Fernando Sumbana, ministro do Turismo Moçambique relança potencialidades turísticas A PARTICIPAÇÃO de Moçambique na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), que recentemente encerrou na capital portuguesa, permitiu, mais uma vez, relançar as enormes potencialidades turísticas de que o País dispõe. Moçambique foi um dos 250 expositores estrangeiros, de 55 países, na 20ª edição da BTL que durante cinco dias recebeu cerca de 60 mil visitantes, segundo dados preliminares. Maputo, Sexta-Feira, 25 de Janeiro de 2008:: Notícias Esta é a segunda vez que o País se fez representar neste tipo de feira e o pequeno ‘Stand’ estava rodeado dos ‘colossos’ africanos da área do turismo como África do Sul e Cabo Verde, bem como de Angola, Líbia, Tanzania, entre outros. Por exemplo, enquanto Moçambique arrecadou, em 2007, receitas estimadas em 160 milhões de dólares e em 2006 obteve uma estimativa de 157 milhões de dólares, o pequeno Arquipélago de Cabo Verde rendeu (só em 2006) mais de dois biliões de dólares. A organização da Feira de Lisboa diz que o evento contou igualmente com a participação de 530 expositores do país anfitrião, daí que tenha sido considerada como tendo “rebentado pelas costuras”. Embora com um limitado espaço mas rico em conteúdo, foi possível mostrar o potencial que o País dispõe no Turismo, que bem aproveitado poder-se-ia considerar “o petróleo de Moçambique”, enquanto decorrem pesquisas para confirmar a presença do chamado “ouro negro”. Contudo, o turismo é uma das apostas do Governo moçambicano para o combate à pobreza absoluta, redução dos níveis de desemprego e dos difíceis da balança de pagamento. Para além dos operadores turísticos como a RANI Resort, os hoteis Polana, Pestana, Avenida Empreendimentos Turísticos e Hotelaria, entre outros, estiveram em evidência no certame os Parques Nacional da Gorongosa e o Transfronteiriço do Limpopo. Para além de Moçambique, o Parque de Limpopo integra África do Sul, Zimbabwe. Patrícia Guerra, directora de Vendas para Moçambique da RANI Resorts, sublinhou, numa breve conversa com a AIM, que o investimento na área do turismo no País está “muito adiantado”, estando a altura de qualquer país que não tenha sido devastado por uma sangrenta guerra de desestabilização de 16 anos (terminada em 1992). Guerra reconheceu que, em dez anos, Moçambique conseguiu criar as condições necessárias, em termos de turismo, equivalentes a qualquer outro país desenvolvido e com muita experiência no ramo. “Nós já estamos a altura de um turismo de cinco estrelas, e até de seis estrelas. Neste momento, julgo que está muito acelerado”. “Para lhe ser muito sincera, eu acho que Moçambique tem que se concentrar em desenvolver também outros sectores, não só o turismo”, disse Guerra, adiantando que, de qualquer das maneiras, “é óptimo porque, tendo o turismo adiantado, sempre vai trazendo alguns benefícios em termos de formação e treinamento de pessoal, e em termos de logística sempre vai contribuindo também para o desenvolvimento comercial”. Falando especificamente do turismo de Praia, em que se procura desenvolver os recursos naturais disponíveis, Patrícia Guerra reafirmou que Moçambique tem praias belíssimas e potencial enorme. “Nós como investidores procuramos zonas algo remotas, muitas delas de difícil acesso, mas, devido a sua beleza natural, criamos algumas condições para podermos gerar algum tipo de economia para o resto do País, sem que seja só Maputo, tentando desenvolver o sector turístico em Moçambique em geral”, acrescentou ela. A RANI Resorts tem empreendimentos no Arquipélago de Bazaruto, na província de Inhambane, na baia de Pemba e no Arquipélago das Quirimbas, na província nortenha de Cabo Delgado. No Niassa conta com um acampamento Safari e fotográfico. Para o próximo ano (2009), a RANI projecta abrir mais um empreendimento em Bazaruto, na Ilha de Santa Carolina. Patrícia Guerra confirmou que o investimento da RANI Resorts neste momento ronda na casa dos 150 milhões de dólares EUA.~ Questionada sobre quem é o turista que visita as estâncias turísticas do grupo, a fonte disse que varia bastante. “Temos muitos turistas, obviamente, da África do Sul (por causa do enorme poder de compra), alguns europeus (italianos e espanhóis). O mercado português é um bocadinho mais difícil, e é por isso mesmo que estamos aqui (na BTL) para ver se começamos a dinamizar um pouco mais” o interesse dos portugueses, tendo em conta a língua”. Em relação aos turistas moçambicanos e os residentes em Moçambique, ela disse que, “obviamente, nós damos preferência em termos de tarifas. Recebem certos benefícios uma vez que estão no local”. Solicitada a especificar que tipo de benefícios, Patrícia Guerra sublinhou que “o turista moçambicano beneficiam de mais de 25 por cento de desconto nas tarifas de hospedagem”. A tarifa normal de hospedagem anda a volta dos 240 dólares EUA diária. Na ocasião, Guerra apelou às autoridades moçambicanas no sentido de encarar com seriedade a preservação do ambiente para permitir a sustentabilidade dos investimentos. A fonte levantou igualmente a questão da alta das passagens nos voos domésticos, manifestando esperança de ver as tarifas a baixar, o que provavelmente poderá ocorrer quando mais companhias poderem explorar o mercado, estimulando a concorrência. PARQUE DE GORONGOSA APOSTA NA RECONSTRUÇÃO Maputo, Sexta-Feira, 25 de Janeiro de 2008:: Notícias Por seu turno, Vasco Galante, director de Comunicações do Parque Nacional da Gorongosa (PNG), que manifestou igualmente sua satisfação pela presença na BTL, sublinhou que a aposta é concretizar o plano que visa a reabilitação deste. Trata-se de um plano conjunto no âmbito de um acordo entre o Ministério moçambicano do Turismo e a Fundação CARR que, em 20 anos, visa devolver ao Parque as condições de atractividade turísticas que o caracterizaram nos anos 60 e 70. A Fundação CARR é do multimilionário norte-americano Gregory Carr. A aposta do Governo é transformar o PNG numa referência a nível da região da África Austral. O plano conjunto prevê, entre outros aspectos, o repovoamento de espécies animais (incluindo búfalos, bois cavalos e zebras), construção de infra-estruturas turísticas e administrativas. Búfalos, bois cavalos e zebras eram herbívoros emblemáticos que existiam em grande profusão na Gorongosa mas dizimados durante o conflito armado terminado em 1992. Para a concretização das actividades contidas no programa, a Fundação CARR promete desembolsar, nos próximos dez anos, mais de 30 milhões de dólares. Vasco Galante confirmou que já foram investidos mais de seis milhões de dólares na criação de infra-estruturas e o objectivo é tornar o PNG sustentável. A Gorongosa (nome emblemático que está na memória de muita gente dentro de Moçambique e pelo mundo fora) esta em revitalização, “já tem boas condições de acomodação, alimentação, de Safari e turísticos”, depois de um período de quase paralisação durante o conflito armado terminado em 1992, reafirmou Galante. Ele sublinhou que foi notória a felicidade na cara das pessoas que visitaram o “stand” de Moçambique ao verem as fotografias e filmes sobre a Gorongosa. A fonte disse que, em termos de acessibilidade, as condições estão criadas. Quem viaja por via terrestre utiliza a Estrada Nacional numero Um (EN1), que estabelece a ligação entre o Sul, Centro e Norte de Moçambique. Para quem sai da Beira (em Sofala) ou de Chimoio (Manica) utiliza a EN6 até o cruzamento de Inchope. “De Inchope a Gorongosa são 40 quilómetros, portanto o ‘acesso é muito bom (via terrestre). Temos uma pista de aviação que funciona de Abril a Dezembro, dai que é possível chegar também por via aérea”, referiu Galane. No âmbito da realização do Campeonato Mundial de Futebol de 2010, na África do Sul, o PNG espera receber algumas dezenas de milhares de turistas. BOLSA FOI UMA OPORTUNIDADE PARA ÁREAS DE CONSERVAÇÃO Maputo, Sexta-Feira, 25 de Janeiro de 2008:: Notícias Para António Elias, jornalista ligado ao sector das Relações Públicas do Parque Transfronteiriço do Limpopo, a presença na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) foi “uma oportunidade para as áreas de Conservação, particularmente, apresentarem os seus produtos, captarem interesse doutros parceiros mais experientes para poderem investir nessas áreas, captarem mais clientes e, ao mesmo tempo, conseguirem vender aquilo que é a imagem dessas áreas”. “Nós estamos a dar os primeiros passos relativamente a outros Parques em África”, disse Elias, recordando, por exemplo, que o Parque Kruger da África do Sul, existe há mais de 100 anos, sendo um dos maiores atractivos para turistas. O Ministro moçambicano do Turismo, Fernando Sumbana, disse recentemente à AIM que os 160 milhões de dólares arrecadados pelo sector ao longo de 2007 é referente apenas ao turismo internacional, ou seja dinheiro gasto por turistas estrangeiros que durante o ano passado (2007) visitaram o País. Segundo Sumbana, esperava-se que em 2007 Moçambique fosse visitado por cerca de um milhão e cem mil turistas, representando um crescimento considerável em relação aos anos anteriores, em que o País foi visitado por uma média anual de 650 mil turistas. Para além de turistas provenientes da África do Sul, Zimbabwe e outros países da região, visitam Moçambique os da Europa e da América, principalmente dos Estados Unidos da América, segundo dados oficiais. Não obstante as estatísticas estarem aquém das reais expectativas do sector do turismo no País, na opinião do Ministro do Turismo, o sector esta a pouco e pouco a assumir-se como uma das principais alavancas da economia nacional. Moçambique dispõe de enormes e muito diversificadas potencialidades, desde a vastidão da costa com mais 2.500 quilómetros de extensão e repleta de belíssimas praias, diversidade de rios e áreas de conservação no interior com grandes atractivos em termos de fauna, flora e paisagem. Sumbane reconheceu ainda haver “muitíssimo trabalho por ser feito por forma a propiciar um funcionamento eficaz, garantindo maiores e melhores ganhos para a economia nacional e beneficiando cada vez maior número de moçambicanos, individual e colectivamente”. O Ministro, citado pelo Boletim Informativo do Parque Nacional do Limpopo, disse que o sector de turismo, ate 2007, empregava cerca de 37 mil pessoas, colocando-se como uma das maiores alavancas da economia moçambicana e um dos sectores de destaque em termos de garante de sobrevivência e sustentabilidade de muitos milhares de famílias em Moçambique. DOMINGOS MOSSELA, da AIM, em Lisboa