Free Tour desvenda a pé o centro da cidade

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C10 Cidades/Metrópole
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O ESTADO DE S. PAULO
SEXTA-FEIRA, 4 DE JANEIRO DE 2013
ANDRE LESSA/ESTADÃO-21/12/2012
Free Tour
desvenda a
pé o centro
da cidade
Comum no exterior, passeio tem como foco
os estrangeiros de passagem pela capital
Juliana Deodoro
Sob sol de 34ºC, um grupo de
cincopessoas passeia pelocentro de São Paulo, parando e observando os principais prédios históricos. Não fossem o
guia falando inglês e os looks
gringos – bermuda, chinelos
com bandeiras do Brasil, bonés de turismo –, eles passariam despercebidos. Não se
trata de um tour tradicional,
mas do Free Walking Tour, feito a pé e no esquema ‘pague
quanto quiser’.
Tradicional em diversas cidades turísticas pelo mundo, o
Free Tour é novidade em São
Paulo. Nele, o centro da capital é
desvendado a pé, em uma caminhada de mais de duas horas,
que passa por pontos importantescomo Teatro Municipal, Praça da Sé, Pátio do Colégio e Largo de São Francisco, entre outros.
O passeio é liderado por um
guia profissional que explica,
em inglês, a história da região
central.O tour começa e termina na Praça da República
e o pagamento
depende do
quanto o turistaachaqueopasseio merece – e
se merece.
“Percebemos
que havia essa demanda
em São Paulo e resolvemos investir”, conta o
empresário e guia Luís Simardi.
Emuma sexta-feira de dezembro, o grupo era multicultural:
um australiano, um neozelandês, umairlandesa, uma mexicana e um chileno. Exceto a mexicana Ana Dávila, de 33 anos, que
mora no Brasil há três anos, todos estavam a passeio pela capital e queriam conhecê-la um
pouco melhor. “É a maior cidade que já estive na vida”, disse,
deslumbrado,o neozelandêsMichael Hawkins, de 29 anos.
Já Ana se impressionou com o
jardim que ocupa o terraço da
Prefeitura. “Nunca tinha visto
um jardim em cima de um prédio.Deve ser porque não há muito espaço para verde na rua.”
Além da história propriamente dita, Simardi tem de lidar com
questões culturais que surgem
no meio do caminho. Naquele
dia, não faltaram exemplos:
uma missa de formatura de alunos de Medicina acontecia em
plenaSéao meio dia. E umaárvore com frutos verdes intrigou os
turistas. “É uma goiabeira”, tentou explicar,
sem muito êxito.
Segundo o empresário,ainda está sobestudo se o tour continuará acontecendo todos os
dias,ouseafrequência será
menor, de três
dias por semana. “Estamos
analisando se é
viável e se temos público pa-
Preço justo. Turistas são acompanhados por guia que explica os marcos da cidade em inglês e podem pagar quanto quiser
POR ONDE O TOUR PASSA
●
Início e término
O tour começa e termina próximo
ao Metrô República, na Rua Dom
José de Barros.
●
Atrações
Teatro Municipal
Viaduto do Chá
Praça do Patriarca
Edifício Matarazzo – Sede da
Prefeitura de São Paulo
Largo São Francisco
ra fazer o tour diário”, explicou
Simardi.
Se em certos dias há mais de
dez pessoas, em outros ninguém aparece. Simardi acredita
que a falta de conhecimento faz
com que o número de turistas
não seja expressivo. De qualquer maneira, ele pede que os
interessados confirmem a presença por e-mail.
Praça da Sé
Solar da Marquesa de Santos,
onde fica o Museu da Cidade
Pátio do Colégio
Sede da Bolsa de Valores de São
Paulo (Bovespa)
Edifício Altino Arantes – Antiga
sede do Banespa
Largo de São Bento
Largo do Paiçandu
Galeria do Rock
Ponte Santa Ifigênia
Impressões. Quando contou
aos amigos que passaria alguns
dias em São Paulo, a irlandesa
Emma McGorman, de 25 anos,
foi desaconselhada por todos.
“Eles me perguntavam o que eu
ia fazer aqui”, disse. “Bom, o que
nãofalta écoisapara fazerelugares escondidos para descobrir.”
Háseismeses,elaviajapelaAmérica Latina e São Paulo foi sua
penúltima parada, antes do Rio e
da volta para a Austrália, onde
mora.
Exatamenteporterdadoouvidoaamigoseconhecidos,ochileno Gonzalo Pinto, de 44 anos,
não veio à capital paulista há 17
anos, em sua primeira viagem ao
Brasil. “Fui apenas nas cidades
mais turísticas, como Rio, Salvador e as do interior de Minas”,
contou. Anos depois, porém, o
chilenoestáencantadocoma capital paulista. “Arquitetonicamente,nãoéumacidadetãointeressante. Mas me impressiona
por ser uma cidade que vive. As
pessoas fazem esse lugar.” Gonzalo era o fotógrafo mais empolgado entre os cinco turistas e
nãodeixavaescaparnemummomento sequer durante o tour.
Próximo destino. Vez ou outra
as pessoas paravam para observar ou mexer com o grupo. Parados em uma lanchonete para beber água e fugir por alguns minutos do sol quente, os “gringos”
foram abordados por um motorista de ônibus: “Fazer turismo
no centro é fácil. Quero ver vocês irem ao Jardim Cocaia”.
“Quem é Cocaia?”, perguntou o
neozelandês Michael. E o motoristarespondeu:“Éofimdomundo”, disse, perdendo de imediato cinco passageiros que cogitaram por alguns segundos conhecer o bairro em Guarulhos.
Serviço
FREE WALKING TOUR: TODOS OS DIAS,
ÀS 10H30. PONTO DE ENCONTRO: RESTAURANTE APFEL (RUA DOM JOSÉ DE BARROS, 99, REPÚBLICA). CUSTO: PAGUE
QUANTO ACHA QUE VALE. MAIS INFORMAÇÕES PELO E-MAIL INFO@AROUNDSP.
COM OU PELO TELEFONE (11) 2361-6821.
O COLUNISTA
TUTTY VASQUES
ESTÁ DE FÉRIAS.
ANDRE LESSA/ESTADÃO–21/12/2012
Vida na cidade
ANGELO PASTORELLO-27/11/2012
Arte. Angelo Pastorello registrou uma bailarina, Anita Wicher, interagindo com a Oca
LIVRO DE FOTOS RESGATA
‘ALMA’ DO IBIRAPUERA
A convite de uma editora, 12 profissionais mostraram sua visão do parque
Edison Veiga
A
s curvas da arquitetura de Oscar Niemeyer, o oásis verde
no meio da selva de
pedra, as pessoas, as árvores,
as lembranças. Cada qual tem
seu jeito de expressar o carinho pelo Parque do Ibirapuera, cartão-postal paulistano, a
mais visitada área verde de
São Paulo. Doze dessas ex-
pressões, em uma coleção de belas imagens, estão no recém-lançado livro Imagens do Parque Ibirapuera (Decor Books, R$ 169).
A editora convidou 12 fotógrafosparatraduzir, emseus enquadramentos e ângulos, a alma do
parque. Como o Ibirapuera é um
desses lugares que trazem memóriasafetivasaquasetodopaulistano, a emoção de cada um se
revela nas fotos. “Foram dois
dias de ensaio, mas parecia que
eu fotografei o parque por 20
anos”, conta Marcio Scavone,
um dos participantes. “Tenho 59
anos. O Ibirapuera tem 58. Mas
eu, que sempre vivi ali na região,
tenho a impressão de que me
lembro da inauguração, da chuva de papel prata, da algazarra
danada que aconteceu na São
Paulo daquele tempo.”
Scavone ressalta que o Ibirapuera é sua primeira memória.
Mas não só sua. “Meus três fi-
MARCIO SCAVONE
História. Fotógrafo Marcio Scavone recupera a memória de quase cinco décadas do local
PARTICIPANTES
Angelo Pastorello
Beto Riginik
Camilo AC Ramos
Celina Germer
Helena Quintana
Jorge Araújo
Luiz Machado
Marcio Scavone
Martin Szmick
Natalie Jorge
Neno Ramos
lhos cresceram andando de bicicleta no parque. Por isso, minhas fotos têm a metafísica do
tempo.”
Angelo Pastorello, outro fotógrafoconvidado aintegrar o projeto, fez um mix de técnicas.
“Misturei processos, fotografei
oparquealeatoriamente,useicâmera digital e de filme. De tudo
isso, procurei tirar uma unidade
estética”, conta. Em algumas
das fotos, aparece uma bailarina,
AnitaWicher,queparece combinar, com a leveza de seus movimentos, com a sinuosidade dos
prédios concebidos por Oscar
Niemeyer, como a Oca. “Eu já tinha feito fotos dela no Ibirapuera antes. Então, quando recebi o
convite, achei que seria uma
oportunidade de desenvolver
maisessaideia”,afirmaPastorello.
Mas não ficou só nisso. Ele
também retratou um Mustang
parado no estacionamento e se
dedicou a enquadrar o Planetário. “Peguei lugares que emocionalmente são importantes para
mim”, conta. “Ma sou fotógrafo,
O NOME
DO PARQUE
Ibirapuera
ZONA SUL
✽ Uma área alagadiça até
os anos 1920, quando foi
drenada, a região ganhou
seu nome da língua tupi:
ypi-ra-ouêra, que significa
“pau podre ou árvore apodrecida”.
não tenho muito como explicar em palavras. Prefiro que a
imagem seja mais importante
doque odiscurso, quefale por
si só.” Nesse caso, vale o velho
clichê: uma imagem vale por
mil palavras.
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