antropologia e arqueologia forense: uma revisão integrativa

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
NÚCLEO DE CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE ARQUEOLOGIA
INARA CERQUEIRA AGRA
ANTROPOLOGIA E ARQUEOLOGIA FORENSE: UMA
REVISÃO INTEGRATIVA
Porto Velho - Rondônia
2014
Inara Cerqueira Agra
ANTROPOLOGIA E ARQUEOLOGIA FORENSE:
UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Monografia apresentada ao Curso de
Graduação
em
Arqueologia
da
Universidade Federal de Rondônia
(UNIR), como requisito para obtenção
do grau de Bacharel em Arqueologia.
Orientadora: Profa Drª Adriana Cristina
da Silva Nunes
Porto Velho - Rondônia
2014
FICHA CATALOGRÁFICA
Agra, Inara Cerqueira
Antropologia e Arqueologia Forense: Uma Revisão Integrativa– Porto Velho, UNIR,
2014, Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso - Bacharelado em Arqueologia do
Departamento de Arqueologia.
Orientadora: Prof.ª Dra. Adriana Cristina da Silva Nunes
1.
Antropologia – 2. Arqueologia Forense – 3. Revisão Integrativa – 4. Antropologia
Forense
Inara Cerqueira Agra
ANTROPOLOGIA E ARQUEOLOGIA FORENSE: UMA REVISÃO
INTEGRATIVA
Monografia apresentada como requisito
para obtenção do grau de Bacharel em
Arqueologia, ao Curso de Graduação em
Arqueologia da Universidade Federal de
Rondônia (UNIR).
Aprovada em _____ de ______________ de 2014
Adriana Cristina da Silva Nunes, Drª - UNIR
(Presidente/Orientadora)
Valéria Cristina da Silva, M.a - UNIR
Marcele Regina Nogueira Pereira, M.ª - UNIR
À minha mãe e ao meu pai, que sempre
me incentivaram a buscar conhecimento,
alcançar meus objetivos, me deram amor
incondicional, e dedicaram tempo e
atenção a mim.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por me manter em pé todos os dias, me dando força
para enfrentar todas as dificuldades e por me conceder tantos momentos de alegria.
Agradecer ao meu pai me parece muito importante, pois ele foi meu espelho, durante
doze anos foi minha fortaleza, pessoa que eu mais admirei na vida. O homem que foi e sempre
será insubstituível, sempre se fará presente, pois me deixou como herança valiosas virtudes.
Nada mais justo, do que agradecer a minha mãe, que se faz presente em todos os
momentos, sejam eles bons ou ruins, sei que posso contar com ela. Admiro a grande mãe que
é, e agradeço todos os esforços que fez para me dar educação, conforto e segurança. Obrigada
mãe!
Agradeço ao meu irmão por ter estado ao meu lado em todos os momentos da minha
vida. Por ter me protegido quando foi necessário e por todos os ensinamentos diretos e indiretos,
pois me ajudaram a ser quem sou.
Agradeço de coração à minha orientadora, que me ajudou muito, me ouviu, teve
paciência e me aconselhou! Professora Adriana, muito obrigada por ter feito parte de um
momento tão importante quanto esse, por ter me acolhido e orientado!
Gostaria de agradecer a todos os meus professores, e dizer com muita satisfação que
levo um pouco de cada um de vocês comigo! Ao longo da confecção da minha monografia fui
notando a importância que vocês tiveram, e também o direcionamento que me deram. Cada um
com sua maneira de pensar, interpretar e passar o conhecimento me ajudou a ter meu próprio
pensamento sobre arqueologia e também sobre muitas outras coisas que estão além das aulas,
mas sim na maneira que cada um de vocês é! Professora Valéria, agradeço a franqueza com a
qual sempre me tratou, e todos ensinamentos! Professora Marcelle, agradeço pelo doce de
pessoa que você é, por ter trago para o nosso curso essa energia tão positiva, e agradeço também
todo o conhecimento passado através das aulas, que foram ministradas de maneira tão especial!
Professora Juliana, obrigada pela parceria, por estar sempre disposta a ajudar e por todo
conhecimento que nos transmitiu em pouco tempo que tivemos oportunidade de ter aulas com
você! Agradeço também ao professor Carlos pelo conhecimento transmitido! Não posso deixar
de agradecer ao professor André que sempre exigiu muito da nossa turma, e sempre que tinha
oportunidade trocava uma ideia! Então é isso, quero dizer que todos vocês foram de maneira
especial importantes na minha caminhada ao longo do curso, e que cada um desempenhou um
papel único. Mesmo que eu não tenha encontrado as palavras certas para agradecer, espero que
vocês sintam o quanto sou grata a cada um de vocês!
Agradeço ao meu namorado Artur, que me ajudou a passar por momentos muito difíceis
e aguentou todo o meu estresse durante o período que eu estive escrevendo. Agradeço por todo
amor e carinho dedicado a mim, de forma tão especial!
RESUMO
O presente trabalho trata da antropologia e arqueologia forense. Desenvolve-se a partir
de uma revisão integrativa, que consiste na construção de uma análise abrangente da literatura,
contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisas, assim como realizar
reflexões sobre a necessidade de futuros estudos. O objetivo deste estudo é analisar, sintetizar
e extrair informações relevantes quanto aos métodos e técnicas de pesquisas utilizados na
antropologia e arqueologia forense, possibilitando maior esclarecimento sobre a temática. A
antropologia e arqueologia forense latino-americana, caminha devagar, uma vez que encontra
dificuldades estruturais e burocráticas, na maioria dos países. Essas duas ciências começaram a
tomar espaço na América Latina, a partir de investigações de desaparecidos durante regimes
militares, apesar das dificuldades, antropólogos e arqueólogos empenham-se na luta pelo seu
espaço acadêmico, social e dentro de instituições criminais. O desenvolvimento dessas áreas
será possível com a união das forças dos profissionais envolvidos, com o incentivo dos
governos e com a divulgação dos benefícios que a antropologia e arqueologia forense trazem
ao combate da violência.
Palavras-chave: Antropologia. Antropologia forense. Arqueologia. Arqueologia
forense. Revisão integrativa.
ABSTRACT
This paper deals with the anthropology and forensic archeology. Develops from an
integrative review of the literature, which consists in building a comprehensive analysis of the
literature, contributing to discussions on methods and research results, as well as carry out
reflections on the need for future studies. The aim of this study is to analyze, synthesize and
extract relevant information regarding the methods and research techniques used in forensic
anthropology and archeology, providing further clarification on the subject. Anthropology and
Latin American forensic archeology walks slowly, once it finds structural and bureaucratic
difficulties in most countries. These two sciences began to take space in Latin America, from
investigations missing during military regimes, despite the difficulties, anthropologists and
archaeologists are engaged in struggle for their academic, social and criminal institutions within
space. The development of these areas will be joining forces with the professionals involved,
with the encouragement of governments and the dissemination of the benefits that anthropology
and forensic archeology bring to combat violence.
Keywords: Anthropology. Forensic anthropology. Archaeology. Forensic archeology.
Integrative review.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Objetivos da antropologia forense..........................................................................21
Figura 2 – Diversas formas de depósito natural e artificial......................................................23
Figura 3 – Tipos de estratigrafia...............................................................................................24
Figura 4 – Prospecção arqueológica.........................................................................................24
Figura 5 – Fotografia aérea.......................................................................................................25
Figura 6 – Furos Superficiais ...................................................................................................26
Figura 7 – Georradar.................................................................................................................26
Figura 8 – Principais orientações do corpo humano.................................................................27
Figura 9 – Características para identificação de crânios quanto ao sexo..................................28
Figura 10 – Ciclo das diferentes formas de revisão de literatura..............................................30
Figura 11 – Seis etapas da revisão integrativa de literatura......................................................33
Figura 12 – Dinâmica do estudo seguido até a amostragem final............................................38
Figura 13 – Crescimento de especializações em antropologia e arqueologia...........................41
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Divisões da Antropologia......................................................................................13
Quadro 2 – Principais diferenças das revisões narrativa e sistemática.....................................29
Quadro 3 –Estudos primários relacionados por títulos e ano de publicação............................35
Quadro 4 – Estudos primários, conforme ano de publicação e base de dados.........................36
Quadro 5 – Fator de impacto das revistas................................................................................37
Quadro 6 – Estudos primários, autores, títulos, periódicos e banco de dados.........................39
Quadro 7 – Comparação dos objetivos dos estudos selecionados...........................................45
Sumário
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 11
1.1 Aspectos gerais da antropologia .................................................................................. 11
1.2 Antropologia e Arqueologia em meio forense ............................................................ 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 15
2.1 Uma breve reflexão de alguns paradigmas e escolas de pensamento
antropológico ....................................................................................................................... 15
2.2 Antropologia Forense ................................................................................................... 17
2.3 Arqueologia Forense ..................................................................................................... 18
2.4 Antropologia e Arqueologia Forense na América Latina ......................................... 19
2.5 Antropologia e Arqueologia Forense no Brasil .......................................................... 20
2.6 Objetivos, métodos e técnicas usados na antropologia e arqueologia forenses ....... 21
2.7 Por que utilizar a revisão integrativa para o estudo da antropologia e arqueologia
forense .................................................................................................................................. 28
3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 31
3.1 Característica do tipo do estudo .................................................................................. 31
3.2 Procedimentos metodológicos: revisão integrativa de literatura ............................. 31
3.3 Procedimentos de busca e seleção dos artigos ............................................................ 33
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 36
4.1 Apresentação da revisão integrativa ........................................................................... 36
4.2 Caracterização dos estudos selecionados e o fator de impacto das revistas ............ 37
4.3 Análise dos artigos incluídos na revisão integrativa .................................................. 38
4.4 Apresentação e análise dos estudos primários ........................................................... 40
CONCLUSÕES ................................................................................................................... 46
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 48
APÊNDICE 1 – Ficha do Estudo Nº 1............................................................................... 53
APÊNDICE 2 – Ficha do Estudo Nº 2............................................................................... 55
APÊNDICE 3 – Ficha do Estudo Nº 3............................................................................... 57
APÊNDICE 4 – Ficha do Estudo Nº 4............................................................................... 58
APÊNDICE 5 – Ficha do Estudo Nº 5............................................................................... 59
APÊNDICE 6 – Ficha do Estudo Nº 6............................................................................... 60
APÊNDICE 7 – Ficha do Estudo Nº 7............................................................................... 61
APÊNDICE 8 – Ficha do Estudo Nº 8............................................................................... 62
APÊNDICE 9 – Ficha do Estudo Nº 9............................................................................... 63
APÊNDICE 10 – Ficha do Estudo Nº 10........................................................................... 64
APÊNDICE 11 – Ficha do Estudo Nº 11........................................................................... 65
APÊNDICE 12 – Ficha do Estudo Nº 12........................................................................... 67
APÊNDICE 13 – Ficha do Estudo Nº 13........................................................................... 69
ANEXO I - Ficha Adaptada ............................................................................................... 71
11
11
1 INTRODUÇÃO
Os estudos no campo da antropologia e da arqueologia forense têm sido amplamente
investigados tanto nas ciências sociais, quanto nas ciências humanas. Segundo Alves & Santos
(2007), o termo antropologia, proveniente do latim, significa (anthropos = homem; logos =
estudo) o estudo do homem.
Atualmente, pode-se estender essa ciência a toda humanidade, dando-lhe um significado
de Ciência da Cultura da Humanidade, em seu tríplice aspecto interdisciplinar: na ciência social,
propõe conhecer o ser humano enquanto integrante de grupos organizados; na ciência humana,
estuda o ser humano como um todo, sua história, suas crenças, usos e costumes, filosofia,
linguagem; e na ciência natural (biológica), estuda o conhecimento somático do ser humano e
sua evolução física e genética associada ao meio ambiente.
1.1 Aspectos gerais da antropologia
Como “ciência do homem”, a Antropologia estuda o homem, não só de forma integral,
homem e mulher, mas também a coletividade, espécie pertencente a natureza, provido de
cultura e razão. Portanto, o homem pode ser objetivado, medido, calculado e dimensionado no
tempo e no espaço. Esta reflexão, segundo Gomes (2008) coloca o homem tal qual outros
objetivos científicos, como o cosmo (cosmologia ou astronomia), a terra (geologia), e os seres
vivos (biologia).
As ideias não existem de forma idêntica por toda parte, elas variam. Tem-se acumulado
material suficiente para mostrar que as causas dessas variações são tanto externas, isto é,
baseadas no ambiente (...), quanto internas, isto é, fundadas sobre condições psicológicas. A
influência dos fatores externos e internos corporifica um grupo de leis que governa o
desenvolvimento da cultura (BOAS, 2009, p.27). No ponto de vista de Lévi-Strauss (1958), a
antropologia apresenta uma concepção de mundo ou um modo original de levantar questões,
que não são necessariamente simples como se costuma pensar.
Na visão de Alves (2007), antropologia como ciência estuda a cultura da humanidade,
possui um amplo campo de investigação, pois atinge toda a terra, no espaço e no tempo,
englobando todas as sociedades simples no passado e presente e sociedades complexas atuais
Harris (1996), afirma que a amplitude e complexidade do tema reflete os diferentes ramos da
antropologia no que se refere aos se distintos aspectos e dimensões da experiência humana.
12
A teoria da Antropologia divide-se em dois grandes campos de estudo: antropologia
física ou biológica e antropologia cultural, com objetivos e métodos bem definidos.
Marconi e Presotto (2010), definem antropologia física ou biológica como a ciência que
estuda a natureza física do homem, procurando conhecer suas origens e evolução, sua estrutura
anatômica, seus processos fisiológicos e as diferentes características raciais das populações
humanas, antigas e modernas. Vincula-se assim às Ciências Biológicas e Naturais,
aproximando-se intimamente da Zoologia, da Anatomia, da Fisiologia, da Serologia, da
Medicina, etc.
Nesse sentido, duas questões de extrema importância científica orientam as pesquisas
antropológicas no campo biológico: a primeira é localizar a posição do homem enquanto homo
sapiens na sua ordem e na sua escala de evolução. A segunda questão é entender o quanto de
“animal”, de ser da natureza, de orgânico, ainda existe no homem tal que ele é hoje (GOMES,
2008, p.17). No século XIX, a partir do advento da descoberta da molécula de DNA, pesquisas
a partir de marcadores genéticos excederam de forma fundamental o processo de evolução de
polimorfismos.
Marconi e Presotto (2010) definem a antropologia Cultural como o campo mais amplo
da ciência antropológica, que abrange o estudo do homem como ser cultural, isto é, fazedor da
cultura. Investiga as culturas humanas no tempo e no espaço, suas origens e desenvolvimento,
suas semelhanças e diferenças. De acordo com Lévi-Strauss (1958), o estudo antropológico
cultural parte de técnicas e objetos para chegar à “supertécnica” que é a atividade social e
política, e condiciona da vida em sociedade.
Vale ressaltar que Damatta (1987, p.143), concorda com as autoras Marconi & Presotto
quando descreve o papel da Antropologia Cultural como o de interpretar as diferenças culturais
na medida em que elas formam sistemas culturais integrados. Sua função é captar o essencial
das culturas e buscar uma verdadeira compreensão desses sistemas. Levando em consideração
valores, reflexões, costumes, normas etc. Já na visão de Laplantine (2009), antropologia cultural
estuda o social em sua evolução, particularmente sob o ângulo dos processos de contato,
difusão, interação e aculturação.
Siqueira (2007) Antropologia cultural e social diz respeito à tudo que consitui uma
sociedade, modo de produção econômica, técnicas, organização política e jurídica, sistema de
parentesco, conhecimentos, crenças religiosas, linguagem, psicologia, criação artística etc.
As divisões e subdivisões da antropologia de acordo com cada campo, estão expostas
no quadro abaixo:
13
ANTROPOLOGIA CULTURAL





ARQUEOLOGIA


ANTROPOLOGIA FÍSICA (BIOLÓGICA)




Antropologia Aplicada – Estuda e apresenta
propostas para resolver problemas práticos e
avaliar os resultados.
Antropologia Médica – Estuda os fatores
biológicos e culturais na saúde e na doença
e do tratamento do paciente.
Antropologia Urbana – Estuda a vida na
cidade
Antropologia do Desenvolvimento - Estuda
as causas do subdesenvolvimento e
desenvolvimento entre as nações menos
desenvolvidas.
Arqueologia Histórica – Estuda culturas do
passado recente, através de uma combinação
de materiais escritos e escavações
arqueológicas.
Arqueologia Industrial - Utiliza técnicas de
arqueologia histórica para se concentrar em
fábricas e instalações industriais.
Contrato de Arqueologia – Realiza
pesquisas arqueológicas de proteção
ambiental e proteção dos sítios históricos.
Primatologia – Estuda a vida social e
biológica de macacos, grandes macacos e
outros primatas.
Paleontologia Humana – Pesquisa e estuda
fósseis de espécies humanas primitivas.
Antropologia Forense – Identifica vítimas
de assassinatos e acidentes.
Genética de populações – Estuda as
diferenças hereditárias em populações
humanas, suas variações dos caracteres
biológicos no espaço e no tempo.
Quadro 1 – Divisões da Antropologia por campo
Fonte: Adaptado de Harris (1996) e Siqueira (2007).
Em meio a tantos enlaces interdisciplinares a arqueologia enquanto campo da
antropologia, abrange como objeto de estudo as culturas do passado, extintas, que em
épocas remotas desenvolveram formas culturais, representando fases da humanidade
não registradas em documentos escritos. Trata-se da tentativa de reconstrução do
passado por meio de vestígios e restos materiais não perecíveis e resistentes à
destruição através do tempo (MARCONI & PRESOTTO, 2010, p.28).
No entanto, com o desenvolvimento dos métodos e técnicas da biologia molecular,
estudos com materiais perecíveis, tem demonstrado possibilidades de análises de povos antigos,
a partir dos estudos de linguagens, à exemplo da pesquisa de Cuenca, 1994, que identificou e
analisou restos de ossos humanos com o objetivo de investigar amostras de povos préhispânicos, profissionais forenses da antropologia, odontologia e medicina, também
participaram dessa pesquisa.
14
Dias (2009) afirma que a arqueologia é a ciência que se ocupa do estudo da cultura
humana por meio da recuperação, documentação, análise e interpretação de remanescentes e
dados ambientais, que os contextualizam como ciência histórica. É um ramo da ciência
empírica, é portanto baseado em observações. Para Gomes (2008), a arqueologia é outra
subdisciplina que auxilia na compreensão da evolução do homem ao longo do tempo. Sendo
fundamental para se reconstituírem antigas sociedades e culturas. Outros autores dão sua
contribuição nessa conceituação:
“Os arqueólogos lidam com objetos, separam evidências, selecionam cultura material,
transformam cultura material em palavras, em linguagem, criam textos. A arqueologia
é a maneira de tornar a história local relevante para grupos excluídos da história
contada” (SHACKEL, 2004, apud HILBERT, 2010, p.13).
“A arqueologia pode demonstrar um progressivo alargamento do mundo conhecido de
cada sociedade, alargamento que irá tão longe quanto a sociedade possa repartir entre si a
informação adquirida” (CHILDE, 1969, p.177).
Diante do exposto a arqueologia foi se desenvolvendo até tornar-se mais uma área de
conhecimento científico com características interdisciplinares.
1.2 Antropologia e Arqueologia em meio forense
Segundo Sanchez (2009), o trabalho realizado por antropólogos e arqueólogos forenses
tem como objetivo inicial identificar indivíduos, e esclarecer a causa da morte. Sendo assim, é
necessária uma interdisciplinaridade entre as ciências forenses, o que implica o uso de técnicas
e métodos para alcançar os objetivos.
Para Francisco et al. (2013, p. 129), “A antropologia forense, como área científica,
aplica métodos da antropologia física e da arqueologia para coletar e analisar evidências legais
na identificação humana, sendo a solução mais viável para esse problema”.
Já Cuenca (1994) acrescenta que a aplicação de rotina dos métodos e técnicas de
arqueologia na exumação de restos mortais de processos judiciais, busca evidências a
reconstrução de cenas de enterro, que algumas vezes corresponde ao local do crime.
De toda relevância o antropólogo forense conduz análises, consultas científicas de
literaturas e comparação de coleções, conforme necessário. Ubelaker, 2004 lembra que as
pesquisas voltadas para problemas científicos continuam a melhorar a metodologia em todas as
áreas da ciência.
15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Uma breve reflexão de alguns paradigmas e escolas de pensamento antropológico
A primeira formação de uma literatura “etnográfica” sobre a diversidade cultural
ocorreu entre os séculos XVI e XIX, como demonstram nos relatos de viagens feitas por
missionários, viajantes e exploradores. Estes relatos tiveram com objetivo descrever a fauna,
flora e topografia do lugar visitado. Algumas referências clássicas são a “Carta do
Descobrimento do Brasil”, escrita por Pero Vaz de Caminha no séc. XVI; a Carta de Hans
Staden, “Duas Viagens ao Brasil”, no séc. XVI; e a Carta de Jean de Léry, “Viagem a Terra do
Brasil”, no séc. XVI. Os documentos trazem também relatos sobre hábitos, crenças e
organização social dos povos encontrados no Brasil.
Dentro de uma perspectiva histórica, Siqueira (2007) ressalta que num primeiro
momento, o qual se poderia chamar de pré-história da antropologia, nos séculos XV e XVI, às
informações sobre os povos distantes eram produzidas por viajantes ou missionários. Nesse
instante, delinearam-se duas ideologias concorrentes, a primeira se manifesta por uma recusa
pelo estranho e a segunda, por uma fascinação. A primeira ideologia estava traçada na ideia de
que os povos primitivos eram selvagens dominados pela natureza, pelo clima, que não tinham
história, nem hábitos culturais. A segunda discorria, sobre como esses povos tinham conseguido
desenvolver sistemas políticos e econômicos com graus de harmonia com a natureza,
diferenciados.
Laplantine (2009) afirma que de fato, apenas no final do século XVIII é que começa a
se constituir um saber científico (ou pretensamente científico) que toma o homem como objeto
de conhecimento, e não mais a natureza. Siqueira (2007) descreve a antropologia no século
XVIII a partir da ideia do bom selvagem; povos tradicionais que representam a natureza; que
viviam livres e felizes, gozando da vida. No mesmo século, viagens de exploradores para
conhecer o mundo adquiriram caráter de pesquisas científicas.
A análise de esqueletos ou restos esqueletizados remonta aos primórdios da história
da anatomia, no século XVIII, na França, quando Jean Joseph Sue publica em 1775
um trabalho sobre medição de cadáveres de diferentes idades, com objetivo de
fornecer aos pintores e escultores, informações precisas sobre proporções corporais
(UBELAKER, 2000).
16
Segundo Congram & Fernández (2006, p.48), no século XIX, o interesse dos primeiros
antropólogos, médicos legistas e outros cientistas residia na identificação de criminosos por
suas características físicas (CONGRAM; FERNÁNDEZ, 2006, p.48).
Paul Mercier (1999 apud Siqueira, 2007) ressalta que as explorações somente serão
realizadas por especialistas a partir da metade do século XIX, somente neste momento o estudo
do homem se torna o que hoje é a antropologia, tomando forma de uma disciplina científica.
Alves (2007) afirma que no século XIX, com o neocolonialismo europeu sobre os
continentes da África, da Ásia e da Oceania, surgiu a antropologia científica, à serviço dos
Estados europeus, onde a visão científica predominantemente era evolucionista.
Em meio a tantas mudanças sociais, o evolucionismo social na segunda metade do
século XIX teve características marcantes, como a sistematização do conhecimento acumulado
sobre os “povos primitivos”. A busca do homem pela origem era traçada pelos estudos de
parentesco, religião, organização social. Neste século houve acalorada discussão sobre o
conceito de raça através da cultura, amplamente debatida por Maine, “Ancient Law” (1861);
Herbert Spencer, “Princípios de Biologia” (1864); e Tylor, “A Cultura Primitiva” (1871).
Alves (2007) afirma que a antropologia se desenvolveu como ciência humana,
libertando-se do controle dos Estados neocolonialistas, possibilitando a construção de
sua epistemologia, seus objetos de estudos, seus métodos teóricos e de pesquisa de
campo, suas escolas (francesa, britânica, norte-americana e alemã) desde o século
XIX, até o presente do século XXI.
Ubelaker (2000) também destaca que nos Estados Unidos, no século XIX, Jeffries
Wyman, professor de anatomia em Harvard, fica conhecido por ter participado da
identificação de restos humanos carbonizados de um colega médico, previamente
desmembrado num homicídio. Porém foi Thomas Dwight, que deu nome à
Antropologia Forense, como ciência, quando recebeu um prêmio por sua contribuição
em sua área de investigação.
A Escola Francesa, ainda no século XIX, orientou-se pela investigação sócio
antropológica dos fenômenos sociais que utiliza regras do método sociológico, que abordava o
fator social total, biológico, psicológico e sociológico, cuja troca e a reciprocidade estavam
fundamentadas na vida social. Alguns representantes foram e continuam sendo importantes
para a escola Francesa: Émile Durkheim, “regras do método sociológico” (1895); Marcel
Mauss, “algumas formas primitivas de classificação” (1901), “As formas elementares da vida
religiosa” (1912), “Uma categoria do espírito humano: a noção de pessoa, a noção de eu”
(1938).
17
Ubelaker (2000), relata que no século XIX, Paul Broca cria, em Paris, a primeira
organização de Antropologia Física e desenvolve instrumentos de medição para
estudar a variação humana com base em esqueletos. Seu sucessor, Paul Topinard,
publica em 1885 um livro, onde inclui um capítulo sobre a estimativa da estatura.
O paradigma fundamentado no funcionalismo do século XX trouxe para os estudos
sociais um modelo etnográfico clássico que dá ênfase ao trabalho de campo com observação e
o componente extremamente importante da investigação, de tal maneira que possibilitou
ampliar e enriquecer o conhecimento antropológico. Neste século observa-se também a
sistematização do conhecimento acumulado sobre uma cultura dos povos nas obras de
Bronislaw Malinowski, com “Argonautas do Pacífico Ocidental” (1922); Radcliffe Brown, com
“estrutura e função na sociedade primitiva” (1952); e Daryll Forde, com “Sistemas Políticos
Africanos de Parentesco e Casamento” (1950). Estes são alguns representantes dentro da escola
francesa que contribuíram com estudos biológicos sociais.
Outros paradigmas vieram para enriquecer o conhecimento em torno do ser humano,
vinculados ao social. Os paradigmas antropológicos interpretativos e pós-modernos, no séc.
XX, foram fundamentais para trazer luz à compreensão do ser humano, vinculado ao social, e
buscar a interpretação do todo e dos processos polissêmicos de crítica cultural.
Os trabalhos de investigação desenvolvidos por Hrdlička e por Wilton Krogman
assumem destaque no desenvolvimento dessa ciência, pois disponibilizaram informações sobre
técnicas importantes de análise de restos esqueléticos e demonstrações de como a antropologia
física se encaixa em contextos forenses. Ao final da II Guerra Mundial, muitos corpos sem
identificação exigiram a necessidade de desenvolvimento de técnicas eficazes de traçar um
perfil biológico, consequentemente, aumentou a investigação especializada dentro da área,
conduzindo à publicações de muitos trabalhos.
No século XXI, em meio a tantos paradigmas, a antropologia traz como forma de
enriquecer o conhecimento uma abordagem arqueológica forense com características|
modernas, cujo objetivo é encontrar vestígios materiais envolvidos em cenas de crime,
interpretando-os conforme sua localização, estado etc.
2.2 Antropologia Forense
A antropologia forense tem suas raízes nas ciências anatômicas. Antes da segunda
metade do séc. XX os departamentos de anatomia foram os principais contribuintes
para a metodologia de variação do esqueleto humano. Três períodos no
desenvolvimento da antropologia forense foram distinguidos: pré-1939, 1939-1972 e
pós-1972 (TOMPSON, apud GRISBAUM & UBELAKER, 2001, p.02).
18
De acordo com Coma (1991), a antropologia forense investiga a data da morte, a idade,
raça, sexo, estatura do indivíduo, marcas, antigas lesões ósseas, estudo da cavidade bucal.
Muitos pesquisadores têm procurado conceituar a antropologia forense, mostrando suas
principais contribuições e importância em casos criminais; Grisbaum & Ubelaker (2001)
definem antropologia forense como sendo um ramo especializado aplicado à antropologia
física, que trata da investigação médico-legal da morte dentro de um contexto anatômico. De
acordo com Coma (1991) a antropologia forense é como uma espécie de Tribunal de Última
Instância e o antropólogo forense como uma espécie de detetive especializado, alguém como
Sherlock Holmes, que se torna responsável por investigar as causas da morte e a maneira como
aconteceu. Lessa (2005), afirma que apesar da antropologia forense ser considerada um ramo
especializado da antropologia biológica, na realidade ela agrega uma série de conhecimentos
que extrapolam os limites desta última disciplina.
A Antropologia Forense é parte integrante das disciplinas médico-legais e seus ramo de
investigação espalhados em todo o mundo. Tem sido demonstrado que a participação de um
antropólogo forense treinado pode contribuir consideravelmente para a identificação e
resolução rápida de casos e para a resolução de crimes desconhecidos (ÍSCAN; OLIVERA,
2000, p.21). Dessa maneira, em “cenas de crime”, onde os restos humanos têm de ser
recuperados, a antropologia forense se torna ferramenta crucial para desenvolver tal atividade
(CATTANEO, 2007, p.185).
Mas foi na Europa, que as relações entre a antropologia e o direito penal tomou uma
forma diferente, que levantou voo nas Américas.
Ubelaker, (1997), lembra que o antropólogo forense primeiramente deve identificar se
os restos são humanos ou não-humanos. Cuenca (1994), ressalta que se deve classificar o
enterramento como; simples (um indivíduo) ou misto (mais de um indivíduo), isolado (separada
de outra vala) ou adjacente (uma vala que é muro de outra), primário (primeiro lugar que o
indivíduo foi enterrado), secundária (o indivíduo foi transportado de uma vala pra outra).
2.3 Arqueologia Forense
Arqueologia forense está preocupada com a aplicação da teoria arqueológica moderna
em cenários criminais em que poderão ser apresentadas evidências arqueológicas em um
tribunal de direito (HUNTER; COX, 2005).
19
O uso mais comum da arqueologia em campo forense é na detecção e escavação de
covas clandestinas em cenas de crimes, os arqueólogos ajudam com o planejamento,
as buscas, a delimitação, a escavação e a documentação desse cenário, o
descobrimento, a interpretação e a coleta de evidências, não só de restos humanos
como também de todo o contexto (CONGRAM; FERNÁNDEZ,2006, p. 50).
Sanchez (2009) lembra que para a arqueologia forense se faz necessária uma aplicação
de uma metodologia de escavação, adaptando os aspectos específicos do material a ser
estudado. Isso implica a incorporação de técnicas e habilidade próprias de antropologia forense,
destinadas à conservação e identificação de elementos que permitem a determinação dos
aspectos físicos, assim como lesões nos ossos do indivíduo.
Os estudo de vestígios materiais para fins legais tem longa tradição. A disciplina
arqueológica no início do século XIX, sempre esteve associada a questões de ordem
jurídica. Os estados nacionais utilizaram-se de restos arqueológicos para delimitar
território, além de identificar ossadas humanas para resgatar antepassados e
reivindicar o direito de propriedade (CARVALHO; FUNARI, 2009, p.13).
O detalhamento do profissional arqueólogo, vai garantir que evidências importantes
não sejam perdidas. Existem muitos tipos de túmulos que estão associados a
genocídios, que se encontram no subsolo e também em superfície. Na maioria dos
casos os túmulos estão relacionados com genocídios em massa. A vala comum se
caracteriza por conter seis ou mais indivíduos, os corpos muitas vezes são jogados de
forma indiscriminada, por isso é muito importante que se tenha muito cuidado no
processo de escavação (SKINNER, 1987, apud PETERSON, 2008, p.04).
2.4 Antropologia e Arqueologia Forense na América Latina
A antropologia forense na América Latina foi introduzida em consequência de múltiplos
relatórios de violações dos direitos humanos, principalmente devido ao desaparecimento de
pessoas, que foi largamente utilizado como instrumento de repressão e intimidação pelo regime
político autoritário e ditatorial.
Em meio a tantos acontecimentos uma nova Arqueologia surgiu na América Latina a
partir de 1984. Nesse ano, a movimentação das Mães da Praça de Maio e da Comissão Nacional
para investigar os desaparecidos durante o regime militar argentino (CONADEP) buscava
maneiras de integrar o conhecimento arqueológico às urgências de encontrar os corpos dos
perseguidos, torturados e mortos pelos governos autoritários (SEONE; MULEIRO, 2001).
Nenhum país latino-americano contava com experiência na área forense. Sendo assim, os
movimentos sociais argentinos contaram com o apoio da organização “Science and Human
20
Rights, Program American Association for The Advancement of Science” (AAAS), para
localizar e identificar os corpos das pessoas desaparecidas durante o regime militar
(CARVALHO; FUNARI, 2009, p.16).
Dessa experiência de trabalho conjunto nasceu a Equipe Argentina de Antropologia
Forense (EAAF), responsável pela identificação de desaparecidos políticos na Argentina e pelo
treinamento de profissionais em outros países da América Latina (FONDEBRIDER, 2008).
Nas últimas décadas, diversos países latino-americanos incluíram antropólogos e
arqueólogos forenses em seus serviços médico-legais, em um nível jurídico ou policial. Em
2003, a criação da Associação Latino-Americana de Antropologia Forense (ALAF) contribuiu
para a consolidação desse campo de estudo (FONDEBRIDER, 2008).
2.5 Antropologia e Arqueologia Forense no Brasil
De acordo com os arqueólogos Pedro P. Funari e Nanci V. de Oliveira, no Brasil,
assim como na maioria das sociedades acadêmicas latino-americanas, ainda existe
uma forte resistência de arqueólogos e antropólogos físicos em trabalhar com casos
que estejam relacionados à violações de direitos humanos. Da mesma maneira, não
parece haver interesse das instituições governamentais que antropólogos e
arqueólogos forenses façam parte dos quadros das instituições governamentais, talvez
por receio que sejam descobertos atos desumanos ocorridos durante o período
ditatorial (FUNARI; ZARANKIN; REIS, 2008).
A partir da década de 90, houve uma explosão no campo da Arqueologia e
Antropologia Forense em toda América Latina. O Brasil acompanhou essa
movimentação. Em 1992 foi formada uma equipe forense interdisciplinar compostas
por voluntários na cidade do Rio de Janeiro. O primeiro desafio dos pesquisadores foi
a realização da abertura de uma vala comum no Cemitério Ricardo de Albuquerque,
no RJ (CARVALHO; FUNARI, 2009, p.24).
Os trabalhos que envolvem antropologia e arqueologia forense no Brasil ainda são
incipientes, pois se deparam com uma série de dificuldades que prejudicam seu
desenvolvimento teórico e prático.
Até os anos de 1984, todas as atividades da área estavam vinculadas ao Estado, devido
ao governo ditatorial. Essa estrutura institucional determinava tanto os temas como as técnicas
utilizadas no campo de investigação forense (SOARES; GUIMARÃES, 2008).
21
2.6 Objetivos, métodos e técnicas usados na antropologia e arqueologia forenses
Como já foi mencionado anteriormente, os estudos antropológicos forenses têm como
objetivo auxiliar a arqueologia forense, cuja utilização de alguns métodos e técnicas leva ao
sucesso das investigações criminais. Vale ressaltar que a participação de antropólogos e
arqueólogos forenses se inicia no momento da recuperação da evidência, que são extremamente
importantes para desvendar fatos. Os objetivos podem ser apresentados conforme organograma
simplificado da Figura 1.
OBJETIVOS DA
ANTROPOLOGIA
FORENSE
DETERMINAR A
IDENTIDADE DO
INDIVÍDUO
DETERMINAR A
CAUSA DA MORTE
INTERPRETAR ÀS
CIRCUNSTÂNCIAS
DA MORTE
Figura 1 – Objetivos da antropologia forense
Fonte: primária.
Para Sanchez (2009), as principais atividades de campo e laboratório que respondem
as questões forenses são; a determinação da origem biológica dos restos; se os restos
correspondem a um ou diversos indivíduos; quais são as características dos indivíduos
(sexo, idade, raça, estatura, patologias, variantes anatômicas normais ou anomalias
etc.); identificação de lesões localizadas principalmente na estrutura óssea, o
mecanismo do objeto que a produziu, assim como sua correlação mecânica com a
morte; estabelecimento da antiguidade, temporalidade ou data da morte dos restos
humanos e a correlação das características de conservação dos restos com o meio
ambiente ou substrato de depósito, são temas que devem ser trabalhados para uma
investigação completa e bem estruturada do ponto de vista do arqueólogo forense.
Os métodos da arqueologia clássica têm sido aplicados em escavações de enterramentos
clandestinos, com objetivo de recuperar pessoas vítimas de desaparecimentos forçosos, durante
as ditaduras na América Latina no final do século passado (FONDEBRIDER; MENDONÇA,
2001). O enlace da arqueologia clássica com a arqueologia forense enriquece estudos e
pesquisas, beneficiando a população.
Leiva (2007), argumenta que o trabalho arqueológico está relacionada com a
determinação do local onde vai ser feita a intervenção profissional se for um espaço aberto,
serão utilizadas técnicas de prospecção arqueológica, observando sempre a paisagem, a
22
mudança de vegetação, alterações no solo. Todo o processo deve ser documentado por meio de
pontos de georreferência.
Quando restos ósseos são recuperados, torna-se necessário proceder à identificação e a
confirmação de sua natureza (humana ou não humana). Em seguida procede-se à análise,
determinando quatro informações essenciais: sexo, idade, estatura, raça. (BUIKSTRA;
UBELAKER, 1994). Para estabelecer, as causas e as circunstâncias que envolvem à morte, a
participação de especialistas em genética, odontologia, patologia e antropologia são essenciais.
Para Sanchez (2009) e Etenord (2012), alguns métodos e técnicas passam pela
estratigrafia, prospecção e fotografia aérea. A estratigrafia é um ramo da geologia que trata do
estudo e interpretação das rochas sedimentares estratigráficas, sua identificação e descrição.
Aqui observa-se a interdisciplinaridade atuando de forma significante.
Sanchez (2009), afirma que as análises geológicas envolvem as composições que
formam os estados cronológicos do próprio sítio, com estas análises pode-se conhecer quais são
os estratos primários e secundários, desta forma é possível ter uma dinâmica da sequência
depositada e realizar uma datação.
Os estratos são visualmente diferentes quanto a cor e textura presentes nas diferentes
camadas, que compõem o solo. Muitas vezes as mudanças são drásticas e permitem facilmente
distinguir cada uma das camadas. A Figura 2 ilustra diversas formas de depósito natural e
artificial com influência direta do homem na formação da paisagem.
Figura 2 – Diversas formas de depósito natural e artificial.
Fonte: Cararini, 1997.
Na estratigrafia métrica não se observam as mudanças nos estratos. Dividem-se os
estratos por um critério métrico. Podem ser marcados com amarras em unhas e etiquetados para
identificação. Cf.: fig. 3.
23
Figura 3 – Tipos de estratigrafia
Fonte: Etenord, 2012.
Já a prospecção que consiste no processo arqueológico que utiliza uma série de métodos
e técnicas que permitem o planejamento da pesquisa para a obtenção de resultados válidos,
como o conhecimento sobre a área a ser estudada de forma geral, buscando informações desde
à localização e acessibilidade do local, até informações sobre o estado do solo, tipos de
vegetação existentes no local e estudos de imagens aéreas recentes e antigas para a comparação
e análise do local. A Figura 4 mostra arqueólogos realizando uma prospecção em um campo
aberto.
24
Figura 4 – Prospecção Arqueológica
Fonte: Magalhães, 2006
O levantamento de superfície é o primeiro passo em qualquer boa escavação, pois
permite detectar características do terreno, possível presença de restos de esqueletos de
interesse forense. Cf.: Fig. 4 De acordo com Sanchez (2009), quando inicia-se uma prospecção
deve-se levar em conta as características do terreno. Pois é fundamental realizar um
reconhecimento visual da área, uma vez que as alterações morfológicas do solo podem estar
associadas a um enterramento.
Etenord (2012), relata que a coleta de informação por fotografia aérea é uma das técnicas
mais utilizadas para detectar sítios arqueológicos, uma vez que permite detectar mudanças de
cor e sombras que podem ser indicativos de alteração arqueológicas. A técnica de fotografia
aérea é utilizada em apoio a metodologia prospectiva (ROSKAMS, 2003), conforme ilustra a
Figura 5.
Figura 5 – Fotografia aérea
Fonte: Hejcman e Smrz, (2010).
Peña (1999) diz que os métodos geofísicos também são utilizados na antropologia e
arqueologia forense para identificação do enterramento. Trata-se de medir uma propriedade
física do terreno, a perturbação que os materiais enterrados produzem. Carandini (1997) destaca
outro método pode ser utilizado também, são sondas superficiais, que proporcionam indicações
25
úteis em relação a localização do enterramento, situados em função de uma estratégia concreta
que pode dar respostas aos problemas topográficos fundamentais.
A técnica de furos superficiais, que neutraliza a falta de material na superfície; consiste
em realizar pequenos furos no solo, por unidades amostrais, permitindo desvendar
características estratigráficas para a verificação da situação geológica do território
(ROSKAMS, 2003). Cf.: Fig. 6.
Um outro instrumento importante segundo, Lara (2009), é o georradar pois detecta
características geofísicas do terreno, permite analisar grandes áreas do terreno. Fondebrider
(2001) descreve o instrumento como um emissor de uma série de impulsos eletromagnéticos
que, ao serem recebidos por uma antena, aparecem em um monitor de imagens todo o perfil do
subsolo. Cf.: Fig. 7.
A Figura 6 mostra como arqueólogos procedem ao realizarem furos testes, para
identificar materiais e características estratigráficas.
Figura 6 – Furos Superficiais
Fonte: Sanchez (2009).
Na Figura 7, é possível ilustrar como é manuseado um georradar e seu
funcionamento.
26
Figura 7 – Georradar
Fonte: Adaptado de Etenord (2012).
Dentro desse tópico que fala sobre objetivos, métodos e técnicas, usados na arqueologia
forense, não se pode deixar de ressaltar os métodos de osteometria que segundo Krenzer (2006),
é um método utilizado para exames antropológicos, estuda à análise de restos humanos
esqueletizados e utiliza métodos métricos e não métricos homogeneizados e padronizados para
observação de características métricas, afim de reconstituir parâmetros demográficos e
tafonômicos. Enfatiza ainda que a osteometria analisa próteses dentárias, no intuito de fornecer
informações confiáveis sobre o indivíduo analisado, idade, sexo, nutrição, saúde, alimentação
e outros.
27
Figura 8 – Principais orientações do corpo humano
Fonte: Burns 1999, apud Krenzer, 2006).
A Figura 8 mostra como são classificadas as principais regiões do corpo humano. E as
principais diferenças craniais entre os sexos masculino e feminino, sendo possível notar que
através de um exame antropológico é possível determinar o sexo de um indivíduo, isto, se
estiver em bom estado de conservação.
A tafonomia, analisa por sua vez mudanças de organismos biológicos entre o tempo
transcorrido desde a morte até o descobrimento, para determinar o intervalo pós mortem.
Investiga concretamente as fases da decomposição do corpo humano. Realiza análise para
determinar o sexo. Segundo Krenzer (2006, p.1), existem várias maneiras de se identificar o
sexo de um indivíduo; observação da pélvis, crânio, dentes, tamanhos dos ossos e análise de
DNA.
28
Figura 9 – Caracteristicas para idenficação de crânios quanto ao sexo
Fonte: adaptado, segundo Hermann et al. 1990, apud Krenzer, 2009).
Para tanto não se tem registro de revisão integrativa sistemática para estudos sobre
antropologia e arqueologia forense, que englobe teorias, objetivos, métodos e técnicas de
pesquisas científicas com a união dessas duas áreas do conhecimento. Deste modo, o presente
trabalho discute diferentes artigos sobre o tema.
2.7 Por que utilizar a revisão integrativa para o estudo da antropologia e arqueologia
forense
No mundo globalizado é cada vez mais difícil filtrar informações relevantes, isso
decorre principalmente da enorme quantidade de fontes de informações que cresce
exponencialmente ano após ano (MOREIRA, 2004). Por isso a revisão integrativa deve ser
progressivamente utilizada, não só na área da saúde, como também nas ciências humanas e
sociais, e de qualquer outra de interesse do pesquisador.
A revisão integrativa consiste na construção abrangente da literatura, contribuindo para
discussões sobre métodos e resultados de pesquisas, assim como reflexões sobre realizações de
futuros estudos (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).
Whittemore & Knalf (2005) dividem a revisão de literatura em quatro categorias:
revisão integrativa, metanálise, revisão sistemática e metassíntese. Para Rother (2007) a revisão
de literatura se divide em duas grandes categorias de revisão: as revisões narrativas e as
sistemáticas.
Para a confecção da monografia foi escolhido o método de revisão integrativa de
literatura, pois inclui a análise de pesquisas relevantes, possibilitando sintetizar o conhecimento
29
referente ao assunto de interesse, além de poder indicar lacunas do conhecimento que
necessitam ser preenchidas com a realização de novas pesquisas.
Para Botelho et al. (2011), a revisão da literatura é o primeiro passo para a construção
do conhecimento científico, pois é por esse processo que novas teorias surgem, bem como são
reconhecidas lacunas e oportunidades para o surgimento de pesquisas num assunto específico.
Ingram et al. (2006), enfatiza que ao contrário do que se imagina, a revisão integrativa não é
apenas uma forma de sumarizar textos, pois envolve a organização e a discussão de determinado
assunto de interesse.
A revisão integrativa da literatura permite sintetizar o conhecimento de uma dada área
a partir da formulação de uma pergunta, buscar, identificar, selecionar e avaliar
estudos científicos contidos em base de dados eletrônicas, afim de contribuir e
aprofundar o conhecimento sobre a temática, apontar lacunas que necessitam serem
preenchidas por meio da realização de novas investigações (LOPES; FRACOLLI,
2006 apud LOURENCINI, 2011).
A revisão narrativa tem por objetivo mapear o conhecimento sobre uma questão ampla,
o pesquisador decide quais pesquisas, artigos e informações são mais relevantes. Elas não
informam as fontes de informações utilizadas, a metodologia para busca das referências nem
os critérios utilizados na avaliação e seleção dos trabalhos (BERNARDO; NOBRE; JANETE,
2004). Por este motivo não optamos em trabalhar com este tipo de revisão. A revisão
sistemática, ao contrário das revisões narrativas, “é uma revisão planejada para responder uma
questão específica e que utiliza métodos explícitos e sistemáticos para identificar, selecionar e
avaliar estudos, e para coletar e analisar os dados desses estudos incluídos na revisão”
(CASTRO,2006).
O Quadro 2 traz uma comparação entre a revisão narrativa e a revisão sistemática de
acordo com Cook, 1997, mostrando as principais diferenças das revisões narrativas e
sistemáticas.
Itens
Questão
Fonte
Seleção
Avaliação
Revisão Narrativa
Ampla
Frequentemente
nãoespecificada, potencialmente
com viés
Frequentemente
nãoespecificada, potencialmente
com viés
Variável
Revisão Sistemática
Específica
Fontes abrangentes, estratégia de
busca explícita
Seleção baseada em critérios
aplicados uniformemente
Avaliação criteriosa e reprodutível
30
Síntese
Inferências
Qualitativa
Às
vezes
baseadas
em
resultados de pesquisa clínica
Quantitativa*
Frequentemente baseadas em
resultados de pesquisa clínicas
Quadro 2 – Principais diferenças das revisões narrativa e sistemática.
Fonte: Cook, 1997.
A revisão sistemática “é uma forma de síntese das informações do momento,
sobre um problema específico, de forma objetiva e reproduzível, por meio de método
científico. Possui princípios gerais a exaustão na busca dos estudos analisados, a
seleção justificada dos estudos por critérios de inclusão e exclusão e avalição da
qualidade metodológica, bem como a quantificação do efeito dos tratamentos por
meio de técnicas estatísticas” (LIMA; SOARES; BACALTCHUK, 2000).
Embora as revisões narrativas e sistemáticas estejam baseadas em resultados de
pesquisas clínicas, ela podem ser utilizadas nas ciências humanas, a exemplo dos estudos
realizados por Filho et al (2013), que fez um estudo nos últimos 30 anos sobre os solos tropicais
em diferentes países, com relação às atividades de diferentes povos.
Metanálise
Revisão
Sistemática
Revisão
integrativa
Metasíntese
Figura 10 – Ciclo das diferentes formas de revisões de literatura.
Fonte: primária.
A revisão da literatura é indispensável não somente para definir o problema, mas
também para obter uma ideia precisa sobre o estado atual dos conhecimentos sobre um dado
31
tema, lacunas e a contribuição da investigação para o desenvolvimento do conhecimento
(BENTO, ANTÓNIO, 2012).
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Característica do tipo do estudo
O presente trabalho foi realizado através do método de revisão integrativa de literatura,
classificado como exploratório por proporcionar maior familiaridade com o problema, realizouse um levantamento bibliográfico. Os artigos selecionados foram analisados de maneira
sistemática, em relação aos seus objetivos, materiais, métodos e resultados, possibilitando ao
leitor uma contextualização e reflexão sobre o tema em questão.
3.2 Procedimentos metodológicos: revisão integrativa de literatura
O procedimento de Revisão Integrativa possui seis etapas bem definidas. De acordo com
Pompeo (2007), a revisão integrativa de literatura é conduzida para gerar uma fonte de
conhecimento atual sobre um problema e determinar se o conhecimento é válido para ser
transferido à prática, porém deve seguir padrões de rigor metodológico, os quais possibilitem
ao leitor identificar características nos estudos analisados e permitir avanços na área de
interesse.
No geral, para a elaboração da revisão integrativa é preciso desenvolver seis etapas
distintas (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).
1ª. Etapa: identificação do tema e seleção da questão da pesquisa
O assunto deve ser exposto com clareza, de forma específica, por uma questão ou
hipótese de pesquisa (BROME, 2000).
2ª. Etapa: Estabelecer critérios de inclusão e exclusão de trabalhos publicados
Após a escolha do tema, e a formulação da pergunta norteadora, inicia-se a busca nas
bases de dados. Frequentemente a seleção de artigos inicia-se de forma mais ampla e afunilase à medida em que o pesquisador retorna a sua questão inicial, pois o movimento de buscar a
literatura nem sempre é linear (SILVEIRA, 2005).
3ª. Etapa: Extração dos dados dos estudos primários
Esta fase envolve a elaboração de um instrumento de coleta de dados, que tem o objetivo
de reunir informações-chave de cada artigo selecionado (BEYEA; NICOLL, 1998). Para
32
Broome (1993), o propósito desta etapa é sumarizar e documentar, de forma concisa e fácil,
informações decorrentes dos artigos selecionados.
4ª. Etapa: Avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa
Para categorizar e analisar as informações, o pesquisador pode utilizar diferentes
métodos para análises estatísticas; listagens de fatores que mostram o efeito de variantes ao
longo do tempo de estudo; escolha ou exclusão de estudos etc. (MENDES; SILVEIRA;
GALVÃO, 2008). O pesquisador pode utilizar recursos gráficos, tabelas e imagens para
comparar a evolução da área a ser estudada durante determinado período, assim como
selecionar estudos relevantes e destacar seus objetivos e métodos.
5ª. Etapa: Análise e interpretação dos resultados
Consiste na comparação dos dados evidenciados nos artigos incluídos na revisão
integrativa com o conhecimento teórico. Portanto, nesta fase o pesquisador poderá fazer
sugestões, discutir e fazer recomendações para possíveis revisores (GANONG, 1987).
6ª. Etapa: Apresentação da revisão
A revisão integrativa deve incluir informações suficientes que permitam ao leitor avaliar
a pertinência dos procedimentos empregados na elaboração da revisão, aspectos relativos ao
tema abordado e o detalhamento dos estudos incluídos (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO,
2008). Nessa etapa é necessário deve-se ter clareza na apresentação dos resultados, para que se
possa identificar as características reais dos estudos incluídos na revisão (BEYA; NICOLL,
1998).
ORNOGRAMA METODOLÓGICO
33
Figura 11 – Seis etapas da revisão integrativa de literatura.
Fonte: adaptado de MENDES et al. (2008).
3.3 Procedimentos de busca e seleção dos artigos
A busca e seleção dos artigos foi realizada em bases de dados eletrônicas, busca manual
em periódicos e consulta das referências utilizadas nos estudos primários e relatórios. Para a
realização da presente revisão integrativa, foram utilizados como meio de busca as seguintes
bases de dados:
a) Banco Digital de Teses e dissertações da Universidade Federal de Pernambuco –
UFPE: http://www.biblioteca.ufpe.br/.
b) Banco Digital Mundial:http://www.wdl.org/pt/.
c) Museu de Arqueologia e Etinologia, MAE:http://www.nptbr.mae.usp.br/.
d) Scielo – Livraria Cienífica Eletrônica Onlinehttp://www.scielo.org/php/index.php.
e) Museu Nacional, UFRJ: http://www.museunacional.ufrj.br/.
f) SIBi – Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo:
http://www.sibi.usp.br/.
g) Editora Habilis – Livro: Arqueologia Direito e Democracia
34
Os descritores de buscas utilizados nesse trabalho foram: arqueologia forense,
arqueologia, antropologia forense, antropologia, antropologia jurídica, ciências forenses,
antropología física e antropologia cultural.
Os critérios de exclusão foram:
a) Impossibilidade de aquisação dos artigos na íntegra;
b) Publicações em inglês e outras línguas que não sejam português e espanhol (América
Latina);
c) Publicações que não abordem os métodos para o trabalho antropológico e
arqueológico forenses;
Os critérios de inclusão foram:
a) artigos publicados na íntegra, gratuitamente;
b) publicações em português e espanhol;
c) artigos publicados no Brasil e América Latina ;
d) artigos publicados no período de 2000 à 2014;
e) publicações que abordassem metologias aplicadas à antropologia e arqueologia
forense.
A príncipio seriam utilizados apenas artigos publicados no Brasil, no entanto estendeuse o campo de busca para artigos publicados na América Latina. Muitos artigos não estavam
disponíveis para download, como também não estavam na íntegra e alguns não forneciam
informações que fossem relevantes à temática.
Para cada um dos artigos foram preenchidas fichas que continham informações quanto
ao título, ano de publicação, caráter metodológico, objetivos, resultados e conclusão. No quadro
abaixo pode-se visualizar, de acordo com a ordem numérica, o ano de publicação e os títulos
dos artigos selecionados:
Nº
1
2
3
4
5
6
ARTIGO
ANO
La antropologia forense al servicio de lajusticia y lahistoria: lãs fosas de la Guerra
Civil
Perícias Forenses e Justiça Criminal sob a ótica da Antropologia Forense no Brasil
2010
O papel do médico legista e outros profissionais forenses para a preservação do
patrimônio arqueológico brasileiro
Introdução aos estudos históricos sobre a arqueologia e a antropologia forenses no
Brasil: práticas correlatadas na polícia de São Paulo (1920 – 1960)
Arqueologia em meio forense: estudos sobre o estado de arte da disciplina e a
sua implantação no Brasil
A arqueologia forense na investigação criminal: o método pode fazer a diferença
2010
2009
2009
2009
2009
35
7
Arqueología de un silencio. Arqueología de la Guerra Civil y del Franquismo
2009
8
9
Bioarqueologia e Antropologia Forense
Estudos arqueológicos à serviço de contextos criminais: Arqueologia Forense
Potencial de análise e interpretação das deposições mortuárias em arqueologia:
perspectivas forenses
Dois anos de antropologia forense no Centro de Medicina Legal (CEMEL) da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP
Estudos de problemas preliminares vinculados à existência da arqueologia
forense e da antropologia forense no Brasil
Antropologia Forense no Centro de Medicina Legal da FMRP 1999 - 2009
2009
2012
10
11
12
13
2007
2008
2012
2011
Quadro 3 –Estudos primários relacionados por títulos e ano de publicação
Fonte: primária.
A busca foi realizada no período de abril a julho do ano de 2014, foram encontrados 26
artigos elegíveis ao critério de inclusão, assim como de relevância ao problema, sendo
encontrados 2 artigos repitidos nas base de dados Scielo, 19 artigos foram lidos na íntegra e
treze foram selecionados pois atenderam aos critérios de inclusão.
36
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Apresentação da revisão integrativa
As publicações incluídas para análise nesta revisão foram feitos de forma descritiva, a
fim de proporcionar uma melhor avaliação dos procedimentos metodológicos e futuras
investigações sobre o tema estudado, procurando fornecer de forma mais simples, fundamentos
para a prática profissional (campo ou laboratório).
Baseando-se nos pressupostos da revisão integrativa, os textos utilizados neste trabalho
foram exaustivamente estudados, buscando seguir criteriosamente os passos para se fazer uma
boa revisão integrativa.
Nº
ARTIGO
6
La antropologia forense al servicio de lajusticia y lahistoria: lasfosas de la
Guerra Civil
Perícias Forenses e Justiça Criminal sob a ótica da Antropologia Forense no
Brasil
O papel do médico legista e outros profissionais forenses para a preservação do
patrimônio arqueológico brasileiro
Introdução aos estudos históricos sobre a arqueologia e a antropologia forenses
no Brasil: práticas correlatadas na polícia de São Paulo (1920-1960)
Arqueologia em meio forense: estudos sobre o estado de arte da disciplina e a
sua implantação no Brasil
A arqueologia forense na investigação criminal: o método pode fazer a diferença
7
Arqueología de un silencio. Arqueología de la Guerra Civil y del Franquismo
1
2
3
4
5
ANO
BASE DE
DADOS
2010
Scielo
2010
Museu Nacional
2009
SIBi
2009
Habilis
2009
Habilis
2009
Bioarqueologia e Antropologia Forense
Estudos arqueológicos à serviço de contextos criminais: Arqueologia Forense
Potencial de análise e interpretação das deposições mortuárias em arqueologia:
10
perspectivas forenses
Dois anos de antropologia forense no Centro de Medicina Legal (CEMEL) da
11
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP
Estudos de problemas preliminares vinculados à existência da arqueologia
12
forense e da antropologia forense no Brasil
2009
2012
Habilis
Biblioteca
Digital Mundial
Museu Nacional
Scielo
2007
MAE
2008
SIBi
2012
Biblioteca
Digital UFPE
13 Antropologia Forense no Centro de Medicina Legal da FMRP 1999 - 2009
2011
SIBi
8
9
2009
Quadro 4 – Estudos primários, conforme ano de publicação e base de dados
Fonte: primária.
Após seguir todas as etapas do método, foi possível encontrar 13 estudos primários,
conforme os critérios de seleção propostos para essa revisão integrativa. No Quadro 4,
apresentam-se os autores, título, ano da publicação, periódico, base de dados que foram
localizados os estudos primários.
37
4.2 Caracterização dos estudos selecionados e o fator de impacto das revistas
Em relação ao período de publicação, 23,07% dos artigos foram publicados entre 2000
à 2008, 76, 92% dos artigos foram publicados entre os anos de 2009 à 2012. Isso mostra que
houve um potencial aumento no interesse e nas publicações de pesquisas nas áreas de enfoque.
Com relação à base de dados, 23,07% foram encontrados no livro que corresponde à editora
Habilis, 23,07% no banco de dados SIBi, 15,38% foram encontrados no banco de dados do
Museu Nacional, 7,69% na Biblioteca Digital UFPE, e 7,69% na Biblioteca Digital Mundial e
7,69% no banco de dados do Museu de Arqueologia e Etnologia.
No Quadro 5 estão listados os nomes dos periódicos, número de artigos encontrados e
fator de impacto de cada um deles.
Na revistas Cuadernos de Medicina Forense, Revista Segurança, Justiça e Cidadania,
Revista Saúde, Ética e justiça, Revista Científica Complutenses, Revista do I Encontro de
Arqueologia de Mato Grosso do Sul, Revista de Criminologia e Ciências Penitenciárias e
Revista CLIO Arqueológica, em cada uma delas foram publicados 7,69% dos artigos
selecionados. Na Editora Habilis foram publicados 23,07% dos artigos selecionado e 15,38%
foram publicados na Revista Medicina – Ribeirão Preto. A editora Habilis foi a que mais
apresentou publicações sobre o tema, contudo não apresentou fator de impacto.
No Quadro 5 é possível visualizar o fator de impacto das revistas onde os artigos foram
encontrados. O fator de impacto foi criado em 1955 pelo pesquisador Eugene Garfield, que
propôs um índice que avaliasse a qualidade das publicações. O cálculo para medir o fator de
impacto é feito a partir do número de citações dividido pelo número de artigos publicados nos
últimos 2 anos.
PERÍODICO
ARTIGOS
FATOR DE IMPACTO
Cuadernos de Medicina Forense
1
0,167
Segurança, Justiça e Cidadania
1
-
Sáude, Ética e Justiça
1
-
Habilis
3
-
Revista Científica Complutenses
1
0,114
I Encontro de Arqueologia de Mato
1
-
1
-
1
-
Grosso do Sul
Revista de Criminologia e Ciências
Penitenciárias
CLIO Arqueológica
38
Medicina – Ribeirão Preto
2
-
Quadro 5 – Fator de Impacto das Revistas
Fonte: Institute for Scientific Information (ISI).
A Figura 12 mostra a dinâmica do estudo até a amostragem final dos artigos incluídos
neste trabalho:
Estudos
Repetidos;
Períodicos Scielo
(2)
Não aborda
metodologia para
Antropologia e
Arqueologia
Forense, Habilis
(1), Biblioteca
Mundial (4)
Estudos fora do
período amostral:
2
Estudos selecionados
por meio de busca nos
bancos de dados: Scielo
(7), MAE (1), SIBi (4),
Biblioteca Digital Mundial
(5), Habilis (6), Museu
Nacional (2), Biblioteca
Digital UFPE (1) = 26
artigos
Impossibilidade de
download ou
acesso, Biblioteca
Digital (4)
Estudos
Relevantes: Scielo
(2), MAE (1), SIBi
(3), Biblioteca
Digital Mundial
(1), Habilis (3),
Museu Nacional
(2), Biblioteca
Digital UFPE (1)
Total de amostra
13
Figura 12 – Dinâmica do estudo até a amostragem final dos estudos
Fonte: primária.
4.3 Análise dos artigos incluídos na revisão integrativa
No Quadro 6 estão reunidos os estudos primários, conforme seus autores, títulos, ano,
periódicos e base de dados que foram encontrados.
A análise foi realizada de forma descritiva, visando organizar e reunir o conhecimento
sobre a temática. Para a coleta de dados incluídos nesta revisão integrativa, foi feita uma
adaptação da ficha de coleta utilizada por Souza; Silva; Carvalho (2010) apud Ursi (2005), com
39
a finalidade de atender as necessidades das ciências humanas, uma vez que a ficha original foi
feita com objetivos pautados na área da saúde. Essa ficha possui os seguintes itens: título do
artigo, base de dados, periódico de publicação, identificação do(s) autor(es), ano de publicação,
objetivo, características metodológicas, resultados e conclusões. Essas fichas auxiliam a
discussão sobre metodologias dos estudos, resultados alcançados, como também o estado atual
da área estudada. O principal objetivo das mesmas é fornecer a síntese da temática,
proporcionando análise descritiva das publicações selecionadas.
Itens
1
2
3
4
5
6
7
Autores
Título
La antropologia forense al servicio de
MALGOSA, A
lajusticia y lahistoria: lasfosas de la
et al.
Guerra Civil
Perícias Forenses e Justiça Criminal sob
LESSA, A.
a ótica da Antropologia Forense no
Brasil
FUZINATO, D.; O papel do médico legista e outros
FONTES, L.;
profissionais forenses para a preservação
SILVA, S.
do patrimônio arqueológico brasileiro
Introdução aos estudos históricos sobre a
arqueologia e a antropologia forenses no
SILVA, S.
Brasil: práticas correlatadas na polícia de
São Paulo (1920- 1960)
Arqueologia em Meio Forense: Estudos
SILVA, S.;
sobre o Estado da Arte da Disciplina e
OLIVEIRA, M.
sua implantação no Brasil
SILVA, S.;
A Arqueologia Forense na Investigação
NAZAKA, E.; Criminal: o método pode fazer a
OLIVEIRA, R. diferença
Arqueología de un silencio. arqueología
BALLBÈ, E.
forense de la Guerra Civil y del
Franquismo
Ano
Periódico
Base de
Dados
2010
Cuadernos de
medicina forense
Scielo
2010
Segurança, Justiça
e Cidadania
2009
Saúde, Ética e
Justiça
2009
2009
2009
2008
8
SOUZA, S.
Bioarqueologia e Antropologia Forense
2009
9
SANTOS, A.
Estudos Arqueológicos à Serviço de
Contextos Criminais: Arqueologia
Forense
2012
10
SILVA, S.;
CALVO, J.
11
12
Potencial de análise e interpretação das
deposições mortuárias em arqueologia:
perspectivas forenses
Dois Anos de Antropologia Forense no
SOARES, A.;
Centro de Medicina Legal (CEMEL) da
GUIMARÃES,
Faculdade de Medicina de Ribeirão
pppM.
Preto-USP
Estudo de Problemas Preliminares
Vinculados à Existência da Arqueologia
SILVA, S et al.
Forense e da Antropologia Forense no
Brasil
2007
Arqueologia
Direito e
Democracia
Museu
Nacional
SIBi
Editora Habilis
Arqueologia
Direito e
Editora Habilis
Democracia
Arqueologia
Direito e
Editora Habilis
Democracia
Revista
Biblioteca
Científicas
Digital
Complutenses
Mundial
I Encontro de
Arqueologia de
Museu
Mato Grosso do
Nacional
Sul
Revista de
criminologia e
Scielo
ciências
penitenciárias
Revista do Museu
Museu de
de Arqueologia e Arqueologia e
Etnologia
Etnologia
2008
MEDICINARibeirão Preto
2012
Clio Arqueológica
SIBi
Biblioteca
Digital UFPE
40
13
FRANCISCO,
R et al.
Antropologia forense no Centro de
Medicina Legal da FMRP/USP, estudo
comparativo de casos de 1999-2009
2011
MEDICINARibeirão Preto
SIBi
Quadro 6 – Estudos primários, autores, títulos, periódicos e banco de dados
Fonte: primária
4.4 Apresentação e análise dos estudos primários
Nos Apêndices 1 a 13 são apresentados os 13 estudos primários, cada quadro representa
uma ficha, com informações sobre o autor, título, ano da publicação, objetivo do estudo, critério
metodológico, resultados e a conclusão. A busca dos estudos foi realizada no período de abril
a julho do ano de 2014, foram encontrados 26 artigos elegíveis ao critério de inclusão, assim
como de relevância ao problema, sendo encontrados 2 artigos repitidos nas base de dados
Scielo, 19 artigos foram lidos na íntegra e treze foram selecionados pois atenderam aos critérios
de inclusão.
O número de publicações na área de antropologia e arqueologia forenses teve um
crescimento de 53,85% na América Latina com base nos artigos selecionados, porém é
necessário um incentivo maior por parte dos governos, principalmente em nosso país. Os
principais países da América Latina já utilizam essas disciplinas em meio forense, porém ainda
há um longo caminho a percorrer. Na área criminal, é possível observar a evolução na
Argentina, ela é o país pioneiro no uso da antropologia e arqueologia forenses, o Brasil e a
Colômbia são países que já passaram por políticas ditatoriais, e isso desfavorece o crescimento
dessas disciplinas, pois os governos atuais não tem interesse que novos fatos sejam descobertos,
uma vez que as duas disciplinas podem trazer fatos que comprometem o poder público. “Lidar
com a verdade na justiça de transição significa iluminar a violência do Estado, silenciada pela
narrativa oficial, e portanto, destacar o legado autoritário que permanece nossa democracia (já
que há muitas situações mantidas em segredo) (SOARES, 2009).
Introduzir a antropologia e arqueologia em meio criminal é muito importante e precisa
ser discutida, não só pelo fato de existirem muitas evidências a serem inseridas na nossa
história, como mecanismo de avivar a memória, enriquecer a nossa cultura mas principalmente
para descobrir a verdade. Outro lado muito importante, que essas duas ciências podem auxiliar
com grande êxito, diz respeito ao alto crescimento da violência. Dados do Mapa da Violência
2014 mostram um crescimento de 13,4% nos registros de homicídios em comparação aos
números de 2002, esse percentual é maior que o crescimento da população do nosso país
(11,1%). A integração da antropologia com a arqueologia forenses se fazem mais do que
41
necessárias, são fundamentais e urgentes pois, levam não só identificação da vítima mas
também ajudam à identificação do assassino.
Com base nas análises dos artigos é possível ver que muitos deles apontam a falta de
incentivo do governo no crescimento da área, a falta de interesse para a implantação de novos
cursos de graduação e especializações nas áreas. No relatório feito pela coordenação de
aperfeiçoamento de nível superior – diretoria de avaliação, 2013, é possível obter dados que
mostram o atual crescimento no país. No início do ano 2000, contava com 10 programas de
pós-graduação: seis programas com mestrado e doutorado e quatro programas com mestrado.
No triênio de 2007 a 2009 passou a contar com 20 programas acadêmicos, sendo doze com
mestrado e doutorado e oito com mestrado, ou seja, um total de 32 cursos. No triênio de 2010
a 2012 à expansão da área chegou a 41 cursos em 25 programas: dezesseis com mestrado e
doutorado e nove com mestrado, apontando a tendência de um aumento maior de programas
que englobam os níveis de cursos.
Na figura 13 é apresentado, o crescimento dos programas de pós-graduação na área de
antropologia e arqueologia, comparando-se a situação em 2000 com os triênios subsequentes
até o triênio 2010/2012 e programas novos que tiveram a aprovação em 2010, 2011 e 2012.
Figura 13 – Crescimento de especializações em antropologia e arqueologia
Fonte: Relatório CAPES -Diretoria de Avaliação, 2013.
42
Segundo Silva et al. (2009), entre os anos de 2004 e 2005 foi registrado o início de uma
disciplina denominada Arqueologia Forense no interior de uma instituição de ensino policial
do Estado de São Paulo. Essa disciplina esteve ativa entre 2005 e 2010. Atividades similares
foram desenvolvidas na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, na área da antropologia
forense. Este feito pode estar diretamente relacionado com as publicações no período de 2005
a 2010, aumentando 69,23% no Brasil, com base nos artigos selecionados, o que além de
melhorar as investigações criminais, ainda desenvolve pesquisas importantes em meio
acadêmico. Isso nos leva a refletir sobre quais medidas podem ser tomadas para que o governo
do nosso país incentive o crescimento dessas duas áreas da ciência. Acredito que a primeira
medida deve ser a de informar à sociedade sobre o campo que abrange essas duas disciplinas e
o quanto elas podem ajudar a solucionar crimes, inserir nas escolas programas educativos que
diz respeitem às ciências forenses em geral. Desta forma o interesse poderá surgir mais cedo.
Considero de suma importância inserir profissionais forenses nas polícias estaduais e federais,
isso representaria uma evolução dentro dos institutos policiais como também daria apoio aos
institutos de pesquisas antropológicos e arqueológicos forenses.
A antropologia forense tem emergido em todo o mundo, tem contribuído
fundamentalmente para a investigações médico-legais. Ela está voltada para
problemas específicos relacionados com aplicações forenses continuam a melhorar a
metodologia em todas às áreas da ciência (UBELAKER, 2004).
Talvez, as pessoas não percebam a enorme importância e aplicabilidade dos
conhecimentos antropológicos e arqueológicos, que transcendem o ato de observar e
interpretar as dinâmicas sociais humanas, bem como diferentes expressões culturais e
reciprocidade na globalização de fenômenos que possibilitam reconstruir histórias
(PARRA; PALMA,2005).
A antropologia vem buscando entender aspectos culturais, sociais e biológicos do
homem, trazendo informações valiosas para a ciência e consequentemente para a sociedade. A
arqueologia muitas vezes associada à antropologia também proporcionou, com suas
particularidades avanços dentro da ciência. Essas duas disciplinas sempre caminharam juntas,
e não é diferente dentro do campo forense, às duas se auxiliam, fornecem informações
inestimáveis umas para as outras. Podem juntas desvendar muitos mistérios, reconstituir o
passado recente e identificar vítimas e ajudar a identificação de assassinos.
A trajetória de interesse e atividade em antropologia forense não mostra nenhum sinal
de redução. Todos os indicadores sugerem que o número de antropólogos forenses em
todo o mundo vai continuar acompanhando pesquisas sobre temas forenses, avanços
na metodologia e aumento do emprego e oportunidades (UBELAKER, 2004).
43
As ciências forenses em geral há muito tempo vêm auxiliando o direito penal. A
antropologia forense sempre foi um dos destaques desse auxílio, no Brasil, ainda é pouco
utilizada assim como a arqueologia forense. Seus conhecimentos e técnicas colaboram de forma
significativa tanto cientificamente como na aplicação da justiça. Hoje essas duas áreas são
indispensáveis ao combate da violência fornecendo dados confiáveis que podem ser utilizados
em um processo penal.
É necessária uma série de discussões sobre o futuro da antropologia e arqueologia
forenses, principalmente dentro do Brasil, uma vez que nos países desenvolvidos elas já se
encontra inseridas na área jurídica, e possuem reconhecimento e espaço. Acredito que no Brasil
o primeiro passo seja à criação de uma organização de antropólogos e arqueólogos forenses,
Silva (2009), destaca a importância da organização de simpósios, cursos e palestras dentro da
polícia civil para que a antropologia e a arqueologia sejam melhores entendidas e definidas,
assim como melhorar a relações entre os gerenciadores das polícias judiciárias, destacar
também a importância da qualificação de peritos, médicos legistas e auxiliares nas áreas.
Outro problema claramente exposto na maioria dos artigos analisados, é o fato da má
qualificação dos profissionais envolvidos no resgate de corpos esqueletizados ou ainda com
tecido. Aqui no Brasil, esse resgate é feito na maioria das vezes por bombeiros e coveiros,
totalmente despreparados para tal atividade, sendo assim, muitas vezes não se obtém sucesso
nas investigações por falta de registros do local, da disposição do corpo, do número de ossos
resgatados e pelo transporte feito de maneira incorreta, assim como a guarda do material
coletado.
Outra reclamação dentro da área forense na América Latina é a falta de padronização de
protocolos de escavação e também de laboratório, pois cada profissional adapta ao seu modo;
sendo assim, muitas vezes falta informações que são importantes para a identificação do
indivíduo. É necessário que seja discutido pelos profissionais da área, um padrão de protocolos
mínimos, para melhorar tanto a eficácia do trabalho quanto para ajudar de maneira relevante
futuras pesquisas. A sugestão do protocolo mínimo, resguardará atividades profissionais, que
observarão a peculiaridade do caso, podendo expandir o protocolo, em relação ao local, tempo
e espaço, trazendo informações mais detalhadas.
Os métodos e técnicas apresentados na revisão integrativa dentro da antropologia e
arqueologia forense são muito eficazes, os estudos primários evidenciam alguns métodos e
técnicas utilizados pelos antropólogos e arqueólogos forenses. É possível notar que muitos deles
são utilizados mais comumente. Os métodos mais utilizados em campo com base nos artigos
selecionados são: a prospecção, o mapeamento, fotografias, o uso de equipamentos como o
44
georadar e detector de metais. Já no âmbito laboratorial, a higienização de amostras e restos
ósseos, técnicas de osteometria, tafonomia e colagem.
Na maioria dos casos quando se encontram restos esqueletizados, um exame
antropológico detalhado pode identificar a causa da morte, o sexo do indivíduo, a estatura, a
raça, destreza, algumas patologias, lesões feitas antes, depois e durante a morte entre outras
informações que ajudam a identificar o indivíduo encontrado. Uma vez que o esqueleto contém
essas informações é de extrema importância a presença de um arqueólogo no local, para que
seja feita a escavação do corpo de maneira adequada, assim como a documentação e observação
do contexto em que se encontram os resto, uma vez que o arqueólogo é o responsável por
contextualizar o local e o corpo, analisando tudo que envolve os restos. No entanto, há sempre
necessidade de avanços metodológico.
Existem muitas questões a serem apontadas nessa área tanto no âmbito da América
Latina, quanto no Brasileiro, pois ainda existe um longo caminho a ser percorrido, uma vez que
essas duas ciências são relativamente novas e pertencem à um grupo seleto de profissionais.
No Quadro 7 foi realizada uma síntese dos objetivos de cada artigo selecionado na
revisão integrativa, a fim de comparar os interesses de cada autor, e analisar o desenvolvimento
da antropologia e arqueologia forenses. Pode-se notar que os objetivos são diversos e que é
estritamente necessário o desenvolvimento pesquisas sobre o tema. É claramente visto que há
necessidade de discussões sobre implantação da antropologia e arqueologia forenses em
institutos periciais, uma vez que na América Latina e principalmente no Brasil, ainda existe
preconceito por parte dos profissionais desses institutos. Também é possível notar que apenas
dois artigos (15,38%) têm por objetivo apresentar resultados de pesquisas já realizadas, quatro
(30,76%) artigos têm objetivo de discutir questões dentro da temática, três (23,07%) dos artigos
tem por objetivos analisar questões referentes ao tema e quatro artigos (30,76%), buscam definir
ou destacar pontos dentro da antropologia e arqueologia forenses dentro do período de 2000 à
2014.
45
Número do
Estudo
Estudo 1
Estudo 2
Estudo 3
Estudo 4
Estudo 5
Estudo 6
Estudo 7
Estudo 8
Estudo 9
Estudo 10
Estudo 11
Estudo 12
Estudo 13
Objetivos
Apresentar resultados da intervenção realizada no poço de Gurb, recuperar, exumar e identificar
indivíduos.
Destacar a importância da existência formal de especialistas em antropologia forense nas
instituições periciais.
Apresentar e divulgar informações legais e normas relativas ao patrimônio arqueológico, para
orientar médicos legistas e outros profissionais forenses nos procedimentos técnicooperacionais, quando achado de restos for de interesse arqueológico.
Discutir a correlação da antropologia forense no Brasil, fora do meio acadêmico.
Definir a antropologia forense, mostrando a complexidade da disciplina e sua implantação no
Brasil.
Discutir o trabalho realizado pelo arqueólogo forense.
Analisar o ajuste de práticas arqueológicas que adquirem dimensão real da arqueologia forense
no movimento da memória histórica.
Discutir o campo científico da bioarqueologia, para responder questões arqueológicas.
Desenvolver um breve resumo dos mais de 30 anos que a arqueologia forense vem sido utilizada
no Brasil.
Evidenciar o potencial de análise de deposições mortuárias e a importância de suas
interpretações pra arqueologia numa perspectiva forense.
Discutir a necessidade de melhorias e capacitação técnica e de condições de trabalho para os
responsáveis pela coleta de ossadas no seu local de encontro, assim como o seu transporte.
Avaliar a interação e a distinção operacional entre a arqueologia da morte e antropologia
biológica e as ciências forenses.
Analisar casos forenses acumulados nos anos de 1999 à 2006.
Quadro 7 – Comparação dos objetivos dos estudos selecionados
Fonte: primária.
46
CONCLUSÕES
As análises dos estudos primários mostram que os métodos e técnicas utilizadas dentro
da antropologia e arqueologia são eficazes e seguros quando realizados em investigação
criminal, mas apontam a precariedade estrutural e profissional na área forense. Estes
profissionais são desprovidos de laboratórios, materiais de trabalho e auxílio técnico. A falta de
profissionais capacitados adequadamente, associados a falta de incentivo governamental na
área forense, são elementos que impossibilitam um serviço de qualidade.
Os antropólogos e arqueólogos forenses ainda não são bem aceitos dentro de institutos
criminais no Brasil, a principal causa disso é a má formação dos profissionais desses institutos
e a falta de investimento. Nos principais países da América Latina a antropologia e arqueologia
forense vem crescendo e ocupando espaço dentro dos principais institutos criminais, porém
ainda há um extenso caminho a ser percorrido até à profissionalização, adequação dos institutos
assim como a implantação dessas duas áreas.
A partir do quadro 5, é possível notar que o número de artigos publicados em revistas
de alto impacto ainda é muito pequeno, isso se deve ao número de artigos repetidos e a falta de
informações que trazem, muitos artigos publicados não seguem o rigor necessário para serem
publicados em revistas de alto rigor.
É importante ressaltar a necessidade de profissionais forenses reunirem forças, para
divulgar os benefícios que as ciências forenses trazem à sociedade. Os profissionais envolvidos
na área devem buscar meios para o desenvolvimento de projetos de pesquisas, assim como
divulgar os resultados desses estudos, ressaltando à importância da implantação da antropologia
e arqueologia forense, como também a relevância delas para o combate à violência crescente
na América Latina, principalmente no Brasil, O desenvolvimento de pesquisas pode também
contribuir para avanços nas metodologias e técnicas utilizadas nas duas disciplinas.
A antropologia e arqueologia forenses, possuem alto potencial na resolução de crimes,
conforme os países forem se desenvolvendo a tendência é que essas duas áreas de conhecimento
cresçam e tomem seu espaço, trazendo muitos avanços no âmbito judicial e melhorando à
qualidade de vida da população.
Através da revisão integrativa de literatura foi possível identificar os problemas
enfrentados nas áreas da antropologia e arqueologia forense, como também visualizar o estado
atual dessas duas disciplinas na América Latina, principalmente no Brasil, entender a relevância
da implantação dessas duas áreas nos países que estão em desenvolvimento, como também ter
uma perspectiva ampla sobre as duas disciplinas nos dias de hoje.
47
48
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53
APÊNDICE 1 – Ficha do Estudo Nº 1
Nº do Estudo
Autor
Título
Ano
Objetivo
Critério
Metodológico
Resultados
Conclusão
1
MALGOSA, A et al.
La antropologia forense al servicio de lajusticia y lahistoria: lasfosas de la Guerra Civil
2010
Apresentar resultados da intervenção realizada no poço de Gurb, recuperar, exumar e identificar
quatro soldados republicanos lá enterrados.
A investigação histórica foi realizada pelo Centro de Estudos Históricos de Gavà. A
documentação para a identificação foi feita mediante uma ficha de informação com dados ante
morte durante entrevistas com membros da família.
A escavação arqueológica se deu em várias fases: 1) Confirmação da localização do poço por
diferentes métodos históricos e geofísicos; 2) Documentação do contexto, com referência
especial em relação entre esqueletos e os diferentes tipos de artefatos, assim como a
sobreposição entre os indivíduos dentro do poço e; 3) Exumação dos restos humanos
combinados com a documentação antropológica.
Foi realizada a planimetria da disposição dos esqueletos, através do georreferenciamento das
imagens fotográficas de vários indivíduos.
O estudo antropológico de laboratório consistiu em elaborar um perfil biológico de cada um
dos indivíduos. A partir das características morfológicas das regiões pélvicas, craniais e
secundariamente aplicando-se funções discriminantes foi diagnosticado o sexo. O estudo
osteométrico consistiu no registro de 15 medidas lineares da região cranial e 13 medidas diretas
e 3 medidas de robustez da região poscranial e se calculou a estatura. O estudo de patologias
baseou-se na observação de alterações morfológicas indicativas de patologia ante mortem. As
lesões ósseas traumáticas perimortem foram analisadas e caracterizadas de acordo com sua
origem e mecanismo, a diferenciação entre lesões antemorten e perimortense considerou a
partir da remodelação óssea
A análise genética foi realizada a partir de fragmentos dentais que foram processados em três
laboratórios: Instituto de Biologia Evolutiva (SCIC-UPF) e da UB, o Departamento de Biologia
Celular, Fisiologia e Imunologia (UAB-BC) e do antigo laboratório de DNA da Unidade de
Antropologia Biológica do departamento de Biologia Animal, Biologia Vegetal e Ecologia
(UAB-AB), estes dois últimos da UAB.
Os dados ante mortem, as limitações derivadas do tempo decorrido e da idade dos informantes
no momento do desaparecimento, impossibilitaram a obtenção de dados significativos, relativos
a caracteres individuais das quatro pessoas desaparecidas. Em relação à informação fotográfica
unicamente se pode dispor de fotografias frontais de AO e JS enquanto o JR e GI se obtiveram
fotografias de perfil. Para análises genéticas se dispôs de amostras biológicas de duas sobrinhas
matrilinear de JS, do filho de GI e a filha de AO. Os registros e filiações militares facilitadas
pelo Arquivo Geral Militar de Guadalajara apontaram dados sobre a idade, profissão e tamanho.
A escavação da cova de Gurb proporcionou o resto de 13 indivíduos adultos e de sexo
masculino. Os esqueletos foram encontrados parcialmente sobrepostos entre eles, nove deles
na posição propenso e um na posição lateral e três na posição supina. A posição dos esqueletos
indica que foram arrastados por debaixo dos braços e pelos pés através do acesso a cova, no
lado sul, seguindo o eixo longitudinal desta.
Os restos de conservação dos ossos, era em geral, muito bom, apesar de que alguns crânios
foram esmagados devido, provavelmente o peso do sedimento que os cobriam. Unicamente os
processos naturais pós deposicionais afetaram os restos dos esqueletos, especialmente os
situados na metade norte da cova e próximos a margem oriental. Por outro lado, a maioria das
fraturas ósseas observadas, correspondiam a lesões perimortem, relacionadas diretamente com
a causa da morte.
Finalizada a intervenção na cova de Gurb, se iniciou os estudos dos restos em laboratório. A
caracterização genética foi realizada em todos os esqueletos. Se obteve um perfil mitocondrial
de todos os indivíduos.
Foram recuperados os restos de 13 indivíduos, todos do sexo masculino, a maioria jovens
adultos. A análise antropológica e forense evidenciou muitas fraturas peri mortem, a maioria
relacionada com a presença de balas.
Enquanto a identificação, os dados morfológicos não foram muito específicos, uma vez que os
quatro indivíduos que se buscavam eram do mesmo sexo, tinham idades parecidas (38,38,38 e
54
39), a mesma ocupação (agricultores) e tamanhos parecidos (162, 162, 171, 171cm). No
entanto, o conjunto de dados morfológicos e genéticos permite afirmar a identidade de um
indivíduo (esqueleto número. 3).
Os outros três indivíduos, se pode-se apontar uma identificação positiva provável.
Em relação às circunstâncias e as causas de morte, em todos os casos a causa fundamental foram
as lesões por projétil de arma de fogo, que causaram lesões de diversos níveis. O número,
variedade e localização das lesões, são compatíveis com um contexto de batalha.
Portanto, se pode identificar de maneira confiável o esqueleto num. 3, enquanto a
correspondência entre o esqueleto número. 1 e GI, o esqueleto número. 7e AO, e o esqueleto
número. 8 e JR, apontam uma identificação positiva provável.
55
APÊNDICE 2 – Ficha do Estudo Nº 2
Nº do Estudo
Autor
Título
Ano
Objetivo
Critério
Metodológico
Resultados
Conclusão
2
LESSA, ANDREA
Perícias Forenses e Justiça Criminal sob a ótica da Antropologia Forense no Brasil
2010
Destacar a importância da existência formal de especialistas em Antropologia Forense nas
instituições periciais.
Inicialmente, foi apresentada uma metodologia padronizada para o levantamento dos dados
nas cinco capitais escolhidas, porém, tornou-se fundamental a adaptação da metodologia
proposta em função da diversidade de contextos.
Os critérios para as capitais representativas de cada região foram a sua classificação como
metrópoles globais, nacionais ou regionais (IBGE,2004). Afim de contemplar todas as
regiões do território Nacional, as cidades eleitas foram; Rio de Janeiro, São Paulo, Belém,
Goiânia, Porto Alegre e Salvador.
O recorte temporal abrangeu os anos de 2000 a 2003, e a definição dos tipos de cadáveres
de interesse antropológico foi feito em função da impossibilidade de identificação positiva
através de exame necropapiloscópico ou por reconhecimento por parte de familiares. Os
tipos de cadáveres de interesse são as ossadas, os carbonizados, os mutilados e os
putrefeitos. A coleta de dados foi realizada a partir de quatro blocos de atividades: coleta de
dados qualitativos referentes à localização e remoção dos cadáveres de interesse, através da
aplicação de um questionário fechado em autoridades policiais da Polícia Civil, coleta de
dados quantitativos referentes à localização e remoção dos cadáveres de interesse para
Antropologia Forense através dos Boletins de Ocorrência emitidos pelas delegacias de
Polícia Civil, coleta de dados qualitativos referentes à análise e identificação dos cadáveres
de Interesse para a Antropologia Forense, através de entrevistas com médicos legistas
lotados nos necrotérios dos Institutos Médico-Legais, coleta de dados quantitativos
referentes à análise e identificação dos cadáveres nos IMLs.
Em cada cidade escolhida o critério metodológico foi adaptado, sendo combinados esses 4
blocos de atividades.
No Rio de Janeiro, é rara a presença de peritos de local durante as operações de remoção de
ossadas. Os contextos geográfico e social da cidade certamente influenciam na ausência de
peritos de local, uma vez que a maioria das ossadas se encontram em lugares de difícil
acesso, além de serem perigosos.
As demais cidades estudadas também possuem situações semelhantes, onde a escavação e
documentação das ossadas e contexto associado não são realizados segundo métodos e
técnicas da arqueologia. Em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia e Porto Alegre as ossadas
são coletadas pelo corpo de bombeiros ou policiais civis, sendo assim o auxílio dos
bombeiros só se faz necessário em locais de difícil acesso.
Em Salvador, os peritos de local evidenciam a ossada quando está parcialmente enterrada,
porém quando há necessidade de escavação, o trabalho de coleta é realizado pelo corpo de
bombeiros.
Em Belém, geralmente, o material é encontrado por populares, os quais removem as ossadas
ou solicitam o serviço do coveiro da cidade, sendo assim encaminhadas para a Polícia
Militar.
O IML do Rio de Janeiro não possui um Setor de Antropologia Forense, e as perícias em
cadáveres de interesse antropológico são feitas no mesmo laboratório e pelos mesmos
legistas que periciam cadáveres frescos.
Em São Paulo, Goiânia, Belém, Salvador e Porto Alegre existem Núcleos de Antropologia
Forense com laboratórios e alguns equipamentos específicos, onde os profissionais se
dedicam à análise de ossadas.
Os laudos emitidos pelos legistas dessas instituições citadas demonstram adequação dos
métodos utilizados nas análises.
Os resultados da pesquisa comprovam a importância da existência formal de especialistas
em Antropologia Forense, nas instituições periciais, contrariando a ideia inicial de que a
perícia antropológica é um exame complementar.
A inexistência de cursos de graduação e mesmo pós-graduação em Antropologia Forense
no país, fez com que a disciplina ficasse adormecida durante muitas décadas, andando na
56
contramão da tendência mundial no que concerne à promoção de uma maior eficiência e
modernização das instituições periciais.
Capacitar profissionais, no entanto, não é o maior desafio imposto às instituições periciais,
mas sim desenhar uma estrutura organizacional onde haja um intenso e fluido diálogo entre
os três componentes da engrenagem que mantém ativa a perícia antropológica eficiente: em
um primeiro momento a etapa de campo, com todos os procedimentos adequados para a
escavação, documentação e remoção dos cadáveres; em um segundo momento de a análise
osteológica, realizadas por especialistas e em laboratório adequado; finalmente a etapa de
confrontação entre os resultados observados nas análises e aqueles provenientes de bancos
de dados de pessoas desaparecidas que contenham informações de interesse antropológico.
Porém, muito mais do que modernizar as instituições periciais brasileiras, estamos falando
em podar alguns tentáculos da violência que se estendem muito além das vítimas reveladas
pelas estatísticas, mas sufocam toda a sociedade.
No Brasil, segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), 3,3% PIB é gasto
com custos diretos da violência (Briceño-Leon, 2002), o que representa um valor três vezes
maior do que os custos que o país investe em Ciência e Tecnologia (Minayo, 2005).
Este é um assunto de especial interesse a SENASP desde a implementação de laboratórios
de DNA em todo o país. Embora, tenha representado um grande avanço nas atividades
periciais os exames de DNA são bastantes dispendiosos. Ainda assim, como mostra esse
trabalho, cada vez mais ele vem tomando lugar de exames mais simples e mais baratos,
como o da Antropologia Forense.
Os resultados dessa pesquisa, infelizmente indicam que os altos custos sociais e econômicos
da violência e da impunidade são situações recorrentes, mas acenam para possíveis rumos
a serem trilhados a partir de uma contribuição efetiva da Antropologia Forense para o
fortalecimento da justiça criminal em nosso país.
57
APÊNDICE 3 – Ficha do Estudo Nº 3
Nº do Estudo
Autor
Título
Ano
Objetivo
Critério
Metodológico
Resultados
Conclusão
3
FUZINATO, D.; FONTES, L.; SILVA, S.
O papel do médico legista e outros profissionais forenses para a preservação do patrimônio
arqueológico brasileiro
2009
Este trabalho tem o objetivo de apresentar e divulgar informações legais e normas relativas
ao patrimônio arqueológico, para orientar médicos legistas e outros profissionais forenses nos
procedimentos técnico-operacionais, quando o achado de restos ósseos for de interesse
arqueológico.
Consequentemente, torna-se necessária a distinção in loco, preferencialmente, ou em
laboratório, entre casos de interesse arqueológico e de interesse forense, ambos com
legislação específica.
Não identificado no artigo.
O encontro de remanescentes humanos, comumente esqueletizados, implica a observância de
instrumentos legais pertinentes para cada caso: remanescentes de interesses arqueológico,
antropológico, forense ou sem interesse imediato. Esse encontro pode ter sido norteado pelas
exumações legais ou ilegais (SILVA, 2000).
A convergência entre os procedimentos científicos da arqueologia e os de perícia forense nos
casos de encontros de desenvolvimento da arqueologia e da antropologia em meio forense no
Brasil a partir de estudo sobre o estado de arte dessas disciplinas.
O médico-legista e outros profissionais forenses, relacionando-se com remanescentes
esqueletizados provenientes de escavações em locais de crime e exumações tradicionais,
possuem diante de si prerrogativas de instrumentos legais de diferentes instâncias que
incluem os constitucionais, infraconstitucionais, os previstos no Código Penal Brasileiro, no
Código de Processo Penal, nas resoluções e portarias específicas da Polícia. Por esse lado, a
medicina apresenta novas perspectivas para contribuir com o conhecimento sobre a sua
história – bioarqueologia, antropologia forense, arqueologia forense – e sobre os amparos
legais disponíveis quando da lida com cadáveres humanos e seus remanescentes ósseos para
além da área médica. A atuação dos profissionais forenses pressupõe o conhecimento
preliminar da ampla gama de instrumentos legais.
É importante que o profissional, quando do encontro do bem arqueológico, em específico os
remanescentes humanos, saiba como proceder para sua preservação.
Deve-se destacar, a importância do profissional saber, que o achado arqueológico deve ser
mantido in situ, já que “qualquer translação viola o princípio segundo o qual o patrimônio
deve ser conservado no seu contexto regional” (Carta de Lauseanne, 1990).
O patrimônio arqueológico constitui o “testemunho essencial sobre as atividades humanas do
passado” (CARTA DE LAUSEANNE, 1990), favorecendo o conhecimento das origens e do
desenvolvimento das sociedades humanas, sendo de fundamental importância para
humanidade inteira. A ciência da legislação de patrimônio arqueológico por médicos legistas
e outros profissionais forenses é fundamental para salvaguarda do patrimônio nacional, a
melhoria e a conscientização do fazer médico-legal, estes profissionais poderão contribuir
com o desenvolvimento das sociedades humanas e, portanto “de toda a humanidade
permitindo-lhe identificar suas raízes culturais e sociais” (CARTA DE LOUSEANNE, 1990),
colaborando para a criação de uma consciência preservacionista, preocupada com a memória
e a identidade coletivas (AZEVEDO NETTO, 2008).
58
APÊNDICE 4 – Ficha do Estudo Nº 4
Nº do Estudo
Autor
Título
Ano
Objetivo
Critério
Metodológico
Resultados
Conclusão
4
SILVA, SÉRGIO
Introdução aos estudos históricos sobre a arqueologia e antropologia forenses no Brasil:
práticas correlatadas na polícia de São Paulo (1920-1960)
2009
No Brasil, por correlação, a antropologia forense fora do meio estritamente acadêmico –
representado por faculdades e centros de pesquisa nas universidades federais e estaduais –
é aceita na área da política científica e da judiciária como uma parcela de conhecimento
vinculada ao problema de identidade e identificação, com elos sutis com os remanescentes
esqueletizados.
Os métodos de recuperação do local podem considerar os trâmites preliminares, seguidos
da localização dos remanescentes (busca por remanescentes humanos e materiais
associados); mapeamento dos remanescentes; escavação da cova (quando necessário);
coleta dos remanescentes.
No contexto laboratorial, os tratamentos dos remanescentes incluem a preparação por meio
da maceração e remoção dos tecidos moles presentes, desarticulação remoção dos tecidos
residuais, estabilização dos remanescentes; limpeza, reconstituição, colagem; inventário. A
atribuição da ancestralidade considera a existência prévia de dados diagnósticos que somam
traços antroposcópicos ou somatoscópicos (no esqueleto cranial – nariz, face, mandíbula e
dentes e post-cranial); métodos métricos (somatométricos), que consideram as mensurações
diretas, índices e funções discriminantes e um conjunto de múltiplas características
ancestrais. A atribuição de sexo inclui a sexagem através da análise dos traços
antroposcópicos e métricos da pelve e do crânio e por meio de métodos que incluem ossos
longos dos membros, escápulas, úmeros e fémures.
Mesmo atualmente, a Arqueologia em meio policial está subordinada à Medicina Legal e à
Criminalística, inexistindo como entidade independente. Nesse caso, iniciativas do
Ministério da Justiça procuram instituir uma Unidade Nacional de Antropologia e
Arqueologia Forenses desde 2009.
A interface entre o forense e o não-forense representa o problema de tipificação de um
evento no seu próprio contexto de deposição. A separação dos remanescentes humanos de
interesse criminal daqueles que constituem objeto da arqueologia e da antropologia não tem
sido feita na maioria dos casos, nos quais a intervenção é feita pelos investigadores
criminais.
Desde os primeiros encontros de ossadas registrados pela Polícia no Estado de São Paulo,
foram redigidos documentos e textos, com ou sem fotografias e ilustrações, voltados
exclusivamente à solução de casos policiais.
Desde 2009, o Instituto Médico Legal de São Paulo apresenta um modelo de laudo
antropológico que apresenta os seguintes campos para preenchimento: a) interessado,
campo destinado à unidade ou departamento solicitante; b) autoridade, destinado ao nome
do solicitante; c) referência, contendo o nome do caso; d) registro nº, com numeração
contínua e registrada em livro de registro e laudos; f) 1. Histórico; 2. Descrição, 2.1. Exame
de Crânio: 2.1.1 Características Gerais, 2.1.2 Suturas Cranianas, 2.2 Exames dos Arcos
dentários, 2.3 Exames dos Ossos Longos, 2.3.1 Características Gerais, 2.3.2 Comprimento,
2.3.3 Medidas Femorais, 2.4 Exame da Bacia Óssea, 2.5 Exames de Outros Ossos, 3.
Discussão e Conclusão.
Uma das instâncias de relação entre a arqueologia forense, a antropologia forense e a
investigação criminal verificadas em estudos de casos brasileiros na primeira metade do
séc. XIX está representada pela prática antropológica voltada à análise dos restos humanos.
Essas práticas foram exemplificadas em três casos, referentes a distintos tipos e contextos
de vestígios, que refletem a multiplicidade de eventos relativos aos encontros de esqueletos
humanos. No caso, temos: a) encontro de remanescentes arqueológicos históricos por
profissionais forenses; b) encontro de materiais ósseos humanos de uso em universidade –
ossos macerados; c) encontro de remanescentes humanos de cadáver com provável morte
natural. Os dois últimos são de interesse eminentemente legal.
59
APÊNDICE 5 – Ficha do Estudo Nº 5
Nº do Estudo
Autor
Título
Ano
Objetivo
Critério
Metodológico
Resultados
Conclusão
5
SILVA, SERGIO E OLIVEIRA, MARIA
Arqueologia em Meio Forense: Estudos Sobre o Estado da Arte da Disciplina e sua
Implantação no Brasil
2009
Definir a arqueologia forense, mostrando a complexidade da disciplina e a sua importância,
distinguir os antropólogos forenses e arqueólogos forenses, uma vez que aplicam,
respectivamente os princípios da antropologia biológica e da arqueologia em processos de
justiça.
Não identifica no artigo.
A aplicação de fórmulas em laboratório auxilia na verificação da acurácia dos
procedimentos da escavação arqueológica e dá continuidade aos estudos antropológicos.
Entre alguns problemas relacionados aos procedimentos antropológicos em meio forense e
que se relacionam tangencialmente à arqueologia forense temos a determinação da
ancestralidade, diagnose de sexo, estimativa da idade, o cálculo da estatura, os traumas,
tafonomia, a queima e o problema da análise do sistema maxilo-mandibular, objeto
específico da Odontologia Forense.
Os estudos tafonômicos envolvidos tanto na Arqueologia quanto na Antropologia forenses
incluem a verificação da presença de fatores ambientais (externos: agentes do delito);
fatores individuais (internos: o corpo, a biotafonomia); localização dos remanescentes:
ambientes de florestas, áreas de cultivo e agricultura, áreas urbanas, entre outros; e da
descrição e proposta de métodos de recuperação dos remanescentes, histórico da região,
descrição detalhada das condições físicas do remanescentes humanos no laboratório (todas
as modificações foram identificadas?), conhecimento dos fatores tafonômicos relevantes
que ocorrem em vários ambientes (como local difere de outros?), observações ecológicas
comparativas.
No Brasil, a arqueologia, em pleno desenvolvimento, acabou sendo, considerada possível
em meio forense nas décadas de 1980, 1990, finalmente sendo aceita no interior da polícia
judiciária entre 2004 e 2009, ainda como um agregado de técnicas de uso viável a qualquer
especialista criminal, de qualquer área da ciência, como os peritos criminais e os médicos
legistas, desvinculada de um substrato teórico mínimo e desconsiderando a existência de
uma arqueologia forense independente, como a entomologia forense.
No início de 2009, o empenho da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério
da Justiça do Brasil resultou, via portaria ministerial, na criação do grupo de trabalho para
a criação da Unidade Nacional de Antropologia e Arqueologia Forenses (UNAAF).
Nos últimos 20 anos, a formação de eventos significativos para a congregação de
pesquisadores e profissionais na área forense têm sido mínima. A formação e qualificação
de peritos, médicos-legistas e auxiliares das regiões brasileiras em Cursos Especiais de
Arqueologia Forense podem ser promovidas pela ação conjunta do Ministério da Ciência e
Tecnologia e da Universidade de São Paulo.
As dificuldades encontradas para expansão do emprego de métodos e técnicas da
arqueologia e da antropologia em meio forense decorre das relações entre os gerenciadores
das polícias judiciárias e os gerenciadores das universidades e instituições correlatadas. A
difusão de uma cultura inter e intrainstitucional sobre a existência da arqueologia e a sua
importância nas investigações criminais através de cursos experimentais é uma
possibilidade de propiciar boas relações entre pesquisadores e policiais.
Interessa a criação de vínculos mediante cursos ministrados em conjunto, tanto por
profissionais das universidades aos policiais, quanto por policiais aos profissionais de
universidades.
O estímulo à pesquisa em arqueologia forense pode ser empreendido através de reuniões,
fóruns temáticos, simpósios, congressos, palestras, cursos entre comunidades acadêmica e
da polícia judiciária, objetivando a associação sistemática de dados experimentais com
dados das casuísticas policiais.
60
APÊNDICE 6 – Ficha do Estudo Nº 6
Nº do Estudo
Autor
Título
Ano
Objetivo
Critério
Metodológico
Resultados
Conclusão
6
SILVA, NAZAKA E OLIVEIRA
A Arqueologia Forense na Investigação Criminal: O Método Pode Fazer a Diferença
2009
Tratar sobre a arqueologia forense, no âmbito policial e quanto aos procedimentos
utilizados. Distinguir antropologia e arqueologia, assim como abordar a aplicação de
métodos utilizados na arqueologia forense.
Não identificado no artigo.
Entre 2005 e 2006, na Academia de Polícia Civil de São Paulo, por meio da Secretaria de
Cursos Complementares, foi ministrado o Curso Especial de Arqueologia Forense.
A aplicação de métodos e técnicas da Arqueologia Forense faz-se necessária em casos de
locais inidôneos (não preservados). Estes apresentam os vestígios produzidos pela prática
de um evento, deteriorados qualitativa e quantitativamente em decorrência da ação
antrópica, dos animais, das intempéries e pela ação da decomposição cadavérica.
Os materiais associados ao corpo, suas disposições, como vestes, adornos e bens pessoais,
instrumentos de crime, lentes, próteses, estruturas de cobertura ou de combustão e outros
(microvestígios) constituem um conjunto de dados de interesse documental durante uma
intervenção arqueológica forense.
Em São Paulo o treinamento de policiais em procedimentos arqueológicos forenses mostrase inédito. Amparada pelas resoluções SSP-SP 194/99 e 382/99, sobre a coleta sistemática
de amostras biológicas e sobre os procedimentos em locais de crime, a arqueologia forense
- ou arqueologia policial, ou ainda, antropologia policial – encontra-se em estágio
embrionário no Brasil. O emprego de métodos e técnicas da arqueologia, em especial
aqueles voltados aos trabalhos de campo, vinculados às etapas de gerenciamento de
projetos, prospecção, mapeamento, abordagens horizontais e verticais de covas clandestinas
– inumações criminosas para efetiva ocultação de cadáveres – evidenciação, decapagem
controlada, documentação, exumação, transporte e eventuais etapas de laboratório que
incluem limpeza, reconstrução, foram temas durante esses treinamentos entre 2005 e 2008.
Consideramos viável a elaboração de resoluções secretariais que contemplem o emprego de
métodos e técnicas da arqueologia, antropologia e da entomologia em meio forense.
61
APÊNDICE 7 – Ficha do Estudo Nº 7
Nº do Estudo
Autor
Título
Ano
Objetivo
Critério
Metodológico
Resultados
Conclusão
7
BALLBÈ, E
Arqueología de un silencio. arqueología forense de la Guerra Civil y del Franquismo
2008
Analisar o ajuste de práticas arqueológicas, que adquirem uma dimensão real da arqueologia
forense no movimento pela memória histórica, na legislação espanhola atual e nas políticas
de administração públicas.
Não identificado no artigo.
A arqueologia, em quanto disciplina envolvida nas representações da realidade social ao
longo do tempo, tem sido sempre sujeita à interesses políticos. A crítica pós-moderna e
algumas arqueologias marxistas reconheceram esse fato, e em algumas ocasiões tem
planejado programas de atuação, retomando de certa maneira a história militante de Walter
Benjamin. Estes programas se fundamentam em vários graus de aceitação: a) o
conhecimento histórico, e arqueológico como forma deste participar de representações da
sociedade humana, passada e presente, b) os sujeitos sociais realizam suas práticas
integrando estas representações na definição de seus propósitos e c) essas representações
podem ou não atender as condições objetivas que definem as circunstâncias da participação
desses sujeitos em sua própria realidade social, fato que finalmente incide no grau de
alienação do agente social, na medida em que as prática realizadas são ou não consistentes
com seus interesses. Dentro desta reflexão crítica do próprio emprego arqueológico tem
emergido propostas de ativismo desde a arqueologia, reproduzindo de certa maneira
algumas abordagens surgidas de questionamentos das ciências social dos anos 1960 e 1970.
As escavações recentes de valas comuns da Guerra Civil e do Franquismo no estado
Espanhol tem seguido protocolos, que com o tempo tem sido adaptado a um programa de
investigação forense. No entanto até a data, estas memórias refletem a articulação de várias
atuações técnicas de um programa forense que não é reconhecido como tal pela justiça
espanhola.
Infelizmente tanto o desenvolvimento legislativo atual a nível estatal como de comunidades
autônomas parece correr na direção oposta, vinculando essas atividades para uma noção
etérea de memória histórica, geralmente particularizando a família das vítimas. Nesta linha
atribui-se a responsabilidade de promove-las, sem levar em conta as responsabilidades dos
administradores públicos na divulgação de fatos criminosos contra os direitos humanos.
A arqueologia forense é uma disciplina que praticamente está nascendo no Estado Espanhol.
Seu desenvolvimento em grande parte vem sido estimulado pelo vigor dos movimentos
sociais de memória que com a reinvindicação da dignidade e reparação das vítimas
anônimas da ditadura que preenchem centenas de valas, campos e cemitérios, tem
redimensionado uma tragédia largamente silenciada e subestimada: a existência de centenas
de milhares de pessoas que foram objetos de desaparecimentos forçados. O aumento da
sensibilidade de reconstrução de uma nova memória coletiva sobre a Guerra Civil e o
Franquismo impõe em certa medida importantes desafios a classe política surgida da
denominada transição, a diferentes administrações estatais e, em certa medida, ao conjunto
da sociedade. Junto com o grande debate político iniciado, o crescimento desses
movimentos tem ajudado também o crescimento dos trabalhos historiográficos não só
dirigidos a quantificar as magnitudes da representação franquista, mas também a analisar
sua estrutura interna, modos de operar e efeitos a curto e longo prazo.
A administração pública não assume obrigações, a única versão oficial da violência da
Guerra Civil segue sendo a derivada de uma Causa Geral e da Lei de Responsabilidades
Políticas do Franquismo. O surgimento de uma arqueologia forense desde a base, deve
contribuir a manter vivo o debate político e social e acumular provas de muitos crimes, que
com o tempo são cada vez mais esquecidos.
62
APÊNDICE 8 – Ficha do Estudo Nº 8
Nº do Estudo
Autor
Título
Ano
Objetivo
Critério
Metodológico
Resultados
Conclusão
8
SOUZA, SHEILA
Bioarqueologia e Antropologia Forense
2009
Discorrer sobre a bioarqueologia e antropologia forense, sobre as limitações e demonstrar
a eficácia dessas duas áreas.
Não identificado no artigo.
A reconstrução de atos e práticas que acompanham preparação e manejo dos despojos nos
funerais e dos processos pós dê-posicionais ou tafonômicos são a base da interpretação das
inumações e também das cenas de crime, sendo ferramentas tanto para estudos de cemitério
como para situações forenses. A chamada antropologia forense, por outro lado, é uma área
que aplica os métodos e técnicas arqueológicas, em especial os modelos bioarqueológicos
à investigação do passado recente. Desenvolvendo através de pesquisa sistemática modelos
que permitem identificar e interpretar cada vez com mais precisão os achados de
remanescentes humanos, essa área cresce no Brasil.
Com um pequeno grupo profissional capacitado, e uma produção original, tanto do ponto
de vista metodológico como de seus resultados, os estudos de bioarqueologia no Brasil
perpassam diferentes áreas de interesse, e vem contribuindo de diferentes maneiras para a
reconstrução arqueológica.
Uma das principais questões com as quais a bioarqueologia contribui para o estudo do
passado é o conhecimento da estrutura etária e sexual dos grupos humanos, e alguns de seus
aspectos paleodemográficos.
No campo da análise dos ossos e dentes humanos, experimentos em coleções de referência
produzidas nos últimos anos, inclusive no Brasil, permitem conhecer cada vez melhor o
potencial dos ossos e dentes como fontes de informação biocultural, sobre saúde, trabalho,
e outros aspectos de interesse arqueológico. Apesar da contribuição do campo, e da grande
quantidade de trabalhos que se acumulam na literatura internacional, a incorporação de
novos modelos e paradigmas gerados a partir da bioarqueologia e seus ramos tem tido
menos impacto do que o esperado, em especial em nosso país.
O trabalho integrado de arqueólogos, ou equipes forenses e bioarqueólogos especialistas ou
capazes de trabalhar com os novos campos de desenvolvimento da investigação dos
remanescentes de corpos humanos pode iluminar de modo único a pesquisa e a
investigação, sendo necessário estreitar laços de cooperação. Os trabalhos, desde campo
devem ser pensados a partir do potencial científico, que alcança o não visível.
A bioarqueologia e a antropologia forense, tal como são feitas hoje, refinaram e acumularam
as abordagens macroscópicas para estudar os remanescentes de corpos humanos, mas
desenvolveram também, nos últimos anos, o estudo das assinaturas de corpos, mesmo onde
não há corpos. Para a arqueologia brasileira, que se confronta com as dificuldades de
preservação em clima tropical, a bioarqueologia desenvolvida nas últimas décadas abre
novos horizontes para a recuperação de informações relevantes para a reconstrução do
passado. Os achados e as possibilidades hoje vão muito além dos ossos. Análises de
componentes microscópicos e mesoscópicos vão além da estrutura anatômica que vemos à
vista desarmada. Estendem-se à diferentes partes do corpo, não apenas ao esqueleto, e vão
buscar informação nos diferentes solos antrópicos, nos objetos utilizados pelo homem, nos
materiais manipulados e descartados, desde que sejam adequadamente escrutinizadas por
ciências indiciárias.
A bioarqueologia está crescendo e contribuindo cada vez mais com a interpretação
arqueológica. Oferece um grande arsenal de informações portadas pelos corpos, pelas suas
partes, pelos seus lugares. Muito além dos ossos.
63
APÊNDICE 9 – Ficha do Estudo Nº 9
Nº do Estudo
Autor
Título
Ano
Objetivo
Critério
Metodológico
Resultados
Conclusão
9
SANTOS, A
Estudos Arqueológicos à Serviço de Contextos Criminais: Arqueologia Forense
2012
Este artigo tem como objetivo desenvolver um breve resumo destes mais de 30 anos em que
a Arqueologia Forense vem sendo utilizada, ressaltando seus pontos principais e sua
implantação e desenvolvimento no Brasil.
Não identificado no artigo.
No Brasil a Arqueologia Forense está em estágio inicial, mesmo tendo os primeiros registros
de exumação de esqueleto de cova clandestina, documentada em laudo pericial, datado de
1923, referente a um caso de um imigrante oriental falecido por morte acidental e enterrado
em sua propriedade, no interior do Estado de São Paulo, a Arqueologia Forense ascendeu
apenas na década de 1990, com a explosão da Antropologia e da Arqueologia Forense por
toda América Latina para desvendar crimes políticos.
Em 1992, o Grupo Tortura Nunca Mais (GTNM/RJ), formou uma equipe forense
interdisciplinar, composta por antropólogos físicos da Escola Nacional de Saúde Pública
(FIOCRUZ) e do Museu Nacional (UFRJ), com o objetivo de procurar corpos dos
desaparecidos de 1964 a 1984. Os pesquisadores tiveram que lidar com a burocracia policial
com a qual ainda não estavam acostumados, além disso a equipe também encontrou
dificuldades para fazer a identificação dos corpos, contabilizando, cerca de 2100 ossadas
encontradas, provenientes de restos de covas comuns e de indigentes. As técnicas de
análises arqueológicas não foram suficientes para diferenciar os esqueletos mais antigos dos
mais recentes, além disso não havia financiamento para a continuidade da investigação e
para a adição de novas tecnologias para a identificação dos mesmos. Apesar de não obter
sucesso nessa primeira investigação, essa primeira experiência de Antropologia e
Arqueologia Forense no país foi de grande importância para que se tivesse conhecimento
da necessidade de algumas mudanças estruturais para o desenvolvimento e aplicação dessas
áreas no Brasil.
Entre 2005 e 2006, o arqueólogo Sérgio Francisco Serafim Monteiro da Silva, idealizou um
curso de Arqueologia Forense na Academia de Polícia Civil de São Paulo, com o objetivo
de minimizar ao máximo o problema da perda de evidências criminais. Além da exposição
da importância das práticas arqueológicas em contextos criminais, o curso também trouxe
noções de outras áreas forenses que podem ser aplicadas para auxiliar crimes.
Em 2009, o governo brasileiro reconheceu a necessidade de se propiciar o início do
desenvolvimento dessas ciências, e por meio da portaria do Ministério da Justiça 9/02/2009,
foi instituído um grupo de trabalho para a criação de uma Unidade de Antropologia e
Arqueologia Forense (UNAAF), objetivando resolver inúmeros casos ainda não
solucionados de pessoas desaparecidas. Porém, dois anos após a divulgação da formação do
grupo de trabalho, o projeto se apresenta esquecido nas linhas do tempo.
No início desse milênio, a Arqueologia Forense mostra-se como uma pequena e promissora
área da Arqueologia, se fazendo presente na resolução de casos criminais que antes eram
indecifráveis.
Seguindo as práticas da disciplina na Europa, a Arqueologia Forense deve ser tratada de
uma forma independente, uma vez que possui metodologia própria e objetivos claros, não
sendo subordinada a outras disciplinas como acontece no Brasil, onde a Arqueologia em
meio policial está subordinada à Medicina Legal e à Criminalística, inexistindo como
entidade científica independente.
No início do século XXI, a Arqueologia pode ser um importante instrumento de auxílio na
resolução de casos criminais, aplicando todo seu conhecimento na busca e preservação de
evidências, constituindo assim resultados mais eficientes no processamento de informações
nos contextos criminais.
64
APÊNDICE 10 – Ficha do Estudo Nº 10
Nº do Estudo
Autor
Título
Ano
Objetivo
Critério
Metodológico
Resultados
Conclusão
10
SILVA, SÉRGIO e CALVO, JOSÉ
Potencial de análise e interpretação das deposições mortuárias em arqueologia: perspectivas
forenses
2007
Esse artigo tem o objetivo de mostrar o potencial de análises de deposições mortuárias e a
importância de suas interpretações para arqueologia numa perspectiva forense.
Não identificado no artigo.
Particularmente, nos contextos forenses, é necessária a reconstrução dos processos
antemortem, perimortem e posmortem, assim como a discriminação entre sinais
relacionados (indicativos ou de inferência) a traumas de origem natural e antrópicos. Muitos
processos naturais que interagem com o cadáver, tanto conservativos como destrutivos,
podem alterar a aparência dos ossos que compõem o esqueleto humano. Nos casos forenses,
os processos biológicos e físicos devem ser considerados para a reconstrução e interpretação
do contexto da morte, bem como das sequências posteriores à mesma.
Para compreender as alterações que ocorrem após a deposição de um cadáver, é necessário
considerar: a) as consequências da decomposição dos tecidos moles: as sequências da
desarticulação ou desintegração dos tecidos articulares inseridos entre os ossos; b) a
biomecânica da fragmentação e tipos de fraturas dos ossos; c) a diferenciação dos momentos
em que traumas ósseos ocorreram – antes, durante ou após a morte, assim como a sua
natureza; d) o potencial de amplitude e movimentação ou dispersão dos elementos
esqueléticos, de acordo com os tipos de articulação e as formas dos ossos; e) as
características dos estágios de degradação óssea.
Fatores gravitacionais e espaciais servem como guias de interpretação sobre os espaços das
deposições funerárias individuais ou coletivas, demarcando o posicionamento do corpo e a
disposição dos membros, e também demonstram as características construtivas das covas.
Portanto, a interpretação das práticas mortuárias está diretamente vinculada com os fatores
tafonômicos, que alteram a configuração final dos sepultamentos humanos em qualquer sítio
arqueológico ou cena de crime.
A natureza da produção de conhecimento arqueológico, em especial suas etapas
relacionadas à escavação sistemática, apresenta muito em comum com processos usados em
certos tipos de investigações criminais. Quando a Arqueologia estabelece relação de
interdisciplinaridade ou pluridisciplinaridade com questões jurídicas ou de investigação
criminal, tanto atuais quanto antigas, passa a atuar como uma ciência forense na medida em
que se estrutura como tal.
Inicialmente, podemos considerar a Arqueologia forense como detentora de duas vertentes:
uma estruturada nas respostas à utilização de métodos e técnicas arqueológicas
convencionais para solucionar casos forenses; b) outra voltada uso de métodos e técnicas
das ciências forenses para solucionar casos arqueológicos.
As duas vertentes podem ocorrer conjuntamente, representam formas de relações entre a
arqueologia e as disciplinas forenses, como a antropologia forense, a medicina legal e a
odontologia legal, a tafonomia, tanatologia, traumatologia, toxicologia e entomologia
forenses.
65
APÊNDICE 11 – Ficha do Estudo Nº 11
.
Nº do Estudo
Autor
Título
Ano
Objetivo
Critério
Metodológico
Resultados
11
SOARES, ANDJARA E GUIMARÃES, MARCO
Dois Anos de Antropologia Forense no Centro de Medicina Legal (CEMEL) da Faculdade
de Medicina de Ribeirão Preto-USP
2008
Esse artigo tem por objetivo, discutir a necessidade de melhorias na capacitação técnica e
de condições de trabalho para os responsáveis pela coleta de ossadas no seu local de
encontro, assim como no seu transporte, de forma a aumentar o número de ossos coletados
e, como consequência, de informações para possíveis identificações. Realizando uma
análise detalhada de elementos ósseos, roupas, pertences entre outros, para a organização
de um trabalho em Antropologia Forense mais confiável, que permitirá no futuro um
resultado social e científico de maior qualidade.
O trabalho foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa do Hospital das
Clínicas da FMRP/USP, processo HCRP nº 14984/2005. O trabalho contou com a
autorização do Centro de Exames, Análises e Pesquisas (CEAP) e do NPML de Ribeirão
Preto.
Para realizar a análise de uma ossada primeiramente é necessário que a mesma esteja limpa,
em condições de ser avaliada. Algumas vezes é necessário realizar a redução do cadáver
(processo de eliminação de restos de tecidos moles aderidos ao osso). Em seguida, a ossada
deve ser distribuída em posição anatômica em mesa apropriada. É importante observar
sempre a lateralidade dos ossos (direito ou esquerdo), assim como a sua correta localização,
principalmente de costelas vértebras. Após essa etapa, o Relatório de Exame de
Antropologia Forense (REAF) é realizado, apresentando dados sobre o inventário completo
e detalhado de todos os ossos presentes, fotos do esqueleto em posição anatômica e de
achados patológicos eventuais. Um inventário detalhado da dentição também é realizado,
com inserção de fotos da dentição inferior e superior. Em seguida faz-se uma descrição
detalhada das vestes e de outros itens.
Uma vez concluído o inventário completo do esqueleto, evolui-se para análise de
características antropológicas na seguinte sequência: avaliação do sexo através da pelve;
avaliação do sexo através do crânio; avaliação de ancestralidade; estimativa de idade;
estimativa de estatura; estimativa de destreza manual; análise de características
odontológicas.
Ao final, um resumo com dados principais de cada caso é elaborado de forma a facilitar a
organização dos dados e sua posterior análise comparativa para fins de identificação. Todas
as informações das ossadas presentes nos REAFs foram organizadas e tabuladas de maneira
a permitir uma análise quantitativa dos dados através de estatísticas descritivas simples.
Até o ano de 2006 foram encaminhadas ao CEMEL 44 ossadas, das mesmas duas não eram
de ossos humanos, todas as 42 ossadas foram analisadas e um REAF foi elaborada para cada
caso.
De acordo o REAF, que contém a descrição nominal de todos os ossos, um esqueleto
completo possui 201 ossos. Vinte e um casos (50%) possuem 76 ossos ou menos, o que
corresponde a 37,81% do total de ossos. Apenas 16 casos possuem mais de 50% dos ossos
(acima de 101 osso), o que corresponde a 38,10% dos laudos produzidos. Em contrapartida,
os demais 26 laudos (61,90%) possuem menos de 50% do total de ossos do esqueleto.
Informações sobre dentes também foram obtidas na análise antropológica, para a
comparação de registros em vida, que pode desencadear a identificação. Das 42 ossadas
analisadas, 33 (78,57%) apresentam informações sobre os dentes e nove casos (21,43%)
não possuíam dentes para análise.
Dos 42 casos presentes no CEMEL, 19 foram encaminhados juntamente com roupas e
outros pertences, o que corresponde a 45,24% do total. Em contrapartida 23 (54,76%)
ossadas não possuíam nenhum pertence.
Portanto reunindo todos os dados, podemos afirmar que as características antropológicas
mais comuns observadas nas ossadas encaminhadas ao CEMEL são relativas a indivíduos
do sexo masculino (40 ossadas = 90,48%), caucasianos (18 ossadas = 42,86%), com idade
entre 32,71 e 46,29 anos, estatura entre 1,64 e 1,73m e destros (15 ossadas = 35,71%) ou
com destreza manual não determinada (24 casos = 57,14%). Além disso, predomina a
66
Conclusão
ausência de achados patológicos (24 ossadas = 57,14), a presença de informações dentárias
(33 casos = 78,57%) e a ausência de roupas e outros pertences (23 ossadas = 54,76%).
Partindo-se do fato de que todas as informações a respeito de uma ossada são obtidas através
dos ossos, quanto maior a quantidade de ossos encaminhados em cada ossada, maior a
quantidade, e possivelmente a qualidade, dos dados que podem ser obtidos a partir da
mesma. Portanto para que se realize uma análise de maior confiança é necessário que a
ossada esteja o maios completa possível.
É necessário estudar soluções para aumentar o número de ossos recolhidos por caso de
ossada encontrada. Mesmo considerando as particularidades específicas de cada situação de
encontro de ossada, torna-se premente a necessidade da melhoria da capacitação dos
profissionais responsáveis pelo recolhimento dos ossos encontrados, através de cursos
específicos em técnicas antropológicas.
As características predominantes das ossadas encaminhadas ao CEMEL são: indivíduos do
sexo masculino, caucasianos, com idades entre 32,71 e 46,29 anos, estatura entre 1,64 e
1,73m, destros ou sem destreza manual definida, sem achados patológicos, com elementos
dentários para análise e sem roupas e outros pertences.
67
APÊNDICE 12 – Ficha do Estudo Nº 12
Nº do Estudo
Autor
Título
Ano
Objetivo
Critério
Metodológico
Resultados
Conclusão
12
SILVA et al.
Estudo de Problemas Preliminares à Existência da Arqueologia Forense no Brasil
2012
Uma nova forma de avaliar a interação a distinção operacional entre a arqueologia da morte
e antropologia biológica e as ciências forenses, tais como arqueologia forense, a
antropologia forense, odontologia forense, a medicina forense, a criminalística, entomologia
forense, biologia e química forense, relacionadas é o propósito deste artigo.
Não identificado no Artigo.
No Brasil, o processo de desenterramento ou exumação do cadáver ou sua ossada, em
qualquer lugar onde se encontre sepultado apresenta formalidades legais previstas no art.
6º, I, do Código do Processo Penal Brasileiro, bem como a não observância das mesmas
como pena de acordo com art. 67 de Lei de Contravenções Penais.
Os métodos de evidenciação e exumação dos restos ósseos de cadáveres inumados constitui
um dos arcabouços da ciência arqueológica. Comumente, essa tarefa é sempre deixada nas
mãos de coveiros ou dos bombeiros. Mesmo em caso de inumações criminosas, distintas
das inumações oficiais em cemitérios, são os bombeiros que executam a tarefa de escavação
e retirada dos restos humanos. Eventualmente um médico legista ou um perito e auxiliares,
participam operacionalmente dessa atividade. Será na perspectiva de tornar sistemática a
etapa de localização, evidenciação, documentação, mapeamento, retirada e tratamento
prévio do material ósseo para as consecutivas análises médico-legais e antropológicas
forenses que a Arqueologia torna-se uma disciplina forense voltada ao contexto do achado
ou do local do evento.
No estado de São Paulo, Brasil, o encontro de remanescentes humanos esqueletizados de
origem arqueológica funde-se em casos de interesse criminal, perdendo-se nos depósitos
dos Institutos de Medicina Legal ou museus temáticos. Por outro lado, raro são os casos de
confusão de vestígios forenses com arqueológicos durante escavações de pesquisa
arqueológica. Nos achados fortuitos, durante exumações tradicionais em cemitérios ou
recuperação de corpos em locais de desmoronamento, são encontrados remanescentes
humanos arqueológicos e isso apresenta um problema.
Voltada para a formação e ensino dos policiais civis do estado de São Paulo, a Academia de
Polícia “Dr. Coriolano Nogueira Cobra”, antiga Escola de Polícia, desenvolve atividades
pedagógicas dirigidas à formação técnica, profissional e de constante especialização dos
seus membros. Nesse contexto, o ensino de métodos de práticas arqueológicas voltadas ao
interesse forense não encontra precedentes desde 2005. Os estudos em arqueologia forense,
incluem a instrumentalização de novos métodos à investigação policial e à perícia criminal
por meio da escavação e interpretação de restos humanos inumados em contextos de
homicídios seguidos de ocultação de cadáveres ou suicídios e casos de mortes por causas
inespecíficas, não apresentam registros próprios dentro das estratégias operacionais da
polícia paulista.
Entre 2004 e 2005 foi registrado o início de uma disciplina denominada Arqueologia
Forense no interior de uma instituição de ensino policial no Estado de São Paulo, de forma
ainda não encontrada no país. Esta disciplina esteve ativa entre 2005 e 2010. Atividade
similares foram desenvolvidas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP) no
mesmo período, entretanto com foco na área da antropologia forense.
A permeabilidade da arqueologia voltada às práticas forenses é, a priori, evidente,
conquanto sejam estabelecidos seus limites. Assim, Arqueologia Forense não significa
Antropologia Forense, bem como não é subdisciplina da Medicina Legal, da Tanatalogia ou
Criminalística. Trata-se, ao lado da Entomologia Forense e da Odontologia Legal, de uma
nova disciplina voltada à investigação criminal, independente quanto ao seu substrato
conceitual básico e a sua forma de produção de conhecimento científico.
Contextos de interesse eminentemente forense apresentam substratos atuais, com vestígios
de ação humana no presente: sinais de vegetação retirada, covas em variados locais, como
áreas descampadas, plantações, pisos e paredes de casas, rios, lagos, no mar, áreas
florestadas (atuais ou primárias), áreas desérticas ou semiáridas. Os remanescentes humanos
68
podem apresentar sinais distintos de decomposição ou preservação, isolados ou
generalizados. Podem ser encontradas próteses diversas, amálgamas nos dentes, objetos
pessoais, sapatos, vestes, objetos metálicos ou em plástico e vidro, sinais de tiro ou queima,
cortes nos ossos, entre outros.
Uma legislação dispersa, no caso brasileiro, relacionada ao patrimônio arqueológico e de
âmbito unicamente forense e funerário pode ser reunida. Casos de crimes políticos até então
ignorados ou esquecidos podem voltar a serem revistos sob as contribuições da antropologia
e da arqueologia forenses. Isso tem sido buscado – mas não alcançado – no Caso da
Guerrilha do Araguaia.
O Estado da arte da arqueologia forense no caso brasileiro está para ser construído nessa
próxima década. Nessa construção ficará evidente a especificidade de mais de uma ciência
subordinadora: estaremos diante de uma arqueologia forense e de uma antropologia forense
independentes, convergindo para problemas correlatados e necessidades sociais prementes.
69
APÊNDICE 13 – Ficha do Estudo Nº 13
Nº do Estudo
Autor
Título
Ano
Objetivo
Critério
Metodológico
Resultados
Conclusão
13
Francisco, R et AL
Antropologia forense no Centro de Medicina Legal da FMRP/USP, estudo comparativo de
casos de 1999-2009
2011
Foi elaborado um protocolo para análise de ossadas com estrutura científica atualizada
aplicável ao contexto social brasileiro. Incialmente foram analisados casos acumulados de
1999 a 2006, seguidos dos casos de 2007 a 2009.
Foram analisados os dados constantes dos REAFs (relatório de exames de antropologia
forense) elaborados no laboratório de antropologia forense do Centro de medicina Legal
(CEMEL) de todos os casos datados de 1999 a 2009. Do início do ano de 2007 até o final
de 2009 foram encaminhadas 28 ossadas ao CEMEL. Destes, 11 em 2007, sete em 2008 e
10 em 2009. Todas as ossadas foram examinadas e um REAF foi elaborada para cada uma
delas. Dos 28 casos, um era de osso não-humano; dois eram de fetos humanos aos quais
não foram aplicados o protocolo LAF; e um exame antropológico teve a realização
prejudicada por degradação da ossada ocorrida no processo de redução. Portanto, foram
analisadas 24 ossadas humanas.
Dentre as 24, três foram encaminhadas a CEMEL em situação peculiar. Eram três corpos
carbonizados provenientes de um acidente automobilístico, onde a identidade das vítimas
eram conhecidas, a análise desses ossos resultou na identificação dos três indivíduos através
de diferentes faixas etárias.
Os dados do dois grupos foram comparados incialmente através de estatística descritiva
simples. Assim, para fins de análises foi estudado o número de parâmetros (sexo,
ancestralidade, idade, estatura, destreza manual, achados patológicos, achados
odontológicos, roupas e pertences) obtidos por caso.
A redução do cadáver foi necessária em 10 dos 24 casos de ossadas humanas encaminhadas
a CEMEL.
Todos os laudos das ossadas examinadas no CEMEL foram analisados com a finalidade de
reunir dados para determinar o perfil antropológico das ossadas. Todas a 21 ossadas
analisadas, eram do sexo masculino. Do total de 21 casos analisados, 19, possuíam de cinco
a oito parâmetros determinados e tinham chances de ser identificados utilizando somente
técnicas de antropologia forense (90,47%) e apenas dois casos (9,53%) possuíam de zero a
quatro parâmetros determinados, reduzindo as chances de identificação utilizando somente
técnicas de antropologia forense, o que leva à necessidade de outras metodologias para
identificação, como a análise de DNA.
Os dados do grupo de 1999 a 2006 foram obtidos em levantamento prévio e correspondem
a todos os casos anteriores à instalação do LAF (laboratório de antropologia forense) e os
ocorridos nos ano de 2005, somados aos casos de 2006, ano em que foi concluído o esforço
conjunto da equipe do LAF para laudar todos os casos. Os dados do grupo de 2007 a 2009
foram obtidos caso a caso conforme sua ocorrência, seguindo exatamente o mesmo
protocolo de análise
Todas as informações a respeito de uma ossada são obtidas através do conjunto de ossos
recuperados em uma determinada circunstância. Quanto maior a quantidade de ossos
encaminhados melhor a qualidade de dados que podem ser obtidos. Portanto, para que se
realize uma análise de maior confiabilidade é necessário que a ossada esteja a mais completa
possível.
Salienta-se que no Brasil o recolhimento e o encaminhamento de ossos encontrados não são
feitos necessariamente por pessoal especializado, o que torna o processo de coleta
vulnerável a falhas. Essa situação evidencia a necessidade de investimento em treinamento
e capacitação das pessoas responsáveis pela coleta dos ossos.
O estudo realizado evidenciou que na comparação entre os grupos de 1999 a 2006 e 2007 a
2009 não houve diferença estatisticamente significativa entre a maioria dos parâmetros
analisados. O perfil bioantropológico do indivíduo do sexo masculino, caucasiano, jovem,
destro e com achados patológicos e odontológicos presentes na maioria dos casos
permaneceu na evolução temporal.
70
Conclui-se que o exame antropológico forense deve ser sempre executado visando a
melhoria da quantidade e da qualidade dos dados obtidos.
O protocolo de trabalho utilizado no LAF do CEMEL se mostra eficiente e adequado às
necessidades de investigação policial como para a geração de dados antropológicos de
interesse científico. Além da importância acadêmica, a observação ao longo do tempo de
modificações de perfil bioantropológico das ossadas encaminhadas ao CEMEL permitirá
um planejamento mais adequado de ações resolutivas na identificação de pessoas
desaparecidas, etapas estas importantes na estruturação de uma sociedade mais segura e
justa.
71
ANEXO I - Ficha Adaptada
Nº do Estudo
Autor
Título
Ano
Objetivo
Critério
Metodológico
Resultados
Conclusão
72
73
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