EVANDRO MACIEL DE ARRUDA ODONTOLOGIA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA : TORNANDO AS VISITAS DOMICILIARES ODONTOLÓGICAS MAIS RESOLUTIVAS Campo Grande – MS 2011 EVANDRO MACIEL DE ARRUDA ODONTOLOGIA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA : TORNANDO AS VISITAS DOMICILIARES ODONTOLÓGICAS MAIS RESOLUTIVAS Projeto de Intervenção apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para conclusão do curso de Pós Graduação à nível de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família. Orientadora : Profª. MSc.Silvia Helena Mendonça de Moraes. Campo Grande – MS 2011 RESUMO O presente projeto de intervenção foi motivado pela falta de referências claras e específicas sobre as visitas domiciliares para Cirurgiões Dentistas na Estratégia Saúde da Família. Devido a essa falta de um direcionamento, foi realizado este estudo e colocada em prática uma rotina de visitas domiciliares odontológicas que se apresentou viável, amplamente acessível a qualquer profissional odontólogo que tenha interesse em tornar suas visitas domiciliares efetivas tanto para a Estratégia Saúde da Família quanto para o usuário, aumentando a acessibilidade, implementando o cuidado e a longitudinalidade. Foram realizados vários procedimentos, além da simples técnica de higiene, única ação realizada antes deste projeto, que apesar de ter um resultado muito bom, não satisfazia a expectativa dos pacientes acamados e com dificuldade de locomoção, que viam suas demandas sempre adiadas, pela dificuldade do aceso a Unidade de Saúde. O resultado mais importante obtido, com este projeto de intervenção, foi o aumento do vínculo com a comunidade, que acarretou em um aumento da confiança no Cirurgião Dentista, desmistificando a idéia de que a odontologia é uma profissão apenas para quatro paredes, e que causa somente medo e dor. Palavras-chave: Visita domiciliar odontológica. Estratégia Saúde da Família. SUMÁRIO 1 JUSTIFICATIVA ............................................................................... 4 1.1 CARACTERIZANDO O CONTEXTO ............................................. 6 2 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA .................................................... 9 3 OBJETIVO ....................................................................................... 11 4 METODOLOGIA .............................................................................. 12 5 CRONOGRAMA .............................................................................. 14 6 ANÁLISE E DISCUSSÃO ............................................................... 15 6.1 COLETA DE DADOS .................................................................... 15 6.2 VISITAS PARA EXAME DE NECESSIDADES ............................. 15 6.3 VISITAS PARA ATENDIMENTO CLÍNICO ................................... 15 6.4 PRESENÇA DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM NA VISITA ....... 16 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 17 REFERÊNCIAS ................................................................................... 18 4 1 JUSTIFICATIVA O Programa de Saúde da Família, hoje Estratégia Saúde da Família (ESF), teve o seu início em 1991, com a implantação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde, que surgiu como primeira tentativa de mudar a forma de se relacionar o Serviço com a comunidade. O Programa iniciou-se em 1994, quando foi estruturado e surgiu como estratégia para provocar mudanças na forma de atenção, propiciando que o cuidado saísse da mesmice das unidades e se estendesse para a comunidade, fazendo com que o profissional de saúde tivesse contato com a forma de vida do paciente, para poder entender a causa de muitos dos agravos que abarrotavam as unidades de saúde e poderiam ser evitados com uma simples mudança nos hábitos de vida. Portanto, a Estratégia de Saúde da Família foi criada para melhorar o relacionamento do paciente e toda a sua família com o profissional de saúde, desenvolvendo uma cumplicidade entre ambos. Demorou um certo tempo para o odontólogo ser inserido na equipe, quando junto com o auxiliar de saúde bucal (ASB), formou a equipe de saúde bucal (ESB), que no princípio encontrou muitas barreiras para o seu envolvimento na rotina de trabalho da equipe como um todo, por ter sido inserida bem depois do início da ESF, que já apresentava uma rotina de trabalho formada. E pesou bastante o fato do Cirurgião Dentista estar acostumado apenas a atender entre quatro paredes, restrito ao seu gabinete odontológico. A inclusão das equipes de saúde bucal às equipes de saúde da família ocorreu em outubro de 2000, em grande parte do território nacional e também aqui no estado de Mato Grosso do Sul, tendo como objetivos principais a melhoria dos índices epidemiológicos de saúde bucal e um melhor acesso da população ao cuidado odontológico. A odontologia sempre teve uma visão de atendimento isolado, dentro de quatro paredes, e para se libertar desse paradigma tem sofrido um pouco ao longo desse tempo todo, e até hoje ainda encontramos um pouco de dificuldade para interagir com a equipe em sua rotina, principalmente nas visitas domiciliares. Aqui em Campo Grande – Capital de Mato Grosso do Sul, a inserção da Equipe de Saúde Bucal também ocorreu em outubro de 2000, porém as equipes cumpriam apenas meio período de atendimento, o que só foi alterado no ano 5 seguinte, com a criação da carga horária de quarenta horas para Cirurgião Dentista, tendo sido feito um concurso interno para os profissionais que se interessassem em participar daquele programa diferenciado de atendimento, que por ser algo novo, criou uma grande expectativa em todos, sendo por esse motivo que muitos não quiseram aderir naquele primeiro momento. Inicialmente, cada equipe de saúde bucal ficava responsável por duas equipes da ESF, o que tornava a cobertura muito difícil de ser feita, pois girava em torno de duas mil famílias, o que representava um universo de quase sete mil pessoas para cada Cirurgião Dentista. Esta relação mudou em 2004, ficando instituída a paridade, com cada equipe de saúde bucal ligada a apenas uma equipe de saúde da família, ocorrendo a colocação de novos profissionais odontólogos nas Unidades de Saúde da Família que já existiam. No caso da nossa unidade (Unidade Básica de Saúde da Família - UBSF- Parque do Sol), que contava com quatro equipes e dois odontólogos, houve o acréscimo de mais dois colegas. Em relação às visitas domiciliares, é pactuado a quantidade de dez visitas mensais para o odontólogo, apesar de não ter sido exigido pelo gestor nos últimos anos o cumprimento desta pactuação. O assunto em referência não é devidamente explorado, pois são poucos os artigos que tratam especificamente da visita domiciliar para odontólogo, vindo daí a necessidade de se realizar um estudo mais abrangente sobre como se otimizar essas visitas domiciliares, tornando-as produtivas tanto para a equipe como para o usuário. Fazendo um levantamento dos últimos três anos, há uma média de quatro visitas mensais na área em que atuo como odontólogo, que é a área da equipe vermelha da UBSF Parque do Sol, equipe n. 11. Não existe também um protocolo para essas visitas, portanto cada odontólogo faz de sua maneira, priorizando o que considera mais importante sob seu ponto de vista. A grande maioria dos colegas apenas faz explicações sobre higiene bucal e realiza encaminhamentos para as referencias ou agendamento para sua própria unidade, para tratamento na cadeira odontológica. Pelo levantamento que é sempre feito pelas agentes comunitárias de saúde da área, verifica-se que a quantidade de pessoas acamadas gira em torno de 36 pessoas. A quantidade de pessoas com algum tipo de transtorno está por volta de 145 pessoas, e a quantidade de idosos com mais de sessenta anos está em cerca de 230, sendo que todas estas pessoas enfrentam uma grande dificuldade para se 6 locomoverem até a Unidade de Saúde, devido a sua limitação temporária ou permanente, pois a maioria das ruas ainda não está asfaltada, com pedras e buracos que dificultam o caminhar, podendo ocasionar quedas e mais agravos para os mesmos. Como tem se falado muito em acessibilidade, e devido à distância da Unidade de Saúde até as residências da área, foi elaborado este projeto de intervenção com o objetivo de direcionar as visitas odontológicas para essas pessoas com dificuldade de locomoção e que se encontram em estado de vulnerabilidade, que teriam assim um grande ganho, pois seriam acompanhadas em sua própria residência, realizando ali mesmo todos os procedimentos em que não fosse necessário o emprego da cadeira odontológica e equipo. Pretendemos, com este projeto de intervenção, tornar as visitas domiciliares odontológicas um instrumento contínuo de cuidados aos pacientes mais vulneráveis, fazendo com que os mesmos possam sentir-se importantes no contexto da ESF, e não como pessoas excluídas. Porém, para cumprir essa meta, é necessário que a equipe também se envolva nesse projeto, pois cada um leva os seus saberes, e num conjunto consegue-se realizar muito mais para esses pacientes e seus cuidadores, que também recebem a atenção da equipe, para tirar-lhes dúvidas em relação ao cuidado diário desses pacientes. 1.1 CARACTERIZANDO O CONTEXTO A Unidade Básica de Saúde da Família Dr. Benjamin Asato, conhecida como Parque do Sol, está localizada no bairro Parque do Sol, na divisa com os bairros Lajeado e Colorado, na região urbana do Anhanduizinho. Pertence ao Distrito Sul, no Município de Campo Grande. O território de abrangência está dividido entre quatro equipes, sendo que faço parte da Equipe número 11 (vermelha), que é responsável por uma parte do bairro Parque do Sol e uma parte do bairro Dom Antonio Barbosa, com cerca de 3.800 moradores. O território da equipe vermelha caracteriza-se por contar com várias residências onde é feita reciclagem de lixo, que é comprado dos catadores de lixo (que geralmente moram também na área), é separado, enfardado e revendido para 7 as recicladoras propriamente ditas. Muitos moradores da área trabalham no lixão, que é o depósito de lixo do município a céu aberto, que fica ao lado do Dom Antônio Barbosa, geralmente a noite inteira, catando o lixo que vendem para reciclagem. A presença desse lixão causa muitos problemas, tanto respiratórios por causa da queima constante, como de pele e outros, devido a grande contaminação e ao chorume que escorre constantemente. Um grande problema na região é o lixo que fica estocado nas residências, pois os moradores vêem nele uma fonte de renda e não o perigo que ele realmente representa, em relação às doenças que pode causar e até mesmo a dengue, que sempre está presente na área. Quase todas as residências já são de alvenaria, tendo, porém algumas ainda de madeira e papelão. Contam com coleta de lixo; não tem tratamento de esgoto; tem água encanada e rede de energia. Asfalto existe apenas na rua principal e algumas poucas ruas, onde transitam os coletivos. Não existem áreas de lazer, apenas um campo de futebol que fica no Dom Antonio. Contamos com um Centro de Educação Infantil (CEINF), que atende cerca de 270 crianças. Verifica-se uma grande quantidade de igrejas, principalmente evangélicas. Temos também alguns locais que servem sopa semanalmente para os moradores, patrocinados por entidades religiosas. Para muitos, às vezes essa sopa é o único alimento do dia. Existe um colégio municipal muito grande no Dom Antônio, com cerca de 2.000 alunos, mas que não está na área adscrita da equipe vermelha, sendo que esta não conta com nenhuma escola. Na área não existe nenhum serviço de saúde pago, e tem apenas duas farmácias. Quanto à equipe de saúde vermelha, da UBSF em questão, esta é formada por uma enfermeira, um médico, um cirurgião dentista, oito agentes comunitárias de saúde, duas técnicas em enfermagem e uma auxiliar de saúde bucal. Completam também a Unidade outras três equipes, a gerente, os administrativos, os vigias e as funcionárias da empresa Total, responsáveis pela limpeza. A enfermeira é a responsável pela equipe, pelo preenchimento correto dos vários relatórios, pela supervisão dos ACS, realiza preventivos, faz o acolhimento dos pacientes e muitas outras funções. O médico é responsável pelas consultas, tendo que cumprir uma meta diária de vinte consultas, mais uma quantidade de vinte 8 visitas domiciliares mensais, que geralmente são solicitadas pelas ACS, que anotam em um livro o nome e o endereço de quem necessita da visita médica. As ACS são responsáveis pelas visitas domiciliares de todos os moradores da área, tanto para cadastramento como para acompanhar a situação de saúde das famílias, devendo fazer pelo menos uma visita mensal para cada família, que são divididas por micro área, ficando cerca de 150 famílias para cada ACS. As técnicas em enfermagem auxiliam nas visitas da enfermagem, e realizam todos os cuidados necessários na Unidade, como pré-consulta, aferição de pressão, vacinas, curativos, inalação. A auxiliar de saúde bucal é responsável pelo consultório odontológico, cuidando do material de consumo, instrumental, auxiliando o dentista nos procedimentos, fazendo assepsia, esterilização, agendamento e acompanhando o dentista nas visitas, tanto domiciliares como institucionais (CEINF ou Escola). O cirurgião dentista é responsável pelo atendimento clínico dos moradores, atendendo tanto a demanda programada como a demanda espontânea. A equipe tem um bom relacionamento entre seus membros, efetuando troca de informações sempre que necessário, discutindo casos clínicos mais complexos, onde seja importante essa junção de saberes, para dar mais segurança nos atendimentos. O mais importante é que reina a harmonia entre todos os membros da equipe e da Unidade como um todo, pois isso favorece muito o bom andamento do nosso trabalho. 9 2 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA No Brasil, o movimento da Reforma Sanitária, baseado em propostas da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1986, durante a oitava Conferência Nacional de Saúde, propõe um sistema de saúde universal utilizando os conceitos de Alma-Ata, de saúde baseada na atenção primária. Em 1988, na promulgação da Carta Constitucional vigente, os princípios de saúde como direito e um sistema de saúde universal são propostos, sendo criado o SUS (Sistema Único de Saúde). Em 1990, concretizando o texto constitucional, são promulgadas as leis orgânicas da saúde (8080 e 8142). Em 1994, o Ministério da Saúde propõe a criação do Programa Saúde da Família (PSF), nome que assume a Atenção Primária em Saúde em nosso meio. Atualmente se denomina Estratégia Saúde da Família, por ser mais que um programa, envolvendo vários setores, vários programas, para poder levar realmente a prevenção e o cuidado a uma parcela maior da população, e cuja operacionalização deve acontecer por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, e o trabalho das equipes deve estar dirigido à população de territórios bem delimitados, e privilegiar o uso de tecnologias leves e leves-duras, sem o uso de equipamentos caros e de elevada tecnologia. (CORREIA, 2010) No nosso país, o modelo adotado de Atenção Primária à Saúde (APS) é a Estratégia de Saúde da Família. Os atributos da APS são: primeiro contato; integralidade; longitudinalidade e coordenação. APS é, portanto, uma forma de organização dos serviços de saúde que responde a um modelo assistencial, por meio do qual se busca integrar todos os aspectos desses serviços, e que tem seu foco nas necessidades de saúde da população. Ela busca proporcionar equilíbrio entre as duas metas de um sistema nacional de saúde: melhorar à saúde da população e proporcionar equidade na distribuição de recursos. (CORREIA, 2010). Conforme a Portaria n. 2.488, de 21 de outubro de 2011, acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe de saúde da família, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar são atribuições dos cirurgiões dentistas da ESF. Existe uma 10 pactuação com o Governo do Estado, onde consta nas metas a serem alcançadas mensalmente, a quantidade de dez visitas domiciliares (VD) para o Odontólogo. Apesar de no Sistema de Informações da Atenção Básica (SIAB) não constar ainda as visitas dos dentistas em separado, pois aparece como “visitas realizadas por outros profissionais de nível superior”, ainda assim a quantidade é bem menor do que as visitas domiciliares do médico e da enfermeira. De acordo com Almeida (2008), “a visita domiciliar poderia ser mais utilizada, a fim de conhecer o ambiente de vida das famílias, hábitos e condições de moradia, servindo de instrumento auxiliar no planejamento das ações” (p. 2138). E no caso das visitas, o planejamento é fundamental para não sermos pegos de surpresa em algum dos procedimentos realizados, devido ao fato de estarmos longe da Unidade. O cirurgião dentista não pode abrir mão da visita domiciliar, pois é uma maneira de se ampliar o envolvimento com a comunidade. Segundo Barros et al. (2006), “a VD é um método eficaz, pois pode despertar na população a preocupação para as questões da sua saúde” (p. 137). Devemos levar em conta que a maioria das pessoas que irão se beneficiar com as visitas são pessoas em grande vulnerabilidade e que apresentam dificuldades que impedem sua locomoção a Unidade. Portanto, ressaltamos a importância das visitas domiciliares serem resolutivas, para se prestar uma melhor assistência a essa parcela da população que tem difícil acesso aos serviços prestados pela odontologia tradicional, por sua condição peculiar de acamados, cadeirantes ou de vulnerabilidade acentuada, que lhes torna o simples fato de se deslocar para a unidade de saúde um imenso sacrifício, sem contar que envolve também o concurso de outras pessoas, que nem sempre estão disponíveis para levá-los. 11 3 OBJETIVO Estabelecer uma rotina de visita domiciliar odontológica, na equipe vermelha da UBSF Parque do Sol, em Campo Grande – MS, conseguindo assim que as mesmas sejam produtivas e satisfatórias, cumprindo a meta pactuada pelos gestores para as visitas domiciliares. 12 4 METODOLOGIA A ação a ser desenvolvida baseia-se em um procedimento já existente na Estratégia de Saúde da Família, que são as Visitas Domiciliares. Pretendo direcionálas para um público que realmente necessite das mesmas, e torná-las mais resolutivas, realizando alguns procedimentos em que não seja necessário o paciente estar em um consultório odontológico, e não apenas orientações e encaminhamentos. Essas visitas serão realizadas na área vermelha, número 11, da Unidade de Saúde da Família Dr. Benjamin Asato (Parque do Sol), em Campo Grande. A ação será realizada primeiramente com a coleta de dados (relação de pacientes acamados, idosos com mais de sessenta anos, portadores de necessidades especiais, com dificuldade de locomoção), através das ACS. Com esses dados em mãos, o Cirurgião Dentista e a Auxiliar de Saúde Bucal darão início as visitas, de acordo com uma seleção de prioridades, como os mais idosos, depois os acamados, sempre intercalando com algum pedido feito pelas ACS, que por estarem em constante contato na área, detectam algum caso mais urgente. As ações serão desenvolvidas a partir dessa coleta de dados, fazendo-se as visitas para um primeiro exame clínico, avaliando as necessidades e, em seguida, agendando novas visitas para tratamento, de acordo com as necessidades dos mesmos. Deverá ser feito um planejamento para essas visitas posteriores, para que se saiba qual instrumental será necessário para o bom desempenho da atividade, e intercalando-se com outros exames de avaliação de outros pacientes, de acordo com as prioridades estabelecidas. Os nomes serão anotados em um livro ata, e a cada visita será preenchida uma ficha de visita do paciente, onde será anotado o estado atual do mesmo, as necessidades de tratamento, de retorno imediato ou não, quais procedimentos foram realizados e outras informações importantes. Será utilizado o período destinado às visitas domiciliares, que é de quatro horas semanais, e no caso da equipe número onze está reservado o período da tarde, de todas as terças-feiras, pois já se verificou que o período da manhã é improdutivo para visitas nessa área, devido a muitos pacientes acordarem tarde. 13 Pretendo contar com a colaboração das Técnicas de Enfermagem, tanto para orientações aos cuidadores quanto na aferição da pressão arterial dos pacientes idosos, principalmente quando forem submetidos a extrações dentais. Os recursos materiais empregados serão os que já existem na Unidade de Saúde, sendo preparada uma caixa plástica (maleta) com material básico, sendo: máscaras descartáveis, gorros descartáveis, avental descartável, luvas, abaixadores de língua, algodão, gaze estéril, flúor, água oxigenada, fio dental, papel toalha. Ainda, de acordo com o planejamento das visitas do dia, será acrescido o instrumental clínico, como espelhos, sonda, pinça, seringa carpule para anestesia, agulhas, anestésico, fio de sutura, instrumental para raspagem, instrumental necessário para as cirurgias programadas para o dia. Também farei uso de uma lanterna de mergulho, que é adaptada na cabeça, para permitir uma maior visibilidade do campo a ser trabalhado. As ações serão avaliadas de acordo com o aumento da quantidade de visitas domiciliares mensais e da ampliação dos procedimentos efetuados nas mesmas, não se restringindo a apenas exame e encaminhamentos, como era feito anteriormente, utilizando-se como base para essa avaliação os indicadores mensais da Unidade, os relatórios mensais feitos pela Enfermagem e os coletados no Sistema de Informações da Prefeitura (Hygia e Gisa). 14 5 CRONOGRAMA 2011 Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out X X X X X X Nov Dez Pré-projeto X Coleta de dados Elaboração X do projeto X Desenvolvimento das ações Conclusão entrega e do X X relatório Apresentação X 15 6 ANÁLISE E DISCUSSÃO Analisaremos, agora, os resultados das ações desenvolvidas neste projeto de intervenção. Vale ressaltar que as ações continuam sendo realizadas e, portanto, esta é uma análise parcial dos resultados. 6.1 COLETA DE DADOS Nessa primeira fase do projeto, ocorreu certa demora na coleta de dados, devido às ACS estarem sobrecarregadas de trabalho. Contudo, algumas responderam rapidamente graças ao seu comprometimento com a equipe. Também existia ACS de licença gestante, algumas que apresentavam muitos atestados de saúde, área descoberta, o que contribuiu para a demora da coleta de dados. Porém, assim que forem resolvidos esses problemas, irei atuar também nessas áreas que estavam descobertas. 6.2 VISITAS PARA EXAME DE NECESSIDADES Esta ação tem acontecido com mais freqüência, principalmente para os idosos. Por ser apenas meio período semanal, às vezes acontece de estar chovendo, o que impede que ocorram as visitas programadas, tendo que ser adiadas para a próxima semana, em virtude de não serem ruas asfaltadas. Também o excesso de feriados e pontos facultativos interfere negativamente na regularidade das visitas. Já podemos notar alguns resultados positivos nessa ação, como o aumento do número de visitas domiciliares mensais. Também o interesse dos próprios moradores, que contam com pessoas acamadas e com dificuldade de locomoção, que solicitam às ACS que sejam incluídos nas visitas do dentista. 6.3 VISITAS PARA ATENDIMENTO CLÍNICO Já estão sendo feitas, realizando-se raspagens e extrações simples, remoção de suturas, aplicação de flúor, técnicas de escovação, prescrição de medicamentos e encaminhamentos necessários. Verifica-se que já ocorreu uma grande evolução 16 nos procedimentos realizados nas visitas, evitando que os pacientes tivessem que se deslocar até a Unidade de Saúde para atendimentos simples, que podem ser realizados em sua própria residência. 6.4 PRESENÇA DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM NA VISITA Tenho conseguido, poucas vezes, que isto ocorra, pois é muito difícil o dia em que as técnicas não tenham que cobrir ausências, férias, atestados médicos de outras, portanto, não podendo se ausentar da Unidade para realizar as visitas junto com a Equipe de Saúde Bucal. Considero importante que as técnicas participem dessas visitas domiciliares, pois aumenta o envolvimento das mesmas com a equipe de saúde bucal, e também devido a grande quantidade de pacientes hipertensos que temos na área, pode haver oscilação da pressão arterial, sendo preciso que a mesma seja aferida constantemente, principalmente se o paciente for submetido a uma extração. Também pelo fato das mesmas não estarem conseguindo cumprir com sua meta de visitas domiciliares mensais, essa seria uma ótima oportunidade para se conseguir esse indicador. Pretendo conseguir com a gerência da Unidade uma liberação para que isto aconteça com mais freqüência. 17 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto de intervenção em estudo foi motivado pela necessidade de se conseguir implementar as visitas domiciliares para o Cirurgião Dentista na UBSF Parque do Sol, em virtude desse assunto não ser muito explorado nos trabalhos e publicações pesquisados. Também existe uma quantidade mensal de visitas que consta das metas de produtividade e não vinha sendo cumprida. Nem quando o profissional é inserido na ESF e passa pelo curso, denominado introdutório, recebe algum esclarecimento sobre essas visitas domiciliares, sobre como fazê-las, quais seus objetivos e o que pode e deve fazer nas mesmas. Procurei desenvolver uma rotina para as mesmas, tornando-as efetivamente proveitosas, tanto para o cirurgião dentista quanto para o paciente, aumentando sua resolutividade e dando-lhe a devida importância enquanto parte essencial da rotina da ESF. Desenvolvemos atividades na residência do morador que somente eram feitas na Unidade de Saúde e que, com pequenas adaptações, tornaram-se totalmente viáveis de serem realizadas, aumentando a acessibilidade de idosos vulneráveis, acamados e pacientes com dificuldade de locomoção. Este projeto de intervenção está sendo importante também para criar um vínculo constante, fazendo um monitoramento contínuo para se verificar a evolução da saúde bucal dos pacientes, anotando-se os procedimentos e observações em um histórico de cada paciente, com os dados mais relevantes para obter um diagnóstico mais completo. Pretendo, com a manutenção desta rotina, diminuir o máximo possível do estoque de necessidades acumuladas em agravos bucais desses pacientes vulneráveis de minha área de abrangência. 18 REFERÊNCIAS ALMEIDA, G.C.M; FERREIRA, M..AF.Saúde bucal no contexto do Programa Saúde da Família. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24 (9): 2131 – 2140, set, 2008 BARROS. G.B; CRUZ, J.P.P., SANTOS, A.M; RODRIGUES, A.A.A.O; BASTOS, K.F. Saúde bucal a usuários com necessidades especiais: Visita Domiciliar. Rev.Saúde.com 2006; 2(2): 135 – 142 CORREIA, A.D. M. S..et al. Políticas públicas de saúde e processo de trabalho em saúde,vol. 2, Campo - Grande (MS):Ed. UFMS: Fiocruz Unidade Cerrado Pantanal, 2010. MANDÚ, E.N.T.; GAÍVA, M.A.M; SILVA, M,A,; SILVA, A.M.N. Visita Domiciliária sob o olhar de usuários do programa saúde da família.Texto Contexto, Enferm. Florianópolis, 2008 jan-mar; 17 (1) 131 – 40.