Tratamento de Bursite no Ombro com Acupuntura

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Tratamento de Bursite no Ombro com Acupuntura
Edilmara Melo de Lima¹
[email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia²
Pós - graduação em Acupuntura - Faculdade Ávila
Resumo
A articulação do ombro é formada pelo úmero, escápula e clavícula, ao lado da mesma
protegendo os tendões tem-se uma bolsa preenchida por líquido sinovial que atua como
almofada de amortecimento chamada de bursa. Com pressão prolongada, repetitiva ou
esforço excessivo repentino podem fazer com que essa bolsa se inflame causando dor, rubor e
inchaço. A bursite é caracterizada por uma inflamação da bursa causada por traumatismos,
infecções, lesões por esforço repetitivo, artrite e gota.
A acupuntura atua eficazmente em afecções locais com esta característica, trata não só a dor
muscular, como também o desequilíbrio energético dos meridianos envolvidos e os fatores
emocionais. É uma técnica que visa à terapia e cura das enfermidades pela aplicação de
estímulos através da pele, com agulhas ou outros recursos da Medicina Tradicional Chinesa.
O modelo teórico proposto pela acupuntura tem como base o conhecimento adquirido através
de observações sistemáticas que ocorreram em milhares de anos e que, quando aceitos como
verdades por todos os observadores, são integrados ao conjunto de conhecimentos que os
orientais chamam de tradições, esses conhecimentos são transmitidos de geração a geração,
até o presente.
Palavras-chave: Acupuntura; Bursite; Tratamento.
1. Introdução
Atualmente vem crescendo o número de casos de pessoas que sofrem com dores articulares,
uma boa porcentagem se queixa de dores no ombro. O ombro pode ser o centro de uma
variedade de lesões, a saber: estiramento, inflamação, fibroses, lesão incompleta ou completa
do manguito rotador, associada ou não a degeneração articular. São várias as causas que
concorrem para o desenvolvimento desses distúrbios, entre as quais a bursite que consiste na
inflamação da bursa, pequena bolsa que permite o deslizamento de estruturas no ombro. Tem
sido descrita em associação com exposições a movimentos repetitivos de braço, elevação e
abdução dos braços acima da altura dos ombros (MENDONÇA JR. e ASSUNÇAO, 2005).
Segundo Parker (2007) a bursite ocorre quando há um atrito de dois ossos do ombro,
comprimindo alguns tendões desta articulação ao movimento de levantar, flexionar ou
estender o braço, resultando então na inflamação da bursa. Isso acontece devido a
movimentos repetitivos, lesões nas estruturas que fazem os movimentos articulares, o uso
inadequado do ombro em alguma atividade entre outros. Pode ser tratada com diversos tipos
de tratamento, e o que vem se destacando e mostrando grande eficácia é o uso da acupuntura.
A acupuntura é uma técnica milenar da Medicina Tradicional Chinesa que trata diversas
doenças. Com base que toda patologia provém de desequilíbrios no fluxo de energia do corpo,
e para promover o equilíbrio aplica-se agulhas finas em pontos específicos que liberam
mecanismos de ação e ativam nervos aferentes dos músculos, a liberam fibras,
neurotransmissores e neuro-hormônios. Ficou sendo conhecida no ocidente pela sua eficiência
no tratamento das dores musculoesqueléticas. Porém, muitas outras condições clínicas podem
_________________________________
¹ Pós - graduando em Acupuntura.
² Orientadora: Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito
em saúde.
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se beneficiar deste tratamento (MEDEIROS e SAAD, 2009).
Existem muitas doenças ortopédicas em que se pode usar a Acupuntura como forma de
tratamento, e a bursite no ombro é uma delas. Seus sintomas apresentam-se como dor em
torno da articulação, abrangendo quatro tendões do manguito rotador. Qualquer alteração,
inchaço, lacrimejamento ósseo ao redor dos tendões provoca dor, principalmente ao mover o
braço acima da cabeça, nas costas ou para frente. É um problema comum, com uma
prevalência de 6,9 a 34% na população em geral e 21% mais de 70 anos. Representa 1,2% de
consultas médicas, e ocupa a terceira posição após os sintomas de lombar e cervical como
causa de consulta musculoesquelético (RIVERA et al., 2009).
As patologias nas suas diversidades de apresentação sempre acompanharam o homem ao
longo de seu processo de transformação. Sob esse aspecto, é possível entendê-las como forma
de expressão de vida e são impulsionadas pelas memórias-sócio-genéticas, cada cultura
cristalizou as suas próprias formas para tratá-las (BOTELHO, 2005).
Desta forma, este trabalho objetiva realizar uma revisão bibliográfica sobre o tratamento da
acupuntura para bursite no ombro, bem como conceitos, princípios, métodos, processos de
execução, benefícios, materiais utilizados, número de sessões, e outras formas de tratamento
dentro da medicina tradicional chinesa.
2. Embasamento Teórico
2.1 Considerações sobre a Bursite no ombro para a Medicina Ocidental
Segundo Silva (2010) bursite é uma inflamação aguda ou crônica de uma bolsa serosa. E
Schmidt e Adams (2009) relataram que a bursite é a inflamação das bursas que são cheias de
líquido sinovial localizadas entre um tendão e a pele ou entre um tendão e o osso. A sua
função é a de facilitar o movimento, amortecer impactos e reduzir a fricção entre as
articulações. Quando uma bolsa torna-se infectada, traumatizada, ou ferida é referido como
bursite.
De acordo com Parker (2007) a inflamação da bolsa, a almofada de amortecimento situada em
uma articulação ou próxima a ela, causa dor, rubor e inchaço. Esta bolsa é um saco
preenchido por líquido que reduz o efeito do atrito e do desgaste entre músculo, tendão e osso.
Pressão prolongada ou repetitiva e esforço excessivo repentino em uma articulação podem
fazer com que uma bolsa se inflame e inche. Podendo ocorrer em vários lugares do corpo,
mas tem maior probabilidade de ocorrer no ombro, joelho e cotovelo. Os fatores
predisponentes de bursite incluem artrite reumatóide, gota ou lesão articular pregressa. São
raros os casos por infecção bacteriana.
Segundo Turtelli (2001) a dor no ombro é a segunda causa de queixa de dor no aparelho
locomotor, precedida apenas pela dor referida na coluna vertebral. As causas de dor no ombro
são várias, mas a maioria delas está relacionada às estruturas situadas entre a articulação
glenoumeral e o arco coraco-acromial. A compressão do manguito rotador e das bursas
adjacentes pelos elementos contidos nesse estreito espaço é a causa mais comum de dor no
ombro, a chamada de síndrome do impacto.
Yeng et al. (2001) explicam que as lesões por esforços repetitivos são uma das grandes razões
que correspondem a um conjunto de afecções relacionadas as atividades laborativas que
acomete músculos, fascias musculares, tendões, ligamentos, articulações, nervos, vasos
sanguíneos e tegumento. E resultando em dor e incapacidade funcional temporária ou
permanente da região acometida.
Knaut et al. (2010) relataram que na população ocidental cresceu os números de distúrbios na
articulação do ombro. De acordo com estudos de 14%-21% das pessoas apresentam sintoma
de dor na região do ombro, e que de dois em cada três indivíduos terão, ao menos, um
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episódio de dor no ombro em algum momento de sua vida. Apesar desses distúrbios
acometerem a população em geral, tendem a aumentar ainda mais em trabalhadores e atletas
que são expostos a determinados fatores de risco, como, por exemplo, movimentos repetitivos
e esforços excessivos. Lesões nos ombros geram dor e redução da mobilidade articular e, em
conseqüência, afetam negativamente as habilidades funcionais, as atividades de trabalho e a
qualidade de vida das pessoas. Além disso, as afecções nessa articulação representam um
importante problema socioeconômico, pois influenciam a assiduidade e produtividade dos
trabalhadores em seus serviços e implicam um alto investimento no tratamento desses
pacientes.
3. A Medicina Tradicional Chinesa e os seus princípios de tratamento
A Medicina Tradicional Chinesa é muito rica, mesmo originada de milhares de anos atrás e
amadurecida centenas de anos antes de Cristo, pode diagnosticar e tratar com sucesso os
problemas de saúde gerados pelo estilo de vida do século XX, o qual se encontra anos-luz
distante da sociedade em que viviam os antigos camponeses, na qual a mesma se originou.
Um dos seus pontos mais fortes e considerado uma verdade universal é a sua simplicidade.
Por exemplo, as causas das patologias, clima, emoções e dieta são tão básicas que podem
aplicar-se a qualquer sociedade e qualquer tempo. Fúria, tristeza, dor, preocupação são
encontrados em qualquer ser humano e que certamente ultrapassam as barreiras culturais
(MACIOCIA, 2010).
Zhufan (2009) relatou que a Medicina Tradicional Chinesa tem uma história de pelo menos
2.500 anos e é um componente sensacional da cultura chinesa. Caracterizada por um sistema
teórico único e enriquecido pela experiência prática através de milhares de anos. Difere-se
nitidamente da Medicina Ocidental sendo uma síntese da observação cuidadosa e da
experiência clínica acumulada por milhares de anos, abordada a luz da Filosofia chinesa
tradicional e a ocidental é desenvolvida com base na biologia, química e física moderna e por
meio de experiências cientificas. A MTC não é uma coleção de experiências esparsas. A
maioria delas tem sido somada formando um sistema teórico, tanto médico quanto filosófico.
As bases filosóficas que deram o maior impulso ao seu desenvolvimento foram as teorias do
Qi Essencial, Cinco Elementos e principalmente Yin e Yang.
Segundo Pinheiro Júnior (2010) a Medicina tradicional chinesa é a que mais se aproxima da
idéia de equilíbrio homeostático interno e externo no que se refere a ter saúde, se baseia no
equilíbrio Yin e Yang no corpo humano, sendo qualquer doença encarada como um
rompimento desse equilíbrio. O corpo acha-se dividido em partes yin e yang, onde seu interior
é yang e sua superfície é yin, seu posterior é yang e seu anterior é yin, e existem órgãos yin e
yang. O equilíbrio de todas essas partes é mantido por intermédio de um fluxo continuo de
chi, ou energias vitais, que corre ao longo de um sistema de meridianos que contem os pontos
utilizados na acupuntura. A interação yin e yang, o par primordial de opostos, aparecem assim
como o princípio que guia todos os movimentos do universo Tao.
3.1 A teoria do Qi Essencial
De acordo com Zhufan (2009) o Qi não era um conceito filosófico, significava ar, como era
usualmente usado na linguagem popular chinesa. Esse significado estendeu-se para o campo
filosófico servindo como um símbolo para a substância da qual se pensava que o universo era
constituído. Acreditava-se que isso era invisível, adquirindo a forma de partículas, que se
moviam e se transformavam constantemente, dando origem a energia e as atividades. Para a
filosofia chinesa antiga, o universo origina-se do Taiji, sinônimo de Qi original ou primitivo,
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sua parte essencial ou Qi essencial era tido como elemento básico de que o universo era
composto, e todas as coisas do mundo eram produzidas por meio dos movimentos e mudanças
do Qi. A vida humana origina-se do Qi do Céu e da Terra e desenvolve-se de acordo com a
ordem natural das quatro estações. Isso significa dizer que a vida humana é dotada do Qi da
natureza. Qi é a matéria básica com a qual as atividades da vida são mantidas. Na Medicina
Chinesa, todas as atividades da vida, incluindo as atividades mentais, como pensamento,
desejos, emoções, são baseadas nas ações e mudanças do Qi. Além disso, os seres humanos
são derivados do Qi da natureza, então a matéria do mundo é primária e existe independente
da mente, enquanto o ser humano é simplesmente uma parte da natureza. As teorias orientais
enfatizam que todas as atividades psicológicas estão em conformidade com as mudanças do
meio ambiente natural, e por tanto, para preservar a saúde deve-se manter a harmonia segundo
as leis da Natureza.
3.2 A teoria dos cinco elementos
Segundo Maciocia (2010) assim como a teoria de yin e yang, a teoria dos cinco elementos
constitui a base da teoria da Medicina Chinesa. O termo cinco elementos tem sido utilizado
pela maioria dos médicos ocidentais que praticam as técnicas orientais há muito tempo. Os
cinco elementos não são constituintes básicos da natureza, mas são as qualidades, as fases de
um ciclo ou a capacidade inerente de modificação de um fenômeno. Os cinco elementos são
Água, Madeira, Fogo, Terra e Metal. A água umedece em descendência, o Fogo chameja em
ascendência, a Madeira pode ser dobrada e esticada, o Metal pode ser moldado e endurecido,
a Terra permite a disseminação, o crescimento e a colheita. Aquilo que absorve e descende
Água é salgado, o que chameja em ascendência Fogo é amargo, o que pode ser dobrado e
esticado Madeira é azedo, o que pode ser moldado e enrijecido Metal é picante e o que
permite disseminar, crescer e colher Terra é doce. De acordo com esta afirmação mostra que
os cinco elementos simbolizam cinco qualidades inerentes diversas e expressam o fenômeno
natural.
Para Zhufan (2009) a correlação da teoria dos cinco elementos não fica restrita as coisas e aos
fenômenos, mas também existe entre os de diferentes categorias. O inter-relacionamento
inclui geração, interação, superioridade e neutralidade. Portanto a teoria dos cinco elementos
pode ser considerada regra geral de correlação e coordenação entre as várias partes do corpo
humano e suas funções.
3.3 A teoria do Yin e Yang
O universo é circular em sua forma e continuidade de movimentos, com a noite Yin seguindo
o dia Yang perpetuamente. O homem pode ser considerado um pequeno universo, desenhado
e configurado com mais precisão do que qualquer máquina. Como existem no universo as
duas polaridades energéticas yin e yang em constante ação alternada, assim também é no ser
humano. Plenitude e esvaziamento, movimento e quietude, dureza e maciez, sístole e diástole,
retração e expansão. Estas forças existem no homem e precisam ser harmonizadas
(AMARAL, 2008).
Essa interdependência dos opostos faz parte e é característica básica da vida. A filosofia
Chinesa identificou com muita clareza essa realidade por meio do Confucionismo, no famoso
conceito de Yin e Yang. A diferença entre a doença e saúde está na reorganização e no
restabelecimento da homeostase após o período de desordem. Um desequilíbrio homeostático
pode ser positivo quando se aprende com ele (PINHEIRO JR., 2010).
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Segundo Goswami (2006) a dupla distinção de yin e yang no nível vital dá origem aos bem
conhecidos opostos do corpo humano como representações do corpo vital. Essa dualidade é
eficiente para diferenciar tipos de corpos, frio e quente, molhado e seco, pesado e leve, lento e
rápido, passivo e agressivo, quieto e ativo, estável e criativo, ascendente e descendente,
interior e exterior e assim por diante. Essa versão chinesa se combina com a teoria dos cinco
elementos com um mapeamento elaborado dos órgãos do corpo. O Yin representa a
estabilidade terrena, os órgãos zang que se manifestam a partir do aspecto yin das matrizes
armazenam materiais podendo entrar e sair são fígado, coração, baço, pulmão e rins. O Yang
representa o movimento celeste que inclui o movimento criativo, os órgãos Fu que tem
aspectos yang do corpo vital são receptores e eliminadores, ou seja, transferem energia,
vesícula biliar, intestino delgado, estômago, intestino grosso e bexiga.
Para Requena (1990) o princípio do yin e yang provém do gênio do pensamento chinês e de
sua visão relativista das coisas. Permitindo um raciocínio duplo no qual todas as categorias de
fenômenos observados podem ser classificadas em dois conjuntos. O símbolo do yin é
representado pela terra, o símbolo yang pelo céu. O homem, que se acha colocado entre
ambos, provem dos dois. A filosofia taoísta chinesa antiga considera que o yin-yang são
antagônicos pelo qual o princípio único em todas as coisas, o Tao, imaterial, permanente e
potencial podendo se materializar no mundo físico que é atualizado mas não permanente,
sujeito a mudanças e transformações, ao aparecimento e ao desaparecimento.
De acordo com Auteroche e Navailh a teoria yin e yang explica o aparecimento das doenças
por um desequilíbrio relativo de uma subida grande demais e um declínio grande demais do
yin ou do yang. Quando ambos estão em seu estado normal, controlam-se mutuamente e
mantêm um relativo equilíbrio e a condição fundamental de uma atividade vital correta. O
aparecimento das doenças e suas evoluções estão ligados a dois fatores em oposição. O
primeiro o de resistência a doença, denominado energia correta (Zheng Qi) do homem e o
segundo o fator patogênico chamado de energia perversa (Xie Qi). A força ou a fraqueza do
Correto está determinada pela existência de numerosos fatores que são em particular a
constituição física que está ligada a hereditariedade as qualidades transmitidas pelos pais e
seus descendentes, o estado mental, o meio circunvizinho, a alimentação e a resistência
adquirida pelo treinamento.
4. A acupuntura e o processo de tratamento da inflamação do ombro
Dos radicais latinos acus e pungere, que significam agulha e puncionar, a acupuntura visa à
terapia e cura das enfermidades pela aplicação de estímulos através da pele, com a inserção de
agulhas em pontos específicos, chamados de acupontos. Trata-se também de uma terapia
reflexa, em que o estímulo de uma área age sobre a outra, sendo um estímulo nociceptivo. A
acupuntura integra um conjunto de conhecimentos teórico-empíricos da Medicina Tradicional
Chinesa. No oriente vem sendo usada com finalidades preventivas e terapêuticas há vários
milênios (SZABÓ e BECHARA, 2001).
Acredita-se que a acupuntura foi descoberta em conseqüência da guerra. Foram os guerreiros
feridos pelas flechas inimigas que a descobriram. Perceberam que uma seta alojada no corpo,
apesar de produzir uma lesão, também aliviava a dores crônicas que hoje associaríamos a
artrite ou tendinite. E segundo a lenda quando os relatos dos soldados chegaram aos ouvidos
dos sábios taoístas experientes em Medicina Chinesa, estes começaram a introduzir agulhas
no próprio corpo e assim mapearam os caminhos do chi, os meridianos (GOSWAMI, 2006).
Palmeira (1990) citou que a acupuntura é apenas uma das técnicas terapêuticas que compõem
um conjunto de saberes e procedimentos culturalmente constituídos, e dos quais não pode ser
separada. Seus princípios teóricos começam a partir dos entendimentos das doenças,
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classificação e tratamento. E servem para entender e lidar com as coisas do mundo, a
natureza, o espaço e o tempo.
Segundo Zhufan (2009) a acupuntura é um método terapêutico que pode ser usado no
tratamento de quase todos os tipos de patologias. Sendo aplicada de acordo com o diagnóstico
tradicional chinês, que identifica a deficiência versus o excesso e o frio versus o calor. A
sedação é indicada para o excesso e a tonificação para a deficiência, rapidez para o calor e
retenção para o frio.
A acupuntura como tudo na Medicina Chinesa, baseia-se na observação do nosso ambiente
natural. O nosso corpo é como um pouco do universo. Se estimular certas áreas, o que
chamamos de pontos de energia, ou centros de energia, podemos estimular também o interior
do nosso corpo. Esta estimulação, com efeito, pode causar certas mudanças fisiológicas no
sangue, nos impulsos nervosos, na cura e em respostas imunológicas (NI e HERKO, 2008).
Kurebayashi et al. (2009) relataram que as principais ações da acupuntura são os seus efeitos
analgésicos, sedantes, homeostáticos, imunodefensivos, psicológicos e de recuperação
motora. Abrange um amplo espectro de enfermidades tratáveis como a bursite. Sua ênfase
está no tratamento das causas do desequilíbrio energético nos canais e meridianos que permite
a manifestação, a materialização de uma doença, conjuntamente com a supressão de sintomas.
De acordo com Zhufan (2009) as inflamações no ombro podem ser causadas por trauma,
excesso de tensão ou ataque de vento-frio-umidade, dificultando a função dos tendões e do
fluxo de Qi e do sangue nos meridianos e colaterais acima do ombro. Os principais elementos
envolvidos são Madeira com fígado e vesícula-biliar que são responsáveis pelos ligamentos,
tendões e meniscos, Terra com baço-pâncreas e estomago que são responsáveis pela estrutura
muscular e Água com rim e bexiga que cuidam dos ossos e articulações. As patologias
caracterizadas por dor nas articulações com processo inflamatório e acompanhadas por
ancilose, deformidades, parestesia ou atrofia muscular são chamadas de síndrome Bi na
Medicina Chinesa. Bi significa obstrução dos meridianos e colaterais dos membros por fatores
patogênicos resultando em artralgia, parestesia e diminuição da mobilidade. A síndrome Bi
inclui uma variedade de patologias articulares e musculoesqueléticas. Constituição fraca
vulnerável as patologias exógenas. Uma pessoa com constituição debilitada pode ser invadida
por Vento, Umidade, Frio ou Calor vindos do exterior.
Segundo Rivera (2009) os problemas que envolvem a articulação e os músculos dos ombros
estão relacionados com traumatismos, invasão de vento frio ou umidade, doença crônica,
estagnação do Qi do fígado, estagnação de Qi e do sangue e estagnação do Qi do rim. Em um
aspecto geral a concepção das doenças segundo a medicina chinesa é diferente da ocidental,
parte do equilíbrio energético do corpo. O fígado e a vesícula biliar ajudam a harmonizar as
funções dos nervos, tendões e outras estruturas e estão intimamente ligados com o emocional
do indivíduo. Por tal motivo o tratamento deve ser fundamentado no equilíbrio emocional e
na aplicação das agulhas nos pontos de acupuntura no ombro e locais de dor.
5. Diagnóstico
De acordo com Zhufan (2009) os exames clínicos são os principais métodos de coleta de
dados para a elaboração do diagnóstico. Na medicina tradicional chinesa é chamado de
investigação, que inclui inspeção, ausculta, olfato e palpitação. Geralmente a inspeção ocorre
primeiro, no exame, porque tem início assim que o terapeuta olha para o paciente. As
inspeções são divididas da seguinte forma:
Shen: é a manifestação genérica das atividades da vida, o exame abrange a compleição, a
expressão, os gestos, a estrutura física, os olhos, o nariz, os lábios, os cabelos, a postura, a fala
e a consciência.
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Língua: é um dos métodos mais importantes de diagnóstico na medicina chinesa, pois reflete
a condição dos órgãos internos e sua saburra fornece informações sobre fatores patogênicos
bem como do Qi do estômago. A divisão da língua é da seguinte forma, ponta, meio, raiz e
bordas que revelam desequilíbrios do coração e pulmão, baço e estômago, fígado e vesícula
biliar e rins e bexiga.
Auscultação: Na medicina chinesa inclui principalmente ouvir a voz do paciente e os sons da
respiração, tosse, eructação e soluço.
Olfato: Sentir o odor do paciente, seu comportamento e suas secreções e excreções pode ser
uma referência para o diagnóstico. O odor azedo da boca do paciente é um sinal de indigestão,
respiração com mau odor indica a presença de calor nos pulmões ou estômago. O odor
repugnante é sempre proporcionado pela eliminação cancerosa.
Pulso: este método de diagnóstico é único na medicina chinesa, pois proporciona informações
importantes sobre a condição do Qi, do sangue e dos órgãos internos e auxilia na
diferenciação das síndromes exterior versus interior, frio versus calor e deficiência vesus
excesso. Os tipos de pulso mais comumente encontrados clinicamente são o flutuante,
profundo, lento, rápido, fraco, forte, em nó, intermitente, escorregadio, hesitante, em corda e
tenso. Segundo a literatura chinesa as condições de pulso são classificadas em 28 tipos, de
acordo com a profundidade, frequência, força, volume, tensão, forma e ritmo. Alguns fatores
são envolvidos na formação do pulso como: coração, vasos, Qi, sangue e a coordenação das
atividades funcionais dos órgãos zang fu.
6. Tratamento
Para iniciar um tratamento primeiramente enfatiza-se a prevenção, de acordo com a medicina
chinesa o bom médico trata a patologia antes que ela ocorra. Mesmo na prevenção após o
surgimento, a prevenção da possível piora da doença deve ser cuidadosamente considerada.
Para evitar complicações, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são necessários.
Para a prevenção da patologia, o fortalecimento do Qi normal ou verdadeiro é de importância
capital, incluindo também o estilo de vida. Uma patologia apresenta dois aspectos, o pra
primário e o secundário, a causa ou o estado patogênico básico da patologia é considerado
parte do aspecto primário, ao passo que os sintomas fazem parte do aspecto secundário. Para
o tratamento bem sucedido por acupuntura para depende dos seguintes fatores: seleção
apropriada dos casos com diagnóstico correto, seleção adequada dos pontos de acupuntura
com combinações apropriadas, seleção correta da manipulação, intervalos das sessões e
procedimentos terapêuticos. Classicamente a acupuntura deve ser aplicada de acordo com o
diagnóstico correto, seleção adequada de pontos com suas combinações apropriadas, seleção
correta da manipulação, intervalos das sessões e procedimentos terapêuticos.
A origem da dor no ombro está relacionada principalmente com o meridiano do fígado,
relacionado com o aspecto emocional egoísmo. Dor na flexão o meridiano envolvido é o do
intestino grosso, dor na extensão e para trás o meridiano envolvido é o do triplo aquecedor,
uma dor reflexa para cima o meridiano envolvido é o do intestino delgado. Lembrando que
todo problema nas articulações o meridiano do rim também é afetado.
O protocolo de acupuntura para tratar bursite dar-se pelo seguinte conjunto de pontos:
1°Tratar o rim com uma dupla de vasos maravilhosos: TA5-VB41.
2°Tratar a articulação equilibrando o meridiano do fígado: F8.
3°Tratar os meridianos do intestino grosso, intestino delgado, triplo aquecedor: IG15, ID10,
TA9.
Pontos distantes:
Dores na flexão (meridiano do intestino grosso):
E36, E37, E38, E41.
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Dores na extensão e para trás (triplo aquecedor):
VB34, VB38.
Dores reflexas para cima (intestino delgado):
B65, B64, B68.
Pontos emocionais:
Pontos Ho: F8.
Bach-shu: B47.
Chakras: VC22.
Se a bursite é aguda e unilateral, deve-se utilizar a técnica do tratamento pelo oposto, que é
importante nas manifestações clínicas agudas. Se o local afetado estiver no alto, tratar o
baixo. Se estiver no meio, tratar alto e baixo. Se estiver no Yang, tratar o yin. Se estiver no
Yin, tratar o Yang. Se estiver no lado direito, tratar o lado esquerdo e vice-versa. Se for frio
utilizar moxabustão (ZHUFAN, 2009).
Outra forma de tratamento é com a reflexologia podal que trata um vasto número de doenças
e lesões e tem o objetivo de produzir no corpo um estado de relaxamento. É um tratamento
completamente abrangente, já que todos os órgãos, glândulas e o sistema ósseo podem ser
atingidos e estimulados por meio dos pés. No caso de problemas nos ombros as zonas dos pés
que serão tratadas são: ombro, braço, coluna torácica, diafragma e quadril (BOOTH, 2005).
A auriculoterapia é um tratamento que também pode ser utilizado no tratamento da bursite,
pois reproduz os encontros fisiológicos e patologicos de diferentes partes de um organismo
em partes menores do mesmo, como se frações distintas de um corpo tivessem relação
proporcional com o todo do mesmo, as regiões tratadas pela orelha são: ombro, rim, fígado,
San jiao, intestino grosso e intestino delgado (BOUCINHAS, 2007).
Segundo Boucinhas (2007) a acupuntura craniana é bem semelhante a auricular ou a
reflexologia podal que atuam baseadas em somatotopias ou microssistemas. Na crâniopuntura
há duas somatotopias, sendo uma frontal yin, e uma occipital yang. Ambas dispõem de duas
hemi-somatotopias, uma representando a parte estrutural-anatômica e a outra a parte
funcional. Para o tratamento da bursite é usado o ponto básico que corresponde a região dos
ombros, chama-se ponto C localizado no ângulo entre a implantação frontal e a temporal dos
cabelos. Primeiramente faz-se a apalpação, para encontrar o local de maior dor e depois se
aplica a agulha de acupuntura, deixando agir por 20 minutos.
Existem outras formas de tratamento além da acupuntura sistêmica. Destacam-se: fitoterapia
chinesa, dietoterapia, técnica de akabane, magnetoterapia, laserterapia, fisioterapia brasileira e
massoterapia (ZHUFAN, 2009).
7. Metodologia
Este estudo foi elaborado com base em levantamentos bibliográficos sobre a realização do
tratamento para bursite no ombro com acupuntura, bem como diagnósticos, métodos usados,
materiais, benefícios, manutenções e outras técnicas dentro da Medicina Chinesa, que podem
complementar o tratamento.
A pesquisa foi realizada através de uma base de dados em saúde, sendo a scielo, utilizando-se
as palavras-chaves: bursite, acupuntura, eletroacupuntura e auriculoterapia, nas bases de
dados em português e acupuncture, shoulder, tratamiento acupuntural e bursitis nas bases de
dados em inglês, encontrando-se dessa forma diversos artigos científicos publicados no
período de 1990 a 2010. Também foram levantadas informações de livros correspondentes ao
tema tratado. A pesquisa caracterizou-se como qualitativa do tipo exploratória, fazendo-se
uma investigação detalhada, visando proporcionar um entendimento geral do assunto
pesquisado, para desenvolver novos conceitos com precisão.
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8. Resultados e Discussão
Dentre todas as pesquisas encontradas, pode-se constatar a eficácia da acupuntura para o
tratamento da bursite no ombro, é uma técnica que tem ação direta sobre a função do
organismo, e pode ser utilizada como meio único de tratamento ou utilizar como tratamento
auxiliar de qualquer outra terapia. Essa constatação vem sendo demonstrada por uma
experiência multidisciplinar dos orientais e avaliada por estudos clínicos e experimentais dos
ocidentais.
A transmissão da sensação da acupuntura ao longo dos meridianos pode originar-se através de
dor, distensão ou formigamento do ponto de acupuntura. Isto é chamado de transmissão no
meridiano e aqueles que podem sentir facilmente a transmissão no meridiano são
denominados de pessoas meridiano-sensíveis (RIVERA , 2009).
A acupuntura é um tratamento de saúde milenar, baseado na medicina tradicional chinesa,
ficou sendo conhecida no ocidente pela sua eficiencia no tratamento das dores
musculoesqueléticas. Embora, muitas outras condições clínicas podem se beneficiar do
tratamento. Diversas pesquisas esclareceram muitos mecanismos de ação da acupuntura,
incluindo a liberação de opióides e outros peptídeos no sistema nervoso central e periférico e
mudanças na função neuroendócrina. Nos pontos de acupuntura verificou-se uma concetração
fibrilar neural, uma rede capilar bem desenvolvida e uma concetração aumentada de
mucopolissacarídeos. A analgesia por acupuntura envolve a estimulação de nervos de pequeno
diâmetro e limiar diferenciado. Esses nervos mandam mensagens à medula espinhal, o que
ativa neurônios do tronco cerebral e do hipotálamo disparando mecanismos de opióides
endógenos. Uma outra mecanismo de ação da acupuntura pode ser uma foram de estimular a
expressão genética de neuropeptídeos (MEDEIROS e SAAD, 2009).
Estudos científicos revelaram as seguintes ações da acupuntura: analgesia e regulação de
várias funções fisiológicas. A literatura médica fornece dados suficientes para se afirmar que a
acupuntura age por mecanismos fisiológicos independentes do efeito placebo. Há evidências
suficientes do valor da acupuntura para expandir seu uso e encorajar mais estudos de sua
fisiologia e potencial clínico (PALMEIRA, 1990).
A acupuntura é uma terapêutica sustentada por um sistema filosófico que, além do mais, nos
faz entender o homem em si e no seu relacionamento com o meio ambiente e, por extensão
com o Universo, o que torna o procedimento praticado na acupuntura o mais perfeito, correto
e adequado. A aproximação das ciências ocidentais e das tradições orientais abre uma nova
possibilidade, pois coloca, a serviço do homem, conhecimentos que podem ser utilizados para
resolver ou aliviar o sofrimento humano, quer seja ele físico ou mental, independentemente
do país, sistema político, raça ou região do planeta (SILVA, 2007).
A acupuntura é uma especialidade que foi desenvolvida na China há mais de cinco mil anos, e
com o moxabustão, o qi gong e a fitoterapia, compõe a medicina tradicional chinesa, visa a
prevenir e tratar as doenças através do equilíbrio das energias circulantes no corpo, pois se
acredita que um organismo equilibrado não adoece. O equilíbrio é a chave da saúde, é preciso
tê-lo quando em repouso ou durante exercícios, na dieta e nas atividades sexuais. Qualquer
desarmonia contínua pode se tornar uma causa patológica. Por exemplo, muito descanso, o
sedentarismo, ou muita atividade física, muito trabalho, sexo excessivo ou mesmo a ausência
deste, dieta não balanceada, vida emocional afetada, condições climáticas extremas, todos
esses fatores podem ser causas de patologias. Este equilíbrio é relativo para cada indivíduo. O
que for muito para uma pessoa, pode não ser suficiente para outra, o que pode constiutir um
excesso alimentar para alguém engajado numa atividade mental num trabalho sedentário,
poderia ser insuficiente para sustentar alguém que exerce trabalho físico pesado. É essencial
identificar a causa da desarmonia, caso contrário, não será possível orientar o paciente sobre
as mudanças específicas a serem elaboradas para restaurar o equilíbrio. Se uma pessoa sofre
de distensão abdominal, decorrentes da estagnação do Qi do fígado, muito evidentemente
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causadas por alterações emocionais, não adianta aconselhá-la a fazer dietas muito severas para
evitar estes sintomas. Isto apenas aumenta a angústia do paciente. Por outro lado, se a pessoa
sofre de dor nas mãos e punhos por causa do frio-umidade exterior decorrente do tipo de vida
onde a mesma exerce trabalho pesado de limpeza, lavando coisas na água fria, não adianta
investigar profundamente sua vida emocional. Ao tentar localizar a causa patológica, é
conveniente e útil pensar na vida do indivíduo em três períodos: período pré-natal, infância,
vida adulta. Causas diferentes da patologia tendem a caracterizar cada um desses três
períodos, enquanto que dentro de cada um deles, a pessoa está propensa a ser afetada por
fatores etiológicos similares. A Medicina Chinesa enfatiza a importância da saúde dos pais em
geral, na época da concepção especificamente, para a saúde da criança. Uma causa frequente
da patologia no início da infância é a dieta. A criança que deixa de mamar no peito muito
cedo, pode provocar uma deficiência do baço. Alimenta-la em excesso com leite de vaca pode
causar umidade ou fleuma. Na vida adulta, qualquer uma das patologias usuais aplica-se neste
longo período, sendo que as mais importantes são as alterações emocionais. As causas da
patologia são usualmente divididas em interna: emocionais, externa: clima e outras: como
constituição, fadiga/exercícios em demasia, atividade sexual excessiva, dieta, trauma,
epidemias, parasitas, intoxicações e tratamento inadequado. Na atualidade, tem causas
patológicas novas, as quais não existiam quando a Medicina Chinesa se desenvolveu. Por
exemplo, radiação, poluição ou química nos alimentos. Na prática, é importante ter esses
novos fatores em mente como possíveis causas patológicas, sendo necessário em
determinados casos, integrar o diagnóstico chinês ao ocidental para localizá-las. A visão dos
sistemas internos como esferas físico-mental-emocionais de influência é um dos aspectos
mais importantes da Medicina Chinesa. O corpo, a mente e as emoções estão integradas como
um todo sem início ou fim, no qual os sistemas internos são a maior esfera de influência. Uma
vez que a medicina ocidental tende a considerar a influência das emoções sobre os órgãos
como apresentando um papel secundário ou excitatório, em vez de ser um fator causativo
primário da patologia, a medicina chinesa observa as emoções como uma parte inseparável e
integral da esfera de ação dos sistemas internos. A interação do corpo e da mente na medicina
chinesa também é expressada nos três tesouros, essência-Qi-mente, a essência Jing que é
matéria básica do Qi da mente, constituindo o fundamento para um equilíbrio mental e
emocional da vida. Cada pessoa nasce com uma determinada constituição, a qual é
dependente da saúde dos seus pais (MACIOCIA, 2010).
9. Conclusão
Da análise dos estudos acima, pode-se afirmar que os distúrbios do ombro são influenciados
por fatores biomecânicos relacionados ao trabalho, como flexão ou abdução dos ombros por
tempo prolongado, vibrações, postura estática ou com carga no membro superior. Os
resultados dos estudos evidenciam associação entre os distúrbios do ombro aos fatores
psicossociais como estresse, longas jornadas de trabalho, período de descanso insatisfatório,
traumas emocionais, entre outros. A bursite é uma lesão inflamatória que pode resultar de
traumas, esforços repetitivos e problemas metabólicos ou reumáticos, além de desvios
posturais que prejudiquem a função dos ombros. As dores dos ombros são muito frequentes
entre os adultos, independente da faixa etária, os sintomas aparecem sob a forma aguda,
crônica, unilateral ou bilateral. Com o avanço da tecnologia e a automatização de vários
setores das indústrias, fez também com que aumentasse o índice de trabalhadores com
problemas na articulação dos ombros. Segundo diversas pesquisas a bursite é a segunda causa
de queixa de dores nas articulações, ficando atrás apenas dos problemas na coluna vertebral.
As características clínicas deste problema para a medicina ocidental são queixa de dor, perda
de força e controle dos movimentos, sensação de formigamento e peso nos membros
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superiores, fadiga, anormalidades sensitivas, dormências e algumas vezes dores de cabeça. Os
esforços repetitivos dos membros superiores podem causar lesões em três regiões diferentes
sendo descritas como: tendinite do bíceps que é causado pelo esforço muscular elevando os
braços em abdução acima dos ombros e antebraços fletidos, comprimindo o tendão, manguito
e bursa contra os ossos, gerando inflamação e dor na face anterior do ombro com irradiação
para o braço, tendinite do supraespinhoso que causado pela elevação dos braços acima dos
ombros e pela compressão da bursa e manguito contra os ossos, dor ao elevar o braço,
irradiação pela face lateral e piora a noite e a síndrome do desfiladeiro torácico que é causado
pela permanência com o braço acima dos ombros com esforço muscular comprimindo os
nervos do plexo braquial, dor na coluna cervical para o braço, antebraço e mão, alteração na
sensibilidade dos dedos, sensação de frio nas mãos. A evolução desses três diferentes tipos de
localização da inflamação do ombro também acontece em três estágios o primeiro é o grau um
quando há apenas uma sensação de desconforto e pontadas no local, o sengundo é o grau dois
quando a dor é mais persistente e intensa, acompanhada de calor e muita sensibilidade no
local, a terceira é o grau três a dor é mais forte e não para e tem irradiação mais definida, e a
quarta é o grau quatro a dor é bastante forte e contínua sendo insuportável, levando em grande
sofrimento o paciente acometido. Os tratamentos pela medicina ocidental ocorrem da seguinte
forma primeiramente é feita analgesia, por meio de medicamentos alopáticos e ou repouso
associado à crioterapia, alguns recursos fisioterapêuticos como os eletrotermoterápicos no
local e fortalecimento muscular e correções de alterações biomecânicas, dependendo do grau
do distúrbio o paciente pode ser submetido à intervenção cirúrgica que tem o objetivo a
revascularização do local ou retirada de pontos de calcificação no local.
A medicina chinesa explica que os distúrbios dos ombros são causados pela estagnação da
bioenergia chamada Qi e do sangue, má nutrição dos tecidos moles ao redor da articulação do
ombro, invasão de umidade, vento, vento-frio que afeta tecidos, canais e colaterais de energia,
dano tecidual provocado pelo cansaço e esforço físico repetitivo, traumatismo e luxações,
vida sedentária e envelhecimento. A grande eficácia do tratamento da inflamação do ombro
acontece com a associação de várias técnicas chinesas que contribuem com o equílibrio não
só a nível muscular, como também a nível energético, equilibrando e desbloqueando os canais
de energia. Primeiramente é feito um diagnóstico detalhado para verificar os órgãos
comprometidos e as causas do problema. E após a análise desta avaliação, determina-se o tipo
de tratamento que será usado. A acupuntura é um dos recursos principais para tratar os
distúrbios do ombro, equilibrando os meridianos que atravessam os músculos e contribuindo
com desinflamação da bursa, melhora a dor e mobilidade em pacientes com problemas nessa
região, acompanhado a mesma pode-se associar com as técnicas de moxabustão,
ventosaterapia e a auriculoterapia que são outros ramos da medicina chinesa que ajudam com
os ótimos resultados do tratamento.
A acupuntura trata além da bursite inúmeras doenças e alivia dores, pode ser usada também
para prevenir o corpo de doenças, pois através dos pontos sistémicos aplicados com agulhas,
estimula a energia do sistema imunológico, permitindo assim aumentar o tempo de bem-estar
e saúde do indivíduo. Por tanto o equilíbrio da energia dos meridianos energéticos, impede o
aparecimento das doenças no corpo. Hoje a acupuntura já pode contar com aparelhos de altatecnologia, usados para potencializar os tratamentos. Com os estudos feitos foi possível
concluir que a acupuntura tem se mostrado muito eficiente para o tratamento de distúrbios do
ombro e dores de origem muscular. Além disso, promove analgesia do próprio organismo sem
provocar efeitos colaterais, podendo ser usada inúmeras vezes. A maioria dos pacientes
responde satisfatoriamente ao tratamento.
A medicina chinesa tem como prioridade de tratamento o equilíbrio geral, ajuda o organismo
no período de auto-equilíbrio e combate a bursite. Existem muitas terapias chinesas que
podem ser usadas para tratar esta patologia, mais segundo os estudos acima citados a
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acupuntura vem mostrando ótimos resultados e pode também ser associada com outras
técnicas de tratamento como a fitoterapia chinesa, a ventosaterapia e o moxabustão, isso
dependendo do diagnóstico aplica-se o melhor método. A acupuntura geralmente é feita sobre
o local onde esta a dor, quando introduzida a agulha acontece o equilíbrio direto no nervo
central, liberando a autodefesa que aumenta o fluxo sanguíneo e proporciona imediatamente a
melhora das dores e conseqüentemente a cura da inflamação e por outro lado ativa a
circulação da bioenergia, ao combate da obstrução dos canais e dos colaterais, à dispersão do
vento, à eliminação do frio e a drenagem da umidade. O período de tratamento varia de
paciente para paciente, naqueles que tem um quadro agudo determina-se em torno de cinco
sessões, dentro de um mês a saúde do paciente será restabelecida.
Suprimir a inflamação do ombro é à base do tratamento com acupuntura, melhorando
rapidamente os sintomas, sem agravar o quadro. Por tanto com os estudos elaborados se pode
comprovar a grande eficácia do tratamento com acupuntura para o tratamento dos distúrbios
do ombro, principalmente a bursite que através da aplicação das agulhas estimulam-se os
pontos locais, resultando na melhora das dores e desobstruindo os canais energéticos e
permitindo a cura do paciente.
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