i UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA LUCIANE CALHEIROS LAPAS MORTALIDADE POR CÂNCER NO ESTADO DE MATO GROSSO – ANÁLISE DA SÉRIE TEMPORAL 2002 – 2011 CUIABÁ (MT) 2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA LUCIANE CALHEIROS LAPAS MORTALIDADE POR CÂNCER NO ESTADO DE MATO GROSSO – ANÁLISE DA SÉRIE TEMPORAL 2002 – 2011 Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem – Opção Doenças Crônicas Não Transmissíveis - Modalidade à Distância do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista. Profª Orientadora: Rodrigues Gil. CUIABÁ (MT) 2014 Drª Célia Regina FOLHA DE APROVAÇÃO O trabalho intitulado MORTALIDADE POR CÂNCER NO ESTADO DE MATO GROSSO – ANÁLISE DA SÉRIE TEMPORAL 2002 – 2011 de autoria da aluna LUCIANE CALHEIROS LAPAS foi examinado e avaliado pela banca avaliadora, sendo considerado APROVADO no Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem – Área: Doenças Crônicas Não Transmissíveis - Modalidade à Distância. _____________________________________ Profª Drª Célia Regina Rodrigues Gil Orientadora da Monografia _____________________________________ Profª Drª Vânia Marli Schubert Backes Coordenadora do Curso _____________________________________ Profª Drª Flávia Regina Souza Ramos Coordenadora de Monografia CUIABÁ (MT) 2014 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho à minha Mãe que no decorrer da minha vida, proporcionou-me, além de carinho e amor, os conhecimentos da integridade, da perseverança e de procurar sempre em DEUS a força maior para o meu desenvolvimento como ser humano. Ao meu amado filho Yan, que é a razão pela qual persisto no meu crescimento profissional, por esse motivo, gostaria de dedicar e reconhecer a vocês, minha imensa gratidão e sempre amor. Muito obrigada! AGRADECIMENTOS À DEUS, porque têm sido tudo em minha vida. Um agradecimento especial aos meus queridos irmãos, que permaneceram sempre ao meu lado, nos bons e maus momentos; À minha orientadora, Célia Regina Rodrigues Gil; E a todos os demais Professores do Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem – Opção Doenças Crônicas não transmissíveis - Modalidade à Distância que muito contribuíram para meu engrandecimento intelectual; A todos enfim, indiretamente, que direta contribuíram para conclusão deste trabalho. A todos vocês, o meu muito obrigado! ou a SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 01 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................... 03 3 MÉTODO......................................................................................................................... 12 4 RESULTADO E ANÁLISE ......................................................................................... 13 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 27 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 29 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Representação espacial das taxas ajustadas por idade,....................................... 13 pela população mundial, mortalidade por todas as neoplasias, por 100.000 mulheres, nas Unidades da Federação, entre 2002 e 2011. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01 - Mortalidade proporcional não ajustada por câncer, Brasil,............................ homens e mulheres, entre 2002 e 2011. 13 Gráfico 02- Distribuição proporcional do total de mortes por câncer,............................... 14 segundo localização primária do tumor, em Mulheres, períodos entre 2002-2006 e 2007-2011. Mato Grosso, Brasil. Gráfico 03 - Distribuição proporcional do total de mortes por câncer,................................. 15 segundo localização primária do tumor, em Homens, períodos entre 2002-2006 e 2007-2011. Mato Grosso, Brasil. Gráfico 04 - Taxas de mortalidade das 5 localizações primárias ....................................... 16 mais freqüentes em 2011, ajustadas por idade, pela população mundial, por 100.000 Mulheres, Mato Grosso, entre 2002 e 2011. Gráfico 05 - Taxas de mortalidade das 5 localizações primárias ....................................... 17 mais freqüentes ajustadas por idade, pela população mundial, por 100.000 Homens, Mato Grosso, entre 2002 e 2011. Gráfico 06 - Taxas de mortalidade por câncer de todas as neoplasias malignas, ............. 18 brutas e ajustadas por idade, pelas populações mundial e brasileira, por 100.000 mulheres e homens, no período de 2002 a 2011. Mato Grosso, Brasil. LISTA DE QUADROS Quadro 01 - Tipos de câncer estimados para 2014 para o ................................................ 03 Estado de Mato Grosso e Cuiabá. Quadro 02 - Distribuição proporcional dos óbitos por Capítulo do CID-10 ......................... no período de 2002 a 2011. Estado do Mato Grosso, Brasil. 10 LISTA DE TABELAS Tabela 01 - Mortalidade proporcional não ajustada por câncer, Brasil, ............................ 06 homens e mulheres, entre 2002 e 2011. Tabela 02 - Distribuição proporcional do total de mortes por câncer, .............................. 07 em Homens, Brasil, para os períodos entre 2002-2006 e 2007-2011. Tabela 03 - Distribuição proporcional do total de mortes por câncer, .............................. 08 em Mulheres, Brasil, nos períodos entre 2002-2006 e 2007-2011. Tabela 04 - Número médio de Anos Potenciais de Vida Perdidos por câncer ................... 09 de todas as neoplasias malignas, segundo sexo, Brasil, 2002-2011, limite superior 80 anos. Tabela 05 - Taxas de mortalidade por câncer, brutas e ajustadas por idade, ...................... 19 pelas populações mundial e brasileira, por 100.000, segundo sexo, período de 2002 a 2011. Mato Grosso, Brasil. Tabela 06 - Número médio de Anos Potenciais de Vida Perdidos por câncer ................... 20 de todas as neoplasias malignas, por 1.000 mulheres, limite superior de 80 anos. Mato Grosso, Brasil. Tabela 07 - Número médio de Anos Potenciais de Vida Perdidos por câncer ................... 21 de todas as neoplasias malignas, por 1.000 homens, limite superior de 80 anos. Mato Grosso, Brasil. Tabela 08 - Número médio de Anos Potenciais de Vida Perdidos por câncer ................... 21 de todas as neoplasias malignas, por 1.000, segundo sexo, período de 2002 a 2011, limite superior de 80 anos. Mato Grosso, Brasil. RESUMO A mortalidade por neoplasia nos países desenvolvidos iniciou declínio nos anos 90, porém nos países em desenvolvimento esse fato é menos conhecido. Já no Brasil houve aumento da mortalidade pelo conjunto dos cânceres, resultando em críticas quanto aos dados e a validade dos resultados. No estado de Mato Grosso o câncer é a terceira causa de óbito por doença e esse tipo de mortalidade reflete nas variações na incidência de neoplasias decorrentes de perfis heterogêneos de exposição a fatores de risco e modos de vida, além de ser influenciada pela qualidade das informações e das diferenças nas condições de acesso, uso e desempenho dos serviços de saúde. OBJETIVO: Avaliar e descrever a evolução da mortalidade por neoplasias com delineamento ecológico de séries temporais no período de 2002 a 2011. MÉTODOS: Os dados de mortalidade por neoplasias foram obtidos das bases de dados do INCA/MS/DATASUS/ IBGE. Calcularam-se taxas de mortalidade anual por neoplasias ajustadas por idade, sexo e principal causa de óbito, Cap. II da CID-9 e II da CID-10. RESULTADOS: As taxas de mortalidade pelo conjunto dos cânceres aumentaram de 2002 para 2011 em 2,3%. Entre o cinco cânceres mais incidentes, o câncer de estômago mostrou queda de taxas nos dois sexos, já o câncer de Próstata, Pulmão, Esôfago, Cólon e Reto aumentaram entre os homens. No sexo feminino, o “câncer do útero não especificado" apresentou redução e o câncer de Mama, Pulmão, Colo do útero aumentaram. CONCLUSÃO: Conforme demonstrado percebe-se aumento dos óbitos por neoplasias para ambos os sexos no Estado, com variação crescente na taxa de mortalidade. As localizações primárias mais freqüentes foram as neoplasias de pulmão (14,4%), estômago (9,0%) e próstata (16,4%) nos homens e as de mama (15,6%), colo de útero (11,0%), e pulmão (10,4%) nas mulheres. Descritores: Neoplasias, Mortalidade, Epidemiologia. 1 1 INTRODUÇÃO Após décadas de aumentos constantes, as taxas de mortalidade por câncer passaram a mostrar tendência declinante em anos recentes, em vários países desenvolvidos, como os Estados Unidos e a maior parte da Europa Ocidental. Para os países em desenvolvimento, não existem muitos estudos que revelem a tendência da mortalidade por câncer. Em 2002 foi publicado trabalho que analisou uma série histórica sobre a mortalidade por câncer no Brasil, mostrando queda das taxas4. Em virtude deste fato realizaremos um estudo da evolução da mortalidade por câncer no Estado de Mato Grosso, a fim de verificar o comportamento desta causa de morte identificando se as taxas estão em declínio ou em aumento. O câncer representa um grave problema de saúde pública em todo o mundo, pela alta incidência de morbidade e mortalidade além do elevado custo no tratamento. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) as mudanças provocadas no meio ambiente pelo próprio homem, os "hábitos" e o "estilo de vida” adotados pelas pessoas, podem determinar diferentes tipos de câncer2. Aproximadamente 80% dos casos de câncer estão relacionados ao ambiente, resulta de exposição diferenciada ao processo de industrialização como agentes químicos, físicos e biológicos e das condições de vida, que variam de intensidade em função das desigualdades sociais3. No Brasil, o câncer representa a terceira mais importante causa de morte, apos as doenças cardiovasculares e causas externas, respectivamente. No período estudado, entre 2002 e 2011, a taxa bruta de mortalidade por câncer passou de 79,30 para 100,47 por 100.000 homens e de 64,90 para 83,99 por 100.000 mulheres. Existe uma marcante heterogeneidade da mortalidade por câncer entre as regiões brasileiras, relacionada, principalmente, ao crescimento econômico, à dieta, ao tabagismo, às exposições ambientais e ocupacionais e às desigualdades sociais4. A distribuição dos diferentes tipos de câncer sugere uma transição epidemiológica em andamento, envolvendo um aumento entre os tipos de câncer normalmente associados a melhores rendas – câncer de mama, próstata e cólon e reto – e, simultaneamente, a presença de taxas de incidência persistentemente elevadas de tumores geralmente associados com a pobreza – câncer de colo de útero, pênis, estômago e cavidade oral 5. A mortalidade por neoplasias reflete as variações na incidência do câncer decorrentes de perfis heterogêneos de exposição a fatores de risco e modos de vida, além de ser influenciada pela qualidade das informações e das diferenças nas condições de acesso, uso e desempenho dos serviços de saúde 6. As taxas de mortalidade por câncer estimam o risco de morte por neoplasias malignas e dimensionam a sua magnitude como problema de saúde pública. São as melhores medidas do progresso na luta contra o câncer, pois se apóiam em sistemas de estatística vital estabelecidos há mais longo tempo 7. Considerando o aumento da mortalidade por neoplasia e as importantes variações regionais, além das importantes transformações socioambientais ocorridas no Estado do Mato Grosso, justifica-se o presente estudo que objetiva conhecer a tendência de mortalidade por câncer no Estado, segundo sexo, no período compreendido entre 2002 e 2011. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA CASOS NOVOS DE CÂNCER PARA O ESTADO DE MATO GROSSO O número de casos novos de câncer cresce a cada ano. Para 2014, a estimativa do INCA é a ocorrência de 576.000 casos novos de câncer no Brasil, incluindo casos de pele “não melanoma” – (182.000 casos novos), com maior incidência na população Brasileira9. A estimativa de casos novos de câncer pode ser analisada sob diferentes aspectos, conforme descrito a seguir. Por localização primária do tumor e sexo Os tipos de câncer mais incidentes (exceto pele não melanoma), por localização primária, como: pulmão (27.000), estômago (20.000), cólon e reto (33.000) e gênero, esperados para 2014 e 2015, no Brasil, são: • Homens – próstata (69.000). • Mulheres – mama (57.000), colo do útero (15.000). No Estado do Mato Grosso estudos realizados pela Secretaria Estadual de Saúde mostram as estimativas de evolução da mortalidade por esta causa e por localização da doença, conforme demonstra o quadro a seguir: Quadro 01 - Tipos de câncer estimados para 2014 para o Estado de Mato Grosso e Cuiabá. Estimativas para o ano de 2014 das taxas brutas de incidência por 100 mil habitantes e do número de casos novos de câncer, segundo sexo e localização primária* Estimativa dos Casos Novos Homens Localização Primária da Neoplasia Maligna Estado Mulheres Capital Estado Casos Taxas Brutas Casos Taxas Brutas Casos Capital Taxas Brutas Casos Taxas Brutas Próstata 980 59,97 330 60,19 *** *** *** *** Mama Feminina *** *** *** *** 610 39,16 470 80,54 Colo do Útero *** *** *** *** 390 25,21 160 26,97 Traqueia, Brônquio e Pulmão 210 12,49 110 18,19 100 6,48 50 9,47 Cólon e Reto 130 7,86 60 11,32 140 9,07 80 13,59 Estômago 150 9,42 60 11,74 90 6,02 30 5,32 Cavidade Oral 120 7,1 40 7,87 40 2,68 20 3,05 Laringe 80 5,16 40 7,84 ** 0,87 ** 1,39 Bexiga 70 4,19 40 6,61 30 1,88 ** 1,68 Esôfago 110 6,58 40 7,29 30 2,18 ** 1,79 Ovário *** *** *** *** 70 4,6 40 7,13 Linfoma de Hodgkin 30 1,58 ** 1,23 ** 0,49 ** 0,2 Linfoma não Hodgkin 50 3,25 20 3,08 40 2,47 30 4,63 Glândula Tireoide ** 0,39 ** 0,68 50 3,18 20 2,89 Sistema Nervoso Central 60 3,64 20 4,41 60 4,07 30 5,71 Leucemias 60 3,49 30 4,66 40 2,89 30 4,5 Corpo do Útero *** *** *** *** 50 3,14 20 2,97 Pele Melanoma 40 2,25 *** 2,3 20 1,54 ** 2,32 Outras Localizações 530 31,74 140 25,25 370 23,94 120 21,25 Subtotal 2.620 160,86 960 172,48 2.150 137,69 1.150 197,32 Pele não Melanoma 2.020 123,84 260 47,4 1.380 88,5 350 59,96 1.500 257,37 Todas as Neoplasias 4.640 284,88 1.220 219,2 3.530 226,06 Referência: Valores por 100 mil Fonte: MS/INCA/ Estimativa de Câncer no Brasil, 2013 SES/SVS/COVEPI/Gerência de Informação Análise e ações Estratégicas em Vigilância Epidemiológica TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA MORTALIDADE Nas últimas décadas, vem ocorrendo no Brasil mudanças nas causas de mortalidade e morbidade, em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômicas. Esse fenômeno é chamado de transição epidemiológica ou mudança do perfil epidemiológico, sendo que o Câncer está entre as doenças não transmissíveis responsáveis pela mudança do perfil de adoecimento e morte da população brasileira (INCA, 2006)6. Esse processo engloba, basicamente, três mudanças: Aumento da morbimortalidade pelas doenças e agravos não transmissíveis e pelas causas externas. Deslocamento da carga de morbimortalidade dos grupos mais jovens para grupos mais idosos. Transformação de uma situação em que predomina a mortalidade, para outra na qual a morbidade é dominante, com grande impacto para o sistema de saúde. - Vários fatores explicam a participação do câncer na mudança do perfil de adoecimento da população brasileira. Entre eles, podemos citar: A maior exposição a agentes cancerígenos: os atuais padrões de vida adotados em relação ao trabalho, à alimentação e ao consumo, de modo geral, expõem os indivíduos a fatores ambientais (agentes químicos, físicos e biológicos) resultantes de mudanças no estilo de vida das pessoas e do processo de industrialização cada vez mais intenso. • O prolongamento da expectativa de vida e o envelhecimento populacional que estão relacionados com: 1) A redução do número médio de filhos (nascidos vivos) por mulher em idade reprodutiva; 2) A melhoria das condições econômicas e sociais, refletindo também na melhoria de saneamento das cidades e; 3) A evolução da medicina e o uso de antibióticos e vacinas. • O aprimoramento dos métodos para se diagnosticar o câncer. • O aumento no número de óbitos pela doença. • A melhoria da qualidade e do registro da informação. Atualmente, registra-se o aumento da incidência de cânceres associados ao melhor nível socioeconômico – mama, próstata e cólon e reto – ao mesmo tempo em que se observam taxas de incidência elevadas de tumores geralmente associados a condições sociais menos favorecidas – colo do útero, estômago, cabeça e pescoço. ÓBITOS POR CÂNCER NO BRASIL O INCA esclarece que o índice de mortalidade por câncer no país, considerando-se a elevação e mudanças no perfil populacional, pouco oscilou nos últimos anos10. A taxa de mortalidade por câncer de todas as neoplasias malignas, ajustada por idade e pela população brasileira, por 100.000 pessoas, apresentou discretas variações. No caso dos homens, a taxa foi de 87,75 em 2011, último ano com informação consolidada. Em 2007, a taxa foi de 86,43. Houve, portanto, uma variação estatisticamente desprezível no período. No caso das mulheres, a taxa oscilou de 61,23 em 2007 para 62,99, em 2011, o que também representa variação estatística irrelevante. A série histórica de mortalidade por câncer por taxas (bruta e ajustada pela taxa padrão mundial e Brasil) está no Atlas de Mortalidade, disponível no portal do INCA/Estatísticas do Câncer e transcrita abaixo. Nota-se uma elevação relevante da taxa ajustada de mortalidade por câncer no Brasil, devido a uma melhora acentuada na qualidade das notificações de óbito no Brasil, em função de um grande esforço do Ministério da Saúde. No passado, muitos brasileiros morriam de câncer, mas os seus atestados de óbito não especificavam a doença. No Brasil, o Ministério da Saúde criou o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) com a finalidade de regular os dados sobre mortalidade no país de forma a subsidiar as três esferas de gestão da saúde pública. O SIM unificou mais de quarenta instrumentos de coleta de dados sobre mortalidade no país e hoje permite análises consistentes da situação de saúde do Brasil, desmembradas por regiões geográficas e que qualificam o planejamento e avaliação em saúde12. Por meio do SIM é possível observar um aumento da mortalidade proporcional por câncer no Brasil. Tabela 01 - Mortalidade proporcional não ajustada por câncer, Brasil, homens e mulheres, entre 2002 e 2011. Ano 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Porcentagem 12,8 13,0 13,4 14,2 14,5 14,8 15,0 14,9 15,0 15,1 Fontes: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade - SIM MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE MS/INCA/CGPV/Divisão de Vigilância e Análise de Situação. ANÁLISE DA MORTALIDADE SEGUNDO DIFERENTES ASPECTOS A mortalidade por câncer no Brasil pode ser analisada sob vários aspectos, entre os quais se destaca: • Mortalidade conforme a localização primária do tumor. • Mortalidade por faixa etária e sexo. a) Mortalidade conforme a localização primária do tumor O câncer é uma doença que pode acometer diversos órgãos do corpo. O órgão onde é diagnosticado o tumor é reconhecido como a localização primária da doença. Os cânceres de pulmão, estômago, próstata, cólon e reto e mama aparecem entre as cinco maiores causas de mortalidade por câncer na população brasileira. As três principais causas de óbito por câncer entre os homens, em 2011, foram: em 1º lugar o câncer de Traquéia, Brônquios e Pulmões, seguido por câncer de Próstata e câncer de Estômago. No Brasil, no período de 2002 a 2011percebe-se através dos dados apresentados na tabela abaixo que a proporcionalidade de mortes por câncer segundo localização primária em homens, apresenta um comportamento estável com poucas oscilações para aumento e diminuição dos tipos de cânceres. Tabela 02 - Distribuição proporcional do total de mortes por câncer, em Homens, Brasil, para os períodos entre 2002-2006 e 2007-2011. Localização 2002 – 2006 2007 – 2011 Traquéia, Brônquios e Pulmões 15,6 14,9 Próstata 13,0 13,8 Estômago 10,7 9,5 Esôfago 6,5 6,4 Cólon e Reto 6,1 6,8 Fígado e vias biliares intra-hepáticos 4,5 4,7 Cavidade Oral 4,3 4,2 Encéfalo 3,9 3,9 Leucemias 3,7 3,5 Neoplasia Maligna sem Especificação de Localização 3,7 3,5 Pâncreas 3,6 3,9 Laringe 3,6 3,5 Tecido linfático 2,8 2,6 Vesícula Biliar 1,0 1,0 Outras Localizações 17,0 17,7 Fontes: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade - SIM MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE MS/INCA/CGPV/Divisão de Vigilância e Análise de Situação. As três maiores causas de óbito por câncer entre as Mulheres, em 2011, foram: em 1º lugar o câncer de mama, seguido por câncer de Traquéia, Brônquios e Pulmões e Câncer de Cólon e Reto. No Brasil, no mesmo período referido acima, percebe-se a mesma situação da mortalidade segundo a localização primária do tumor. Tabela 03 - Distribuição proporcional do total de mortes por câncer, em Mulheres, Brasil, nos períodos entre 2002-2006 e 2007-2011. 2002 - 2006 2007 – 2011 Mama 15,6 15,8 Traquéia, Brônquios e Pulmões 9,1 10,2 Cólon e Reto 8,2 8,6 Colo do útero 6,9 6,4 Estômago 6,6 6,0 Pâncreas 4,3 4,7 Fígado e vias biliares intra-hepáticos 4,3 4,2 Neoplasia Maligna sem Especificação de Localização 4,2 3,9 Encéfalo 4,2 4,1 Leucemias 3,7 3,6 Vesícula Biliar 2,6 2,4 Tecido linfático 2,6 2,5 Esôfago 2,3 2,2 Cavidade Oral 1,3 1,4 Laringe 0,6 0,6 Outras Localizações 23,6 23,5 Localização Fontes: MS/SVS/DASIS MP//CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade - SIM Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE MS/INCA/CGPV/Divisão de Vigilância e Análise de Situação. b) Mortalidade por faixa etária e sexo Esse tipo de análise permite conhecer a distribuição percentual dos óbitos por câncer em cada faixa etária, por sexo, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Um dos indicadores criados para se analisar o impacto de determinada causa de morte numa população é o APVP – Anos Potenciais de Vida Perdidos. Este indicador permite quantificar o número de anos de vida não vividos quando ocorre uma morte em idade inferior ou abaixo da esperada, caracterizando uma morte precoce. Geralmente a idade para comparação do APVP é fixada em 70 anos (expectativa de vida da população). Desta forma, calcula-se o APVP subtraindo-se a idade em que a morte ocorreu do limite de idade fixada. O resultado são os anos que uma determinada pessoa deixou de viver quando ocorreu seu óbito. Na tabela abaixo a idade fixada para comparação foi 79 anos. É possível identificar, a partir dos dados, que com exceção das faixas etárias compreendidas entre 30-39 e 40-49 anos, os homens apresentam menos anos vividos que as mulheres em todas as demais faixas. Se forem somadas as faixas etárias compreendidas de 0-19 anos observa-se que no sexo feminino 815.345 anos são deixados de viver por conta do câncer. No sexo masculino, nesta mesma faixa etária, são 1.063.132 anos. Cabe ressaltar que a mortalidade aumenta nas faixas etárias de maior idade, porém, não são desprezíveis as vidas perdidas na infância e adolescência. Tabela 04 - Número médio de Anos Potenciais de Vida Perdidos por câncer de todas as neoplasias malignas, segundo sexo, Brasil, 2002- 2011, limite superior 80 anos. MULHERES HOMENS Faixa etária APVP TAPVP APVP TAPVP 01 - 04 anos 199.576 3,11 248.064 3,73 05 - 09 anos 198.770 2,39 256.185 2,98 10 - 14 anos 191.786 2,21 236.807 2,65 15 - 19 anos 225.213 2,52 322.076 3,54 20 - 29 anos 656.154 3,91 688.932 4,15 30 - 39 anos 1.443.200 10,08 946.352 6,93 40 - 49 anos 2.731.934 23,59 2.291.838 21,18 50 - 59 anos 3.093.240 38,36 3.520.440 47,86 60 - 69 anos 2.127.398 40,96 2.830.954 63,17 70 - 79 anos 629.824 20,84 848.768 35,76 Total 11.497.095 12,59 12.190.416 13,76 APVP - Anos Potenciais de Vida Perdidos TAPVP - Taxa de Anos Potenciais de Vida Perdidos Fontes: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade - SIM MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE MS/INCA/CGPV/Divisão de Vigilância e Análise de Situação. A importância desse indicador é atribuída pelo fato de: Identificar a necessidade de estudos sobre as causas de morte por idade e sexo. Subsidiar processos de planejamento, gestão e avaliação de políticas de saúde voltadas para grupos etários específicos. Possibilitar, no caso específico do câncer, a análise de outros dados em relação à mortalidade por câncer explorando o Atlas de Mortalidade por Câncer no site do INCA. A IMPORTÂNCIA DO REGISTRO DE DADOS Uma política pública para enfrentamento dos problemas de saúde necessita de uma base de informações confiável, que sustente e direcione a tomada de decisão. Informações precisas e constantemente atualizadas constituem o ponto de partida para a identificação dos determinantes do processo saúde-doença, das desigualdades em saúde e do impacto de ações e programas para reduzir a carga de doença na população. É nesse sentido que atua a Área de Vigilância em Saúde, acompanhando sistematicamente os eventos adversos à saúde na comunidade, com o propósito de implementar e aprimorar medidas de controle e subsidiar a elaboração e avaliação de resultado das políticas públicas implantadas. A vigilância do câncer é realizada por meio da implantação, acompanhamento e aprimoramento dos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBPs) e dos Registros Hospitalares de Câncer (RHCs). Os registros possibilitam conhecer os novos casos e realizar estimativas de incidência do câncer, dados fundamentais para o planejamento das ações locais de controle do câncer de acordo com cada região. No Brasil, existem hoje mais de 20 localidades que possuem RCBPs e coletam dados de uma população específica (com diagnóstico de câncer) em uma área geográfica delimitada. Os RHCs são implantados nos hospitais e funcionam como centros de coleta, processamento, análise e divulgação de informações sobre a doença, de forma padronizada, sistemática e contínua. A MORTALIDADE POR CÂNCER EM MATO GROSSO Em Mato Grosso, a mortalidade por neoplasias vem crescendo consideravelmente ao longo das últimas décadas, ao mesmo tempo em que diminuíram as mortes pelas demais patologias, em especial as doenças infecto parasitárias, como pode ser observado no quadro a seguir. Quadro 02 – Distribuição proporcional dos óbitos por Capítulo do CID-10 no período de 2002 a 2011. Estado do Mato Grosso, Brasil. I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias II. Neoplasias (tumores) III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas V. Transtornos mentais e comportamentais VI. Doenças do sistema nervoso VII. Doenças do olho e anexos VIII.Doenças do ouvido e da apófise mastóide IX. Doenças do aparelho circulatório X. Doenças do aparelho respiratório 5,18 12,90 0,55 0,06 1,19 1,51 0,00 0,02 26,66 8,96 XI. Doenças do aparelho digestivo XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo XIII.Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo XIV. Doenças do aparelho geniturinário XV. Gravidez parto e puerpério XVI. Algumas afec originadas no período perinatal XVII.Malf cong deformid e anomalias cromossômicas XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 4,58 0,16 0,34 1,76 0,25 3,54 1,44 5,55 19,73 Fonte: MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM OBS: Em 2011, houve uma mudança no conteúdo da Declaração de Óbito, com maior detalhamento das informações coletadas. Para este ano, foram utilizados simultaneamente os dois formulários. Para mais detalhes sobre as mudanças o corridas e os seus efeitos, veja o documento "Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM. Consolidação da base de dados de 2011". 3 MÉTODO Este estudo foi desenvolvido a partir de um estudo epidemiológico com delineamento ecológico de série temporal de dados secundários de óbitos por neoplasias no período de 2002 a 2011, realizado em Mato Grosso. Foram incluídos todos os óbitos de residentes no Estado de Mato Grosso registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, e inclusive que possuíam como causa básica de óbito a neoplasia, disponibilizados em home page do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) do Ministério da Saúde, no período compreendido entre 2002 e 2011. O SIM utilizou a 10ª revisão pelo Capítulo do (CID- 10). A população residente no Estado, segundo sexo e faixa etária (00 – 80 anos), por estimativas intercensitárias (2002 a 2011) utilizadas como denominadores para os cálculos das taxas de mortalidade foram obtidas no DATASUS, no qual é incluso todos os Indicadores de Saúde, de mortalidade específica por neoplasias malignas C-10 e dados básicos Brasil – 2011 IDB – 2011 e fornecidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE12. Realizou-se uma análise preliminar da mortalidade segundo sexo e ano do óbito para todas as neoplasias malignas e posteriormente para as neoplasias com localizações anatômicas que apresentaram maiores taxas de mortalidade no período, através do Atlas de Mortalidade por Câncer – INCA. Para o cálculo das taxas de mortalidade por neoplasias, como numerador considerouse o número de óbitos por tipo de neoplasias segundo sexo multiplicado por 100 mil habitantes e como denominador, a população do mesmo sexo segundo ano analisado. Foram construídas séries históricas para o período de 2002 a 2011. Este período foi selecionado devido à disponibilidade de dados de mortalidade e populacionais no DATASUS (BRASIL, 2014) 12. Os dados são coletados no DATASUS, por isso não haverá consentimento livre e esclarecido, haja vista que o desenvolvimento do estudo se deu utilizando fontes secundárias. 4 RESULTADO E ANÁLISE No período entre 2002 e 2011 foram estudados 17.337 registros de óbitos por Câncer, no Estado de Mato Grosso, com variação proporcional por neoplasias de 12,9%, representando a terceira maior causa de morte por doença no estado, sendo em primeiro lugar, as Doenças do Aparelho Circulatório e segundo, as Causas Externas. No Brasil, no mesmo período, as taxas de mortalidade oscilaram de 12,8 a 15,1%, como demonstra o gráfico a seguir. Fontes: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade - SIM MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE MS/INCA/CGPV/Divisão de Vigilância e Análise de Situação. Em Mato Grosso, no período de 2002 a 2001, a taxa bruta de mortalidade é de 48,3 casos por 100.000 Mulheres e 64,89 casos por 100.000 Homens, conforme mostra a figura abaixo: Em relação à proporcionalidade das mortes por câncer, segundo a localização primária do tumor em mulheres, no mesmo período, observou-se um aumento da mortalidade por Câncer de Mama, Colo de Útero, Pulmão, Traquéias e Brônquios. Destaca-se o crescimento da mortalidade por Câncer de Mama que no período de 2002 a 2006 teve um aumento de 11,6% e de 2007 a 2011 houve uma ascensão de 4%, perfazendo o percentual 15,6%. Outro Câncer que apresentou crescimento da mortalidade foi o de Pulmão que, no final de 2011, apresentou uma taxa de 10,4% ocupando o segundo lugar, provavelmente devido ao aumento do tabagismo entre as mulheres nas últimas décadas (Gráfico 2). Gráfico 02 - Distribuição proporcional das mortes por câncer, segundo localização primária do tumor, em Mulheres, períodos entre 2002-2006 e 2007-2011. Mato Grosso, Brasil. Entre os Homens observou-se aumento da proporcionalidade das mortes por câncer, segundo localização primária do tumor, percebe-se Câncer de Próstata, Pulmão, Traquéias e Brônquios e Estômago, respectivamente. Destacou-se o crescimento da mortalidade por Câncer de Próstata, que no período de 2002 a 2006 apresentou uma taxa de 14,2% e de 2007 a 2011, uma ascensão de 2,2%, totalizando 16,4%. Em segundo lugar está o câncer de Pulmão que no final de 2011 apresentou uma taxa de 14,4%. Já o câncer de estômago apresentou uma diminuição, chegando no período de 2007 a 2011 a 9,0%, sendo 2,2% a menos que no período anterior (2002 a 2006). Gráfico 03 - Distribuição proporcional das mortes por câncer, segundo localização primária do tumor, em Homens, períodos entre 2002-2006 e 2007-2011. Mato Grosso, Brasil. As cinco causas de mortalidade mais freqüentes segundo a localização primária, por 100.000 mulheres, ajustadas por idade pela população mundial, no Estado de Mato Grosso, entre 2002 e 2011, são: Câncer de Mama; Colo do Útero; Pulmão, Traquéias e Brônquios; Cólon e Reto e Estômago. No estado, a principal causa registrada pelos Registros de Óbitos por Neoplasias em mulheres é o Câncer de Mama. No período de 2002 a 2011, aumentou de 7,80/100.000 para 9,63/100.000 habitantes, um acréscimo de 1,83%. Acredita-se que a tendência de aumento esteja relacionada ao envelhecimento populacional, obesidade, fatores dietéticos e outras causas. A segunda maior incidência está no de Pulmão, Traquéias e Brônquios que em 2002 apresentava uma taxa de 5,95% passando para 7,01% em 2011, Neste mesmo período o câncer de Colo de Útero apresentou comportamento ascendente, embora estatisticamente não significativo, houve um crescimento de 0,65% (5,12% em 2002 para 5,77% em 2011). O Câncer de Cólon e Reto apresentou aumento constante no período cujo coeficiente subiu de 3,62% em 2002 para 5,68% no ano de 2011. Já o Câncer de Estômago apresentou tendência claramente declinante nas mulheres no mesmo período, variando de 6,30% a 3,79%, apresentando uma queda de 2,51%. Gráfico 04 De forma similar às mulheres, as cinco causas mais freqüentes de mortalidade por câncer segundo localização primária, por 100.000 Homens, ajustadas por idade pela população mundial, no Estado de Mato Grosso, entre 2002 e 2011, foram o Câncer de Estômago que apresentou queda de taxas estatisticamente significante no período em estudo e, de forma similar, o Câncer de Pulmão, Traquéia e Brônquios tiveram queda, porém não acentuadas. Os cânceres de Próstata, de Cólon e Reto e de Esôfago mostraram tendências de ascensão. No estado, a principal causa de morte por neoplasias em homens é o Câncer de Próstata, cujas taxas cresceram de 13,31/100.000 para 16,78/100.000 homens entre 2002 a 2011, com um acréscimo de 3,47%. Acredita-se que este aumento esteja relacionado ao envelhecimento populacional, aos fatores ambientais, melhoria das técnicas de diagnóstico precoce, como a dosagem sérica do antígeno prostático específico (PSA), ao acesso à informação sobre a importância da prevenção e aos serviços de saúde. A segunda maior incidência de morte câncer na população masculina é a de Pulmão, Traquéias e Brônquios que em 2002 apresentava uma taxa de 13,48% e em 2011 foi para 12,77%, ou seja, houve uma redução de 0,71% durante o período. O mesmo se observa em relação ao Câncer de Estômago que apresentou comportamento descendente no mesmo período passando de 9,95% em 2002 para 7,10% em 2011. Já o Câncer de Cólon e Reto apresentou um crescimento constante no período, com um coeficiente de mortalidade subindo de 3,48% em 2002 para 5,59% em 2011. O Câncer de Esôfago apresentou aumento das taxas de óbito entre 2002 e 2011 variando de 4,72% a 5,43%, respectivamente. Gráfico 05 – Taxas de Mortalidade das 5 localizações primárias mais freqüentes, ajustadas por idade, pela população mundial, por 100.000 Homens, Mato Grosso, entre 2002 e 2011. As taxas brutas da mortalidade por câncer de todas as Neoplasias Malignas (CID10 – C00 - C97; D46; (exceto C77, C78, C79), no Estado de Mato Grosso, no período de 2002 a 2011, para o conjunto dos cânceres mostram que, no sexo feminino, cresceram de 38,88 para 55,73 por 100.000 habitantes, com um aumento de 16,85%. O mesmo ocorreu para o sexo masculino, onde o crescimento foi de 19,94% (de 55,71 para 75,65 por 100.000 habitantes). Para ambos os sexos o crescimento se mostrou estatisticamente significante. Gráfico 06 - Taxas de mortalidade por câncer de todas as neoplasias malignas, brutas e ajustadas por idade, pelas populações mundial e brasileira, por 100.000 mulheres e homens, no período de 2002 a 2011. Mato Grosso, Brasil. (1) População Padrão Mundial, modificada por Doll et al. (1966) (2) População Padrão Brasileira - Censo Demográfico de 2000 – IBGE Fontes: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade - SIM MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE MS/INCA/CGPV/Divisão de Vigilância e Análise de Situação. As Taxas de Mortalidade por Câncer, brutas e ajustadas por idade, no Estado de Mato Grosso, no período de 2002 a 2011, para o conjunto dos cânceres, por sexo e idade, revelaram tendência declinante para o grupo etário entre crianças - adolescentes (zero a dezenove anos), para ambos os sexos. Por outro lado, se mostraram ascendentes para as idades de 50 a 80 anos e mais, para ambos os sexos. Nesta fase, percebe-se a ascendência do câncer de pulmão entre as mulheres, e do câncer de próstata entre os homens. Entre a faixa de 20-39 anos observa-se tendência de aumento das taxas bruta e ajustada de mortalidade para ambos os sexos. No período de 2002 a 2011, observa-se as taxas de mortalidade pelas populações mundial e brasileira, por 100.000 homens e mulheres, onde o número de óbitos para o sexo masculino foi de 9.503 e do sexo feminino de 6.738 casos, com taxa bruta de 64,89% para os homens e 48,30% para as mulheres. Percebe-se ainda que as taxas padronizadas mundial estão muito acima das taxas brutas do Estado de Mato Grosso, e da taxa padrão brasileira, provavelmente isso ocorra devido: prontuários médicos não serem preenchidos corretamente, haver mal definição da causa “mortis”, ou pacientes não conseguirem chegar ao setor terciário, ou seja, aos serviços de alta complexidade, e ainda haver sub-registro e subnotificação de óbitos. Tabela 05 - Taxas de mortalidade por câncer, brutas e ajustadas por idade, pelas populações mundial e brasileira, por 100.000 segundo sexo, período de 2001 a 2011. Mato Grosso, Brasil. Homens Número de Óbitos Faixa Etária Mulheres Taxa Específica Número de Óbitos Taxa Específica 00 a 04 69 5,00 60 4,53 05 a 09 49 3,44 40 2,93 10 a 14 46 3,15 41 2,93 15 a 19 110 7,45 48 3,38 20 a 29 192 6,99 175 6,53 30 a 39 298 12,83 486 21,60 40 a 49 869 49,78 1.016 62,53 50 a 59 1.794 164,29 1.375 140,02 60 a 69 2.364 386,98 1.427 262,30 70 a 79 2.344 827,77 1.302 513,84 80 ou mais 1.366 1.367,23 768 759,36 2 - 0 - Idade Ignorada Total 9.503 - 6.738 - Tx. Bruta - 64,89 - 48,30 Tx Padr. Mundial (1) - 90,91 - 66,52 Tx Padr. BR (2) - 78,27 - 57,67 (1) População Padrão Mundial, modificada por Doll et al. (1966) (2) População Padrão Brasileira - Censo Demográfico de 2000 – IBGE Fontes: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade - SIM MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE MS/INCA/CGPV/Divisão de Vigilância e Análise de Situação. Em relação ao número médio de Anos Potenciais de Vida Perdidos - APVP pode-se observar que no período de 2002 a 2006, as faixas etárias mais atingidas foram, respectivamente a de 20-29 anos e a de 01-04 anos sendo que ambas apresentam uma queda no período seguinte. Para a faixa etária compreendida de 20 a 29 anos a redução foi de 4,09% para 3,01% e na faixa de 01-04 anos foi de 4,61 para 2,95. Observa-se na Tabela 06, que a taxa dos Anos Potenciais de Vidas Perdidos cresce à medida que aumenta a idade, sendo mais acentuada na faixa de 60 a 69 anos em ambos os períodos analisados. Cabe destacar que a única faixa etária em que houve aumento foi na faixa etária situada entre 30 a 39 anos onde se verifica o aumento de 8,73% para 10,17% evidenciando o aumento de casos em mulheres mais jovens. TABELA 06 - Número médio de Anos Potenciais de Vida Perdidos por câncer de todas as neoplasias malignas, por 1.000 mulheres, limite superior de 80 anos. Mato Grosso, Brasil. 2002 a 2006 2007 a 2011 Faixa etária APVP TAPVP APVP TAPVP 01-04 anos 2.508 4,61 1.520 2,95 05-09 anos 1.788 2,5 1.073 1,65 10-14 anos 1.729 2,38 998 1,48 15-19 anos 1.722 2,38 1.230 1,76 20-29 anos 5.238 4,09 4.212 3,01 30-39 anos 9.108 8,73 12.276 10,17 40-49 anos 15.334 22,15 19.210 20,6 50-59 anos 14.112 35,95 18.888 32,04 60-69 anos 9.114 40,96 10.864 33,79 70-79 anos 2.172 22,64 3.036 19,28 Total 62.825 9,76 73.307 10,26 APVP - Anos Potenciais de Vida Perdidos TAPVP - Taxa de Anos Potenciais de Vida Perdidos Fontes: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade - SIM MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE MS/INCA/CGPV/Divisão de Vigilância e Análise de Situação. No mesmo período analisado observou-se aumento da taxa APVP no sexo masculino nas faixas etárias de 10 a 14 anos (51,76% para 2,45%0 e nas de 15 a 19 anos (4,32% para 4,85%), Observa-se na Tabela 07, que os Anos Potenciais de Vidas Perdidos crescem à medida que aumenta a idade, atingindo o auge na faixa dos 50 a 59 anos, apresentando comportamento similar ao sexo feminino. TABELA 07 - Número médio de Anos Potenciais de Vida Perdidos por câncer de todas as neoplasias malignas, por 1.000 homens, limite superior de 80 anos. Mato Grosso, Brasil. 2002 a 2006 2007 a 2011 Faixa etária APVP TAPVP APVP TAPVP 01-04 anos 2.736 4,82 1.976 3,68 05-09 anos 2.360 3,18 1.144 1,68 10-14 anos 1.330 1,76 1.729 2,45 15-19 anos 3.260 4,32 3.506 4,85 20-29 anos 5.130 3,92 5.238 3,64 30-39 anos 6.556 5,96 6.556 5,96 40-49 anos 13.940 18,21 15.606 15,93 50-59 anos 19.272 42,56 23.784 37,21 60-69 anos 15.246 58,59 17.850 50,9 70-79 anos 4.196 37,06 5.180 30,48 Total 74.026 10,85 82.569 11,09 APVP - Anos Potenciais de Vida Perdidos TAPVP - Taxa de Anos Potenciais de Vida Perdidos Fontes: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade - SIM MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE MS/INCA/CGPV/Divisão de Vigilância e Análise de Situação. Na série histórica estudada para o Estado de Mato Grosso, partindo da premissa que o limite superior é 80 anos, somando todas as faixas etárias, os homens tiveram 156.594 anos potenciais de vida perdidos APVP e as mulheres 136.131 APVP. Percebe-se assim que no sexo masculino houve 20.463 APVP por neoplasias a mais do que no sexo feminino. A tendência da mortalidade em ambos os sexos cresce conforme aumenta a idade, entretanto, no sexo masculino o seu auge ocorre entre a faixa etária de 50 a 59 anos e no sexo feminino na faixa etária de 40 a 59 anos, conforme demonstra a tabela a seguir. TABELA 08 - Número médio de Anos Potenciais de Vida Perdidos por câncer de todas as neoplasias malignas, por 1.000, segundo sexo, período de 2002 a 2011, limite superior de 80 anos. Mato Grosso, Brasil. Homem Mulher Faixa etária APVP TAPVP APVP TAPVP 4.712 4,26 4.028 3,8 01-04 anos 3.504 2,46 2.860 2,09 05-09 anos 3.059 2,09 2.727 1,95 10-14 anos 6.765 4,58 2.952 2,08 15-19 anos 10.368 3,77 9.450 3,53 20-29 anos 13.112 5,65 21.384 9,5 30-39 anos 29.546 16,93 34.544 21,26 40-49 anos 43.056 39,43 33.000 33,6 50-59 anos 33.096 54,18 19.978 36,72 60-69 anos 9.376 33,11 5.208 20,55 70-79 anos Total 156.594 10,97 136.131 10,02 APVP - Anos Potenciais de Vida Perdidos TAPVP - Taxa de Anos Potenciais de Vida Perdidos Fontes: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade - SIM MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE MS/INCA/CGPV/Divisão de Vigilância e Análise de Situação. ANÁLISE O presente estudo permitiu conhecer o comportamento da terceira maior causa de mortalidade no Estado de Mato Grosso que é a por Neoplasias. Diversos estudos mostram que os coeficientes de mortalidade por neoplasias apresentam tendência de declínio em países desenvolvidos14,15. Um estudo de tendência de mortalidade por câncer nas capitais do Brasil, realizado entre 1980 e 2004, corrobora com a queda nas taxas específicas por idade1. A tendência geral de aumento nas taxas de mortalidade proporcional não ajustadas por câncer no Brasil mostram discreta elevação no período de 2001 a 2011 com certa estagnação a partir de 2008. No entanto, os dados analisados no presente trabalho não confirmam tal tendência em Mato Grosso no período de 2002 a 2011. Dados do INCA/DATASUS mostram que no Estado do Mato Grosso há uma ascensão na mortalidade pela doença para ambos os sexos. A interpretação da ascensão da mortalidade nas idades abaixo de 80 anos não é simples, pois, uma situação de saúde que leva um grande número de pessoas a adoecer e morrer deve ser conhecida e enfrentada por todos os que trabalham na área da saúde, e, além disso, o câncer não é uma doença única, mas sim um conjunto de doenças, cada uma delas com suas próprias características epidemiológicas, biológicas, e clínicas, com suas próprias causas e possibilidades de prevenção e tratamento. O comportamento da mortalidade é influenciado por pelo menos duas variáveis, a incidência e a sobrevida. É concebível que a incidência de um determinado câncer aumente, ao longo do tempo, mas que, em virtude de avanços significativos em prevenção secundária e tratamento, a sobrevida aumente de forma a se traduzir em redução da mortalidade, exemplo expressivo disto é o aumento de sobrevida de crianças e adolescentes com leucemia linfóide aguda, observada nas últimas décadas19. Os achados corroboram os dados de dez inquéritos de Câncer de base populacional do Brasil, de que os tumores mais freqüentes na população masculina são próstata, pulmão e estômago e, nas mulheres, o câncer de mama, colo uterino e pulmão16. Em estudo conduzido para analisar a mortalidade por câncer no Brasil no período compreendido entre 1980 e 1995, foram constatados como principais causas de óbito o câncer de pulmão em homens e o câncer de mama em mulheres4. Segundo a Organização Mundial de Saúde17 sobressaem-se, entre os cinco tipos de câncer mais freqüentes os tumores de pulmão, de cólon e reto e de estômago, tanto nos países industrializados, quanto nos países em desenvolvimento. No Brasil, o percentual do aumento da mortalidade pelo conjunto de cânceres de 2002 a 2011 é de 2,3% (12,8% e 15,1%, respectivamente), que resulta da soma do comportamento das tendências dos vários cânceres individuais. Em Mato Grosso, a freqüência de mortalidade no período estudado entre os cinco tipos de câncer mais incidentes, o câncer de estômago mostrou queda de taxas nos dois sexos, já o câncer de próstata, pulmão, esôfago, cólon e reto aumentaram entre os homens. No sexo feminino, o “câncer de útero não especificado" apresentou redução e o câncer de mama, pulmão, colo do útero, cólon e reto e esôfago aumentaram. O Câncer de Próstata é o mais incidente entre os homens e inclusive o que apresentou maior número de mortalidade no período estudado, sendo que esta tendência de aumento no Estado do Mato Grosso pode estar relacionada aos fatores ambientais. Como hipótese explicativa para esses resultados, destaca-se a expansão e a melhoria das técnicas de diagnóstico precoce, como o rastreamento pela dosagem sérica do antígeno prostático específico (PSA), que podem ter conduzido a uma maior precocidade na detecção desta neoplasia maligna, que outrora poderia permanecer não diagnosticada.13 Por sua vez, o Câncer de Estômago, em Mato Grosso, evidenciou uma queda expressiva de 2007 a 2011, porém o sexo masculino prevaleceu com taxas maiores em relação ao sexo feminino. Este fato tem sido constatado em numerosos países incluindo alguns latino-americanos e parece ser devido a melhorias do saneamento básico e do uso cada vez mais generalizado de refrigeração para conservar alimentos, evitando-se o uso do sal e da defumação com aquela finalidade,18 modificação de hábitos alimentares, como o maior consumo de frutas e verduras frescas. No período de 2002 a 2011 em Mato Grosso, não houve tendência de aumento na mortalidade por câncer de Traquéias, Brônquios e Pulmão entre os homens, entretanto o contrário se observou em relação às mulheres, provavelmente em função do aumento da exposição deste grupo ao tabaco20. A tendência atual da mortalidade pela neoplasia reflete o hábito de fumar das gerações passadas, com diminuição desse hábito de fumar, em parte, devido às políticas de saúde voltadas para a cessação do tabagismo que começaram a ser instituídas no final da década de 80, e que culminou na implementação do Programa de Controle de Tabagismo e Outros Fatores de Risco de Câncer, cujas ações priorizam a prevenção do câncer através de medidas educativas, como campanhas antitabagistas, fator que promove maior impacto na redução da incidência e das taxas de mortalidade, como os cânceres de pulmão, esôfago e boca, além de infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial, acidente vascular encefálico, entre outras. O que se observa em Mato Grosso é que os índices no sexo masculino são maiores, embora com um pequeno declive, ao contrário do que ocorre no sexo feminino que, apesar me menores estão em ascensão. Já em relação ao câncer de Cólon e Reto houve tendência de aumento do índice de mortalidade em todo o país, e em ambos os sexos durante todo o período em estudo e, assim como a maioria dos cânceres, ainda não há programa estruturado de rastreamento no Brasil. As possibilidades de desenvolvimento do câncer de cólon e reto surgem a partir dos 40 anos, mas devido aos hábitos alimentares, estilo de vida consumista, sedentarismo, tabagismo e alcoolismo e muitos doentes só detectam a doença em estágios avançados e vários anos após terem adquirido a patologia. No Brasil a mortalidade causada por câncer colorretal aumentou 65% nos homens e 61% nas mulheres entre os anos de 1978 e 1998, tendo as mulheres maior prolongamento de vida, principalmente aquelas que nunca engravidaram. Tal fato pode ser justificado por razões hormonais e anatómicas21. Segundo o INCA, no Brasil, o câncer cólon e reto é a terceira causa mais comum de morte por câncer. Sua maior incidência se apresenta nas pessoas com idade entre 50 e 70 anos. Esta maior incidência é contabilizada em valores absolutos, pois quando se analisa o número de casos por cada 100.000 habitantes como na metodologia utilizada neste trabalho, às pessoas com idade superior a 70 anos apresentam os maiores índices de mortalidade. A mortalidade por câncer do Colo do Útero no Brasil de 2002 a 2011 diminuiu, em contrapartida no Estado de Mato Grosso em que houve um aumento das taxas. Isso pode apontar para maior precisão do diagnóstico, levando a um aumento aparente da mortalidade pelo melhor diagnóstico do câncer do Colo do Útero. A mortalidade por câncer de colo de útero em mulheres no estado apresentou tendência de aumento, chegando ao ápice em 2005 e, a partir de 2006 foi declinando e chegou em 2011, quase equiparado a 2002, indicando assim a importância do papel da infecção por HPV e da história de outras doenças sexualmente transmissíveis, além da cobertura do exame colpocitológico para a estabilização da mortalidade por este tipo de câncer. No Brasil, no período de 1981 a 2006, todas as regiões do país apresentaram tendência de estabilização ou de queda no risco de morte pela neoplasia com exceção da Região Sul22. Em Mato Grosso houve uma ascendência referente ao Câncer de Mama no período de 2002 a 2011 e se apresenta como principal causa de morte por neoplasias em mulheres. Uma vez que é plausível supor aumento da incidência da doença, segundo.23 O aumento verificado pode estar relacionado ao envelhecimento populacional, a exposição a substâncias químicas (hormônios exógenos e pesticidas), o aumento da prevalência da obesidade e fatores dietéticos. A ausência de um programa de rastreamento que atinja toda a população feminina suscetível, associada à precária assistência terapêutica prestada, provavelmente contribui para que a tendência na mortalidade permaneça crescente por alguns anos. Com o real funcionamento do Sistema de Informação do Câncer de Mama (SISMAMA) a cada dia se desenvolvem ações mais eficazes para controle da doença, seja em prevenção, vigilância ou assistência a partir de um mapeamento. Os dados de incidência de câncer disponíveis no Brasil são provenientes de registros populacionais cuja implantação vem se aprimorando ao longo dos tempos no Estado do Mato Grosso. Quanto à mortalidade, como o documento oficial de registro são as declarações de óbito, estas podem apresentar algumas informações incorretas ou erros no processamento de causas da morte, ou seja, pacientes que apresentaram a patologia avaliada e morreram de outras complicações podem não ter sido incluídos nos dados informados no DATASUS, portanto, acredita-se que o índice de mortalidade por Câncer no Estado esteja aquém da realidade. Segundo o INCA, a prevalência de câncer entre homens e mulheres é similar nos países desenvolvidos, enquanto nos países em desenvolvimento, a prevalência nas mulheres é 25% maior8. Neste estudo a mortalidade em Mato Grosso, por neoplasias, bruta e ajustada por idade, pela população mundial e brasileira, entre 2002 e 2011, foi maior em homens (64,89%) do que nas mulheres (48,30%). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo através da metodologia utilizada contribuiu para realizar uma análise da evolução da mortalidade por câncer no estado, apontando para a importância das neoplasias como problema de Saúde Pública em face à gravidade da situação que atinge toda a população, pois, todos os profissionais de saúde, em maior ou menor grau, são responsáveis pelo sucesso das ações de controle da doença. Nenhum plano, programa ou serviço de saúde, por mais bem esboçado e organizado que seja, consegue atingir seus objetivos e metas se os profissionais de saúde não assumirem seu papel no seu âmbito de atuação. Reduzir a mortalidade por câncer em Mato Grosso, representa um grande desafio para o SUS devido à necessidade de garantir serviços assistenciais cada vez mais caros e complexos, com qualidade, e que também estejam acessíveis para a integralidade da saúde. O quadro atual das neoplasias e suas tendências mostram relevância no âmbito da saúde pública e evidenciam a necessidade contínua de realização de pesquisas sobre este tema, as quais são essenciais para o desenvolvimento de Políticas de Saúde adequadas que visem ao controle de câncer no Estado. Outro fator importante é a qualidade da informação, que permite identificar a causa básica da morte na Declaração de Óbito e que, muitas vezes, em decorrência da informação correta, aumenta as causas mal definidas. Os registros de informações e notificações são fundamentais para melhor compreensão sobre a doença e seus determinantes e para a formulação de políticas de saúde. O esforço de manutenção de uma base de dados atualizada deve ser feito em todos os níveis de atendimento. Em Mato Grosso verificou-se um aprimoramento no preenchimento da Declaração de Óbito no período estudado devido a diminuição acentuada dos óbitos por causa mal definida no período estudado, principalmente de 2007 a 2011. Em Mato Grosso, no período estudado, evidenciou-se aumento nas tendências das taxas de mortalidade por Neoplasias para ambos os sexos, com variação crescente, sendo mais acentuado no sexo masculino. Esse padrão de crescimento, para ambos os sexos, difere do que aconteceu, no mesmo período, nos países desenvolvidos, onde houve uma tendência de redução das taxas para o sexo masculino e crescimento para o sexo feminino. As localizações primárias mais freqüentes foram às neoplasias de pulmão (14,4%), estômago (9,0%) e próstata (16,4%) nos homens e as de mama (15,6%), colo de útero (11,0%) e pulmão (10,4%) nas mulheres. Pelos resultados apresentados neste estudo fica evidente que quanto mais avançada a idade, maior será o risco de mortalidade causada pelo câncer, devendo as políticas públicas focar principalmente no tratamento das pessoas com faixas etárias mais avançadas e implantar e intensificar ações preventivas para todas as idades e sexos, em especial para as populações de faixas etárias mais precoces. Com este estudo sobre a mortalidade por câncer em Mato Grosso foi possível contribuir para evidenciar a importância de políticas públicas que possam ser aplicadas na parcela da população que demanda maior atenção e mostrar a necessidade de alocação de recursos para o tratamento da doença. A priorização no atendimento das faixas etárias com maior mortalidade e no sexo mais afetado pela doença deve considerar também ações preventivas para que se alcance a meta de reduzir o número de infectados e que o tratamento seja aplicado no início do desenvolvimento do câncer e para que as ações de prevenção e detecção precoce sejam intensificadas na rede de unidades de saúde de todo o estado. REFERÊNCIAS 1. Fonseca, LAM; Eluf-Neto, J; Filho, VW; Tendências da mortalidade por câncer nas capitais dos estados do Brasil, 1980-2004. Rev. Assoc. Med. Bras. vol.56 n.3.São Paulo 2010. [Acessado em 11/03/2014]. <http://dx.doi.org/10.1590/S0104-423020100 00300015>. 2. Brasil. Ministério da Saúde. INCA, 2010. <http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=13> [Acessado em 11/03/2014] 3. Guerra MR, Gallo CVM, Mendonça GAS. Risco de câncer no Brasil: tendências e estudos epidemiológicos mais recentes. Revista Brasileira de Cancerologia. 2005; 51(3): 227-234 227. 4. Wunsch-Filho V, Moncau JE. 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