Volume 22- Nº 2 Maio 2015 - Sociedade Brasileira de Diabetes

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Volume 22 – número 02 – maio 2015
A Tecnologia no
Tratamento do
Diabetes
Os Resultados do Estudo sobre uso de Bomba de
Insulina no Brasil
A Nova Plataforma de Ensino à Distância da SBD
Palavra do Presidente
Vol. 22 - nº 02 - maio 2015
3
D
everia existir algum item nos
Estatutos da SBD que proibisse
o presidente de ficar doente,
ainda mais com dengue. Sempre falamos no tratamento do diabetes
sobre a importância de vivenciar o que
o paciente sente. A vida nos leva a situações que nos mostram o quanto isso
é importante. Tenham muita paciência com seus pacientes nesse momento
porque não é nada simples. Desde já,
agradeço aos amigos e associados pela
compreensão na minha ausência, pois
foram duas semanas difíceis demais.
Mas, depois do problema superado, foi
a hora de retomar a lista de e-mails e
tomar decisões. Aproveito para lembrar
sobre os cuidados com seus pacientes
com diabetes e que tenham dengue.
Nossa atenção tem que ser redobrada.
Mas, ter uma diretoria que entende o
espírito democrático é o melhor caminho, pois foi o momento de dividir as
responsabilidades.
Fazendo um balanço das tarefas entre uma edição e outra da Revista, tivemos progresso em diversos campos. No
segundo ano de mandato, parece que
os dias e horas andam mais rápidos e a
sensação que “pode não dar tempo” vai
ocupando cada vez mais espaço.
O Congresso da SBD se aproxima a
uma velocidade enorme. Serão dezenas
de reuniões, planejamento e lançamentos acontecendo, além da nossa prestação de contas do período. É um balanço
tão importante para nós quanto para os
associados. Em resumo, o Diabetes 2015
já começou. Sabemos que a programação científica e social está em boas mãos
e, por isso, a responsabilidade do resultado está compartilhada.
Tivemos diversas reuniões nos últimos dois meses, com os Departamentos
e também com algumas comissões. Alinhamos alguns pontos importantes entre todos os veículos de comunicação da
SBD; definimos novas estratégias para o
Dia Mundial do Diabetes; criamos duas
novas pesquisas dentro do site da SBD;
concretizamos a parceria com a emissora
de tevê, Band, e os programas semanais
começaram; e estamos nos acertos finais
do projeto de Educação à Distância.
O encontro do Departamento de Enfermagem foi realizado e existem mais
propostas para muito breve, assim como
nossa preocupação em relação a ter um
plano pronto para catástrofes naturais.
Estamos trabalhando para deixar esse
legado também.
No período, realizamos o SITEC e
não posso deixar de manifestar minha
satisfação de ver o interesse dos participantes e do sucesso entre os jovens com
a presença de 100 residentes. Foram
nossos convidados. Abrir esse espaço é
o caminho que a SBD quer tomar. Foi
bom saber que o próximo presidente, e
que é integrante da nossa diretoria, já
confirmou a realização da edição 2017.
Um agradecimento especial aos batalhadores que acreditaram em uma proposta ousada. Obrigado Márcio Krakauer,
Denise Reis Franco, André Vianna, Luis
Eduardo Calliari e Mauro Scharf.
Outros projetos na área de educação,
como os podcasts, estão em andamento
e serão implementados em breve. Mais
um canal de atualização para os profissionais de saúde.
Poucos meses para tantas ideias. O
tempo é curto e há muito o que fazer.
Contamos com o apoio de vocês.
Walter Minicucci
Presidente da SBD 2014/2015
Índice
Vol. 22 - nº 02 - maio 2015
4
1Palavra do Presidente
3 Palavra do Editor-Chefe
4 Saúde e Ciência
6Dr. Antonio Roberto Chacra
8Sexo Fetal e Risco de Diabetes Gestacional
9A Tecnologia a Serviço do Tratamento do Diabetes
12 SBD e o Bem Estar Global: Informação
para quem Mais Precisa
13
Um Guia de Alimentos para a População
Brasileira e Profissionais de Saúde
16
18
20
21
22
23
24
26
28
Panorama: Uso de Bombas de Insulina no Brasil
Novidades sobre o Diabetes 2015
Dia Mundial do Diabetes: Começaram os Trabalhos
SBD Online: Projeto de Ensino à Distância
A Medicina com Precisão
Comunicados da SBD
Minha Cidade: Porto Alegre
Pelo Brasil
Agenda
Editorial
motivo, nosso destaque nessa edição é o
SITEC 2015 (Simpósio Internacional de
Tecnologias em Diabetes).
O Walter idealizou esse evento e reuniu um grupo tão apaixonado quanto
ele para desenvolver o projeto e se arriscou. Deu certo. Parabéns pela ousadia. Na nossa reportagem especial serão
apresentados novos termos utilizados
no SITEC e possibilidades desse mundo de botões, cliques e “nuvens”.
Em outra reportagem a Dra. Ana
Claudia Ramalho apresenta o panorama do uso de Bombas de Insulina no
Brasil. A comparação entre Brasil e Estados Unidos surpreende. Enquanto em
solo americano são cerca de 600 mil diabéticos utilizando esse sistema de infusão de insulina, no Brasil o número gira
em torno de 5 mil.
Estamos chegando à nossa antepenúltima matéria da série Páginas Azuis.
Quem participa dessa vez é Dr. Antonio
Roberto Chacra, que fala sobre seu trabalho como presidente da SBD.
Apresentamos também a nova Plataforma de Ensino à Distância, que está
sendo desenvolvida pelo criador do site
da SBD, o Dr. Laerte Damaceno. O lançamento está programado para os próximos dias. Ele nos diz como pretende
atingir todo o país.
Não se enganem, o nosso Congresso está mais próximo do que se possa
imaginar.
O tempo voa e quando notarmos já
DIRETORIA BIÊNIO – 2014-2015
Presidente: Dr. Walter Minicucci; Vice-Presidentes: Dra.
Hermelinda Cordeiro Pedrosa, Dr. Luiz Alberto Andreotti Turatti, Dr. Marcos Cauduro Troian, Dra. Rosane
Kupfer e Dr. Ruy Lyra; primeiro secretário: Dr. Domingos
Augusto Malerbi; segundo secretário: Dr. Luis Antonio de
Araujo; tesoureiro: Dr. Antonio Carlos Lerário; segundo
tesoureiro: Dr. Edson Perrotti dos Santos; conselho fiscal:
Dr. Antonio Carlos Pires, Dra Denise Reis Franco, Dr.
Levimar Rocha Araújo, Dr. Raimundo Sotero de Menezes Filho
SEDE
Rua Afonso Brás, 579, salas 72/74, Vila Nova
Conceição, São Paulo, SP, CEP 04511-011; Email:
[email protected],
Site: www.diabetes.org.br; Tel.: (11) 3846-0729; Gerente:
Anna Maria Ferreira; Secretária: Maria Izabel Homem de
Mello e Eliana Andrade.
Filiada à International Diabetes Federation.
Foto: Celso Pupo
S
empre fui apaixonado pelas relações humanas. Desde 1971,
muito jovem, prego a importância da educação dos diabéticos.
Ainda hoje é uma bandeira que carrego
com entusiasmo. Na primeira vez que
abordei o tema em um Congresso de
Endocrinologia (naquela época ainda
não existiam os congressos da Sociedade Brasileira de Diabetes), eu e o tema
não fomos bem-aceitos. O assunto foi
considerado inútil, e eu, jovem demais.
Não aceitei e insisti. Hoje me orgulho
do pioneirismo. Foi como ver o futuro.
E a educação se baseia fundamentalmente em relações interpessoais. Agora
me preocupo com a rápida evolução da
tecnologia. Estamos em um momento
de descobertas e de apostar no futuro
que está chegando muito rápido. Os
pacientes questionam e usam palavras
de um universo novo, às vezes de difícil
compreensão. Precisamos estar prontos
a aprender e entender novas tecnologias.
Quando presidente da SBD visualizei
mudanças na comunicação e investi no
nosso site.Valeu a pena. O site é muito
procurado e representa uma importante fonte de informação para a equipe de
saúde e pacientes. A comunicação estava mudando, evoluindo e precisávamos
acompanhar. Naquela época, estava comigo no projeto o nosso presidente Walter Minicucci, que lida muito bem com
relações humanas e tecnologia. Por esse
Vol. 22 - nº 02 - maio 2015
5
será novembro. O presidente da Comissão Científica, Dr. Marcelo Bertolucci,
nos relata a cada edição a evolução do
Diabetes 2015. Boa sorte ao presidente
Dr. Balduíno Tschiedel, que terá muito
trabalho nos próximos meses. Podem
contar com todo o apoio da nossa revista.
Saúde para Todos
Leão Zagury
Editor-chefe
REVISTA DA SBD
Editor-chefe: Dr. Leão Zagury
Presidente da SBD: Dr. Walter Minicucci
Equipe de Jornalismo: DC Press
Editora: Cristina Dissat – MTRJ 17518; Redação: Flávia Garcia, André Dissat,
Tainá Oliveira, Patrícia Bernardo e Isabel Struckel (colaboração).
Colunistas: Dr. Augusto Pimazoni e Dr. Ney Cavalcanti.
Redação: Rua Haddock Lobo, 356 sala 202- Tijuca - Rio de Janeiro - RJ;
Tels.: (21) 2205-0707; email: [email protected]
As colunas e artigos assinados são de inteira responsabilidade de
seus autores.
Comercialização: AC Farmacêutica, tel.: (11) 5641-1870 e
(21) 3543-0770, [email protected]
Projeto gráfico: DoisC Editoração Eletrônica e Fotografia
([email protected]); Direção de Arte e Fotografia: Celso Pupo.
Periodicidade: Bimestral
Impressão e CTP: Melting Color Gráfica e Editora Ltda; Tiragem: 4000
exemplares.
Saúde & Ciência
Vol. 22 - nº 02 - maio 2015
6
Estudo Sueco
Relaciona
Estresse e
Diabetes em
Crianças
M
7 de Abril: Dia Mundial da Saúde
H
á mais de 65 anos, a Organização
das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 7 de abril como o Dia
Mundial da Saúde. Desde então, a cada
ano, a Organização Mundial da Saúde
(OMS), órgão que integra a ONU, elege
um tema para ser divulgado, através de
campanhas mundiais, em prol da melhoria das condições de vida da humanidade. A data coincide com o aniversário da
fundação da OMS, em 1948. Para 2015,
o tema escolhido foi relacionado à qualidade dos alimentos consumidos em todo
o mundo: “Do campo à mesa, obtendo
alimentos seguros”.
No Brasil, a OMS ampliou a abordagem incentivando o consumo de alimentos seguros, a alimentação saudável e a
prática de atividades físicas, tendo em vista que alimentos não seguros geram um
ciclo vicioso de doença e desnutrição,
que afetam, particularmente, os mais
vulneráveis (crianças, idosos e doentes).
“Os alimentos saudáveis são a chave para
uma boa saúde. Por outro lado, os não
seguros – contendo bactérias, vírus, parasitas ou substâncias químicas – são a
causa de mais de 200 doenças. Esses problemas prejudicam a produtividade, sobrecarregam o sistema de saúde pública
e reduzem os ganhos econômicos, além
de impedirem o desenvolvimento socio-
econômico, prejudicando as economias
nacionais, turismo e comércio”, segundo
representantes da Organização.
Em comunicado oficial, a agência da
ONU afirmou que “a segurança alimentar e a boa nutrição são indissociáveis.
O consumo inadequado de determinados tipos de alimentos ou ingredientes,
como excesso de sal, açúcar e gorduras,
podem levar a ocorrência de algumas
doenças crônicas, como o diabetes e a
hipertensão. Paralelamente, a prática de
atividades físicas também é essencial para
a boa qualidade de vida de qualquer indivíduo”.
Para marcar a data no Brasil, o Ministério da Saúde lançou o livro “Alimentos Regionais Brasileiros”, com comidas
típicas de cada região e dicas de como
cozinhar com mais saúde. Com a publicação, o MS pretende estimular a população para o consumo saudável, reduzindo
a obesidade, diabetes, hipertensão e outras doenças. Em sua página na internet,
o Ministério também divulgou dados do
consumo de frutas e hortaliças nas regiões do Brasil. Segundo a OMS, a ingestão
necessária é de pelo menos 400 gramas
desses alimentos diariamente. Uma avaliação do documento foi feita nesta edição, pelo Departamento de Nutrição da
SBD. n
ais de 10 mil famílias do sul
da Suécia participaram de
uma pesquisa publicada na
revista Diabetology, da EASD (European Association for the Study of Diabetes). Após reunirem as respostas
dos questionários, preenchidos
pelos responsáveis das famílias, os
pesquisadores concluíram que as
crianças sujeitas a situações estressantes como divórcios, conflitos
conjugais, mortes etc., apresentam maior probabilidade de desenvolver diabetes tipo 1.
O estudo sugere que situações
de estresse causariam uma pane
na produção da insulina, propiciando o desenvolvimento do
DM1. Mesmo após avaliarem outros fatores de risco, as crianças
até 14 anos com registro de experiências traumáticas apresentaram
risco três vezes maior do que as
que não passaram por eventos estressantes no cotidiano. Os autores sugerem que isso tenha ocorrido devido ao estresse das células
beta do pâncreas. “Desta forma,
a experiência traumática para a
criança poderia contribuir para o
estresse da célula beta, por meio
do aumento da resistência à insulina, assim como o crescimento da
demanda por causa da resposta
psicológica ao estresse, incluindo
níveis elevados do hormônio do
estresse, o cortisol.”
Segundo os pesquisadores, é
muito difícil evitar eventos estressantes, mas as crianças e seus pais
devem ter acompanhamento adequado para lidar com esses problemas e suas consequências, o
que pode incluir também ajuda
médica. n
Estudo Desvenda
Dados sobre Obesidade no Vigitel 2014 como Exercícios
O
Ministério da Saúde divulgou em
abril os dados do Vigitel 2014 –
Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por
Inquérito Telefônico.
A apresentação dos dados foi feita, em
coletiva online e presencial, por Deborah
Malta, diretora do Departamento de Vigilância de Agravos e Doenças Não Transmissíveis, e os comentários aos jornalistas
com o Ministro da Saúde, Arthur Chioro.
Foram realizadas 40.853 entrevistas
com adultos com mais de 18 anos, residentes em 26 estados brasileiros e o
Distrito Federal. A pesquisa aconteceu
entre fevereiro e dezembro de 2014. O
documento tem 37 páginas, nas quais
foi observado o crescimento da obesidade. São 52,5% dos brasileiros acima do
peso (em 2006 eram 43%). As doenças
crônicas respondem por 72% dos óbitos
no país. n
Protegem o
Pâncreas
U
ma pesquisa realizada na Unicamp, cujos resultados foram
publicados no The FASEB Journal
e na Nature Reviews Endocrinology, mostrou que a interleucina 6 (IL-6), substância secretada pelos hormônios com
a prática de exercícios físicos, aumenta
a sobrevivência das células pancreáticas
produtoras de insulina em pacientes
com diabetes tipo 1.
Segundo o Dr. Claudio Cesar Zoppi,
pesquisador do Laboratório de Pâncreas
Endócrino e Metabolismo do Departamento de Biologia Estrutural e Funcional da Unicamp, a descoberta abre caminho para o desenvolvimento de drogas
que simulem a ação do IL-6 no pâncreas.
O estudo consistiu em experimentos
realizados em camundongos saudáveis,
submetidos a um programa de treinamento físico de resistência. Após dois
meses, foram coletadas amostras de
ilhotas pancreáticas e analisadas. Em
seguida, foi simulado, in vitro, o ataque
autoimune semelhante ao dos pacientes
com DM1. “As ilhotas dos camundongos
treinados apresentaram taxa de mortalidade 50% menor que as dos camundongos sedentários, pertencentes ao grupo
controle.” n
Novo Dispositivo para Detectar DM2 Está em Teste
O
Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia do Instituto de Física
de São Carlos, da Universidade
de São Paulo (IFSC/USP), desenvolveu
um novo sistema de diagnóstico de diabetes, tendo como base a detecção do
hormônio adiponectina. Isto porque,
segundo a aluna de doutorado Laís
Canniatti Brazaca, “quando o organismo começa a produzir menos esse hormônio, há uma relação com o aparecimento de diabetes tipo 2 com a idade.
Obviamente não são todos os casos em
que a diminuição da adiponectina leva
ao diabetes, mas há uma correlação. Sabendo que há uma disfunção hormonal, a pessoa pode até pensar em uma
mudança de hábitos alimentares e de
vida, que podem evitar ou postergar o
aparecimento da doença”.
A pesquisadora afirma que o método é semelhante ao já conhecido e
utilizado “Enzyme-linked immunosorbent
assay” (ELISA), sendo que de menor
custo e, assim, mais acessível. O sistema do IFSC/USP é composto por um
biossensor descartável e um pequeno
eletrodo. Segundo o Instituto, exames
feitos no laboratório do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da
USP com o novo sistema obtiveram
resultados parecidos aos feitos com o
método tradicional ELISA. A ideia é
que o novo dispositivo seja utilizado
para exames complementares. Após o
desenvolvimento dessa tecnologia, o
grupo espera encontrar empresas interessadas em produzir o aparelho e
comercializá-lo. n
Na edição digital da Revista Diabetes os leitores podem acessar os links dos estudos apresentados na coluna Saúde & Ciência.
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7
Páginas Azuis
Vol. 22 - nº 02 - maio 2015
6
Dr. Antonio Roberto Chacra
N
o final dos anos 80 começavam
a surgir diversos jornais de entidades médicas no Brasil. Logo
depois, no início dos 90, o Dr.
Antonio Roberto Chacra traçava as primeiras estratégias para a realização do
Congresso Brasileiro de Diabetes, em
1993. Mas de que forma as duas questões se relacionam? Observando essa
movimentação, o Dr. Chacra optou
por criar um jornal para divulgar o andamento do evento. O Jornal do Congresso circulou durante todo o ano e
em 1994 passaria a ser o Jornal da SBD,
que anos depois se transformou na Revista Diabetes, que você está folheando
agora.
Os anos 90 foram de grandes mudanças na entidade, quando a SBD passaria
a ter um endereço próprio, novos projetos, aproximação com o Ministério da
Saúde e ampliação dos contatos internacionais, a partir do trabalho junto a entidades como a International Diabetes
Federation e a Associação Latino-Americana de Diabetes.
Assim como a primeira entrevista
do ex-presidente em 1992, ainda no
momento da elaboração do projeto do
Jornal do Congresso, a reportagem da
Revista Diabetes foi ao consultório do
Dr. Chacra, em São Paulo, para uma retrospectiva do trabalho como presidente, sobre como o diabetes entrou na vida
do especialista e como avalia a SBD no
cenário atual do país.
Revista Diabetes: Como a endocrinologia e
o diabetes entraram na sua vida?
Dr. Chacra: Sempre tive a certeza de que
faria Endocrinologia. Nem queria me
dedicar demais aos estudos antes da especialização porque queria mergulhar
nesse mundo no momento certo. Desde
criança, meu objetivo era fazer medicina. Foi uma escolha de vida e nunca me
arrependi. Fiz o vestibular em São Paulo
e no Rio na mesma época e fui aprovado para a Universidade do Brasil, hoje
UFRJ. Era um sonho saber que estaria
no Rio de Janeiro. Comecei as aulas lá
e até passei pelo trote no primeiro dia
de faculdade. Estava feliz. Entretanto,
alguns dias depois, soube que havia sido
aprovado também para a Escola Paulista. A influência dos meus pais e a pressão em continuar em São Paulo foram
mais fortes. Troquei Copacabana pela
Vila Clementino.
Gostei muito de me formar na Escola Paulista. Fiz a Residência em Endocrinologia e o diabetes surgiria quando
cursei a disciplina, criada pelos professores Thales Martins e Ribeiro do Valle.
Era uma época de muita experimentação. Ao me formar, voltei ao Rio e fui ao
IEDE, pois pretendia cursar a especialização lá, mas fiquei em São Paulo novamente. Os amigos resolveram brincar
com essa minha determinação em virar
carioca e até ganhei o apelido de Duque
de Moncorvo, por causa do IEDE, tal era
a minha vontade de estar no Rio.
Estudei em São Paulo e fui o primeiro
residente em Endocrinologia na Escola Paulista. Terminei, me casei e viajei
para a Universidade do Texas, nos Estados Unidos, onde fiquei de 1972 a 1975.
Passei a estudar mais o diabetes por lá,
trabalhando em pesquisa com radioi-
munoensaio de insulina e defendi minha tese de doutorado – “Contribuição
à hipótese de insuficiência de células
beta como lesão primária do diabetes”.
Ao voltar, o interesse no diabetes só foi
aumentando. Fui Professor Titular de
Medicina da Universidade Federal de
São Paulo, o mais jovem da Universidade. Fui, então, o presidente do Congresso de Diabetes. Meu envolvimento
continuou quando assumi a presidência
da SBD e, depois, da Associação LatinoAme­ricana de Diabetes.
Revista Diabetes: Como foi a sua eleição
naquela época?
Dr. Chacra: Antes da eleição na SBD, fui
presidente da SBEM São Paulo, editor
dos Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia e aí me tornei presidente da SBD.
Não havia uma sede e a presidência,
pelo estatuto, se revezava entre Rio e
São Paulo. Essa alternância acontecia
porque os fundadores eram destes estados. Anos depois da fundação, a entidade passou a ter representações em
outras federações. Foi quando Thomaz
Cruz (BA) assumiu a presidência. Passamos a ter uma representatividade mais
justa. A assembleia foi realizada com
chapa única e fui eleito. Assim como observamos hoje, as conversas e decisões
vão acontecendo ao longo dos meses até
a hora da votação e indicação. Assumi a
presidência da SBD em 1994.
Revista Diabetes: Como era ser presidente
da SBD e como é hoje?
Dr. Chacra: Na época que fui presidente
Vol. 22 - nº 02 - maio 2015
97
presidente.
O contato a nível internacional também foi importante, através de um trabalho em parceria com a IDF e uma presença maior nos congressos fora do país.
Página ao lado: Momento importante
durante a presidência do Dr. Chacra.
Encontro no Ministério da Saúde, em
Brasília, com a presença do Dr. Procópio do
Valle, um dos fundadores da SBD.
tínhamos que provar que éramos capazes de produzir e muito. Havia uma pressão para fazer, fazer e fazer, pois eram
poucas ações desenvolvidas. Atualmente temos mais estabilidade. Lógico que,
com o porte atual da entidade, tudo é
mais complexo, com mais tarefas e decisões políticas internas também. Temos
mais sócios, mas a estrutura é melhor.
Não temos que recriar a roda. Estamos
bem estabelecidos.
A SBD vem evoluindo muito, conquistando mais espaço. Hoje temos uma
área grande de comunicação e o alcance das ações é muito maior.
Revista Diabetes: O que mais marcou sua
gestão como presidente da SBD?
Dr. Chacra: Um dos pontos mais importantes, na minha opinião, é que
naquela época, precisávamos de uma
sede. Imaginem uma Sociedade Médica que não tem um endereço fixo? Entidades internacionais queriam entrar
em contato conosco, e sem a facilidade da comunicação por e-mail, como
temos hoje, era difícil. Precisávamos
de um endereço, urgente. Foi quando
ocupamos uma sala na Avenida Paulista, junto com a ABD (Associação Brasileira dos Diabéticos), que depois ficou
inativa.
Essa foi uma decisão importante na
minha gestão. Ainda destaco a criação
do Jornal da SBD e ampliação no número de sócios. Estruturamos melhor a
SBD e, nas palavras de Procópio do Valle, a entidade passou a existir de forma
mais consistente. Torná-la uma Sociedade foi minha maior contribuição como
Revista Diabetes: O que era a SBD na sua
época e como a vê hoje?
Dr. Chacra: Temos uma entidade bem
estruturada, com vários projetos, com
departamentos e sendo solicitada para
orientações na área de saúde. A comunicação aumentou muito. Temos maior
respeito e um trabalho sólido com a endocrinologia.
A SBD se transformou, hoje, em uma
fonte de consulta para a imprensa, esclarecendo melhor a informação ao público. Haja vista que quando surge uma
notícia de impacto relativo ao diabetes,
a primeira consulta é feita à SBD. A Sociedade tem uma forte representatividade atualmente.
Revista Diabetes: Qual é a importância da
SBD no tratamento do diabetes?
Dr. Chacra: Já estivemos presentes em
reuniões com o Ministério da Saúde,
desde a época de Adib Jatene, em nome
da SBD. Lembro, inclusive, de uma audiência com Serra, em Brasília. Ele percebeu a força do diabetes quando entendeu que para cada diabético, quatro
pessoas próximas estavam envolvidas.
Era só fazer as contas para entender o
tamanho do problema no país.
Tivemos uma campanha de diabetes, mas muito cara. Foram gastos 40
milhões de dólares na compra de glicosímetros, que chegavam aos postos e
ninguém sabia como usar. Com ¼ dessa
verba poderiam ter construído locais de
atendimento simples para os pacientes
que precisam de informação para controlar a doença.
Essa visão de trabalho junto aos gestores foi continuada e tivemos, recentemente, o Balduíno Tschiedel viajando para várias cidades, assim como o
Jorge Gross e o trabalho da Adriana
Costa e Forti, Leão Zagury, Hermelinda Pedrosa e Laurenice Pereira Lima.
Cada Sociedade pressiona como pode
porque só assim será possível conseguir
algo para os pacientes. Também temos
uma ampla divulgação de informação
junto ao público leigo e vários projetos
de atualização para os profissionais de
saúde.
Revista Diabetes: Como foi ser presidente
da SBD?
Dr. Chacra: Obviamente, foi uma sensação muito boa. Sentimos orgulho ao ser
presidente de uma Sociedade Médica,
mas a responsabilidade também é enorme. Vivi um momento com muitas atividades simultâneas, além da SBD, mas
esse cargo foi o mais importante.
Revista Diabetes: Que mensagem deixa aos
colegas de Sociedade
Dr. Chacra: É preciso prestigiar cada vez
mais o associado, pois essa é uma forma
de ajudar a entidade. É preciso sentir
orgulho de estar ligado à SBD, incluindo no currículo “sou sócio” como um
item importantíssimo. Essa é uma forma de ajudar a entidade. Foi um prazer
reviver esses momentos e compartilhar
com vocês. n
Atualidades
8
Vol. 22 - nº 02 - maio 2015
Dr. Augusto Pimazoni Netto
CREMESP: 11.970
Coordenador do Grupo de Educação e
Controle do Diabetes do
Hospital do Rim e Hipertensão da Universidade
Federal de São Paulo – UNIFESP
Sexo Fetal e Risco de
Diabetes Gestacional
Referência bibliográfica
Retnakaran R, Kramer CK, Ye C et al. Fetal Sex and Maternal Risk of Gestational Diabetes Mellitus: The Impact of Having a
Boy. Diabetes Care 2015. Published online before print February 18, 2015. DOI: 10.2337/dc14-2551.
Foto: Dima Sidelnikov
U
ma análise retrospectiva de bases de dados perinatais
apontou para uma intrigante possibilidade de um risco
aumentado de diabetes gestacional em mulheres com
fetos masculinos, mas tal associação ainda permanece
nebulosa e sem comprovação efetiva. O objetivo desse estudo
foi o de avaliar a relação entre o sexo fetal e o metabolismo
materno de glicose num corte bem caracterizado de mulheres refletindo o espectro total de tolerância gestacional à
glicose, desde as situações normais até às discretamente
anormais e, mesmo, características do diabetes gestacional.
A população do estudo incluiu 1.074 mulheres grávidas submetidas à caracterização metabólica, incluindo
o teste oral de tolerância à glicose (TOTG) quando a
gestação atingia 29,5 semanas. A prevalência de diabetes gestacional e dos determinantes fisiopatológicos
(como a função da célula beta e a sensibilidade ou
resistência à insulina) e seus fatores clínicos de risco
foram comparados entre mulheres grávidas de fetos
femininos (n = 534) e fetos masculinos (n = 540).
Os resultados mostraram que as mulheres gestantes de fetos masculinos apresentavam uma redução
da função de células beta e um nível médio mais elevado de glicemia durante o TOTG, em comparação
com gestantes de meninos. Além disso, as mulheres
grávidas de fetos masculinos apresentavam um risco aumentado de desenvolvimento de diabetes gestacional da
ordem de 39%.
Os autores concluíram que a gestação de fetos masculinos está realmente associada a uma função mais comprometida das células beta, além de hiperglicemia pós-prandial e de
um risco aumentado de diabetes gestacional na mãe. Ou seja,
o sexo fetal pode potencialmente influenciar o metabolismo
materno de glicose na gravidez. n
Evento
A Tecnologia a
Serviço do
Tratamento
do Diabetes
Vol. 22 - nº 02 - maio 2015
9
Dr. Vitor Asseituno Morais
— É preciso saber manipular
a tecnologia e criar novas
alternativas. Seja na produção
de conteúdo na prática médica,
seja na prática médica, seja na
educação médica.
Denise Reis Franco
— No fim, tudo o
que queremos é
melhorar a vida de
quem tem diabetes. A
roda está aí para ser
reinventada.
Por Cris Dissat
S
erá que o uso das novas tecnologias ainda assusta os profissionais de saúde? Ou seria o receio
do desconhecido que mantém
as novidades a certa distância? Para auxiliar no entendimento do novo universo digital no tratamento e acompanhamento do diabetes, a SBD realizou,
em São Paulo, o I Simpósio Internacional de Tecnologia em Diabetes, entre
os dias 12 e 14 de março – SITEC 2014.
Foram cerca de 500 participantes que
permaneceram dentro da plenária durante todo o período do evento. Pela
interação do público, que foi além das
perguntas ao final de cada apresentação, o momento é de mudanças e um
grande número de profissionais está
pronto a aprender ou entender mais
essa área. O maior sinal da aprovação da
atividade é que o próximo evento já está
confirmado, para 2017, pela nova diretoria da SBD, que assumirá em 2016.
Entre os participantes estavam as mais
variadas áreas de atuação e, também,
100 residentes de alguns dos principais
Serviços de Endocrinologia do Brasil,
convidados pela SBD.
Dr. Reginaldo Albuquerque
— Acho que o movimento
de apavoramento está
diminuindo. As pessoas estão
espantadas para saber até
onde vamos.
Cintia Minatel Ribeiro,
de Brotas, com
residência na Unicamp
— Ainda existe uma
resistência natural. É muita
tecnologia nova e muita
informação ao mesmo
tempo, mas muito válida no
tratamento.
Vanessa de Fátima, Salvador,
com residência na Unicamp
— O grande desafio do médico
é decidir sobre o que é malefício
e benefício para tomar a decisão
que possa acrescentar pontos
positivos ao tratamento.
André Vianna
— Um evento assim é encorajador
e torna o médico mais aberto a
receber mais informações. Estão
mais interessados do que há
alguns anos atrás.
Luis Eduardo Calliari
— O médico precisa compartilhar
com o paciente que é uma
novidade. Com isso, você ganha a
confiança do paciente e encontra
nele um aliado no tratamento.
Ponto de Partida – Um dos primeiros si-
nais de que havia espaço para um debate com essa temática foi a realização
do ATTD-LA (Advanced Technologies &
Treatments for Diabetes), em 2012, no Rio
de Janeiro. Na ocasião, o Dr. Walter Minicucci foi um dos organizadores e observou a necessidade de criar um evento
promovido pela SBD. Em 2014, ele reu-
Mauro Scharf
— Grupos de discussão online e troca de
informações sobre relatos de problemas
fazem parte do nosso dia a dia.
Dr. Thomas Danne (Alemanha)
—Nosso trabalho vai mudar,
mas não vai morrer.
Dr. Ralph Ziegler (Alemanha)
— Alguém lá em cima nos fez
complicados.
Vol. 22 - nº 02 - maio 2015
10
niu uma equipe apaixonada pelas novas
tecnologias para planejar o evento dentro das necessidades dos profissionais
brasileiros.
O grupo, formado pelos doutores
Márcio Krakauer, Denise Reis Franco,
André Vianna, Luis Eduardo Calliari e
Mauro Scharf, é profundo conhecedor
da área e está atento a todas as novidades e pesquisas mundiais.
Com essa visão, o programa abrangeu
alguns dos temas que mais despertam
interesse como o uso de bomba de infusão de insulina, novos equipamentos,
as pesquisas com o pâncreas artificial,
novos glicosímetros, controle da glicemia via CGMS, a resposta do organismo
durante a atividade física e o DREAM
Project, entre outros.
Para que os presentes mergulhassem
em um novo ambiente, os organizadores
ainda incluíram tópicos como a Internet
das Coisas, novos consultórios digitais e a
relação entre médico e paciente.
Os debates provocaram uma reflexão de como as descobertas estão impactando o tratamento de milhões de
pacientes com diabetes, seus familiares
e os profissionais de saúde em todo o
mundo.
“A tecnologia em diabetes tem uma
longa jornada desde que o primeiro medidor de glicose surgiu. Agora, estamos
vivendo o surgimento do pâncreas artificial. É preciso acompanhar a evolução
que está batendo a nossa porta. Ao término, ficamos mais ricos em informação
para melhorar ainda mais o tratamento
do diabetes”, comentou o presidente da
SBD, Dr. Walter Minicucci.
Mais Perto do que se Imagina – Não só os
novos termos técnicos no tratamento do
diabetes fizeram parte da programação.
Nomes como Steve Jobs, Gutemberg e
Pierre Levy foram mencionados pelo Dr.
Reginaldo Albuquerque ao falar sobre a
“Internet das Coisas”. O endocrinologista foi editor do site da SBD e é o atual
consultor da Universidade do SUS, na
Fiocruz. Entre os questionamentos feitos está a concentração do poder e da
informação. “Estamos impedindo que
os pacientes tenham conhecimento.
Eles, cada vez mais, chegam aos nossos
consultórios para uma segunda opinião
e não para o diagnóstico. A primeira
foi dada pelo Google. Nós não somos
os detentores do conhecimento e esse
conceito acabará em breve. Precisamos
estar preparados para uma nova fase.”
Na área de saúde, a Internet das Coisas faz a ligação entre sensores conectados que transmitem dados para auxiliar
no tratamento e pesquisa em diversas
áreas. O Dr. Reginaldo mencionou utensílios domésticos que identificariam
doenças, assim como equipamentos que
monitoram o consumo de medicamentos. A evolução dos smartphones foi um
dos passos decisivos para o surgimento
de uma série de equipamentos, segundo o especialista. “O conhecimento está
cabendo no bolso de cada um de nós.”
Quando outra palestra começou, o
conferencista indagou aos participantes quem estaria com o celular longe
do alcance das mãos. Em uma sala com
mais de 500 pessoas, apenas cinco se
“denunciaram”. O celular continua ligado, sendo usado para fotografar slides, acessar e-mails e redes sociais. O Dr.
Vitor Asseituno Morais, conselheiro da
Sociedade Brasileira de Informática em
Saúde, mostrou que mesmo quem tem
resistência aos avanços está inserido na
tecnologia sem perceber.
O médico sinalizou também que a
Medicina caminha para um novo formato, assim como surge um novo profissional e um mercado de trabalho para
o médico. “Em um Manual do Profissional, desenvolvido há cerca de cinco
anos, foram listadas as habilidades necessárias para a carreira médica. Entre
elas está a tecnologia. Meus colegas de
faculdades estão desenvolvendo aplicativos, sendo que um deles foi top 10 de
venda na Apple Store. Hoje em dia já
receitamos aplicativos”, comentou.
Ele admite que as ferramentas digitais não solucionam todos os problemas,
mas podem ser usadas de forma correta
para a pessoa correta, com resultados
excelentes. “Por que não podemos contar com a tecnologia na aproximação
entre médico e paciente? Não podemos
ter resultados positivos na aderência do
paciente ao tratamento?”
Ele lembra que as Universidades
precisam estar preparadas para formar
um novo profissional. “As coisas não são
mais como eram e isso não vai mudar
mais. Será necessário ampliar os horizontes para saber lidar com as novas
demandas.”
Pâncreas Artificial – Saber em que estágio
estão as pesquisas sobre o Pâncreas Artificial foi um dos momentos aguardados
pelos participantes. A apresentação, feita pelo Dr. Thomas Danne (Children’s
Hospital “Auf der Bult”, Hannover Medical School, Alemanha), mostrou o
DREAM Project (Diabetes Research, Education, and Action for Minorities), formado
por representantes da Alemanha, Israel
e Eslovênia.
O Pâncreas Artificial é formado por
um sensor de glicose subcutâneo off-the-shelf, que monitora o nível de glicose, uma bomba de insulina e um controlador, que é o cérebro do aparelho.
O Dr. Thomas Danne mencionou que
o equipamento ainda é grande – atualmente, tem o tamanho de um tablet
–, mas o objetivo é chegar ao formato
de um smartphone. O DREAM 4 está
com 24 pacientes e o último teste foi
feito em Israel, onde é mais fácil obter
a aprovação da pesquisa.
O Dr. Márcio Krakauer explica que
o estudo já tem mais de 10 anos. “As
experiências apresentadas no SITEC foram feitas em um acampamento, onde
todos os notebooks, que estavam com
os adolescentes, se comunicavam com
uma central – ligados via cabo – cujas
informações eram repassadas aos médicos via wifi.” Um vídeo mostrou momentos dos adolescentes e da equipe
médica no acampamento onde foram
feitos testes.
Segundo o Dr. Krakauer, o objetivo
final é que os aparelhos trabalhem sozinhos, independente do ser humano. A
jornada é longa, como disse o Dr. Minicucci, mas o pâncreas artificial chegou
e “está batendo à nossa porta”.
Palestrantes: Ana Cláudia Ramalho (Bahia), Ana Maria Gomez (Venezuela), André Vianna (Paraná), Denise Reis Franco (São Paulo),
Francine Kaufmann (Estados Unidos), Freddy Eliaschewitz (São Paulo), Jared Watkin (Estados Unidos), Karla Melo (São Paulo),
Larry Hirsch (Estados Unidos), Luis Eduardo Calliari (São Paulo), Márcio Krakauer (São Paulo), Mauro Scharf (Paraná), Neal David
Kaufman (Estados Unidos), Patricia Medici Dualib (São Paulo), Ralph Ziegler (Estados Unidos), Reginaldo Albuquerque (Brasília),
Rodrigo Lamounier (Minas Gerais), Roger Mazze (Estados Unidos), Thomas Danne (Alemanha) e Vitor Asseituno Morais (São Paulo).
e 5 mil pacientes. Veja, também nesta
edição, uma reportagem com dados da
pesquisa sobre uso de Bomba de Infusão
de Insulina no Brasil, realizada pela Dra.
Ana Claudia Ramalho e a SBD.
Avanços dos Equipamentos no Tratamento –
Mesmo conhecendo a história, os participantes se surpreenderam ao ouvir o
depoimento do Dr. Larry Hirsch, que
é médico e tem diabetes. Ele mostrou
a imagem da pedra para afiar a agulha
de insulina que usava no início do seu
tratamento. O médico, que usa insulina
há 57 anos, colocou a situação de uma
forma direta: “Era muito simples. Ou tomava insulina ou morria.” Ao longo da
vida, foram 80.500 injeções de insulina.
Ele aposta, atualmente, nas novas tecnologias para um tratamento bem menos
doloroso.
Os participantes puderam acompanhar demonstrações de novos equipamentos para o monitoramento do diabetes, entre eles, o Freestyle Libre, da
Abbott (até o momento não disponível
para venda no Brasil). Trata-se de um sensor, com duração de 14 dias, que faz os
testes de glicemia sem a necessidade de
furar o dedo. Usa a tecnologia bluetooth de
transmissão de dados para o glicosímetro.
O sensor é colocado no antebraço e
o resultado é apresentado no monitor
de glicemia em tempo real. É composto por um aplicador, um sensor e glicosímetro. O FreeStyle Libre não tem
alarmes de hipo ou hiperglicemia, o que
significa que é preciso atenção para quedas da glicemia.
Outro equipamento apresentado foi
o Accucheck Online, da Roche. A plataforma integra Monitor Accu-Check
Perfoma Connect, com tecnologia bluetooth; aplicativo Accu-Check Connect,
com compartilhamento automático dos
dados para “nuvem” (armazenamento
digital); e o computador.
Da mesma forma que seu celular
envia as fotos automaticamente para a
“nuvem”, o processo de armazenamento automático dos dados ocorre sem ne-
cessidade de intervenção. Entre as vantagens está a checagem de informações
e relatórios de qualquer computador ou
dispositivo móvel, assim como você checa seus e-mails de qualquer lugar.
Além dos relatórios, podem ser incluídas fotos das refeições para uma
avaliação dos valores utilizados. Também é possível compartilhar informações imediatamente com médicos ou
cuidadores. A plataforma é um avanço
do Accucheck 360, sem necessidade de
instalação nos computadores pessoais.
As novas Bombas de Infusão de Insulina, outro tema de interesse dos profissionais de saúde, foram apresentadas,
como o Sistema MiniMed Paradigm
Veo, da MedTronic, com monitorização
contínua de glicose e suspensão automática em caso de hipoglicemia.
A Dra. Francine Kaufman, uma das
maiores especialistas mundiais em uso
de Bomba de Infusão de Insulina, falou
sobre o novo sistema preditivo de hipoglicemia (Predective Low Glucose Mangment). O alarme para hipo não é novidade, mas sim a capacidade de suspender
a liberação de insulina.
O equipamento tem um algoritmo
que faz uma previsão do que irá acontecer meia hora antes. É composto por
um sistema integrado de monitorização
contínua que pode ser ativado ou desativado, dependendo das necessidades
do paciente. A Paradigma Veo mostra
os valores de glicose continuamente e
armazena todas as informações para tomar a decisão de suspender a liberação
da insulina (Low Glucose Suspend ou
LGS), mesmo no período em que o paciente está dormindo.
Alguns dados surpreenderam. Nos
Estados Unidos, cerca de 600 mil pessoas estão em uso de bomba, enquanto no Brasil os números ficam entre 4
O que Fazer com Tantos Dados? – O médico
da WHO Collaborating Center for Diabetes
Education, Dr. Roger Mazze, explica que
é preciso entender como o organismo
responde e se os resultados clínicos funcionam. “Sem os dados não podemos
responder a diversas perguntas. Dependemos deles para tomar uma atitude em
relação ao tratamento, a um erro ou
acerto. Precisamos, também, de dados
confiáveis para obter êxito.”
Em relação aos atletas, a interpretação das informações é fundamental. O
Dr. Rodrigo Lamounier apresentou diversos casos e exemplificou, com gráficos do CGMS (Continuous Glucose Monitoring System), como realizar ajustes mais
finos para cada tipo de prova na área
esportiva.
“Nosso papel é de facilitador. Temos
que decidir, junto com o paciente, a partir dos dados, qual a melhor opção a seguir. Precisamos dividir o conhecimento, ensinando e aprendendo com ele. A
tecnologia, ao contrário do que muitos
dizem, torna a conversa entre médico
e paciente muito mais longa, além de
uma maior cumplicidade.”
O Dr. Rodrigo, que é diretor clínico
do Centro de Diabetes de Belo Horizonte, mostrou resultados de monitoramento da Volta da Pampulha, entre
outras provas. A partir das análises, diversas orientações foram feitas aos atletas, desde a escolha de uma variedade
de carbohidratos a serem consumidos
durante as provas, até o local ideal onde
colocar o sensor (no antebraço).
Repercussão – Diversas reportagens com
abordagens diferentes já foram produzidas com os resultados do SITEC 2015.
Além da matéria específica sobre a pesquisa de bomba de insulina no Brasil,
outros desdobramentos vão surgindo.
A troca de informações foi enorme e,
ao invés da plateia ficar apreensiva, foi
a curiosidade o maior sentimento entre
os participantes. Entre os comentários
durante o evento, muitos profissionais
de saúde disseram que estariam revendo
seus conceitos e medos do que julgavam
desconhecido. n
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11
Para o Público
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12
SBD e o Bem Estar
Global: Informação
para quem Mais
Precisa
O Bem Estar Global é um projeto realizado pela Rede Globo, que
tem como objetivo oferecer diversos
serviços relacionados à saúde, gratuitamente, para a população. Neste
início de ano, a emissora trabalhou
em conjunto com a SBD para incluir
o diabetes entre os temas de duas
ações nos estados de Minas Gerais e
Pará, através das respectivas Regionais, assim como os respectivos representantes da Sociedade Brasileira
de Endocrinologia e Metabologia.
Quase Mil Atendimentos – Em Belo
Horizonte, a atividade aconteceu na
Barragem Santa Lúcia, no Parque
Jornalista Eduardo Curi, dia 27 de março, das 8h às 17h, com profissionais de
saúde e médicos da SBD informando
o público sobre o diabetes, realizando
testes de glicemia e exames oftalmológicos, para constatar se as pessoas eram
ou não portadores da doença e se estão
se cuidando da forma correta.
Foram feitos cerca de 950 atendimentos por 25 voluntários, entre médicos,
estudantes de medicina, fisioterapeutas
e nutricionistas. O evento foi coordenado pela Dra. Adriana Bosco, presidente
da SBD Regional MG, que estava animada com os resultados obtidos na atividade. “Acho fundamental que as mídias
reconheçam a importância das Sociedades Brasileiras de especialidades e as utilizem, cada vez mais, como consultoras,
para que possam veicular informações
seguras e corretas para a população.”
Segundo a Dra. Adriana, a Rede Globo realiza essas ações em vários estados,
solicitando parcerias com as Sociedades
Médicas locais. “No caso da SBD MG,
eles entraram em contato conosco assim como a SBEM e entidades de várias
outras especialidades, propondo que
organizássemos uma programação de
interesse da população.”
Durante a atividade foram organizados dois grupos diferentes: o de pessoas
em risco para desenvolver o diabetes e
os indivíduos que já portavam a doença, para serem atendidos de formas diferentes. “Sabemos que sem informação
não há educação nem para a prevenção nem para o controle de determinada doença. Temos que aproveitar esse
tipo de evento para transmitir o máximo de conhecimento possível e atingir
o maior número de pessoas”, explicou
Dra. Adriana.
Para a médica fornecer informação
de qualidade a uma população que tem
pouco acesso, ou quase nenhum, pode
evitar complicações e uma melhoria da
qualidade de vida. “Tudo que pode fazer a diferença na vida da população
é sempre bem-vindo, principalmente
no nosso país, com múltiplas carências
básicas. Tal oportunidade dada por
um meio de comunicação de força
incontestável é tudo que precisávamos para poder atingir exatamente
essa fração da população, que assiste
a novelas, mas que não tem acesso
ou conhecimento à sua própria condição.”
Atividades em Belém (PA) – Além do
evento, realizado em Minas Gerais,
as Regionais da SBD e SBEM no Pará
também participaram do Bem Estar
Global em Belém. A atividade foi coordenada pelo Delegado da SBD PA,
Dr. Alexandre Flexa Ribeiro Filho, e
aconteceu no dia 24 de abril, entre
8h e 12h. Fizeram parte do grupo
de trabalho: quatro médicos, dois
fisioterapeutas, três nutricionistas e
dois educadores físicos, que se revezaram durante o período.
Foram feitas as seguintes atividades:
• Aplicação de questionário de risco
para o desenvolvimento de diabetes
tipo 2, para posterior análise dos dados e publicação.
• Realização de glicemia capilar, verificação da pressão arterial, peso e altura.
Previsão de disponibilidade de 300 tiras reagentes. (Apenas no período da
manhã. )
• Dinâmica de exercícios fáceis para a
população, com ênfase nos diabéticos.
• Distribuição à população de informações sobre serviços oferecidos pelo
Estado e Prefeitura, como locais de
atendimento aos pacientes com diabetes tipo 1, 2 e diabetes gestacional;
seus direitos e deveres; distribuição
de insulina e insumos; promoção de
academias de cidade; e serviços de pé
diabético.
• Miniaulas, abrangendo fatores de risco; diagnóstico; automonitorização
glicêmica; dicas de alimentação e
atividade física; tratamento e importância da aderência, insulina – armazenamento, locais de aplicação, transporte, prevenção das complicações. n
Nutrição
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Um Guia de Alimentos para a
População Brasileira e Profissionais de Saúde
D
ados da pesquisa Vigilância de
Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico (Vigitel 2014), apresentados recentemente, mostram que
apenas um quarto da população brasileira, 24,1%, consome a quantidade
de frutas e verduras recomendada pela
Organização Mundial da Saúde em cinco ou mais dias da semana. Segundo a
OMS, a ingestão diária necessária é de
pelo menos 400 gramas desses alimentos.
Para combater essa realidade e estimular a mudança dos hábitos dos brasileiros, um novo guia alimentar foi
elaborado pela Coordenação Geral de
Alimentação e Nutrição do Ministério
da Saúde. O objetivo do documento é
passar à população informações sobre
alimentação saudável, prevenção e cons-
cientização das doenças crônicas, que
estão associadas ao sobrepeso, obesidade e consumo excessivo de alimentos
processados, e principalmente promover saúde.
A Dra. Marlene Merino, Doutora em
Ciências Nutricionais do Instituto de
Saúde Coletiva da Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenadora
do Departamento de Nutrição da SBD,
esclarece que embora o foco do Guia
Alimentar seja para a promoção da saúde e a prevenção de doenças, suas orientações poderão ser úteis para patologias
específicas, como o diabetes. “Uma das
recomendações do Ministério da Saúde
é que seja imprescindível que as nutricionistas se adaptem às condições específicas de cada pessoa”, explica a Dra.
Marlene.
A segunda edição do Guia, segundo a
especialista, traz inovações importantes
e teve a colaboração de diversos setores
da sociedade, por meio de um processo
de consulta pública, permitindo um amplo debate que orientou a elaboração
da versão final. “O Guia Alimentar se
baseou em conhecimentos, gerados por
estudos experimentais, clínicos, populacionais e antropológicos, bem como em
conhecimentos implícitos na formação
dos padrões tradicionais de alimentação. As características da alimentação
brasileira descritas no Guia Alimentar
resultam de análises da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizadas
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), entre maio de 2008
e maio de 2009”, explicou.
“O Departamento de Nutrição da
SBD está em consonância com esta recomendação e reforça a incorporação
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14
dos pressupostos do Guia Alimentar na
individualização do plano alimentar
da pessoa com diabetes. Recomendamos que além da orientação específica
do nutricionista, estabelecendo quantidades de alimentos segundo as recomendações nutricionais, que todos os
profissionais que integram a equipe no
cuidado da diabetes orientem sobre a
importância da qualidade do consumo
saudável, além de todos os benefícios sobre o controle do diabetes e prevenção
de outras morbidades.”
DAASAÚDE
GUIA MINISTÉRIO
ALIMENTAR PARA
POPULAÇÃO BRASILEIRA
S ecretaria de A tenção à S aúde
D epartamento de
A tenção Básica
G UIA A LIMENTAR
PARA A P OPULAÇÃO
B RASILEIRA
2ª E dição
Outras Recomendações – A nova edição
do Guia Alimentar foi elaborada em
parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da
Universidade de São Paulo (Nupens/
USP) e com o apoio da Organização
Pan-Americana da Saúde (Opas/Brasil). Segundo o Ministério da Saúde, foi
uma construção coletiva e para proporcionar uma ampla discussão do conteúdo. Foram, ao todo, seis etapas até a
conclusão da versão final do material.
Todo o conteúdo é apresentado em
cinco capítulos: 1. Princípios; 2. A escolha dos alimentos; 3. Dos alimentos
à refeição; 4. O ato de comer e a comensalidade; e 5. A compreensão e a
superação de obstáculos. O PDF do guia
está disponível no site da SBD na área
de nutrição.
O Guia orienta na escolha das refeições caseiras e sobre os problemas em
relação à alimentação em redes de fast
food; e o consumo de produtos prontos, que dispensam a preparação culinária, como sopas de pacote, pratos
congelados prontos para aquecer, molhos industrializados, misturas prontas
para tortas etc. Há, também, um alerta
quanto à prática comum da sociedade
em substituir alimentos in natura, como
arroz, feijão, legumes e verduras, pelos
industrializados, prontos para o consumo (processados e ultraprocessados),
em geral, ricos em sódio e calorias.
Outra recomendação é em relação ao
uso moderado de óleos, gorduras, sal e
açúcar ao temperar e cozinhar alimentos, e a adoção limitada de alimentos
processados (queijos, embutidos, conservas), que devem ser usados como
ingredientes ou parte de refeições. Na
hora da sobremesa, o ideal é preferir
as caseiras, dispensando as industrializadas.
B rasília — D F
2014
1
Um destaque especial é dado para
as atividades que envolvem o ato de comer, sendo aconselhada a escolha por
horários regulares, em ambientes apropriados e sempre que possível na companhia de alguém. O ideal é desfrutar a
alimentação, evitar realizá-la assistindo
à televisão, falando ao celular, em frente ao computador ou conduzindo atividades profissionais. Além disso, o guia
incentiva o consumo harmonioso e variado dos alimentos e, também, outros
fatores como as combinações entre os
ingredientes e sua forma de preparo.
Alimentos Regionais Brasileiros – Para
marcar o Dia Mundial da Saúde, 7 de
abril, o Ministério da Saúde lançou o
livro “Alimentos Regionais Brasileiros”,
onde estão publicadas receitas de comidas típicas de cada região e dicas de
como cozinhar com mais saúde.
Com essa publicação o Ministério
pretende estimular uma alimentação
saudável, promover saúde e qualidade
de vida, reduzindo assim a obesidade, o
diabetes, a hipertensão e outras doenças
crônicas comuns à população brasileira.
O livro foi desenvolvido como complemento do Guia Alimentar para a População Brasileira, com o intuito de incentivar, especialmente, o aumento do
consumo de frutas, legumes e verduras.
Um resumo do Guia – Dra. Marlene Merino – O capítulo 1 descreve os princípios
que nortearam sua elaboração. Esses
princípios justificam, de início, o trata-
mento abrangente dado à relação entre
alimentação e saúde, levando em conta
nutrientes, alimentos, combinações de
alimentos, refeições e dimensões culturais e sociais das práticas alimentares.
A seguir, esses princípios fundamentam a proposição de recomendações
que consideram o cenário da evolução
da alimentação e da saúde no Brasil e
a interdependência entre alimentação
adequada e saudável e sustentabilidade
do sistema alimentar. Por fim, apoiam o
uso que este Guia faz do conhecimento, gerado por diferentes saberes, e sustentam o seu compromisso com a ampliação da autonomia das pessoas nas
escolhas alimentares e com a defesa do
direito humano à alimentação adequada e saudável.
O capítulo 2 enuncia recomendações gerais sobre a escolha de alimentos. Elas, consistentes com os princípios
orientadores deste Guia, propõem que
alimentos in natura ou minimamente
processados, em grande variedade e
predominantemente de origem vegetal,
sejam a base da alimentação.
O capítulo 3 traz orientações sobre
como combinar alimentos na forma de
refeições. Essas orientações se fundamentam em refeições consumidas por
uma parcela substancial da população
brasileira, que ainda baseia sua alimentação em alimentos in natura, minimamente processados, e em preparações
culinárias.
O capítulo 4 traz orientações sobre o
ato de comer, abordando as circunstâncias – tempo e foco, espaço e companhia
– que influenciam o aproveitamento
dos alimentos e o prazer proporcionado pela alimentação.
O capítulo 5 examina fatores que podem ser obstáculos para a adesão das
pessoas às recomendações deste guia –
informação, oferta, custo, habilidades
culinárias, tempo e publicidade – e propõe, para sua superação, a combinação
de ações no plano pessoal e familiar e
no plano do exercício da cidadania. As
recomendações deste guia são oferecidas de forma sintetizada em “Dez Passos para uma Alimentação Adequada e
Saudável”.
No quadro ao lado a Dra. Marlene lista os 10 passos do Guia Alimentar para
a População Brasileira (2014) que pode
servir como roteiro para a orientação da
pessoa com diabetes. n
Dez Passos para uma Alimentação Adequada e Saudável
Fazer de alimentos in natura ou minimamente
processados a base da alimentação.
Em grande variedade e predominantemente de origem vegetal,
alimentos in natura ou minimamente processados são a base
ideal para uma alimentação nutricionalmente balanceada, saborosa, culturalmente apropriada e promotora de um sistema
alimentar socialmente e ambientalmente sustentável. Variedade
significa alimentos de todos os tipos – grãos, raízes, tubérculos, farinhas, legumes, verduras, frutas, castanhas, leite, ovos e
carnes – e variedade dentro de cada tipo – feijão, arroz, milho,
batata, mandioca, tomate, abóbora, laranja, banana, frango,
peixes etc.
Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar* em pequenas
quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar
preparações culinárias.
Utilizados com moderação em preparações culinárias com base
em alimentos in natura ou minimamente processados, óleos,
gorduras, sal e açúcar contribuem para diversificar e tornar mais
saborosa a alimentação sem torná-la nutricionalmente desbalanceada.
*Substituir o açúcar simples por edulcorantes (adoçantes) ou
incluí-lo (consumo de até 10%) na Contagem de Carboidrato
- Diretrizes SBD, 2014 - 2015.
Limitar o consumo de alimentos processados.
Os ingredientes e métodos usados na fabricação de alimentos
processados – como conservas de legumes, compota de frutas, pães e queijos – alteram de modo desfavorável a composição nutricional dos alimentos dos quais derivam. Em pequenas quantidades, podem ser consumidos como ingredientes
de preparações culinárias ou parte de refeições baseadas em
alimentos in natura ou minimamente processados.
Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados.
Devido a seus ingredientes, alimentos ultraprocessados – como
biscoitos recheados, “salgadinhos de pacote”, refrigerantes e
“macarrão instantâneo” – são nutricionalmente desbalanceados. Por conta de sua formulação e apresentação, tendem a
ser consumidos em excesso e a substituir alimentos in natura
ou minimamente processados. Suas formas de produção, distribuição, comercialização e consumo afetam de modo desfavorável a cultura, a vida social e o meio ambiente.
Comer com regularidade e atenção, em ambientes
apropriados e, sempre que possível, com companhia.
Procure fazer suas refeições em horários semelhantes todos os
dias e evite “beliscar” nos intervalos entre as refeições. Coma
sempre devagar e desfrute o que está comendo, sem se envolver em outra atividade. Procure comer em locais limpos,
confortáveis e tranquilos e onde não haja estímulos para o consumo de quantidades ilimitadas de alimento. Sempre que pos-
sível, coma em companhia, com familiares, amigos ou colegas
de trabalho ou escola. A companhia nas refeições favorece o
comer com regularidade e atenção, combina com ambientes
apropriados e amplia o desfrute da alimentação. Compartilhe
também as atividades domésticas que antecedem ou sucedem
o consumo das refeições.
Fazer compras em locais que ofertem variedades de
alimentos in natura ou minimamente processados.
Procure fazer compras de alimentos em mercados, feiras livres
e feiras de produtores e outros locais que comercializam variedades de alimentos in natura ou minimamente processados.
Prefira legumes, verduras e frutas da estação e cultivados localmente. Sempre que possível, adquira alimentos orgânicos e
de base agroecológica, de preferência diretamente dos produtores.
Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias.
Se você tem habilidades culinárias, procure desenvolvê-las e
partilhá-las, principalmente com crianças e jovens, sem distinção de gênero. Se você não tem habilidades culinárias – e isso
vale para homens e mulheres –, procure adquiri-las. Para isso,
converse com as pessoas que sabem cozinhar, peça receitas
a familiares, amigos e colegas, leia livros, consulte a internet,
eventualmente faça cursos e... comece a cozinhar!
Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o
espaço que ela merece.
Planeje as compras de alimentos, organize a despensa doméstica e defina com antecedência o cardápio da semana. Divida
com os membros de sua família a responsabilidade por todas
as atividades domésticas relacionadas ao preparo de refeições.
Faça da preparação de refeições e do ato de comer momentos
privilegiados de convivência e prazer. Reavalie como você tem
usado o seu tempo e identifique quais atividades poderiam ceder espaço para a alimentação.
Dar preferência, quando fora de casa, a locais que
servem refeições feitas na hora.
No dia a dia, procure locais que servem refeições feitas na hora
e a preço justo. Restaurantes de comida a quilo podem ser boas
opções, assim como refeitórios que servem comida caseira em
escolas ou no local de trabalho. Evite redes de fast-food.
Ser crítico quanto a informações, orientações
e mensagens sobre alimentação veiculadas em
propagandas comerciais.
Atenção: a função essencial da publicidade é aumentar a venda
de produtos, e não informar ou, menos ainda, educar as pessoas. Avalie com crítica o que você lê, vê e ouve sobre alimentação em propagandas comerciais e estimule outras pessoas,
particularmente crianças e jovens, a fazerem o mesmo.
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Pesquisa
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Panorama: Uso de Bombas de
C
om base em um trabalho de coleta de dados iniciado há mais
de cinco anos em conjunto com
a SBD, a Dra. Ana Claudia Ramalho, endocrinologista e professora
da Universidade Federal da Bahia, tem,
hoje, um panorama nacional do uso
de bombas de insulina. Chamado de
“Avaliação do Perfil de Pacientes com
Diabetes Mellitus em uso de Sistema
de Infusão Subcutânea Contínua de
Insulina (SICI) no Brasil”*, o trabalho
foi apresentado durante o SITEC 2015
(Simpósio Internacional de Tecnologias
em Diabetes).
Os primeiros dados obtidos em consultório e ambulatório pela especialista foram divulgados no Diabetes 2011
quando, segundo relato, foi estimulada
a ampliar a pesquisa pelo Dr. Walter Minicucci, atual presidente da SBD. Pouco
tempo depois, a Sociedade disponibilizou um questionário padrão e convocou os associados a colaborarem com
a coleta de dados, aplicando-o em salas
de espera de seus consultórios e serviços de endocrinologia. Ao todo, foram
reunidos dados de 429 pacientes, o que
representa 10% das pessoas com DM1
no Brasil, em uso de bomba de infusão.
A Dra. Ana Claudia se manteve como
coordenadora deste projeto e ficou responsável pela compilação dos dados.
“Apresentar os resultados desse trabalho é como um filho que nasce. Não
tínhamos nenhum dado do perfil de
aderência dos pacientes a essa terapia,
então, fizemos um estudo de corte transversal, com amostra de conveniência,
aplicando um questionário único aos
nossos pacientes. Este programa foi desenvolvido de forma muito criteriosa.”
Segundo ela, a amostra de conveniência é de 10% da população brasileira com DM1 em uso de bombas de
insulina, tendo como base o fato de que
o Brasil possui hoje mais de 200 milhões
de habitantes. “Se pensarmos que 10%
da população brasileira têm diabetes,
ou seja, 20 milhões de pessoas, e das
lidade de vida do paciente esteve como
principal indicação para as terapias com
SICI. “Isso mostra que nós, endocrinologistas, estamos atentos aos nossos pacientes, pois em 74% dos casos a melhora na qualidade de vida era a principal
indicação. É interessante observar que
40% dos pacientes buscavam a redução
das aplicações.”
Ainda segundo a médica, os pacientes eram na maioria fisicamente ativos
e a presença de bomba não se constituiu em um impedimento para a realização da atividade física, já que a maioria
(62,6%) afirmou manter SICI durante
o exercício. Neste sentido, foi observado que a principal preocupação dos pacientes está relacionada à prevenção de
complicações crônicas.
Dra. Ana Claudia Ramalho
quais temos 10% com DM1, ou seja,
dois milhões, temos apenas 4 a 5 mil que
desfrutam dessa terapia. Ainda há muita
coisa para ser feita”, completou a médica, informando que junto às respostas
dos pacientes foi anexada a pergunta
sobre a taxa de hemoglobina glicada,
colhida nos respectivos prontuários.
Com a análise dos dados, foi identificada que a faixa etária mais comum
com esta terapia está entre 13 e 40 anos
e que as mulheres são maioria. Resultados, segundo a Dra. Ana Claudia, eram
esperados. “No Brasil, temos um perfil
masculino com a Síndrome do Super-Homem. Eles acham que não ficam
doentes, apresentam piores índices de
controle de alimentação, mas praticam
exercícios físicos, só que não se cuidam
como deveriam.”
Outra informação importante é que
a maioria desses pacientes adquire as
bombas por meio de ações judiciais. Em
seguida, estão aqueles que recebem pelas secretarias de saúde e um pequeno
percentual (7,9%) recebe em centros
de saúde. Os seguros saúde contribuem
apenas com 0,9%.
Em grande parte das respostas, a qua-
Vantagens e Desvantagens Indicadas – Dentre as vantagens da adoção desta terapia,
foram apontadas a melhora do controle
glicêmico, seguida por flexibilidade no
tratamento e pelo fim das aplicações,
tendo sido este o fator mais frequente em crianças. Além disso, com o uso
do SICI, mais pacientes mencionaram
nunca ter hipoglicemias assintomáticas
e ter reduzido a frequência das hipoglicemias sintomáticas e graves. A terapia
com SICI também se mostrou eficaz na
redução da A1c.
Os itens mais citados como desvantagens no uso da bomba foram o custo,
seguido das marcas na pele e de restrições da roupa usada no dia a dia. “Isso é
interessante porque o Brasil é o terceiro
maior mercado de beleza do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos
e do Japão, o que comprova a grande
preocupação em relação à aparência.
Esse mercado cresceu 250% desde 2009.
Então, o comprometimento da pele precisa estar entre nossas atenções, para
garantir maior adesão dos pacientes”,
alertou a médica. “Quanto à opção de
deixar as bombas visíveis, observamos
que as respostas foram ‘às vezes’ e ‘sempre, ou seja, 50%. Precisamos conversar
Vol. 22 - nº 02 - maio 2015
17
Insulina no Brasil
com os pacientes para que isso não se
torne um empecilho para alguns”, completou.
Considerações e Conclusões – A Dra. Ana
Claudia acredita que os pacientes pesquisados tinham um perfil adequado,
evidenciado com alta prevalência do
uso de contagem de carboidrato e realização de monitorização glicêmica. Contudo, foi identificada a necessidade da
melhora da educação e orientação dos
pacientes após início da terapia.
“Precisamos de programas educativos para o aprendizado na utilização de
bombas de insulina e seus diversos recursos, como no basal temporário, no
bolus variável e bolus fixo. Precisamos
estar atentos para cobrar, nas nossas rotinas de atendimento, os resultados e dificuldades desses recursos. Caso contrário, teremos pacientes com ‘ferraris’ em
uso como se fossem ‘fusquinhas ativos’.”
Incluir a terapia de bombas de insulina na formação dos novos endocrinologistas é muito importante, na visão
da Dra. Ana Claudia. “No Hospital das
Clínicas estamos com um programa no
Serviço de Endocrinologia onde os pacientes ficam em uso de bombas por
uma semana, junto com os profissionais de saúde, utilizando o equipamento, aprendendo a fazer todo o manuseio
e se deparando com as dificuldades. Ou
seja, temos muita coisa a ser feita não só
com a educação dos pacientes como na
formação dos profissionais”, finalizou a
médica. n
*Avaliação do Perfil de Pacientes com Diabetes Mellitus em Uso do Sistema
de Infusão Contínua de Insulina (SICI) no Brasil. Ramalho AC, Tess C,
Tschiedel B, Travassos S, Hissa M, Franco D, Pedrosa H, Minicucci
W, Sociedade Brasileira de Diabetes e Universidade Federal da Bahia,
Salvador-BA.
Dados e Percentuais
• População Brasileira – 205.922.503 habitantes.
• Estimativa de número de bombas no país – 4.000 a 5.000
equipamentos.
• Quantidade de participantes – 429 pessoas com DM em
uso de SICI.
• 59,2% sexo feminino e 40,8% masculino.
• 71,6% com mais de um ano de uso da terapia.
• 49% não obtiveram o equipamento por meios próprios e
destes, a maior parte foi por ação judicial (62%).
• Indicações: qualidade de vida (73,8%), controle
glicêmico insatisfatório (54,8%), redução das aplicações
(41%) e hipoglicemias graves (31,3%).
• 74% dos pacientes relataram dificuldades em controlar o
basal temporário, que é um recurso importantíssimo da
bomba, e esses pacientes não estão usando (em situações
de estresse, atividades físicas etc.).
• A frequência que esquecem de fazer o bolus é de 7,7%
e embora 61% nunca utilizem doses fixas, 10% dos
pacientes ainda a utilizam.
• 58% trocaram a agulha a cada 3 dias e 26,4% a cada 4
dias.
• Automonitorização realizada 3 ou mais vezes ao dia em
87,8%, sendo que 44% aumentou sua frequência após
SICI.
• 19,2% usam sensor contínuo.
• 48% dos usuários atribuíram como principal vantagem
melhor controle glicêmico e 20% referiram flexibilidade.
• Hipoglicemia grave foi menos frequente após SICI
(p<0,0001).
• Desvantagens: custo (41,1%) e marcas da pele (27,4%).
• A melhora da hemoglobina glicada foi significativa, com
média de 8.7 para 7.6.
• A terapia com SICI reduziu o medo de hipoglicemia em
60,3% e em 49% melhorou a percepção de hipoglicemia.
• 63% dos pacientes praticam atividade física e apenas 30%
desses desconectam a bomba durante o exercício.
• 86,4% das pessoas indicaram dificuldade em manusear
SICI: basal temporário nunca utilizado em 60,4% e
54,1% nunca usava outro bolus além do padrão.
• Houve melhora do controle glicêmico com redução
da A1c após 6 meses de início da terapia com bomba
comparada a antes (8,69 ±1,82 vs 7,62 ±1,18%)(p<0,01).
Congresso SBD
Novidades sobre
o Diabetes 2015
Ainda faltam alguns meses para o início
do Congresso da Sociedade Brasileira
de Diabetes e é hora do trabalho das
comissões se intensificar ainda mais. A
Revista Diabetes vem acompanhando e
publicando o andamento do Diabetes 2015,
que é a principal atividade da entidade
em 2015. O evento, que é presidido pelo
Dr. Balduíno Tschiedel e tem à frente
da Comissão Científica o Dr. Marcello
Bertolucci, acontecerá entre os dias 11 e 13
de novembro, em Porto Alegre, no Centro de
Eventos da FIERGS.
Foto: Lisandrotrarbach
Vol. 22 - nº 02 - maio 2015
18
19
Foto: Dudu Leal
Vol. 22 - nº 02 - maio 2015
E
ntre as novidades recentes está a
decisão que a Diabetology & Metabolic Syndrome, publicação oficial
da SBD, será a Revista do Congresso. Segundo os organizadores, essa
medida aumentará o nível de exigência
das publicações e os trabalhos deverão
ser enviados em inglês. Entre os inscritos, 300 abstracts serão selecionados e
alguns escolhidos para apresentação
oral. Os editores da DM&S selecionarão os melhores trabalhos para serem
publicados, dentro dos moldes da revista online.
Outra notícia é a parceria com a Associação Argentina de Diabetes, firmada
em reunião realizada no dia 1º de abril.
A SBD, representada pelo seu vice-presidente, Dr. Marcos Troian, pelo presidente do Congresso da SBD, Dr. Balduino Tschiedel, e pelo presidente da
Comissão Científica, Dr. Marcello Bertolucci, protocolou uma carta de intenções com a entidade, representada pela
sua presidente, Maria Cristina Faingold.
Com esse acordo, inicia-se um trabalho
em conjunto entre os dois países, em
que já foram definidas algumas atividades: um simpósio e um encontro com o
professor com palestrantes argentinos
e brasileiros. Os temas ainda estão sendo decididos. A SBD espera aumentar a
participação de trabalhos submetidos à
publicação e também a participação de
argentinos no Congresso.
Na apresentação dos simpósios, os
organizadores estão prevendo algumas
novidades. O Dr. Bertolucci explica que
o grupo quer dar um “estilo” para o Diabetes 2015. “As palestras vão envolver
ciência básica e prática clínica no mesmo simpósio, que serão temáticos. Por
exemplo, se a palestra abordar os transtornos alimentares, haverá uma aula
inicial sobre os mecanismos da saciedade e da fome. Depois passaremos para
uma parte sobre distúrbios, avaliação
diagnóstica e tratamento. Dando uma
visão completa do assunto. O objetivo é
abranger o máximo possível cada tema.”
Entre os simpósios, estão confirmados alguns tópicos, entre eles, um sobre
novas tecnologias, outro sobre pré-diabetes (com participações internacionais) e os novos conceitos de resistência à insulina, além de Workshop sobre
Pé Diabético com a Dra. Hermelinda
Pedrosa, que já se tornou tradição nos
congressos. No momento, 12 convida-
dos internacionais estão confirmados.
Os congressistas devem estar preparados para uma maratona. Estão programadas 80 atividades em três dias, o
que leva o Diabetes 2015 a ser um Congresso muito denso. O Dr. Bertolucci
aconselha que as pessoas cheguem um
dia antes, devido à intensa carga da
programação. “Nossa agenda será bem
apertada, com dias longos. É importante estar preparado porque o tempo será
otimizado e curto”, finaliza o presidente
da Comissão Científica.
O Dr. Balduino Tschiedel comenta
que o volume da programação está mais
concentrado. “Resolvemos montar o
Congresso em três dias ao invés de prolongar mais meio dia, que seria o sábado.
Começaremos na quarta de manhã e iremos até o final da sexta-feira. Debates importantes estão sendo programados para
a sexta-feira. Muitas inscrições já foram
feitas e a expectativa de público está em
torno de 3.500 pessoas.”
O Congresso contará com uma área
de exposição de 10 mil metros quadrados. “Pretendemos que sejam dois grandes corredores para que a circulação
seja fácil. Os projetos dos expositores
estão evoluindo bem e a indústria tem
demonstrado estar satisfeita com o local
e com a logística.”
Será oferecido transfer para os participantes, uma vez que o Centro de
Convenções é mais distante do Centro
da Cidade. “Apesar de um pouco afastado, tem bom acesso. A distância ajudará
também na imersão dos participantes
no Congresso.”
Para relaxar e se preparar para a maratona, os congressistas serão recebidos
com um Coquetel de Confraternização
na quarta-feira e a Festa do Congresso
no Pepsi on Stage, na sexta-feira. n
Informações:
A
data limite para envio de trabalhos
é 23 de junho e os temas são:
Complicações crônicas; Controle
glicêmico e hipoglicemia; Diabetes e gestação; Diabetes em situações especiais;
Diabetes, obesidade e síndrome metabólica; Educação, enfermagem e psicologia
no Diabetes; Epidemiologia e políticas de
Saúde; Genética e autoimunidade; Nutrição, exercício físico e estilo de vida e
Perspectivas e novas tecnologias.
O próximo prazo para inscrições
com desconto é até 2 de junho e os
valores são: médicos associados SBD,
ABESO, SBEM R$675; médicos não
associados R$960; outros profissionais associados R$480; profissionais
não associados R$675; residentes e
pós-graduandos R$500; e acadêmicos
de graduação R$350. As inscrições são
feitas no site do SBD 2015 (www.diabetes2015.com.br). n
14 de Novembro
Vol. 22 - nº 02 - maio 2015
20
Dia Mundial do Diabetes:
Começaram os Trabalhos
F
altam pouco mais de seis meses
para o Dia Mundial do Diabetes,
contudo, a equipe responsável
pela organização das atividades,
coordenada pelo Dr. Márcio Krakauer,
já realizou a segunda reunião de trabalho. No mês de março, novas metas para
2015 foram definidas, complementando
a programação do primeiro encontro
de janeiro. Foram analisadas as atividades do ano passado, observando questões que funcionaram e as que precisam
de ajustes. Esse senso crítico da equipe
é a base para definição do trabalho em
2015, segundo o Dr. Krakauer.
A proposta de mais um encontro logo
no início do ano foi pensada porque algumas questões já estão em andamento. Cada participante apresentou seu
ponto de vista referente à campanha
do ano de 2014, isso foi fundamental
para estabelecer quais atividades deveriam ser repetidas e quais poderiam ser
repensadas. Estiveram presentes o Dr.
Walter Minicucci, presidente da SBD;
Dr. Márcio Krakauer, coordenador do
Dia Mundial do Diabetes; Cristina Dissat, editora do site do Dia Mundial do
Diabetes e das Mídias Sociais do Dia
Mundial; Elizabeth Camarão, assessora
de comunicação da Sociedade; Maria
Luiza Serraglio, programadora visual;
Ana Maria Ferreira e Maria Izabel de
Melo, da equipe SBD.
O Que Vem Por Aí
Site e Redes Sociais – Como nos anos anteriores, o hotsite do Dia Mundial do
Diabetes e as redes sociais (twitter, facebook, flickr) serão ferramentas fundamentais para a divulgação das ações
e para propagar a importância da campanha ao redor do mundo. Novidades,
informações sobre as campanhas e outros tipos de conteúdos podem ser con-
feridos nos endereços: www.diamundialdodiabetes.org.br, www.facebook.com/
diamundialdodiabetes, www.twitter.
com/wdd_brasil e www.flickr.com/diamundialdodiabetes. Criação do Grupo
de Influenciadores Digitais será uma das
novas ferramentas adotadas.
Pão de Açúcar – Em 2015, um dos principais pontos turísticos do Rio de Janeiro,
o Pão de Açúcar, que vem apoiando a iniciativa em anos anteriores, já confirmou
participação. Neste ano, os responsáveis
entraram em contato com a SBD e estão
estudando algumas novidades. A confirmação até o momento é que o ponto turístico será iluminado de azul. Devem ser
realizadas reuniões e definirão o que será
feito para marcar a data. Fique de olho
nas informações das próximas edições.
FlashesMob – A elaboração de FlashesMobs estão entre as propostas da campanha deste ano, mas em formato diferente do realizado em 2013. A ideia é de
serem realizadas três ações em lugares
diferentes do Brasil. Até o momento, estão sendo avaliados os melhores locais
para chamar a atenção da população e
da imprensa.
Concurso de Culinária Saudável – O concurso organizado pela SBD na campanha em 2014 foi um sucesso, mas para
um planejamento mais detalhado e, fo-
ram realizadas reuniões entre a assessoria de imprensa e a emissora de tevê.
O “Culinária Saudável” foi realizado no
programa “Dia Dia”, na Band, e a estratégia já está em prática.
A presença da SBD, semanalmente,
no programa da Band começou com
participação Walter Minicucci e Márcio
Krakauer no mês de março. A abordagem foi sobre nutrição e diabetes. Os
programas com esta pauta acontecerão
semanalmente.
O concurso de culinária será realizado no segundo semestre de 2015. O
resultado final será divulgado no mês
de novembro, próximo ao Dia Mundial.
Parceria com as Concessionárias das Rodovias – Um contato, que começou em
2014, está sendo planejado para 2015.
A equipe da campanha vem conversando com algumas das principais empresas que administram rodovias no país.
O objetivo é divulgar material ligado
ao Dia Mundial do Diabetes para conscientização dos motoristas para melhoria da qualidade de vida. A ação está em
andamento.
Mais uma reunião está sendo agendada para novas definições das estratégias.
Em 1º de abril as publicações na Fanpage do Dia Mundial - www.facebook.
com/diamundialdodiabetes - foram retomadas e desde 1º de maio o hotsite
voltou a ser atualizado mensalmente. n
Educação
21
C
om a finalidade de ampliar o
conhecimento e levar informações aos profissionais de saúde,
a SBD lança, ainda no primeiro semestre de 2015, uma plataforma
de ensino à distância. O projeto tem
como organizador o Dr. Laerte Damaceno, idealizador e criador do site da
entidade e do Projeto SBD Online.
O Ensino à Distância foi abordado
com mais ênfase durante debates realizados no European Diabetes Leadership
Forum, em Copenhagen, na Dinamarca, em 2012. A conclusão é que as Sociedades Científicas teriam um papel
fundamental neste processo. O Dr. Laerte explica que a SBD desenvolverá
esse novo formato de ensino, através
de uma plataforma digital, com a finalidade de qualificar um grande número de especialistas, devido à escalada
da prevalência do diabetes nos próximos anos.
“A missão deste projeto é ampliar o
conhecimento em relação ao diabetes.
Afinal, é impossível alcançar o número necessário de profissionais de saúde
com as informações necessárias para o
tratamento e prevenção. Precisamos
mudar o paradigma do ensino presencial”, explicou Dr. Laerte Damaceno.
Segundo o especialista será criada
uma área restrita no site da SBD, com
informações científicas relativas à doença. “Estamos com um banco de dados com mais de 20 mil profissionais,
que poderão participar dessa plataforma, bastando preencher um cadastro
simplificado. Depois de estar dentro da
comunidade, os participantes receberão newsletters, comunicados de cursos
e atualizações sobre pesquisas em diversas áreas do diabetes. Estudaremos as
necessidades do grupo para definir as
preferências do público-alvo.”
De acordo com o médico serão usadas plataformas diferentes dentro do
site da SBD. “Teremos cursos, aulas
abertas, vídeos gravados em simpósios,
congressos e outros eventos, selecionados e categorizados por assuntos, Biblioteca Virtual, e recomendações da
SBD, American Diabetes Association e de
outras instituições. Teremos um enorme leque de documentos sobre diabetes.”
Dr. Laerte explica que o ponto principal do projeto será a colaboração.
“Na Biblioteca Virtual, os integrantes
da comunidade que quiserem compartilhar conhecimento relevante poderão
publicar informações para os demais.”
O médico comenta que a vantagem é
criar instrumentos de aprendizagem,
Vol. 22 - nº 02 - maio 2015
SBD Online:
Projeto de
Ensino à
Distância
tanto para o aluno quanto para o professor e exemplifica: “Ao ler um artigo
muito interessante será possível publicar ou sugerir o assunto. Ao ser aprovado, o conteúdo ficará disponível para
toda a comunidade, ou seja, você também está contribuindo. Queremos mudar a relação do conhecimento.”
O lançamento do projeto está previsto para final de maio e a plataforma
não terá custos para o profissional que
se cadastrar, a não ser em casos eventuais, como aulas em Congressos, nos
quais o associado tem valor diferenciado nas inscrições. Mas ele lembra que
“o ambiente será aberto.”
O médico esclarece que essa é a única forma de fazer chegar o conhecimento sobre o diabetes, de acordo com
a demanda atual. “Por isso, a expectativa é a melhor possível. Vai depender
da nossa capacidade de realização, criatividade para fidelizar essas pessoas e
mantê-las sempre em contato com esse
conhecimento. Seja fazendo cursos,
lendo artigos ou acompanhando aulas
isoladamente. Esperamos que tudo isso
possa evoluir no futuro até alcançar um
ensino mais formal, como especialização, mestrado ou doutorado, combinando as duas formas de aprendizado:
o online e o presencial.” n
Ponto de Vista
Foto: Ricardo Oliveira
Vol. 22 - nº 02 - maio 2015
22
Dr. Ney Cavalcanti
O
A Medicina com Precisão
presidente Obama, muito empolgado, fez um pronunciamento no dia 25 de janeiro para as
autoridades de saúde e pesquisadores. “Esta noite eu estou anunciando
o início de uma pesquisa que irá nos fazer ficar mais perto da cura de doenças
como o câncer e o diabetes. Além disso,
a pesquisa Medicina com Precisão fará
com que todos tenham acesso às informações que nos permitirão, e às nossas
famílias, sermos mais saudáveis.”
E o que pretende a Medicina com
Precisão? Realizar a prevenção e tratamento das doenças, levando-se em conta o maior número das características
individuais possíveis. O exemplo mais
antigo deste tipo de intervenção foi a
determinação dos grupos sanguíneos
que já existem há mais de um século.
A administração de um sangue de um
grupo sanguíneo idêntico, ou compatível com o do receptor, é um recurso
terapêutico importante. Pode, inclusive, ser o responsável por salvar uma
vida. Porém, se o sangue administrado
for incompatível com quem o receba,
grandes repercussões negativas poderão
ocorrer.
A prática médica é cheia desses exemplos. Uma mesma droga é eficiente para
tratar certa doença em determinado
paciente, mas tem pouca ou nenhuma
ação em outro indivíduo com o mesmo
problema. Também o fenômeno ocorre
quanto ao surgimento de efeitos colaterais. Um mesmo medicamento não cau-
sa nenhum efeito não desejado em um
paciente; e noutros causa muitos sintomas desagradáveis, e, às vezes, também
graves. No tocante à prevenção de enfermidades, fenômeno semelhante também ocorre.
Já sabemos que determinados comportamentos e alteração de exames
laboratoriais, os chamados fatores de
risco, aumentam muito a chance de surgimento de algumas doenças. Porém,
muitos com vários desses fatores não
desenvolvem a patologia. Seguramente,
deverão existir mecanismos, até então
desconhecidos, que exercem esta proteção. A ideia da Medicina com Precisão
é ter maior número de dados possíveis
de cada indivíduo para melhor atuar em
prevenção e no tratamento. Esses dados
ficariam disponíveis para o indivíduo e
para os pesquisadores. Ninguém mais
poderia ter acesso a essas informações.
Para coleta dos dados de cada um, seriam utilizadas as tecnologias já existentes e as que forem surgindo. Genoma,
biologia molecular, bioinformática, biomarcadores etc.
A ideia é iniciar essa pesquisa voltada para a prevenção do tratamento do
câncer, analisando os fatores genéticos
e ambientais que predispõem ou protegem o surgimento desta patologia. Caso
possível, nos indivíduos predispostos,
medidas preventivas seriam utilizadas.
Caso ainda não existentes, mesmo assim, teríamos benefícios: diagnóstico e
terapêutica precoce dos propensos.
Estudos genéticos e bioquímicos dos
tumores, iniciados recentemente, já têm
permitido uma eficácia terapêutica muito maior. O estudo de pacientes também
já vem sendo usado em algumas situações. Um exemplo é no tratamento da
AIDS. Em alguns países, dependendo
da presença de determinados genes,
o tratamento com as drogas difere do
empregado em quem tem um padrão
gênico diferente.
Recentemente, foi assunto na mídia
mundial a atitude de uma conhecida
atriz que retirou suas mamas e seus ovários. O motivo é que ela é portadora dos
genes BRCA 1 e BRCA 2. Quem tem este
padrão tem cerca de 80% de chance de
ser acometido por câncer de mama e
um percentual também elevado de tumor de ovários. No entanto, cerca de
95% dos portadores de tumor de mama
não têm este padrão genético. A medicina provavelmente identifica outros
genes. Obviamente as pesquisas para
identificarmos fatores predisponentes
para inúmeras doenças implicarão em
muito gastos, pesquisas e tempo.
O número inicial de voluntários necessários é calculado em um milhão.
Os dados coletados ficarão armazenados numa central de pesquisas. Além
disso, os participantes terão que comunicar aos pesquisadores todas as intercorrências que irão acontecer durante
sua vida. Os resultados aparecerão com
o tempo, mas as conclusões mais importantes surgirão para futuras gerações. n
Comunicados SBD
Associe-se
Ilustração: Digital Storm
S
e tornar sócio da SBD fortalece a
entidade. Por isso, é importante
que você, associado, incentive outros profissionais de saúde a também
integrarem o quadro de sócios. O procedimento pode ser feito pelo site da Sociedade e é simples: basta preencher o
formulário, localizado no www.diabetes.
org.br/associe-se-a-sbd, e enviar uma solicitação. Estão aptos a fazer esse processo médicos (R$280), profissionais de saúde (R$180) e estudantes (R$80). Estão
isentos os residentes de endocrinologia.
Entre os benefícios de um sócio, estão:
• Descontos diferenciados em Simpósios e Congressos oficiais da SBD,
ABESO e SBEM.
• Recebimento sem custos e em sua re-
Reunião do
Conselho Editorial
N
o último dia 20 de março foi
realizada a Reunião de Comissão de Comunicação da SBD,
em São Paulo, com a presença do Dr.
Walter Minicucci, presidente da SBD;
Dr. Augusto Pimazoni, editor do site
da SBD; Dr. Laerte Damaceno, responsável pela área de educação médica continuada online; Elizabeth
Camarão, da Stylo Comunicação, assessoria de imprensa da SBD; Adriano Gurgel, Lillyam Marra e Bárbara
Costa, da Conectando Pessoas (responsável pelo site da SBD); e Cristina
Dissat, da DC Press, responsável pela
Revista Diabetes (representando o
editor-chefe, Dr. Leão Zagury), equipe que faz a Revista da entidade.
No encontro, cada equipe fez sua
apresentação, com um balanço do
que aconteceu nos últimos meses de
trabalho para ter como base as metas para 2015. A integração é o ponto
central para um melhor tráfego de
informações de todos os veículos da
entidade. Alguns pontos importantes
foram discutidos, como o andamento
do cadastro do e-book e uma análise
da visitação, para ações que façam o
crescimento se manter nos próximos
meses.
O e-book está disponível em livre
acesso e sem custos para profissionais de saúde das várias áreas ligadas
à atenção às pessoas com diabetes.
Em breve, estará disponível também
a estudantes de medicina de todas as
faculdades do Brasil, igualmente em
sistema de livre acesso e sem custos.
Outro ponto foi a avaliação do
novo formato online das Diretrizes
da SBD. A publicação, distribuída
durante o 31º Congresso Brasileiro
de Endocrinologia e Metabologia,
ano passado, pode ser acessada pelo
site da entidade. Para a praticidade
do internauta, será possível também
fazer download apenas de um capítulo e não mais do arquivo inteiro
como era feito anteriormente.
Além das publicações, as atividades da Ação Global, que já começaram em Minas Gerais e no Pará, também estiveram em pauta. Confira a
matéria completa sobre o “Bem Estar
Global” na página 12.
Outras propostas e análises foram feitas, cujos projetos serão implementados ao longo dos próximos
meses e, respectivamente, noticiados nos veículos de comunicação
da SBD. n
sidência da Revista da SBD, Diretrizes
e Posicionamentos Oficias.
• Participação gratuita nos Simpósios
de Atualização.
• Possibilidade de ser um colunista do
Portal SBD, colaborando com o corpo editorial, enviando algum assunto
que gostaria de debater ou apresentando seu ponto de vista e experiências profissionais.
Para mais informações ou caso tenha
alguma dúvida sobre o procedimento,
entre em contato com: Eliana Andrade
(Assistente Administrativa), no telefone: +55 11 3842-4931 ou pelo e-mail:
[email protected]. n
Plataforma
de Educação
C
om o objetivo de ensinar o
básico do diabetes para profissionais de saúde, a SBD lançará uma plataforma de educação
à distância. O projeto tem como
organizador o Dr. Laerte Damaceno e seu modelo será baseado no
Medscape (um aplicativo usado por
médicos e acadêmicos de medicina
que buscam métodos de diagnósticos e tratamentos atuais).
O programa deve ter início no
mês de abril e será lançado, provavelmente, no fim de maio pelo
site da SBD. n
TV Bandeirantes
e a SBD
N
este começo de 2015 a SBD e a TV
Bandeirantes realizaram uma parceria para ser veiculada uma série
de reportagens sobre diabetes no programa Dia Dia.
Até o final de junho, todas as sextas-feiras, um médico da Sociedade vai ao
programa falar sobre um tema relacionado à doença e será apresentada uma
receita saudável, inclusive para pacientes
com diabetes, feita por uma culinarista.
O programa Dia Dia começa às 9h30. n
Vol. 22 - nº 02 - maio 2015
23
Rio Grande do Sul
Foto: Lisandro Luis Trarbach
Vol. 22 - nº 02 - maio 2015
24
Minha Cidade: Porto Alegre
Por Tainá Oliveira
O
s versos do poema “O Mapa”,
escrito por Mario Quintana, é
uma homenagem do autor para
a cidade que escolheu para viver quando tinha 20 anos: Porto Alegre.
Com uma geografia diversificada, a capital convida seus moradores e visitantes a
conhecerem, em cada esquina, um pouco mais de uma cultura abrangente, que
foi formada por imigrantes alemães, italianos, espanhóis, africanos, poloneses e
libaneses. A capital será a sede da próxima edição do Congresso da SBD.
Modelo de Gestão – A ONU escolheu a cidade de Porto Alegre como a “Metrópole
nº1 em qualidade de vida do Brasil” por
três vezes; além de ter um dos 40 melhores modelos de gestão pública democrática, em função do Orçamento Participativo; e possuir o melhor Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) entre
as metrópoles nacionais.
Nascida em Porto Alegre, em 1962,
a integrante da Comissão Executiva
Local do Congresso da SBD é uma das
apaixonadas pela cidade. A especialista foi criada no interior do estado, em
Rosário do Sul, e retornou à cidade aos
13 anos. “É a cidade da minha família
paterna, onde meu pai trabalhava. Em
Porto Alegre
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25
Olho o mapa da cidade, como quem
examinasse a anatomia de um corpo
(É nem que fosse o meu corpo!). Sinto
uma dor infinita, das ruas de Porto
Alegre onde jamais passarei.(...) Há
tanta esquina esquisita, tanta nuança
de paredes, há tanta moça bonita
nas ruas que não andei (E há uma
rua encantada que nem em sonhos
sonhei...)
Mario Quintana
Dra. Cristina Matos
1977, voltei para estudar, pois já tinha o
objetivo de seguir a carreira na área médica. Passei no vestibular em 1980, para
a Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. A formatura foi em 1986 e a residência em endocrinologia de 1987 a
1989, no Hospital das Clínicas de POA.
Fiz meu mestrado e doutorado em Clínica Médica também em Porto Alegre, na
UFRGS. Atualmente, trabalho no meu
consultório particular e sou a segunda
tesoureira da Regional da Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) daqui, além de estar na
Comissão do Diabetes 2015”, contou.
Para a médica, uma das principais
características positivas do local são as
belas paisagens e o clima de paz. “É uma
cidade tranquila para se viver, com uma
boa qualidade de vida. Nós, gaúchos,
temos muito orgulho da nossa capital”,
declarou.
Para quem gosta de programas culturais e esportivos a Dra. Cristina Matos dá algumas sugestões. “A Praça da
Matriz, o Teatro São Pedro, o Mercado
Público e o Parque da Redenção com
as feiras aos sábados e domingos. Ainda
temos o famoso Brique da Redenção, o
Museu de Arte do Rio Grande do Sul, o
Santander Cultural e a Casa de Cultura
Mario Quintana são lugares imperdíveis. Sem falar em uma passagem pelos
estádios do Internacional e Grêmio”,
sugeriu.
Outra opção de programa é um
passeio no entorno do Lago Guaíba.
“Lá, o pôr do sol é um dos mais bonitos
que já vi. Brincamos que para nós, gaúchos, é difícil saber se o local é um rio
ou um lago.” Ainda no Guaíba, vale uma
visita ao Museu Iberê Camargo, que
abriga as obras deste famoso pintor brasileiro e gaúcho. Uma verdadeira obra
de arte, concepção do famoso arquiteto
português Álvaro Siza, considerado um
dos cinco profissionais de arquitetura
mais prestigiados do mundo. É um dos
meus lugares favoritos. Impossível não
parar e tomar um bom café ou cálice de
vinho”, declarou.
Alguém tem dúvida que a Dra. Cristina recomendaria um bom churrasco?
“Os gaúchos adoram, acompanhado do
chimarrão. Mas claro que é uma cidade onde a cultura italiana e germânica
é forte, herança da colonização. Como
toda a capital é diversificada, temos todas as opções: japonesa, francesa, árabe, mediterrânea, tailandesa (o Koh Pee
Pee é considerado um dos melhores restaurantes tailandeses do país).”
Como Surgiu? – Porto Alegre foi estabelecida como cidade apenas no século
XVIII. Até então, o território do Rio
Grande do Sul pertencia legalmente
aos espanhóis por conta do Tratado de
Tordesilhas (1494).
No ano de 1750, após a assinatura do
Tratado de Madrid, o rei de Portugal determinou que fosse reunido um grupo
de 4 mil casais de Açores para povoarem
o sul do Brasil, porém, apenas mil casais
foram designados às terras brasileiras e
se espalharam pelo litoral de Osório, no
Rio Grande do Sul e interior. Em 1752,
cerca de 500 pessoas se fixaram no entorno do Lago Guaíba, chamado então
de “Porto de Viamão” (o primeiro nome
de Porto Alegre).
Em 26 de março de 1772, a cidade
teve sua fundação oficial. Com a criação da Freguesia de São Francisco do
Porto dos Casais, um ano depois alterada para Nossa Senhora da Madre de
Deus de Porto Alegre. Foi apenas em
1773 que a cidade se tornou capital da
capitania com a instalação do governo
de José Marcelino de Figueiredo.
Porto Alegre e o Diabetes –A cidade é referência na área de saúde. É lá que está
localizado o Instituto da Criança com
Diabetes, reconhecido como hospital de
referência no tratamento do diabetes.
Com o slogan “Aqui se aprende a vencer”, o Instituto foi fundado no dia 19
de janeiro de 2004 e atua junto a crianças, adolescentes e adultos diabéticos.
É uma instituição privada, sem fins lucrativos.
Os principais objetivos da instituição
são a redução de internação hospitalar
dos pacientes e a prevenção das complicações decorrentes da doença. Uma das
principais atividades desenvolvidas é a
“Corrida Para Vencer o Diabetes”, que
reúne anualmente milhares de participantes, inclusive rivais no futebol, como
gremistas e colorados. À frente do Instituto está o Dr. Balduíno Tschiedel, presidente do Diabetes 2015 e ex-presidente
da SBD. n
Pelo Brasil
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CATD em Oitava Edição
I
Fotos: Celso Pupo
ntegrante da agenda de atividades dos profissionais em diabetes, o CATD –
Curso de Atualização e Tratamento em Diabetes – foi programado para os dias
29 e 30 de maio, no Windsor Atlântica Hotel. Atenção, pois esse ano, o evento
é no Windsor do Leme (antigo Meridien) e não na Barra da Tijuca.
Os coordenadores, Dr. Leão Zagury e Dr. Roberto Zagury, estão dando continuidade ao trabalho que está sendo feito há oito anos. A proposta do CATD
2015 é rever conhecimentos em relação a aspectos fisiopatológicos, discutir controvérsias e discutir as novas tecnologias disponíveis e informações sobre novos
exames. Para o Dr. Roberto é fundamental estar atento às mudanças. “Nossos
pacientes estão cada vez mais bem informados e altamente questionadores. É
absolutamente necessário estar atualizado”, enfatizou o endocrinologista. n
Formando Lideranças
Atualização no Paraná
N
os dias 28 e 29 de agosto, Curitiba, no Paraná, receberá
o “Diabetes Paraná”. A Regional da SBD do estado está à
frente do projeto em conjunto com o Centro de Diabetes de Curitiba, com a coordenação do Dr. Edgard Niclewick.
Os interessados podem efetuar a inscrição no site. Os valores
são: R$350 para SBD, Sociedade Brasileira Clínica Médica, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Sociedade Brasileira de Hipertensão e Sociedade Brasileira Cardiologia; R$370
para não sócios; R$260 para residentes, pós-graduando, mestrando e doutorando. Essas taxas são válidas até o dia 15 de agosto. n
Ilustração: Tai11
N
os dias 23, 24 e 25 de abril foi realizada a primeira etapa
do I Encontro Nacional de Jovens Adultos com Diabetes.
A iniciativa pretende promover a troca de experiências e
incentivar os jovens diabéticos a divulgarem informações sobre o
assunto, além de formar 30 líderes. O projeto é promovido pela
Associação de Diabetes Brasil (ADJ).
A primeira etapa contou com um encontro presencial e nas
próximas fases os contatos serão em reuniões virtuais.
Os assuntos em pauta foram: “Panorama do diabetes no
país”; “Últimas Tecnologias”; “O Papel e a Participação do Jovem na Sociedade”; “Como as Mídias Sociais Podem Contribuir
para Ajudar o Tratamento”; “Advocacy e Leis que Envolvem o
Diabetes”; “Como os Jovens Podem Produzir Projetos e Solicitar Parcerias com o Governo”; e a “Iniciativa Privada a fim de
Promover as Ações em seus Respectivos Municípios”.
Todos os jovens com diabetes 1 ou 2 foram selecionados pela
própria Associação, com envio de currículo e de materiais, mostrando o engajamento pessoal em relação ao diabetes e, por último, a entrevista. O projeto conta com o apoio da AstraZeneca,
Boehringer Ingelheim, Janssen, Lilly, Novartis, Novo Nordisk e
Roche e Sanofi. n
Evento da ANAD
A
Associação Nacional de Assistência ao Diabético
(ANAD) realizará o 20º Congresso Brasileiro Multidisciplinar em Diabetes 2015. Presidido pelo Dr. Fadlo
Fraige Filho, o evento acontecerá entre os dias 23 a 26 de
julho, na Universidade Paulista (UNIP), em São Paulo. Além
da programação principal, serão feitas quatro oficinas.
As inscrições podem ser feitas através de e-mail, fax ou na sede
da ANAD. Para consulta sobre inscrições é necessário entrar em
contato com a entidade pelo número (11) 5572-6559. O evento
conta com o apoio da SBD. n
25 anos à Frente do IEDE
A
equipe do Centro de Estudos e
Aperfeiçoamento Jayme Rodrigues do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE) prestou uma homenagem ao
Dr. Ricardo Meirelles, em comemoração ao seu Jubileu de Prata na direção
da entidade. O evento aconteceu na
sede do Instituto, no Rio de Janeiro, e
contou com a presença de amigos e familiares do endocrinologista.
A solenidade contou com a presença
de representantes de diversas entidades
e instituições, entre eles o Dr. Alexandre
Hohol, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
(SBEM); Dr. Daniel Rosa, diretor administrativo da Fundação Saúde; Dr. Pablo
Vazquez, presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro; Dr.
Gutemberg Leão, diretor do Instituto
de Ginecologia da Universidade Federal
do Rio de Janeiro; Valéria Mol, representante da Secretaria de Saúde do Rio
de Janeiro, subsecretária de Unidades
Próprias da Secretaria de Saúde. O editor chefe da Revista Diabetes e ex-chefe
do Serviço de Diabetes do IEDE, Dr.
Leão Zagury, também esteve presente.
A amizade entre os dois endocrinolo-
A
gistas é de longa data.
Representando a diretoria da SBD,
a Dra. Rosane Kupfer, vice-presidente
da entidade e atual chefe do Serviço de
Diabetes do IEDE, lembrou que o médico foi um dos profissionais que lutou, ao
lado do Dr. Luiz Cesar Póvoa, para que o
nome da especialidade “Endocrinologia
e Metabologia” permanecessem juntas.
Foram feitas apresentações com fotos da carreira do Dr. Ricardo Meireles.
Para finalizar, homenagens da filha,
Tatiana Meirelles e da esposa, Valéria
Paiva. n
Congresso da ABESO
O
Rio de Janeiro sediou a 16ª edição do Congresso Brasileiro de
Obesidade e Síndrome Metabólica. O evento é uma iniciativa da
Associação Brasileira para o Estudo
da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), e aconteceu entre
os dias 30 de abril e 2 de maio. O Dr.
Alexander Benchimol foi o responsável pela organização, que também
conta com o apoio da SBD.
Abordagem das comorbidades;
exercício na prática clínica; cirurgia
bariátrica; passado, presente e futuro dos medicamentos antiobesidade;
fisiopatologia da obesidade; adoçantes; novas abordagens e mudança de
estilo de vida; medicamentos para
diabetes e a perda de peso; e as novas
diretrizes em obesidade estão entre
os temas abordados. n
CBAEM 2015
cidade de Vitória sediará o Congresso Brasileiro de Atualização
em Endocrinologia e Metabologia
(CBAEM 2015), promovido pela SBEM
Nacional. O evento acontece entre os
dias 11 a 14 de agosto, no Centro de
Convenções de Vitória.
O Dr. Albermar Roberts Harrigan,
presidente do Congresso, lembra que a
abordagem central terá um foco prático
para ser aplicada na rotina dos médicos. “O CBAEM é um evento com uma
abordagem ampla especialmente para
a área clínica. Estamos tendo bastante
cuidado na elaboração da programação,
pois queremos montar algo abrangente”, declarou.
As inscrições estão disponíveis no site
do Congresso: www.cbaem2015.com.br.
O envio de trabalhos está encerrado. Os
temas que serão abordados são: Adrenal
e Hipertensão; Diabetes Mellitus; Dislipidemia e Aterosclerose; Endocrinologia Básica; Endocrinologia Feminina e
Andrologia; Endocrinologia Pediátrica;
Metabolismo Ósseo e Mineral; Neuroendocrinologia; Obesidade; Sustentabilidade e Endocrinologia; Tireoide e outros. n
XI COPEM
N
os dias 14 a 16 de maio foi realizado o XI COPEM (Congresso
Paulista de Endocrinologia e Metabologia). O evento aconteceu, como
na edição anterior, no Centro de Convenções do Shopping Frei Caneca, em
São Paulo.
O presidente do evento foi o Dr. Evandro Portes e a organização da SBEM São
Paulo, sob a presidência da Dra. Laura Ward. As principais informações foi
divulgadas pela fanpage da Regional.
“Contamos com líderes de opinião com
grande produção científica. Entre estes,
a Dra. Maria Christina Zennaro, os Drs.
John Christopher Gallagher, Jack A. Yanovski, e Rajesh V. Thakker.” n
Dr. Alexande Benchimol, presidente do evento
e Dra. Cintia Cercato, presidente da ABESO
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27
Agenda
Foto: PerseoMedusa
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28
Maio 2015
Junho 2015
Congresso Paulista de Endocrinologia e
11º Congresso Brasileiro Pediátrico de
Metabologia – COPEM 2015
Endocrinologia e Metabologia (COBRAPEM)
||
||
||
||
a6
|| 3Natal,
RN
||
www.cobrapem2015.com.br
|| (21) 22041-012 ou 2548-1999
||
European Congress of Endocrinology
75 Scientific Sessions 2015
14 a 16
Local: Frei Caneca, São Paulo, SP
Informações: www.copem2015.com.br
(11) 3086-9100
Data:
(ECE2015)
||
||
||
16 a 20
Local: Dublin, Irlanda
Informações: www.ece2015.org
Data:
Congresso Latino Americano de
Endocrinologia e EndoRecife 2015
Data:
Local:
Informações:
Diabetes Paraná 2015
e 29
|| 28Associação
|| Curitiba, PR Médica do Paraná,
||
www.diabetesparana.com.br
|| (11) 3849-0099
||
Data:
Local:
Informações:
7º EndoRio
||
||
||
e 29
|| 28Windsor
Hotel,
|| Leme, Rio Atlântica
de
Janeiro
||
www.sbemrj.org.br
|| (21) 2527-1487
||
Julho 2015
Setembro 2015
Congresso Catarinense de Endocrinologia e
51st EASD Annual Meeting, Stockholm
th
5a9
Boston, EUA
Informações: professional.diabetes.org
Data:
Local:
Data:
Local:
Informações:
||
||
||
a 23
|| 20Enotel
|| Porto de Convention,
Galinhas, PE
||
www.endocrinologiape.com.
||br/endorecife2015
|| (11) 3044-1339
||
e4
|| 3Hotel
Majestic, Florianópolis, SC
||
www.sbemsc.org.br
|| (48) 3231-0336
||
20º Congresso Brasileiro Multidisciplinar em
54th European Society for Paediatric
CATD 2015 – 9º Curso de Atualização do
Tratamento do Diabetes
Diabetes 2015
Endocrinology Annual Meeting
Data:
Local:
Informações:
||
||
||
||
||
||
29 e 30
Local: Windsor Atlântica Hotel,
Leme, Rio de Janeiro
Informações: AC Farmacêutica
www.acfarmaceutica.com.br/catd2015-2/
Data:
Metabologia
Data:
Local:
14 a 18
Estocolmo, Suécia
Informações: www.easd.org
Data:
Local:
Informações:
Outubro 2015
a 26
|| 23Universidade
|| São Paulo Paulista (UNIP),
||
(11) 5572-6559,
||www.anad.org.br
||
||
||
||
Agosto 2015
XX Congresso da Sociedade Brasileira de
Diabetes
Data:
Local:
1a3
Barcelona, Espanha
Informações: www.eurospe.org
Data:
Local:
Informações:
Congresso Brasileiro de Atualização em
Endocrinologia e Metabologia – CBAEM 2015
a 15
|| 11Centro
|| Vitória, ESde Convenções,
||
www.cbaem2015.com.br
|| (51) 3086-9100
||
Data:
Local:
Informações:
Novembro 2015
a 13
|| 11Centro
de Convenções FIERGS,
|| Porto Alegre,
RS
||
www.diabetes2015.com.br
|| (51) 3086-9100
||
Data:
Local:
Informações:
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