Volume 22 – número 02 – maio 2015 A Tecnologia no Tratamento do Diabetes Os Resultados do Estudo sobre uso de Bomba de Insulina no Brasil A Nova Plataforma de Ensino à Distância da SBD Palavra do Presidente Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 3 D everia existir algum item nos Estatutos da SBD que proibisse o presidente de ficar doente, ainda mais com dengue. Sempre falamos no tratamento do diabetes sobre a importância de vivenciar o que o paciente sente. A vida nos leva a situações que nos mostram o quanto isso é importante. Tenham muita paciência com seus pacientes nesse momento porque não é nada simples. Desde já, agradeço aos amigos e associados pela compreensão na minha ausência, pois foram duas semanas difíceis demais. Mas, depois do problema superado, foi a hora de retomar a lista de e-mails e tomar decisões. Aproveito para lembrar sobre os cuidados com seus pacientes com diabetes e que tenham dengue. Nossa atenção tem que ser redobrada. Mas, ter uma diretoria que entende o espírito democrático é o melhor caminho, pois foi o momento de dividir as responsabilidades. Fazendo um balanço das tarefas entre uma edição e outra da Revista, tivemos progresso em diversos campos. No segundo ano de mandato, parece que os dias e horas andam mais rápidos e a sensação que “pode não dar tempo” vai ocupando cada vez mais espaço. O Congresso da SBD se aproxima a uma velocidade enorme. Serão dezenas de reuniões, planejamento e lançamentos acontecendo, além da nossa prestação de contas do período. É um balanço tão importante para nós quanto para os associados. Em resumo, o Diabetes 2015 já começou. Sabemos que a programação científica e social está em boas mãos e, por isso, a responsabilidade do resultado está compartilhada. Tivemos diversas reuniões nos últimos dois meses, com os Departamentos e também com algumas comissões. Alinhamos alguns pontos importantes entre todos os veículos de comunicação da SBD; definimos novas estratégias para o Dia Mundial do Diabetes; criamos duas novas pesquisas dentro do site da SBD; concretizamos a parceria com a emissora de tevê, Band, e os programas semanais começaram; e estamos nos acertos finais do projeto de Educação à Distância. O encontro do Departamento de Enfermagem foi realizado e existem mais propostas para muito breve, assim como nossa preocupação em relação a ter um plano pronto para catástrofes naturais. Estamos trabalhando para deixar esse legado também. No período, realizamos o SITEC e não posso deixar de manifestar minha satisfação de ver o interesse dos participantes e do sucesso entre os jovens com a presença de 100 residentes. Foram nossos convidados. Abrir esse espaço é o caminho que a SBD quer tomar. Foi bom saber que o próximo presidente, e que é integrante da nossa diretoria, já confirmou a realização da edição 2017. Um agradecimento especial aos batalhadores que acreditaram em uma proposta ousada. Obrigado Márcio Krakauer, Denise Reis Franco, André Vianna, Luis Eduardo Calliari e Mauro Scharf. Outros projetos na área de educação, como os podcasts, estão em andamento e serão implementados em breve. Mais um canal de atualização para os profissionais de saúde. Poucos meses para tantas ideias. O tempo é curto e há muito o que fazer. Contamos com o apoio de vocês. Walter Minicucci Presidente da SBD 2014/2015 Índice Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 4 1Palavra do Presidente 3 Palavra do Editor-Chefe 4 Saúde e Ciência 6Dr. Antonio Roberto Chacra 8Sexo Fetal e Risco de Diabetes Gestacional 9A Tecnologia a Serviço do Tratamento do Diabetes 12 SBD e o Bem Estar Global: Informação para quem Mais Precisa 13 Um Guia de Alimentos para a População Brasileira e Profissionais de Saúde 16 18 20 21 22 23 24 26 28 Panorama: Uso de Bombas de Insulina no Brasil Novidades sobre o Diabetes 2015 Dia Mundial do Diabetes: Começaram os Trabalhos SBD Online: Projeto de Ensino à Distância A Medicina com Precisão Comunicados da SBD Minha Cidade: Porto Alegre Pelo Brasil Agenda Editorial motivo, nosso destaque nessa edição é o SITEC 2015 (Simpósio Internacional de Tecnologias em Diabetes). O Walter idealizou esse evento e reuniu um grupo tão apaixonado quanto ele para desenvolver o projeto e se arriscou. Deu certo. Parabéns pela ousadia. Na nossa reportagem especial serão apresentados novos termos utilizados no SITEC e possibilidades desse mundo de botões, cliques e “nuvens”. Em outra reportagem a Dra. Ana Claudia Ramalho apresenta o panorama do uso de Bombas de Insulina no Brasil. A comparação entre Brasil e Estados Unidos surpreende. Enquanto em solo americano são cerca de 600 mil diabéticos utilizando esse sistema de infusão de insulina, no Brasil o número gira em torno de 5 mil. Estamos chegando à nossa antepenúltima matéria da série Páginas Azuis. Quem participa dessa vez é Dr. Antonio Roberto Chacra, que fala sobre seu trabalho como presidente da SBD. Apresentamos também a nova Plataforma de Ensino à Distância, que está sendo desenvolvida pelo criador do site da SBD, o Dr. Laerte Damaceno. O lançamento está programado para os próximos dias. Ele nos diz como pretende atingir todo o país. Não se enganem, o nosso Congresso está mais próximo do que se possa imaginar. O tempo voa e quando notarmos já DIRETORIA BIÊNIO – 2014-2015 Presidente: Dr. Walter Minicucci; Vice-Presidentes: Dra. Hermelinda Cordeiro Pedrosa, Dr. Luiz Alberto Andreotti Turatti, Dr. Marcos Cauduro Troian, Dra. Rosane Kupfer e Dr. Ruy Lyra; primeiro secretário: Dr. Domingos Augusto Malerbi; segundo secretário: Dr. Luis Antonio de Araujo; tesoureiro: Dr. Antonio Carlos Lerário; segundo tesoureiro: Dr. Edson Perrotti dos Santos; conselho fiscal: Dr. Antonio Carlos Pires, Dra Denise Reis Franco, Dr. Levimar Rocha Araújo, Dr. Raimundo Sotero de Menezes Filho SEDE Rua Afonso Brás, 579, salas 72/74, Vila Nova Conceição, São Paulo, SP, CEP 04511-011; Email: [email protected], Site: www.diabetes.org.br; Tel.: (11) 3846-0729; Gerente: Anna Maria Ferreira; Secretária: Maria Izabel Homem de Mello e Eliana Andrade. Filiada à International Diabetes Federation. Foto: Celso Pupo S empre fui apaixonado pelas relações humanas. Desde 1971, muito jovem, prego a importância da educação dos diabéticos. Ainda hoje é uma bandeira que carrego com entusiasmo. Na primeira vez que abordei o tema em um Congresso de Endocrinologia (naquela época ainda não existiam os congressos da Sociedade Brasileira de Diabetes), eu e o tema não fomos bem-aceitos. O assunto foi considerado inútil, e eu, jovem demais. Não aceitei e insisti. Hoje me orgulho do pioneirismo. Foi como ver o futuro. E a educação se baseia fundamentalmente em relações interpessoais. Agora me preocupo com a rápida evolução da tecnologia. Estamos em um momento de descobertas e de apostar no futuro que está chegando muito rápido. Os pacientes questionam e usam palavras de um universo novo, às vezes de difícil compreensão. Precisamos estar prontos a aprender e entender novas tecnologias. Quando presidente da SBD visualizei mudanças na comunicação e investi no nosso site.Valeu a pena. O site é muito procurado e representa uma importante fonte de informação para a equipe de saúde e pacientes. A comunicação estava mudando, evoluindo e precisávamos acompanhar. Naquela época, estava comigo no projeto o nosso presidente Walter Minicucci, que lida muito bem com relações humanas e tecnologia. Por esse Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 5 será novembro. O presidente da Comissão Científica, Dr. Marcelo Bertolucci, nos relata a cada edição a evolução do Diabetes 2015. Boa sorte ao presidente Dr. Balduíno Tschiedel, que terá muito trabalho nos próximos meses. Podem contar com todo o apoio da nossa revista. Saúde para Todos Leão Zagury Editor-chefe REVISTA DA SBD Editor-chefe: Dr. Leão Zagury Presidente da SBD: Dr. Walter Minicucci Equipe de Jornalismo: DC Press Editora: Cristina Dissat – MTRJ 17518; Redação: Flávia Garcia, André Dissat, Tainá Oliveira, Patrícia Bernardo e Isabel Struckel (colaboração). Colunistas: Dr. Augusto Pimazoni e Dr. Ney Cavalcanti. Redação: Rua Haddock Lobo, 356 sala 202- Tijuca - Rio de Janeiro - RJ; Tels.: (21) 2205-0707; email: [email protected] As colunas e artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. Comercialização: AC Farmacêutica, tel.: (11) 5641-1870 e (21) 3543-0770, [email protected] Projeto gráfico: DoisC Editoração Eletrônica e Fotografia ([email protected]); Direção de Arte e Fotografia: Celso Pupo. Periodicidade: Bimestral Impressão e CTP: Melting Color Gráfica e Editora Ltda; Tiragem: 4000 exemplares. Saúde & Ciência Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 6 Estudo Sueco Relaciona Estresse e Diabetes em Crianças M 7 de Abril: Dia Mundial da Saúde H á mais de 65 anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 7 de abril como o Dia Mundial da Saúde. Desde então, a cada ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS), órgão que integra a ONU, elege um tema para ser divulgado, através de campanhas mundiais, em prol da melhoria das condições de vida da humanidade. A data coincide com o aniversário da fundação da OMS, em 1948. Para 2015, o tema escolhido foi relacionado à qualidade dos alimentos consumidos em todo o mundo: “Do campo à mesa, obtendo alimentos seguros”. No Brasil, a OMS ampliou a abordagem incentivando o consumo de alimentos seguros, a alimentação saudável e a prática de atividades físicas, tendo em vista que alimentos não seguros geram um ciclo vicioso de doença e desnutrição, que afetam, particularmente, os mais vulneráveis (crianças, idosos e doentes). “Os alimentos saudáveis são a chave para uma boa saúde. Por outro lado, os não seguros – contendo bactérias, vírus, parasitas ou substâncias químicas – são a causa de mais de 200 doenças. Esses problemas prejudicam a produtividade, sobrecarregam o sistema de saúde pública e reduzem os ganhos econômicos, além de impedirem o desenvolvimento socio- econômico, prejudicando as economias nacionais, turismo e comércio”, segundo representantes da Organização. Em comunicado oficial, a agência da ONU afirmou que “a segurança alimentar e a boa nutrição são indissociáveis. O consumo inadequado de determinados tipos de alimentos ou ingredientes, como excesso de sal, açúcar e gorduras, podem levar a ocorrência de algumas doenças crônicas, como o diabetes e a hipertensão. Paralelamente, a prática de atividades físicas também é essencial para a boa qualidade de vida de qualquer indivíduo”. Para marcar a data no Brasil, o Ministério da Saúde lançou o livro “Alimentos Regionais Brasileiros”, com comidas típicas de cada região e dicas de como cozinhar com mais saúde. Com a publicação, o MS pretende estimular a população para o consumo saudável, reduzindo a obesidade, diabetes, hipertensão e outras doenças. Em sua página na internet, o Ministério também divulgou dados do consumo de frutas e hortaliças nas regiões do Brasil. Segundo a OMS, a ingestão necessária é de pelo menos 400 gramas desses alimentos diariamente. Uma avaliação do documento foi feita nesta edição, pelo Departamento de Nutrição da SBD. n ais de 10 mil famílias do sul da Suécia participaram de uma pesquisa publicada na revista Diabetology, da EASD (European Association for the Study of Diabetes). Após reunirem as respostas dos questionários, preenchidos pelos responsáveis das famílias, os pesquisadores concluíram que as crianças sujeitas a situações estressantes como divórcios, conflitos conjugais, mortes etc., apresentam maior probabilidade de desenvolver diabetes tipo 1. O estudo sugere que situações de estresse causariam uma pane na produção da insulina, propiciando o desenvolvimento do DM1. Mesmo após avaliarem outros fatores de risco, as crianças até 14 anos com registro de experiências traumáticas apresentaram risco três vezes maior do que as que não passaram por eventos estressantes no cotidiano. Os autores sugerem que isso tenha ocorrido devido ao estresse das células beta do pâncreas. “Desta forma, a experiência traumática para a criança poderia contribuir para o estresse da célula beta, por meio do aumento da resistência à insulina, assim como o crescimento da demanda por causa da resposta psicológica ao estresse, incluindo níveis elevados do hormônio do estresse, o cortisol.” Segundo os pesquisadores, é muito difícil evitar eventos estressantes, mas as crianças e seus pais devem ter acompanhamento adequado para lidar com esses problemas e suas consequências, o que pode incluir também ajuda médica. n Estudo Desvenda Dados sobre Obesidade no Vigitel 2014 como Exercícios O Ministério da Saúde divulgou em abril os dados do Vigitel 2014 – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico. A apresentação dos dados foi feita, em coletiva online e presencial, por Deborah Malta, diretora do Departamento de Vigilância de Agravos e Doenças Não Transmissíveis, e os comentários aos jornalistas com o Ministro da Saúde, Arthur Chioro. Foram realizadas 40.853 entrevistas com adultos com mais de 18 anos, residentes em 26 estados brasileiros e o Distrito Federal. A pesquisa aconteceu entre fevereiro e dezembro de 2014. O documento tem 37 páginas, nas quais foi observado o crescimento da obesidade. São 52,5% dos brasileiros acima do peso (em 2006 eram 43%). As doenças crônicas respondem por 72% dos óbitos no país. n Protegem o Pâncreas U ma pesquisa realizada na Unicamp, cujos resultados foram publicados no The FASEB Journal e na Nature Reviews Endocrinology, mostrou que a interleucina 6 (IL-6), substância secretada pelos hormônios com a prática de exercícios físicos, aumenta a sobrevivência das células pancreáticas produtoras de insulina em pacientes com diabetes tipo 1. Segundo o Dr. Claudio Cesar Zoppi, pesquisador do Laboratório de Pâncreas Endócrino e Metabolismo do Departamento de Biologia Estrutural e Funcional da Unicamp, a descoberta abre caminho para o desenvolvimento de drogas que simulem a ação do IL-6 no pâncreas. O estudo consistiu em experimentos realizados em camundongos saudáveis, submetidos a um programa de treinamento físico de resistência. Após dois meses, foram coletadas amostras de ilhotas pancreáticas e analisadas. Em seguida, foi simulado, in vitro, o ataque autoimune semelhante ao dos pacientes com DM1. “As ilhotas dos camundongos treinados apresentaram taxa de mortalidade 50% menor que as dos camundongos sedentários, pertencentes ao grupo controle.” n Novo Dispositivo para Detectar DM2 Está em Teste O Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia do Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo (IFSC/USP), desenvolveu um novo sistema de diagnóstico de diabetes, tendo como base a detecção do hormônio adiponectina. Isto porque, segundo a aluna de doutorado Laís Canniatti Brazaca, “quando o organismo começa a produzir menos esse hormônio, há uma relação com o aparecimento de diabetes tipo 2 com a idade. Obviamente não são todos os casos em que a diminuição da adiponectina leva ao diabetes, mas há uma correlação. Sabendo que há uma disfunção hormonal, a pessoa pode até pensar em uma mudança de hábitos alimentares e de vida, que podem evitar ou postergar o aparecimento da doença”. A pesquisadora afirma que o método é semelhante ao já conhecido e utilizado “Enzyme-linked immunosorbent assay” (ELISA), sendo que de menor custo e, assim, mais acessível. O sistema do IFSC/USP é composto por um biossensor descartável e um pequeno eletrodo. Segundo o Instituto, exames feitos no laboratório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP com o novo sistema obtiveram resultados parecidos aos feitos com o método tradicional ELISA. A ideia é que o novo dispositivo seja utilizado para exames complementares. Após o desenvolvimento dessa tecnologia, o grupo espera encontrar empresas interessadas em produzir o aparelho e comercializá-lo. n Na edição digital da Revista Diabetes os leitores podem acessar os links dos estudos apresentados na coluna Saúde & Ciência. Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 7 Páginas Azuis Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 6 Dr. Antonio Roberto Chacra N o final dos anos 80 começavam a surgir diversos jornais de entidades médicas no Brasil. Logo depois, no início dos 90, o Dr. Antonio Roberto Chacra traçava as primeiras estratégias para a realização do Congresso Brasileiro de Diabetes, em 1993. Mas de que forma as duas questões se relacionam? Observando essa movimentação, o Dr. Chacra optou por criar um jornal para divulgar o andamento do evento. O Jornal do Congresso circulou durante todo o ano e em 1994 passaria a ser o Jornal da SBD, que anos depois se transformou na Revista Diabetes, que você está folheando agora. Os anos 90 foram de grandes mudanças na entidade, quando a SBD passaria a ter um endereço próprio, novos projetos, aproximação com o Ministério da Saúde e ampliação dos contatos internacionais, a partir do trabalho junto a entidades como a International Diabetes Federation e a Associação Latino-Americana de Diabetes. Assim como a primeira entrevista do ex-presidente em 1992, ainda no momento da elaboração do projeto do Jornal do Congresso, a reportagem da Revista Diabetes foi ao consultório do Dr. Chacra, em São Paulo, para uma retrospectiva do trabalho como presidente, sobre como o diabetes entrou na vida do especialista e como avalia a SBD no cenário atual do país. Revista Diabetes: Como a endocrinologia e o diabetes entraram na sua vida? Dr. Chacra: Sempre tive a certeza de que faria Endocrinologia. Nem queria me dedicar demais aos estudos antes da especialização porque queria mergulhar nesse mundo no momento certo. Desde criança, meu objetivo era fazer medicina. Foi uma escolha de vida e nunca me arrependi. Fiz o vestibular em São Paulo e no Rio na mesma época e fui aprovado para a Universidade do Brasil, hoje UFRJ. Era um sonho saber que estaria no Rio de Janeiro. Comecei as aulas lá e até passei pelo trote no primeiro dia de faculdade. Estava feliz. Entretanto, alguns dias depois, soube que havia sido aprovado também para a Escola Paulista. A influência dos meus pais e a pressão em continuar em São Paulo foram mais fortes. Troquei Copacabana pela Vila Clementino. Gostei muito de me formar na Escola Paulista. Fiz a Residência em Endocrinologia e o diabetes surgiria quando cursei a disciplina, criada pelos professores Thales Martins e Ribeiro do Valle. Era uma época de muita experimentação. Ao me formar, voltei ao Rio e fui ao IEDE, pois pretendia cursar a especialização lá, mas fiquei em São Paulo novamente. Os amigos resolveram brincar com essa minha determinação em virar carioca e até ganhei o apelido de Duque de Moncorvo, por causa do IEDE, tal era a minha vontade de estar no Rio. Estudei em São Paulo e fui o primeiro residente em Endocrinologia na Escola Paulista. Terminei, me casei e viajei para a Universidade do Texas, nos Estados Unidos, onde fiquei de 1972 a 1975. Passei a estudar mais o diabetes por lá, trabalhando em pesquisa com radioi- munoensaio de insulina e defendi minha tese de doutorado – “Contribuição à hipótese de insuficiência de células beta como lesão primária do diabetes”. Ao voltar, o interesse no diabetes só foi aumentando. Fui Professor Titular de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, o mais jovem da Universidade. Fui, então, o presidente do Congresso de Diabetes. Meu envolvimento continuou quando assumi a presidência da SBD e, depois, da Associação LatinoAme­ricana de Diabetes. Revista Diabetes: Como foi a sua eleição naquela época? Dr. Chacra: Antes da eleição na SBD, fui presidente da SBEM São Paulo, editor dos Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia e aí me tornei presidente da SBD. Não havia uma sede e a presidência, pelo estatuto, se revezava entre Rio e São Paulo. Essa alternância acontecia porque os fundadores eram destes estados. Anos depois da fundação, a entidade passou a ter representações em outras federações. Foi quando Thomaz Cruz (BA) assumiu a presidência. Passamos a ter uma representatividade mais justa. A assembleia foi realizada com chapa única e fui eleito. Assim como observamos hoje, as conversas e decisões vão acontecendo ao longo dos meses até a hora da votação e indicação. Assumi a presidência da SBD em 1994. Revista Diabetes: Como era ser presidente da SBD e como é hoje? Dr. Chacra: Na época que fui presidente Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 97 presidente. O contato a nível internacional também foi importante, através de um trabalho em parceria com a IDF e uma presença maior nos congressos fora do país. Página ao lado: Momento importante durante a presidência do Dr. Chacra. Encontro no Ministério da Saúde, em Brasília, com a presença do Dr. Procópio do Valle, um dos fundadores da SBD. tínhamos que provar que éramos capazes de produzir e muito. Havia uma pressão para fazer, fazer e fazer, pois eram poucas ações desenvolvidas. Atualmente temos mais estabilidade. Lógico que, com o porte atual da entidade, tudo é mais complexo, com mais tarefas e decisões políticas internas também. Temos mais sócios, mas a estrutura é melhor. Não temos que recriar a roda. Estamos bem estabelecidos. A SBD vem evoluindo muito, conquistando mais espaço. Hoje temos uma área grande de comunicação e o alcance das ações é muito maior. Revista Diabetes: O que mais marcou sua gestão como presidente da SBD? Dr. Chacra: Um dos pontos mais importantes, na minha opinião, é que naquela época, precisávamos de uma sede. Imaginem uma Sociedade Médica que não tem um endereço fixo? Entidades internacionais queriam entrar em contato conosco, e sem a facilidade da comunicação por e-mail, como temos hoje, era difícil. Precisávamos de um endereço, urgente. Foi quando ocupamos uma sala na Avenida Paulista, junto com a ABD (Associação Brasileira dos Diabéticos), que depois ficou inativa. Essa foi uma decisão importante na minha gestão. Ainda destaco a criação do Jornal da SBD e ampliação no número de sócios. Estruturamos melhor a SBD e, nas palavras de Procópio do Valle, a entidade passou a existir de forma mais consistente. Torná-la uma Sociedade foi minha maior contribuição como Revista Diabetes: O que era a SBD na sua época e como a vê hoje? Dr. Chacra: Temos uma entidade bem estruturada, com vários projetos, com departamentos e sendo solicitada para orientações na área de saúde. A comunicação aumentou muito. Temos maior respeito e um trabalho sólido com a endocrinologia. A SBD se transformou, hoje, em uma fonte de consulta para a imprensa, esclarecendo melhor a informação ao público. Haja vista que quando surge uma notícia de impacto relativo ao diabetes, a primeira consulta é feita à SBD. A Sociedade tem uma forte representatividade atualmente. Revista Diabetes: Qual é a importância da SBD no tratamento do diabetes? Dr. Chacra: Já estivemos presentes em reuniões com o Ministério da Saúde, desde a época de Adib Jatene, em nome da SBD. Lembro, inclusive, de uma audiência com Serra, em Brasília. Ele percebeu a força do diabetes quando entendeu que para cada diabético, quatro pessoas próximas estavam envolvidas. Era só fazer as contas para entender o tamanho do problema no país. Tivemos uma campanha de diabetes, mas muito cara. Foram gastos 40 milhões de dólares na compra de glicosímetros, que chegavam aos postos e ninguém sabia como usar. Com ¼ dessa verba poderiam ter construído locais de atendimento simples para os pacientes que precisam de informação para controlar a doença. Essa visão de trabalho junto aos gestores foi continuada e tivemos, recentemente, o Balduíno Tschiedel viajando para várias cidades, assim como o Jorge Gross e o trabalho da Adriana Costa e Forti, Leão Zagury, Hermelinda Pedrosa e Laurenice Pereira Lima. Cada Sociedade pressiona como pode porque só assim será possível conseguir algo para os pacientes. Também temos uma ampla divulgação de informação junto ao público leigo e vários projetos de atualização para os profissionais de saúde. Revista Diabetes: Como foi ser presidente da SBD? Dr. Chacra: Obviamente, foi uma sensação muito boa. Sentimos orgulho ao ser presidente de uma Sociedade Médica, mas a responsabilidade também é enorme. Vivi um momento com muitas atividades simultâneas, além da SBD, mas esse cargo foi o mais importante. Revista Diabetes: Que mensagem deixa aos colegas de Sociedade Dr. Chacra: É preciso prestigiar cada vez mais o associado, pois essa é uma forma de ajudar a entidade. É preciso sentir orgulho de estar ligado à SBD, incluindo no currículo “sou sócio” como um item importantíssimo. Essa é uma forma de ajudar a entidade. Foi um prazer reviver esses momentos e compartilhar com vocês. n Atualidades 8 Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 Dr. Augusto Pimazoni Netto CREMESP: 11.970 Coordenador do Grupo de Educação e Controle do Diabetes do Hospital do Rim e Hipertensão da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP Sexo Fetal e Risco de Diabetes Gestacional Referência bibliográfica Retnakaran R, Kramer CK, Ye C et al. Fetal Sex and Maternal Risk of Gestational Diabetes Mellitus: The Impact of Having a Boy. Diabetes Care 2015. Published online before print February 18, 2015. DOI: 10.2337/dc14-2551. Foto: Dima Sidelnikov U ma análise retrospectiva de bases de dados perinatais apontou para uma intrigante possibilidade de um risco aumentado de diabetes gestacional em mulheres com fetos masculinos, mas tal associação ainda permanece nebulosa e sem comprovação efetiva. O objetivo desse estudo foi o de avaliar a relação entre o sexo fetal e o metabolismo materno de glicose num corte bem caracterizado de mulheres refletindo o espectro total de tolerância gestacional à glicose, desde as situações normais até às discretamente anormais e, mesmo, características do diabetes gestacional. A população do estudo incluiu 1.074 mulheres grávidas submetidas à caracterização metabólica, incluindo o teste oral de tolerância à glicose (TOTG) quando a gestação atingia 29,5 semanas. A prevalência de diabetes gestacional e dos determinantes fisiopatológicos (como a função da célula beta e a sensibilidade ou resistência à insulina) e seus fatores clínicos de risco foram comparados entre mulheres grávidas de fetos femininos (n = 534) e fetos masculinos (n = 540). Os resultados mostraram que as mulheres gestantes de fetos masculinos apresentavam uma redução da função de células beta e um nível médio mais elevado de glicemia durante o TOTG, em comparação com gestantes de meninos. Além disso, as mulheres grávidas de fetos masculinos apresentavam um risco aumentado de desenvolvimento de diabetes gestacional da ordem de 39%. Os autores concluíram que a gestação de fetos masculinos está realmente associada a uma função mais comprometida das células beta, além de hiperglicemia pós-prandial e de um risco aumentado de diabetes gestacional na mãe. Ou seja, o sexo fetal pode potencialmente influenciar o metabolismo materno de glicose na gravidez. n Evento A Tecnologia a Serviço do Tratamento do Diabetes Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 9 Dr. Vitor Asseituno Morais — É preciso saber manipular a tecnologia e criar novas alternativas. Seja na produção de conteúdo na prática médica, seja na prática médica, seja na educação médica. Denise Reis Franco — No fim, tudo o que queremos é melhorar a vida de quem tem diabetes. A roda está aí para ser reinventada. Por Cris Dissat S erá que o uso das novas tecnologias ainda assusta os profissionais de saúde? Ou seria o receio do desconhecido que mantém as novidades a certa distância? Para auxiliar no entendimento do novo universo digital no tratamento e acompanhamento do diabetes, a SBD realizou, em São Paulo, o I Simpósio Internacional de Tecnologia em Diabetes, entre os dias 12 e 14 de março – SITEC 2014. Foram cerca de 500 participantes que permaneceram dentro da plenária durante todo o período do evento. Pela interação do público, que foi além das perguntas ao final de cada apresentação, o momento é de mudanças e um grande número de profissionais está pronto a aprender ou entender mais essa área. O maior sinal da aprovação da atividade é que o próximo evento já está confirmado, para 2017, pela nova diretoria da SBD, que assumirá em 2016. Entre os participantes estavam as mais variadas áreas de atuação e, também, 100 residentes de alguns dos principais Serviços de Endocrinologia do Brasil, convidados pela SBD. Dr. Reginaldo Albuquerque — Acho que o movimento de apavoramento está diminuindo. As pessoas estão espantadas para saber até onde vamos. Cintia Minatel Ribeiro, de Brotas, com residência na Unicamp — Ainda existe uma resistência natural. É muita tecnologia nova e muita informação ao mesmo tempo, mas muito válida no tratamento. Vanessa de Fátima, Salvador, com residência na Unicamp — O grande desafio do médico é decidir sobre o que é malefício e benefício para tomar a decisão que possa acrescentar pontos positivos ao tratamento. André Vianna — Um evento assim é encorajador e torna o médico mais aberto a receber mais informações. Estão mais interessados do que há alguns anos atrás. Luis Eduardo Calliari — O médico precisa compartilhar com o paciente que é uma novidade. Com isso, você ganha a confiança do paciente e encontra nele um aliado no tratamento. Ponto de Partida – Um dos primeiros si- nais de que havia espaço para um debate com essa temática foi a realização do ATTD-LA (Advanced Technologies & Treatments for Diabetes), em 2012, no Rio de Janeiro. Na ocasião, o Dr. Walter Minicucci foi um dos organizadores e observou a necessidade de criar um evento promovido pela SBD. Em 2014, ele reu- Mauro Scharf — Grupos de discussão online e troca de informações sobre relatos de problemas fazem parte do nosso dia a dia. Dr. Thomas Danne (Alemanha) —Nosso trabalho vai mudar, mas não vai morrer. Dr. Ralph Ziegler (Alemanha) — Alguém lá em cima nos fez complicados. Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 10 niu uma equipe apaixonada pelas novas tecnologias para planejar o evento dentro das necessidades dos profissionais brasileiros. O grupo, formado pelos doutores Márcio Krakauer, Denise Reis Franco, André Vianna, Luis Eduardo Calliari e Mauro Scharf, é profundo conhecedor da área e está atento a todas as novidades e pesquisas mundiais. Com essa visão, o programa abrangeu alguns dos temas que mais despertam interesse como o uso de bomba de infusão de insulina, novos equipamentos, as pesquisas com o pâncreas artificial, novos glicosímetros, controle da glicemia via CGMS, a resposta do organismo durante a atividade física e o DREAM Project, entre outros. Para que os presentes mergulhassem em um novo ambiente, os organizadores ainda incluíram tópicos como a Internet das Coisas, novos consultórios digitais e a relação entre médico e paciente. Os debates provocaram uma reflexão de como as descobertas estão impactando o tratamento de milhões de pacientes com diabetes, seus familiares e os profissionais de saúde em todo o mundo. “A tecnologia em diabetes tem uma longa jornada desde que o primeiro medidor de glicose surgiu. Agora, estamos vivendo o surgimento do pâncreas artificial. É preciso acompanhar a evolução que está batendo a nossa porta. Ao término, ficamos mais ricos em informação para melhorar ainda mais o tratamento do diabetes”, comentou o presidente da SBD, Dr. Walter Minicucci. Mais Perto do que se Imagina – Não só os novos termos técnicos no tratamento do diabetes fizeram parte da programação. Nomes como Steve Jobs, Gutemberg e Pierre Levy foram mencionados pelo Dr. Reginaldo Albuquerque ao falar sobre a “Internet das Coisas”. O endocrinologista foi editor do site da SBD e é o atual consultor da Universidade do SUS, na Fiocruz. Entre os questionamentos feitos está a concentração do poder e da informação. “Estamos impedindo que os pacientes tenham conhecimento. Eles, cada vez mais, chegam aos nossos consultórios para uma segunda opinião e não para o diagnóstico. A primeira foi dada pelo Google. Nós não somos os detentores do conhecimento e esse conceito acabará em breve. Precisamos estar preparados para uma nova fase.” Na área de saúde, a Internet das Coisas faz a ligação entre sensores conectados que transmitem dados para auxiliar no tratamento e pesquisa em diversas áreas. O Dr. Reginaldo mencionou utensílios domésticos que identificariam doenças, assim como equipamentos que monitoram o consumo de medicamentos. A evolução dos smartphones foi um dos passos decisivos para o surgimento de uma série de equipamentos, segundo o especialista. “O conhecimento está cabendo no bolso de cada um de nós.” Quando outra palestra começou, o conferencista indagou aos participantes quem estaria com o celular longe do alcance das mãos. Em uma sala com mais de 500 pessoas, apenas cinco se “denunciaram”. O celular continua ligado, sendo usado para fotografar slides, acessar e-mails e redes sociais. O Dr. Vitor Asseituno Morais, conselheiro da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde, mostrou que mesmo quem tem resistência aos avanços está inserido na tecnologia sem perceber. O médico sinalizou também que a Medicina caminha para um novo formato, assim como surge um novo profissional e um mercado de trabalho para o médico. “Em um Manual do Profissional, desenvolvido há cerca de cinco anos, foram listadas as habilidades necessárias para a carreira médica. Entre elas está a tecnologia. Meus colegas de faculdades estão desenvolvendo aplicativos, sendo que um deles foi top 10 de venda na Apple Store. Hoje em dia já receitamos aplicativos”, comentou. Ele admite que as ferramentas digitais não solucionam todos os problemas, mas podem ser usadas de forma correta para a pessoa correta, com resultados excelentes. “Por que não podemos contar com a tecnologia na aproximação entre médico e paciente? Não podemos ter resultados positivos na aderência do paciente ao tratamento?” Ele lembra que as Universidades precisam estar preparadas para formar um novo profissional. “As coisas não são mais como eram e isso não vai mudar mais. Será necessário ampliar os horizontes para saber lidar com as novas demandas.” Pâncreas Artificial – Saber em que estágio estão as pesquisas sobre o Pâncreas Artificial foi um dos momentos aguardados pelos participantes. A apresentação, feita pelo Dr. Thomas Danne (Children’s Hospital “Auf der Bult”, Hannover Medical School, Alemanha), mostrou o DREAM Project (Diabetes Research, Education, and Action for Minorities), formado por representantes da Alemanha, Israel e Eslovênia. O Pâncreas Artificial é formado por um sensor de glicose subcutâneo off-the-shelf, que monitora o nível de glicose, uma bomba de insulina e um controlador, que é o cérebro do aparelho. O Dr. Thomas Danne mencionou que o equipamento ainda é grande – atualmente, tem o tamanho de um tablet –, mas o objetivo é chegar ao formato de um smartphone. O DREAM 4 está com 24 pacientes e o último teste foi feito em Israel, onde é mais fácil obter a aprovação da pesquisa. O Dr. Márcio Krakauer explica que o estudo já tem mais de 10 anos. “As experiências apresentadas no SITEC foram feitas em um acampamento, onde todos os notebooks, que estavam com os adolescentes, se comunicavam com uma central – ligados via cabo – cujas informações eram repassadas aos médicos via wifi.” Um vídeo mostrou momentos dos adolescentes e da equipe médica no acampamento onde foram feitos testes. Segundo o Dr. Krakauer, o objetivo final é que os aparelhos trabalhem sozinhos, independente do ser humano. A jornada é longa, como disse o Dr. Minicucci, mas o pâncreas artificial chegou e “está batendo à nossa porta”. Palestrantes: Ana Cláudia Ramalho (Bahia), Ana Maria Gomez (Venezuela), André Vianna (Paraná), Denise Reis Franco (São Paulo), Francine Kaufmann (Estados Unidos), Freddy Eliaschewitz (São Paulo), Jared Watkin (Estados Unidos), Karla Melo (São Paulo), Larry Hirsch (Estados Unidos), Luis Eduardo Calliari (São Paulo), Márcio Krakauer (São Paulo), Mauro Scharf (Paraná), Neal David Kaufman (Estados Unidos), Patricia Medici Dualib (São Paulo), Ralph Ziegler (Estados Unidos), Reginaldo Albuquerque (Brasília), Rodrigo Lamounier (Minas Gerais), Roger Mazze (Estados Unidos), Thomas Danne (Alemanha) e Vitor Asseituno Morais (São Paulo). e 5 mil pacientes. Veja, também nesta edição, uma reportagem com dados da pesquisa sobre uso de Bomba de Infusão de Insulina no Brasil, realizada pela Dra. Ana Claudia Ramalho e a SBD. Avanços dos Equipamentos no Tratamento – Mesmo conhecendo a história, os participantes se surpreenderam ao ouvir o depoimento do Dr. Larry Hirsch, que é médico e tem diabetes. Ele mostrou a imagem da pedra para afiar a agulha de insulina que usava no início do seu tratamento. O médico, que usa insulina há 57 anos, colocou a situação de uma forma direta: “Era muito simples. Ou tomava insulina ou morria.” Ao longo da vida, foram 80.500 injeções de insulina. Ele aposta, atualmente, nas novas tecnologias para um tratamento bem menos doloroso. Os participantes puderam acompanhar demonstrações de novos equipamentos para o monitoramento do diabetes, entre eles, o Freestyle Libre, da Abbott (até o momento não disponível para venda no Brasil). Trata-se de um sensor, com duração de 14 dias, que faz os testes de glicemia sem a necessidade de furar o dedo. Usa a tecnologia bluetooth de transmissão de dados para o glicosímetro. O sensor é colocado no antebraço e o resultado é apresentado no monitor de glicemia em tempo real. É composto por um aplicador, um sensor e glicosímetro. O FreeStyle Libre não tem alarmes de hipo ou hiperglicemia, o que significa que é preciso atenção para quedas da glicemia. Outro equipamento apresentado foi o Accucheck Online, da Roche. A plataforma integra Monitor Accu-Check Perfoma Connect, com tecnologia bluetooth; aplicativo Accu-Check Connect, com compartilhamento automático dos dados para “nuvem” (armazenamento digital); e o computador. Da mesma forma que seu celular envia as fotos automaticamente para a “nuvem”, o processo de armazenamento automático dos dados ocorre sem ne- cessidade de intervenção. Entre as vantagens está a checagem de informações e relatórios de qualquer computador ou dispositivo móvel, assim como você checa seus e-mails de qualquer lugar. Além dos relatórios, podem ser incluídas fotos das refeições para uma avaliação dos valores utilizados. Também é possível compartilhar informações imediatamente com médicos ou cuidadores. A plataforma é um avanço do Accucheck 360, sem necessidade de instalação nos computadores pessoais. As novas Bombas de Infusão de Insulina, outro tema de interesse dos profissionais de saúde, foram apresentadas, como o Sistema MiniMed Paradigm Veo, da MedTronic, com monitorização contínua de glicose e suspensão automática em caso de hipoglicemia. A Dra. Francine Kaufman, uma das maiores especialistas mundiais em uso de Bomba de Infusão de Insulina, falou sobre o novo sistema preditivo de hipoglicemia (Predective Low Glucose Mangment). O alarme para hipo não é novidade, mas sim a capacidade de suspender a liberação de insulina. O equipamento tem um algoritmo que faz uma previsão do que irá acontecer meia hora antes. É composto por um sistema integrado de monitorização contínua que pode ser ativado ou desativado, dependendo das necessidades do paciente. A Paradigma Veo mostra os valores de glicose continuamente e armazena todas as informações para tomar a decisão de suspender a liberação da insulina (Low Glucose Suspend ou LGS), mesmo no período em que o paciente está dormindo. Alguns dados surpreenderam. Nos Estados Unidos, cerca de 600 mil pessoas estão em uso de bomba, enquanto no Brasil os números ficam entre 4 O que Fazer com Tantos Dados? – O médico da WHO Collaborating Center for Diabetes Education, Dr. Roger Mazze, explica que é preciso entender como o organismo responde e se os resultados clínicos funcionam. “Sem os dados não podemos responder a diversas perguntas. Dependemos deles para tomar uma atitude em relação ao tratamento, a um erro ou acerto. Precisamos, também, de dados confiáveis para obter êxito.” Em relação aos atletas, a interpretação das informações é fundamental. O Dr. Rodrigo Lamounier apresentou diversos casos e exemplificou, com gráficos do CGMS (Continuous Glucose Monitoring System), como realizar ajustes mais finos para cada tipo de prova na área esportiva. “Nosso papel é de facilitador. Temos que decidir, junto com o paciente, a partir dos dados, qual a melhor opção a seguir. Precisamos dividir o conhecimento, ensinando e aprendendo com ele. A tecnologia, ao contrário do que muitos dizem, torna a conversa entre médico e paciente muito mais longa, além de uma maior cumplicidade.” O Dr. Rodrigo, que é diretor clínico do Centro de Diabetes de Belo Horizonte, mostrou resultados de monitoramento da Volta da Pampulha, entre outras provas. A partir das análises, diversas orientações foram feitas aos atletas, desde a escolha de uma variedade de carbohidratos a serem consumidos durante as provas, até o local ideal onde colocar o sensor (no antebraço). Repercussão – Diversas reportagens com abordagens diferentes já foram produzidas com os resultados do SITEC 2015. Além da matéria específica sobre a pesquisa de bomba de insulina no Brasil, outros desdobramentos vão surgindo. A troca de informações foi enorme e, ao invés da plateia ficar apreensiva, foi a curiosidade o maior sentimento entre os participantes. Entre os comentários durante o evento, muitos profissionais de saúde disseram que estariam revendo seus conceitos e medos do que julgavam desconhecido. n Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 11 Para o Público Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 12 SBD e o Bem Estar Global: Informação para quem Mais Precisa O Bem Estar Global é um projeto realizado pela Rede Globo, que tem como objetivo oferecer diversos serviços relacionados à saúde, gratuitamente, para a população. Neste início de ano, a emissora trabalhou em conjunto com a SBD para incluir o diabetes entre os temas de duas ações nos estados de Minas Gerais e Pará, através das respectivas Regionais, assim como os respectivos representantes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Quase Mil Atendimentos – Em Belo Horizonte, a atividade aconteceu na Barragem Santa Lúcia, no Parque Jornalista Eduardo Curi, dia 27 de março, das 8h às 17h, com profissionais de saúde e médicos da SBD informando o público sobre o diabetes, realizando testes de glicemia e exames oftalmológicos, para constatar se as pessoas eram ou não portadores da doença e se estão se cuidando da forma correta. Foram feitos cerca de 950 atendimentos por 25 voluntários, entre médicos, estudantes de medicina, fisioterapeutas e nutricionistas. O evento foi coordenado pela Dra. Adriana Bosco, presidente da SBD Regional MG, que estava animada com os resultados obtidos na atividade. “Acho fundamental que as mídias reconheçam a importância das Sociedades Brasileiras de especialidades e as utilizem, cada vez mais, como consultoras, para que possam veicular informações seguras e corretas para a população.” Segundo a Dra. Adriana, a Rede Globo realiza essas ações em vários estados, solicitando parcerias com as Sociedades Médicas locais. “No caso da SBD MG, eles entraram em contato conosco assim como a SBEM e entidades de várias outras especialidades, propondo que organizássemos uma programação de interesse da população.” Durante a atividade foram organizados dois grupos diferentes: o de pessoas em risco para desenvolver o diabetes e os indivíduos que já portavam a doença, para serem atendidos de formas diferentes. “Sabemos que sem informação não há educação nem para a prevenção nem para o controle de determinada doença. Temos que aproveitar esse tipo de evento para transmitir o máximo de conhecimento possível e atingir o maior número de pessoas”, explicou Dra. Adriana. Para a médica fornecer informação de qualidade a uma população que tem pouco acesso, ou quase nenhum, pode evitar complicações e uma melhoria da qualidade de vida. “Tudo que pode fazer a diferença na vida da população é sempre bem-vindo, principalmente no nosso país, com múltiplas carências básicas. Tal oportunidade dada por um meio de comunicação de força incontestável é tudo que precisávamos para poder atingir exatamente essa fração da população, que assiste a novelas, mas que não tem acesso ou conhecimento à sua própria condição.” Atividades em Belém (PA) – Além do evento, realizado em Minas Gerais, as Regionais da SBD e SBEM no Pará também participaram do Bem Estar Global em Belém. A atividade foi coordenada pelo Delegado da SBD PA, Dr. Alexandre Flexa Ribeiro Filho, e aconteceu no dia 24 de abril, entre 8h e 12h. Fizeram parte do grupo de trabalho: quatro médicos, dois fisioterapeutas, três nutricionistas e dois educadores físicos, que se revezaram durante o período. Foram feitas as seguintes atividades: • Aplicação de questionário de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2, para posterior análise dos dados e publicação. • Realização de glicemia capilar, verificação da pressão arterial, peso e altura. Previsão de disponibilidade de 300 tiras reagentes. (Apenas no período da manhã. ) • Dinâmica de exercícios fáceis para a população, com ênfase nos diabéticos. • Distribuição à população de informações sobre serviços oferecidos pelo Estado e Prefeitura, como locais de atendimento aos pacientes com diabetes tipo 1, 2 e diabetes gestacional; seus direitos e deveres; distribuição de insulina e insumos; promoção de academias de cidade; e serviços de pé diabético. • Miniaulas, abrangendo fatores de risco; diagnóstico; automonitorização glicêmica; dicas de alimentação e atividade física; tratamento e importância da aderência, insulina – armazenamento, locais de aplicação, transporte, prevenção das complicações. n Nutrição Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 13 Um Guia de Alimentos para a População Brasileira e Profissionais de Saúde D ados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2014), apresentados recentemente, mostram que apenas um quarto da população brasileira, 24,1%, consome a quantidade de frutas e verduras recomendada pela Organização Mundial da Saúde em cinco ou mais dias da semana. Segundo a OMS, a ingestão diária necessária é de pelo menos 400 gramas desses alimentos. Para combater essa realidade e estimular a mudança dos hábitos dos brasileiros, um novo guia alimentar foi elaborado pela Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde. O objetivo do documento é passar à população informações sobre alimentação saudável, prevenção e cons- cientização das doenças crônicas, que estão associadas ao sobrepeso, obesidade e consumo excessivo de alimentos processados, e principalmente promover saúde. A Dra. Marlene Merino, Doutora em Ciências Nutricionais do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenadora do Departamento de Nutrição da SBD, esclarece que embora o foco do Guia Alimentar seja para a promoção da saúde e a prevenção de doenças, suas orientações poderão ser úteis para patologias específicas, como o diabetes. “Uma das recomendações do Ministério da Saúde é que seja imprescindível que as nutricionistas se adaptem às condições específicas de cada pessoa”, explica a Dra. Marlene. A segunda edição do Guia, segundo a especialista, traz inovações importantes e teve a colaboração de diversos setores da sociedade, por meio de um processo de consulta pública, permitindo um amplo debate que orientou a elaboração da versão final. “O Guia Alimentar se baseou em conhecimentos, gerados por estudos experimentais, clínicos, populacionais e antropológicos, bem como em conhecimentos implícitos na formação dos padrões tradicionais de alimentação. As características da alimentação brasileira descritas no Guia Alimentar resultam de análises da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre maio de 2008 e maio de 2009”, explicou. “O Departamento de Nutrição da SBD está em consonância com esta recomendação e reforça a incorporação Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 14 dos pressupostos do Guia Alimentar na individualização do plano alimentar da pessoa com diabetes. Recomendamos que além da orientação específica do nutricionista, estabelecendo quantidades de alimentos segundo as recomendações nutricionais, que todos os profissionais que integram a equipe no cuidado da diabetes orientem sobre a importância da qualidade do consumo saudável, além de todos os benefícios sobre o controle do diabetes e prevenção de outras morbidades.” DAASAÚDE GUIA MINISTÉRIO ALIMENTAR PARA POPULAÇÃO BRASILEIRA S ecretaria de A tenção à S aúde D epartamento de A tenção Básica G UIA A LIMENTAR PARA A P OPULAÇÃO B RASILEIRA 2ª E dição Outras Recomendações – A nova edição do Guia Alimentar foi elaborada em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/ USP) e com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/Brasil). Segundo o Ministério da Saúde, foi uma construção coletiva e para proporcionar uma ampla discussão do conteúdo. Foram, ao todo, seis etapas até a conclusão da versão final do material. Todo o conteúdo é apresentado em cinco capítulos: 1. Princípios; 2. A escolha dos alimentos; 3. Dos alimentos à refeição; 4. O ato de comer e a comensalidade; e 5. A compreensão e a superação de obstáculos. O PDF do guia está disponível no site da SBD na área de nutrição. O Guia orienta na escolha das refeições caseiras e sobre os problemas em relação à alimentação em redes de fast food; e o consumo de produtos prontos, que dispensam a preparação culinária, como sopas de pacote, pratos congelados prontos para aquecer, molhos industrializados, misturas prontas para tortas etc. Há, também, um alerta quanto à prática comum da sociedade em substituir alimentos in natura, como arroz, feijão, legumes e verduras, pelos industrializados, prontos para o consumo (processados e ultraprocessados), em geral, ricos em sódio e calorias. Outra recomendação é em relação ao uso moderado de óleos, gorduras, sal e açúcar ao temperar e cozinhar alimentos, e a adoção limitada de alimentos processados (queijos, embutidos, conservas), que devem ser usados como ingredientes ou parte de refeições. Na hora da sobremesa, o ideal é preferir as caseiras, dispensando as industrializadas. B rasília — D F 2014 1 Um destaque especial é dado para as atividades que envolvem o ato de comer, sendo aconselhada a escolha por horários regulares, em ambientes apropriados e sempre que possível na companhia de alguém. O ideal é desfrutar a alimentação, evitar realizá-la assistindo à televisão, falando ao celular, em frente ao computador ou conduzindo atividades profissionais. Além disso, o guia incentiva o consumo harmonioso e variado dos alimentos e, também, outros fatores como as combinações entre os ingredientes e sua forma de preparo. Alimentos Regionais Brasileiros – Para marcar o Dia Mundial da Saúde, 7 de abril, o Ministério da Saúde lançou o livro “Alimentos Regionais Brasileiros”, onde estão publicadas receitas de comidas típicas de cada região e dicas de como cozinhar com mais saúde. Com essa publicação o Ministério pretende estimular uma alimentação saudável, promover saúde e qualidade de vida, reduzindo assim a obesidade, o diabetes, a hipertensão e outras doenças crônicas comuns à população brasileira. O livro foi desenvolvido como complemento do Guia Alimentar para a População Brasileira, com o intuito de incentivar, especialmente, o aumento do consumo de frutas, legumes e verduras. Um resumo do Guia – Dra. Marlene Merino – O capítulo 1 descreve os princípios que nortearam sua elaboração. Esses princípios justificam, de início, o trata- mento abrangente dado à relação entre alimentação e saúde, levando em conta nutrientes, alimentos, combinações de alimentos, refeições e dimensões culturais e sociais das práticas alimentares. A seguir, esses princípios fundamentam a proposição de recomendações que consideram o cenário da evolução da alimentação e da saúde no Brasil e a interdependência entre alimentação adequada e saudável e sustentabilidade do sistema alimentar. Por fim, apoiam o uso que este Guia faz do conhecimento, gerado por diferentes saberes, e sustentam o seu compromisso com a ampliação da autonomia das pessoas nas escolhas alimentares e com a defesa do direito humano à alimentação adequada e saudável. O capítulo 2 enuncia recomendações gerais sobre a escolha de alimentos. Elas, consistentes com os princípios orientadores deste Guia, propõem que alimentos in natura ou minimamente processados, em grande variedade e predominantemente de origem vegetal, sejam a base da alimentação. O capítulo 3 traz orientações sobre como combinar alimentos na forma de refeições. Essas orientações se fundamentam em refeições consumidas por uma parcela substancial da população brasileira, que ainda baseia sua alimentação em alimentos in natura, minimamente processados, e em preparações culinárias. O capítulo 4 traz orientações sobre o ato de comer, abordando as circunstâncias – tempo e foco, espaço e companhia – que influenciam o aproveitamento dos alimentos e o prazer proporcionado pela alimentação. O capítulo 5 examina fatores que podem ser obstáculos para a adesão das pessoas às recomendações deste guia – informação, oferta, custo, habilidades culinárias, tempo e publicidade – e propõe, para sua superação, a combinação de ações no plano pessoal e familiar e no plano do exercício da cidadania. As recomendações deste guia são oferecidas de forma sintetizada em “Dez Passos para uma Alimentação Adequada e Saudável”. No quadro ao lado a Dra. Marlene lista os 10 passos do Guia Alimentar para a População Brasileira (2014) que pode servir como roteiro para a orientação da pessoa com diabetes. n Dez Passos para uma Alimentação Adequada e Saudável Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação. Em grande variedade e predominantemente de origem vegetal, alimentos in natura ou minimamente processados são a base ideal para uma alimentação nutricionalmente balanceada, saborosa, culturalmente apropriada e promotora de um sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável. Variedade significa alimentos de todos os tipos – grãos, raízes, tubérculos, farinhas, legumes, verduras, frutas, castanhas, leite, ovos e carnes – e variedade dentro de cada tipo – feijão, arroz, milho, batata, mandioca, tomate, abóbora, laranja, banana, frango, peixes etc. Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar* em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias. Utilizados com moderação em preparações culinárias com base em alimentos in natura ou minimamente processados, óleos, gorduras, sal e açúcar contribuem para diversificar e tornar mais saborosa a alimentação sem torná-la nutricionalmente desbalanceada. *Substituir o açúcar simples por edulcorantes (adoçantes) ou incluí-lo (consumo de até 10%) na Contagem de Carboidrato - Diretrizes SBD, 2014 - 2015. Limitar o consumo de alimentos processados. Os ingredientes e métodos usados na fabricação de alimentos processados – como conservas de legumes, compota de frutas, pães e queijos – alteram de modo desfavorável a composição nutricional dos alimentos dos quais derivam. Em pequenas quantidades, podem ser consumidos como ingredientes de preparações culinárias ou parte de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados. Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados. Devido a seus ingredientes, alimentos ultraprocessados – como biscoitos recheados, “salgadinhos de pacote”, refrigerantes e “macarrão instantâneo” – são nutricionalmente desbalanceados. Por conta de sua formulação e apresentação, tendem a ser consumidos em excesso e a substituir alimentos in natura ou minimamente processados. Suas formas de produção, distribuição, comercialização e consumo afetam de modo desfavorável a cultura, a vida social e o meio ambiente. Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia. Procure fazer suas refeições em horários semelhantes todos os dias e evite “beliscar” nos intervalos entre as refeições. Coma sempre devagar e desfrute o que está comendo, sem se envolver em outra atividade. Procure comer em locais limpos, confortáveis e tranquilos e onde não haja estímulos para o consumo de quantidades ilimitadas de alimento. Sempre que pos- sível, coma em companhia, com familiares, amigos ou colegas de trabalho ou escola. A companhia nas refeições favorece o comer com regularidade e atenção, combina com ambientes apropriados e amplia o desfrute da alimentação. Compartilhe também as atividades domésticas que antecedem ou sucedem o consumo das refeições. Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados. Procure fazer compras de alimentos em mercados, feiras livres e feiras de produtores e outros locais que comercializam variedades de alimentos in natura ou minimamente processados. Prefira legumes, verduras e frutas da estação e cultivados localmente. Sempre que possível, adquira alimentos orgânicos e de base agroecológica, de preferência diretamente dos produtores. Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias. Se você tem habilidades culinárias, procure desenvolvê-las e partilhá-las, principalmente com crianças e jovens, sem distinção de gênero. Se você não tem habilidades culinárias – e isso vale para homens e mulheres –, procure adquiri-las. Para isso, converse com as pessoas que sabem cozinhar, peça receitas a familiares, amigos e colegas, leia livros, consulte a internet, eventualmente faça cursos e... comece a cozinhar! Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece. Planeje as compras de alimentos, organize a despensa doméstica e defina com antecedência o cardápio da semana. Divida com os membros de sua família a responsabilidade por todas as atividades domésticas relacionadas ao preparo de refeições. Faça da preparação de refeições e do ato de comer momentos privilegiados de convivência e prazer. Reavalie como você tem usado o seu tempo e identifique quais atividades poderiam ceder espaço para a alimentação. Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora. No dia a dia, procure locais que servem refeições feitas na hora e a preço justo. Restaurantes de comida a quilo podem ser boas opções, assim como refeitórios que servem comida caseira em escolas ou no local de trabalho. Evite redes de fast-food. Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais. Atenção: a função essencial da publicidade é aumentar a venda de produtos, e não informar ou, menos ainda, educar as pessoas. Avalie com crítica o que você lê, vê e ouve sobre alimentação em propagandas comerciais e estimule outras pessoas, particularmente crianças e jovens, a fazerem o mesmo. Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 15 Pesquisa Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 16 Panorama: Uso de Bombas de C om base em um trabalho de coleta de dados iniciado há mais de cinco anos em conjunto com a SBD, a Dra. Ana Claudia Ramalho, endocrinologista e professora da Universidade Federal da Bahia, tem, hoje, um panorama nacional do uso de bombas de insulina. Chamado de “Avaliação do Perfil de Pacientes com Diabetes Mellitus em uso de Sistema de Infusão Subcutânea Contínua de Insulina (SICI) no Brasil”*, o trabalho foi apresentado durante o SITEC 2015 (Simpósio Internacional de Tecnologias em Diabetes). Os primeiros dados obtidos em consultório e ambulatório pela especialista foram divulgados no Diabetes 2011 quando, segundo relato, foi estimulada a ampliar a pesquisa pelo Dr. Walter Minicucci, atual presidente da SBD. Pouco tempo depois, a Sociedade disponibilizou um questionário padrão e convocou os associados a colaborarem com a coleta de dados, aplicando-o em salas de espera de seus consultórios e serviços de endocrinologia. Ao todo, foram reunidos dados de 429 pacientes, o que representa 10% das pessoas com DM1 no Brasil, em uso de bomba de infusão. A Dra. Ana Claudia se manteve como coordenadora deste projeto e ficou responsável pela compilação dos dados. “Apresentar os resultados desse trabalho é como um filho que nasce. Não tínhamos nenhum dado do perfil de aderência dos pacientes a essa terapia, então, fizemos um estudo de corte transversal, com amostra de conveniência, aplicando um questionário único aos nossos pacientes. Este programa foi desenvolvido de forma muito criteriosa.” Segundo ela, a amostra de conveniência é de 10% da população brasileira com DM1 em uso de bombas de insulina, tendo como base o fato de que o Brasil possui hoje mais de 200 milhões de habitantes. “Se pensarmos que 10% da população brasileira têm diabetes, ou seja, 20 milhões de pessoas, e das lidade de vida do paciente esteve como principal indicação para as terapias com SICI. “Isso mostra que nós, endocrinologistas, estamos atentos aos nossos pacientes, pois em 74% dos casos a melhora na qualidade de vida era a principal indicação. É interessante observar que 40% dos pacientes buscavam a redução das aplicações.” Ainda segundo a médica, os pacientes eram na maioria fisicamente ativos e a presença de bomba não se constituiu em um impedimento para a realização da atividade física, já que a maioria (62,6%) afirmou manter SICI durante o exercício. Neste sentido, foi observado que a principal preocupação dos pacientes está relacionada à prevenção de complicações crônicas. Dra. Ana Claudia Ramalho quais temos 10% com DM1, ou seja, dois milhões, temos apenas 4 a 5 mil que desfrutam dessa terapia. Ainda há muita coisa para ser feita”, completou a médica, informando que junto às respostas dos pacientes foi anexada a pergunta sobre a taxa de hemoglobina glicada, colhida nos respectivos prontuários. Com a análise dos dados, foi identificada que a faixa etária mais comum com esta terapia está entre 13 e 40 anos e que as mulheres são maioria. Resultados, segundo a Dra. Ana Claudia, eram esperados. “No Brasil, temos um perfil masculino com a Síndrome do Super-Homem. Eles acham que não ficam doentes, apresentam piores índices de controle de alimentação, mas praticam exercícios físicos, só que não se cuidam como deveriam.” Outra informação importante é que a maioria desses pacientes adquire as bombas por meio de ações judiciais. Em seguida, estão aqueles que recebem pelas secretarias de saúde e um pequeno percentual (7,9%) recebe em centros de saúde. Os seguros saúde contribuem apenas com 0,9%. Em grande parte das respostas, a qua- Vantagens e Desvantagens Indicadas – Dentre as vantagens da adoção desta terapia, foram apontadas a melhora do controle glicêmico, seguida por flexibilidade no tratamento e pelo fim das aplicações, tendo sido este o fator mais frequente em crianças. Além disso, com o uso do SICI, mais pacientes mencionaram nunca ter hipoglicemias assintomáticas e ter reduzido a frequência das hipoglicemias sintomáticas e graves. A terapia com SICI também se mostrou eficaz na redução da A1c. Os itens mais citados como desvantagens no uso da bomba foram o custo, seguido das marcas na pele e de restrições da roupa usada no dia a dia. “Isso é interessante porque o Brasil é o terceiro maior mercado de beleza do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e do Japão, o que comprova a grande preocupação em relação à aparência. Esse mercado cresceu 250% desde 2009. Então, o comprometimento da pele precisa estar entre nossas atenções, para garantir maior adesão dos pacientes”, alertou a médica. “Quanto à opção de deixar as bombas visíveis, observamos que as respostas foram ‘às vezes’ e ‘sempre, ou seja, 50%. Precisamos conversar Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 17 Insulina no Brasil com os pacientes para que isso não se torne um empecilho para alguns”, completou. Considerações e Conclusões – A Dra. Ana Claudia acredita que os pacientes pesquisados tinham um perfil adequado, evidenciado com alta prevalência do uso de contagem de carboidrato e realização de monitorização glicêmica. Contudo, foi identificada a necessidade da melhora da educação e orientação dos pacientes após início da terapia. “Precisamos de programas educativos para o aprendizado na utilização de bombas de insulina e seus diversos recursos, como no basal temporário, no bolus variável e bolus fixo. Precisamos estar atentos para cobrar, nas nossas rotinas de atendimento, os resultados e dificuldades desses recursos. Caso contrário, teremos pacientes com ‘ferraris’ em uso como se fossem ‘fusquinhas ativos’.” Incluir a terapia de bombas de insulina na formação dos novos endocrinologistas é muito importante, na visão da Dra. Ana Claudia. “No Hospital das Clínicas estamos com um programa no Serviço de Endocrinologia onde os pacientes ficam em uso de bombas por uma semana, junto com os profissionais de saúde, utilizando o equipamento, aprendendo a fazer todo o manuseio e se deparando com as dificuldades. Ou seja, temos muita coisa a ser feita não só com a educação dos pacientes como na formação dos profissionais”, finalizou a médica. n *Avaliação do Perfil de Pacientes com Diabetes Mellitus em Uso do Sistema de Infusão Contínua de Insulina (SICI) no Brasil. Ramalho AC, Tess C, Tschiedel B, Travassos S, Hissa M, Franco D, Pedrosa H, Minicucci W, Sociedade Brasileira de Diabetes e Universidade Federal da Bahia, Salvador-BA. Dados e Percentuais • População Brasileira – 205.922.503 habitantes. • Estimativa de número de bombas no país – 4.000 a 5.000 equipamentos. • Quantidade de participantes – 429 pessoas com DM em uso de SICI. • 59,2% sexo feminino e 40,8% masculino. • 71,6% com mais de um ano de uso da terapia. • 49% não obtiveram o equipamento por meios próprios e destes, a maior parte foi por ação judicial (62%). • Indicações: qualidade de vida (73,8%), controle glicêmico insatisfatório (54,8%), redução das aplicações (41%) e hipoglicemias graves (31,3%). • 74% dos pacientes relataram dificuldades em controlar o basal temporário, que é um recurso importantíssimo da bomba, e esses pacientes não estão usando (em situações de estresse, atividades físicas etc.). • A frequência que esquecem de fazer o bolus é de 7,7% e embora 61% nunca utilizem doses fixas, 10% dos pacientes ainda a utilizam. • 58% trocaram a agulha a cada 3 dias e 26,4% a cada 4 dias. • Automonitorização realizada 3 ou mais vezes ao dia em 87,8%, sendo que 44% aumentou sua frequência após SICI. • 19,2% usam sensor contínuo. • 48% dos usuários atribuíram como principal vantagem melhor controle glicêmico e 20% referiram flexibilidade. • Hipoglicemia grave foi menos frequente após SICI (p<0,0001). • Desvantagens: custo (41,1%) e marcas da pele (27,4%). • A melhora da hemoglobina glicada foi significativa, com média de 8.7 para 7.6. • A terapia com SICI reduziu o medo de hipoglicemia em 60,3% e em 49% melhorou a percepção de hipoglicemia. • 63% dos pacientes praticam atividade física e apenas 30% desses desconectam a bomba durante o exercício. • 86,4% das pessoas indicaram dificuldade em manusear SICI: basal temporário nunca utilizado em 60,4% e 54,1% nunca usava outro bolus além do padrão. • Houve melhora do controle glicêmico com redução da A1c após 6 meses de início da terapia com bomba comparada a antes (8,69 ±1,82 vs 7,62 ±1,18%)(p<0,01). Congresso SBD Novidades sobre o Diabetes 2015 Ainda faltam alguns meses para o início do Congresso da Sociedade Brasileira de Diabetes e é hora do trabalho das comissões se intensificar ainda mais. A Revista Diabetes vem acompanhando e publicando o andamento do Diabetes 2015, que é a principal atividade da entidade em 2015. O evento, que é presidido pelo Dr. Balduíno Tschiedel e tem à frente da Comissão Científica o Dr. Marcello Bertolucci, acontecerá entre os dias 11 e 13 de novembro, em Porto Alegre, no Centro de Eventos da FIERGS. Foto: Lisandrotrarbach Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 18 19 Foto: Dudu Leal Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 E ntre as novidades recentes está a decisão que a Diabetology & Metabolic Syndrome, publicação oficial da SBD, será a Revista do Congresso. Segundo os organizadores, essa medida aumentará o nível de exigência das publicações e os trabalhos deverão ser enviados em inglês. Entre os inscritos, 300 abstracts serão selecionados e alguns escolhidos para apresentação oral. Os editores da DM&S selecionarão os melhores trabalhos para serem publicados, dentro dos moldes da revista online. Outra notícia é a parceria com a Associação Argentina de Diabetes, firmada em reunião realizada no dia 1º de abril. A SBD, representada pelo seu vice-presidente, Dr. Marcos Troian, pelo presidente do Congresso da SBD, Dr. Balduino Tschiedel, e pelo presidente da Comissão Científica, Dr. Marcello Bertolucci, protocolou uma carta de intenções com a entidade, representada pela sua presidente, Maria Cristina Faingold. Com esse acordo, inicia-se um trabalho em conjunto entre os dois países, em que já foram definidas algumas atividades: um simpósio e um encontro com o professor com palestrantes argentinos e brasileiros. Os temas ainda estão sendo decididos. A SBD espera aumentar a participação de trabalhos submetidos à publicação e também a participação de argentinos no Congresso. Na apresentação dos simpósios, os organizadores estão prevendo algumas novidades. O Dr. Bertolucci explica que o grupo quer dar um “estilo” para o Diabetes 2015. “As palestras vão envolver ciência básica e prática clínica no mesmo simpósio, que serão temáticos. Por exemplo, se a palestra abordar os transtornos alimentares, haverá uma aula inicial sobre os mecanismos da saciedade e da fome. Depois passaremos para uma parte sobre distúrbios, avaliação diagnóstica e tratamento. Dando uma visão completa do assunto. O objetivo é abranger o máximo possível cada tema.” Entre os simpósios, estão confirmados alguns tópicos, entre eles, um sobre novas tecnologias, outro sobre pré-diabetes (com participações internacionais) e os novos conceitos de resistência à insulina, além de Workshop sobre Pé Diabético com a Dra. Hermelinda Pedrosa, que já se tornou tradição nos congressos. No momento, 12 convida- dos internacionais estão confirmados. Os congressistas devem estar preparados para uma maratona. Estão programadas 80 atividades em três dias, o que leva o Diabetes 2015 a ser um Congresso muito denso. O Dr. Bertolucci aconselha que as pessoas cheguem um dia antes, devido à intensa carga da programação. “Nossa agenda será bem apertada, com dias longos. É importante estar preparado porque o tempo será otimizado e curto”, finaliza o presidente da Comissão Científica. O Dr. Balduino Tschiedel comenta que o volume da programação está mais concentrado. “Resolvemos montar o Congresso em três dias ao invés de prolongar mais meio dia, que seria o sábado. Começaremos na quarta de manhã e iremos até o final da sexta-feira. Debates importantes estão sendo programados para a sexta-feira. Muitas inscrições já foram feitas e a expectativa de público está em torno de 3.500 pessoas.” O Congresso contará com uma área de exposição de 10 mil metros quadrados. “Pretendemos que sejam dois grandes corredores para que a circulação seja fácil. Os projetos dos expositores estão evoluindo bem e a indústria tem demonstrado estar satisfeita com o local e com a logística.” Será oferecido transfer para os participantes, uma vez que o Centro de Convenções é mais distante do Centro da Cidade. “Apesar de um pouco afastado, tem bom acesso. A distância ajudará também na imersão dos participantes no Congresso.” Para relaxar e se preparar para a maratona, os congressistas serão recebidos com um Coquetel de Confraternização na quarta-feira e a Festa do Congresso no Pepsi on Stage, na sexta-feira. n Informações: A data limite para envio de trabalhos é 23 de junho e os temas são: Complicações crônicas; Controle glicêmico e hipoglicemia; Diabetes e gestação; Diabetes em situações especiais; Diabetes, obesidade e síndrome metabólica; Educação, enfermagem e psicologia no Diabetes; Epidemiologia e políticas de Saúde; Genética e autoimunidade; Nutrição, exercício físico e estilo de vida e Perspectivas e novas tecnologias. O próximo prazo para inscrições com desconto é até 2 de junho e os valores são: médicos associados SBD, ABESO, SBEM R$675; médicos não associados R$960; outros profissionais associados R$480; profissionais não associados R$675; residentes e pós-graduandos R$500; e acadêmicos de graduação R$350. As inscrições são feitas no site do SBD 2015 (www.diabetes2015.com.br). n 14 de Novembro Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 20 Dia Mundial do Diabetes: Começaram os Trabalhos F altam pouco mais de seis meses para o Dia Mundial do Diabetes, contudo, a equipe responsável pela organização das atividades, coordenada pelo Dr. Márcio Krakauer, já realizou a segunda reunião de trabalho. No mês de março, novas metas para 2015 foram definidas, complementando a programação do primeiro encontro de janeiro. Foram analisadas as atividades do ano passado, observando questões que funcionaram e as que precisam de ajustes. Esse senso crítico da equipe é a base para definição do trabalho em 2015, segundo o Dr. Krakauer. A proposta de mais um encontro logo no início do ano foi pensada porque algumas questões já estão em andamento. Cada participante apresentou seu ponto de vista referente à campanha do ano de 2014, isso foi fundamental para estabelecer quais atividades deveriam ser repetidas e quais poderiam ser repensadas. Estiveram presentes o Dr. Walter Minicucci, presidente da SBD; Dr. Márcio Krakauer, coordenador do Dia Mundial do Diabetes; Cristina Dissat, editora do site do Dia Mundial do Diabetes e das Mídias Sociais do Dia Mundial; Elizabeth Camarão, assessora de comunicação da Sociedade; Maria Luiza Serraglio, programadora visual; Ana Maria Ferreira e Maria Izabel de Melo, da equipe SBD. O Que Vem Por Aí Site e Redes Sociais – Como nos anos anteriores, o hotsite do Dia Mundial do Diabetes e as redes sociais (twitter, facebook, flickr) serão ferramentas fundamentais para a divulgação das ações e para propagar a importância da campanha ao redor do mundo. Novidades, informações sobre as campanhas e outros tipos de conteúdos podem ser con- feridos nos endereços: www.diamundialdodiabetes.org.br, www.facebook.com/ diamundialdodiabetes, www.twitter. com/wdd_brasil e www.flickr.com/diamundialdodiabetes. Criação do Grupo de Influenciadores Digitais será uma das novas ferramentas adotadas. Pão de Açúcar – Em 2015, um dos principais pontos turísticos do Rio de Janeiro, o Pão de Açúcar, que vem apoiando a iniciativa em anos anteriores, já confirmou participação. Neste ano, os responsáveis entraram em contato com a SBD e estão estudando algumas novidades. A confirmação até o momento é que o ponto turístico será iluminado de azul. Devem ser realizadas reuniões e definirão o que será feito para marcar a data. Fique de olho nas informações das próximas edições. FlashesMob – A elaboração de FlashesMobs estão entre as propostas da campanha deste ano, mas em formato diferente do realizado em 2013. A ideia é de serem realizadas três ações em lugares diferentes do Brasil. Até o momento, estão sendo avaliados os melhores locais para chamar a atenção da população e da imprensa. Concurso de Culinária Saudável – O concurso organizado pela SBD na campanha em 2014 foi um sucesso, mas para um planejamento mais detalhado e, fo- ram realizadas reuniões entre a assessoria de imprensa e a emissora de tevê. O “Culinária Saudável” foi realizado no programa “Dia Dia”, na Band, e a estratégia já está em prática. A presença da SBD, semanalmente, no programa da Band começou com participação Walter Minicucci e Márcio Krakauer no mês de março. A abordagem foi sobre nutrição e diabetes. Os programas com esta pauta acontecerão semanalmente. O concurso de culinária será realizado no segundo semestre de 2015. O resultado final será divulgado no mês de novembro, próximo ao Dia Mundial. Parceria com as Concessionárias das Rodovias – Um contato, que começou em 2014, está sendo planejado para 2015. A equipe da campanha vem conversando com algumas das principais empresas que administram rodovias no país. O objetivo é divulgar material ligado ao Dia Mundial do Diabetes para conscientização dos motoristas para melhoria da qualidade de vida. A ação está em andamento. Mais uma reunião está sendo agendada para novas definições das estratégias. Em 1º de abril as publicações na Fanpage do Dia Mundial - www.facebook. com/diamundialdodiabetes - foram retomadas e desde 1º de maio o hotsite voltou a ser atualizado mensalmente. n Educação 21 C om a finalidade de ampliar o conhecimento e levar informações aos profissionais de saúde, a SBD lança, ainda no primeiro semestre de 2015, uma plataforma de ensino à distância. O projeto tem como organizador o Dr. Laerte Damaceno, idealizador e criador do site da entidade e do Projeto SBD Online. O Ensino à Distância foi abordado com mais ênfase durante debates realizados no European Diabetes Leadership Forum, em Copenhagen, na Dinamarca, em 2012. A conclusão é que as Sociedades Científicas teriam um papel fundamental neste processo. O Dr. Laerte explica que a SBD desenvolverá esse novo formato de ensino, através de uma plataforma digital, com a finalidade de qualificar um grande número de especialistas, devido à escalada da prevalência do diabetes nos próximos anos. “A missão deste projeto é ampliar o conhecimento em relação ao diabetes. Afinal, é impossível alcançar o número necessário de profissionais de saúde com as informações necessárias para o tratamento e prevenção. Precisamos mudar o paradigma do ensino presencial”, explicou Dr. Laerte Damaceno. Segundo o especialista será criada uma área restrita no site da SBD, com informações científicas relativas à doença. “Estamos com um banco de dados com mais de 20 mil profissionais, que poderão participar dessa plataforma, bastando preencher um cadastro simplificado. Depois de estar dentro da comunidade, os participantes receberão newsletters, comunicados de cursos e atualizações sobre pesquisas em diversas áreas do diabetes. Estudaremos as necessidades do grupo para definir as preferências do público-alvo.” De acordo com o médico serão usadas plataformas diferentes dentro do site da SBD. “Teremos cursos, aulas abertas, vídeos gravados em simpósios, congressos e outros eventos, selecionados e categorizados por assuntos, Biblioteca Virtual, e recomendações da SBD, American Diabetes Association e de outras instituições. Teremos um enorme leque de documentos sobre diabetes.” Dr. Laerte explica que o ponto principal do projeto será a colaboração. “Na Biblioteca Virtual, os integrantes da comunidade que quiserem compartilhar conhecimento relevante poderão publicar informações para os demais.” O médico comenta que a vantagem é criar instrumentos de aprendizagem, Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 SBD Online: Projeto de Ensino à Distância tanto para o aluno quanto para o professor e exemplifica: “Ao ler um artigo muito interessante será possível publicar ou sugerir o assunto. Ao ser aprovado, o conteúdo ficará disponível para toda a comunidade, ou seja, você também está contribuindo. Queremos mudar a relação do conhecimento.” O lançamento do projeto está previsto para final de maio e a plataforma não terá custos para o profissional que se cadastrar, a não ser em casos eventuais, como aulas em Congressos, nos quais o associado tem valor diferenciado nas inscrições. Mas ele lembra que “o ambiente será aberto.” O médico esclarece que essa é a única forma de fazer chegar o conhecimento sobre o diabetes, de acordo com a demanda atual. “Por isso, a expectativa é a melhor possível. Vai depender da nossa capacidade de realização, criatividade para fidelizar essas pessoas e mantê-las sempre em contato com esse conhecimento. Seja fazendo cursos, lendo artigos ou acompanhando aulas isoladamente. Esperamos que tudo isso possa evoluir no futuro até alcançar um ensino mais formal, como especialização, mestrado ou doutorado, combinando as duas formas de aprendizado: o online e o presencial.” n Ponto de Vista Foto: Ricardo Oliveira Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 22 Dr. Ney Cavalcanti O A Medicina com Precisão presidente Obama, muito empolgado, fez um pronunciamento no dia 25 de janeiro para as autoridades de saúde e pesquisadores. “Esta noite eu estou anunciando o início de uma pesquisa que irá nos fazer ficar mais perto da cura de doenças como o câncer e o diabetes. Além disso, a pesquisa Medicina com Precisão fará com que todos tenham acesso às informações que nos permitirão, e às nossas famílias, sermos mais saudáveis.” E o que pretende a Medicina com Precisão? Realizar a prevenção e tratamento das doenças, levando-se em conta o maior número das características individuais possíveis. O exemplo mais antigo deste tipo de intervenção foi a determinação dos grupos sanguíneos que já existem há mais de um século. A administração de um sangue de um grupo sanguíneo idêntico, ou compatível com o do receptor, é um recurso terapêutico importante. Pode, inclusive, ser o responsável por salvar uma vida. Porém, se o sangue administrado for incompatível com quem o receba, grandes repercussões negativas poderão ocorrer. A prática médica é cheia desses exemplos. Uma mesma droga é eficiente para tratar certa doença em determinado paciente, mas tem pouca ou nenhuma ação em outro indivíduo com o mesmo problema. Também o fenômeno ocorre quanto ao surgimento de efeitos colaterais. Um mesmo medicamento não cau- sa nenhum efeito não desejado em um paciente; e noutros causa muitos sintomas desagradáveis, e, às vezes, também graves. No tocante à prevenção de enfermidades, fenômeno semelhante também ocorre. Já sabemos que determinados comportamentos e alteração de exames laboratoriais, os chamados fatores de risco, aumentam muito a chance de surgimento de algumas doenças. Porém, muitos com vários desses fatores não desenvolvem a patologia. Seguramente, deverão existir mecanismos, até então desconhecidos, que exercem esta proteção. A ideia da Medicina com Precisão é ter maior número de dados possíveis de cada indivíduo para melhor atuar em prevenção e no tratamento. Esses dados ficariam disponíveis para o indivíduo e para os pesquisadores. Ninguém mais poderia ter acesso a essas informações. Para coleta dos dados de cada um, seriam utilizadas as tecnologias já existentes e as que forem surgindo. Genoma, biologia molecular, bioinformática, biomarcadores etc. A ideia é iniciar essa pesquisa voltada para a prevenção do tratamento do câncer, analisando os fatores genéticos e ambientais que predispõem ou protegem o surgimento desta patologia. Caso possível, nos indivíduos predispostos, medidas preventivas seriam utilizadas. Caso ainda não existentes, mesmo assim, teríamos benefícios: diagnóstico e terapêutica precoce dos propensos. Estudos genéticos e bioquímicos dos tumores, iniciados recentemente, já têm permitido uma eficácia terapêutica muito maior. O estudo de pacientes também já vem sendo usado em algumas situações. Um exemplo é no tratamento da AIDS. Em alguns países, dependendo da presença de determinados genes, o tratamento com as drogas difere do empregado em quem tem um padrão gênico diferente. Recentemente, foi assunto na mídia mundial a atitude de uma conhecida atriz que retirou suas mamas e seus ovários. O motivo é que ela é portadora dos genes BRCA 1 e BRCA 2. Quem tem este padrão tem cerca de 80% de chance de ser acometido por câncer de mama e um percentual também elevado de tumor de ovários. No entanto, cerca de 95% dos portadores de tumor de mama não têm este padrão genético. A medicina provavelmente identifica outros genes. Obviamente as pesquisas para identificarmos fatores predisponentes para inúmeras doenças implicarão em muito gastos, pesquisas e tempo. O número inicial de voluntários necessários é calculado em um milhão. Os dados coletados ficarão armazenados numa central de pesquisas. Além disso, os participantes terão que comunicar aos pesquisadores todas as intercorrências que irão acontecer durante sua vida. Os resultados aparecerão com o tempo, mas as conclusões mais importantes surgirão para futuras gerações. n Comunicados SBD Associe-se Ilustração: Digital Storm S e tornar sócio da SBD fortalece a entidade. Por isso, é importante que você, associado, incentive outros profissionais de saúde a também integrarem o quadro de sócios. O procedimento pode ser feito pelo site da Sociedade e é simples: basta preencher o formulário, localizado no www.diabetes. org.br/associe-se-a-sbd, e enviar uma solicitação. Estão aptos a fazer esse processo médicos (R$280), profissionais de saúde (R$180) e estudantes (R$80). Estão isentos os residentes de endocrinologia. Entre os benefícios de um sócio, estão: • Descontos diferenciados em Simpósios e Congressos oficiais da SBD, ABESO e SBEM. • Recebimento sem custos e em sua re- Reunião do Conselho Editorial N o último dia 20 de março foi realizada a Reunião de Comissão de Comunicação da SBD, em São Paulo, com a presença do Dr. Walter Minicucci, presidente da SBD; Dr. Augusto Pimazoni, editor do site da SBD; Dr. Laerte Damaceno, responsável pela área de educação médica continuada online; Elizabeth Camarão, da Stylo Comunicação, assessoria de imprensa da SBD; Adriano Gurgel, Lillyam Marra e Bárbara Costa, da Conectando Pessoas (responsável pelo site da SBD); e Cristina Dissat, da DC Press, responsável pela Revista Diabetes (representando o editor-chefe, Dr. Leão Zagury), equipe que faz a Revista da entidade. No encontro, cada equipe fez sua apresentação, com um balanço do que aconteceu nos últimos meses de trabalho para ter como base as metas para 2015. A integração é o ponto central para um melhor tráfego de informações de todos os veículos da entidade. Alguns pontos importantes foram discutidos, como o andamento do cadastro do e-book e uma análise da visitação, para ações que façam o crescimento se manter nos próximos meses. O e-book está disponível em livre acesso e sem custos para profissionais de saúde das várias áreas ligadas à atenção às pessoas com diabetes. Em breve, estará disponível também a estudantes de medicina de todas as faculdades do Brasil, igualmente em sistema de livre acesso e sem custos. Outro ponto foi a avaliação do novo formato online das Diretrizes da SBD. A publicação, distribuída durante o 31º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia, ano passado, pode ser acessada pelo site da entidade. Para a praticidade do internauta, será possível também fazer download apenas de um capítulo e não mais do arquivo inteiro como era feito anteriormente. Além das publicações, as atividades da Ação Global, que já começaram em Minas Gerais e no Pará, também estiveram em pauta. Confira a matéria completa sobre o “Bem Estar Global” na página 12. Outras propostas e análises foram feitas, cujos projetos serão implementados ao longo dos próximos meses e, respectivamente, noticiados nos veículos de comunicação da SBD. n sidência da Revista da SBD, Diretrizes e Posicionamentos Oficias. • Participação gratuita nos Simpósios de Atualização. • Possibilidade de ser um colunista do Portal SBD, colaborando com o corpo editorial, enviando algum assunto que gostaria de debater ou apresentando seu ponto de vista e experiências profissionais. Para mais informações ou caso tenha alguma dúvida sobre o procedimento, entre em contato com: Eliana Andrade (Assistente Administrativa), no telefone: +55 11 3842-4931 ou pelo e-mail: [email protected]. n Plataforma de Educação C om o objetivo de ensinar o básico do diabetes para profissionais de saúde, a SBD lançará uma plataforma de educação à distância. O projeto tem como organizador o Dr. Laerte Damaceno e seu modelo será baseado no Medscape (um aplicativo usado por médicos e acadêmicos de medicina que buscam métodos de diagnósticos e tratamentos atuais). O programa deve ter início no mês de abril e será lançado, provavelmente, no fim de maio pelo site da SBD. n TV Bandeirantes e a SBD N este começo de 2015 a SBD e a TV Bandeirantes realizaram uma parceria para ser veiculada uma série de reportagens sobre diabetes no programa Dia Dia. Até o final de junho, todas as sextas-feiras, um médico da Sociedade vai ao programa falar sobre um tema relacionado à doença e será apresentada uma receita saudável, inclusive para pacientes com diabetes, feita por uma culinarista. O programa Dia Dia começa às 9h30. n Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 23 Rio Grande do Sul Foto: Lisandro Luis Trarbach Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 24 Minha Cidade: Porto Alegre Por Tainá Oliveira O s versos do poema “O Mapa”, escrito por Mario Quintana, é uma homenagem do autor para a cidade que escolheu para viver quando tinha 20 anos: Porto Alegre. Com uma geografia diversificada, a capital convida seus moradores e visitantes a conhecerem, em cada esquina, um pouco mais de uma cultura abrangente, que foi formada por imigrantes alemães, italianos, espanhóis, africanos, poloneses e libaneses. A capital será a sede da próxima edição do Congresso da SBD. Modelo de Gestão – A ONU escolheu a cidade de Porto Alegre como a “Metrópole nº1 em qualidade de vida do Brasil” por três vezes; além de ter um dos 40 melhores modelos de gestão pública democrática, em função do Orçamento Participativo; e possuir o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre as metrópoles nacionais. Nascida em Porto Alegre, em 1962, a integrante da Comissão Executiva Local do Congresso da SBD é uma das apaixonadas pela cidade. A especialista foi criada no interior do estado, em Rosário do Sul, e retornou à cidade aos 13 anos. “É a cidade da minha família paterna, onde meu pai trabalhava. Em Porto Alegre Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 25 Olho o mapa da cidade, como quem examinasse a anatomia de um corpo (É nem que fosse o meu corpo!). Sinto uma dor infinita, das ruas de Porto Alegre onde jamais passarei.(...) Há tanta esquina esquisita, tanta nuança de paredes, há tanta moça bonita nas ruas que não andei (E há uma rua encantada que nem em sonhos sonhei...) Mario Quintana Dra. Cristina Matos 1977, voltei para estudar, pois já tinha o objetivo de seguir a carreira na área médica. Passei no vestibular em 1980, para a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A formatura foi em 1986 e a residência em endocrinologia de 1987 a 1989, no Hospital das Clínicas de POA. Fiz meu mestrado e doutorado em Clínica Médica também em Porto Alegre, na UFRGS. Atualmente, trabalho no meu consultório particular e sou a segunda tesoureira da Regional da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) daqui, além de estar na Comissão do Diabetes 2015”, contou. Para a médica, uma das principais características positivas do local são as belas paisagens e o clima de paz. “É uma cidade tranquila para se viver, com uma boa qualidade de vida. Nós, gaúchos, temos muito orgulho da nossa capital”, declarou. Para quem gosta de programas culturais e esportivos a Dra. Cristina Matos dá algumas sugestões. “A Praça da Matriz, o Teatro São Pedro, o Mercado Público e o Parque da Redenção com as feiras aos sábados e domingos. Ainda temos o famoso Brique da Redenção, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, o Santander Cultural e a Casa de Cultura Mario Quintana são lugares imperdíveis. Sem falar em uma passagem pelos estádios do Internacional e Grêmio”, sugeriu. Outra opção de programa é um passeio no entorno do Lago Guaíba. “Lá, o pôr do sol é um dos mais bonitos que já vi. Brincamos que para nós, gaúchos, é difícil saber se o local é um rio ou um lago.” Ainda no Guaíba, vale uma visita ao Museu Iberê Camargo, que abriga as obras deste famoso pintor brasileiro e gaúcho. Uma verdadeira obra de arte, concepção do famoso arquiteto português Álvaro Siza, considerado um dos cinco profissionais de arquitetura mais prestigiados do mundo. É um dos meus lugares favoritos. Impossível não parar e tomar um bom café ou cálice de vinho”, declarou. Alguém tem dúvida que a Dra. Cristina recomendaria um bom churrasco? “Os gaúchos adoram, acompanhado do chimarrão. Mas claro que é uma cidade onde a cultura italiana e germânica é forte, herança da colonização. Como toda a capital é diversificada, temos todas as opções: japonesa, francesa, árabe, mediterrânea, tailandesa (o Koh Pee Pee é considerado um dos melhores restaurantes tailandeses do país).” Como Surgiu? – Porto Alegre foi estabelecida como cidade apenas no século XVIII. Até então, o território do Rio Grande do Sul pertencia legalmente aos espanhóis por conta do Tratado de Tordesilhas (1494). No ano de 1750, após a assinatura do Tratado de Madrid, o rei de Portugal determinou que fosse reunido um grupo de 4 mil casais de Açores para povoarem o sul do Brasil, porém, apenas mil casais foram designados às terras brasileiras e se espalharam pelo litoral de Osório, no Rio Grande do Sul e interior. Em 1752, cerca de 500 pessoas se fixaram no entorno do Lago Guaíba, chamado então de “Porto de Viamão” (o primeiro nome de Porto Alegre). Em 26 de março de 1772, a cidade teve sua fundação oficial. Com a criação da Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais, um ano depois alterada para Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre. Foi apenas em 1773 que a cidade se tornou capital da capitania com a instalação do governo de José Marcelino de Figueiredo. Porto Alegre e o Diabetes –A cidade é referência na área de saúde. É lá que está localizado o Instituto da Criança com Diabetes, reconhecido como hospital de referência no tratamento do diabetes. Com o slogan “Aqui se aprende a vencer”, o Instituto foi fundado no dia 19 de janeiro de 2004 e atua junto a crianças, adolescentes e adultos diabéticos. É uma instituição privada, sem fins lucrativos. Os principais objetivos da instituição são a redução de internação hospitalar dos pacientes e a prevenção das complicações decorrentes da doença. Uma das principais atividades desenvolvidas é a “Corrida Para Vencer o Diabetes”, que reúne anualmente milhares de participantes, inclusive rivais no futebol, como gremistas e colorados. À frente do Instituto está o Dr. Balduíno Tschiedel, presidente do Diabetes 2015 e ex-presidente da SBD. n Pelo Brasil Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 26 CATD em Oitava Edição I Fotos: Celso Pupo ntegrante da agenda de atividades dos profissionais em diabetes, o CATD – Curso de Atualização e Tratamento em Diabetes – foi programado para os dias 29 e 30 de maio, no Windsor Atlântica Hotel. Atenção, pois esse ano, o evento é no Windsor do Leme (antigo Meridien) e não na Barra da Tijuca. Os coordenadores, Dr. Leão Zagury e Dr. Roberto Zagury, estão dando continuidade ao trabalho que está sendo feito há oito anos. A proposta do CATD 2015 é rever conhecimentos em relação a aspectos fisiopatológicos, discutir controvérsias e discutir as novas tecnologias disponíveis e informações sobre novos exames. Para o Dr. Roberto é fundamental estar atento às mudanças. “Nossos pacientes estão cada vez mais bem informados e altamente questionadores. É absolutamente necessário estar atualizado”, enfatizou o endocrinologista. n Formando Lideranças Atualização no Paraná N os dias 28 e 29 de agosto, Curitiba, no Paraná, receberá o “Diabetes Paraná”. A Regional da SBD do estado está à frente do projeto em conjunto com o Centro de Diabetes de Curitiba, com a coordenação do Dr. Edgard Niclewick. Os interessados podem efetuar a inscrição no site. Os valores são: R$350 para SBD, Sociedade Brasileira Clínica Médica, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Sociedade Brasileira de Hipertensão e Sociedade Brasileira Cardiologia; R$370 para não sócios; R$260 para residentes, pós-graduando, mestrando e doutorando. Essas taxas são válidas até o dia 15 de agosto. n Ilustração: Tai11 N os dias 23, 24 e 25 de abril foi realizada a primeira etapa do I Encontro Nacional de Jovens Adultos com Diabetes. A iniciativa pretende promover a troca de experiências e incentivar os jovens diabéticos a divulgarem informações sobre o assunto, além de formar 30 líderes. O projeto é promovido pela Associação de Diabetes Brasil (ADJ). A primeira etapa contou com um encontro presencial e nas próximas fases os contatos serão em reuniões virtuais. Os assuntos em pauta foram: “Panorama do diabetes no país”; “Últimas Tecnologias”; “O Papel e a Participação do Jovem na Sociedade”; “Como as Mídias Sociais Podem Contribuir para Ajudar o Tratamento”; “Advocacy e Leis que Envolvem o Diabetes”; “Como os Jovens Podem Produzir Projetos e Solicitar Parcerias com o Governo”; e a “Iniciativa Privada a fim de Promover as Ações em seus Respectivos Municípios”. Todos os jovens com diabetes 1 ou 2 foram selecionados pela própria Associação, com envio de currículo e de materiais, mostrando o engajamento pessoal em relação ao diabetes e, por último, a entrevista. O projeto conta com o apoio da AstraZeneca, Boehringer Ingelheim, Janssen, Lilly, Novartis, Novo Nordisk e Roche e Sanofi. n Evento da ANAD A Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) realizará o 20º Congresso Brasileiro Multidisciplinar em Diabetes 2015. Presidido pelo Dr. Fadlo Fraige Filho, o evento acontecerá entre os dias 23 a 26 de julho, na Universidade Paulista (UNIP), em São Paulo. Além da programação principal, serão feitas quatro oficinas. As inscrições podem ser feitas através de e-mail, fax ou na sede da ANAD. Para consulta sobre inscrições é necessário entrar em contato com a entidade pelo número (11) 5572-6559. O evento conta com o apoio da SBD. n 25 anos à Frente do IEDE A equipe do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Jayme Rodrigues do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE) prestou uma homenagem ao Dr. Ricardo Meirelles, em comemoração ao seu Jubileu de Prata na direção da entidade. O evento aconteceu na sede do Instituto, no Rio de Janeiro, e contou com a presença de amigos e familiares do endocrinologista. A solenidade contou com a presença de representantes de diversas entidades e instituições, entre eles o Dr. Alexandre Hohol, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM); Dr. Daniel Rosa, diretor administrativo da Fundação Saúde; Dr. Pablo Vazquez, presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro; Dr. Gutemberg Leão, diretor do Instituto de Ginecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Valéria Mol, representante da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro, subsecretária de Unidades Próprias da Secretaria de Saúde. O editor chefe da Revista Diabetes e ex-chefe do Serviço de Diabetes do IEDE, Dr. Leão Zagury, também esteve presente. A amizade entre os dois endocrinolo- A gistas é de longa data. Representando a diretoria da SBD, a Dra. Rosane Kupfer, vice-presidente da entidade e atual chefe do Serviço de Diabetes do IEDE, lembrou que o médico foi um dos profissionais que lutou, ao lado do Dr. Luiz Cesar Póvoa, para que o nome da especialidade “Endocrinologia e Metabologia” permanecessem juntas. Foram feitas apresentações com fotos da carreira do Dr. Ricardo Meireles. Para finalizar, homenagens da filha, Tatiana Meirelles e da esposa, Valéria Paiva. n Congresso da ABESO O Rio de Janeiro sediou a 16ª edição do Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica. O evento é uma iniciativa da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), e aconteceu entre os dias 30 de abril e 2 de maio. O Dr. Alexander Benchimol foi o responsável pela organização, que também conta com o apoio da SBD. Abordagem das comorbidades; exercício na prática clínica; cirurgia bariátrica; passado, presente e futuro dos medicamentos antiobesidade; fisiopatologia da obesidade; adoçantes; novas abordagens e mudança de estilo de vida; medicamentos para diabetes e a perda de peso; e as novas diretrizes em obesidade estão entre os temas abordados. n CBAEM 2015 cidade de Vitória sediará o Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia (CBAEM 2015), promovido pela SBEM Nacional. O evento acontece entre os dias 11 a 14 de agosto, no Centro de Convenções de Vitória. O Dr. Albermar Roberts Harrigan, presidente do Congresso, lembra que a abordagem central terá um foco prático para ser aplicada na rotina dos médicos. “O CBAEM é um evento com uma abordagem ampla especialmente para a área clínica. Estamos tendo bastante cuidado na elaboração da programação, pois queremos montar algo abrangente”, declarou. As inscrições estão disponíveis no site do Congresso: www.cbaem2015.com.br. O envio de trabalhos está encerrado. Os temas que serão abordados são: Adrenal e Hipertensão; Diabetes Mellitus; Dislipidemia e Aterosclerose; Endocrinologia Básica; Endocrinologia Feminina e Andrologia; Endocrinologia Pediátrica; Metabolismo Ósseo e Mineral; Neuroendocrinologia; Obesidade; Sustentabilidade e Endocrinologia; Tireoide e outros. n XI COPEM N os dias 14 a 16 de maio foi realizado o XI COPEM (Congresso Paulista de Endocrinologia e Metabologia). O evento aconteceu, como na edição anterior, no Centro de Convenções do Shopping Frei Caneca, em São Paulo. O presidente do evento foi o Dr. Evandro Portes e a organização da SBEM São Paulo, sob a presidência da Dra. Laura Ward. As principais informações foi divulgadas pela fanpage da Regional. “Contamos com líderes de opinião com grande produção científica. Entre estes, a Dra. Maria Christina Zennaro, os Drs. John Christopher Gallagher, Jack A. Yanovski, e Rajesh V. Thakker.” n Dr. Alexande Benchimol, presidente do evento e Dra. Cintia Cercato, presidente da ABESO Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 27 Agenda Foto: PerseoMedusa Vol. 22 - nº 02 - maio 2015 28 Maio 2015 Junho 2015 Congresso Paulista de Endocrinologia e 11º Congresso Brasileiro Pediátrico de Metabologia – COPEM 2015 Endocrinologia e Metabologia (COBRAPEM) || || || || a6 || 3Natal, RN || www.cobrapem2015.com.br || (21) 22041-012 ou 2548-1999 || European Congress of Endocrinology 75 Scientific Sessions 2015 14 a 16 Local: Frei Caneca, São Paulo, SP Informações: www.copem2015.com.br (11) 3086-9100 Data: (ECE2015) || || || 16 a 20 Local: Dublin, Irlanda Informações: www.ece2015.org Data: Congresso Latino Americano de Endocrinologia e EndoRecife 2015 Data: Local: Informações: Diabetes Paraná 2015 e 29 || 28Associação || Curitiba, PR Médica do Paraná, || www.diabetesparana.com.br || (11) 3849-0099 || Data: Local: Informações: 7º EndoRio || || || e 29 || 28Windsor Hotel, || Leme, Rio Atlântica de Janeiro || www.sbemrj.org.br || (21) 2527-1487 || Julho 2015 Setembro 2015 Congresso Catarinense de Endocrinologia e 51st EASD Annual Meeting, Stockholm th 5a9 Boston, EUA Informações: professional.diabetes.org Data: Local: Data: Local: Informações: || || || a 23 || 20Enotel || Porto de Convention, Galinhas, PE || www.endocrinologiape.com. ||br/endorecife2015 || (11) 3044-1339 || e4 || 3Hotel Majestic, Florianópolis, SC || www.sbemsc.org.br || (48) 3231-0336 || 20º Congresso Brasileiro Multidisciplinar em 54th European Society for Paediatric CATD 2015 – 9º Curso de Atualização do Tratamento do Diabetes Diabetes 2015 Endocrinology Annual Meeting Data: Local: Informações: || || || || || || 29 e 30 Local: Windsor Atlântica Hotel, Leme, Rio de Janeiro Informações: AC Farmacêutica www.acfarmaceutica.com.br/catd2015-2/ Data: Metabologia Data: Local: 14 a 18 Estocolmo, Suécia Informações: www.easd.org Data: Local: Informações: Outubro 2015 a 26 || 23Universidade || São Paulo Paulista (UNIP), || (11) 5572-6559, ||www.anad.org.br || || || || Agosto 2015 XX Congresso da Sociedade Brasileira de Diabetes Data: Local: 1a3 Barcelona, Espanha Informações: www.eurospe.org Data: Local: Informações: Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia – CBAEM 2015 a 15 || 11Centro || Vitória, ESde Convenções, || www.cbaem2015.com.br || (51) 3086-9100 || Data: Local: Informações: Novembro 2015 a 13 || 11Centro de Convenções FIERGS, || Porto Alegre, RS || www.diabetes2015.com.br || (51) 3086-9100 || Data: Local: Informações: