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Costa Júnior, Barrelin, Nogueira, Brilhante & Martins. Comportamento Verbal em Estudo: Uma Análise
de Pronomes de Baixa Frequência Inicial
CO MPORTAMENTO VERBAL EM ESTUDO: UMA
ANÁLISE DE PRONOMES DE BAIXA FREQUÊNCIA
INICIAL
Verbal behavior Study: A Pronouns Analysis of Low Frequency Home
Estudio de la Conducta Verbal : Uma análise de pronomes de baixa frequência
inicial
Harley Martins da Costa Júnior - Universidade São Francisco
Evelyn Christina Peres Barrelin - Universidade de Sorocaba
Eliete Jussara Nogueira - Universidade de Sorocaba
Tatiana Magalhães Brilhante - Pontifícia Universidade Católica - São Paulo
Evelin Martins – Centro Universitário Salesiano - Americana
Endereço para contato
Harley Martins da Costa Júnior
email: [email protected]
Harley Martins da Costa Júnior
Mestrando em Psicologia na Área de Construção e Validação de Testes Psicométricos pela Universidade
São Francisco
Evelyn Christina Peres Barrelin
Professora Assistente II de Graduação em Psicologia. Mestre em Psicologia Experimental – Análise do
Comportamento pela Pontifícia Universidade Católica
Eliete Jussara Nogueira
Titular III - R13 na Uniso (Universidade de Sorocaba), no Programa de Pós-Graduação em Educação,
Mestrado e Doutorado, e coordena o curso de Psicologia
Tatiana Magalhães Brilhante
Doutoranda em Psicologia Experimental – Análise do Comportamento
Evelin Martins
Mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas com ênfase em Liderança
Criativa
Revista Sul Americana de Psicologia, v3, n1, Jan/Jul, 2015 86
Costa Júnior, Barrelin, Nogueira, Brilhante & Martins. Comportamento Verbal em Estudo: Uma Análise
de Pronomes de Baixa Frequência Inicial
Resumo
Com o objetivo de investigar os efeitos de se apresentar diferentes consequências sobre
o uso de pronomes na construção de frases, 22 estudantes universitários do curso de
graduação em Psicologia, maiores de 18 anos e que não haviam realizado as disciplinas
de Análise Experimental do Comportamento e Psicologia Comportamental foram
arbitrariamente distribuídos entre dois grupos, a saber, Grupo Ganha ou Mantém Pontos
ou Grupo Mantém ou Perde Pontos, que se diferenciam quanto aos procedimentos de
reforçamento positivo e negativo, respectivamente. Os pronomes individualmente
selecionados para reforçamento positivo ou negativo foram àqueles que apresentaram
menor frequência na linha de base. Como resultado desse experimento, observou-se um
aumento na frequência dos pronomes reforçados para 19 dos 22 participantes e um
efeito diferencial da contingência de reforçamento negativo, se comparado à
contingência de reforçamento positivo, pelo menos, no que se refere ao uso e/ou seleção
de pronomes de menor frequência.
Palavras-chave: efeito diferencial de contingências de reforçamento positivo e
negativo, análise do comportamento, contingências de reforçamento.
Abstract
To investigate the effects of presenting different consequences on the use of pronouns in
sentence construction, 22 participants undergraduates of Psychology, and who had not
done the Experimental Analysis of Behavior and Behavioral Psychology classes were
spread between two groups, namely, To Gain or Maintain Points Group and Maintain or
Lose Points Group, that differ on the procedure of positive and negative reinforcement,
respectively. Pronouns selected individually for positive or negative reinforcement were
those who had a lower frequency at baseline. At the results was observed an increase of
reinforced pronouns for 19 of the 22 participants, and differential effect on negative
reinforcement contingency, compared to positive reinforcement contingency as regards
the use and/or selection of lower frequency pronouns.
Keywords: differential effects of positive and negative reinforcement contingencies,
analysis of behavior, contingencies of reinforcement.
Resumen
Con el fin de investigar los efectos de la presentación de las diferentes consecuencias en
el uso de los pronombres en la construcción de oraciones, 22 estudiantes universitarios
de la licenciatura en Psicología, 18 años y que no habían hecho las disciplinas de
análisis experimental de la conducta y Psicología de la Conducta fueron distribuidos
arbitrariamente entre dos grupos, a saber, el Grupo Mantiene o Gane puntos y o Grupo
Mantiene o Pierde puntos, que difieren en cuanto a los procedimientos de refuerzo
positivo y negativo, respectivamente. Los pronombres seleccionados individualmente
para el refuerzo positivo o negativo eran los que tenían una frecuencia más baja al inicio
del estudio. Como resultado de este experimento, se produjo un aumento en la
frecuencia de los pronombres reforzados a 19 de los 22 participantes y un efecto
diferencial de la contingencia refuerzo negativo en comparación a la contingencia de
refuerzo positivo, al menos en lo que respecta al uso y / o Selección de los pronombres
de frecuencias más bajas.
Palavras-clabe: efecto diferencial de las contingencias de refuerzo positivo y negativo,
el análisis de la conducta, las contingencias de reforzamiento.
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Costa Júnior, Barrelin, Nogueira, Brilhante & Martins. Comportamento Verbal em Estudo: Uma Análise
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Introdução
O comportamento verbal é um dos operantes mais importantes do ser humano e,
provavelmente, àquele que ele executa com maior frequência em seu cotidiano (Hubner,
2001; Matos & Tomanari, 2002; Skinner, 1978). Trata-se de um operante singular em
suas características, por ser selecionado e mantido pela mediação de um ouvinte,
especialmente preparado para reagir como tal (Skinner, 1978). Segundo Barros (2003)
outro aspecto do comportamento verbal que o distingue dos demais operantes se refere à
impossibilidade de defini-lo com precisão por sua topografia. Diferente de outros
comportamentos não verbais, o comportamento verbal não exige que certas topografias
ou formatos de respostas sejam executadas e/ou que estejam presentes certos aspectos
do ambiente físico para sua execução. (Matos, 1991; e Barros, 2003). Como exemplo,
Matos (1991) expõe o comportamento de chutar uma bola, caracterizado pela existência
de uma topografia específica do responder, a saber, o deslocamento no espaço e a
execução de certas posturas corporais, bem como a presença de um contexto específico
(bola). No caso do comportamento verbal, uma análise funcional deve ser feita, uma vez
que sua topografia pode variar e ainda assim manter a mesma função.
Ao definir as características desse operante, Skinner (1978) abre a possibilidade
de que pesquisas sejam realizadas. De especial interesse para este trabalho, encontramse as pesquisas voltadas para a sensibilidade do comportamento verbal às suas
consequências (Greenspoon, 1955; Matos, Cirino, Passos, Damiani & Frochtengarten,
1995; Matos & Tomanari, 2002; Tomanari, Carvalho, Góes, Lira & Viana, 2007;
Hamasaki & Tomanari, 2009).
Nesse contexto, o estudo de Greenspoon (1955) buscou avaliar os efeitos de
consequências sociais/verbais (aprovação) sobre a utilização de palavras no plural ou
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singular em relação a 75 estudantes do curso de graduação em Psicologia. Estes foram
distribuídos aleatoriamente entre cinco grupos, a saber, Grupo Controle, no qual
nenhuma consequência diferencial foi programada para a menção de palavras no
singular ou plural, Grupo I e II, que se diferenciavam quanto as consequências “hã-hã” e
“mmm-hmm” apresentadas pelo experimentador logo após a emissão palavras no plural
e, finalmente, Grupo III e IV nos quais as consequências “mmm-hum” e “hã-hã” eram
contingentes a emissão de palavras no singular. De maneira geral, os resultados desse
estudo demonstram a suscetibilidade do comportamento verbal as suas consequências.
Especificamente, tem-se um aumento na frequência de respostas no singular em função
da apresentação da consequência “mmm-hmm” e um aumento na frequência de
utilização de respostas no plural contingente a apresentação da consequência “mmmhmm” e decréscimo dado a apresentação da expressão “hã-hã”. Os resultados ainda
sugerem uma possível interferência do tipo de resposta programada para reforçamento –
se singular ou plural – sobre a efetividade do reforço.
Outros exemplos de pesquisas ou ainda de práticas de laboratório que se
propuseram a estudar a suscetibilidade do comportamento verbal às consequências
foram os de Matos, Cirino, Passos, Damiani e Frochtengarten (1995); Tomanari, Matos,
Pavão e Benassi (1999); Matos e Tomanari (2002) e Tomanari e colaboradores (2007).
No estudo de Matos e colaboradores (1995), alunos do primeiro ano da
graduação do curso de Psicologia de uma instituição pública do interior do Estado de
São Paulo participaram de uma pesquisa que teve como objetivo avaliar possíveis
mudanças no comportamento verbal a partir da aplicação de consequências diferenciais.
Para tanto, estes mesmos alunos compuseram trios nos quais dois deles exerciam a
função de aplicadores/experimentadores e um deles de participante/sujeito. Cento e
vinte verbos no infinitivo foram impressos em cartões e, individualmente, apresentados
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pelos experimentadores a cada um dos participantes que, por sua vez, deveriam
formular frases sob controle: (a) do verbo em operação; e (b) de uma lista contendo seis
pronomes (‘Eu’, ‘Tu’, ‘Ele’, ‘Nós’, ‘Vós’ e ‘Eles’), dos quais apenas um deveria ser
selecionado. Nas vinte primeiras tentativas, as frases formuladas pelos participantes não
receberam nenhuma consequência diferencial (Linha de Base). A partir da vigésima
primeira tentativa (Fase Experimental), consequências diferenciais como, por exemplo,
“Certo!”, “Ok!” e “Ótimo!” eram fornecidas pelo experimentador toda vez que o
pronome previamente definido fosse utilizado pelo participante na formulação de uma
frase. Entre outros, os resultados da pesquisa de Matos e colaboradores (1995) sugerem:
(a) baixa frequência de uso dos pronomes de segunda pessoa (‘Tu’ e ‘Vós’) e alta
frequência de pronomes em sua forma singular (‘Eu’ e ‘Ele’) na fase de Linha de Base;
(b) aumento na frequência de utilização do pronome submetido ao reforçamento
diferencial na Fase Experimental, tomando-se à média do grupo na Linha de Base; e (c)
manutenção ou desuso dos pronomes não reforçados diferencialmente na Fase
Experimental se comparado a Linha de Base. Segundo Tomanari e colaboradores
(2007), a pesquisa em questão se refere a uma prática de laboratório que gerou dados
originais.
Matos e Tomonari (2002) ainda propuseram a readaptação do experimento de
Matos, Cirino, Passos, Damiani e Frochtengarten (1995) no contexto do ensino de
Análise Experimental do Comportamento para os cursos de graduação em Psicologia.
Especificamente, sugerem a realização de um experimento sobre o comportamento
verbal, no qual consequências diferenciais (‘Ótimo!’; ‘Muito bem!’; ‘Muito bom!’)
poderiam alterar a frequência de utilização dos pronomes “Eu” ou “Nós” quando
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contingentes a emissão dos mesmos. Trata-se de uma proposta de ensino1 que
possibilitou: (a) o estudo sobre as características do comportamento verbal entre alunos
de graduação em Psicologia; (b) a construção de um programa de computador chamado
“Verbal 1.51” (utilizado na pesquisa de Tomanari, Matos, Pavão & Benassi, 1999); e (c)
a base para que outras pesquisas sobre este mesmo tema fossem realizadas.
Com as devidas alterações, Tomanari e colaboradores (2007) deram
continuidade aos trabalhos de Matos e colaboradores (1995), Tomanari e colaboradores
(1999) e Matos e Tomanari (2002) a partir da investigação do efeito de duas diferentes
contingências de reforçamento (reforçamento positivo e negativo) aplicadas ao
comportamento verbal. Nessa pesquisa, 53 estudantes de graduação em de Psicologia de
uma universidade particular de Salvador (BA) e para os quais parte de suas atividades
didáticas no laboratório de Análise Experimental do Comportamento, novamente
tinham como tarefa a construção de frases e, como consequência, o ganho/manutenção
ou a perda/manutenção de pontos a depender do pronome previamente selecionado e do
grupo experimental do qual fizessem parte. Especificamente, estes participantes foram
distribuídos, aleatoriamente, entre dois grupos (Grupo Reforçamento Positivo e Grupo
Reforçamento Negativo) nos quais vigoravam dois outros subgrupos em função do
pronome – “Ele” ou “Nós” – a passarem por consequência diferencial. Em ambos os
pares de contingências, as primeiras doze frases faziam parte da Linha de Base. A partir
da 13° terceira frase, o participante poderia ganhar ou perder 10 pontos a depender do
grupo experimental. Dentre os resultados obtidos observaram: (a) a utilização dos
pronomes que posteriormente seriam reforçados cerca de duas vezes por participante
durante a Linha de Base; (b) um aumento sistemático e gradual até o fim da 24° frase
1
Esse relato se refere à prática intitulada “Podemos mudar o modo como uma pessoa fala?”
presente no livro “A Análise do Comportamento no Laboratório Didático”, de Matos e Tomanari (2002).
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tanto para o grupo reforçamento positivo, quanto para o grupo reforçamento negativo; e
(c) comparativamente, a partir da 25° frase da linha experimental, a consequência
reforçadora negativa se mostrou claramente mais eficaz, com um aumento no uso do
pronome selecionado.
De maneira geral, as pesquisas em questão expõem: (a) a possibilidade de que o
comportamento verbal e suas variáveis de controle sejam especificadas (Matos et. al.,
1995; Matos & Tomanari, 2002; Tomanari e colaboradores, 2007); (b) o aparente
impacto diferencial das contingências de reforçamento programadas sobre o
comportamento verbal (Tomanari e colaboradores, 2007); (c) o desenvolvimento de
tecnologias como, por exemplo, o aplicativo de computador Verbal 1.6, (Tomanari e
colaboradores, 2007) e de metodologias que tornem possível esse estudo (pares de
contingências, ver Tomanari e colaboradores, 2007); e (d) a expansão de uma linha de
pesquisa que se proponha a isso. É neste campo que a presente pesquisa se insere. Tratase de uma extensão dos estudos de Matos e colaboradores, (1995), Matos e Tomanari
(2002) e Tomanari e colaboradores, (2007) que tem como objetivo avaliar o impacto de
duas diferentes contingências de reforçamento, a saber, positiva (apresentação de
pontos) e negativa (manutenção de pontos), sobre a seleção e utilização de pronomes na
construção de frases, de estudantes universitários de uma universidade privada, presente
no interior do estado de São Paulo.
Diferentemente de Matos e colaboradores (1995), Matos e Tomanari (2002) e
Tomanari e colaboradores (2007) os pronomes a serem submetidos às contingências de
reforçamento
anteriormente
especificadas
não
serão
pré-determinados
pelo
experimentador, mas selecionados a partir de sua baixa frequência de utilização na
condição de Linha de Base, considerando-se para isso o desempenho individual dos
participantes. Esta alteração em relação ao estudo de Matos e colaboradores (1995),
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Matos e Tomanari (2002) e Tomanari e colaboradores (2007) tem como objetivo
minimizar possíveis influências referentes a história passada/hábitos linguísticos e,
consequentemente, evidenciar e comparar o impacto das contingências de reforçamento
programadas, conforme proposto por Tomanari e colaboradores (2007).
Método
Participantes
Participaram desta pesquisa 22 estudantes universitários, de ambos os sexos
(especificamente, 20 mulheres e 2 homens2), maiores de 18 anos, matriculados no curso
de Psicologia de uma universidade particular do interior do estado de São Paulo e, que
na ocasião, não haviam realizado as disciplinas de Análise Experimental do
Comportamento (AEC) e Psicologia Comportamental. Os participantes em questão
foram distribuídos entre duas contingências, Reforçamento Positivo e Reforçamento
Negativo, segundo a utilização de um critério arbitrário. Basicamente, os primeiros 11
estudantes que aceitaram participar desse estudo foram alocados no Grupo Ganha ou
Mantém Pontos (contingência de reforçamento de positivo) e os demais no Grupo Perde
ou Mantém (contingência de reforçamento negativo).
Local e materiais
A coleta de dados foi realizada em um único dia em sala de aula com iluminação
e acomodações pertinentes. Os materiais utilizados correspondem ao estudo de Matos e
Tomanari (2002): (a) um cartão, tamanho A4, no qual os seis pronomes do caso reto se
2
No presente estudo, a variável gênero não foi alvo de investigação e, por isso, não buscou-se
realizar uma distribuição equitativa entre os mesmos.
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encontravam dispostos aleatoriamente; (b) 80 cartões numerados de 1 a 80 na parte
superior direita, nos quais se encontrava um único verbo, da primeira ou da segunda
conjugação, concretos ou abstratos e que se referiam a situações do dia a dia; (c) folha
de registro na qual todos os verbos estavam numerados de 1 a 80; (d) folha de registro
na qual a frequência de utilização dos pronomes encontrava-se distribuída entre as fases
do experimento; (e) 60 Tickets; (f) duas vias do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido; (g) lápis preto; (h) borracha; e (i) dois copos plásticos.
Procedimentos
1. A tarefa experimental
Estudantes universitários foram convidados a participar de uma atividade de
construção de frases. Para tanto, a sua frente encontrava-se uma lista contendo seis
pronomes e um único verbo no infinitivo, a cada tentativa. As frases deveriam ser
formuladas sob controle desses estímulos. Além disso, um copo plástico foi posicionado
a frente de cada um dos participantes; neste, pontos poderiam ser acrescidos
(contingência de reforçamento positivo) ou mantidos (contingência de reforçamento
negativo) a depender da utilização do pronome de menor frequência na Linha de Base.
A cada tentativa 10 pontos poderiam ser acrescidos ou retirados, num total de 600
pontos.
Sequencialmente, 80 verbos no infinitivo (20 referentes à Linha de Base e 60
referentes à Fase Experimental) foram individualmente apresentados. Verbos estes
originalmente propostos por Matos e colaboradores (1995) e Matos e Tomanari (2002).
Um intervalo de aproximadamente 3 segundos ocorreu entre cada uma das tentativas, ou
seja, entre o término de uma frase, registro do pronome utilizado pelo participante e a
subsequente apresentação de outro verbo pelo experimentador. O experimento foi
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iniciado com o verbo #1 e encerrado com o verbo #80, estando estes impressos em
cartões com o verso em branco visível ao participante no início de cada tentativa.
2. As instruções individualmente oferecidas pelo experimentador aos participantes
Individualmente, os alunos foram convidados a participar da pesquisa e, em caso
de aceite, a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Antes de chamar o
participante para dar início ao experimento, o pesquisador conferiu se a sala estava
arrumada e os materiais necessários à coleta presentes. Após o participante sentar-se a
frente do experimentador, deu-se início a leitura da instrução originalmente proposta por
Matos e Tomanari (2002):
“O propósito deste experimento é verificar como as pessoas
constroem frases e ele não envolve a avaliação de inteligência
ou de personalidade. Vou mostrar a você cartões contendo, cada
um, um verbo no infinitivo. Diga em voz alta uma frase que
comece com um dos pronomes deste cartão (nesse momento,
deve-se apresentar ao sujeito o cartão com os pronomes e deixálo diante dele durante todo o experimento) e que utilize o verbo
em questão. Você pode utilizar o verbo em qualquer tempo. Não
importa que a frase seja longa ou curta, verdadeira ou falsa,
simples ou complexa. A princípio, você pode achar a tarefa
difícil, mas logo ela parecerá mais fácil, portanto, não desanime.
Você entendeu?”. (p. 229)
Além disso, o seguinte trecho foi acrescido à instrução: “Durante sua tarefa,
pontos serão oferecidos a partir de um determinado momento. Quanto mais pontos você
obtiver (no caso do grupo ganha), melhor”. No caso do Grupo Reforçamento Negativo,
foi dito: “Quanto mais pontos você mantiver, melhor”.
Frente a maiores esclarecimentos, o experimentador limitava-se a ler novamente
as instruções sem fazer quaisquer comentários. Após a afirmativa de entendimento,
dava-se início ao experimento. Se durante a realização do experimento, o participante
fizesse perguntas ou construísse frases sem a menção do pronome, ou ainda, do verbo
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em operação, o experimentador dizia: “Lembre-se de que você deve construir uma frase
que comece com um dos pronomes deste cartão (aponta o cartão com pronomes) e que
utilize o verbo em questão. Você pode usar o verbo em qualquer tempo. Não importa
que a frase seja longa ou curta, verdadeira ou falsa, simples ou complexa”. (Matos &
Tomanari, 2002, p. 229).
3. Registro
Cada pronome mencionado pelo participante era registrado pelo experimentador
em uma de duas tabelas possíveis, a saber, Linha de Base e Fase Experimental. Caso o
participante se corrigisse quanto à construção de sua frase, o experimentador deveria
anotar a última resposta dada. Do mesmo modo, a emissão de uma frase com um
pronome e em seguida com outro resultava na notação do segundo pronome.
4. Linha de Base
Nesta fase, apresentou-se, individual e sequencialmente, os 20 primeiros verbos.
A cada frase, o experimentador registrava a frequência do pronome escolhido na folha
de registro com um risco vertical e escrevia o pronome escolhido pelo sujeito em outra
tabela, conforme o verbo em operação. Consequências diferenciais não foram
apresentadas neste momento.
5.
Reforçamento Diferencial
5.1 Grupo Ganha ou Mantém Pontos (Contingência de Reforçamento Positivo)
A partir do vigésimo primeiro verbo (verbo andar, conforme Matos & Tomanari,
2002) o experimentador passou a reforçar positivamente a utilização do pronome com
menor frequência entre os empregados na fase de Linha de Base com um ticket no valor
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de 10 pontos sempre que o participante construísse frases que empregassem o mesmo. A
utilização dos demais pronomes não resultava na apresentação dos tickets. A cada
menção do pronome menos utilizado na Linha de Base, um ticket era colocado num
copo plástico presente na frente do participante.
5.2 Grupo Perde ou Mantém Pontos (Contingência de Reforçamento Negativo)
A partir do verbo andar (vigésimo primeiro verbo) o experimentador passou a
reforçar negativamente a utilização do pronome com menor frequência entre os
empregados na fase de Linha de Base. A utilização dos demais pronomes resultava na
retirada de um ticket por vez no valor de 10 pontos, de um total de 60 tickets ou 600
pontos que se encontravam em um copo plástico a frente do participante, enquanto a
menção do pronome de menor frequência na linha de base resultava na manutenção dos
pontos existentes.
Resultados e Discussão
Conforme exposto, o presente trabalho teve como objetivo realizar um
levantamento dos pronomes menos frequentemente selecionados entre os participantes
na Fase de Linha de Base para então comparar os efeitos de duas contingências de
reforçamento (positivo e negativo) possíveis sobre a resposta de utilização desses
mesmos pronomes na Fase Experimental. Para tanto, os participantes foram
arbitrariamente distribuídos entre duas distintas contingências de reforçamento, a saber,
Positivo (Grupo Ganha ou Mantém Pontos) e Negativo (Grupo Perde ou Mantém
Pontos) e os pronomes menos frequentemente selecionados foram submetidos às
contingências de reforçamento anteriormente especificadas. Para fins de análise, os
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dados referentes às duas contingências em questão serão apresentados em termos de
frequência média. Segue abaixo a descrição e discussão dos resultados obtidos.
Todos
os
pronomes
foram
mencionados
na
Fase
de
Linha
Base.
Hierarquicamente, “Eu” (6,64) e “Ele” (4,32) foram os pronomes mais frequentemente
emitidos entre os participantes durante as vinte primeiras tentativas desse experimento,
seguidos pelos pronomes “Nós” (3,27), “Eles” (2,77), “Vós” (1,55) e “Tu” (1,45) se
considerado o número total de emissões entre os estudantes durante a Linha de Base. Os
dados em questão encontram respaldo na pesquisa de Matos e colaboradores (1995) na
qual também se identificou como mais e menos frequentes, respectivamente, os
pronomes da primeira pessoa do singular (‘Eu’) e da segunda pessoa (‘Vós’/’Tu’) do
singular e plural. Especificamente, observa-se que os pronomes “Vós” e “Tu”
apareceram nenhuma, uma ou, no máximo e raramente, duas vezes. Segundo Matos e
colaboradores (1995) esses resultados sugerem a relevância “da história passada/hábitos
linguísticos” (p. 461) na determinação do comportamento verbal. Em outras palavras, se
reconhece aqui que a seleção ou emprego dos pronomes em estudo encontram-se
suscetível às práticas culturais características de uma determinada região (Tomanari e
colaboradores, 2007).
Com o intuito de minimizar a possibilidade de que pronomes com uma alta
frequência de utilização durante a Linha de Base fossem submetidos ao procedimento
de reforçamento na Fase Experimental e, portanto, de minimizar a influência da variável
“história passada/hábitos linguísticos” (Matos & colaboradores, 1995, p. 461) na
determinação do comportamento verbal, selecionou-se um único pronome, desde que
este apresentasse a menor frequência de utilização se comparado aos demais. Como
resultado, cinco dos seis pronomes foram selecionados para a Fase Experimental
considerando-se o número total de participantes: “Ele” (N=1), “Nós” (N=1), “Eles”
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(N=3), “Vós” (N= 5) e “Tu” (N=10). Novamente, os resultados obtidos sugerem que os
pronomes “Vós” e “Tu” foram os menos frequentemente selecionados entre os
participantes na Linha Base e, portanto, foram selecionados para passar pela condição
de reforçamento diferencial, o que corrobora com Matos e colaboradores (1995).
Ressalta-se aqui que esta seleção foi feita com base nos seguintes critérios: (a) pronome
menos frequente ou não mencionado entre as seis possibilidades existentes; e (b) em
caso de empate, na escolha “arbitrária/aleatória” do pronome pelo experimentador.
Com o objetivo de comparar o efeito das contingências de reforçamento positivo
e negativo, a frequência média geral dos pronomes de baixa frequência inicial foi
apresentada em blocos de vinte tentativas (Bloco 1 – ou Linha de Base – Bloco 2, Bloco
3 e Bloco 4 – ou Fase Experimental) conforme sugerido por Matos e Tomanari (2002).
Figura 1. Frequência média geral dos pronomes de baixa probabilidade selecionados na fase de Linha de
Base, por blocos de 20 tentativas, e submetidos as contingência de reforçamento positivo ou negativo.
Os dados da Figura 1 revelam que, independente do pronome selecionado na
Fase de Linha de Base (Bloco 1), um aumento gradual e sistemático pode ser observado
nos blocos que se seguem (Blocos 2, 3 e 4 – Fase Experimental), independente da
contingência de reforçamento em operação. Além disso, os dados sugerem um maior
aumento da frequência média dos pronomes que passaram pelo procedimento de
reforçamento negativo, se comparado a contingência de reforçamento positivo,
especialmente nos Blocos 2 e 3, com uma aproximação entre as médias no Bloco 4.
Esse resultado parece encontrar respaldo no estudo de Tomanari e colaboradores (2007),
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no qual “o processo de reforçamento negativo foi acompanhado de um fortalecimento
mais acentuado na escolha do pronome selecionado do que o processo de reforçamento
positivo” (p. 212). Embora o presente estudo apresente diferenças importantes em
relação à Tomanari e colaboradores (2007), a avaliação do impacto de duas diferentes
contingências de reforçamento sobre a seleção de pronomes na construção de frases
pode ser tomada como um denominador comum.
Uma análise da frequência geral média de tentativas até que o controle pela
contingência de reforçamento fosse estabelecido sobre o pronome de menor frequência
na Linha de Base também foi realizada. Para esta análise, considerou-se os resultados de
19,
de
um
total
de
22
participantes,
uma
vez
que
controle
pelas
consequências/contingências programadas experimentalmente não foi observado em
relação ao desempenho de 3 estudantes/participantes (os dados em questão serão
discutidos após a comparação entre as contingências de reforçamento). Além disso,
considerou-se “controle pela consequência/contingência de reforçamento”, a emissão
ininterrupta do pronome de baixa frequência selecionado na fase de Linha de Base até
que octogésima tentativa fosse apresentada. Esta análise nos permitiu identificar que,
em média, 26 tentativas foram necessárias até que o controle pela contingência de
reforçamento negativo fosse estabelecido, em comparação com 32,88 tentativas na
contingência de reforçamento positivo; e que uma vez estabelecido esse controle,
nenhuma alteração ou escolha de outro pronome foi realizada. Os resultados em questão
parecem sugerir um efeito diferencial da contingência de reforçamento negativo, se
comparado à contingência de reforçamento positivo, pelo menos, no que se refere ao
uso e/ou seleção de pronomes de menor frequência. Este resultado parece encontrar
respaldo em Taylor (1991) e Tomanari (2007). Especificamente, Taylor (1991) levanta
a hipótese de que estímulos reforçadores negativos parecem produzir efeitos mais
evidentes do que estímulos reforçadores positivos, numa contingência operante.
Segundo Tomanari e colaboradores (2007) este resultado pode relacionar-se às
diferenças
existentes
entre
as
contingências
de
reforçamento
programadas.
Aparentemente, Tomanari e colaboradores (2007) sugerem que a contingência de
reforçamento negativo programada seria mais “discriminável” do que a de reforçamento
positivo.
(...) um sujeito que estivesse na condição de
reforçamento positivo, e não utilizasse o pronome
empregado para reforçamento, não teria qualquer
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Costa Júnior, Barrelin, Nogueira, Brilhante & Martins. Comportamento Verbal em Estudo: Uma Análise
de Pronomes de Baixa Frequência Inicial
sinalização de que as condições experimentais haviam
se alterado. Algo semelhante, não ocorria para os
sujeitos sob reforçamento negativo que, ao deixar a
linha de base, notavam imediatamente “0” ou “-10” ao
finalizar as suas frases (Tomanari e colaboradores,
2007, p. 213)
Conforme mencionado anteriormente, uma análise do desempenho dos três
participantes
para
os
quais
não
foi
observado
controle
pelas
consequências/contingências experimentalmente programadas também foi realizada.
Em função de um desempenho similar, apenas os dados de um dos dois participantes
submetidos à contingência de reforçamento positivo (ver Figura 2) e um à contingência
de reforçamento negativo (ver Figura 3) foram apresentados. No que se refere à Figura
2, um desempenho variável, mas ascendente, durante a Fase Experimental,
especialmente para os pronomes “Eu”, “Ele” e “Nós” pode ser observado, indicando
que pronomes com uma maior probabilidade inicial também o foram na Fase
Experimental. Além disso, os dados parecem sugerir que, embora todos os pronomes
tenham sido mencionados na Fase Experimental pelo menos duas vezes, a consequência
programada (acréscimo de 10 pontos) não teve a função de estímulo reforçador positivo
e, portanto, não resultou no fortalecimento dessa mesma resposta no sentido de torna-la
mais frequente em situações futuras. Acredita-se também que a contingência de
reforçamento positivo pode, de certa forma, relacionar-se com o desempenho em
questão, uma vez que nenhuma consequência diferencial era apresentada pelo
experimentador em função da emissão de 5 de um total de 6 pronomes em exibição. Em
outras palavras, escolher quaisquer pronomes que não o de menor frequência inicial,
não resultava em nenhuma consequência diferente a não ser o registro e início de uma
nova tentativa após o intervalo de 3 segundos, o que provavelmente resultou em um
desempenho variado, mas com predominância daqueles pronomes que, na Linha de
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de Pronomes de Baixa Frequência Inicial
Base, exibiam uma probabilidade maior, em função de determinados hábitos
linguísticos e/ou práticas culturais (Matos e colaboradores, 1995; Tomanari e
colaboradores 2007). Além disso, o tamanho/conteúdo das frases formuladas pode ter
dificultado a identificação da contingência programada experimentalmente, uma vez
que não houve limites, mínimos (ex.: pronome + verbo) ou máximos (ex.: pronome +
Frequência dos pronomes verbo + complemento) para a elaboração/construção das mesmas.
30 Eu Tu Ele Nós Vós Eles 25 20 15 10 5 0 Linha de Base Fase Reforçamento Tenta9vas Figura 2. Frequência absoluta dos pronomes “Eu”, “Tu”, “Ele”, “Nós”, “Vós” e Eles” nas fases de Linha
de Base e Experimental, sob a contingência de reforçamento positivo.
Assim como na Figura 2, um desempenho variável e ascendente pode ser
observado em relação ao único participante que, sob a contingência de reforçamento
negativo, não exibiu controle pela consequência/contingência programada (ver Figura
3). Os dados em questão distinguem-se do desempenho exibido na Figura 2 no que se
refere à variação dos pronomes escolhidos e aceleração das curvas. Em outras palavras,
nota-se que todos os seis pronomes exibidos a cada tentativa foram empregados e,
portanto, apresentaram um aumento em sua frequência se comparada à fase de Linha de
Base; entretanto, esse mesmo aumento parece ser mais “robusto” em relação à
contingência de reforçamento negativo.
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Frequência dos pronomes Costa Júnior, Barrelin, Nogueira, Brilhante & Martins. Comportamento Verbal em Estudo: Uma Análise
de Pronomes de Baixa Frequência Inicial
30 Eu Tu Ele Nós Vós Eles 25 20 15 10 5 0 Linha de Base Fase Reforçamento Tenta9vas Figura 3. Frequência absoluta dos pronomes “Eu”, “Tu”, “Ele”, “Nós”, “Vós” e “Eles” nas
fases de Linha de Base e Experimental, sob a contingência de reforçamento negativo.
Considerações Finais
O presente trabalho se propôs avaliar o efeito de consequências diferenciais
sobre o comportamento verbal, no caso, o uso de pronomes para a construção de frases.
Observa-se, como esperado, aumentos de frequência no uso dos pronomes selecionados
em ambos os grupos. Porém, um aumento mais acentuado foi obtido no grupo que
passou pela contingência de reforçamento negativo, encontrando concordância com o
trabalho Taylor (1991); este levanta a hipótese de que eventos negativos possam trazer
efeitos mais evidentes do que eventos positivos. O trabalho de Tomanari e
colaboradores (2007) obtiveram resultados semelhantes quanto o aumento de frequência
dos pronomes reforçados positiva e negativamente, e também em relação aos diferentes
efeitos produzidos por estas mesmas contingências. Diferentemente da presente
pesquisa, Tomanari e colaboradores (2007) pré-determinaram os pronomes a passarem
pelo procedimento de reforçamento, no caso, “Ele” e “Nós”. Em função desta escolha,
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Costa Júnior, Barrelin, Nogueira, Brilhante & Martins. Comportamento Verbal em Estudo: Uma Análise
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Tomanari e colaboradores (2007) levantam a hipótese de que por mais que os
reforçadores utilizados tenham gerado o efeito esperado (aumento na frequência de uma
dada resposta), é possível uma relação entre a alta frequência de uso destes pronomes
mesmo antes da aplicação do procedimento de reforçamento diferencial em função do
uso destes pronomes no cotidiano. Matos e colaboradores (1995), igualmente,
encontraram uma alta frequência no uso dos pronomes “Ele” e “Nós” em sua pesquisa.
Com o objetivo de minimizar a influência de variáveis culturais/hábitos linguísticos em
relação à escolha e utilização de um determinado pronome, foram submetidos às
contingências de reforçamento programadas quaisquer pronomes que atendesse ao
critério de baixa frequência inicial, se comparado aos demais; proposta esta diferente da
de Matos e colaboradores (1995), Matos e Tomanari (2002) e Tomanari e colaboradores
(2007). Aparentemente, os resultados sugerem a viabilidade desta decisão e a
possibilidade de que pronomes como “Tu” e “Vós”, que apresentam uma baixa
probabilidade inicial, sejam submetidos às contingências programadas; resultado este,
contrário às recomendações de Matos e Tomanari (2002).
Não escolhemos os pronomes ‘Tu’ e ‘Vós’ porque têm utilização
muito pequena em nossa vida cotidiana, com exceção de comunidades
no sul do país. A probabilidade de que se construam frases com eles é
muito baixa e seria até mesmo possível que os sujeitos não emitissem
uma única resposta com eles, de maneira que o experimentador não
poderia manipular sua variável experimental (Matos e Tomanari,
2002, p. 230).
No que refere aos efeitos das contingências em operação, os resultados obtidos
parecem indicar um efeito diferencial da contingência de reforçamento negativo, se
comparado à contingência de reforçamento positivo, pelo menos, no que se refere ao
uso e/ou seleção de pronomes de menor frequência. Em outras palavras, o efeito do
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procedimento de reforçamento negativo foi observado mais precoce e evidentemente em
comparação ao efeito do procedimento de reforçamento positivo. Critchfield e Magoon
(2001, p. 16) desenvolveram uma “hipótese de impacto diferencial”, na qual se discute a
possibilidade de que perdas e situações aversivas possam trazer efeitos mais intensos
que estímulos positivos de mesmo valor. Nesta pesquisa, as perdas e ganhos de pontos
são de mesmo valor, ou seja, 10 pontos. Taylor (1991) traz que o organismo tende a
responder mais rápida e prontamente a eventos negativos do que a eventos positivos,
não apenas em relação a respostas operantes, mas também no caso de respostas reflexas.
Porém, este parece não ser o único motivo pelo qual diferenças no desempenho dos
participantes submetidos às contingências de reforçamento positivo e negativo foram
obtidas; faz-se necessário caracterizar as contingências em questão, conforme proposto
por Tomanari e colaboradores (2007). Basicamente, o procedimento de reforçamento
negativo é caracterizado por 1 possibilidade em 6 do participante ter a sua resposta
reforçada negativamente (não perder pontos), sendo que as outras 5 possibilidades
levam a perda de pontos. Imediatamente ao final da linha de base, se o indivíduo não
escolhe o pronome de menor frequência na Linha de Base, ele perde 10 pontos, dos 600
iniciais. Portanto, a possibilidade de o indivíduo entrar em contato com esta
consequência é de 5/6. Por outro lado, o procedimento de reforçamento positivo não
apresenta estas mesmas características. Uma vez encerrada a Linha de Base, os
participantes submetidos à contingência de reforçamento positivo tem 1/6 de
possibilidade de ser reforçado com a adição de 10 pontos, em contrapartida a
possibilidade de continuar não receber esses 10 pontos de 5/6. Logo, fica evidente que
são maiores as chances de se entrar em contato, ao final da linha de base, com a situação
de se perder os pontos no grupo de reforçamento negativo do que com o ganhar 10
pontos, no grupo de reforçamento positivo. Neste caso, sugere-se que instruções como,
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por exemplo, “Tente novamente!” sejam acrescidas ao procedimento, a partir do final da
Linha de Base, com o objetivo de tornar a contingência de reforçamento positivo mais
“discriminável”.
No que se refere especificamente às frases construídas pelos participantes,
hiposteniza-se que o tamanho/conteúdo das frases formuladas pode ter, de certa forma,
dificultado a identificação da contingência programada experimentalmente, uma vez
que não houve limites, mínimos (ex.: pronome + verbo) ou máximos (ex.: pronome +
verbo + complemento) para a elaboração/construção das mesmas. Logo, recomenda-se
numa pesquisa futura, a utilização de complementos pré-determinados, um limite de
palavras para o complemento da frase ou, ainda, um limite de tempo pré-determinado
para a construção da frase como um todo. Um maior número de participantes na
pesquisa também parece ser recomendável, uma vez que pode melhorar uma análise
estatística dos resultados.
Os resultados encontrados de que eventos negativamente reforçadores geram
efeitos mais evidentes e imediatos quando comparados a eventos positivamente
reforçadores corroboram com a literatura, não somente literatura da psicologia, mas
também com a ciência da biologia evolutiva, como comentado por Taylor (1991),
indicando que organismos mais sensíveis (que responde mais rapidamente) a eventos
negativamente reforçadores apresentaram maior probabilidade de sobreviver no passado
e que esta característica tornou-se generalizada, uma vez que os que hoje vivem são
descendentes destes que sobreviveram num passado provavelmente mais hostil.
Referências
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Costa Júnior, Barrelin, Nogueira, Brilhante & Martins. Comportamento Verbal em Estudo: Uma Análise
de Pronomes de Baixa Frequência Inicial
Submissão: 02/03/15
Última revisão: 02/06/2015
Aceite final: 10/06/2015 Revista Sul Americana de Psicologia, v3, n1, Jan/Jul, 2015 108
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