Comportamento do consumidor: o nascimento do consumidor infantil 2 1 INTRODUÇÃO Nos dias atuais vemos um número cada vez maior de produtos destinados a um público cada vez mais jovem, em uma tentativa das organizações de trazer as crianças para o mercado consumidor, atingindo suas expectativas e estimulando o consumo de produtos voltados especificamente para o público infantil. O marketing dos produtos voltados para este público possui características próprias, envolvendo profunda conotação psicológica, a fim de atingir as crianças desde sua mais tenra idade, em uma estratégia de fidelização do consumidor às mercadorias que lhes têm como público alvo. Neste sentido, as crianças aparentemente passam a desenvolver um sistema de classificação e de apelo para marcas e modelos que lhes são apresentados por meio da mídia e que, dependendo da sua idade, passa a ser encarado como uma realidade e não como simples estratégia para venda de um bem. Esta preparação do consumidor aparentemente é estimulada e fortalecida pela quantidade de informações que as crianças recebem por intermédio de um sem fim de mídias, como a televisão, a internet ou até mesmo por meio dos contatos sociais e familiares. As crianças na faixa dos 6 aos 12 anos, ou seja, em uma faixa etária que coincide com o ingresso na escola até a 6ª série do ensino fundamental, estão na fase identificada por Olmos (2006) como sendo aquela em elas adquirem a capacidade de formar conceitos e de apreender os objetos a partir de suas relações internas. De acordo com Velozo (2008), cada vez mais inseridas na cultura do consumo, as crianças representam um mercado significativo às empresas. A autora afirma que segundo o censo de 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, crianças de 0 a 14 anos representam mais de 50 milhões de brasileiros, quase 30% da nossa população. Desses 30% de crianças, 78% vivem nas cidades, portanto, próximas aos bens de consumo industrializados além de estarem sendo educadas mais dentro de suas casas e em maior contato com a TV e internet. 3 As crianças consomem cerca de U$$50 bilhões por ano, o que demonstra a importância econômica da criança no contexto nacional. De acordo com o filme ―Criança, a alma do negócio‖, 80% da influência de compras para a casa vêm das crianças, que estão sendo educadas pelas mídias a convencer os pais a comprarem sempre o que querem. O documentário expõe também que a criança brasileira é a que mais assiste TV no mundo. A mídia promete muitas coisas para as crianças, e nem sempre as crianças podem ter tudo o que querem, devido às diferentes classes sociais aos quais estão inseridas. Isso pode gerar reflexos negativos no desenvolvimento da criança, trazendo sofrimento no seu convívio escolar e familiar, devido aos estímulos de uma prática consumista gerada pelas mídias. As crianças são muitas vezes colocadas contra os pais, como se eles fossem vilões por não darem o que elas pedem sempre. Existem três vertentes para explicar o consumo: a vertente do marketing tradicional, a vertente crítica e a vertente antropológica. A vertente do marketing tradicional é baseada em uma visão econômica, que defende que as pessoas consomem pela utilidade do bem, ou seja, valoriza-se o que é necessário e útil. Há uma busca pelo maior benefício ao menor custo possível. Essa necessidade, então, é totalmente representada pelo próprio objeto de consumo e as preferências são orientadas pelos bens disponíveis e oferecidos pelo mercado. É a chamada ―escolha racional‖ que é fundada na capacidade do indivíduo de hierarquizar suas preferências, de avaliar o conjunto de ofertas possíveis e otimizar sua satisfação, medida em termos de utilidade. (BAUDRILLARD, apud SOUSA JUNIOR, 2009, p.17) De acordo com Sousa Junior (2009), essa visão explicita que o consumo pode ser impulsionado a partir do momento em que o indivíduo sente uma necessidade de algo e a partir daí esse individuo vai ser motivado de várias maneiras a tomar uma decisão em comprar ou não um produto. Na vertente crítica sobre a publicidade e propaganda, os consumidores são vistos como seres passivos e influenciáveis pela mídia. Nessa visão, os indivíduos são ―a massa‖ e independentemente de seu nível escolar e desenvolvimento cognitivo, 4 poderão compreender as mensagens, o que não ocorre, necessariamente, com os livros e jornais. Nesse sentido, a televisão teria mais efetividade na transmissão de uma mensagem, atingindo um número maior de receptores, se comparada aos outros meios de comunicação. (THOMPSON, 1998 apud SOUSA JUNIOR, 2009) Na vertente antropológica, a preocupação é mostrar o consumo como um fato social total e um grande sistema classificatório, ao mesmo tempo em que se procura relativizar a idéia de universalidade do ―homem econômico‖ e da própria noção de indivíduo, por meio da realização de diversos estudos etnográficos. Barbosa (2004), Douglas e Isherwood (2004), Rocha (2004) são autores no campo da Antropologia do Consumo, que retiram esse fenômeno da posição de mero reflexo da produção colocando-o em um lugar central de análise, capaz de produzir um discurso sobre as relações sociais. Abandona-se assim, uma visão utilitária do consumo, que prevalece no viés economicista e passa a se dar a devida atenção ao significado cultural contido neste fenômeno e em suas práticas. O consumo é um fato social refratário a explicações que o reduzam ao plano individual, sendo, inversamente, sensível às interpretações que envolvem significados culturais e públicos. (JUNIOR, 2009) No presente trabalho foi utilizada a vertente do marketing, mais baseada na psicologia e no comportamento do consumidor para tentar explicar o nascimento do consumidor. Estudar o consumo infantil e o papel das mídias no nascimento do consumidor se justifica porque, aparentemente mais suscetíveis aos apelos do marketing e da propaganda que lhes é dirigida, as crianças podem estar desenvolvendo padrões de relacionamento e de conduta ética dissociados das suas relações com os seus semelhantes e voltadas para a produção de um novo consumidor, em uma escala semelhante a um repositório de estoques de compradores para as empresas. Investigar os dois grupos de crianças (escolas públicas e privadas) em separado e compará-los facilitará o entendimento sobre o assunto. 5 O objetivo da pesquisa foi explorar se há diferenças perceptíveis entre crianças pertencentes a classes sócio-econômicas diferentes e de idades diferentes e sua exposição aos apelos do marketing infantil que lhes é dirigido. Buscou-se identificar quando surge uma mudança mais acentuada de comportamento entre as crianças de mesma faixa econômica e entre as classes. Procurou-se observar o grau de exposição das crianças às mídias e à propaganda de uma maneira geral e avaliar seus desejos de consumo, além de avaliar as se há diferenças de desejos de consumo entre crianças com idades e classes sócio-econômicas diferentes. 6 2 METODOLOGIA A pesquisa foi executada em duas fases. Primeiramente foi realizado um levantamento bibliográfico, com o intuito de se formular uma base teórica sobre assunto e elaborar o instrumento de coleta de dados. O levantamento foi realizado em periódicos científicos nacionais e internacionais relacionados ao tema, além de reportagens, filmes, livros e outras publicações. Na segunda fase da pesquisa foi elaborado e testado previamente um questionário com perguntas fechadas, baseado em pesquisas anteriores e aplicado a 655 crianças com idade entre 6 e 12 anos de escolas públicas e privadas do bairro Jardim Camburi – Vitória/ES. Ao todo participaram 4 escolas, sendo 2 privadas (Salesiano e Nacional) e 2 públicas (Elzira Vivácqua dos Santos e Adevalni Sysesmundo Ferreira de Azevedo). A escolha das escolas e da amostra dos alunos respondentes deu-se por conveniência. Os questionários foram distribuídos entre turmas do 2º ao 7º anos (antigas 1ª a 6ª series), sendo assim distribuídas: 3 turmas de 2º ano, 4 turmas de 3º ano, 5 turmas de 4º ano, 5 turmas de 5º ano, 5 turmas de 6º ano e 5 turmas de 7º ano. 7 3 3.1 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR O comportamento do consumidor é uma disciplina recente, com seus primeiros manuais escritos na década de 60. Suas idéias foram provenientes da psicologia freudiana, divulgadas por pesquisadores da motivação e utilizadas por anunciantes. Contudo, apenas com o surgimento do conceito de marketing, que ocorreu na mesma década, a necessidade de estudar o comportamento do consumidor foi reconhecida. Para Mowen e Minor (2003, p.3), o comportamento do consumidor pode ser definido como sendo ―o estudo das unidades compradoras e dos processos de troca envolvidos na aquisição, no consumo e na disposição de mercadorias, serviços, experiências e idéias.‖ Sob o ponto de vista de Limeira (2008, p.8), o conceito de comportamento do consumidor seria ―um conjunto de reações ou respostas dos indivíduos a determinados estímulos, os quais decorem de fatores pessoais, ambientais, situacionais e de marketing.‖ Pode-se citar também outra definição de comportamento do consumidor como sendo: uma ciência aplicada originária das ciências humanas e sociais, como a economia, a psicologia, a sociologia ou ainda a antropologia. Seu objetivo é compreender os comportamentos de consumo adotando uma perspectiva pluridisciplinar (KARSAKLIAN, 2004, p.20). Por meio da psicologia, que é a ciência mais utilizada para entender o comportamento do consumidor, as pesquisas aplicadas a esse tema visam a compreensão de tais comportamentos com o objetivo de contribuir para melhores estratégias e tomadas de decisão por parte das empresas. 8 Para entendermos o comportamento do consumidor, primeiramente deve-se entender o que é o consumidor. De acordo com Karsaklian (2004), ser consumidor é simplesmente ser humano, alimentar-se, vestir-se, divertir-se. Para a autora, o consumidor é dotado de motivações, personalidade, percepção, tem capacidade de aprender como todas as pessoas, é um ser social e traz dentro de si elementos que vão interagir com estímulos exteriores. Ainda à luz de Karsaklian (2004), o ponto de partida do ato de compra é a necessidade, que conduzirá a uma motivação, a qual despertará o desejo. Com base nesse desejo, nascem as preferências por formas de atender a motivação inicial, que estarão relacionadas ao autoconceito, que seria a tendência em escolher um produto que corresponda ao conceito que ele gostaria de ter de si mesmo. Em sentido oposto à motivação, surgem os freios, que seriam a consciência de risco relacionada ao produto. Entre esse dilema motivação e freios, impõe-se a personalidade, a qual desembocará no autoconceito. A soma de todas essas variáveis resultará na percepção sobre os produtos, que desencadeará atitudes positivas ou negativas com relação a eles, que terá impacto sobre suas preferências. 3.2 O ENVOLVIMENTO DO CONSUMIDOR Segundo Celsi e Olson (1988, apud MOVEN e MINOR, 2001), o envolvimento do consumidor é definido como a importância percebida ou interesse pessoal em relação à aquisição, ao consumo e à disposição de uma mercadoria, serviço ou idéia. Na medida em que o envolvimento aumenta, os consumidores têm maior motivação para captar, compreender e elaborar informações relevantes para a compra. Para Mowen e Minor (2003), há vários fatores que influenciam o nível de envolvimento de um consumidor, dentre eles: - o tipo de produto em consideração; 9 - as características da informação recebida pelo consumidor; - as características da situação na qual o consumidor está atuando; - a personalidade do consumidor. Foram identificados por pesquisadores dois tipos de envolvimento: o circunstancial e o duradouro. O circunstancial ocorre durante um curto período e está associado a uma situação específica, como a necessidade de substituir algo. Já o envolvimento duradouro representa um compromisso mais longo e maior preocupação com o tipo de produto; esse envolvimento é identificado quando o consumidor gasta tempo pensando em determinado produto diariamente. (RICHINS e BLOCH, 1986, apud MOWEN e MINOR, 2003, p.45) Em relação aos efeitos do envolvimento, foi constatado por Petty, Cacioppo e Schumann, 1986 (apud MOWEN e MINOR, 2003) que na medida em que o nível de envolvimento aumenta, os consumidores começam a processar informações com maior profundidade, logo, aumentam também os níveis de excitação. Assim, os consumidores dão mais importância às informações relevantes para a decisão específica, o que causa um aumento de reflexão sobre as decisões. 3.3 A FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE A personalidade é uma variável pela qual os pesquisadores tentam explicar o comportamento do indivíduo, como por exemplo, a escolha de determinadas marcas em detrimento de outras. Ao contrário do que os pesquisadores esperavam os resultados das pesquisas não condiziam com tal hipótese. Personalidade é a referência a um atributo ou característica da pessoa que causa alguma impressão nos outros... A personalidade é que faz com que o indivíduo se comporte sempre da mesma forma, ou praticamente da mesma, em diferentes situações. Traduzindo essa afirmação relacionandoa ao consumo, isto significaria que um indivíduo de temperamento conservador terá tendência a escolher constantemente marcas conhecidas e consagradas, enquanto um não conservador seria mais inovador, tendendo a experimentar as novidades. (KARSAKLIAN, 2004, p.41) 10 Depois de estudos feitos pelo psicólogo Gordon Allport (1937, apud KARSAKLIAN, 2004) sobre diferentes definições de personalidade, foram derivados os seguintes princípios subjacentes: - Princípio da globalidade – Tudo é o que somos. - Princípio social – A personalidade consiste nos hábitos e nas características adquiridos em resultado das interações sociais que promovem o ajustamento do indivíduo ao meio social. - Princípio da dinamicidade – Entende-se por personalidade o que organiza, integra e harmoniza todas as formas de comportamento e características do indivíduo, de tal maneira que haja certa coerência no comportamento. - Princípio da individualidade – A personalidade é o conjunto de todos os aspectos próprios do indivíduo pelos quais ele se distingue dos outros. As pesquisas sobre personalidade trouxeram várias teorias à tona, como a de Horney (apud KARSAKLIAN, 2004) que concorda com Freud sobre a importância da infância na formação da personalidade, porém pensa que a psicanálise clássica superestima o papel desempenhado pelas pulsões biológicas e subestima o papel do meio social. Ela ressalta a importância da ansiedade originada do estado de dependência no qual a criança faz sua aprendizagem do mundo. Para ela, existem três maneiras de absorver essa ansiedade: 1 – ir em direção aos outros na busca de afeição e filiação; 2 – ir contra os outros, desenvolvendo um apetite de poder e dominação 3 – esquivar-se dos outros, refugiando-se no isolamento e construindo uma carapaça de indiferença. Cada estratégia corresponde a uma personalidade: o complacente, o agressivo e o desapegado. Essa abordagem é importante para compreender como o contexto interpessoal influencia na decisão de compra. 11 Além dessa teoria, David Riesman propôs o esquema de evolução das sociedades ocidentais. Assim, a orientação para a tradição, dominante no Antigo Regime; a orientação para si mesmo, baseada nos valores individuais; a orientação para os outros, característica da sociedade moderna, foram formas de identificação de comportamentos. Essa abordagem influenciou muitas pesquisas sobre estereótipos nacionais e os estilos de vida. Dessa forma foi possível dizer que existe ligação entre o tipo de personalidade da audiência e o estilo de comunicação a ser adotado. 3.4 PERCEPÇÃO A percepção é a tomada de consciência sensorial de objetos ou eventos externos, isto é, reagir automaticamente ao contexto através dos sentidos (principalmente tato, olfato e audição). As empresas compreenderam que a utilização dos sentidos facilitava sua relação com os produtos, por isso o marketing sensorial vem crescendo tanto nos últimos anos. A percepção encontra-se numa estimulação física que ativa os receptores sensoriais. Uma sensação é então desencadeada quando uma estimulação externa ou interna influencia o comportamento com manifestações imediatas. Os órgãos sensoriais desempenham, então, o papel de transmissores de estímulos mercadológicos que recebemos com o objetivo de atrais a atenção. (KARSAKLIAN, 2004, p.49) Pesquisas recentes informaram que crianças de cinco anos aprenderam o alfabeto mais rapidamente quando tocavam as letras do alfabeto com as mãos. Steve Moskowitz, diretor de marketing, descreve uma nova linha de doces da seguinte forma: Crianças querem ter seu próprio universo, onde a ênfase está sobre elas e onde os produtos são desenhados exclusivamente para elas. Nosso produto transmite essa exclusividade às crianças através da forma, cheiro e interatividade. As crianças gostam de tomar decisões, mas elas vivem num mundo onde elas não podem votar, dirigir, preencher cheques, da maneira que os adultos fazem. Então o método de dar a elas poder é através de doces, e através de doces interativos, que as permitam tomar suas próprias decisões quanto à ―maneira de consumi-los. (DAHM, 2002, p.16). 12 Torna-se clara a função ideológica da concessão de poder em instâncias quando se pode afirmar que qualquer ação que envolva as crianças com um produto constituise uma nobre ação de prover os mais fracos com escolhas. Karsaklian (2004), afirma que pesquisas realizadas por meio do método blind-tests, que consiste em fazer com que o consumidor teste vários produtos sem apresentarlhe as respectivas marcas, demonstraram que os dados sensoriais brutos são raramente suficientes para conduzir a uma reação coerente. Ainda é necessário somar o apoio da imagem de marca e aquilo que ela significa para o consumidor. A percepção dos produtos e serviços pelos consumidores não são sempre a realidade daquilo que a empresa gostaria que fosse aos olhos de seu público alvo. Uma das questões ligadas ao efeito dos estímulos mercadológicos sobre a percepção dos consumidores consiste em saber se eles são capazes de distinguir as diferenças entre os estímulos, isto é, saber se os consumidores percebem as diferenças entre marcas existentes no mercado e com base em que critérios. 3.5 AS ATITUDES Baseado na percepção que o consumidor tem de um produto, ele vai elaborando uma atitude em relação a ele. A análise das atitudes e preferências constitui um objetivo de primeira necessidade para a compreensão do comportamento de compra. De acordo com Karsaklian (2004), as atitudes têm quatro funções básicas: 1. Função instrumental ajustativa: o indivíduo forma sua atitude em torno da recompensa que ele poderá obter e da forma pela qual poderá reduzir a insatisfação; 2. Função ego-defensiva: protege o indivíduo, distorcendo a realidade se esta apresentar incongruente com sua auto-imagem e com seus valores; 3. Função de expressão de valores: faz o indivíduo expressar atitudes apropriadas a seus valores pessoais e seu autoconceito. 13 4. Função de conhecimento: permite construir o universo de forma organizada, procurando dar significado e organização das percepções. Para tanto, elementos que são percebidos com inconsistentes ou incompletos são reorganizados ou modificados para formar um todo. As emoções também explicam grande número das emoções dos consumidores, por isso, algumas emoções fortemente vinculadas ao comportamento do consumidor foram estudadas: a ansiedade, onde a função do marketing é demonstrar que pela utilização de tal marca ou produto específico, a sensação desagradável de medo, incerteza ou insegurança será eliminada. A surpresa, onde se pode surpreender o consumidor com um preço mais atraente, uma qualidade a mais oferecida pelo mesmo preço, uma nova qualidade do produto ou outros atributos que poderiam ser de seu agrado, e assim fazer com que ele se sinta mais próximo de determinada marca. A nostalgia, que hoje é utilizada para fazer com que o consumidor possa relembrar os ―bons e velhos tempos‖. Além disso, sabe-se que a música e os odores remetem a situações passadas, coisa que é amplamente explorada pelo marketing sensorial. Esta tendência assume o nome de retromarketing ou marketing de autenticidade. É importante ressaltar que a atitude não é observável, mas o comportamento sim. Na verdade o comportamento de compra é a conclusão do processo de avaliação, ou seja, a escolha feita pelo consumidor é condicionada pela atitude que ele tem em relação a um produto específico. 3.6 CONHECIMENTO DO CONSUMIDOR O conhecimento de uma pessoa a respeito do ambiente de consumo está armazenado na memória permanente. O conhecimento do consumidor é definido como ―a quantidade de experiência e informação que uma pessoa tem acerca de determinados produtos ou serviços‖ (BRAUN, 1999 apud MOWEN e MINOR, 2003, p.71). Assim, à medida que o conhecimento do consumidor a respeito de um produto 14 aumenta, a pessoa pode pensar nesse produto considerando um número maior de dimensões e fazer distinções mais apuradas entre as marcas. De acordo com Mowen e Minor (2003), podem-se identificar três tipos de conhecimento do consumidor, sendo eles: o conhecimento objetivo, que diz respeito à informação correta a respeito de um tipo de produto que o consumidor tenha armazenado na memória permanente. O conhecimento subjetivo, que se refere à percepção do consumidor a respeito do que ou do quanto ele conhece o tipo de produto. E por último, a informação acerca do conhecimento das outras pessoas. O estudo do conhecimento do consumidor se faz relevante para os gerentes de marketing pelo fato de que na medida em que o conhecimento dos consumidores aumenta, eles se tornam mais organizados, ficam mais eficientes e precisos ao processar informações, além de se recordá-las melhor. Além disso, o nível de conhecimento dos consumidores pode ser usado como uma importante variável de segmentação, ou seja, mensagens diferentes e até mesmo produtos diferentes podem ser dirigidos a consumidores diferentes com níveis de conhecimento diferentes. 3.7 APRENDIZAGEM Entende-se por aprendizagem ―uma modificação durável do comportamento em virtude da experiência passada. Trata-se de um processo de adaptação permanente do indivíduo a seu meio ambiente.‖ (KARSAKLIAN, 2004, p.81) Em se tratando de consumo, tudo que o indivíduo possui em relação a valores com conhecimento em determinado momento da sua existência é resultante de um conjunto de aprendizagens. Sendo assim, todos os pensamentos estratégicos e todas as ações conduzidas pelas empresas em direção aos consumidores têm a vocação fundamental de agir sobre uma aprendizagem (criação, modificação ou simplesmente consolidação), independentemente do objetivo visível. 15 Em se tratando de aprendizagem do ambiente de consumo, as pessoas a adquirem por meio da educação e prática, em que a aprendizagem por meio da educação consiste em absorver informações a partir de propagandas, contato com pessoal da área de vendas e o próprio esforço do consumidor para buscar essas informações através de outros meios. Já o aprendizado através da prática implica o processo de obtenção de conhecimento por meio do contato real com os produtos. Sabe-se que o aprendizado através da prática é mais eficaz porque o consumidor é envolvido na experiência do ato e também porque a informação obtida é mais viva, concreta e relevante. A aprendizagem é a variável que fará com que as empresas possam mais facilmente fidelizar seus consumidores. De fato, o indivíduo aprende a ser fiel a uma empresa, uma marca, um produto. 3.8 A INFLUÊNCIA DOS GRUPOS De acordo com Mowen e Minor (2003), um grupo é um conjunto de indivíduos que interagem entre si durante algum período de tempo e que compartilham uma necessidade ou um objetivo comum. Em geral, o próprio grupo serve como meio para alcançar um objetivo. Vários estudos mostram a influência significativa dos outros sobre o ato de compra. Amigos, vizinhos, conhecidos e parentes lotam a lista de fontes de informação quando se trata de decisão de compra. Do ponto de vista sociológico, o grupo social impõe certo modo de consumo, que se traduz por um sistema de signos-objetos... Assim, o modo de vida adotado por um indivíduo compreende o consumo de produtos, o qual possibilita refletir a imagem de seu status para os demais. O grupo torna-se, para o indivíduo, o ponto de referência, o padrão graças ao qual ele procederá a julgamentos. (KARSAKLIAN, 2004, p.100-101) De acordo com Mowen e Minor (2003), signos são palavras, gestos, fotos, produtos e logotipos que uma pessoa utiliza para comunicar informações à outra. Os consumidores pertencem a vários grupos e cada um possui certo impacto sobre o comportamento de compra. É fundamental saber que grupo influencia a concepção que cada um tem de si mesmo. 16 Há vários tipos de grupos de referência, classificados em grupos primários e secundários, formais e informais: GRUPOS Informais Formais Primários Escola, Amigos Escola, Trabalho Secundários Esportivos e Lazer Associações de trabalho Organizações diversas Quadro 2: Exemplos dos diferentes tipos de grupos Fonte: KARSAKLIAN, 2004 p.101 A relevância dos grupos primários gira em torno do fato de se constituírem na fonte básica de aprendizagem de atitudes e da formação total da personalidade dos indivíduos, além de exercerem influência sobre a formação de crenças, gosto, preferências. O grupo primário é quem efetivamente exerce influência mais diretamente sobre o comportamento de compra. Já os grupos secundários são representados por relações mais formais e impessoais, e ele não é um fim em si mesmo, é apenas um meio para que seus componentes atinjam fins externos ao grupo. Na tabela seguinte observamos a influência do grupo sobre o produto e a marca. Influência sobre o produto Fraca Forte Influência sobre a marca Fraca Forte Roupas Carros Móveis Cigarros Revistas Cerveja TV em cores Remédios Relógios Aparelhos de som Ternos Equipamentos esportivos (tênis, raquete, bola) Sabonetes Ar-condicionado Cobertores Café instantâneo Conservas TV preto e branco Detergentes Videodisco Utensílios de cozinha Faca elétrica 17 Geladeiras Jogos eletrônicos Rádios Colchões Lâmpadas Quadro 3: Influência do grupo sobre o produto e a marca Fonte: Bourne, 1957 (apud KARSAKLIAN, 2004, p.104) De modo mais geral, podemos dizer que a influência do grupo e, extensivamente dos canais pessoais é mais forte quando: (1) o produto é caro ou percebido como tal (produto de luxo); (2) sua compra representa um risco (financeiro, físico ou social); (3) o produto é novo ou pouco difundido; (4) o produto é intangível (serviço) ou complexo em sua apresentação (aparelhos eletrônicos); e (5) seu consumo dá-se na presença de outras pessoas. O impacto da influência do grupo declina, ao contrário, quando o consumidor se sente relativamente bem informado, até mesmo como um expert para a categoria de produto. (KARSAKLIAN, 2004 P.104) 3.9 CLASSES SOCIAIS E ESTILOS DE VIDA Para as sociedades modernas não é o valor de uso o que interessa, mas o valorsímbolo. Desta forma, o consumo de certos objetos somente assume sentido quando feito num contexto social. Não só em relação ao consumo a classe social influencia, mas também na recepção de mensagens publicitárias e a exposição à mídia. Foi constatado que os consumidores pertencentes a classes sociais menos favorecidas são mais receptivos à propaganda visual, ativa, enquanto classes superiores são mais receptivas às representações simbólicas. (KARSAKLIAN, 2004, p.130) Já o estilo de vida do indivíduo, de acordo com Karsaklian (2004), nasce da interação entre três níveis de proximidade e de base em si mesmo: os valores e a personalidade (nível estável), as atitudes e atividades que lhe são próprias (nível intermediário) e os comportamentos de consumo efetivos (nível periférico e efêmero). Sendo assim, o conjunto de pessoas que tem um estilo de vida similar (comportamentos análogos em cada um dos três níveis) constitui um grupo homogêneo, com um modo de vida idêntico. 18 O estilo de vida é determinado por elementos como a cultura, o simbolismo dos objetos e os valores morais. Assim, foi utilizado para representar vários mercados e para a segmentação de mercados, bem como para a busca de novos conceitos para produtos ou para o reposicionamento de produtos já existentes. De acordo com Mowen e Minor (2003), estudar a as classes sociais e estilos de vida possibilita melhor estratégias para a segmentação do mercado, visto que a segmentação do mercado é definida como a divisão de um mercado em subconjuntos distintos de clientes com necessidades e vontades semelhantes, cada qual podendo ser alcançada com um mix de marketing diferente. 3.10 CULTURA A cultura costuma ser definida de várias maneiras. Uma definição clássica seria a dada por Wallendorf e Reilly (1986, apud MOWEN e MINOR, 2003 p. 293) que afirma que ―a cultura é um conjunto de padrões de comportamento socialmente adquiridos que são transmitidos simbolicamente aos membros de uma determinada sociedade por meio da linguagem e de outros meios.‖ A cultura envolve todo um modo de vida, incluindo objetos materiais de uma sociedade, envolve idéias e valores. Ela é compartilhada, transmissível e evolutiva, engloba elementos característicos de uma vida em sociedade. Ela aparece em princípio como um conjunto de comportamentos distintos, logo, o que diferencia uma cultura de outra é certa forma de se alimentar, de se vestir, de morar, de falar, de expressar sentimentos. Sendo assim, não se pode ignorar a variável cultura quando falamos sobre comportamento do consumidor. Os valores influenciam o comportamento de compra uma vez que eles determinam os objetos almejados, o nível de envolvimento, os atributos buscados e as atividades praticadas; logo, os produtos e modos de consumo. (KARSAKLIAN, 2004, p.157) A identificação de mercados-alvo pode ser consideravelmente facilitada quando são levadas em consideração as variáveis culturais, nas quais existem particularidades ou diferenças de gosto e de comportamento entre 19 os diversos grupos sociais que convivem dentro de um mesmo mercado. (Dubois, 1994, apud KARSAKLIAN, 2004, p.163-164). 3.11 COMUNICAÇÃO PERSUASIVA A comunicação é onipresente em nossas vidas. Comerciais de televisão e rádio, anúncios impressos, cartazes, embalagens e vendedores, todos buscam comunicarse conosco e, por fim, nos influenciar. (MOWEN e MINOR, 2003, p.165) Conforme explica Limeira (2008, p.122), na literatura de marketing a propaganda ou publicidade é definida como a forma impessoal de comunicação persuasiva que é paga por um patrocinador identificado e veiculada pelos meios de comunicação, visando convencer o público sobre os benefícios e significados dos produtos. Mowen e Minor (2003) definem a comunicação como sendo o uso de um sinal para transmitir um significado. Um sinal pode ser uma verbalização, uma expressão bocal, um movimento do corpo, uma palavra escrita, uma figura, um odor, um toque. A função da propaganda e objetivo do anunciante é a persuasão, a tentativa explícita de provocar mudança nas crenças, atitudes e intenções de comportamento do consumidor. Ela pode desempenhar um papel em cada etapa do processo de decisão de compra e consumo, alterando ou reforçando a percepção do consumidor em relação à marca ou ao produto. Além da lembrança da marca, espera-se que o consumidor adquira conhecimento do produto ou da marca, que é o conjunto de informações assimiladas pelo consumidor sobre as características do produto, o preço, o local de compra, entre outras. Pela aquisição de novos conhecimentos os consumidores formam crenças e opiniões sobre a marca. Pesquisas demonstram que jovens norte-americanos recebem em média 200 a 500 mensagens comerciais por dia, porém, eles se lembram apenas de 15% do total e processam ativamente 4 a 5 % das mensagens. (HAWKINS e HOCH, apud MOWEN e MINOR, 2003, p.165) 20 Além das mídias, os amigos também são fonte de comunicação persuasiva, falando de filmes, produtos, marcas, etc. A criação de comunicação persuasiva deve se basear na estratégia de posicionamento e diferenciação da empresa. Por exemplo, se a estratégia for posicionar a marca como divertida, emocionante e não convencional, os anunciantes deverão usar o formato de dramatização, no qual modelos atraentes aparecem realizando atividades divertidas, não convencionais e estimulantes. Ao contrário, se a estratégia for posicionar a marca com capaz de diminuir o risco de um problema sério, o mais apropriado poderá ser uma mensagem que apela para o medo, comunicada por uma fonte digna de crédito e sob a forma de apresentação. Karsaklian (2004) explica que a atenção das crianças é maior quando os comerciais são agrupados ou apresentados no início de um programa e que os efeitos sonoros canalizam mais sua atenção que o visual. A complexidade visual pode desconsertar a criança e fazê-la concentrar-se em outra coisa, enquanto a complexidade auditiva vai gerar um comportamento exatamente oposto. O que faz a diferença em relação à memorização, conforme a idade, é a presença ou não de um slogan repetitivo e cantado ou de um jingle. A pesquisa de mercado é, em geral, empregada para testar as reações do público alvo em relação às fontes e às mensagens. Mais especificamente, a pesquisa deve ser empregada para identificar antecipadamente de que maneira o mercado algo percebe a simpatia, credibilidade e a relevância das fontes. 3.12 O CONSUMIDOR INFANTIL De acordo com o documentário ―How the kids took over―, o marketing jovem é um mercado de trilhões de dólares. Crianças gastam diretamente em torno de 200 bilhões de dólares, influenciam diretamente outros 300 bilhões de dólares e indiretamente 500 bilhões de dólares. Essa influência indireta seria no carro da família, nas férias, compra de produtos que demandem tecnologia (celulares, maquinas fotográficas, etc.). 21 Até meados dos anos 60, as crianças eram ignoradas como consumidoras devido a sua mínima renda. Visto que elas são consumidoras, é importante investigar sobre seus comportamentos de compra, bem como as motivações para comprarem onde compram e o que compram e, a partir daí, iniciaram-se as pesquisas sobre o consumo infantil, porém, ainda gradativamente. Nos anos 80, os marketeiros de todos os lugares criaram os desenhos animados com o propósito de vender os brinquedos do desenho. Programas como He-man, Ursinhos Carinhosos e Moranguinho foram criados e funcionaram muito bem. Nos anos 90, todas as empresas estavam interessadas em um melhor entendimento sobre o novo alvo consumidor: as crianças. Era a hora de começar a espionar a vida das crianças. Os marketeiros as assistiam comer, tomar banho, ir ao banheiro, brincar, olhavam seus armários, o que tinha dentro, os tipos de vídeo, olhavam o que tinha embaixo de suas camas, quando iam até a cozinha (toda essa observação era para captar os sinais não verbais) e o mais importante: como faziam para conseguir o que queriam. Hoje em dia, as crianças são vistas como consumidores, possuem seu próprio dinheiro e influenciam no consumo doméstico. Devido ao grande crescimento no número de produtos destinados ao público infantil, surge uma preocupação por parte dos pesquisadores, empresas, e publicitários em saber e entender o que motiva esse consumo. Tais fatos fazem com que haja um grande interesse em conhecer o comportamento do consumidor infantil, que tipo de influência as crianças têm no consumo familiar, qual é o grau de influência que as mídias exercem no comportamento de consumo infantil, dentre outros. 3.12.1 Modelo de socialização do consumidor O processo pelo qual as crianças adquirem habilidades, conhecimento e atitudes relevantes ao seu comportamento como consumidores no mercado é chamado de socialização do consumidor. 22 Segundo Ville (2007), o consumo de crianças e adolescentes é moldado e transformado por uma combinação de medidas de gestão, políticas públicas, ciclos de mudança tecnológica, a evolução das respectivas instituições como família e escola, alterando referências culturais, valores, modos de socialização, bem como pelas ações de crianças e adolescentes em si. John (apud CHAN, 2005) propôs um modelo de socialização do consumidor no qual a socialização é um processo que passa do estágio perceptivo (crianças entre 3 e 7 anos) para o estágio analítico (entre 7 e 11 anos) e então para o estágio reflexivo (entre 11 e 16). Em cada estágio, a criança tem uma diferente consciência de fonte de informação dependendo do produto ou situação que, de acordo com pesquisas realizadas, aumenta de acordo com a idade. Em pesquisas realizadas anteriormente com crianças chinesas, constatou-se que crianças mais novas adquirem suas normas de comportamento observando seus pais e outros irmãos, enquanto jovens e adolescentes provavelmente olham para seus amigos como fontes pessoais de modelos de consumo. O número médio de fontes de informação cresce com a idade. As crianças do jardim de infância contam mais com as visitas às lojas, enquanto as da terceira e sexta série acrescentam ainda os anúncios da mídia em massa e fontes interpessoais às suas listas. A figura a seguir representa um modelo simples de socialização do consumidor. O modelo sugere que a socialização do consumidor está baseada em três componentes: fatores de contexto, agentes de socialização e mecanismos de aprendizagem, modelagem. como aprendizagem cognitiva, condicionamento operante e 23 Fatores de contexto Nível socioeconômico Sexo Idade Classe social Religião Agentes de socialização Mídia Membros da família Colegas Professores Mecanismos de aprendizagem Modelagem Reforço Estágio de desenvolvimento cognitivo Consumidor socializado Figura 3: Um modelo de socialização do consumidor Fonte: MOWEN e MINOR (2003, p.277) De acordo com Moore-Shay e Berchmans (1996, apud MOWEN e MINOR, 2003), pesquisas realizadas mostraram o impacto dos agentes de socialização e dos fatores de contexto sobre a socialização do consumidor. Em um importante estudo que analisou os fatores de família, meios de comunicação, leitura de jornal, escola, colegas, idade, classe social e sexo, descobriu-se que a família é essencial no ensino dos aspectos racionais de consumo. Contudo, a influência dos pais depende da situação específica e diversas características pessoais, como idade, classe socioeconômica e sexo da criança. Os pesquisadores descobriram ainda que a percepção que as crianças têm de satisfação na vida e da capacidade financeira de seus pais contribui fortemente para que ela aceite os pais como modelos do papel de consumo. Quando os pais eram tidos como pessoas malsucedidas ou incapazes, os filhos buscavam modelos para o papel de consumo em outros lugares. Nessa mesma pesquisa, descobriu-se que os colegas também são agentes de socialização importantes. Eles contribuíam principalmente para o elemento de expressão, segundo o qual uma compra é feita por razões materialistas ou sociais (por exemplo, comprar para ―não ficar para trás‖). 24 4 4.1 ANÁLISE DOS DADOS PRIMEIRA ETAPA Foram analisados 16 artigos sobre o consumo infantil, para serem comparadas com as informações obtidas na presente pesquisa. As principais informações dos artigos analisados estão resumidos no quadro 4 a seguir. Autor Objetivo Resultados relevantes Examinar o desenvolvimento do reconhecimento de estereótipos de consumo pelas crianças. As crianças preferem itens novos, grandes e esportivos. Suas percepções são complexas, pois ocasionalmente atribuem características desejáveis (inteligência e felicidade) a proprietários de itens pequenos ou menos esportivos. Analisar interesses, responsabilidades, fontes econômicas, atividades de compras, agentes socializadores e influenciadores de compras dos consumidores infantis. As principais atividades citadas pelas crianças foram brincar, assistir TV, ouvir musica, ler, esportes, cuidados pessoais e fazer compras. 54% das crianças tinham os brinquedos mais novos do mercado. Meninos de 6 anos dão maior importância a brinquedos mais novos, 74,6% das crianças dão importância para sua aparência física, 60,7% das crianças sempre dão importância para a marca, 19,9% de vez em quando e 19,4% nunca dão importância. Atualizar o estudo feito em 1995, que descrevia a natureza do comportamento consumidor das crianças chinesas. No estudo de 1995, as crianças chinesas gastavam em media 48% da sua renda. No atual, percebeuse que elas gastam 64%. Isto significa que estas crianças (entre 7 e 11 anos) ganham mais e gastam maior parte também. As crianças estão crescendo mais ricas e exercendo maior influencia sobre as compras da família do que há 7 anos atrás. Lindstrom, M. (2004) Olhar para as relações das crianças com as marcas Pessoas jovens se envolvem com o mundo por meio do filtro das novas mídias – jogos de computadores, comunicação móvel e a Web. Entretanto, nos jogos de computadores o jogador pode adotar uma diferente personalidade que não necessariamente compartilha características diretas com a pessoa. Dotson, M. J.; Hyatt, E. M. (2005) Fornecer uma visão sobre o gasto das crianças, a exposição delas à mídia e a identificação com as marcas. Buscar uma explicação Os impactos dos diferentes fatores que influenciam a socialização do consumidor variam em função do sexo, idade, quantidade disponível de dinheiro para gastar, tempo de exposição à televisão e como as Mayer, R. N.; Belk, R. (1982) Özgen, Ö. (2003) McNeal, J. U., Yeh C. H. (2003) 25 Autor Objetivo de como o processo de socialização dos consumidores afeta as crianças. Resultados relevantes crianças gastam o tempo depois da escola. Chan, K. (2005) Examinar com que frequência as crianças chinesas interagem com diferentes tipos de lojas, como aprendem sobre novos produtos e serviços e suas atitudes em relação a diferentes fontes de informação de produtos As lojas mais citadas entre as crianças chinesas foram livrarias/papelarias, supermercados, restaurantes e lojas de fast food. Visitas as lojas variaram muito com idade e gênero. Crianças percebem as fontes pessoais como mais úteis e críveis do que as fontes comerciais na obtenção de informações sobre novos produtos e serviços. Crianças mais velhas acham fontes comerciais mais úteis e críveis do que as crianças mais novas e acham mais fontes de informação úteis do que crianças mais novas Martens, L. (2005) Alertar a sociologia da educação a encontrar formas de pensar por meio da relação entre crianças, educação e consumo. Educadores deveriam prestar atenção nas conseqüências da cultura do consumo para a vida das crianças e seus modos de aprendizado, enfatizando a importância das escolas e do ensino ao considerar o nexo entre a aprendizagem de crianças e o consumo. Estender o processamento cognitivo de mensagens de anúncio destinadas a crianças urbanas na Índia. A habilidade das crianças de decodificar e processar mensagens de anúncio e de compreender suas intenções está influenciada não somente por suas habilidades cognitivas em estratos diferentes da idade, mas igualmente por seus ambientes sociais e pessoais. Outros elementos como o argumento, o slogan e a música podem criar gosto ou não por uma propaganda e a decodificação de sua mensagem. Chan, K., McNeal, J. U. (2006) Analisar uso da mídia e atenção para publicidade entre crianças urbanas e rurais da China. A propriedade, exposição e uso dos meios de comunicação foram maiores entre crianças urbanas do que entre crianças rurais. A propriedade e exposição à TV foram ligeiramente mais elevadas entre crianças rurais do que entre as urbanas. Crianças rurais relataram maior atenção aos comerciais na TV que crianças urbanas, enquanto crianças urbanas relataram uma maior atenção a outras formas de publicidade. Shoham, A.; Dalakas, V. (2006) Examinar as estratégias de influencia usadas por crianças e as reações dos pais em relação a essas táticas. Adolescentes estudados usam táticas racionais com mais frequência do que táticas emocionais. A reação dos pais é mais alta para táticas racionais e mais baixa para táticas emocionais. Cook, D. T. (2007) Explorar como os discursos de ―empoderamento‖ das crianças por meio da posse de bens têm surgido e funcionado como chave narrativa nos comerciais infantis. Três temas - escolha, reconhecimento e participação - foram considerados os mais proeminentes na concepção da criança sobre consumo como fonte de ―empoderamento‖. Ville, V. I. de L. (2007) Conceituar o campo do consumo da criança e do adolescente como As noções de responsabilidade social corporativa e resposta social corporativa para a infância Panwar, J.S., Vindyanagar, V.; Agnihotri, M. (2006) 26 Autor Objetivo um sistema de práticas sociais com o cruzamento de 6 subsistemas interligados: social, institucional, tecnológico, narrativo, econômico e político. Tinson, J., Nancarrow, C. (2007) Roper S.; Shah B.(2007) Sidin S. et al (2008) Resultados relevantes envolvem conceitos difíceis de capturar. Investigar o mercado voltado às crianças e jovens. O papel do gênero na orientação de consumo é um fator na tomada de decisões familiares, mas a relação não é simples. Algumas crianças podem estar mais envolvidos na tomada de decisão de compra como conseqüência de estratégias dos pais, influências da mídia, escola e amigos. Estudar o impacto social da marca em pré-adolescentes (entre 7 e 11 anos). As marcas podem ser causa de divisão social entre crianças. As que não têm as marcas certas podem ser discriminados e sofrer impactos sociais, como serem diminuídos, intimidados, ter baixa autoestima e de ser socialmente excluídos. Os pais também sentem os efeitos por meio da culpa de não serem capazes de comprar essas marcas para seus filhos. Investigar os efeitos da idade, sexo e cidade onde vivem nas atitudes de consumo e intenções de comportamento das crianças. Crianças com idade entre 9 e 10 anos indicaram alta preferência por marcas preço e loja quando compram comida e materiais de leitura. Não gostam da influencia dos pais nas compras. Idade e cidade onde moram são influências significantes nas atitudes de consumo e intenções de comportamento das crianças. Quadro 4: Artigos analisados e principais conclusões 4.2 SEGUNDA ETAPA A segunda etapa da pesquisa foi a aplicação de um questionário (apêndice 1) construído a partir dos artigos anteriormente revistos. Foram 18 perguntas de múltipla escolha e 25 afirmativas para as crianças marcarem se concordavam, discordavam ou tanto faz. 4.2.1 Descrição dos respondentes A seguir será descrita a amostra da pesquisa. Participaram 655 crianças sendo 351 (53,6%) estudantes de escolas públicas municipais e 304 (46,4%) estudantes de 27 escolas particulares (tabela 1 a seguir). Quanto ao gênero, 50,5% eram meninos, 48,4% meninas e 0,9% não responderam ou anularam a questão (tabela 2). A distribuição por idade está apresentada na tabela 3. Houve predominância de crianças a partir dos 9 anos. Tabela 1. Respondentes por tipo de escola Tipo de Escola Quantidade % Pública 351 53,6 Privada 304 46,4 Total 655 100,0 Tabela 2. Respondentes por gênero Gênero Quantidade % Menino 331 50,5 Menina 318 48,6 6 0,9 655 100,0 Não responderam Total Tabela 3. Respondentes por idade Idade Quantidade % 6 anos 25 3,8 7 anos 41 6,3 8 anos 70 10,7 9 anos 120 18,3 10 anos 120 18,3 11 anos 129 19,7 12 anos 147 22,4 3 0,5 655 100,0 Não responderam Total 28 4.2.2 Perfil dos consumidores por tipo de escola Em 1998, a Western International Media, a Century City e a Lieberman Research World Wide fizeram um estudo sobre "importunar". Eles pediram aos pais que anotassem em um diário, durante três semanas, toda vez que seus filhos os importunassem para comprar algum produto e gravassem quando, onde e por quê. O estudo tinha como objetivo ajudar as corporações a ensinar as crianças a pedir com mais eficiência. Na pesquisa atual quando perguntadas sobre as estratégias utilizadas (podia marcar mais de uma resposta), obteve-se valores que mostram o que as crianças são capazes de fazer quando se trata de conseguirem o que querem. Quando comparadas as respostas entre tipo de escola, (tabela 4), as maiores diferenças de percentuais estão nas escolas privadas para as estratégias: ―chora e implora‖, ―cita exemplos de amigos que já tem o brinquedo‖, ―insiste até conseguir‖ e ―negocia com argumentos que eles consideram lógicos‖. Para as demais estratégias as diferenças de percentuais de respostas foram pequenas entre os tipos de escolas. Nota-se uma maior insistência e poderíamos dizer melhor estratégia por parte dos alunos de escola privada em se tratando de conseguir o produto a qualquer custo. Tabela 4: Se você está no Shopping e vê uma coisa que você quer muito, como faz para convencer seu pai ou sua mãe a comprar? Escola Pública Pede Privada 183 52,3% 174 57,8% Total 357 Chora e implora 34 9,7% 40 13,3% 74 Grita, fica com raiva, faz mal criação 14 4,0% 14 4,7% 28 Faz eles se sentirem culpados se não te atenderem 31 8,9% 28 9,3% 59 119 34,0% 110 36,5% 229 Negocia (Se você comprar para mim...) Cita exemplos de amigos que já tem o brinquedo 55 15,7% 69 22,9% 124 Insiste até conseguir 88 25,2% 95 31,6% 183 Negocia com argumentos que eles consideram lógicos 51 14,6% 76 25,2% 127 110 31,4% 99 32,9% 209 Se não der tudo bem... 29 Chan (2005), em sua pesquisa realizada com crianças chinesas, constatou que a televisão ficou posicionada como a fonte de informação mais útil, seguida pelos amigos e colegas. Os pais, jornais, lojas e a internet ficaram em terceiro lugar. Na presente pesquisa a televisão continua sendo a fonte de informação mais útil seguida do shopping e da internet (tabela 5). As maiores diferenças percentuais quando comparadas as respostas por tipo de escola foram para a internet e oudoors (escolas privadas). Apenas o rádio foi o mais citado pelos alunos das escolas públicas. Lembrando que os respondentes podiam marcar mais de uma opção de resposta. Tabela 5: Onde você vê propaganda dos produtos que gosta de comprar? Escola Pública Privada Total TV 247 70,4% 242 79,9% 489 Shopping 185 52,7% 183 60,4% 368 Internet 105 29,9% 140 46,2% 245 Amigos 74 21,1% 90 29,7% 164 Revistas 76 21,7% 83 27,4% 159 Outdoors 29 8,3% 50 16,5% 79 Jornais 53 15,1% 47 15,5% 100 Outros 41 11,7% 29 9,6% 70 No rádio 28 8,0% 22 7,3% 50 Apesar desse número tão significativo quanto a televisão ser uma fonte de informação útil, 59,8% das crianças discordam quanto a acreditarem que ―Comerciais de TV dizem a verdade sobre os produtos‖, 11,1% concordam com a afirmação e 23,1% dizem que tanto faz (tabela 6). Quando perguntadas se assistir TV é uma importante parte da vida delas, 43,5% disseram que discordam, 25,6% disseram que tanto faz e 24,6% disseram que concordam. Tabela 6: "Comerciais de TV dizem a verdade sobre os produtos." Concordo Qtde 73 % 11,1 Tanto faz 151 23,1 30 Discordo 392 59,8 39 6,0 655 100,0 Não preenchido Total Outro levantamento com crianças chinesas da primeira à sexta série, que vivem nas cidades, descobriu que o ceticismo quanto aos anúncios crescia com a idade. Como pode-se perceber na presente pesquisa, o ceticismo quanto aos anúncios da TV também cresce com a idade, confirmando os achados da pesquisa com crianças chinesas. Notou-se que há considerável controle por parte dos pais quando se trata do tempo que as crianças assistem TV e navegam na internet. Das crianças entrevistadas, 44,2% afirmaram que os pais controlam o tempo em que elas assistem TV, 56% afirmaram que os pais controlam o tempo em que elas navegam na internet e 28% das crianças responderam que os pais não os controlam. Percebeu-se que há um maior controle sobre o tempo que as crianças ficam na internet e na televisão por parte dos alunos de escola privada. (Tabela 7). Panwar, Vidyanagar e Agnihotri (2003) explicam que na Índia foi constatado que há um forte controle sobre a exposição das crianças as mídias, afirmando não que isso não é comum para os ocidentais. Pode-se ver que com o passar do tempo e devido a características culturais das pessoas envolvidas na pesquisa, os resultados contradizem essa afirmação. Tabela 7. Seus pais controlam o tempo que você... Escola Pública Total Privada Assiste TV 144 41,9% 140 46,8% 284 44,2% Navega na Internet 186 54,2% 174 58,2% 360 56,0% Não controlam 99 28,8% 81 27,1% 180 28,0% Total 344 100,0% 299 100,0% 643 100,0% 31 Apesar de toda essa influencia das mídias sobre as crianças, quando perguntados sobre em quem eles confiam para ajudar a escolher algum produto, os pais ficaram em primeiro lugar, com 70,4%, em segundo lugar ficou a opção que eles não confiavam ―em ninguém‖, em terceiro ficaram os amigos e em quarto a internet. Vale salientar que essa pergunta era de única escolha, propositalmente, para saber em quem as crianças realmente confiam quando se tratava de escolher algo. A mudança na estrutura familiar também é um fator importante quando se trata de consumo infantil. Fala-se hoje no chamado guilty money, que seria a situação em que os pais dão o cartão de credito ou dinheiro para a criança comprar alguma coisa, como forma de compensar o tempo que eles não podem passam com eles. Foi constatado que 35,9% das crianças recebem mesada fixa e 33,6% recebem de vez em quando. Em um estudo feito com 10.000 famílias em Beijing, 25% das mães disseram que a única maneira de manter boas notas é recompensando os filhos com dinheiro. Também aumentou o ganho a partir de tarefas domésticas e isso sugere que as crianças são cobradas por assumir algumas responsabilidades. É importante salientar que o mercado envolve muito mais do que a simples troca de coisas e o cálculo de valor. O mercado produz e reproduz significado social – o significado das coisas, de pessoas, de trocas e da própria idéia do mercado em si – e assim gera significados particulares em torno da infância e do consumidor infantil. Os profissionais de marketing utilizam das vulnerabilidades consequentes de um desenvolvimento ainda não completo da mente das crianças para impulsionar seus desejos e estratégias de compra e acreditam que quanto mais cedo, melhor para fidelizar seus clientes. Foi perguntado às crianças sobre os lugares que eles mais gostam de frequentar e lojas que visitaram recentemente, mesmo que não tivessem comprado nada. Quanto aos lugares, o shopping ficou em primeiro lugar, com 76,1% das crianças, seguido do parque de diversões com 61,7%, praia com 53,5%. Quanto às lojas visitadas recentemente, lojas de roupa ficaram com 57,1% da preferência, livrarias com 46,6%, lojas de brinquedos com 45,9%, restaurantes e lojas de fast food 44,7%, 32 supermercados com 42,6%, lojas de esportes com 40,7%. Exceto pelas lan houses, todas as outras lojas foram mais visitadas pelas crianças de escola privada. (Tabelas 8 e 9). As maiores diferenças percentuais entre tipos de escola foram para Pedra da Cebola, praia e parque de diversões. Tabela 8: Quais desses lugares você gosta de ir? Escola Pública Shopping Privada Total 253 72,5% 243 80,2% 496 76,1% Parque de diversões 194 55,6% 208 68,6% 402 61,7% Praia 161 46,1% 188 62,0% 349 53,5% Pedra da Cebola 79 22,6% 127 41,9% 206 31,6% Outros lugares 92 26,4% 106 35,0% 198 30,4% Praça 94 26,9% 93 30,7% 187 28,7% Supermercado 68 19,5% 75 24,8% 143 21,9% Total 349 100,0% 303 100,0% 652 100,0% Tabela 9: Lojas que você visitou recentemente, mesmo que eu não tenha comprado nada... Escola Pública Privada Total Lojas de roupas 180 51,6% 191 63,5% 371 57,1% Livrarias 144 41,3% 159 52,8% 303 46,6% Lojas de brinquedos 142 40,8% 156 51,8% 298 45,9% Restaurante ou fast food 142 40,7% 148 49,3% 290 44,7% Supermercados 144 41,3% 133 44,2% 277 42,6% Lojas de esportes 133 38,2% 131 43,5% 264 40,7% Loja de computadores 129 37,0% 129 42,9% 258 39,7% Centro de jogos eletrônicos 117 33,5% 111 36,9% 228 35,1% Lojas de música e vídeo 103 29,6% 123 40,9% 226 34,8% Lan houses 108 30,9% 21,3% 172 26,5% Total 349 100,0% 301 100,0% 650 100,0% 64 Foi perguntado o que as crianças comprariam se tivessem dinheiro (tabela 10). Os itens mais escolhidos foram roupas e sapatos (61,3%), telefone celular (58,2%) e computador (54,9%). As maiores diferenças percentuais entre escolas privadas e 33 públicas foram para brinquedos (23%), jogos eletrônicos (20,1%) e videogames (17,3%). Tabela 10: Se você tivesse dinheiro qual(is) dos produtos abaixo compraria Escola Pública Privada Total Dif. Roupas e sapatos 202 57,9% 198 65,3% 400 61,3% 7,5% Telefone Celular 191 54,9% 188 62,0% 379 58,2% 7,2% Computador 173 49,6% 185 61,1% 358 54,9% 11,5% TV de plasma 157 45,1% 169 55,8% 326 50,1% 10,7% Carro 157 45,0% 151 49,8% 308 47,2% 4,8% Videogames 133 38,1% 168 55,4% 301 46,2% 17,3% Comida 143 41,0% 158 52,1% 301 46,2% 11,2% Jogos eletrônicos 128 36,7% 172 56,8% 300 46,0% 20,1% Filmes 131 37,5% 162 53,5% 293 44,9% 15,9% Bicicleta 124 35,5% 144 47,5% 268 41,1% 12,0% Livros 124 35,5% 143 47,2% 267 41,0% 11,7% 97 27,8% 154 50,8% 251 38,5% 23,0% 101 28,9% 127 41,9% 228 35,0% 13,0% 22 6,3% 34 11,2% 56 8,6% 4,9% 303 100,0% 651 100,0% 0,0% Brinquedos Skate Jornais Total 348 100,0% Sobre as influências nas decisões de compras (tabela 11) as análises dos dados mostraram que 64,4% dos respondentes afirmaram gostar de fazer compras com os pais. Tabela 11. Eu gosto de ir fazer compras com meus pais. 34 Escola Pública Total Privada Concordo 216 66,9% 184 61,7% 400 64,4% Tanto faz 69 21,4% 70 23,5% 139 22,4% Discordo 38 11,8% 44 14,8% 82 13,2% Total 323 100,0% 298 100,0% 621 100,0% Sobre as influências nas decisões de compras da família (tabela 12) 40,4% afirmaram não tomar decisões sobre compras de família toda e 29,1% afirmaram fazê-lo. Tabela 12. Eu tomo decisões de compra em itens para a família toda. Escola Pública Privada Total Discordo 133 40,7% 119 40,2% 252 40,4% Tanto faz 96 29,4% 94 31,8% 190 30,5% Concordo 98 30,0% 83 28,0% 181 29,1% 296 100,0% 623 100,0% Total 327 100,0% Com o objetivo de saber o que as crianças levam em consideração na hora de escolher entre os produtos, foi perguntado o motivo da escolha dos produtos. A grande maioria escolhe pelo preço (69,6%) e marca (54,5%). O vendedor foi mais citado pelas crianças da escola pública (16,1%) do que da escola privada (12%). Tabela 13. Quais itens abaixo são mais importantes quando você vai comprar um produto? Escola Pública Privada Total O preço 234 67,4% 216 72,0% 450 69,6% A marca 184 53,0% 168 56,0% 352 54,4% Já conhecer o produto 124 35,7% 127 42,3% 251 38,8% Sua escolha e preferência 110 31,8% 130 43,3% 240 37,2% 35 Escola Pública A loja O vendedor Total Total Privada 101 29,1% 94 31,3% 195 30,1% 56 16,1% 36 12,0% 92 14,2% 300 100,0% 647 100,0% 347 100,0% Nota-se que as crianças estão desenvolvendo suas próprias estratégias de compra, apesar de ainda levarem em grande consideração a opinião dos pais. Dos respondentes, 64,4% costumam escolhem o que querem comprar porque acham mais bonito, 38,6% por indicação dos pais, 32,2% porque é mais barato, 28,4% porque viram na TV. Tabela 14. Você costuma escolher as coisas que quer comprar... Escola Pública Total Privada Porque acha bonito 217 62,2% 202 66,9% 419 64,4% Por indicação dos pais 120 34,4% 131 43,4% 251 38,6% Porque é mais barato 104 29,9% 105 34,8% 209 32,2% Porque viu na TV 82 23,5% 103 34,1% 185 28,4% Por indicação dos amigos 60 17,2% 82 27,2% 142 21,8% Porque é mais caro 32 9,2% 35 11,6% 67 10,3% Total 348 100,0% 302 100,0% 650 100,0% De acordo com Keller (1993, apud MOWEN e MINOR, 2003), o conhecimento da marca por parte do consumidor pode ser definido como o conhecimento formado por um nó de memória relativo a uma marca, ao qual uma série de associações está conectada. A marca é uma entidade psicológica na mente das pessoas. Roper e Shah (2007) afirmam que elas podem ser a causa da divisão social entre as crianças resultando na formação de grupos. Aqueles que não detêm as marcas certas podem ser 36 discriminados e sofrer impactos sociais, como serem diminuídos, intimidados, ter baixa auto-estima e de ser socialmente excluídos. Das crianças pesquisadas, 35,2% discordaram que ―ser popular e importante‖ e para 37,1% tanto faz ser popular ou não. Além disso, 64,3% das crianças afirmam não ser importante parecer com os amigos e 61,8% discordam quando perguntamos se eles se sentiram incomodados com o fato de os amigos terem algo que eles não têm. Não houve diferenças significativas na porcentagem das respostas entre as classes. Mailer (apud ROPER e SHAH, 2007), encontrou em suas pesquisas que estudantes de escola pública eram mais obcecados por marcas que os de escola privada, sugerindo que nomes de marcas eram mais desejáveis para grupos de poder aquisitivo mais baixos. Isso confirma a proposta de Elliot e Leonard (apud ROPER e SHAH, 2007) que dizia que marcas eram usadas como um disfarce da pobreza, como poderia ser dito que crianças de escola publica eram mais interessadas em mostrar sua competência econômica ou esconder a falta dela, mais que as crianças mais ricas, que não precisavam fazer isso. A presente pesquisa também confirmou os achados de Mailer, Elliot e Leonard (apud ROPER e SHAH, 2007) quanto às crianças de escola publica terem mais necessidade de mostrar que usam marcas. Quando perguntado o que eles achavam da afirmação sobre de usar roupas com o nome da marca aparecendo, 40,4% das crianças de escola pública concordaram com a afirmação, contra 30,3% de escola privada. Do total, 35,6% das crianças concordaram com a afirmação (tabela 14). Tabela 15. Eu gosto de usar roupas com o nome da marca aparecendo Escola Pública Total Privada Concordo 130 40,4% 89 30,3% 219 35,6% Discordo 107 33,2% 94 32,0% 201 32,6% Tanto faz 85 26,4% 111 37,8% 196 31,8% Total 322 100,0% 294 100,0% 616 100,0% 37 Quanto à afirmação sobre prestar atenção em nomes de marcas de roupas na hora de fazer compras, novamente um maior percentual de crianças de escola pública concordou com a afirmação. Foram 60,8% dos alunos de escola publica e 52,2% dos alunos de escola privada. Do total de respostas, 56,8%% das crianças concordaram com a afirmação (Tabela 16). Entretanto, 42,2% dos respondentes discordaram da afirmação de que ter roupas de marca é importante sendo a discordância maior entre alunos da escola pública (46,6%) (Tabela 17). Tabela 16. Eu presto atenção em nomes de marcas de roupas quando eu faço compras. Escola Pública Total Privada Concordo 200 60,8% 153 52,2% 353 56,8% Tanto faz 73 22,2% 74 25,3% 147 23,6% Discordo 56 17,0% 66 22,5% 122 19,6% Total 329 100,0% 293 100,0% 622 100,0% Tabela 17. Eu penso que ter roupas de marca é importante. Escola Pública Total Privada Discordo 151 46,3% 110 37,7% 261 42,2% Tanto faz 96 29,4% 93 31,8% 189 30,6% Concordo 79 24,2% 89 30,5% 168 27,2% Total 326 100,0% 292 100,0% 618 100,0% Na presente pesquisa, observou-se que 25,4% das crianças entrevistadas tentam lembrar-se do diálogo ou da música após assistirem/lerem às suas propagandas favoritas. Além disso, 29,7% delas se sentem empolgadas e 38,4% se sentem muito satisfeitas ao assistirem/lerem suas propagandas favoritas. 38 Tabela 18. Como você se sente quando está assistindo/lendo à(s) sua(s) propaganda(s) favorita(s)? Escola pública Escola privada Total muito satisfeito 41,1% 35,2% 38,4% como se fosse dono do produto 12,4% 16,1% 14,1% Empolgado 26,9% 32,9% 29,7% Tento me lembrar da música ou do diálogo da propaganda 24,4% 26,5% 25,4% não sinto nada 37,4% 35,9% 36,7% Total 100,0% 100,0% 100,0% 4.2.3 Tomada de decisão em família Mowen e Minor (2003) afirmam que os filhos sem dúvida fazem a diferença nas decisões familiares. Eles têm o potencial de formar alianças com o marido ou com a esposa para produzir uma decisão ―majoritária‖. Como podemos perceber no quadro a seguir, 64,4% das crianças respondentes gostam de ir fazer compras com os pais. Vale ressaltar que o número de crianças que gosta de ir fazer compras com os pais decresce de acordo com o aumento da idade, ou seja, na mais tenra idade as crianças gostam mais de ajudar na tomada de decisão familiar. Tabela 19. "Eu gosto de ir fazer compras com meus pais." Idade 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos 11 anos 12 anos Total concordo 70,0% 78,9% 81,2% 71,8% 67,5% 59,2% 47,9% 64,4% tanto faz 10,0% 10,5% 18,8% 19,7% 17,1% 28,0% 29,9% 22,4% discordo 20,0% 10,5% 0,0% 8,5% 15,4% 12,8% 22,2% 13,2% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% Total A tomada de decisão tem três estágios: a procura, a negociação e a decisão final. Até pouco tempo acreditava-se que as crianças tinham influência nas duas primeiras etapas, e não necessariamente na decisão final. Porém estudos recentes mostraram 39 que os elas têm influência significativa no terceiro estágio. Com isso passa-se a encarar a interferência das crianças nas decisões de forma diferente. Nesses estudos foi constatado que influência dos filhos no processo decisório de compra doméstica aumenta à medida que a criança cresce. Como podemos perceber na tabela 20 abaixo, na presente pesquisa o resultado foi contrário à teoria mencionada anteriormente. À medida que as crianças crescem, elas tendem a tomar menos decisões para toda a família. Tabela 20. "Eu tomo decisões de compra em itens para a família toda." Idade Total 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos 11 anos 12 anos concordo 44,4% 44,4% 30,0% 36,8% 33,6% 23,6% 18,8% 29,1% tanto faz 0,0% 25,0% 34,3% 29,9% 29,4% 31,5% 31,9% 30,5% discordo 55,6% 30,6% 35,7% 33,3% 37,0% 44,9% 49,3% 40,4% Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% De acordo com Sousa Junior (2009), as crianças possuem necessidades e desejos de consumo que vão ser na maioria das vezes supridas pelos pais, e que podem estar dispostos a pagar mais do que se imagina. Tabela 21. "Eu falo com meus pais sobre os produtos." Idade Total 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos 11 anos 12 anos concordo 70,0% 62,2% 62,3% 73,5% 66,1% 78,7% 75,9% 71,8% tanto faz 20,0% 8,1% 23,2% 12,0% 23,5% 12,6% 13,1% 15,6% discordo 10,0% 29,7% 14,5% 14,5% 10,4% 8,7% 11,0% 12,6% Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% O poder de influência dos pais é grande, principalmente dos 6 a 12 anos, uma idade em que as crianças são muito dependentes dos mesmos, e ao mesmo tempo tem grande poder de convencimento que, durante as conversas sobre produtos, acabam 40 convencendo os pais sobre produtos que eles conhecem mais detalhadamente por estarem sempre em contato com a mídia. A seguir, agruparam-se as afirmativas do questionário por tema que receberam a denominação de fatores de influência no consumo infantil. Foram quatro os principais influenciadores analisados: os amigos, os anúncios comerciais, as marcas e os pais. O quadro 2 a seguir apresenta esses fatores e respectivas afirmativas a eles associadas. FATOR Item do Questionário ―Ser popular é importante.‖ ―Eu gosto de usar o que meus amigos estão usando.‖ AMIGOS ―Me incomoda quando meus amigos tem alguma coisa que eu não tenho.‖ ―É importante para mim parecer com meus amigos.‖ ―O que meus amigos pensam é mais importante que o que meus pais pensam.‖ ―Eu gosto de comerciais com artistas do esporte.‖ COMERCIAIS ―Comerciais de TV dizem a verdade sobre os produtos.‖ ―Assistir TV é uma importante parte da minha vida.‖ ―Eu compro as mesmas marcas que meus amigos.‖ ―Eu gosto de usar roupas com o nome da marca aparecendo.‖ MARCA ―Eu presto atenção em nomes de marcas de roupas quando eu faço compras.‖ ―Eu penso que ter roupas de marca é importante.‖ ―Meus pais me deixam comprar a marca que eu quiser.‖ ―Pessoas de sucesso usam marcas famosas.‖ ―Eu compro as mesmas marcas que meus pais.‖ ―Eu gosto de ir fazer compras com meus pais.‖ PAIS ―Eu penso que meus pais devem dar opinião nas coisas que compro.‖ ―Meus pais e eu concordamos quando se trata do que eu vou usar.‖ ―Meus pais escolhem as roupas que compram para mim.‖ Quadro 5. Fatores de influência no consumo infantil 41 A seguir calculou-se o grau de concordância das respostas das crianças para cada um dos fatores, sendo zero igual a discordância e um igual a concordância. Quanto mais próxima de um for média das respostas, indica que as crianças concordam mais com as afirmações que compuseram o fator analisado. A tabela 22 a seguir apresenta os valores máximos, mínimos e a média das respostas para todos os fatores. Tabela 22. Fatores de influência no consumo infantil: Grau de Concordância Fatores Mínimo Máximo Média Comerciais 0,33 1,00 0,74 Amigos 0,20 0,60 0,48 Pais 0,20 0,60 0,36 Marcas 0,17 0,50 0,32 Da tabela 22 acima, o fator ―comerciais‖ teve 33% de confirmação no mínimo e 100% de confirmação no máximo, obtendo a maior média (74%) entre os fatores analisados. Isso significa um grau de 74% de confirmação em média de que este fator é importante na vida das crianças. O fator ―amigos‖ teve 20% de confirmação no mínimo e 60% de confirmação no máximo, obtendo a segunda maior média (48%) entre os fatores analisados. Isso significa um grau de 48% de confirmação em média de que este fator é importante influência para as crianças quando o assunto é consumo. O fator ―pais‖ teve 20% de confirmação no mínimo e 60% de confirmação no máximo, obtendo a terceira maior média (36%) entre os fatores analisados. Isso significa um grau de 36% de confirmação em média de que este fator é importante para as crianças quando o assunto é consumo, atrás, portanto, da influência dos amigos. O fator ―marcas‖ teve 17% de confirmação no mínimo e 50% de confirmação no máximo, obtendo a quarta maior média (32%) entre os fatores analisados. Isso significa um grau de 32% de confirmação em média de que este fator é o menos importante para as crianças quando o assunto é consumo. 42 A seguir foi realizada uma análise por idade, para identificar se há variação de influência desses fatores de acordo com a faixa etária da criança (Tabela 23). Tabela 23. Fatores de influência no consumo infantil: Grau de Concordância por idade 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos 11 anos 12 anos Diferença 6-12 anos Comerciais 0,54 0,76 0,69 0,74 0,75 0,75 0,73 0,19 Amigos 0,37 0,44 0,47 0,49 0,48 0,49 0,48 0,11 Pais 0,33 0,32 0,31 0,33 0,36 0,39 0,39 0,06 Marcas 0,26 0,33 0,32 0,34 0,32 0,32 0,32 0,06 Da análise dos dados da tabela 23 acima, percebe-se que não há variação significativa no grau de concordância quanto aos fatores analisados como mudança de faixa etária da criança. A única diferença mais significativa foi no fator ―comerciais‖ e para crianças de 6 anos em que o grau de concordância (54%) ficou bem abaixo da faixa dos 7 anos (76%). O Fator ―comerciais‖ foi o que apresentou a maior diferença no grau de concordância entre crianças de 12 anos e crianças de 6 anos: 19%, seguido dos ―amigos‖ com 11% (Tabela 23). Isso significa que esses dois fatores são os que sofrem mais diferença no grau de concordância com o passar da idade, aumentando sua influência nos dois casos. 43 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo da pesquisa foi explorar se há diferenças perceptíveis entre crianças pertencentes a classes sócio-econômicas diferentes e de idades diferentes e sua exposição aos apelos do marketing infantil que lhes é dirigido. Buscou-se identificar quando surge uma mudança mais acentuada de comportamento entre as crianças de mesma faixa econômica e entre as classes. Observou-se que quando se trata de estratégia para conseguirem o que querem, as crianças de escola privada utilizam de maiores táticas de persuasão e convencimento, apesar de ambas terem apresentado resultados relevantes. Procurou-se observar o grau de exposição das crianças às mídias e à propaganda de uma maneira geral e avaliar seus desejos de consumo, além de avaliar as se há diferenças de desejos de consumo entre crianças com idades e classes sócioeconômicas diferentes. Notou-se que apesar de a TV ser a fonte de informação mais útil apontada pelas crianças, seguida do shopping e da internet, elas aparentam ter bom discernimento sobre o que é verdadeiro ou falso sobre propagandas, mesmo com todo o apelo das mídias. O que confirma isso é o fato de as crianças apontarem os pais sobre que mais confiam para ajudar a escolher algum produto. Além disso, foi observado que o ceticismo quanto aos anúncios de TV cresce de acordo com a idade. Ficou constatado que há maior controle sobre as mídias pelos pais nas classes sociais mais altas. Grande parte das crianças possui seu próprio dinheiro para fazer suas compras, originado das mesadas, o que lhes dá maior liberdade e autonomia, logo, ficam mais independentes dos pais e vulneráveis aos apelos do marketing. A grande maioria leva em consideração o preço e marca na hora de escolher entre os produtos. Observou-se que 29,1% afirmam tomar decisões de compra para a família toda. Além disso, 64,4% das crianças entrevistadas gostam de ir fazer compras com os pais e que esse número decresce de acordo com o aumento da idade, ou seja, na mais tenra idade as crianças gostam mais de ajudar na tomada de decisão familiar. 44 Logo, observou-se também que à medida que a criança cresce, ela tende a tomar menos decisões de compra para toda a família. Para a maioria das crianças, o senso de pertencer não é tão importante, mas para as crianças de escola pública a necessidade de mostrar seu poder econômico através da compra de produtos de marca é nítida. Com os dados obtidos, podemos perceber o quanto as crianças estão sendo afetadas pelos apelos de marketing e tentar educar as empresas no sentido de trabalhar o marketing infantil de forma a não causar impactos tão negativos em torno da infância e do consumidor infantil. Como sugestão de pesquisas futuras, é interessante entrevistar também os pais das crianças e as empresas que trabalham com o marketing infantil, como forma de melhor entender o assunto abordado. 45 6 REFERÊNCIAS KARSAKLIAN, Eliane. Comportamento do consumidor. 2º edição. São Paulo: Atlas, 2004. LIMEIRA, Tânia Maria Vidigal. Comportamento do consumidor brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 2003. 5ª edição. MOWEN, John C., MINOR, Michael S. Comportamento do consumidor. 1º edição. Tradução Vera Jordan. Ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003. ROBBINS, Stephen P. Fundamentos do Comportamento Organizacional. 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