo, no gerúndio ou no
particípio.
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5.1.1 Casos gerais e regras gramaticais:
- Verbo principal no Infinitivo ou Gerúndio:
- Sem palavra que exija a próclise:
Geralmente, emprega-se o pronome após a locução.
Por Exemplo:
Quero ajudar-lhe ao máximo.
- Com palavra que exija próclise:
O pronome pode ser colocado antes ou depois da locução.
Exemplos:
Nunca me viram cantar. (antes)
Não pretendo falar-lhe sobre negócios. (depois)
Observações:
1) Quando houver preposição entre o verbo auxiliar e o infinitivo, a
colocação do pronome será facultativa.
Por Exemplo:
Nosso filho há de encontrar-se na escolha profissional.
Nosso filho há de se encontrar na escolha profissional.
2) Com a preposição "a" e o pronome oblíquo "o" (e variações) o pronome
deverá ser colocado depois do infinitivo.
Por Exemplo:
Voltei a cumprimentá-los pela vitória na partida.
Portanto, quando o verbo principal da locução verbal estiver no infinitivo ou
no gerúndio, há, no mínimo, duas colocações pronominais possíveis:
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Em relação ao verbo auxiliar, seguem-se as mesmas regras de colocação
pronominal em tempos simples, ou seja, próclise, em qualquer circunstância (menos
em início de frase), mesóclise, com verbo no futuro e ênclise, sem atração, nem
futuro.
Em relação ao principal, deve-se colocar o pronome depois do verbo
(ênclise). Veja os exemplos:
Eles se vão esforçar
mais.
Eles não se vão esforçar
mais.
Eles se irão esforçar
mais.
Eles vão-se esforçar
mais.
-o-
Eles ir-se-ão esforçar
mais.
Eles vão esforçar-se
mais.
Eles não vão esforçar-se
mais.
Eles irão esforçar-se
mais.
- Verbo principal no Particípio:
Quando o verbo principal da locução verbal estiver no particípio, o pronome
oblíquo átono não poderá vir depois dele, só podendo ser colocado junto do verbo
auxiliar. Veja os exemplos:
Eles se têm esforçado. Eles não se têm esforçado. Eles se terão esforçado.
Eles têm-se esforçado.
-o-
Eles ter-se-ão esforçado.
-o-
-o-
-o-
Nota: Quando o pronome for colocado entre os dois verbos (ênclise no auxiliar),
teremos de usar hífen. Por exemplo: Eles vão-se esforçar mais. Há gramáticos que
julgam esse hífen desnecessário.
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Observação: Na língua falada, é comum o uso da próclise em relação ao
particípio. Veja:
Por Exemplo:
Haviam me convencido com aquela história.
Não haviam me mostrado todos os cômodos da casa.
ERROS COMUNS ENCONTRADOS:
Como fica a colocação dos pronomes oblíquos átonos em locuções
adverbiais que possuem preposição entre os verbos?
Gostaríamos que nos dessem algumas dicas e dissessem qual ou quais
destas frases são aceitáveis no padrão formal da língua em relação ao Brasil e
também em relação a Portugal, pois talvez haja diferença de um país para o outro:
1) Eu o hei de vencer.
2) Eu hei-o de vencer.
3) Eu hei de o vencer.
4) Eu hei de vencê-lo.
5) Eu o acabei de encontrar.
6) Eu acabei-o de encontrar.
7) Eu acabei de o encontrar.
8) Eu acabei de encontrá-lo.
Obs. Como se verifica, tanto se pode usar o antes do infinitivo, como -lo
depois (perdendo o verbo o -r final).
5.2 Tempos compostos:
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5.2.1 Casos gerais e regras gramaticais:
Nos tempos compostos, formados de um verbo auxiliar (TER ou HAVER)
mais um verbo principal no particípio, o pronome átono se liga ao verbo auxiliar,
nunca ao particípio, podendo ocorrer, de acordo com as regras já estudadas, a
próclise, a ênclise ou a mesóclise: Exemplos:
Os parentes o tinham prevenido.
Os presos tinham-se revoltado.
Haviam-no já declarado perdedor.
Ter-lhe-ia sido prejudicial todas as minhas confirmações?
Tinha-me envolvido sem querer com aquela garota.
Nós nos havíamos assustado com o trovão.
O advogado não lhe tinha dito a verdade.
Observação: Quando houver qualquer fator de próclise, esta será a única
posição possível do pronome átono na frase, ou seja, antes do verbo auxiliar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O interesse por este trabalho se deu com o intuito de buscar na literatura
uma forma de sintetizar os aspectos gramaticais que envolvem a correta aplicação
dos pronomes oblíquos átonos, dando os fatores e aspectos fundamentais que
contribuem para o desenvolvimento pela aprendizagem e emprego corretos, em
consonância à norma culta. Quanto ao processo de aprendizagem, é difícil ouvir
relatos que demonstrem o interesse em estudar a gramática de nossa língua
portuguesa. Ao contrário, muitos declaram o repúdio que possuem em relação a
este tipo de aprendizagem.
Cabe ao professor ter consciência da importância de motivar o aluno a
realmente querer aprender e saber a nossa língua, porque em geral o professor é
criativo e sempre dá um jeito para promover o gosto pela aprendizagem.
Como tem papel específico de ensinar formalmente, de promover situações
de aprendizagem, o professor precisa ter um conhecimento globalizante do que vai
ensinar. É necessário que conheça as regras gramaticais, os modelos e as teorias
que dão suporte ao processo de ensinar e aprender.
Na língua portuguesa, há bastante liberdade de colocação dos termos na
oração. Apesar dessa liberdade, certos princípios básicos devem ser considerados
na variedade padrão da língua, escrita ou falada.
Colocação Pronominal é parte gramatical importante que envolve esses
princípios.
A pesquisa procurou abranger uniformemente todas as questões que
envolvem este assunto, de maneira estimulante e que pudesse auxiliar nas
eventuais dúvidas, detalhando todo o ordenamento gramatical, todas as regras, de
35
modo resumido e direcionador. Foi possível constatar, através da busca de artigos
que envolvem o assunto, a importância e a necessidade de se adquirir
conhecimentos gramaticais para podermos fazer uso da linguagem de maneira
correta.
Sabe-se que a forma de falar do indivíduo é o seu cartão de visitas e tornase imprescindível saber falar corretamente, usar de uma linguagem culta ou padrão,
para causarmos boa impressão e demonstrarmos também o nosso respeito à nossa
língua oficial.
Importante salientar que a nossa gramática é um dos alicerces para a
aprendizagem e faz-se necessário o desenvolvimento de trabalhos complementares
que atendam as expectativas dos leitores.
Enfim, esse trabalho visa o estimulo, a reflexão e o despertar de novas
pesquisas que contribuam para a continuidade dos estudos em relação ao tema em
questão.
[J1] Comentário: novas
REFERÊNCIAS
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Paulo: Escala Educacional, 2007.
CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 46. ed. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 2007.
ANDRÉ, H. A. Gramática Ilustrada. 5. ed. São Paulo: Editora Moderna, 1997.
SILVA, S. N. D. O português do Dia-a-Dia. Como falar e escrever melhor. São
Paulo: Rocco, 2003.
GIACOMOZZI, G.; VALÉRIO G.; FENGA, C. R. Estudos de Gramática. São Paulo:
FTD, 1999.
PASQUALE, ULISSES. Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Editora
Scipione, 2003.
CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Português: Linguagens. São Paulo: Atual
Editora, 2002.
CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Português Linguagens. Literatura –
Produção de Texto – Gramática. 3ª. ed. São Paulo: Atual Editora, 2005.
TERRA, E. Curso Prático de Gramática. 4ª ed. São Paulo: Editora Scipione, 2002.
CAMPEDELLI, S. Y.; SOUZA, J.B. Gramática do Texto. Texto da Gramática. São
Paulo:Editora Saraiva, 2002.
GERALDI, J. W. Linguagem e Ensino. Campinas: Mercado de Letras, 1997.
SAUSSURE, F. Curso de Lingüística Geral. 30ª ed. São Paulo: Cultrix, 2005.
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