ISSN 1519-339X / [ISSN 2447-2034] V. On-line Revista Ano 16 - Nº 78 - Julho / Agosto / Setembro - 2016 A Revista Enfermagem Atual In Derme é uma revista da Sociedade Brasileira de Enfermagem em Feridas e Estética (SOBENFeE), está indexada na base de dados do Cinahl - Information Systems USA, classificada como Qualis International B2 da Capes e no Grupo EBSCO Publicações. Editora Chefe: Alcione Matos de Abreu Vice- presidente da SOBENFeE | Doutoranda da Universidade Federal Fluminense UFF Editor Assistente: Raí Moreira Rocha Mestrado em Ciências do Cuidado em Saúde EEAAC/UFF Financeiro: Sobenfee Vendas: Sobenfee [email protected] Sac: [email protected] Envio de Artigos: [email protected] ENFERMAGEM ATUAL IN DERME é uma revista científica,é uma revista da Sociedade Brasileira de Enfermagem em Feridas e Estética (SOBENFeE),publicada trimestralmente, voltada para o publico de profissionais e acadêmicos e pós graduados da área de saúde. CIRCULAÇÃO: Em todo Território Nacional. CORRESPONDÊNCIAS: Rua México, nº 164 sala 62, Centro - Rio de Janeiro - RJ (21) 2259-6232 - [email protected] Periodicidade: Trimestral Distribuição: Sobenfee Produção: Letra Certa Comunicação Diagramação: Cecilia Pachá ENFERMAGEM ATUAL IN DERME reserva todos os direitos, inclusive os de tradução, em todos os países signatários da Convenção PanAmericana e da Convenção Internacional sobre Direitos Autorais. A Revista Enfermagem Atual In Derme é uma revista da Sociedade Brasileira de Enfermagem em Feridas e Estética (SOBENFeE), com publicação trimestral. Publica trabalhos originais das diferentes áreas da Enfermagem, Saúde e Áreas Afins, como resultados de pesquisas, artigos de reflexão, relato de experiência e discussão de temas atuais. Circulação: 4 números anuais: JAN/FEV/MAR – ABR/MAI/JUN – JUL/AGO/SET – OUT/NOV/DEZ A Revista Enfermagem Atual In Derme é uma publicação trimestral. Publica trabalhos originais das diferentes áreas da Enfermagem, Saúde e Áreas Afins, como resultados de pesquisas, artigos de reflexão, relato de experiência e discussão de temas atuais. ISSN 1519-339X [ISSN 2447-2034] V. On-line EDITORIAL Caros leitores, Na edição de nº 78, do ano de 2016, destaca-se: O 1ºartigo, Prevenção de queda em paciente hospitalizado e a segurança do paciente: revisão integrativa, é uma revisão integrativa realizada em 2014, na Biblioteca Virtual de Saúde, utilizando os descritores “Segurança do Paciente”, “Acidentes por Quedas” e “Indicadores de Qualidade em Assistência à Saúde”, cruzando-os com o descritor “Gestão de qualidade em Saúde”. Seu objetivo principal foi levantar as produções científicas sobre prevenção de queda em paciente hospitalizado e a segurança do paciente. O 2º artigo, Acolhimento aos familiares de vítimas de óbitos por causas externas, é um relato de experiência, cujo objetivo principal é descrever a experiência vivenciada pela equipe no acolhimento aos familiares de vítimas de óbitos por causas externas em um hospital de referência em Alagoas. O 3º artigo, Articulação entre ensino e pesquisa no cuidado à saúde da criança: Relato de experiência, é um relato de experiência, cujo objetivo principal é descrever a experiência da articulação entre ensino e pesquisa no cuidado à saúde da criança acerca das evidências cientificas de enfermagem no controle da infecção primária da corrente sanguínea, bem como prevenção e tratamento da infecção urinária. O 4º artigo, Perfil e produção científica dos bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq da área de estomaterapia, é um estudo descritivo, transversal e quantitativo, cujo objetivo foi identificar o perfil e a produção científica dos bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq da área de Estomaterapia no triênio 2010-2012. O 5º artigo, Ação antimicrobiana do fator de crescimento epidérmico em feridas: Revisão integrativa, é uma revisão integrativa de literatura, nas bases de dados contidas no portal Biblioteca Virtual em Saúde e no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, com os termos “úlcera varicosa”, “úlcera cutânea”, “úlcera da perna”, “infecção dos ferimentos” e “fator de crescimento epidérmico”. O objetivo principal foi analisar evidências científicas sobre as apresentações farmacêuticas e os efeitos antimicrobianos do fator de crescimento epidérmico recombinante humano em feridas. O 6º artigo, Conhecimento dos profissionais de enfermagem quanto à realização do banho no recém-nascido, é um estudo descritivo-exploratório e observacional, com abordagem quantitativa, cujo objetivo é investigar o conhecimento dos técnicos de enfermagem acerca do banho no recém-nascido. O 7º artigo, Esclerose múltipla: implementação do processo de enfermagem, é um estudo de intervenção metodológica, seguindo-se as seguintes etapas: elaboração dos Diagnósticos de Enfermagem; proposta inicial de resultados e intervenções; elaboração de um plano de cuidados e validação por especialista; implementação e avaliação do plano. O objetivo do estudo foi elaborar, validar, implementar e avaliar um plano de cuidados de enfermagem a uma paciente com esclerose múltipla. O 8º artigo, Fluxograma de atendimento pré-exame: ferramenta do trabalho de enfermagem na tomografia computadorizada, é um estudo descritivo-exploratório acerca do processo de trabalho de enfermagem, com abordagem qualitativa. O objetivo do estudo foi descrever os caminhos que os pacientes deverão percorrer para a marcação, orientação e realização dos exames no hospital, através do fluxograma de atendimento pré-exame. O 9º artigo, Impacto da úlcera de perna na qualidade de vida de idosos: uma revisão integrativa, é uma revisão integrativa cujo levantamento foi realizado nas bases de dados LILACS, BDENF, IBECS, MEDLINE (via BVS) e na MEDLINE (via PubMed). O objetivo foi analisar as evidências científicas acerca do impacto da úlcera de perna na qualidade de vida de idosos. O 10º artigo, Prevenção do câncer de mama e cervicouterino em idosas de um grupo de convivência, é um estudo epidemiológico descritivo, com abordagem quantitativa, cujos objetivos foram caracterizar o perfil das idosas frequentadoras de um grupo de convivência no Rio de Janeiro; estimar a frequência de realização do exame de prevenção de câncer de mama e cervicouterino dessas idosas; e descrever as perspectivas de atuação do enfermeiro na prevenção do câncer de mama e cervicouterino para mulheres idosas de um grupo de convivência. O 11º artigo, Uso do nitrato de cério associado ao colágeno e alginato de cálcio no tratamento das queimaduras: Uma série de casos, relata uma série de seis casos, sendo o objetivo deste estudo avaliar o processo de reparo tecidual de queimaduras de 2º grau superficial e intermediário em uso de um curativo biológico composto por Nitrato de Cério, Colágeno Bovino e Alginato de Cálcio. Convido a todos vocês para o V Simpósio sobre Prevenção e Tratamento de Feridas e I Encontro sobre Queimaduras da SOBENFeE , que acontecerão nos dias 20 a 22 de outubro de 2016, no Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Botafogo, Rio de Janeiro. “As feridas do corpo, são curadas com tratamento local e sistêmico, de acordo com a evidência científica. ‘As feridas da alma’ são curadas com atenção, carinho e paz.” Machado de Assis Boa leitura! Editora Científica Alcione Abreu Skin tears e seus desafios no primeiro quarto do século XXI Érick Igor dos Santos1 Ao longo dos últimos quatro anos tenho tido a oportunidade de contribuir cientifica e academicamente para a disseminação do conceito, dos caminhos para a prevenção e das formas de tratamento das skin tears entre profissionais de enfermagem de diferentes níveis de formação. Neste percurso, quando em exposições orais, tenho forte tendência a iniciá-las questionando os expectadores se sabem ou se já ouviram falar sobre do que se tratam as skin tears. Neste primeiro momento, poucos parecem atrever-se a erguer o braço. Porém, ao iniciar a transição de slides colocando imagens das lesões, grande parte do público tende a se manifestar, reconhecendo-as. Nas palavras do Professor Dr. Celso Pereira de Sá (in memoriam), as skin tears formariam um objeto de representação social ainda em formação no solo brasileiro, possuidor de imagens bem definidas, mas conceitos e práticas nem tanto, por ora. Esta característica tem levado-me a pensar o quanto as skin tears são um tema muito vivido e (ainda) sobre o qual pouco falado, ao menos no Brasil, o que gera o combustível para alguns poucos de nós – enfermeiros estomaterapeutas ou especialistas em enfermagem dermatológica – perseverarmos na árdua tarefa de desbravar tal problemática e levá-la à enfermagem dos quatro cantos deste país. As skin tears podem ser conceituadas como um tipo traumático de lesão de pele oriundo de fricção, contusão ou cisalhamento que, isoladamente ou em conjunto, provocam disjunção entre as camadas da pele, formando, de maneira frequente, um retalho pendente de pele. Quando há disjunção entre derme e epiderme, as lesões tendem a ser mais dolorosas por afetarem sobremaneira as terminações nervosas livres, e, assim, podem ser denominadas de lesões de espessura parcial. Já quando a disjunção ocorre entre as camadas mais profundas da pele, quais sejam, as duas primeiras e a hipoderme, a lesão tende a ser mais hemorrágica em virtude do aumento da vascularização da pele diretamente proporcional à sua profundidade, podendo, então, ser denominada de lesão de espessura total. Sua apresentação pode ser em formato linear, irregular ou oval e a sua ocorrência potencializa as chances de edema, hematoma, necrose tecidual e infecção. As skin tears frequentemente acometem pessoas nos extremos de vida, dada a prematuridade da síntese e organização das fibras de colágeno no caso dos neonatos, ou a sua perda quantitativa e qualitativa durante o processo de envelhecimento no caso dos idosos, sobretudo em topografias corporais altamente suscetíveis a traumas diretos como cotovelos, pernas, braços e mãos. Embora sejam inúmeros os fatores de risco para o seu desenvolvimento, há notório destaque para desencadeadores, como a ocorrência de quedas, má nutrição, restrição ao leito, limitações cognitivas e pele seca ou frágil. Salientase que pacientes críticos ou cronicamente enfermos possuem maior grau de risco para a ocorrência de skin tears, e a sua ocorrência pode inibir a livre mobilidade, provocar isolamento social e gerar prejuízos à qualidade de vida, além de impactar significativamente os custos hospitalares. Instituições internacionais como a The Nacional Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP), a European Pressure Ulcer Avisory Panel (EPUAP) e a International Skin Tear Advisory Panel (ISTAP) mantêm a assertiva de que apesar das similaridades entre skin tears e lesões por pressão, é crítico que haja diferenciação e diagnóstico apropriados. Olhos pouco treinados não raramente confundem skin tears com lesões por pressão, que são, na verdade, demarcadamente diferentes em suas formas de apresentação, tempo entre desencadeamento e visualização a olho nu e prognósticos de cicatrização, sobretudo por possuírem fatores etiológicos distintos1-4. No caso das lesões por pressão, como a própria nomenclatura revela, o fator etiológico majoritário é a pressão, principalmente em proeminências ósseas, que promove a diminuição da luz interna dos vasos sanguíneos que irrigam a pele, levando a um processo de isquemia e posterior hipóxia da pele. De tal protagonismo é o fator pressão enquanto seu componente etiológico, que mudanças recentes no estadiamento de lesões por pressão removeram a fricção como um descritor para o seu desenvolvimento4. Por seu turno, as skin tears decorrem de episódios traumáticos mais agudos, que geram rupturas notoriamente mais imediatas entre as camadas da pele, o que as tornam muito mais dolorosas e hemorrágicas quando comparadas às lesões por pressão. Uma lesão de pele que ocorre em uma topografia corporal na qual não há pressão constante provavelmente não se trata de uma lesão por pressão, então devem ser observados possíveis diagnósticos diferenciais, como skin tear. Contudo, já tem sido reportado4 que as skin tears nas quais há dano tecidual mais aprofundado e as lesões por pressão de categoria II são capazes de mimetizar uma a outra, e quando as skin tears ocorrem sobre proeminências ósseas, os dois mecanismos etiológicos podem se sobrepor – pressão e fricção/cisalhamento – causando duas lesões em uma, o que pode guiar a erros diagnósticos e atrasos na implantação de estratégias de manejo. Quanto aos dados epidemiológicos das skin tears, estes permanecem ocultos ao menos em solo brasileiro, principalmente em virtude da sua dificuldade de registro formal. Porém, os números internacionais já existentes (exponencialmente os estadunidenses 1 Doutor em Enfermagem pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Enfermeiro Estomaterapeuta pela UERJ. Especialista em Saúde Coletiva pela Universidade Gama Filho (UGF). Professor Adjunto do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal Fluminense (UFF). Professor convidado de cursos de especialização em enfermagem em estomaterapia e enfermagem dermatológica. Líder e pesquisador do Laboratório sobre Enfermagem, Cuidado, Inovação e Organização da Assistência ao Adulto e ao Idoso (LECIONAI – UFF). E-mail: [email protected] e os canadenses) apontam para sua alta prevalência4 e, não se pode perder de vista, a esperada tendência de aumento de número de casos novos no Brasil dado o processo de envelhecimento populacional atualmente em progresso no país. É inequívoca a dificuldade de registro das skin tears por conta de um desconhecimento corriqueiro da nomenclatura apropriada para a lesão, minimização de sua etiologia ou das complicações dela possivelmente desencadeadas, tal como o embasamento em experiências pessoais ou empíricas no manejo das skin tears. Para facilitar o processo assistencial, algumas ferramentas têm sido desenvolvidas ao longo dos anos com o propósito de instrumentalizar profissionais de saúde e em enfermagem na detecção, tratamento e prevenção deste tipo de lesão. Entre elas, podem ser citados o sistema Payne-Martin, a Skin Tear Classification System (STAR) e a ISTAP Skin Tear Classification2-5, sendo esta última a mais recente, mas altamente susceptível a críticas, especialmente por não abordar a coloração do retalho de pele e limitar-se a apenas três categorizações possíveis, o que, se por um lado, torna mais didático o modus operandi do cuidado, o torna menos preciso. É necessário reconhecer que há esforços por parte de alguns pesquisadores e sociedades profissionais na criação de um termo em português capaz de traduzir a ideia de skin tear. Neste esforço, abriu-se espaço em torno da discussão da terminologia “lesões por fricção”. Contudo, este termo ainda possui a característica de limitar-se a apenas um mecanismo etiológico das skin tears – a fricção -, deixando de lado o impacto direto (blunt force) e o cisalhamento (shear). Além disto, outros tipos de lesão também podem ser gerados por fricção, o que dá ao termo “lesões por fricção” determinada inespecificidade capaz de ferir a uniformização nacional do termo. Para além dessas críticas, é necessário um resgate ao termo fulcrado por Payne e Martin na década de 1990, skin tear, que numa tradução literal do termo significaria “rasgo de pele”, ou, numa tradução interpretativa, “laceração em pele”, este último ainda bastante abrangente e inespecífico. Assim, neste editorial, preferiu-se respeitar o termo original em inglês, até que haja suficiente consenso entre especialistas e tradutores no desenvolvimento de um termo na língua portuguesa capaz de delimitar precisamente as skin tears. É preciso que o termo criado seja capaz de aproximar a terminologia brasileira à internacional para que este fenômeno seja universalmente compreendido e interpretado, sob pena de produzir iniquidades semânticas promotoras de ruídos de comunicação e, por fim, dificuldades técnicas quanto ao desenvolvimento de ações preventivas e de tratamento. Em síntese, alguns dos desafios impostos pelas skin tears, neste primeiro quarto de século XXI, são: a inauguração de um termo brasileiro capaz de uniformizar este tipo de ferida, em torno de um linguajar amplamente compreensível ao ser difundido; a implantação de protocolos institucionais de cuidado validados no Brasil e balizados por consensos internacionais; aumento da precisão de instrumentos capazes de identificar e acompanhar a evolução das skin tears; capacitação profissional contínua dos componentes da equipe de saúde, para que estes possam realizar o estadiamento correto das skin tears e optar pela melhor cobertura disponível e aplicável a cada caso4; e a instrumentalização dos profissionais de enfermagem, para que sejam cada vez mais competentes na escolha de referenciais teóricos, que possam nortear o processo de enfermagem, além, é claro, da sistematização da assistência à pessoa com skin tear. Sobre este último desafio, creio caber a sugestão de leitura sobre a Teoria do Conforto de Katharine Kolcaba que, apesar de ser considerada uma teoria de médio alcance, aborda questões diretamente ligadas às skin tears, já tendo sido internacionalmente testada com relação à dor, aos danos à pele provocados pela incontinência urinária, aos perigos da imobilidade e às suas potencialidades quando aplicada em instituições de longa permanência6. Algumas medidas de prevenção já são amplamente difundidas na literatura, sobretudo internacional, como o banho em temperatura morna e sem fricção, o uso de camisas de manga longa, o distanciamento seguro entre os móveis dispostos no local de internação, o exame integral, minucioso e rotineiro do paciente, a utilização rotineira de hidratantes, a realização de mudanças de decúbito obedientes às regras de reposicionamento no leito, o acolchoamento de dispositivos como cadeira de rodas e andadores e o treinamento contínuo da força de trabalho envolvida no cuidado às pessoas nos extremos de vida e de seus familiares2-3. De acordo com as principais evidências disponíveis atualmente, as coberturas contraindicadas no caso das skin tears são aquelas que tenham como características principais serem demasiadamente aderentes, o que provocaria aumento da ruptura de pele ou, ainda, separação definitiva entre o retalho e a ferida; e/ou cobertura incapaz de lidar apropriadamente com o excessivo exsudato sanguinolento e a dor, típicas em lesões do tipo skin tear. Bons resultados são obtidos quando há atuação precoce por parte da equipe de enfermagem, que pode lançar mão de coberturas à base de octilcianoacrilato, silicone, hidrocoloide, gaze impregnada com petrolato ou coberturas acrílicas ou de espuma, desde que estejam em apresentações de baixíssima ou nenhuma aderência, sejam de fácil remoção e mantenham o controle da umidade5. Em casos de infecção, essas coberturas quando associadas à prata, de preferência nanocristalina, podem ser bastante eficazes, naturalmente quando precedidas de soluções salinas ou antimicrobianas mornas. Os enfermeiros não devem perder de vista a possibilidade de, em parceria com a equipe médica, empregar analgésicos e, em último caso, recomendar tratamento cirúrgico. Cabe ressaltar a necessidade de alternância entre as coberturas utilizadas, de acordo com o avanço do processo cicatricial e do estadiamento identificado, de modo que a terapêutica acompanhe a evolução da ferida. Isto requer avaliações constantes por parte da equipe de enfermagem, que deverá estar suficientemente preparada e ter a sua prática calcada nos guidelines ou bundles internacionais vigentes. Por seu turno, estes devem prover os subsídios teóricos para que as instituições de saúde formulem seus documentos para registro e organizem algoritmos assistenciais que possam nortear a prática profissional do seu corpo clínico. Ainda há muito que pesquisar, aprender, ensinar, aplicar e avaliar em se tratando das skin tears. O caminho é longo. Mesmo que as frentes investigativas tenham se expandido nos últimos trinta anos, seus frutos ainda se encontram na infância. 1. LeBlanc K, Baranoski S, Christensen D, Langemo D, Edwards K, Holloway S, et al. The art of dressing selection: a consensus statement on skin tears and best practice. Adv Skin Wound Care. 2016; 29(1): 32-46. 2. Santos ÉI. Cuidado e prevenção das skin tears por enfermeiros: revisão integrativa de literatura. Rev Gaúcha Enferm. 2014; 35(2): 142-9. 3. Santos ÉI, Gomes AMT, Barreto EAS, Ramos RS. Evidências científicas sobre fatores de risco e sistemas de classificação das skin tears. Rev Enferm Atual In Derme. 2013; 64: 16-21. 4. LeBlanc K, Alam T, Langemo D, Baranoski S, Campbell K, Woo K. Clinical challenges of differentiating skin tears from pressure ulcers. EWMA Journal.2016; 16(1): 17-23. 5. Stephen-Haynes J, Callaghan R, Thota P, Wibaux A, Carty N. BeneHoldTM TASATM: a wound dressing for the management of skin tears. Wouns UK. 2016; 12(1): 106-113. 6. Dowd T. Katharine Kolcaba: Theory of confort. In: Alligood MR, Tomey AM. Nursing theorists and their work. 7ª. ed. Maryland Heights: Elsevier; 2010. p. 706-721. CONSELHo EDITORIAL Ana Luiza Soares Rodrigues Mestre em Ciências do Cuidado em Saúde pela UFF Enfermeira do Hospital Federal da Lagoa / MS Gustavo Dias da Silva Doutorando em Enfermagem. Professor assistente da FENF/ UERJ, RJ – Brasil André Luiz de Souza Braga Professor Adjunto do Departamento de Fundamentos de Enfermagem e Administração da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. Rio de Janeiro, RJ Karina Chamma Di Piero Mestrado Profissional em Saúde da criança e da mulher pelo Instituto Fernandes Figueira – Brasil. Especialista em Enfermagem Dermatológica (UGF) e Estomaterapia (UERJ) – Brasil Andrea Pinto Leite Ribeiro Doutoranda do Programa Acadêmico de Ciências do Cuidado em Saúde (UFF) Enfermeira do Departamento de Neonatologia do IFF/FIOCRUZ Beatriz Guitton Renaud Baptista de Oliveira Phd, Professora Titular da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa-UFF | Universidade Federal Fluminense Rio de Janeiro Bruna Maiara Ferreira Barreto Doutoranda em Ciências do Cuidado em Saúde pela UFF. Professora auxiliar I do Departamento de Fundamentos de Enfermagem e Administração da UFF Carla Lube de Pinho Chibante Doutoranda do Programa Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde/UFF.Rio de Janeiro/RJ Cristina Lavoyer Escudeiro Doutora em Enfermagem. Professora Associado II do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da Universidade Federal Fluminense Rio de Janeiro, RJ Denise Assis Corrêa Sória Professora Associada III da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), RJ – Brasil Edmar Jorge Feijó Mestre em enfermagem pela UFF/RJ. Gestor e docente do curso de graduação em enfermagem da Universidade Salgado de Oliveira UNIVERSO/SG – Brasil Elenice Martins Doutoranda do programa de Nanociências pela UFSM /RS Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano/RS – Brasil Michelle Hyczy de Siqueira Tosin Mestre pelo Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial pela UFF/RJ – Brasil Érick Igor dos Santos Doutor em Enfermagem pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professor Assistente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio das Ostras, RJ – Brasil Javier Soldevilla Agreda Universidade de La Rioja Logroño. La Rioja Logroño – Espanha José Carlos Martins Universidade de Coimbra. Coimbra – Portugal José Verdu Soriano Universidade de Alicante. Alicante – Espanha Maria Celeste Dalia Barros Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO. Rio de Janeiro, RJ – Brasil Maria Marcia Bachion Professor Titular da Universidade Federal de Goiás – Brasil Neida Luiza Kaspary Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina – Brasil. Professora do Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo – Brasil Pedro Paulo Correa Santana Mestrado em Ciências do Cuidado em Saúde pela (UFF). Professor Assistente do curso de Enfermagem do Centro Universitário Anhanguera de Niterói. Niterói, RJ – Brasil Rafaela Oliveira Grillo Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-Rio. Psicóloga clínica e hospitalar Renata Miranda de Sousa Doutoranda do Programa Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde/UFF. Rio de Janeiro/RJ Vinicius Lino de Souza Neto. Mestre pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Wagner Oliveira Batista Doutorando da Universidade Federal Fluminense (UFF), RJ – Brasil. Professor de Educação Física SUMÁRIO Revista Enfermagem Atual In Derme EDITORIAL 5 9 Normas de Publicação Revista Enfermagem Atual - In Derme ARTIGOS 12 Fluxograma de atendimento pré-exame: ferramenta do trabalho de enfermagem na tomografia computadorizada Flowchart for pre-exam service: the nursing work tool in computed tomography Sonia Regina Gonçalves dos Santos, Simone Cruz Machado Ferreira, Graciele Oroski Paes, Ana Karine Ramos Brum, Bruno Bompet dos Santos, Maria Lúcia Ferreira dos Santos Fernandes Filha 17 Perfil e produção científica dos bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPQ da área de estomaterapia Profile and production of scientific researchers with productivity grants in stomatherapy of CNPQ Tamires Barradas Cavalcante, Moniki de Oliveira Barbosa Campos, Ana Karine da Costa Monteiro, Elaine Maria Leite Rangel Andrade, Jesusmar Ximenes Andrade 22 Conhecimento dos profissionais de enfermagem quanto à realização do banho no recém-nascido Knowledge of nursing professionals for the conduct of bath in newborn Ylana Laíne Medeiros Lourenço Palhares, Janmilli da Costa Dantas, Francisca Marta de Lima Costa Souza, Bárbara Coeli Oliveira da Silva, Iellen Dantas Campos Verdes Rodrigues, Richardson Augusto Rosendo da Silva 29 Prevenção do câncer de mama e cérvico-uterino em idosas de um grupo de convivência Prevention of breast cancer and cervico-uterine in a group of elderly living Fernanda de Azeredo Abreu, Fátima Helena do Espírito Santo, Carla Lube de Pinho Chibante, Thayane Dias dos Santos, Willian de Andrade Pereira de Brito REVISÕES 35 Prevenção de queda em paciente hospitalizado e a segurança do paciente: revisão integrativa Fall prevention in hospitalized patients and patient safety: integrative review Isabelle Andrade Silveira, Beatriz Guitton Renaud Baptista de Oliveira, Magali Rezende de Carvalho, Nelson Carvalho Andrade, Bruno Utzeri Peixoto 42 Ação antimicrobiana do fator de crescimento epidérmico em feridas: revisão integrativa Antimicrobial action of epidermal growth factor in wounds: integrative review Fernanda Pessanha de Oliveira, Miriam Marinho Chrizóstimo, Bruna Maiara Ferreira Barreto, Euzeli da Silva Brandão, Ana Karine Ramos Brum, Beatriz Guitton Renaud Baptista de Oliveira 49 Impacto da úlcera de perna na qualidade de vida de idosos: uma revisão integrativa Impact of leg ulcer on quality of life of elderly:an integrative review Ana Paula Cardoso Tavares, Eliane da Silva Pereira, Selma Petra Chaves Sá RELATOS 56 Acolhimento aos familiares de vítimas de óbitos por causas externas Family hosting of victims’ death external causes Wbiratan de Lima Souza, Cristina Lavoyer Escudeiro, Geisiane de Souza Santos, Lucimere Maria dos Santos, Eliane Ramos Pereira, Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva 61 Articulação entre ensino e pesquisa no cuidado à saúde da criança: relato de experiência Interaction between education and research in health care child: experience report Aline Cerqueira Santos Santana da Silva, Érick Igor dos Santos 66 Esclerose múltipla: implementação do processo de enfermagem Multiple sclerosis: implementationofthe nursing process Richardson Augusto Rosendo da Silva, Mariana Melo da Cruz Domingos, Bárbara Coeli Oliveira da Silva, Thatiane Monick de Souza Costa, Francisca Marta de Lima Costa Souza, Cintia Capistrano Teixeira Rocha SÉRIE DE 72 Uso do nitrato de cério associado ao colágeno e alginato de cálcio no tratamento das queimaduras: série de CASOScasos Use of cerium nitrate associated with collagen and calcium alginate in burns treatment: case series José Aldari Lima, Roberta Araújo Montana NORMAS DE PUBLICAÇÃO REVISTA ENFERMAGEM ATUAL - IN DERME INSTRUÇÕES AOS AUTORES A Revista Enfermagem Atual - In Derme é o órgão oficial de divulgação da Sociedade Brasileira de Feridas e Estética (SOBENFeE). Impressa e on-line, tem como objetivo principal registrar a produção científica de autores nacionais e internacionais, que possam contribuir para o estudo, desenvolvimento, aperfeiçoamento e atualização da Enfermagem, da saúde e de ciências afins, na prevenção e tratamento de feridas. O desenvolvimento do conhecimento de Enfermagem visto, principalmente, nas últimas quatro décadas, é o resultado da somatória dos esforços dos cientistas, teóricos e estudiosos em Enfermagem, a fim de que a prática seja mais segura e eficiente. Desta maneira, cabe também a esta sociedade trazer à comunidade as descobertas científicas conseguidas pela enfermagem, também nas seguintes seções especiais: Saúde da Mulher, Saúde da Criança e Adolescente, Saúde Mental, Saúde do Trabalhador e Saúde do Adulto e Idoso. As instruções aqui descritas visam orientar os pesquisadores sobre as normas adotadas para avaliar os manuscritos submetidos. Os manuscritos devem destinarse exclusivamente à Revista Enfermagem Atual - In Derme, não sendo permitida sua submissão simultânea a outro(s) periódico(s). Quando publicados, passam a ser propriedade da Revista Enfermagem Atual - In Derme, sendo vedada a reprodução parcial ou total dos mesmos, em qualquer meio de divulgação, impresso ou eletrônico, sem a autorização prévia do(a) Editor(a) Científico(a) da Revista. A publicação dos manuscritos dependerá da observância das normas da Revista Enfermagem Atual - In Derme e da apreciação do Conselho Editorial, que dispõe de plena autoridade para decidir sobre sua aceitação, podendo, inclusive apresentar sugestões (sem alterar o conteúdo científico) ao(s) autor(es) para as alterações necessárias. Neste caso, o referido trabalho será reavaliado pelo Conselho Editorial, permanecendo em sigilo o nome do consultor, e omitindo também o(s) nome(s) do(s) autor(es) aos consultores. Manuscritos recusados para publicação serão notificados e disponibilizados a sua devolução ao(s) autor(es) na sede da Revista. MODALIDADES DE ARTIGOS conhecimento sobre o objeto da investigação. Deve limitarse a 4000 palavras (excluindo resumo, referências, tabelas e figuras). As referências deverão ser atuais e em número mínimo de 30. ARTIGOS DE REFLEXÃO: Consideração teórica sobre aspectos conceituais no contexto da enfermagem. Formulação discursiva aprofundada, focalizando conceitos ou constructo teórico da Enfermagem ou de área afim; ou discussão sobre um tema específico, estabelecendo analogias, apresentando e analisando diferentes pontos de vista, teóricos e/ou práticos. Deve conter no máximo 2500 palavras (excluindo resumos e referências). RELATOS DE CASO: Descrição de pacientes ou situações singulares. O texto é composto por uma introdução breve que situa o leitor em relação à importância do assunto e apresenta os objetivos do relato do(s) caso(s) em questão; o relato resumido do caso e os comentários no qual são abordados os aspectos relevantes. Seguidos de uma discussão a luz da literatura nacional e internacional e conclusão. O número de palavras deve ser inferior a 2000 (excluindo resumo, referências e tabelas). O número máximo de referência é 15. RELATO DE EXPERIÊNCIA: Descrição de experiências acadêmicas, assistenciais e de extensão na área da enfermagem dermatológica e áreas afins. Deve conter até 2500 palavras (excluindo resumos e referências). NOTA PRÉVIA: Resumos de trabalho de conclusão de curso, dissertações ou teses. Deve ser escrito na forma de resumo expandido estruturado contendo Introdução, Objetivos, Métodos e Resultados Esperados.Deve limitar-se a 1000 palavras (excluindo referências). ARTIGOS ORIGINAIS: CARTAS AO EDITOR: Resultado de pesquisa. Deve limitar-se a 6000 palavras (excluindo resumo, referências, tabelas e figuras). São sempre altamente estimuladas. Em princípio, devem comentar discutir ou criticar artigos publicados na Revista In Derme, mas também podem versar sobre outros temas de interesse geral. Recomenda-se tamanho máximo 1000 palavras, incluindo referências bibliográficas, que não devem exceder a seis (6). Sempre que possível, uma resposta dos autores será publicada junto com a carta. ARTIGOS DE REVISÃO (SISTEMÁTICA OU INTEGRATIVA): Estudo que reúne de maneira crítica e ordenada resultados de pesquisas a respeito de um tema específico, aprofunda o AVALIAÇÃO PELOS PARES (PEER REVIEW) Previamente à publicação, todos os artigos enviados à Revista Enfermagem Atual - In Derme passam por processo de revisão e julgamento, a fim de garantir seu padrão de qualidade. Inicialmente, o artigo é avaliado pela secretaria para verificar se está de acordo com as normas de publicação e completo. Todos os trabalhos serão submetidos à avaliação pelos pares (peer review) por pelo menos dois revisores selecionados pelo Conselho Editorial. Os revisores fazem uma apreciação rigorosa de todos os itens que compõem o trabalho. Ao final, farão comentários gerais sobre o trabalho e opinarão se o mesmo deve ser publicado. O editor toma a decisão final. Em caso de discrepâncias entre os avaliadores, pode ser solicitada uma nova opinião para melhor julgamento. Quando são sugeridas modificações pelos revisores, as mesmas são encaminhadas ao autor correspondente. O sistema de avaliação é o duplo cego, garantindo o anonimato em todo processo de avaliação. A decisão sobre a aceitação do artigo para publicação ocorrerá, sempre que possível, no prazo de seis meses a partir da data de seu recebimento. As datas do recebimento e da aprovação do artigo para publicação são informadas no artigo publicado com o intuito de respeitar os interesses de prioridade dos autores. Office Word, com configuração obrigatória das páginas em papel A4 (210x297mm) e margens de 2 cm em todos os lados, fonte Times New Roman tamanho 12, espaçamento de 1,5 pt entre linhas. As páginas devem ser numeradas, consecutivamente, até as Referências. O uso de negrito deve se restringir ao título e subtítulos do manuscrito. O itálico será aplicado somente para destacar termos ou expressões relevantes para o objeto do estudo, ou trechos de depoimentos ou entrevistas. Nas citações de autores, ipsis litteris, com até três linhas, usar aspas e inseri-las na sequência normal do texto; naquelas com mais de três linhas, destacá-las em novo parágrafo, sem aspas, fonte Times New Roman tamanho 11, espaçamento simples entre linhas e recuo de 3 cm da margem esquerda. Não devem ser usadas abreviaturas no título e subtítulos do manuscrito. No texto, usar somente abreviações padronizadas. Na primeira citação, a abreviatura é apresentada entre parênteses, e os termos a que corresponde devem precedê-la. PRIMEIRA PÁGINA: Devem ser redigidos em português. Eles devem obedecer à ortografia vigente, empregando linguagem fácil e precisa e evitando-se a informalidade da linguagem coloquial. Quando pertinente, será solicitado aos autores uma revisão ortográfica. Identificação: É a primeira página do manuscrito e deverá conter, na ordem apresentada, os seguintes dados: título do artigo (máximo de 15 palavras) nos idiomas (português e inglês); nome do(s) autor(es), indicando, em nota de rodapé, título(s) universitário(s), cargo e função ocupados; Instituição a que pertence(m) e endereço eletrônico para troca de correspondência. Se o manuscrito estiver baseado em tese de doutorado, dissertação de mestrado ou monografia de especialização ou de conclusão de curso de graduação, indicar, em nota de rodapé, a autoria, título, categoria (tese de doutorado, etc.), cidade, instituição a que foi apresentada, e ano. Devem ser declarados conflitos de interesse e fontes de financiamento. As versões serão disponibilizadas na íntegra no endereço eletrônico da In Derme (http://inderme.com.br). SEGUNDA PÁGINA: IDIOMA PESQUISA COM SERES HUMANOS E ANIMAIS Os autores devem, no item Método, declarar que a pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética em Pesquisa de sua Instituição (enviar declaração assinada que aprova a pesquisa), em consoante à Declaração de Helsinki revisada em 2000 [World Medical Association (www.wma.net/e/ policy/b3.htm)] e da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/ Reso466.pdf). Na experimentação com animais, os autores devem seguir o CIOMS (Council for International Organizationof Medical Sciences) Ethical Code for Animal Experimentation (WHO Chronicle 1985; 39(2):51-6) e os preceitos do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal COBEA (www.cobea.org.br). PREPARO DOS MANUSCRITOS ENVIO DOS MANUSCRITOS: Os manuscritos de todas as categorias aceitas para submissão deverão ser digitados em arquivo do Microsoft Resumo e Abstract: O resumo inicia uma nova página. Independente da categoria do manuscrito - Normas de Publicação REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014. O Resumo deverá conter, no máximo, 200 palavra e ser escrito com clareza e objetividade. No resumo deverão estar descritos o objetivo, a metodologia, os principais resultados e as conclusões. O Resumo em português deverá estar acompanhado da versão em inglês (Abstract). Logo abaixo de cada resumo, incluir, respectivamente, três (3) a cinco (5) descritores e key words. Recomenda-se que os descritores estejam incluídos entre os Descritores em Ciências da Saúde - DeCS (http://decs.bvs.br) que contem termos em português, inglês. TERCEIRA PAGINA: Corpo do texto: O corpo do texto inicia nova página, em que deve constar o título do manuscrito SEM o nome do(s) autor(es). O corpo do texto é contínuo. É recomendável que os artigos sigam a estrutura: Introdução, Método, Resultados, Discussão e Conclusões. Introdução: Deve conter o propósito do artigo. Reunir a lógica do estudo. Mostrar o que levou aos autores estudarem o assunto, esclarecendo falhas ou incongruências na literatura e/ou dificuldades na prática clínica que tornam o trabalho interessante aos leitores. Apresentar objetivo (s). Método: Descrever claramente os procedimentos de seleção dos elementos envolvidos no estudo (voluntários, animais de laboratório, prontuários de pacientes). Quando cabível devem incluir critérios de inclusão e exclusão. Esta seção deverá conter detalhes que permitam a replicação do método por outros pesquisadores. Explicitar o tratamento estatístico aplicado, assim como os programas de computação utilizados. Os autores devem declarar que o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição onde o trabalho foi realizado. Resultados: Apresentar em sequência lógica no texto, tabelas e ilustrações. O uso de tabelas e gráficos deve ser privilegiado. Conclusões: Devem ser concisas e responder apenas aos objetivos propostos. Referências: O número de referências no manuscrito deve ser limitado a vinte (20), exceto nos artigos de Revisão. Referências: As referências, apresentadas no final do trabalho, devem ser numeradas, consecutivamente, de acordo com a ordem em que foram incluídas no texto; e elaboradas de acordo com o estilo Vancouver. Devem ser utilizados números arábicos, sobrescritos, sem espaço entre o número da citação e a palavra anterior, e antecedendo a pontuação da frase ou parágrafo [Exemplo: enfermagem1.]. Quando se tratar de citações sequenciais, os números serão separados por um traço [Exemplo: diabetes1-3;], quando intercaladas, separados por vírgula [Exemplo: feridas1,3,5.]. Apresentar as Referências de acordo com os exemplos: - Artigo de Periódico: Shikanai-Yasuda MA, Sartori AMC, Guastini CMF, Lopes MH. Novas características das endemias em centros urbanos. RevMed (São Paulo). 2000;79(1):2731.- Livros e outras monografias: Pastore AR, Cerri GG. Ultrasonografia: ginecologia, obstetrícia. São Paulo: Sarvier; 1997. - Capítulo de livros: Ribeiro RM, Haddad JM, Rossi P. Imagenologia em uroginecologia. In: Girão MBC, Lima GR, Baracat EC. Cirurgia vaginal em uroginecologia. 2a.ed. São Paulo: Artes Médicas; 2002. p. 41-7. - Dissertações e Teses: Del Sant R. Propedêutica das síndromes catatônicas agudas [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 1989. - Eventos considerados no todo: 7th World Congress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva, Switzerland. Amsterdam: North-Holland; 1992. p.1561-5. - Eventos considerados em parte: House AK, Levin E. Immune response in patients with carcinoma of the colo and rectum and stomach. In: Resumenes do 12º Congreso Internacional de Cancer; 1978; Buenos Aires; 1978. p.135. - Material eletrônico: Morse SS. Factors in the emergence of infections diseases. Emerg Infect Dis [serial online];1(1):[24 screens]. Available from: http://www.cdc.gov/oncidod/eID/ eid.htm. CDI, clinical dermatology illustrated [monograph on CD-ROM], Reeves JRT, Maibach H. CMeA Multimedia group, producers. 2nd ed. Version 2.0. Sand Diego: CMeA; 1995. Figuras e Tabelas: Todas as ilustrações, fotografias, desenhos, slides e gráficos devem ser numerados consecutivamente em algarismos arábicos na ordem em que forem citados no texto, identificados como figuras por número e título do trabalho. As legendas devem ser apresentadas em folha à parte, de forma breve e clara. Devem ser enviadas separadas do texto, formato jpeg, com 300 dpi de resolução. As tabelas devem ser apresentadas apenas quando necessárias para a efetiva compreensão do manuscrito. Assim como as figuras devem trazer suas respectivas legendas em folha à parte. A entidade responsável pelo levantamento de dados deve ser indicada no rodapé da tabela. COMO SUBMETER O MANUSCRITO Os manuscritos devem ser obrigatoriamente, submetidos eletronicamente via email: [email protected]. Os artigos deverão vir acompanhados por uma Carta de apresentação, sugerindo a seção em que o artigo deve ser publicado. Na carta o(s) autor(es) explicitarão que estão de acordo com as normas da revista e são os únicos responsáveis pelo conteúdo expresso no texto. Declarar se há ou não conflito de interesse e a inexistência de problema ético relacionado ao manuscrito. ARTIGOS REVISADOS Os artigos que precisarem ser revisados para aceite e publicação na Revista Enfermagem Atual - In Derme serão reenviados por email aos autores com os comentários dos revisores e deverá ser reencaminhado ao editor no prazo máximo de 15 dias. Caso a revisão ultrapasse este prazo, o artigo será considerado como novo e passará novamente por todo processo de submissão. Na resposta aos comentários dos revisores, os autores deverão destacar no texto as alterações realizadas. ARTIGOS ACEITOS PRA PUBLICAÇÃO Uma vez aceito para publicação, uma prova do artigo editorado (formato PDF) será enviada ao autor correspondente para sua apreciação e aprovação final. TAXA DE PUBLICAÇÃO A partir de 1º de Novembro de 2015, todos os artigos aceitos para publicação deverão pagar uma taxa de R$ 200,00.n 12 A RT I G O O R I G I N A L Fluxograma de atendimento pré-exame: ferramenta do trabalho de enfermagem na tomografia computadorizada Flowchart for pre-exam service: the nursing work tool in computed tomography Sonia Regina Gonçalves dos Santos1 • Simone Cruz Machado Ferreira2 • Graciele Oroski Paes3 • Ana Karine Ramos Brum4 • Bruno Bompet dos Santos5 • Maria Lúcia Ferreira dos Santos Fernandes Filha6 RESUMO Objetivo: Descrever os caminhos que os pacientes deverão percorrer para a marcação, orientação e realização dos exames no hospital, através do fluxograma de atendimento pré-exame. Método: Estudo descritivo-exploratório acerca do processo de trabalho de enfermagem, com abordagem qualitativa. Realizado num hospital de Niterói, de janeiro a dezembro de 2013, com 10 membros da equipe de enfermagem. Foi elaborado fluxograma, através da ferramenta de software chamada BizAgi Process Modeler. Resultado: O fluxograma de atendimento pré-exame do paciente traz a visualização gráfica e descreve as etapas do atendimento dos pacientes submetidos aos exames de tomografia, o que envolve o processo de orientação relacionado ao exame, sendo realizado preferencialmente, pela enfermeira. Conclusão: Com a realização do fluxograma de atendimento dos exames, foi possível identificar os momentos deste processo de trabalho, possibilitando recomendar ações visando à sua melhoria. Palavras-chave: Avaliação de processos; Enfermagem; Cuidados de enfermagem; Meios de contraste. ABSTRACT Objective: Describe the ways that patients should go to the marking, orientation and carrying out of tests at the hospital through the pre-examination service flowchart. Method: A descriptive study about the nursing work process with a qualitative approach. Performed in a hospital in Niteroi, from January to December 2013, with 08 members of the nursing staff. It was prepared flow chart, by calling software tool BizAgi Process Modeler. Result: The pre-examination patient care flow chart provides a graphic display and describes the steps the care of patients undergoing CT scans, which involves the process of examination related to orientation, being carried out preferably by the nurse. Conclusion: With the completion of the examinations service flowchart, it was possible to identify the moments of the work process, enabling recommend actions aimed at improvement. Keywords: Process evaluation; Nursing; Nursing care; Contrast media. NOTA 1 Enfermeira - UFF. Mestre pelo Programa de Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial. Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa. Universidade Federal Fluminense. Niterói (RJ), Brasil. E-mail: [email protected] 2 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Associada de Departamento de Fundamentos de Enfermagem e Administração. Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa. Universidade Federal Fluminense. Niterói (RJ), Brasil. E-mail: [email protected] 3 Enfermeira. Pós Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta II do Departamento de Enfermagem Fundamental. Escola de Enfermagem Anna Nery. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro (RJ). Brasil. E-mail: [email protected] 4 Enfermeira. Pós Doutora em Enfermagem. Professora Associada do Departamento de Fundamentos de Enfermagem e Administração. Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa. Universidade Federal Fluminense. Niterói (RJ). Brasil. E-mail: [email protected] 5 Acadêmico do Curso de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem. Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa. Universidade Federal Fluminense. Niterói (RJ), Brasil. E-mail: [email protected] 6 Acadêmica do Curso de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem. Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa. Universidade Federal Fluminense. Niterói (RJ), Brasil. E-mail: [email protected] REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 A t e n d i m e n t o p r é - e x a m e n a tA o mRo T g r Ia G f i aOc o O m pRu tI aGd oI rN i zA a dLa INTRODUÇÃO A unidade de Tomografia Computadorizada (TC) desempenha papel importante no desenvolvimento das atividades assistenciais do hospital, na medida em que confirma ou complementa os achados diagnósticos1 e para que isso ocorra, é necessário o trabalho do enfermeiro nesta unidade, cujo foco é desenvolver ações para organizar os procedimentos e definir o papel da equipe de enfermagem na TC, sem esquecer a necessidade de orientação desses pacientes, que em sua maioria são idosos e com doenças crônicas acompanhadas de comorbidades, dificultando a sua trajetória na realização desse processo, que culmina na realização do exame1. O enfermeiro é o agente do processo de trabalho de gerência na prática de enfermagem que coordena o desenvolvimento do processo de cuidar, organizando o trabalho no que se refere aos recursos humanos e materiais, criando condições para sua realização2. Na unidade de TC, o processo de trabalho tem a finalidade de promover a definição mais rápida do diagnóstico e tratamento a serem realizados através do exame de imagem e além disso, evitar a perda de tempo dos pacientes e familiares que muitas vezes ficam sem saber onde ir e quais orientações devem seguir para que a suspensão do exame não ocorra. O processo de atendimento a partir da solicitação do exame inclui vários momentos e para facilitar o fluxo desses pacientes dentro do hospital, foi elaborado através da ferramenta de software chamada BizAgi Process Modeler3, o fluxograma que representa o percurso dos pacientes desde o momento da autorização do exame, incluindo as orientações para sua realização e o procedimento no dia agendado. O fluxograma é uma ferramenta de gestão importante no conhecimento das etapas do processo que serão visualizadas e assim, poderá contribuir com a padronização e melhorias no atendimento, visando garantir a agilidade, segurança e eficiência da assistência dos pacientes submetidos aos exames de tomografia computadorizada. É importante ressaltar que a segurança do paciente não deve estar apenas focada numa assistência livre de danos, mas numa assistência de qualidade, no momento certo, baseada na melhor evidência científica e nas necessidades integrais e individuais, tanto do paciente como de sua família4. A falta de informações ou discrepâncias devem ser abordadas e resolvidas antes do inicio do procedimento5. Os enfermeiros que atuam em unidades que expressam no seu cotidiano a evolução tecnológica da saúde, como os exames de diagnósticos por imagem, estão inseridos numa realidade que exige um crescente número de profissionais, cientificamente preparados, que atuem com uma visão humanizada e interdisciplinar, buscando qualidade no atendimento e excelência nos resultados6. O conhecimento da tecnologia, dos meios de contraste e seus efeitos, bem como a competência para agir em situações de emergência são fundamentais para o sucesso na realização de exames por imagem1. Conhecer a área de enfermagem implica compreender seus múltiplos agentes e as articulações com as demais práticas de saúde. Um dos aspectos importante são os instrumentos materiais e intelectuais; saberes técnicos, que informam e fundamentam as ações realizadas, nas quais as intervenções de enfermagem estão relacionadas a um trabalho reflexivo para respeitar e reconhecer as particularidades do paciente, atuando sempre de acordo com ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde7. O enfermeiro é o organizador do trabalho da sua equipe, tendo por finalidade atender ao usuário, à equipe e à instituição, além do seu próprio aperfeiçoamento, para qualificar a assistência que presta e a gerência do cuidado8. O trabalho de enfermagem em equipe é desenvolvido e, quando há o envolvimento da equipe multiprofissional, através da comunicação, diálogo e troca de informações mais permanentes, esse trabalho apresenta-se como coletivo e cooperativo. Esse tipo de relação entre os diferentes grupos profissionais está articulado às formas de organização de trabalho, formas de gestão e estilo estabelecido9. O fluxograma tem a visualização gráfica e descreve as etapas do atendimento dos pacientes submetidos aos exames de tomografia e o processo de trabalho de todos os profissionais envolvidos nesse atendimento. Os encaminhamentos, os retornos e as orientações, possibilitam a organização da assistência a esses pacientes e familiares10. Nesta perspectiva, o objetivo do trabalho é descrever os caminhos que os pacientes deverão percorrer para a marcação, orientação e realização dos exames no hospital, através do fluxograma de atendimento pré-exame. Essa ferramenta proporciona segurança para a informação dentro da instituição e auxilia na definição do processo de trabalho de cada membro da equipe envolvido na realização desse processo. MÉTODO Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo descritivoexploratório acerca do processo de trabalho de enfermagem, que constitui parte do produto de dissertação do Mestrado Profissional Enfermagem Assistencial, da Universidade Federal Fluminense, intitulada “Recomendações Operacionais para o Serviço de Enfermagem na Tomografia Computadorizada: subsídios para a organização do processo de trabalho”. A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares, pois se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado, trabalhando assim, com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis11. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 13 14 Santos SRG, Ferreira SCM, Paes GO, Brum AKR, Santos BB, Filha MLFSF Já o estudo exploratório, permite ao investigador aumentar sua experiência em torno de um determinado problema, que consiste em explorar tipicamente a primeira aproximação de um tema e visa maior familiaridade em relação a um fato ou fenômeno. Também, em se tratando de estudo descritivo, caracteriza-se pela necessidade de se explorar uma situação não conhecida, da qual se tem necessidade de maiores informações12. O estudo foi desenvolvido no Serviço de Radiologia do Hospital Universitário Antônio Pedro e tem como produto um fluxograma que objetiva representar o percurso do paciente no setor de Tomografia Computadorizada, desde o trajeto do local aonde o paciente vai para autorizar seu exame até a orientação de enfermagem acerca do procedimento e da realização dele. São sujeitos deste estudo os profissionais de enfermagem lotados no setor de Tomografia Computadorizada, inseridos no processo de trabalho coletivo desenvolvido. Esta equipe é composta por dois enfermeiros, três técnicos e cinco auxiliares de enfermagem, totalizado dez profissionais. Ressalta-se que a compreensão do fluxo de atendimento deste setor como importante ferramenta de trabalho da equipe de enfermagem permite que o estudo ocorra dentro do contexto em que se situa. O processo de coleta desenvolveu-se em duas fases, em que na primeira, utilizou-se a observação sistemática direta e a aplicação da técnica da vinheta e na segunda, a construção dos fluxogramas de atendimento, culminando nas recomendações operacionais para a equipe de enfermagem. Essa avaliação foi realizada através do instrumento elaborado pela pesquisadora. Durante a observação de campo, a partir de um roteiro, dispôs-se da colaboração dos sujeitos através da descrição das ações desenvolvidas no processo de trabalho do setor, enquanto através da técnica da vinheta foi possível elaborar as ações de enfermagem em cada etapa do atendimento do exame de tomografia, já que essa consiste em descrições breves de eventos, ou situações nas quais os sujeitos são solicitados a reagir, podendo ser fictícias ou reais, mas são sempre estruturadas de modo a eliciar informações sobre as percepções, opiniões ou conhecimentos dos respondentes sobre algum fenômeno estudado13. Mediante aos dados qualitativos obtidos na observação do processo de trabalho e nas falas dos membros da equipe de enfermagem, construiu-se um fluxograma de atendimento pré-exame, que representa as recomendações operacionais para a equipe de enfermagem na tomografia. Para construção do fluxograma de atendimento dos pacientes na tomografia computadorizada, utilizou-se o software denominado BizAgi Process Modeler. Levando em consideração as questões ético-legais, este estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), da Universidade Federal Fluminense, sendo aprovado em 05 de novembro de 2013, com CAAE nº 21834113.2.0000.5243 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 e Parecer nº 447.358. Após aprovação, os sujeitos abordados receberão informações pertinentes ao estudo, conforme Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com a resolução do COFEN n° 211/98, que destaca entre outras funções do enfermeiro: planejar, organizar, supervisionar, executar e avaliar todas as atividades de enfermagem em pacientes submetidos à radiação ionizante14, apreendeu-se a necessidade de padronizar as atividades realizadas na unidade de TC, visando a organização do trabalho, coordenação das atividades e o gerenciamento da assistência de enfermagem. Sendo construído um fluxograma para informação do paciente e seus familiares no hospital, desde a autorização dos exames de imagem, até a sua realização, com a finalidade do cuidar e suprir as necessidades do usuário. Caracterizando a atuação do enfermeiro, que faz parte desse processo e tem como finalidade principal a assistência direta ao paciente e suas necessidades. O produto construído a partir dos resultados e discussão dos dados desta pesquisa foi denominado “Recomendações Operacionais para o Serviço de Enfermagem na Tomografia Computadorizada”, que é constituído pelos fluxogramas de atendimento ao paciente na Tomografia e descrição das ações de enfermagem, explicitando sua relação com a segurança do paciente. Assim, ao ser discutido o processo de trabalho da equipe de enfermagem, verificou-se a necessidade de informação do paciente e seus familiares no hospital, desde a autorização dos exames de imagem até a sua realização. Nessa perspectiva, foram construídos os fundamentos que serviram de base para a organização do trabalho de enfermagem na TC e para a construção das recomendações operacionais para o serviço de enfermagem. Através dos resultados obtidos, verificou-se a necessidade da melhoria do fluxo de informações para os pacientes e familiares que utilizam nosso hospital. Os fluxogramas foram elaborados e são descritas claramente a sequência do processo assistencial do paciente dentro do hospital, abrangendo todas as fases do atendimento em todas as fases do exame. O fluxograma de atendimento dos pacientes na tomografia computadorizada é composto por: Fluxograma de atendimento pré-exame; Fluxograma de atendimento no dia do exame de tomografia Parte I, com o uso do contraste e Parte II, sem o uso de contraste; e Fluxograma de atendimento pós-exame. Nas ações de enfermagem está incluído o cuidado direto ao paciente, as orientações para a realização do exame, as atividades administrativas e a organização do ambiente. A t e n d i m e n t o p r é - e x a m e n a tA o mRo T g r Ia G f i aOc o O m pRu tI aGd oI rN i zA a dLa Passo a passo do fluxograma do Pré-exame Central de regulação/ ambulatório: O paciente ou seu familiar leva o pedido do exame para ser autorizado, após a autorização é realizada a marcação do exame e ele é encaminhado ao setor de tomografia para receber as orientações. Guichê de marcação/ambulatório: O paciente ou seu familiar leva o pedido autorizado ao guichê do ambulatório para marcar o dia do exame. Após a marcação, ele é encaminhado ao setor de radiologia para receber as orientações para realização do exame. Após a elaboração das “Recomendações Operacionais para o Serviço de Enfermagem na Tomografia Computadorizada”, a equipe mostra-se mais atenta aos cuidados e as orientações fornecidas aos pacientes e o envolvimento da equipe multiprofissional facilita a realização dos exames com maior segurança. Pode-se dizer que ainda há alguma resistência de servidores de enfermagem, quando são remanejados para o setor, por não conhecer o documento com as orientações, mas ao tomarem ciência do documento e ter a orientação do enfermeiro, conseguimos dar andamento a todas as fases da realização do exame. No setor de tomografia, o paciente ou seu familiar é encaminhado à sala de recepção da tomografia, onde é recepcionado na sua chegada à unidade e lhe é fornecido o termo de consentimento informado para ser preenchido por ele, além de informar quanto ao preparo necessário para a realização do procedimento, também é orientado, sobre o caso do paciente necessitar da presença do anestesista durante o exame ou sobre a suspensão das medicações que possam interferir no exame. Se necessário, é fornecida a medicação preventiva das reações adversas, em caso de apresentar algum tipo de alergia, sempre com ciência do residente do plantão. Os pacientes agendados são informados da prioridade dos pacientes internados para a realização dos exames; da necessidade de fazer o jejum de três horas ou oito horas, no caso de necessidade da presença do anestesista durante o exame; da necessidade de trazer os exames de ureia e creatinina, importantes para esclarecer a função renal deste paciente (caso necessitem do uso de contraste), e da necessidade de seguir as orientações feitas para o exame. São também escritas, pela enfermeira, recomendações no Termo de Consentimento Informando: Que deverá chegar ao local do exame meia hora antes do horário marcado, para cadastrar o exame no balcão do serviço de radiologia e, depois, ser encaminhado à sala de recepção do exame. Que deverá trazer exames de ureia e creatinina, no caso de necessidade do uso do contraste, com validade do exame até quatro meses. Que deverá fazer jejum de três horas para realização do exame, mas não é pra vir em jejum prolongado, pois os pacientes internados tem prioridade. O paciente retorna com o pedido e as orientações para casa, ciente de que no dia do exame deverá estar munido dos exames de sangue necessários e cumprindo as orientações recebidas. Sempre após a essas orientações, é confirmado o entendimento delas para o paciente ou seu familiar. No caso do paciente ou familiar não saber informar todas as respostas, ele é aconselhado a retornar 24 horas antes do dia marcado para o exame, para receber as instruções. Ele também é informado sobre a realização e tempo previsto da tomografia. Figura 1. Fluxograma de atendimento pré-exame. Rio de Janeiro, março, 2014. Legenda: Evento de fim, Evento de Início, Decisões , Tarefa, Evento intermediário , Objeto de dados (documentos) Com a implantação dessa ferramenta, as orientações e a assistência de enfermagem ficaram definidas, proporcionando, junto com o fluxograma pré-exame elaborado, a redução da suspensão dos exames por falta de preparo adequado para tal, o esclarecimento quanto à necessidade do fornecimento dos exames necessários para a realização da tomografia e a observação e prevenção dos eventos adversos, pela enfermagem; e no caso de reações adversas ocorrerem, o atendimento com mais segurança. A elaboração do fluxograma aponta para reflexões sobre a qualidade da assistência, observação e prevenção dos eventos adversos, além de sua utilização como instrumento para a organização e qualidade do serviço. Essa ferramenta proporciona segurança para a informação do paciente e familiar dentro da instituição e auxilia na definição do processo de trabalho de cada membro envolvido, evitando desgaste e perda de tempo desses pacientes e profissionais. A equipe trabalha de maneira mais organizada e em conjunto com todos os REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 15 16 Santos SRG, Ferreira SCM, Paes GO, Brum AKR, Santos BB, Filha MLFSF membros que participam da marcação, realização e orientação no pré-exame. A literatura ressalta a importância do fluxograma visando as idas e vindas dos pacientes e seus familiares nas barreiras e percursos em busca do atendimento10, identificando os problemas no processo de trabalho em relação às pessoas envolvidas. Num dos textos, é colocado que a gerência é uma tarefa coletiva de todos os trabalhadores e a modificação no processo de trabalho só ocorrerá quando tiver por referência o usuário e a prioridade de seus interesses8, para garantir o trabalho proposto na realização das tarefas idealizadas. CONCLUSÃO O fluxograma produzido através deste estudo descreve os caminhos do paciente dentro da instituição, organiza o processo de trabalho e propõe a efetividade do atendimento e ainda, colabora para o êxito nos atendimentos, a partir do detalhamento das funções específicas de descrição, marcação, orientação e realização dos exames na tomografia. A organização do processo de trabalho de enfermagem na tomografia computadorizada, através do fluxograma de atendimento, reduziu os fatores de risco e auxiliou na segurança do paciente durante a realização dos exames. As melhorias no atendimento, na otimização e na não suspensão dos exames proporcionam maior agilidade e definição do tratamento e diagnóstico desses pacientes, e podem ser observadas com a resolução das necessidades deles e com a reorganização do processo de trabalho, gerando assim, mudanças desde o acesso à unidade até a orientação para realização do exame. A busca por melhores práticas do cuidado tem papel importante nas intervenções e no reconhecimento dos agravos e pode ser observada pelo processo educativo constante. Mediante a isso, este trabalho contribui e facilita também para a orientação dos funcionários que atuam na unidade, que são remanejados, e dos alunos que desenvolvem suas atividades no setor, além de ajudar a equipe de Educação Permanente no treinamento dos funcionários recém-admitidos. . REFERÊNCIAS 1. Juchem BC, Dall’Agnol CM, Magalhães AMM. Contraste iodado em tomografia computadorizada: prevenção de reações adversas. 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Avialable: http:// novo.portalcofen.gov.br/resoluo-cofen-2111998_4258.html. A RT I G O O R I G I N A L Perfil e produção científica dos bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPQ da área de estomaterapia Profile and production of scientific researchers with productivity grants in stomatherapy of CNPQ Tamires Barradas Cavalcante1 • Moniki de Oliveira Barbosa Campos2 • Ana Karine da Costa Monteiro3 • Elaine Maria Leite Rangel Andrade4 • Jesusmar Ximenes Andrade5 RESUMO Este estudo teve como objetivo identificar o perfil e a produção científica dos bolsistas produtividade em pesquisa do CNPq da área de Estomaterapia no triênio 2010-2012. Estudo descritivo, transversal e quantitativo. Para a coleta de dados, no mês de maio de 2014, preencheu-se a partir dos currículos Lattes, um instrumento sobre: sexo, estado de procedência, instituição de formação, categoria administrativa de atuação, tempo de formação, tempo de doutoramento, categoria profissional, classificação da bolsa, produção científica de artigos publicados em periódicos e seus respectivos Qualis. Foram identificados 16 bolsistas e a maioria, 12 (75%), era do sexo feminino e da região sudeste, 9 (56,3%). O tempo médio de formação e de doutoramento foi respectivamente 33,3 e 16,4 anos. Quanto à instituição de formação e a categoria administrativa da instituição prevaleceu a estadual, respectivamente, 8 (50%) e 11 (68,8%). Entre os bolsistas, predominou a Enfermagem, 13 (81,3%), e bolsas PQ-2, 8 (50%). Em média, os bolsistas publicaram 24,7 (DP= 14,9) artigos sobre temáticas gerais e 2,5 (DP= 5,3) na área de Estomaterapia. Estudos dessa natureza são necessários para verificar o que tem sido produzido pela Estomaterapia. Palavras-chave: Indicadores de produção científica; Enfermagem; Indicadores bibliométricos. ABSTRACT This study aimed to identify the profile and scientific production of researchers with productivity grants of CNPq in stomatherapy in the 2010-2012 triennium. Descriptive, cross-sectional quantitative study. Data collection was realized through the lattes curriculum in may 2014,from filling out an instrument about: gender, state of origin, training institution, formation time, doctoral time, professional category, classification of grant, scientific production of published journals and their respective Qualis. Were identified 16 recipients of grants and most of 12 (75%) was female and of the southeast region (56.3%). Average training and doctoral time was respectively 33.31 and 16.44 years. As training institution and the administrative category of institution prevailed statewide, respectively 8 (50%) and 11 (68.8%). Among the recipients of grants, prevailed nursing 13 (81.3%) and grant 2 category (50%). In average the grants’ recipients published 24,7 (SD=14,9) articles about general topics and 2,5 (SD=5,3) in stomatherapy area. Such studies are necessary to verify what has been produced in stomathrerapy. Keywords: Scientific production indicators; Nursing; Bibliometric indicators. NOTA ¹ Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: [email protected] ² Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: [email protected] ³ Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: [email protected] 4 Doutora em Enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP). Docente da Universidade Federal do Piauí – (UFPI). Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: [email protected] 5 Doutor pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA/USP. Docente da Universidade Federal do Piauí – (UFPI). Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: [email protected] Autor Responsável: Tamires Barradas Cavalcante. E-mail: [email protected] REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 17 18 Cavalcante TB, Campos MOB, Monteiro AKC, Andrade EMLR, Andrade JX INTRODUÇÃO No Brasil, a produção científica está em expansão, em 2002 o país ocupava o 17° lugar do Ranking mundial em número de artigos científicos publicados e em 2012 passou a ser o 13° lugar. Na América Latina, o Brasil lidera o Ranking, com 53.083 artigos científicos publicados em 2012 pelos pesquisadores brasileiros1. Vários fatores podem explicar essa expansão, entre eles a criação do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), na década de 50, que possibilitou formação de pesquisadores e as bolsas produtividade em pesquisa (PQ), criadas em 1976, que valorizam aqueles pesquisadores que se destacam pela sua produção científica. O perfil de bolsistas produtividade em pesquisa tem interessado a comunidade cientifica2-3. Na literatura nacional, observa-se preocupação quanto à caracterização dos bolsistas e sua produção científica em diversas áreas da saúde. Na área médica, pesquisadores de Nefrologia e Urologia, bem como da Pediatria, analisaram os bolsistas produtividade do CNPq quanto às variáveis: sexo, instituição, tempo de doutoramento, artigos publicados e orientação de alunos de graduação, mestrado e doutorado4-5. Na Odontologia, pesquisa semelhante analisou o perfil dos bolsistas também segundo critérios de classificação no CNPq (1A a 1D e 2) e quantidade de artigos publicados com os respectivos Qualis, livros e capítulos de livros6. Na Enfermagem, estudo do perfil de bolsistas produtividade em pesquisa do CNPq verificou número reduzido desses pesquisadores, principalmente quando comparados ao número de bolsas por região do país e por estados. As variáveis do estudo estavam relacionadas à caracterização sociodemográfica e curricular dos bolsistas7. A Estomaterapia é uma especialidade jovem, nascida em 1961, nos Estados Unidos da América. No Brasil, somente em 1990 o primeiro curso foi instituído. Em formato de pós-graduação latu sensu ou extensão da enfermagem, consiste no estudo do cuidado a pessoas com feridas agudas, estomas e incontinências8. Na área de Estomaterapia, não foram encontradas pesquisas sobre o perfil e produção científica dos bolsistas produtividade em pesquisa. Esse tipo de pesquisa pode configurar uma ferramenta importante ao permitir entender, observar e analisar as tendências e perspectivas da produção científica nessa área, considerada jovem. Diante disso, o objetivo deste estudo foi identificar o perfil e a produção científica dos bolsistas produtividade em pesquisa do CNPq da área de Estomaterapia. METODOLOGIA Trata-se de estudo descritivo, transversal e quantitativo, realizado no mês de maio de 2014. Fizeram parte do estudo todos os (n=16) bolsistas produtividade em pesquisa do CNPq da área de REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 Estomaterapia, com bolsas ativas no triênio 2010-2012. Para localizá-los foi realizada busca por assunto dos currículos na plataforma Lattes utilizando a palavra-chave “Estomaterapia”, com filtro para bolsistas produtividade do CNPq. Essa plataforma é um “conjunto de sistemas computacionais do CNPq que compatibiliza e integra as informações em toda interação da Agência com seus usuários” e seu objetivo é aprimorar a qualidade dessas informações e racionalizar o trabalho de estudantes e pesquisadores no seu preenchimento, nela é possível acessar o Currículo Lattes, indispensável aos pesquisadores9. Para coleta de dados, preencheu-se, a partir dos currículos Lattes, um instrumento sobre: sexo, estado de procedência, instituição de formação, categoria administrativa de atuação, tempo de formação, tempo de doutoramento, categoria profissional, classificação da bolsa, produção científica de artigos publicados em periódicos e seus respectivos Qualis. De posse das informações, foi construído um dicionário de dados e realizada dupla digitação em planilhas do aplicativo Microsoft Excel. Após, os erros foram corrigidos pelo processo de validação e os dados exportados e analisados no software SPSS (Statistical Package for Social Science) versão 18.0. Estatísticas descritivas foram realizadas do tipo: média, desvio padrão, frequência absoluta e percentual. Os resultados apresentados por meio de tabelas e gráficos. RESULTADOS Na Tabela 1 está presente a análise descritiva dos dados sociodemográficos e de formação dos participantes do estudo. Foram identificados dezesseis bolsistas produtividade em pesquisa do CNPq da área de Estomaterapia no triênio de 2010-2012 e a maioria era do sexo feminino, 12 (75%), e da região sudeste, 9 (56,3%). O tempo médio de formação e de doutoramento foi respectivamente 33,3 e 16,4 anos. Quanto à instituição de formação e a categoria administrativa da instituição prevaleceu a estadual, respectivamente, 8 (50%) e 11 (68,8%). Entre os bolsistas, predominou a categoria profissional de Enfermagem, 13 (81,3%), e bolsas PQ-2, 8 (50%) (Tabela 1). Em média, os bolsistas produtividade em pesquisa publicaram 24,7 (DP= 14,9) artigos sobre temáticas gerais e 2,5 (DP= 5,3) na área de Estomaterapia em periódicos Qualis A2 7,2 (DP=5,6), B2 5,8 (DP=4,9) e B1 4,2 (DP=4,9). A Figura 1 ilustra a relação entre os Qualis dos periódicos cujas pesquisas dos bolsistas de produtividade foram publicadas e as suas respectivas categorias de bolsa. Entre os bolsistas produtividade em pesquisa das categorias de bolsa 1C e 1B prevaleceu o Qualis A1 e A2 (Figura 1). P r o d u ç ã o c i e n t í f i c a d o s b o l s i s t a s Ad R o T C NI PGq O emO E sRt oImGa It eN r aA p iLa Tabela 1. Perfil sociodemográfico e profissional dos bolsistas produtividade em pesquisa do CNPq na área de Estomaterapia triênio 2010-2012. Teresina, PI, Brasil, 2014. CARACTERÍSTICAS x i(s)ii min– max n % 4 12 25,0 75,0 9 5 2 56,3 31,3 12,5 17-44 - - 11-21 - - 5 8 3 31,3 50,0 18,8 4 11 1 25,0 68,8 6,3 13 3 81,3 18,8 2 4 2 8 12,5 25,0 12,5 50,0 Sexo Masculino Feminino Região Sudeste Nordeste Sul Tempo de Formação Tempo de Doutoramento 33,3 (8,1) 16,4 (3,6) Instituição de Formação Federal Estadual Particular Categoria administrativa da instituição Federal Estadual Particular Categoria Profissional Enfermagem Medicina Categoria/Nível da Bolsa 1B 1C 1D 2 i Média ii Desvio Padrão DISCUSSÃO Este estudo apresenta resultados importantes sobre o perfil e a produção científica dos bolsistas produtividade em pesquisa do CNPq na área da Estomaterapia, especialidade jovem, mas em ascensão no Brasil10. Para se tornar bolsista produtividade em pesquisa do CNPq, alguns critérios devem ser atendidos como: possuir título de doutor ou perfil científico equivalente; ser brasileiro, ou estrangeiro com situação regular no País; dedicar-se às atividades de seu pedido de bolsa e poderá ser aposentado, desde que possua atividades acadêmicocientíficas oficialmente vinculadas às instituições de ensino e pesquisa11. Em relação aos bolsistas deste estudo, a maioria, 12 (75%), era do sexo feminino. Essa constatação está de acordo com a crescente presença feminina, verificada no período de 1990 a 2010 pelo CNPq, em pesquisas científicas. Isso pode ter ocorrido devido ao aumento de pessoas do sexo feminino em escolas e faculdades, se comparado ao sexo masculino12. Houve maior concentração de bolsistas na região sudeste, 9 (56,3%). Esta região concentra maior número de programas e cursos de Pós-graduação, com incentivo à produção científica. Resultados similares foram encontrados em estudos envolvendo diversas categorias profissionais da área da saúde13-15. Dentre a categoria profissional, destacou-se a Enfermagem, 13 (81,3%). Essa profissão se expande e se fortalece como ciência, tecnologia e inovação, que vem sendo consolidada pela ascensão e qualidade dos Programas de Pós-graduação stricto senso, aumento de publicações qualificadas e qualidade das revistas desta área. A expansão de cursos stricto senso representa o quantitativo de 1,7% do total de cursos de pós-graduação brasileiros, e 9,7% desses são da área de Ciências da Saúde16. A comunicação com a equipe médica tem papel importante no trabalho do estomaterapeuta. O planejamento pré operatório e a demarcação do local do estoma, por exemplo, é imprescindível para uma boa localização, o que permite a aderência do dispositivo e fácil visualização pelo paciente. A atuação multiprofissional, incluindo enfermeiro estomaterapeuta, assistente social, psicólogo, nutricionista, cirurgião, médico assistente, dentre outros visa uma boa atuação e comunicação com o paciente e a família, ao prestar assistência de qualidade e orientações que estimulem o autocuidado e a prevenção de complicações17. Figura 1: Qualis dos periódicos nos níveis/ categorias de bolsa dos bolsistas produtividade em pesquisa da área de Estomaterapia do CNPq no triênio 2010-2012. Teresina, PI, Brasil, 2014. Quanto à categoria de bolsa, predominou o nível PQ-2, 8 (50%). Resultado semelhante foi encontrado em diferentes estudos do perfil de bolsistas produtividade em pesquisa do CNPq (55,7%) na área médica e (48,3%) na saúde coletiva 14,18. Vale ressaltar que as bolsas são oferecidas conforme atendimento aos critérios pré-estabelecidos pelo CNPq e a classificação, enquadramento e progressão REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 19 20 Cavalcante TB, Campos MOB, Monteiro AKC, Andrade EMLR, Andrade JX do bolsista produtividade em pesquisa por categoria e nível é feita por Comitês de Assessoramento (CA). Os critérios de qualificação da bolsa são: a produção científica do candidato, formação de recursos humanos em nível de Pós-Graduação, contribuição científica e tecnológica para inovação, coordenação ou participação principal em projetos de pesquisa e participação em atividades editoriais e de gestão científica e administração de instituições e núcleos de excelência científica e tecnológica11. O tempo médio de formação e de doutoramento foi respectivamente 33,3 e 16,4 anos. Existem requisitos mínimos para o enquadramento dos pesquisadores nos níveis/categorias das bolsas; primeiramente, pesquisadores da categoria 1 necessitam ter no mínimo oito anos de doutorado por ocasião da implementação da bolsa, já para o pesquisador 2, esse período se reduz a três anos, observando-se que a média de tempo de doutoramento dos pesquisadores se enquadrou ao preconizado pelo CNPq. Em média, os bolsistas produtividade em pesquisa publicaram 24,7 (DP= 14,9) artigos sobre temáticas gerais e 2,5 (DP= 5,3) na área de Estomaterapia. O aumento da produção científica se deve a expansão dos cursos de Pós-graduação, a ampliação da indexação de revistas em bases nacionais e internacionais e ao aumento dos índices censiométricos. Em 2005, a Enfermagem passou de 0,23% da produção científica brasileira para 1,87%, em 2010, com crescimento relativo de 713% àquele ocorrido nas Ciências Sociais e Medicina18. A qualidade da produção intelectual dos pesquisadores é avaliada, segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), também conforme o Qualis do periódico publicado, que é dividido em oito estratos em ordem decrescente de valor: A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C19. predominância de artigos em periódicos Qualis B20,21. Vale lembrar que é importante relacionar os vieses da revista causados pelo produtivismo aos critérios não padronizados de avaliação editorial e, por isso, adotar mais critérios de avaliação na produção de cada pesquisador como, por exemplo, o índice h, que é o impacto acadêmico pelo número de citações das publicações22. O nível A corresponde a candidatos com excelência continuada na produção científica e na formação de recursos humanos, que liderem grupos de pesquisa consolidados. Os níveis B e C além de contribuírem para a produção de ciência, tecnologia e recursos humanos, contribuem nas atividades de pesquisa das suas instituições e/ou agências de fomento à pesquisa. Os pesquisadores com bolsa nível 2 são avaliados com ênfase nos trabalhos publicados e orientações, ambos referentes aos últimos cinco anos10. CONCLUSÃO O presente estudo descreveu o perfil e a produção científica dos bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq na área de estomaterapia no triênio 2010-2012. Identificou-se predomínio de bolsistas do sexo feminino, da área de Enfermagem, e bolsas PQ-2, concentrados na região sudeste. Em média, os bolsistas publicaram 24,7 (DP= 14,9) artigos sobre temáticas gerais e 2,5 (DP= 5,3) na área de Estomaterapia. Tem-se como limitação do estudo a única fonte de coleta dos dados, que foi o Currículo Lattes. Não se verificou a veracidade de informações dos autores, pela limitação de sua natureza exploratória e restrições quanto às atualizações das informações feitas por eles. Vale lembrar, que o Currículo Lattes é considerado confiável para a caracterização dos pesquisadores uma vez que serve como critério nas avaliações de bolsas e na arrecadação de financiamento em editais de pesquisa. A comunidade científica busca continuamente publicação em periódicos indexados, sobretudo aqueles com Qualis A e B, nacionais e internacionais5. Os resultados deste estudo ratificaram essa afirmação, pois em média, os bolsistas produtividade em pesquisa publicaram 24,7 (DP= 14,9) artigos sobre temáticas gerais e 2,5 (DP= 5,3) na área de Estomaterapia em periódicos Qualis, sendo A2, 7,2 (DP=5,6); B2, 5,8 (DP=4,9) e B1, 4,2 (DP=4,9). Portanto, o produto das pesquisas dos bolsistas produtividade em pesquisa dessa área, na maioria das vezes, é publicado em periódicos científicos de boa qualidade. O aumento da publicação em periódicos científicos Qualis A1, A2 e B1 se deve às exigências atuais dos cursos de Pós-graduação stricto sensu ao reconhecimento da qualificação das revistas da Área de Enfermagem, bem como ao processo de internacionalização da ciência brasileira. 1. SCImago. SJR - SCImago Journal & Country Rank. Retrieved on September 30, 2010. Available from: http://www.scimagojr. com. 2. Entre os bolsistas produtividade em pesquisa da área de Estomaterapia das categorias de bolsa 1C e 1B prevaleceu o Qualis A1 e A2. Estudos que utilizaram a mesma metodologia na área da Enfermagem e de medicina mostraram, para a mesma classe de pesquisadores, a Santos NCF, Candido LFO, Kuppens CL. Produtividade em pesquisa do CNPq: análise do perfil dos pesquisadores da Química. Quím. Nova (São Paulo). 2010;33(2):489-495. 3. Silva, LL. Estudo do perfil científico dos pesquisadores com bolsa de produtividade em pesquisa do CNPq que atuam no ensino de ciências e matemática. 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Metodologia: Estudo descritivo-exploratório e observacional, com abordagem quantitativa, desenvolvido com 15 técnicos de enfermagem em um hospital universitário na cidade de Santa Cruz-RN. Os dados foram coletados através da observação sistemática e de questionário semiestruturado, analisados através do Excel. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) sob CAAE nº 28721814.8.0000.5568. Resultados: O conhecimento sobre o banho veio da prática diária. Eles reconhecem a importância do banho para a higienização. Realizam o banho de aspersão e poucos oferecem o banho humanizado. Conclusões: Profissionais necessitam de capacitações direcionadas ao banho humanizado do recém-nascido para sistematizar a sua prática e desenvolver uma assistência. Palavras-chave: Recém-nascido; Humanização da Assistência; Enfermagem. ABSTRACT Objective: To investigate the knowledge of the nursing staff about the bath in the newborn and the techniques performed by nurses during the course of the bath in the newborn, and apply a checklist for analyzing the assistance while bathing RN. Methodology: An exploratory descriptive and observational study with a quantitative approach, developed with 15 nursing technicians in a university hospital in the city of Santa Cruz-RN. Data were collected through systematic observation and semi-structured questionnaire, analyzed using Excel. The study was approved by the Research Ethics Committee (CEP) under CAAE No 28721814.8.0000.5568. Results: Knowledge of the bath came from daily practice. They recognize the importance of the bath for cleaning. Perform the spray bath and few offer the humanized bath. Conclusions: Professionals require training directed to humanized bath newborn to systematize your practice and develop an assist. Keywords: Newborn; Humanization of Assistance; Nursing. NOTA 1 Enfermeira. Graduada em Enfermagem pela Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi - FACISA/UFRN. Santa Cruz/RN, Brasil. E-mail: [email protected]. Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Professora do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi -FACISA/UFRN. Enfermeira Assistencial da Maternidade Municipal Professor Leide Morais. Membro do Grupo de Pesquisa Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e Enfermagem - PAESE/UFRN. Santa Cruz/RN, Brasil. E-mail: [email protected]. 2 3 Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. Membro do Grupo de Pesquisa Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e Enfermagem - PAESE/UFRN. Enfermeira Assistencial da Maternidade Municipal Professor Leide Morais. Natal/RN, Brasil. E-mail: [email protected]. 4 Enfermeira. Especialista em Enfermagem em Cardiologia e Hemodinâmica. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Professora Substituta do Curso de Graduação em Enfermagem da UFRN. Membro do Grupo de Pesquisa Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e Enfermagem - PAESE/UFRN. Natal/RN, Brasil. E-mail: [email protected]. 5 Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí - UFPI. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Membro do Grupo de Pesquisa Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e Enfermagem - PAESE/UFRN. Natal/RN, Brasil. E-mail: [email protected]. 6 Enfermeiro. Doutor em Ciências da Saúde. Professor do Curso de Graduação e do Programa de Pós-Graduação (Mestrado Acadêmico e Doutorado) em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. Natal/RN, Brasil. Vice-líder do Grupo de Pesquisa Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e Enfermagem PAESE/UFRN. E-mail: [email protected]. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 E n f e r m a g e mAeRbTa nI hGo On o O r eR c éImG- nI aN s cA i dLo INTRODUÇÃO O recém-nascido (RN), após o seu nascimento, necessita de cuidados essenciais para a manutenção da saúde. A adaptação do RN ao meio extrauterino é um processo fisiológico, representa uma das fases mais dinâmicas e difíceis do ciclo vital humano que exige a transformação de uma condição de completa dependência durante a vida intrauterina dentro da placenta, para outra de autossuficiência em relação à oxigenação e nutrição, o meio extrauterino1-2. Após o nascimento, os RN’s são considerados vulneráveis e possuem instabilidade em suas condições de vitalidade1. Por isso, os cuidados prestados ao RN imediatamente após o parto pelos profissionais de saúde são fundamentais para a adaptação sua ao meio extrauterino. Durante a internação na maternidade, o RN é colocado junto à mãe, onde permanece até a alta hospitalar no Alojamento Conjunto (AC). O AC é um ambiente caracterizado com alto teor educativo, pois nele devem ocorrer orientações rotineiras às mães e aos familiares sobre vários aspectos relacionados aos cuidados seguros do RN, orientações essas a respeito do aleitamento materno, uso de mamadeiras e chupetas, posição em que o RN deve dormir, interação com o RN, controle das eliminações, cuidados com o coto umbilical, a troca de fraldas e o banho do RN3. Sendo assim, para que as puérperas apreendam todos os cuidados necessários para a manutenção da saúde do RN, é fundamental a formação de vínculos e de uma assistência integral no AC. A equipe de enfermagem deve envolver os pais durante esse cuidado para fortalecer e aprimorar os laços afetivos durante o banho do RN. Os profissionais não devem apenas explanar como deve ser feito o banho no RN, mas fazê-lo, instruindo e mostrando a sua importância, os benefícios, como a família pode aprimorar essa prática em casa, e, principalmente, acompanhar o primeiro banho da puérpera no seu RN. O banho é caracterizado por um excesso de manipulação do bebê, no qual favorece um vínculo entre o binômio mãefilho. O banho pode produzir diversas reações no recémnascido, como fazer uma breve nostalgia do ambiente líquido e quente característico do útero materno4. Após o seu nascimento, o recém-nascido vive mudanças distintas do ambiente intrauterino, onde muitos RN’s, até a sua adaptação, ficam irritados e chorosos. Sendo assim, através do banho, podemos proporcionar um momento calmo, relaxado, tranquilo e agradável, fazendo o RN relembrar o ambiente intrauterino5. Portanto, o momento do banho deve ser um momento prazeroso para o bebê, para que ele se sinta bem6. É preciso enfatizar, então, que o banho do RN, para as puérperas, vai muito além das medidas de higiene, uma vez que precisa ser terapêutico para o recém-nascido. Portanto, os profissionais devem estar qualificados para atuarem na educação e na execução do banho humanizado, oferecendo ao RN e a sua família uma assistência integral e de qualidade. O interesse pela realização dessa pesquisa partiu da vivência de aulas práticas em Alojamento Conjunto na disciplina de Atenção Integral à Saúde na Média Complexidade em um hospital maternidade universitário, onde observou- se que o primeiro banho era realizado pelos técnicos de enfermagem. Assim, surgiu o seguinte questionamento: Quais os conhecimentos desses profissionais de enfermagem acerca do banho no recém-nascido? Dessa forma, elaborou-se a seguinte questão de pesquisa: os profissionais que realizam o banho no recém-nascido possuem conhecimentos técnicos e científicos para a realização do banho, obtidos através de atualizações e treinamentos no serviço? Espera-se que esta pesquisa propicie uma melhor compreensão a respeito do conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre o banho no RN e que possa subsidiar a prática desses profissionais em uma assistência humanizada, integral e de qualidade durante o banho do RN. Além disso, pretende-se contribuir na melhoria das práticas assistenciais, refletindo nos cuidados prestados ao binômio mãe-filho, reduzindo seus anseios e medos e aumentando o vínculo. A pesquisa também contribuirá para o aumento do conhecimento do meio científico, uma vez que existem poucos estudos abordando essa temática. Em meio a essa problemática, o presente estudo objetivou investigar o conhecimento dos técnicos de enfermagem acerca do banho no recém-nascido. METODOLOGIA A pesquisa é do tipo descritiva-exploratória e observacional, com abordagem quantitativa. Desenvolvida no hospital universitário localizado na cidade de Santa Cruz, interior do Rio Grande do Norte. O hospital é referência em assistência materno-infantil na região, atendendo exclusivamente pelo SUS e possui o título de hospital Amigo da Criança. A população do estudo foi composta por todos os técnicos de enfermagem que faziam parte da escala do Alojamento Conjunto (AC) e Pré-Parto, Parto e Pós-Parto (PPP), já que, nesse hospital, são eles os responsáveis pela realização do banho no RN. Atuam nesses setores 17 técnicos de enfermagem. Um profissional não realiza o banho e outro estava afastado de suas atividades laborais no período das coletas de dados. Assim, participaram do estudo 15 profissionais. Os critérios de inclusão para participar da pesquisa foram: fazer parte da escala do AC ou PPP, realizar o banho do RN e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). E o método de exclusão constituiu em profissionais que, apesar de fazerem parte da escala do AC ou PPP, não realizam o banho no RN. Antes de iniciar a coleta de dados, foi feita a testagem do instrumento com 05 profissionais com a finalidade de avaliar a sua aplicabilidade e coerência com os objetivos do estudo. Foram acrescentadas duas perguntas no instrumento: Quais as mudanças sugeridas para a sala do banho? E qual o tempo esperado entre o nascimento da criança e a realização do primeiro banho? REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 23 24 P a l h a r e s Y L M L , D a n t a s J C , S o u z a F M LC , S i l v a B C O , R o d r i g u e s I D C V, S i l v a R A R A coleta de dados foi realizada entre os meses de maio e agosto de 2014, e dividida em duas partes: na primeira fase, foi utilizado o método da observação sistemática durante os banhos do RN; na segunda fase, foi aplicado um questionário semiestruturado. A primeira etapa do estudo foi realizada na sala do banho no AC durante o primeiro banho do RN, onde foi utilizado um check-list preenchido pelo pesquisador, enquanto observava a realização do banho pelo técnico em enfermagem. Durante essa etapa, foi mantida uma distância considerável dos profissionais a fim de não haver nenhum tipo de influência durante os banhos dos neonatos. Esse check-list foi construído pela pesquisadora do estudo baseado no livro “Enfermagem Neonatal cuidado integral ao recém-nascido”7.Pelas literaturas consultadas, esse autor apresentou um protocolo mais abrangente para a realização do banho. menos de um ano e 33,3% (n=5) assistem o RN há mais de 10 anos. Observou-se, também, que 93,3% (n=14) dos profissionais não receberam nenhuma capacitação oferecida pela instituição sobre o banho, antes ou durante o exercício de suas atividades na instituição, mas alegaram capacitações sobre Aleitamento Materno Exclusivo (AME), assistência ao RN no berçário patológico, urgência e emergência, UTI-neo e HIV. Durante a coleta, foi questionado sobre qual o conhecimento dos profissionais a respeito da importância do banho para o RN, na qual, observou-se que 73,3% (n=11) dos participantes da pesquisa elencaram o banho do RN como fundamental para a higiene do bebê (figura 1). A segunda fase do estudo foi realizada individualmente, em uma sala reservada na instituição. Nessa fase, o profissional respondeu ao questionário dividido em duas partes. A primeira abordava a caracterização dos participantes do estudo; na segunda parte, as perguntas eram direcionadas aos objetivos da pesquisa. Após o encerramento da coleta de dados, os participantes receberam um folder educativo confeccionado pelos pesquisadores do estudo contendo informações sobre a realização do banho no recém-nascido. Os dados foram digitados no Excel. As respostas das questões abertas foram categorizadas e agrupadas. Em seguida, realizamos a estatística descritiva com frequências absolutas e percentuais. Sobre os preceitos éticos, o presente estudo está fundamentado na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde8. A pesquisa foi autorizada pela direção de pesquisa do hospital e aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí (FACISA), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sob CAAE nº 28721814.8.0000.5568. Todos os participantes assinaram o TCLE. RESULTADOS A população estudada foi composta por 15 técnicos de enfermagem com idade mínima de 26 anos e máxima de 60 anos, com média de 48 anos; 46,7% (n=7) estavam no intervalo etário entre 46 a 55 anos; 66,7% (n=10) eram do sexo feminino; 40% (n=6) eram casados; e 60% (n=9) com a maior escolaridade de nível técnico. Em relação ao tempo de exercício da profissão de técnico de enfermagem, compreendeu um intervalo entre dois e trinta e seis anos, no qual, 46,7% (n=7) exercem a profissão de técnico de enfermagem há mais de 30 anos com a média de tempo profissional de 23,5 anos. Já em relação ao tempo em que trabalham com assistência ao recém-nascido, predominou um intervalo de três meses a trinta e seis anos, no qual, 40% (n=6) trabalham na assistência ao recém-nascido a REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 Figura 1. Conhecimento dos profissionais sobre a importância do banho para o recém-nascido. Santa Cruz, RN, Brasil, 2014. No que se refere ao banho humanizado, 86,7% (n=13) dos profissionais referiram que conseguem oferecer esse tipo de banho, em que utilizam estas ferramentas técnicas para realizá-lo: água morna, orientações para a puérperas e familiares sobre o coto umbilical, forma adequada de manusear o RN durante o banho, dentre outros itens (figura 2). Entretanto, 13,3% (n=2) dos profissionais referiram que não conseguem oferecer o banho humanizado devido à sobrecarga de trabalho associada à falta de tempo, problemas na estrutura física e de materiais e a falta de rotina do banho humanizado na instituição. Vale ressaltar que alguns profissionais responderam mais de uma categoria, o que justifica a somatória das categorias da figura ser superior a 100%. Em se tratando das dificuldades em que os profissionais tinham durante a assistência no banho do RN, observouse que 53,3% (n=8) dos profissionais referiram que não apresentavam dificuldades em relação ao banho, já os demais profissionais referiram ter dificuldade durante o manuseio do RN, além de outras dificuldades como: setor desorganizado, equipamentos desapropriados e o medo que os assolam durante essa prática. Durante a observação sistemática foi aplicado o checklist no qual foi observado de forma detalhada o passo a passo durante o banho, envolvendo as etapas desde o preparo para o banho até após o banho (tabela 1). E n f e r m a g e mAeRbTa nI hGo On o O r eR c éImG- nI aN s cA i dLo Tabela 1. Check-list preenchido durante a assistência de enfermagem no banho do RN. Santa Cruz, RN, Brasil, 2014. Variáveis Figura 2. Ferramentas técnicas utilizadas pelos profissionais durante a realização do banho humanizado no RN. Santa Cruz, RN, Brasil, 2014. Fonte: Dados da pesquisa. DISCUSSÃO Os dados expressos trazem a realidade da assistência e dos conhecimentos dos profissionais de enfermagem sobre a realização do banho no RN naquela instituição. Nas características dos profissionais, destacou-se profissionais com formação técnica antiga e com tempo de experiência entre três meses e trinta e seis anos no cuidado ao RN, em que a grande maioria desses profissionais não receberam capacitação pela instituição sobre o banho antes de ser lotado no setor. O fato de haver um percentual considerável na assistência ao RN há menos de 1 ano, é justificável, visto que a instituição está passando por processos de reformas que estão influenciando influenciou em algumas atividades dos profissionais que atuam no PPP como, por exemplo, com o cuidado ao recém-nascido. Os participantes da pesquisa enfatizaram que tudo que conhecem sobre o banho foi adquirido durante as práticas diárias, por ser mãe, por ter adquirido conhecimentos em outros hospitais que trabalharam e orientação no setor por outros profissionais mais antigos. No campo da área da saúde, há uma necessidade constante de atualização do conhecimento dos profissionais, frente às mudanças tecnológicas de nosso tempo, pois os conhecimentos e saberes tecnológicos se renovam na área da saúde9. As atualizações dos profissionais permitem beneficiar tanto os trabalhadores como os usuários dos serviços, melhorando, assim, a qualidade da assistência oferecida pela instituição. No que se refere ao ambiente de AC, é imprescindível que os profissionais de saúde que assistem os RN’s e as famílias desses bebês sejam capacitados e atualizados para atendê-los de forma integral, humanizada e com qualidade. De acordo com o Ministério da Saúde, o primeiro banho dos bebês, a termo, pode ser considerado como algo Preparo antes do banho 1.Preparação prévia do material 2.Verificou a temperatura do RN 3.Realizou higienização dos utensílios de uso coletivo 4.Colocou toalha seca no local onde será realizado a troca da criança 5. Colocou avental 6. Colocou luva de procedimento 7. Verificou temperatura da água 8. Esperou completar duas horas de vida Preparo durante o banho 9. Iniciou pela higiene do rosto, limpando os olhos do canto interno para o externo 10. Na limpeza do rosto e cabeça o RN mantém-se coberto para ajudar a reduzir a perda de calor 11. Para lavar a cabeça: apoiou o corpo do neonato sob a região axilar, segurando com uma das mãos 12. Protegeu o meato auricular com o dedo anelar e polegar 13. Na lavagem da cabeça massageou o couro cabeludo de forma delicada 14. Segurou o RN com firmeza: antebraço esquerdo apoiando a cabeça do RN e a mão esquerda segurando o braço esquerdo do RN 15. Girou o RN de modo que o braço esquerdo passa apoiar o peito e o rosto do RN 16. Iniciou o banhou familiarizando o RN com a temperatura da água Cuidados pós-banho 17. Utilizou algum método para massagear o RN, com finalidade de tranquiliza-lo 18. A família foi convidada a participar do momento do banho com intuito na formação de vínculos 19. Houve orientação para a família durante o banho 20. Houve interação com o RN durante o banho 21. Secou cuidadosamente o RN 22. Realizou a higiene do coto umbilical corretamente 23. Verificou as medidas antropométricas (PC, PT, PA, estatura e peso) e a administração da vitamina K Sim Não N % N % 12 0 80 0 3 15 20 100 0 0 15 100 15 100 0 0 5 15 11 33,3 100 73,3 10 0 4 6,7 0 26,7 5 33,3 10 66,7 3 20 12 80 3 20 12 80 5 33,3 10 66,7 3 20 12 80 15 100 0 0 15 100 0 0 15 100 0 0 8 53,3 7 46,7 10 66,7 5 33,3 7 46,7 8 53,3 5 33,3 10 66,7 10 66,7 5 33,3 15 100 0 0 13 86,7 2 13,3 15 100 0 0 Fonte: Dados da pesquisa. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 25 26 P a l h a r e s Y L M L , D a n t a s J C , S o u z a F M LC , S i l v a B C O , R o d r i g u e s I D C V, S i l v a R A R prazeroso, pois deve lembrar o ambiente líquido e quente característico do útero materno10. O primeiro banho no recém-nascido tem finalidade inicial de reduzir a colonização microbiana, remover as secreções maternas, evitando riscos ao RN e seus cuidadores a possíveis agentes transmissores de doenças como hepatite B, herpes simples e HIV, além de envolver questões estéticas, culturais e expectativas da família1. Em um estudo, constatou-se que o banho humanizado no RN traz diversos benefícios, pois proporciona uma melhor resposta adaptativa ao ambiente, promove organização dos sistemas comportamentais, motores, fisio­lógicos e de interação ao meio, diminui o gasto de energia durante o banho e contribui positivamente para o desenvolvimento sadio11. De acordo com a figura 1, os participantes da pesquisa relataram o primeiro banho do RN como fundamental para a higienização com intuito de retirar as secreções e sangue proveniente do parto, para evitar quadros infecciosos nos neonatos. Além disso, é no primeiro banho que são realizados os primeiros cuidados com o RN: administração da vitamina K, verificação dos dados antropométricos (peso, comprimento, perímetro cefálio, perímetro torácico, perímetro abdominal) e a assepsia do coto umbilical. De fato, a finalidade do banho, inicialmente, é reduzir a colonização microbiana, remover as secreções maternas para evitar riscos ao RN e seus cuidadores, entretanto, o banho deve ir além dessa finalidade inicial. Através do banho, com a estimulação tátil e da circulação geral da pele, pode-se proporcionar um momento calmo, relaxado, tranquilo e agradável, fazendo com que o RN relembre o ambiente intrauterino, contribuindo para sua adaptação à vida extrauterina10. Todavia, essa percepção foi pouco destacada durante a coleta de dados, pois um quantitativo pequeno dos profissionais verbalizou o banho além do caráter de higienização. As técnicas tradicionais para o banho são: banho de imersão e banho de aspersão: no primeiro tipo de banho, o RN é colocado despido em uma banheira ou bacia com água; já no segundo, é utilizado um chuveiro ou torneira para a auxiliar no banho. Entretanto, ambos os banhos têm o intuito da promoção da higiene. Todavia, atualmente, existem banhos que, além do caráter de higienização, trazem benefícios para os bebês e pais, conhecidos como banhos humanizados, denominados: banho japonês e banho de ofurô. Em ambas as técnicas, o RN não se sentirá inseguro e relembrará o útero materno6. Sendo assim, percebe-se que o banho tradicional é mais técnico, pois seu objetivo é apenas a higienização. Já o banho humanizado, além da higienização, privilegia um cuidado humanizado, proporciona um cuidado menos estressante e mais prazeroso para o RN, e ainda aumenta a afetividade entre o familiar e o neonato, possibilitando maior conforto e acolhimento. Durante a observação sistemática foi visualizado que todos os banhos realizados foram de aspersão. A estrutura REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 física do local direciona para essa prática. Assim, uma melhoria nessa estrutura e uma melhor organização nos materiais necessários, além de treinamento e incentivo aos profissionais poderia vir a melhorar a técnica do banho naquela instituição. Entretanto, três profissionais adaptaram o banho japonês no banho de aspersão, de forma que envolveram o RN com o pano/fralda ao iniciar a higienização pelo rosto, a fim de tentar oferecer uma melhor assistência durante o momento do banho de acordo com os recursos disponíveis na instituição. Um dos participantes da pesquisa mencionou o banho do balde (ofurô) e conhecia as vantagens em relação ao relaxamento do RN. A instituição disponibiliza o balde, contudo, o participante referiu ter realizado apenas duas vezes, por achar a técnica do banho de ofurô difícil. Ressalta-se que todos os profissionais executaram técnicas importantes no banho do RN, como: o uso das luvas de procedimentos, seguraram o RN de forma delicada e secaram o RN vagorosamente. No que diz respeito ao banho humanizado, 86,7% (n=13) dos profissionais referiram que conseguem oferecer esse tipo de banho. Entretanto, de acordo com os dados obtidos no questionário e a observação sistemática, ficou perceptível que a maioria não conseguia, de fato, oferecelo. Apenas 20% (n=3) dos profissionais ofereceram o banho humanizado, não coincidindo com os dados do questionário. Ao questionar as ferramentas técnicas que utilizavam para realizar um banho humanizado, mencionaram: banho quente, trazer familiares para próximo do banho para fazer orientações pertinentes ao banho e a higienização do coto umbilical, não demorar muito durante o banho para o RN não perder calorias e aquecer imediatamente após o banho, proteger os olhos e ouvidos e observar a temperatura da água e do bebê. De fato, todos os itens mencionados por eles são utilizados no banho humanizado, contudo, esses itens também devem ser utilizados no banho técnico que tem caráter apenas de higienização. As dificuldades apontadas pelos profissionais para a realização do banho foram: manuseio da criança, setor desorganizado, medo e equipamentos desapropriados (pia). Além dessas dificuldades, dois profissionais relataram que não conseguiriam oferecer o banho humanizado devido à falta de dimensionamento de profissionais no setor, uma grande demanda de atividades para poucos profissionais, além de não ser rotina do serviço. Os dados corroboram com um estudo em que os profissionais de enfermagem elencaram como desvantagem do AC para desempenhar as suas funções: número reduzido de funcionários, instalações físicas inadequadas, falta de materiais e tempo disponíveis para realização das atividades12. Sendo assim, percebe-se que essas dificuldades encontradas pelos profissionais podem gerar sentimentos negativos que podem influenciar tanto na qualidade de vida do profissional, como na qualidade da assistência ao usuário do serviço. E n f e r m a g e mAeRbTa nI hGo On o O r eR c éImG- nI aN s cA i dLo Os técnicos de enfermagem sugeriram mudanças na sala do banho para melhor oferecer assistência ao RN durante esse cuidado, dentre as quais: ambiente fechado mais privativo, higienização/desinfecção dos utensílios de uso coletivo entre os banhos dos RN’s, obrigação do uso de todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), mudanças no espaço físico, na pia e nos depósitos de álcool e sabonete, colocar um armário para organizar o setor, troca de luva após o banho para a higienização do coto, e chuveiro elétrico com regulação adequada para a temperatura da água. Ressaltamos que o setor possui álcool a 70% e sabonete líquido que poderiam ser utilizados na desinfecção dos materiais. Acredita-se que a falta de rotina na instituição os levam a não realizarem essa desinfecção. Durante a observação sistemática, no preparo antes do banho, notou-se que 33,3% (n=5) dos profissionais aguardaram duas horas após o nascimento para a realização do primeiro banho. Durante o banho propriamente dito, apenas 20% (n=3) dos profissionais iniciaram a higiene pelo rosto e, enquanto faziam a higienização do rosto e da cabeça, o RN era mantido coberto para ajudar a reduzir o calor. Outro ponto importante de ser mencionado é a proteção do meato auricular que apenas 20% (n=3) dos profissionais o realizaram. Uma questão importante a destacar é que, na sala do banho, existe um fluxograma do passo a passo do banho humanizado, que foi produzido por discentes do curso enfermagem da FACISA/UFRN, o qual explica de forma detalhada como fazê-lo. Mas, mesmo assim, 80% (n=12) dos profissionais não o realizaram, e os três profissionais que realizaram destacaram a importância daquele fluxograma durante a prática do banho. Atualmente, o momento ideal para o primeiro banho no RN ainda é controverso na literatura. O primeiro banho do RN tem sido realizado cada vez mais cedo com intuito de reduzir a possibilidade da transmissão de patógenos através do sangue e das secreções corporais do RN com potencial de contaminar tanto profissionais de saúde como familiares, justificando, assim, a ideia de muitas instituições a dar o banho nas primeiras horas após o nascimento13. Nos cuidados pós-banho, os profissionais que convidaram as puérperas e/ou familiares realizaram orientações apenas direcionadas à higienização do coto umbilical. As orientações direcionadas ao manuseio e cuidados com o banho no RN não foram enfatizados. Fato este que nos levanta preocupação, uma vez que as puérperas/familiares têm receio em oferecer o primeiro banho e necessitam ser melhor orientados e encorajados. Alguns profissionais não realizaram nenhum tipo de orientação e outros nem convidaram a mãe a participar desse momento do banho. No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS), recomenda que o primeiro banho seja realizado apenas seis horas após o parto, devido ao risco de hipotermia durante e após o banho14. Já outro estudo considera que o primeiro banho deve ser dado apenas quando a temperatura do RN estiver estável e não estar relacionado ao número de horas após o nascimento15. O AC é um espaço facilitador para o cuidado materno e favorecimento de vínculo mãe-bebê. Sendo assim, o banho é um momento ideal para realizar orientações sobre diversos cuidados ao RN. Os profissionais que atuam na assistência materno-infantil devem sanar todas as dúvidas das puérperas/família sobre o puerpério e cuidado ao RN até a alta hospitalar. Sendo assim, ao se fazer a opção de executar o banho, o profissional deve estar atento aos fatores de termoregulação e sinais vitais do RN para não ocasionar um estresse térmico e grandes perdas de calorias nos neonatos. Entretanto, nenhum dos profissionais verificou a temperatura do RN em algum momento antes do banho. Durante a aplicação do questionário, ainda foi interrogado sobre o quesito da temperatura, todavia, os profissionais alegaram não ser prática da instituição. A higienização dos utensílios de uso coletivo também não foi realizada por nenhum dos profissionais. As higienizações dos utensílios e equipamentos devem ser realizadas, pois os mesmos podem se tornar fômites passíveis de transmissão para outros neonatos. Outro item importante no preparo antes do banho foi o uso do avental, pois, apenas 33,3% (n=5) dos profissionais fizeram o uso desse EPI. Os profissionais apontam como importante o uso dos EPI’s e até colocam como fundamental a obrigação do mesmo durante o procedimento. A instituição disponibiliza-os, contudo, nem todos fazem o uso. Vale destacar que em relação ao uso das luvas de procedimentos, 100% (n=15) dos profissionais fizeram o uso. CONCLUSÕES A partir da análise dos dados e considerando os objetivos propostos nesse estudo, observou-se que, para os participantes da pesquisa, o primeiro banho do recémnascido está restrito apenas ao caráter higiênico a fim de reduzir a colonização microbiana e remover as secreções maternas, evitando riscos ao RN e seus cuidadores. Poucos profissionais conheciam e/ou ofereciam o banho humanizado. O conhecimento desses profissionais em relação ao banho foi adquirido através das vivências diárias, por ser mãe ou por ter trabalhado em outros hospitais na assistência do RN, e não através de treinamento/ atualizações. O momento do banho é uma ocasião ideal para esclarecer dúvidas e reduzir os medos e anseios das puérperas e familiares sobre os primeiros cuidados, sendo assim, foram observadas que as orientações realizadas pelos profissionais durante a assistência do banho estavam voltadas para o cuidado com o coto umbilical, não incluindo as orientações do banho. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 27 28 P a l h a r e s Y L M L , D a n t a s J C , S o u z a F M LC , S i l v a B C O , R o d r i g u e s I D C V, S i l v a R A R Diante disso, propõem-se capacitação dos profissionais sobre o banho humanizado a fim de embasar e sistematizar a prática desses profissionais em uma assistência humanizada, integral e de qualidade durante o banho do RN. Foi sinalizado para que o hospital insira, na sua política de humanização do cuidado ao recém-nascido, a realização do banho humanizado. Sugere-se novas pesquisas que abordem a elaboração e validação de um protocolo de enfermagem para a realização do banho no recém-nascido como forma de sistematizar essa prática e garantir uma assistência embasada em conhecimentos científicos. REFERÊNCIAS 1. Muller EB. Cuidados ao recém-nascido no Centro Obstétrico: uma proposta de enfermeiras com base nas boas práticas. [Dissertação de Mestrado]. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina; 2012. 2. 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A RT I G O O R I G I N A L Prevenção do câncer de mama e cérvico-uterino em idosas de um grupo de convivência* Prevention of breast cancer and cervico-uterine in a group of elderly living Fernanda de Azeredo Abreu1 • Fátima Helena do Espírito Santo2 • Carla Lube de Pinho Chibante3 • Thayane Dias dos Santos4 • Willian de Andrade Pereira de Brito5 RESUMO Objetivos: Caracterizar o perfil das idosas frequentadoras de um grupo de convivência no Rio de Janeiro; Estimar a frequência de realização do exame de prevenção de câncer de mama e cérvico-uterino dessas idosas e descrever as perspectivas de atuação do enfermeiro na prevenção do câncer de mama e cérvico-uterino para mulheres idosas de um grupo de convivência. Metodologia: Pesquisa quantitativa realizada com 60 idosas de um grupo de convivência de uma universidade Federal do Rio de Janeiro, nos meses de março e abril de 2015, mediante aplicação de questionário cujos dados foram submetidos á análise estatística simples. Resultados: Verificou-se que a faixa etária prevalente entre as idosas foi de 60 a 69 anos, sendo 29 (48%) com nível fundamental. Quanto ao estilo de vida, 40 (67%) não utilizavam preservativo durante as relações sexuais. No que se refere ao autocuidado, 30 (50%) idosas nunca fizeram autoexame das mamas, 24 (40%) não realizam mamografia e 35 (58%) não fazem exame de Papanicolau. Conclusão: Embora a maioria das idosas considere importante a prevenção do câncer de mama e cérvico-uterino, não realizam estes exames de forma rotineira o que aponta vulnerabilidade para essas doenças e necessidade de intervenção educativa do enfermeiro incentivando ao autocuidado. Palavras-chave: Enfermagem Geriátrica; Saúde da Mulher; Envelhecimento. ABSTRACT Objectives: Characterize the profile of the clientele of a group of elderly living in Rio de Janeiro; Estimate the frequency of examination for the prevention of breast cancer and uterine cervical-these old and describe the prospects for performance of nurses in the prevention of breast cancer and uterine cervical-for a group of elderly women living together. Method: Quantitative research conducted with a group of 60 elderly coexistence of a Federal University of Rio de Janeiro, in the months of March and April 2015, through questionnaires whose data were subjected to statistical analysis simple. Results: It was observed that the age group prevalent among older women was 69 years 60, to 29 (48%) with fundamental level. As for lifestyle, 40 (67%) not used a condom during sex. As regards self care, 30 (50%) have never done breast self-examination for elderly, 24 (40%) do not perform mammography and 35 (58%) do not make Pap test. Conclusion: It is concluded that although most older consider important to the prevention of breast cancer and cervical-uterine, do not perform these tests routinely pointing to these diseases vulnerability and need for educational intervention of the nurse encouraging self-care. Keywords: Geriatric Nursing; Women’s Health; Aging. NOTA 1 Enfermeira. Especialista em Enfermagem Gerontológica pela Universidade Federal Fluminense/ UFF. Email: [email protected] 2 Profª Drª do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica/ MEM-UFF. Email: [email protected] 3 Enfermeira. Doutoranda do Programa Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde/ PACCS-UFF. Email: [email protected] 4 Enfermeira. Mestranda do Programa Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde/ PACCS-UFF. Email: [email protected] 5 Enfermeiro. Mestrando do Programa Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde/ PACCS-UFF. Email: [email protected] *ABREU, F.A. (Vi) vendo e aprendendo: Um estudo sobre a prevenção do câncer de mama e cérvico-uterino em idosas de um centro de convivência: contribuições da Enfermagem Gerontológica. 2015. Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em Enfermagem gerontológica) - Universidade Federal Fluminense. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 29 30 A b r e u F A , S a n t o F H E , C h i b a n t e C L P, S a n t o s T D , B r i t o W A P INTRODUÇÃO O crescimento da população idosa vem associado ao fenômeno da feminização da velhice que demanda iniciativas relacionadas à atenção a saúde da mulher no contexto do sistema de saúde, principalmente nos níveis de promoção e prevenção de doenças crônicas não transmissíveis dentre as quais, o câncer de mama e cérvico-uterino. Os elevados índices de incidência e mortalidade por câncer do colo do útero e da mama no Brasil justificam a implantação de estratégias efetivas de controle dessas doenças que incluam ações de promoção à saúde, prevenção e detecção precoce, tratamento e de cuidados paliativos, quando esses se fizerem necessários1. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2008, ocorreram 1.384.155 casos novos de câncer da mama em todo o mundo, o que torna o tipo de câncer mais comum entre as mulheres. Nesse mesmo ano, foram registrados cerca de 530 mil casos novos de câncer do colo do útero. No Brasil, em 2012, foram estimados 52.680 casos novos de câncer de mama feminino e 17.540 casos novos de câncer do colo do útero2-3. A estimativa no Brasil para o ano de 2014, válida também para o ano de 2015, aponta para a ocorrência de aproximadamente 576 mil casos novos de câncer, incluindo os casos de pele não melanoma, reforçando a magnitude do problema do câncer no país. O câncer de pele do tipo não melanoma (182 mil casos novos) será o mais incidente na população brasileira, seguido pelos tumores de próstata (69 mil), mama feminina (57 mil), cólon e reto (33 mil), pulmão (27 mil), estômago (20 mil) e colo do útero (15 mil)4. Considerando a alta incidência e a mortalidade relacionadas a essas doenças, é responsabilidade dos gestores e dos profissionais de saúde realizar ações visando o controle do câncer do colo do útero e de mama e que possibilitem a integralidade do cuidado, aliando as ações de detecção precoce com a garantia de acesso a procedimentos diagnósticos e terapêuticos, em tempo oportuno e com qualidade1. Assim, frente à incidência de câncer de mama e cérvicouterino entre mulheres idosas e suas especificidades decorrentes do processo de envelhecimento que as torna mais vulneráveis ao desenvolvimento desse tipo de doença, aliado a necessidade de incentivo ao autocuidado mediante realização do exame de preventivo, essa pesquisa tem como objetivos: caracterizar o perfil das idosas frequentadoras de um grupo de convivência no Rio de Janeiro; Estimar a frequência de realização do exame de prevenção de câncer de mama e cérvico-uterino dessas idosas e descrever as perspectivas de atuação do enfermeiro na prevenção do câncer de mama e cérvicouterino para mulheres idosas de um grupo de convivência. MÉTODO Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, com abordagem quantitativa, realizado entre os meses de março e abril de 2015, com todas as mulheres idosas participantes de um grupo de convivência de uma universidade federal, localizada no Estado do Rio de Janeiro, totalizando 60 idosas. Para a seleção das participantes foram critérios de inclusão: mulheres idosas, a partir de 60 anos, com condições mentais e cognitivas preservadas, que frequentavam as atividades do referido grupo de convivência. A coleta de dados foi realizada com aplicação de um questionário estruturado com questões relativas ao perfil sociodemográfico (idade, raça, estado civil, escolaridade, hábitos e estilo de vidas, histórico familiar e de saúde) e ao autocuidado (realização do exame de mamografia, citopatológico e autoexame das mamas). Ao final da coleta de dados, os mesmos foram dispostos em planilhas do programa Microsoft Office Excel (2010) e analisados por técnica estatística descritiva simples, sendo os achados apresentados em tabelas com distribuição de frequências absolutas e relativas. O estudo é parte do projeto de pesquisa Aposentadoria e envelhecimento: histórias contadas por idosos e seguiu o preconizado na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, tendo sido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob o nº 125.294. Os participantes do estudo foram esclarecidos sobre os objetivos da pesquisa e quanto à assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O câncer de mama é segundo tipo mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Se diagnosticado e tratado precocemente, o prognóstico é relativamente bom. Já o câncer cérvico uterino é o terceiro tumor mais frequente na população feminina, atrás do câncer de mama e colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil4. RESULTADOS A tendência atual é um número crescente de idosas que, apesar de viverem mais, podem encontrar-se funcionalmente incapacitada, ou com uma saúde precária, e quase sempre isso é resultado de doenças preveníveis, como o câncer cérvico-uterino. O desafio é conseguir anos a mais, vividos com um perfil de elevada qualidade de vida, pois a transição demográfica levou a uma modificação do perfil de morbimortalidade5. A tabela 1 refere-se às características sociodemográficas das idosas participantes da pesquisa. A distribuição etária mais prevalente foi de 60 a 69 anos com 30 (50%) idosas. Quanto à raça, 27 (45%) se auto declararam pardas. Em relação ao estado civil, 24 (40%) viúvas. No que se refere à escolaridade, 29 (48%) com ensino fundamental. Dentre as profissões\ocupações, houve predominância, com 21 (35%) idosas, do lar. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 P r e v e n ç ã o d o c â n c e r d e m a m a eA cRé rTv iIcG o -O u t eO r i nRo IeG m I iN d oA s aLs Tabela 1. Perfil sociodemográfico das idosas do Centro de Convivência. Niterói (RJ), 2015. VARIÁVEIS Distribuição etária (n= 60) 60 I 69 anos 70 I 79 anos 80 I 90 anos Etnia (n=60) Branca Negra Parda Estado Civil (n=60) Viúva Casada Divorciada Solteira Escolaridade (n=60) Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior Analfabeta Profissão\Ocupação(n=60) Lar Artesã Costureira Professora Assistente Social N % 30 22 08 50,00 37,00 13,00 18 15 27 30,00 25,00 45,00 24 20 09 07 40,00 33,00 15,00 12,00 29 13 13 05 48,00 22,00 22,00 8,00 21 09 12 08 10 35,00 15,00 20,00 13,00 17,00 A tabela 2 mostra o perfil dos hábitos e estilo de vida das idosas, em que a maioria, 39 (65%) idosas negam tabagismo e 48 (80%) negam consumo de álcool. Com relação à atividade física, 34 (57%) são sedentárias e 35 (58%) não possuem atividades de lazer. Quanto à vida sexual, 42 (70%) não tem vida sexual ativa e quanto ao uso de preservativo 40 (67%) não utilizam. Tabela 2. Perfil dos hábitos e estilo de vida das idosas do Centro de Convivência. Niterói (RJ), 2015. VARIÁVEIS Tabagismo (n= 60) Sim Não Parou Consumo de Álcool (n=60) Sim Não Atividade Física (n=60) Sedentária Pratica atividade Atividades de Lazer (n=60) Não Sim Vida Sexual (n=60) Não Sim Uso de Preservativo (n=60) Não usa Utiliza Desconhece A tabela 3 mostra o perfil de autocuidado das idosas, em que a maioria, 31 (52%) idosas, tiveram menarca entre 13 a 15 anos e 39 (65%) entraram na menopausa entre 50 e 59 anos. Com relação à terapia de reposição hormonal, 47 (78%) idosas não fazem reposição. Tabela 3. Perfil de autocuidado das idosas no Centro de Convivência. Niterói (RJ), 2015. VARIÁVEIS Menarca 09 a 12 anos 13 a 15 anos ≥16 anos Menopausa (n=60) 35 a 40 anos 41 a 49 anos 50 a 59 anos Terapia de Reposição Hormonal (n=60) Sim Não Histórico de câncer mama na família (n=60) Não Sim Autoexame das mamas (n=60) Nunca Raramente Mensalmente Mamografia (n=60) Anualmente Intervalo > 1 ano Raramente Não Exame citopatológico (Papanicolau)(n=60) Não Anualmente Intervalo > 1 ano N % 23 31 06 38,00 52,00 10,00 07 14 39 12,00 23,00 65,00 13 47 22,00 78,00 43 17 72,00 28,00 30 26 07 50,00 43,00 4,00 22 12 02 24 36,67 20,00 3,33 40,00 35 13 08 58,00 22,00 13,00 (n=60) Com relação ao histórico familiar de câncer de mama, a maioria, 43 (72%) idosas não tem histórico familiar. No que se refere ao autoexame das mamas, 30 (50%) nunca realizaram. Quanto à realização da mamografia, 24 (40%) não fazem e com relação ao exame citopatológico (Papanicolau) a maioria, 35 (58%) idosas não realizam esse exame. N % 07 39 14 12,00 65,00 23,00 12 48 20,00 80,00 34 26 57,00 43,00 35 25 58,00 42,00 42 18 70,00 30,00 A pesquisa mostrou que 50% das idosas estavam na faixa etária entre 60 a 69 anos. O crescente aumento da longevidade feminina faz com que muitas idosas vivenciem progressiva fragilidade biológica do organismo, situações de agravos à saúde e ocorrência de doenças crônicodegenerativas, tais como o câncer5. 40 20 07 67,00 33,00 26,00 No que se refere à etnia, estado civil e escolaridade, um estudo sobre a associação entre variáveis sociodemográficas e o estadiamento clínico avançado das neoplasias da mama DISCUSSÃO REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 31 32 A b r e u F A , S a n t o F H E , C h i b a n t e C L P, S a n t o s T D , B r i t o W A P revelou que as variáveis cor da pele e situação conjugal não apresentou associação estatisticamente significante, entretanto, a baixa instrução determina 4,3 vezes mais chances para o diagnóstico tardio6. O baixo grau de instrução dificulta a aquisição de informações importantes sobre prevenção e detecção precoce de doenças, além de estar relacionado com maior dificuldade de acesso aos serviços de saúde, com dependência do Sistema Único de Saúde (SUS). A falta de informações, as crenças e as percepções distorcidas da doença são fatores que podem levar as mulheres que vivem em condição de pobreza a evitar a busca por exames das mamas e o preventivo, contribuindo para o diagnóstico das neoplasias em estádio tardio6. Alguns fatores de risco para o desenvolvimento do câncer são conhecidos, como: envelhecimento, fatores relacionados à vida reprodutiva da mulher, história familiar de câncer, consumo de álcool, excesso de peso, uso prolongado de anticoncepcional, tabagismo, sedentarismo4. Já os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer do colo de útero são a infecção por Papilomavírus Humano (HPV); a multiplicidade de parceiros sexuais; a história de infecções sexualmente transmitidas (da mulher e de seu parceiro); a idade precoce na primeira relação sexual e a multiparidade1. No que diz respeito aos hábitos e estilo de vida das idosas participantes do estudo, a maioria declarou não ter o hábito de fumar e ingerir bebidas alcoólicas. Um estudo sobre o consumo de bebidas alcoólicas e o câncer diz que após o tabagismo e os agentes infecciosos responsáveis por infecções crônicas, o álcool é a mais importante causa conhecida de câncer em humanos. Além disso, o risco de câncer de mama aumenta diretamente em relação ao aumento do consumo de álcool, cerca de 10% para cada 10 g por dia7,8. Também foi constatado que a maioria das idosas disseram não praticar atividade física. Um estudo traz que o sedentarismo é um fator de risco modificável levando à prevenção das doenças crônicas não transmissíveis, dentre as quais, o câncer, e para a melhoria da qualidade de vida, sendo a prática regular de atividade física capaz de reduzir o risco de câncer de mama entre 30 a 40%9. Dentre os fatores de risco não modificáveis para o desenvolvimento do câncer de mama, encontra-se a história familiar, identificada em 28% das idosas. Embora a hereditariedade seja responsável por apenas 10% do total de casos de câncer de mama, mulheres com história familiar dessa neoplasia, especialmente se uma ou mais parentes de primeiro grau (mãe, irmãs, filhas) foram acometidas antes dos 50 anos, apresentam maior risco de desenvolver a doença. Em uma pesquisa que buscou identificar os fatores de risco para o câncer de mama, 94,44% das mulheres não possuíam parente de primeiro grau com câncer de mama4,10. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 No que diz respeito aos fatores de risco relacionados à vida reprodutiva da mulher, a menarca precoce (primeira menstruação antes dos 12 anos), a menopausa tardia (após os 50 anos) e a terapia de reposição hormonal estão entre os fatores de maior probabilidade para o desenvolvimento do câncer de mama. Nesta pesquisa, identificou-se que 38% das idosas tiveram a menarca antes dos 12 anos, 65% apresentaram a menopausa após os 50 anos e 22% fazem a terapia de reposição hormonal. Um estudo sobre os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de mama identificou que 33,33% das mulheres apresentou menarca precoce, não foi relatado menopausa tardia e 5,55% realizava a terapia de reposição hormonal4,10. Entre as neoplasias que mais acometem as mulheres idosas, o câncer de mama destaca-se como uma das principais causas de morte, fato que está relacionado a 60% dos casos a serem descobertos tardiamente e à alta incidência dessa neoplasia com o avançar da idade. A detecção da doença em estágio inicial favorece tratamentos que podem erradicar totalmente o câncer de mama. Essa detecção precoce é realizada por meio do autoexame das mamas (AEM), exame clínico das mamas e a mamografia. Dentre os métodos de detecção precoce, a mamografia é considerada a mais eficaz 11-12,1. Neste estudo, verificou-se que 50% das idosas não fazem o autoexame das mamas e 40% não realizam o exame de mamografia. Algumas investigações confrontam os resultados desta pesquisa, em que 75% e 39,82% realizavam o AEM, respectivamente10,13. Em outra pesquisa que verificou o conhecimento sobre o câncer de mama e a mamografia das mulheres idosas, identificou-se que a mamografia foi referida por 55% das mulheres como um exame realizado para a detecção precoce do câncer de mama, enquanto outro estudo foi identificado que 17,5% das mulheres fizeram este exame há mais de dois anos14,15. O exame de prevenção do câncer do colo uterino consiste na detecção precoce da neoplasia invasora e suas lesões precursoras por meio da análise citológica periódica do esfregaço obtido pela coleta utilizando a técnica de Papanicolau. Apesar dos avanços tecnológicos para detectar o câncer precocemente, ainda é alto o número de mulheres que não procuram um serviço de saúde, para realizar este exame. Muitas vezes quando procuram assistência médica, já estão com a doença em estágio avançado, reduzindo assim as chances de cura e/ou sobrevida1,16. As mulheres percebem o exame de prevenção como uma forma de se cuidar, demonstram preocupação e interesse com a saúde, apesar disso, algumas mulheres buscam assistência a partir do aparecimento de sintomas, supostos fatores de risco como infidelidade e hereditariedade, sempre exaltando a vergonha da exposição do genital como fator de dificuldade em realizar o exame17. Dentre as idosas participantes desta pesquisa, 58% referiram não fazer o exame preventivo. Quando P r e v e n ç ã o d o c â n c e r d e m a m a eA cRé rTv iIcG o -O u t eO r i nRo IeG m I iN d oA s aLs questionadas sobre o exame, a maioria disse que por não ter vida sexual ativa (70%) não era preciso fazer o exame de prevenção do câncer de colo uterino. Alguns estudos corroboram com os achados desta investigação, em que se identificou que 56,3% e 23% das mulheres nunca realizaram este exame, respectivamente15,18. uterino, não realizam estes exames de forma rotineira o que aponta vulnerabilidade para essas doenças e a necessidade de intervenção educativa do enfermeiro para incentivo ao autocuidado com adoção de hábitos para prevenção de doenças, manutenção e promoção da saúde. Verifica-se que o controle do câncer de mama e do câncer cérvico-uterino depende de ações voltadas para a área de promoção da saúde e prevenção dessas doenças. Nesse sentido, o enfermeiro possui papel relevante nessas ações em todos os níveis de atenção à saúde, sendo de sua competência a divulgação de informações sobre os fatores de riscos, desenvolvimento de ações de prevenção e detecção precoce mediante a realização de consulta ginecológica e exames preventivos, além do incentivo a hábitos de vida saudáveis, possibilitando uma assistência de enfermagem de qualidade a essa clientela10,19. REFERÊNCIAS No entanto, um estudo que aborda as dificuldades de adesão dos indivíduos aos comportamentos preventivos, destaca a necessidade dos enfermeiros que atuam na prevenção de neoplasias femininas levarem em consideração os valores culturais, as atitudes e as crenças dos grupos sociais envolvidos nos cuidados à saúde. Além disso, evidencia-se a importância da inserção das mulheres no planejamento dos seus cuidados, informado-as sobre sua capacidade de autocuidado o que as tornam mais aptas a desenvolver conscientemente um papel de autoproteção tendo oportunidade de enxergar e transformar a realidade em que estão inseridas, consequentemente, facilitando a adesão dessa clientela às práticas preventivas20,5. Portanto, as abordagens educativas devem estar presentes no processo de trabalho do enfermeiro, seja em momentos coletivos, como grupos, seja em momentos individuais de consulta, sendo imprescindível a disseminação da necessidade dos exames e da sua periodicidade, bem como dos sinais de alerta que podem significar câncer1. CONCLUSÃO No presente estudo, houve prevalência de idosas na faixa etária dos 60 a 69 anos, viúvas e com ensino fundamental. Quanto aos hábitos e estilo de vida, a maioria negou tabagismo e consumo de bebidas alcóolicas, disseram não praticar atividade física e não ter vida sexual ativa. As idosas apresentaram menarca dos 13 aos 15 anos, menopausa dos 50 aos 59 anos e não fazem terapia de reposição hormonal. No que se refere à prevenção do câncer de mama, 50% das idosas relataram nunca ter realizado o autoexame das mamas e 40% não fazem o exame de mamografia. Quanto à prevenção do câncer cérvico-uterino, a maioria não faz o exame citopatológico (Papanicolau). Conclui-se que embora a maioria das idosas considere importante a prevenção do câncer de mama e cérvico- 1. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013. [acesso em 15 jan 2016]. Available from: http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/controle_canceres_ colo_utero_2013pdf 2. World Health Organization (WHO). 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Os artigos selecionados foram analisados, gerando a síntese do conhecimento sobre o assunto. Resultados: Foram selecionados 12 artigos, organizados em duas categorias para análise: 1) A segurança do paciente, em que se abordam conceitos relacionados; 2) Prevenção de queda em pacientes hospitalizados. Conclusão: Na busca da melhor evidência em relação à prevenção de queda em paciente hospitalizado e à segurança do paciente, ficou evidenciada a grande importância da vigilância aos pacientes, da identificação dos riscos aos quais estão submetidos e do ambiente em que estão, já que contribuem para a ocorrência do evento queda. Palavras-chave: Segurança do Paciente; Acidentes por Quedas; Indicadores de Qualidade em Assistência à Saúde. ABSTRACT Objective: To identify the scientific productions on the prevention of falls in patients hospitalized as a quality indicator. Method: integrative review conducted in 2014, in the Virtual Health Library, using the descriptors: “Patient Safety”, “Accidental Falls” and “Quality Indicators, Health Care”, crossing them with the descriptor “Quality Management”. It sought to articles published between 2009 and 2014 that address on the need to study. Data were collected through a previously designed instrument. Selected articles were analyzed, generating the synthesis of knowledge on the subject. Results: 12 articles were selected, organized in two categories for analysis: 1) Patient safety, which discusses related concepts; 2) Fall prevention in hospitalized patients. Conclusion: In search of the best evidence in relation to the fall in hospitalized patients as a quality indicator, it was evidenced the importance of surveillance of patients, identifying the risks they face and the environment they are in, that contribute to the occurrence fall event. Keywords: Patient Safety; Accidental Falls; Quality Indicators, Health Care. NOTA 1 Enfermeira, Aluna do Mestrado Profissional de Enfermagem Assistencial da Universidade Federal Fluminense- UFF. Niterói, RJ, Brasil. E-mail: lima.beatricedebarros@gmail. com 2 Enfermeira, Doutora, Professora da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa - EEAC/UFF, Niterói, RJ, Brasil. E-mail: [email protected] Os autores declaram que há conflitos de interesse associados ao desenvolvimento dessa pesquisa. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 35 36 Lima BB, Brum AKR INTRODUÇÃO A segurança do paciente tem integrado a agenda dos encontros científicos dos profissionais da saúde e a pausa de reuniões gerenciais nos serviços de saúde. O movimento mundial pela segurança do paciente e iniciativa voluntária das instituições que prestam este tipo de serviço, em direção à busca de certificação de qualidade, tem contribuído para o crescente interesse pela temática. A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2004, demonstrando preocupação com a situação, criou a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente (World Alliance for Patient Safety). Os objetivos desse programa, que passou a chamar-se “Patient Safety Program”, eram, entre outros, organizar os conceitos e as definições sobre a segurança do paciente e propor medidas para reduzir os riscos e mitigar os eventos adversos1. A busca pela qualidade da atenção não é um tema novo e foi o documento publicado pelo Institute of Medicine (IOM), intitulado “Errar é humano: construindo um sistema de saúde mais seguro” (To err is Human: building a safer health system), em 1999, que despertou a preocupação por uma das dimensões da qualidade: a segurança do paciente. A publicação constatou que entre 44.000 e 98.000 pacientes morriam a cada ano nos hospitais dos EUA, em virtude dos danos causados durante a prestação de cuidados à saúde1,2. A OMS define segurança do paciente como a redução ao mínimo aceitável do risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde. O mínimo aceitável corresponde àquilo que é possível realizar em termos de cuidado, com base no conhecimento atual e nos recursos disponíveis, frente ao risco de não tratar ou de optar por outro tratamento1-3. Em instituições hospitalares, as equipes de enfermagem são as principais fontes de cuidado e apoio aos pacientes e familiares nos momentos mais vulneráveis de suas vidas, desempenhando um papel central nos serviços fornecidos aos pacientes. Em razão disso, os profissionais de enfermagem concentram grande parte das atividades e dos processos de atendimento nos serviços de saúde, o que determina um alto envolvimento desta equipe nas falhas que ocorrem na assistência ao paciente, tais como erros de medicação, queda do paciente, extubação, queimaduras durante procedimentos, hemorragias por desconexão de drenos e cateteres, úlceras por pressão, infecções, erros em hemotransfusões, entre outros4. Diante da dimensão do problema e da gama de processos envolvidos para se alcançar o cuidado seguro, foi criada a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, e a OMS, numa parceria com a Comissão Conjunta Internacional (Joint Commission International- JCI), vem incentivando a adoção das Metas Internacionais de Segurança do Paciente (MISP) como uma estratégia para orientar as boas práticas para a redução de riscos e eventos adversos em serviços de saúde. As seis primeiras metas são direcionadas para REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 prevenir situações de erros de identificação de pacientes, falhas de comunicação, erros de medicação, erros em procedimentos cirúrgicos, infecções associadas ao cuidado e quedas dos pacientes2. O conhecimento acerca dos tipos de eventos depende diretamente das estratégias de notificação das ocorrências e de processos de revisão de prontuários implantados nos serviços de saúde. Os estudos desenvolvidos adotam diferentes formas de apresentação e de classificação dos eventos em foco, de forma a melhor atender aos seus propósitos específicos. São necessárias estratégias para reduzir os danos aos pacientes. Isso significa desenvolver pesquisas direcionadas a identificar os melhores mecanismos de prevenção, modos eficazes de difusão de novas ideias e entusiasmo na adoção delas. Garantir segurança no cuidado é um enorme desafio para os serviços de saúde. As quedas estão entre os principais eventos adversos a serem prevenidos em instituições de saúde. Entre os pacientes idosos hospitalizados ou em cuidados domiciliares, elas estão entre as causas mais comuns de injúrias, provocando traumas teciduais, fraturas e até mesmo a morte5. Queda significa deslocamento não-intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial, provocado por circunstâncias multifatoriais, resultando ou não em dano. Considera-se queda quando o paciente é encontrado no chão ou quando, durante o deslocamento, necessita de amparo, ainda que não chegue ao chão. A queda pode ocorrer da própria altura, da maca/cama ou de assentos (cadeiras de rodas, poltronas, cadeiras cadeira higiênica, banheira, trocador de fraldas, bebê conforto, berço etc.), incluindo vaso sanitário6. Além dos danos físicos e emocionais, as quedas afetam a confiança do paciente e da família nos serviços de saúde, assim como acarretam custos desnecessários aos serviços pelo aumento do tempo de hospitalização, intervenções, tratamento e exames para reduzir os possíveis danos causados aos pacientes. Existem vários fatores de risco associados às quedas de pacientes, entre eles destacam-se a idade, pluralidade de patologias, mobilidade física prejudicada, presença de doença aguda, equilíbrio prejudicado e estado mental diminuído. Muitas vezes, esses fatores estão agravados pelo uso de medicamentos, alterações cognitivas e procedimentos médicos que aumentam a vulnerabilidade para a ocorrência de quedas5. Aspectos ambientais e de recursos humanos também são apontados como fatores de risco para quedas de pacientes. Nesse contexto, essa pesquisa objetivou contribuir para uma maior compreensão do evento queda e sua prevenção como segurança do paciente. MÉTODO Para elaboração desta pesquisa foi utilizada a metodologia da revisão integrativa, por ser a mais P r e v e n ç ã o d e q u e d a e s e g u r a n ç aA dRo Tp Ia cGi eO n t eOh R o sIp G i t aI lN i zA a dLo ampla, dentre os métodos de revisão. Esse método de pesquisa permite a síntese de múltiplos estudos publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de uma área particular de estudo, além de apontar lacunas do conhecimento, que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos. Além disso, é um método valioso para enfermagem, pois por muitas vezes os profissionais não têm tempo para realizar a leitura de todo o conhecimento científico disponível devido ao alto volume quantitativo, bem como a dificuldade para realizar a análise crítica dos estudos7. A pesquisa foi realizada mediante o cumprimento das seguintes etapas: estabelecimento da questão de pesquisa, formulação dos critérios de inclusão e exclusão, definição das informações a serem coletadas dos textos selecionados, avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa, apresentação e síntese do conhecimento. A busca foi motivada através da seguinte questão: o que vem sendo produzido sobre prevenção de queda em paciente hospitalizado e a segurança do paciente? Os critérios de inclusão definidos foram: artigos científicos, com corte temporal de cinco anos (2009-2014), nos idiomas português, inglês e espanhol, disponíveis online para que pudesse ser feita a leitura do conteúdo integral. Foram excluídos os artigos repetidos, dissertações, teses, editoriais e os que não obedeceram aos pré-requisitos de inclusão. Para a busca na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), foram utilizados os descritores “segurança do paciente”, “acidentes por quedas” e “indicadores de qualidade em assistência à saúde”, cada um desses combinados ao descritor “gestão de qualidade em saúde”. O levantamento bibliográfico foi realizado de fevereiro a abril de 2014. Foi elaborado um instrumento para coletar e sintetizar as informações fundamentais para a revisão, cujas variáveis de interesse foram: autor, título, periódico em que foi publicado, data do estudo, objetivo, cenário, metodologia, principais achados e conclusões relacionadas à prevenção de queda com foco no tema segurança do paciente. A fase de avaliação dos artigos, com aplicação dos critérios de elegibilidade, isto é, exclusão das publicações desinteressantes para este estudo e pré-seleção daquelas relacionadas ao tema, consistiu na leitura dos títulos, em seguida, leitura do resumo e, finalmente, leitura integral. Os artigos selecionados para composição da amostra final foram analisados, gerando a síntese do conhecimento sobre o tema em estudo, que ocorreu por meio da caracterização dos estudos em quadro, seguido da apresentação de duas categorias que sintetizam os principais achados. Por fim, ocorreu a discussão de acordo com os resultados. RESULTADOS A figura 1 ilustra o esquema utilizado para a busca dos artigos selecionados neste estudo. Figura 1. Fluxograma representativo da pesquisa bibliográfica. Após a associação dos descritores, a busca resultou em 117 artigos, dos quais, após a aplicação dos critérios mencionados por meio da leitura dos títulos e resumos, foram pré-selecionados 77. Os artigos pré-selecionados foram lidos na íntegra e novos refinos foram executados, resultando em 12 artigos para composição da amostra final. O Quadro 1 apresenta as publicações selecionadas nesta revisão, segundo algumas variáveis de caracterização. A maior parte dos artigos selecionados para a revisão integrativa constavam nas bibliotecas PUBMED (n=9) e SCIELO (n=3); 91.6% (n=11) deles foram publicados em periódicos internacionais de língua inglesa, e o mais recente foi publicado em 2013. Em relação aos autores, a maioria pertencia à área médica (75%; n=9), enquanto 25% (n=3) eram da área de enfermagem. Quanto aos aspectos metodológicos, notou-se uma predominância de estudos descritivos. Todos os artigos descreviam, em seu conteúdo, aspectos relacionados à segurança do paciente no âmbito da prevenção de queda. No que tange ao objetivo proposto, os artigos evidenciaram a preocupação em reduzir a incidência de queda de pacientes hospitalizados nos pontos de assistência e o dano dela decorrente, por meio de implantação/implementação de medidas que contemplam a avaliação de risco do paciente, garantam o cuidado interdisciplinar em um ambiente seguro e promovam a educação do paciente, familiar e profissional. Dentre os aspectos discutidos nos artigos analisados, destacam-se melhores estratégias para a prevenção de queda com o programa de cultura de segurança. Notase que algumas medidas vêm sendo implementadas através de pesquisas, para que se possam criar barreiras que efetivem a segurança dos pacientes. São algumas das medidas: paciente e família como facilitadores, criar ou aprimorar ferramenta de avaliação de risco, melhoria contínua e principalmente um feedback informativo para o profissional da linha de frente do cuidado20. A maioria dos artigos teve como foco a educação permanente para a promoção da segurança e da cultura de segurança entre os profissionais e a recomendação de que as intervenções/ recomendações de prevenção de queda estejam em uma ferramenta eletrônica. Para alguns autores, a segurança do paciente é uma questão complexa, REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 37 38 Lima BB, Brum AKR Quadro 1- Publicações incluídas na revisão integrativa da literatura por país de realização do estudo, autores, ano, periódico, área de atuação dos autores e tipo de estudo. Brasil, 2014 País Autor/ano Periódico Área de atuação Tipo de estudo Susanne Hempel, Newberry S., Wang Z.,Booth M., Shanman R., Johnsen B., Shire V.,Saliba D., Spector W. D.,Ganz D.A. (2013) IAM Geatriatric Socicty Medicina Revisão Sistemática Japão Sachio Ohde,Mineko Terai, Aya Oizumi, Osamu Takahashi, Gautam A Deshpande, Miwako Takekata, Ryoichi Ishikawa, and Tsuguya Fukui (2012) BMC Health Serv. Rese. Medicina Estudo Observacional EUA10 Patricia DyKes, Evita Hou I-Ching, Jane Amia Annu Symposium R.Soukup, Frank Chang, and Stuart Proceeding Lipsitz(2012) Medicina (DNSC, RN) Caso controle EUA 8 9 Itália11 Claudio Terranova, Fabrizio Cardin, Bruno Amato and Carmelo Militello (2012) BMC Surgery Medicina Abordagem metodológica EUA12 Renee. Garrick, Alan Kliger and Beth Stefanchik (2012) Clini. J.Am. Soc. Nephrol Medicina Descritivo Juan Manuel Laguna Parras,M.ª Jesús, Arrabal-Orpez, Fernando Zafra- López, Francisco P. García- Fernández, Raquel R. Carrascosa- Corral, Mª Isabel Carrascosa-García, Francisco M. LuqueMartínez, José A. Alejo- Esteban (2011) Rincón Científico Enfermagem Descritivo EUA Sanjay Saint, Sarah L. Krein, Milisa Manojlovich, Christine P. Kowalski, Debbie Zawol and Kaveh G. Shojania (2011) National Institutes of Health Medicina Descritivo Reino Unido15 David James Griffin, Andrew Donovan, Nigel Hollister (2010) BMJ Case Report. Medicina Relato de caso EUA16 Eileen T. Lake,Jingjing Shang,Susan Klaus,Nancy E. Dunton (2010) Res. Nurs. Health Enfermagem Estudo observacional Brasil17 Miriam Cristina Marques da Silva da Paiva, Sergio Alberto Rupp de Paiva, Heloisa Wey Berti(2010) Revista da Escola de Enfermagem da USP. Enfermagem Estudo retrospectivo e descritivo Holanda18 Betsie Givan Gaal, Schoonhoven L., Hulscher E.J.L.M., Mintjes A.J.J.,Borm F. G., Koopmans R., Achterberg V.T. (2009) Bio Med Central Health Serv. Res Medicina Estudo randomizado de agrupamento. EUA19 Patricia C. Dykes,Diane L. Carroll, Ann C. Hurley, Angela Benoit, Blackfort Middleton (2009) J.Nevers. Adm. Medicina Métodos de análise de conteúdo de base Espanha13 14 e faz-se necessário abordar elementos que são informais ou implícitos na cultura de segurança, como é o caso do espaço geográfico. Os estudos norte-americanos descrevem abordagens promissoras de prevenção de queda, como: implementação de ferramentas para estratégias de adesão às recomendações de intervenções viáveis e, acrescentado a isso, um profissional referenciado para fortalecer as medidas preventivas adotadas. Os estudos desenvolvidos no Japão, Itália, Espanha, Reino Unido, Brasil e Holanda fortalecem os achados encontrados nos estudos Estados Unidos (USA). A pesquisa efetivada na Itália enfatiza uma avaliação clínica, REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 ambiental na admissão do paciente e uma abordagem multiprofissional junto a um membro da família. O estudo espanhol, por sua vez, descreve as diferentes variáveis do registro de queda, como idade, turno dos eventos (quedas), local e ocorrido. Um estudo brasileiro analisou a utilização do instrumento de comunicação das ocorrências de queda e, a partir disso, identificou a frequência, o tipo, a natureza e o período delas. DISCUSSÃO Para melhor compreensão da temática abordada foram propostas duas categorias: 1) Segurança do paciente e 2) Prevenção de queda em paciente hospitalizado. P r e v e n ç ã o d e q u e d a e s e g u r a n ç aA dRo Tp Ia cGi eO n t eOh R o sIp G i t aI lN i zA a dLo Segurança do paciente No que se refere à segurança do paciente, as definições e os conceitos são fundamentais na produção do conhecimento e na prática dos profissionais. O termo segurança do paciente é definido como a prevenção de lesões aos pacientes e dos eventos adversos decorrentes dos cuidados de saúde prestados por profissionais. Já o incidente é compreendido “como qualquer evento que possa reduzir a margem de segurança”21. As situações onde ocorrem erros ou falhas são denominadas incidentes e podem ou não provocar danos no paciente. Evento adverso é o incidente que atingiu o paciente e resultou num dano ou lesão, podendo representar um prejuízo temporário ou permanente e até mesmo a morte entre os usuários dos serviços de saúde3. O erro médico, por sua vez, é definido como o fracasso de uma ação que foi planejada, mas que não foi executada como deveria ser, ou a utilização de um planejamento errado para se alcançar um objetivo22,23. O erro pode conduzir a eventos adversos, podendo ser definidos como lesões causadas pelos cuidados prestados ao doente, em oposição à sua condição médica subjacente24. Contemporaneamente, percebe-se que a mídia de comunicação de massa tem veiculado, de forma mais acentuada, os erros ou falhas que ocorrem durante o atendimento aos pacientes. A informação sendo levada ao usuário pode despertar sua preocupação com as condições de segurança nos hospitais, clínicas e postos de atendimento, mas, ao mesmo tempo, pode cooptá-lo a aderir à vigilância de práticas seguras. O envolvimento do paciente e da família é uma das estratégias proposta pela OMS em busca de um cuidado seguro nos serviços de saúde¹. A cultura de segurança tem como definição o produto individual ou coletivo de valores, atitudes, percepções, competências e padrões de comportamentos que determinam o compromisso, o estilo e a competência de uma organização de saúde na promoção de segurança20. Ela impulsiona os profissionais a serem responsáveis pelos seus atos por meio de uma liderança proativa, na qual se potencializa o entendimento e se explicitam os benefícios, assegurando a imparcialidade no tratamento dos eventos adversos sem tomar medidas de punição frente à ocorrência deles20. As consequências das possíveis falhas nos sistemas de saúde trazem impactos negativos tanto para os pacientes e suas famílias, quanto para as organizações e para a sociedade. Estudos apontam que a ocorrência de eventos no processo de atendimento aos pacientes hospitalizados acarreta complicações na evolução de sua recuperação, aumento de taxas de infecções e do tempo médio de internação4. A estimativa de que, aproximadamente, uma em cada 10 admissões hospitalares resulta na ocorrência de evento adverso é alarmante, ainda mais se considerarmos que metade desses incidentes poderiam ter sido evitados, segundo estudos conduzidos em hospitais americanos4. No Brasil, um estudo realizado em três hospitais de ensino evidenciou a incidência de eventos adversos de 7,6%, dos quais 66,7% foram considerados evitáveis17. Prevenção de queda em paciente hospitalizado A hospitalização aumenta o risco de queda, pois os pacientes se encontram em ambientes que não lhes são familiares, muitas vezes são portadores de doenças que predispõem à queda (demência e osteoporose) e muitos dos procedimentos terapêuticos, como as múltiplas prescrições de medicamentos, podem aumentar esse risco6. Estudos indicam que a taxa de queda de pacientes em hospitais de países desenvolvidos variou entre 3 e 5 quedas por 1000 pacientes-dia. Segundo os autores, as quedas não se distribuem uniformemente nos hospitais, sendo mais frequentes nas unidades com concentração de pacientes idosos, na neurologia e na reabilitação8. As condições do ambiente e de equipamentos podem contribuir para a ocorrência de quedas, como pisos sem antiderrapante, falta de grades no leito e falta de barras de apoio no banheiro e no quarto do paciente. A vigilância constante de pacientes é um fator fundamental para a prevenção de quedas e existem evidências de que um adequado quadro de pessoal de enfermagem tem influência positiva para a redução das taxas de quedas entre pacientes hospitalizados. Estudos internacionais apontam uma associação significativa entre os quadros adequados de pessoal de enfermagem e as incidências de quedas5. Geralmente, a queda de pacientes em hospitais está associada a fatores vinculados tanto ao indivíduo como ao ambiente físico, entre os fatores vinculados ao paciente destacam-se: idade, avançada (principalmente idade acima de 85 anos), história recente de queda, redução da mobilidade, incontinência urinária, uso de medicamentos e hipotensão postural8. A equipe de enfermagem tem um papel importante na vigilância dos pacientes e na identificação de fatores de risco dos pacientes e do ambiente que contribuem para a ocorrência de quedas. Algumas práticas recomendadas incluem a utilização de pisos antiderrapantes, instalação de lâmpadas de segurança nos banheiros e corredores, uso de dispositivos de auxílio para deambulação com supervisão, instalação de barras no banheiro e no chuveiro, manutenção de grades no leito do paciente e reforço de orientação para acompanhantes dos pacientes que possuem diagnóstico de risco para quedas24. Maiores taxas de quedas foram associadas com menores números de horas de enfermagem por paciente por dia. Um estudo brasileiro evidenciou que à medida que se atribui mais pacientes para a equipe de enfermagem nas 24h, aumenta-se a incidência de quedas do leito entre os pacientes atendidos25. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 39 40 Lima BB, Brum AKR Uma pesquisa realizada em hospital privado, localizado na cidade de São Paulo, apresentou uma taxa de queda reduzida em 2008 - 1,45 por 1000 pacientes-dia, que estava associada à implantação de um protocolo de gerenciamento de quedas26. assistência de saúde mais segura. Tem-se desenvolvido diferentes ferramentas para manter o paciente mais seguro e, com isso, identificar métodos para reduzir os danos e os melhores mecanismos de prevenção. Garantir segurança no cuidado é um enorme desafio para os serviços de saúde. CONCLUSÃO REFERÊNCIAS A contribuição deste estudo para a saúde está em embasar o planejamento de estratégias voltadas para a segurança do paciente, principalmente na prevenção de queda dos que estão hospitalizados. Prevenção e proatividade são palavras importantes para cultura de segurança e impulsionam os profissionais a serem responsáveis pelos atos, por meio de uma liderança ativa. 1. World Heatlh Organization – WHO. World Alliance for Safety: Patient safety [Internet]. Geneva: WHO. 2009 [cited 2014 June 21]. Available from: http://www.who.int/patientsafety/ patients_for_patient/pfps_poster.pdf. As quedas são eventos comuns na população idosa e aumentam a morbimortalidade, tanto quanto o custo para a sociedade. A abordagem multidisciplinar pode ser efetiva e o objetivo é a redução da incidência de queda. A pesquisa nos permite alinhar medidas para o sucesso na qualidade e segurança da assistência em saúde, treinamento e padronização das tarefas. Na busca da melhor evidência em relação à queda em paciente hospitalizado como indicador de qualidade, ficou evidenciada a grande importância da vigilância dos pacientes, da identificação dos riscos a que estão submetidos e do ambiente em que estão, já que contribuem para a ocorrência do evento queda. A adoção de medidas preventivas, por meio de protocolos assistenciais, incentivo da notificação, assim como programas de educação permanente para equipe e para os pacientes e acompanhantes, são considerados estratégias efetivas para a redução dos índices de quedas nas instituições de saúde27. Os enfermeiros são elementos-chave no processo de evitar erros, impedir decisões ruins, referente aos cuidados e também de assumir um papel de liderança no uso de medidas para promover a segurança e qualidade do cuidado. O desenvolvimento de estratégias para a segurança do paciente no Brasil depende do conhecimento e cumprimento do conjunto de leis e regulamentações que regem o funcionamento do serviço de saúde e da sustentabilidade e do cumprimento de missão institucional desses serviços. Os gestores das instituições e toda equipe assistencial precisam estar atentos e ter empenho no cuidado livre de riscos e seguro para o paciente. A segurança não está ligada apenas ao fator humano, mas também a processos bem definidos, alinhados com todo o serviço, como o número de profissionais, ambiente, condições de trabalho, educação permanente, acesso à informação, dentre outros aspectos. Com os estudos sobre o tema segurança do paciente, percebe-se que são necessários mais conhecimentos acerca do tema e há interesse crescente em tornar a REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa (BR). Segurança do paciente e qualidade em serviço de saúde. Boletim Informativo [serial online]. 2013;1(1). Available from: http://portal.anvisa.gov. br/wps/wcm/connect/f72c20804863a1d88cc88d2bd5b3ccf0/ BOLETIM+I.PDF?MOD=AJPERES 3. Runciman W, Hibbert P, Thomson R., Schaaf TV, Sherman H., Lewalle P. Towards an International Classification for Patien Safety: Key concepts and terms. Int J Qual Health Care. 2009;21(1):18-26. 4. Joint Commission International - JCI. 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Available from: http://www.ncbi. nlm.nih.gov/pubmed/15629994 25. Sammer CE, Lykens K, Singh KP, Mains D Lackan NA. What is Patient Safety Culture? A review of the literature Journal Nursing Scholarship.2010;42(2):156-65. 26. Magalhães AMM. Carga de trabalho de enfermagem e segurança de pacientes em um hospital universitário [tese]. Porto Alegre: Universidade Federal de Rio Grande do Sul. 2012. 27. Correa AD, Marques IAB,Martinez MC, Santesso PL,Leão ER, Chimentão DMN. Implantação de um protocolo para gerenciamento de quedas em hospital: resultados de quatro anos de seguimento. Rev Esc Enferm [periódico na internet]. 2012, 46(1): 67-74. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 41 42 R E V I S Ã O I N T E G R AT I VA Ação antimicrobiana do fator de crescimento epidérmico em feridas: revisão integrativa Antimicrobial action of epidermal growth factor in wounds: integrative review Fernanda Pessanha de Oliveira1 • Miriam Marinho Chrizóstimo2 • Bruna Maiara Ferreira Barreto3 • Euzeli da Silva Brandão4 • Ana Karine Ramos Brum5 • Beatriz Guitton Renaud Baptista de Oliveira6 RESUMO Objetivo: Analisar evidências científicas sobre as apresentações farmacêuticas e os efeitos antimicrobianos do fator de crescimento epidérmico recombinante humano em feridas. Método: Revisão integrativa de literatura, nas bases de dados contidas no portal Biblioteca Virtual em Saúde e no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, com os termos úlcera varicosa, úlcera cutânea, úlcera da perna, infecção dos ferimentos e fator de crescimento epidérmico. Foram incluídos estudos experimentais ou quase-experimentais que abordassem como tema central avaliações da efetividade do fator de crescimento epidérmico no reparo tecidual de feridas. Foram utilizadas as recomendações CONSORT como indicador de qualidade metodológica dos artigos. Resultados: Foram incluídos sete estudos, avaliados a partir das categorias: apresentações farmacêuticas de fator de crescimento epidérmico recombinante humano e seus efeitos no processo de reparo tecidual de lesões e emprego de terapia antimicrobiana como coadjuvante no tratamento de feridas com fator de crescimento epidérmico recombinante humano. Os estudos apontaram para o uso coadjuvante de fator de crescimento epidérmico com antimicrobianos. Conclusão: Os estudos avaliados não apontaram para a presença de atividades antimicrobianas do fator de crescimento epidérmico recombinante. Palavras-chave: Enfermagem; Fator de crescimento epidérmico; Úlcera varicosa; Úlcera da perna; Infecção dos ferimentos. ABSTRACT Objective: To analyze scientific evidence about pharmaceutical forms and antimicrobial effects of recombinant human epidermal growth factor in wounds. Method: Integrative review, in databases contained on the website Virtual Health Library and Journals of Higher Education Personnel Improvement Coordination, with key words varicose ulcer, skin ulcer, leg ulcer, wound infection and epidermal growth factor. Experimental or quasiexperimental researchs about assessments related with the effectiveness of the epidermal growth factor in wound healing were included. CONSORT recommendations were used to evaluate the methodological quality of studies. Results: We included seven studies evaluated from the categories: pharmaceutical forms of recombinant human epidermal growth factor and its effects on wound healing process and employment antimicrobial therapy as an adjunct in the treatment of wounds with recombinant human epidermal growth factor. Studies indicated that epidermal growth factor should be used with others antimicrobial agents to fight wound infections. Conclusion: Studies have not indicated the presence of antimicrobial activity in recombinant epidermal growth factor. Keywords: Nursing; Epidermal growth factor; Venous ulcer; Leg ulcer; Wound infection. NOTA 1 Mestre em Ciências do Cuidado em Saúde pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Enfermeira da Educação Permanente do Hospital Badim (Rio de Janeiro, RJ, Brasil). E-mail: [email protected] 2 Doutora em Humanidades e Artes pela Universidade Nacional de Rosário (Argentina). Professora Adjunta 2 do Departamento de Fundamentos de Enfermagem e Administração (MFE) da Universidade Federal Fluminense (UFF) (Niterói, RJ, Brasil). E-mail: [email protected] 3 Mestre em Ciências do Cuidado em Saúde pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Professora Auxiliar I do Departamento de Fundamentos de Enfermagem e Administração (MFE) da Universidade Federal Fluminense (UFF) (Niterói, RJ, Brasil). E-mail: [email protected] 4 Doutora em Enfermagem pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professora Adjunta do Departamento de Fundamentos de Enfermagem e Administração (MFE) da Universidade Federal Fluminense (UFF) (Niterói, RJ, Brasil). E-mail: [email protected] 5 Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professora Associada do Departamento de Fundamentos de Enfermagem e Administração (MFE) da Universidade Federal Fluminense (UFF) (Niterói, RJ, Brasil). E-mail: [email protected] 6 Doutorado em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professora Titular do Departamento de Fundamentos de Enfermagem e Administração (MFE) da Universidade Federal Fluminense (UFF) (Niterói, RJ, Brasil). E-mail: [email protected] Artigo extraído do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado “Ação antimicrobiana do fator de crescimento epidérmico em feridas: Revisão Integrativa”, da aluna Fernanda Pessanha de Oliveira, apresentado ao Curso de Especialização Lato-Sensu em Controle de Infecções relacionadas à Assistência à Saúde, da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC), da Universidade Federal Fluminense (UFF) (Niterói, RJ, Brasil) em fevereiro de 2016. Não há conflitos de interesses por parte de nenhum dos autores deste trabalho. Não houve nenhum financiamento de empresas ou de órgãos governamentais para o desenvolvimento desta pesquisa. Os investimentos realizados são de responsabilidade dos autores, como pessoas físicas. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 F a t o r d e c r e s c i mA e nR t oTeIpG i dO é r mO i cR o eI m G If eNr iAd aLs INTRODUÇÃO Uma ferida é representada pela interrupção da continuidade de um tecido corpóreo, em maior ou em menor extensão, causada por qualquer tipo de trauma físico, químico, mecânico ou em decorrência de uma afecção clínica, que desencadeiam os mecanismos de defesa do indivíduo1. O cuidado com feridas envolve medidas de prevenção de transmissão de infecções, que são de especial revelância ao se refletir sobre o impacto que as lesões, sobretudo crônicas2, geram na vida dos pacientes e também nos gastos advindos dos tratamentos, imputados aos sistemas de saúde. Nos Estados Unidos, cerca de 6,5 milhões de pessoas sofrem com feridas crônicas, e cerca 25 bilhões de dólares são gastos anualmente para tratar complicações de saúde relacionadas às feridas3. No contexto do Brasil, essa realidade não é diferente. Embora dados brasileiros sejam pouco precisos, estima-se que quase 3% da população nacional são portadores de feridas crônicas, que se eleva para 10% nas pessoas com diabetes4. Sabe-se que algumas feridas evoluem para o estado de cronicidade. Para o manejo de lesões crônicas, é preciso ter em vista que o processo de cicatrização pode ser influenciado por diversos fatores, os quais podem acelerar ou retardar a reparação tecidual, caso estejam relacionados adequadamente ou não. Dentre esses fatores, destaca-se a presença de infecção5. O desenvolvimento de infecções em feridas crônicas pode determinar o prolongamento da fase inflamatória do processo de reparo tecidual. Por isso, considera-se que a diminuição da carga microbiana presente nas feridas crônicas a níveis inferiores aos característicos de infecção facilita o controle dos mediadores inflamatórios locais e sistêmicos6, reduzindo a inflamação. Diferentes patógenos podem atuar determinando infecções em feridas crônicas. Destacam-se Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa7-8, bem como Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis, Citrobacter freundii e Estreptococos b-hemolíticos do grupo B9. Tendo esses fatores em vista, muitas vezes faz-se necessário o emprego de curativos com potencial para debelar infecções em feridas crônicas. Recentemente, inúmeras tecnologias têm sido desenvolvidas com esse objetivo. Terapias a base de fator de crescimento epidérmico recombinante humano (rhEGF), também denominado sh-oligopeptídeo-1, são consideradas inovadoras no tratamento de feridas. Trata-se de um polipeptídeo de cadeia única, que tem um resíduo amino-terminal asparagina e um resíduo carboxilo- terminal arginina10, podendo ser obtido a partir de diferentes processos, dentre eles, a síntese por processos biotecnológicos, como a fermentação, através da bactéria E. coli. Seu mecanismo de ação envolve a atuação a nível celular através da interação com receptores EGF-R do tipo tirosina quinase, dando lugar a uma cascata de sinalização que resulta em uma sucessão de alterações bioquímicas, que determinam a regeneração tecidual11. Vale salientar que diversos estudos envolvendo a utilização de biomateriais contendo rhEGF evidenciaram boa tolerabilidade e segurança com o uso continuado em seres humanos ou em animais experimentais12-16. Entretanto, não se sabe se o emprego desses biomateriais exerce alguma atividade antimicrobiana direta ou indiretamente. Um estudo de revisão de literatura sugeriu que a combinação de apresentações farmacêuticas que envolvessem fatores de crescimento e antibióticos poderiam permitir uma terapia medicamentosa efetiva para a cicatrização de feridas crônicas17, indicando que os fatores de crescimento não apresentam tal efeito no reparo tecidual. Portanto, as questões de pesquisa que orientaram esse estudo foram: Quais apresentações farmacêuticas empregadas e efeitos antimicrobianos foram observados no tratamento de feridas crônicas com fator de crescimento epidérmico recombinante humano (rhEGF)? Assim, o objetivo deste estudo foi analisar evidências científicas sobre as apresentações farmacêuticas e os efeitos antimicrobianos do fator de crescimento epidérmico recombinante humano no tratamento de feridas. Este estudo faz parte do grupo de pesquisa Gestão da Formação e Qualificação Profissional: Saúde e Educação, na linha de pesquisa Qualificação profissional e produção do conhecimento no controle de infecção na assistência à saúde, vinculado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Cidadania e Gerência na Enfermagem (NECIGEN), do Departamento de Fundamentos de Enfermagem da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. MÉTODO Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, considerada um método que tem como finalidade sintetizar resultados obtidos em pesquisas sobre um tema ou questão, de maneira sistemática, ordenada e abrangente. É denominada integrativa porque fornece informações mais amplas sobre um assunto/problema, constituindo, assim, um corpo de conhecimento18. A revisão foi realizada a partir de levantamento bibliográfico eletrônico em todas as bases de dados contidas no portal Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), bem como no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), com a utilização de termos a partir das ferramentas Medical Subject Headings Section (MeSH), do PubMed/MEDLINE, e DeCS (Descritores em Ciências da Saúde), do Portal BVS: úlcera varicosa 77 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 43 44 O l i v e i r a F P, C h r i z ó s t i m o M M , B a r r e t o B M F , B r a n d ã o E S , B r u m A K R , O l i v e i r a B G R B (varicose ulcer), úlcera cutânea (skin ulcer), úlcera da perna (leg ulcer), infecção dos ferimentos (wound infection), fator de crescimento epidérmico (epidermal growth factor). Cabe destacar que por meio da BVS é possível realizar busca nas bases Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Índice Bibliográfico Espanhol de Ciências da Saúde (IBECS), Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Os critérios de inclusão foram estudos experimentais ou quase-experimentais que abordassem como tema central avaliações da efetividade do fator de crescimento epidérmico no reparo tecidual de feridas; estudos cuja coleta de dados se deu em qualquer nível de atenção à saúde, em português, inglês e espanhol, de qualquer ano de publicação, disponíveis gratuitamente online. Foram excluídos estudos com populações não humanas e textos repetidos nas diferentes bases de dados avaliadas. Empregou-se o operador boleano AND. A pesquisa foi realizada entre os dias 22 e 30 de janeiro de 2016. Inicialmente, os textos tiveram seus títulos e resumos avaliados quanto à adequação ao tema proposto e aos demais critérios de inclusão. Posteriormente, os artigos incluídos na pesquisa tiveram seus textos completos lidos, em busca de evidências a respeito de potenciais efeitos antimicrobianos do fator de crescimento epidérmico quando aplicado em feridas. Dessa forma, foram incluídos quatro artigos a partir das buscas na BVS (Figura 1) e dois artigos a partir das buscas no Portal de Periódicos da CAPES (Figura 2), totalizando seis artigos. Figura 1 – Fluxograma de busca de artigos na Biblioteca Virtual em Saúde. Niterói, 2016 Foram utilizadas as recomendações CONSORT (Consolidated Standards of Reporting Trials) como indicador de qualidade metodológica dos artigos19. Com base nas recomendações do CONSORT, os artigos foram classificados em três categorias: A – nos casos dos estudos preencherem valor igual ou maior que 80% dos critérios; B – nos casos de cumprimento entre 80 e 50% dos critérios estabelecidos e C – se houve cumprimento inferior a 50% dos critérios estabelecidos pelo CONSORT8. RESULTADOS Após a seleção e a leitura analítica dos artigos, foi organizado o quadro 1, com os principais dados de cada pesquisa: ano, país, método do estudo, tipo de ferida, apresentação do fator de crescimento epidérmico (rhEGF), aspectos relacionados à microbiologia das lesões avaliadas e classificação segundo recomendações CONSORT. Os resultados das buscas permitiram a seleção de seis artigos: dois ensaios clínicos randomizados duplo-cegos (28,57%), um ensaio clínico não randomizado (14,28%) e três estudos quase-experimentais (42,85%). Quatro artigos (57,13%) tratavam de úlceras de pé diabético, um (14,28%) de feridas de etiologia venosa e um (14,28%) de lesões oncológicas e venosas. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 77 78 Figura 2 – Fluxograma de busca de artigos no Portal de Periódicos da CAPES. Niterói, 2016 Três estudos (42,85%) envolveram a aplicação tópica de diferentes apresentações de rhEGF e três (42,85%) abordaram a aplicação peri e intralesional de rhEGF, com destaque para o produto Heberprot-P®. F a t o r d e c r e s c i mA e nR t oTeIpG i dO é r mO i cR o eI m G If eNr iAd aLs Quadro 1- Publicações incluídas na revisão integrativa da literatura por país de realização do estudo, autores, ano, periódico, área de atuação dos autores e tipo de estudo. Brasil, 2014 Ano/ País Método Tipo de ferida 2014/ México Ensaio clínico Úlceras randomizado de pé duplo-cego. diabético. 2012/ Argentina Estudo quase experimental. Úlceras de pé diabético. 2009/ Vietnã Estudo piloto quase experimental Úlceras de pé diabético. 1992/ Venezuela Ensaio clínico Úlceras de randomizado etiologia duplo-cego. venosa. 2009/ Venezuela Estudo quase experi-mental. Úlceras de pé diabético. Feridas oncolóEstudo piloto 1989/ Cuba gicas e de experimental. etiologia venosa. Apresentação do rhEGF Principais resultados e aspectos relacionados à CONSORT microbiologia das lesões Foram incluídos 34 pacientes no estudo, dos quais 15 foram randomizados para o grupo intervenção. Verificou-se que Determinar a mais úlceras alcançaram cicatrização completa, obtiveram eficácia e a redução de área e desenvolveram ilhas de epitelização no Pó liofilizado segurança de rhEGF grupo intervenção, com significância estatística. Heberprot-P® A em pacientes com O desenvolvimento de infecção severa foi um dos critérios (75µg). úlceras de pé de descontinuidade do estudo. Pacientes que desenvolveram diabético. infecção superficial foram tratados com antibioticoterapia. Após a injeção peri e intralesional de rhEGF, as feridas foram cobertas com curativo primário a base de prata iônica. Avaliar os resultados Foram analisados 124 pacientes, dos quais 91% dos do tratamento das pacientes apresentou resposta de granulação parcial. A taxa úlceras severas de resposta de granulação total obtida foi de 70,3%, com de pé diabético uma taxa de fechamento total das úlceras em 69,2% dos Pó liofilizado (Wagner 3-4) com pacientes. B Heberprot-P® fator de crescimento (75µg). Os pacientes com sinais de infecção na ferida receberam epidérmico antibioticoterapia. Dois pacientes desenvolveram infecção (Heberprot-P®) nos membros inferiores durante o tratamento, recebendo utilizado na prática antibioticoterapia. médica habitual. Foram avaliados no estudo 28 pacientes. Todos alcançaram Spray Easyef granulação das lesões. Verificou-se cicatrização completa Saesa em 56,5% dos pacientes. Não foram observadas reações Ointment®, alérgicas. (1ml de rhEGF Avaliar a eficácia e a Foram feitas culturas microbiológicas das feridas no a concentração segurança do rhEGF momento do recrutamento para inclusão no estudo, mas não de 0,005% na cicatrização de são fornecidos dados sobre que tipos de testes eram feitos. B e 9ml de úlceras de pé um Das 28 feridas avaliadas, 22 tiveram culturas microbiológicas um solvente pacientes diabéticos. positivas. O desenvolvimento de infecção na ferida durante o composto por estudo levou a exclusão do paciente da pesquisa. As feridas 20 mg de metilpassaram a receber o tratamento com Easyef e hidrocolóide parahidroxia partir do momento que eram consideradas limpas ou sem benzoato). infecção. Foram avaliados no estudo 18 pacientes, dos quais nove estavam no grupo intervenção. Houve redução de mais de Determinar o efeito 75% de área das úlceras em 30% dos pacientes tratados Creme de cicatrizante de com sulfadiazina de prata com EGF. Já no grupo tratado sulfadiazina EGF associado com apenas com sulfadiazina de prata, nenhum dos pacientes de prata 1% sulfadiazina de teve redução de área da ferida maior que 75%. Apesar disso, (10µg de rhEGF prata 1% comparada B não houve significância estatística. a cada 1g de com sulfadiazina de Os pacientes foram submetidos a estudos bacteriológicos creme) em prata isolada nas do exsudato das feridas. Os resultados apontaram presença frascos de 60g. lesões ulcerosas de de Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus, membros inferiores. mas os autores não relatam se os pacientes foram ou não submetidos à antibioticoterapia. Identificar e conhecer os resultados obtidos na aplicação de doses indicadas de Foram incluídos no estudo 70 pacientes, tendo sido Heberprot-P®, em evitada a amputação da extremidade em 72,8% dos casos. Pó liofilizado pacientes portadores Alcançaram a cicatrização total da ferida 40% dos pacientes. Heberprot-P® de lesões avançadas Os pacientes utilizaram antibióticos, quando se verificou C (doses de grau 5 da escala de essa necessidade. Foram utilizadas soluções antissépticas 0.075µg). Wagner, com ou sem durante a realização dos curativos. Todas as feridas tinham grau de isquemia algum grau de infecção local associado, achado esse, obtido associado, e para a partir da realização de culturas microbiológicas. os quais tenha sido considerada a amputação da extremidade. Avaliar o efeito Creme de terapêutico sulfadiazina cicatrizante da Foram avaliados oito pacientes. Em 50% dos casos, de prata 1% aplicação tópica alcançou-se remissão completa das lesões. C (10µg de rhEGF de rhEGF em Os autores não relataram aspectos relacionados à a cada 1g de úlceras cutâneas microbiologia das feridas. creme). de pacientes oncológicos. Objetivo do estudo 77 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 45 46 O l i v e i r a F P, C h r i z ó s t i m o M M , B a r r e t o B M F , B r a n d ã o E S , B r u m A K R , O l i v e i r a B G R B As avaliações, a partir das recomendações CONSORT, permitiram classificar um estudo no nível A (14,28%), no qual se enquadram estudos de elevada qualidade metodológica; três estudos no nível B (42,85%) e dois estudos como nível C (28,56%). DISCUSSÃO Os resultados da presente pesquisa foram organizados em duas categorias para discussão: “Apresentações farmacêuticas do fator de crescimento epidérmico (rhEGF)” e “Aspectos relacionados à microbiologia das lesões tratadas com rhEGF”. Categoria 1: Apresentações farmacêuticas do fator de crescimento epidérmico recombinante humano (rhEGF) e seus efeitos no processo de reparo tecidual de lesões Dos estudos incluídos na pesquisa, 33,33% (2/6), descreveram o uso de cremes de sulfadiazina de prata 1% acrescido de rhEGF20-21; 50% (3/6) tratavam com produto Heberprot-P®, desenvolvido para aplicação intra e perilesional22-24 e 16,66% (1/6) tratou com produto Easyef®, um spray contendo rhEGF13. No estudo realizado em 1992, na Venezuela20, foram realizados curativos com creme de sulfadiazina de prata contendo rhEGF em dez pacientes com úlceras venosas, cujos resultados de cicatrização foram comparados a dez pacientes com feridas tratadas unicamente com creme de sulfadiazina de prata. O produto aplicado no grupo intervenção era composto por 10µg de rhEGF em cada 1g de creme de sulfadiazina de prata. Os autores informaram que os percentuais de redução das úlceras tratadas com rhEGF foram maiores do que daquelas tratadas apenas com creme de sulfadiazina de prata, mas não houve significância estatística, o que é atribuído à amostra pequena20. Porém, outras avaliações quanto à estabilidade do produto não foram descritas, indicando que esse ponto pode ser um viés da pesquisa. Na publicação de resultados preliminares de um estudo quase-experimental, que também aplicou topicamente rhEGF associado a creme de sulfadiazina de prata, realizado em Cuba21, os autores também não descreveram a realização de avaliações em relação à estabilidade do produto aplicado. Foram avaliados oito pacientes. Desses, dois apresentavam úlceras radiogênicas, os quais alcançaram 100% e 70% de cicatrização de seus leitos lesionais. Cinco pacientes tinham úlceras derivadas de extravasamento de citostáticos, dos quais, três apresentaram respostas parciais de cicatrização e dois tiveram completa reepitelização. Por fim, um paciente tinha uma úlcera venosa e também alcançou 100% de epitelização. Vê-se, com isso, que em 57,14% dos pacientes obteve-se cicatrização completa. Outra apresentação tópica, disponível na Coréia, China e em alguns países da América do Sul, avaliada em um REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 77 78 dos estudos incluídos nessa revisão foi o Easyef Saesa Ointment®, produzido por Daewoong Pharmaceutical Co., Ltd. (Coréia). É um produto em spray, contendo, 1ml de rhEGF a 0,005% e 9ml de um solvente composto por 20 mg de metil-parahidroxibenzoato13. Avaliou-se a cicatrização de úlceras de pé diabético de 28 pacientes. Todas as lesões incluídas nesse estudo quase-experimental alcançaram 100% de cicatrização. Por sua vez, Heberprot-P®, um produto inovador contendo fator de crescimento epidérmico recombinante humano para infiltração peri e intralesional, na forma de pó liofilizado, foi desenvolvido em Cuba. Seu registro foi feito em 2006 e, em 2007, foi incluído na Lista Nacional Cubana de Medicamentos Básicos, sendo aprovado para comercialização. No ensaio clínico controlado randomizado duplo-cego realizado em 2014, no México22, a eficácia e a segurança da aplicação intra e perilesional desse produto três vezes por semana foi avaliada em comparação com a aplicação de um veículo (placebo) em clientes com úlceras de pé diabético durante oito semanas. Foram incluídos 34 pacientes, tendo ocorrido diferenças significativamente estatísticas no grupo intervenção quando comparado ao grupo controle, destacando-se os desfechos: cicatrização completa das úlceras, tendo ocorrido em quatro casos no grupo intervenção e em nenhum no grupo controle (p = 0,033); diminuição das áreas das feridas, de cerca de 12,5 cm2 no grupo intervenção e 5,2 cm2 no controle (p = 0,049); e formação de ilhas de epitelização no leito das lesões, que ocorreu em 28% dos casos no grupo intervenção e em 3% no grupo controle (p = 0,025). Já em um estudo quase-experimental desenvolvido na Argentina23, em 2012, avaliando o produto Heberprot-P® aplicado em 124 pacientes com úlceras diabéticas, verificou-se que 91% dos pacientes apresentaram resposta de granulação parcial, 70,3% teve suas lesões totalmente granuladas e 69,2% das lesões foram cicatrizadas. O tempo médio de cicatrização foi de 13 semanas. Da mesma maneira, em outro estudo quaseexperimental24 foram avaliados 70 pacientes com úlceras severas de pé diabético tratadas com Heberprot-P® em dias alternados. Dentre esses pacientes, as injeções intra e perilesionais conduziram a cicatrização completa em 28 casos (40%). Categoria 2: Emprego de terapia antimicrobiana como coadjuvante no tratamento de feridas com fator de crescimento epidérmico recombinante humano (rhEGF) Dos seis estudos analisados, 50% descreveram que pacientes com sinais de infecção nas lesões foram submetidos à antibioticoterapia22-24, pesquisas essas publicadas entre 2009 e 2014, o que pode indicar que a relevância deste aspecto nas avaliações das lesões vem sendo prioritariamente considerada mais recentemente. F a t o r d e c r e s c i mA e nR t oTeIpG i dO é r mO i cR o eI m G If eNr iAd aLs O estudo realizado em 1992, na Venezuela20, associou rhEGF à sulfadiazina de prata. É possível que alguma ação antimicrobiana tenha ocorrido devido à presença da prata, que tem ação bactericida. Os autores informam ter realizado estudos bacteriológicos a partir do exsudato das feridas avaliadas, tendo encontrado prioritariamente Pseudomonas aeruginosa (64,7%) entre as bactérias gram-negativas e Staphylococcus aureus (35,29%), entre as gram-positivas. Entretanto, não são encontradas no estudo associações entre os resultados das culturas microbiológicas e os resultados de cicatrização obtidos. Se fossem realizadas, essas avaliações teriam enriquecido significativamente o trabalho. Da mesma forma, em um estudo preliminar21, no qual se verificou uma associação de rhEGF com sulfadiazina de prata, não foram descritos aspectos microbiológicos, nem mesmo quanto a conhecida atividade bactericida da prata. Por outro lado, o estudo realizado no Vietnã13, em 2009, informou que as feridas apenas passaram a receber o curativo com Easyef Saesa Ointment® e uma cobertura secundária de hidrocolóide quando encontravam-se sem infecção. A presença de infecção na ferida na fase de recrutamento era um critério de exclusão, como o desenvolvimento de infecção na ferida durante o tempo de seguimento dos pacientes no estudo era um critério de descontinuidade. Assim, não foram feitas verificações relacionadas a potenciais ações antimicrobianas do rhEGF. No estudo que avaliou o produto Heberprot-P®, no México, em 201422, os autores afirmaram que a aplicação tópica de rhEGF em feridas crônicas é desaconselhada, pois as proteases do biofilme que, em geral, cobrem essas lesões podem degradar o produto. Nesse sentido, apesar do estudo ter um desenho que reflete grande qualidade metodológica, cabe destacar que não foram feitas avaliações laboratoriais para comprovar essa afirmação. Pacientes que desenvolveram infecção superficial nas feridas22 foram tratados com antibioticoterapia, e aqueles que apresentaram infecções severas foram descontinuados da pesquisa, indicando que o rhEGF não tenha ação antimicrobiana. O emprego de uma cobertura primária a base de prata iônica, após a injeção intra e perilesional de Heberprot-P®, pode ter colaborado para o controle de infecções22. Em outro estudo realizado na Argentina avaliando o Heberprot-P®23, considerou-se o desenvolvimento de infecção superficial nas feridas como evento adverso e os pacientes que enfrentaram esse circunstância receberam antibioticoterapia, corroborando ausência de ação antimicrobiana do rhEGF. Os autores não descreveram claramente qual via foi empregada para administração dos antimicrobianos, mas informaram que, nos casos em que esse tratamento foi necessário, os pacientes foram internados, dando a entender que os antimicrobianos foram administrados por via parenteral. Da mesma forma, em pesquisa realizada em 200924, os autores informaram que os pacientes com infecção receberam antibioticoterapia e também não relataram claramente qual via foi empregada, registrando apenas que os pacientes foram internados para tratamento. Além disso, os curativos foram realizados com uso de soluções antissépticas. Verificou-se que havia contaminação microbiana em todas as lesões avaliadas por meio de culturas. CONCLUSÃO Considerando que, em geral, os artigos apontaram para o uso de medicações antimicrobianas nos casos em que as feridas apresentaram características de infecção, além do uso de fator de crescimento epidérmico recombinante humano (rhEGF), pode-se inferir que este produto não apresenta atividade antimicrobiana quando aplicado em feridas crônicas. Sugere-se a realização de ensaios clínicos randomizados controlados com rigor metodológico, que avaliem a efetividade de diferentes apresentações de rhEGF, em diferentes tipos de lesões crônicas. Destaca-se, nesse sentido, a necessidade de uma assistência integral ao paciente, com a inclusão da realização de estudos observacionais que promovam avaliações microbiológicas com vistas a comparar as espécies bacterianas presentes tanto nas feridas tratadas com rhEGF, bem como naquelas tratadas com placebos ou terapias padrões. REFERÊNCIAS 1. Brito KK et al. Feridas Crônicas: Abordagem da Enfermagem na produção científica da pós-graduação. Rev Enferm UFPE Online. 2013; 7(2):414-21. 2. Guo S, DiPietro LA. Factors Affecting Wound Healing. J Dent Res. 2010; 89(3): 219-29. 3. Wong VW, Gurtner GC. Tissue engineering for the management of chronic wounds: current concepts and future perspectives. Exp Dermatol. 2012; 21(10): 729–734. 4. Silva FAA et al. Enfermagem em estomaterapia: cuidados clínicos ao portador de úlcera venosa. Rev Bras Enferm. 2009; 62(6): 889-93. 5. Downe A. Use of Urgotul SSD® to reduce bacteria and promote healing in chronic wounds. 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REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 77 78 R E V I S Ã O I N T E G R AT I VA Impacto da úlcera de perna na qualidade de vida de idosos: uma revisão integrativa Impact of leg ulcer on quality of life of elderly:an integrative review Ana Paula Cardoso Tavares1 • Eliane da Silva Pereira2 • Selma Petra Chaves Sá3 RESUMO Objetivo: Analisar as evidências científicas acerca do impacto da úlcera de perna na qualidade de vida de idosos. Método: Trata-se de uma revisão integrativa cujo levantamento foi realizado nas bases de dados LILACS, BDENF, IBECS, MEDLINE (via BVS) e na MEDLINE (via PubMed). Os critérios de inclusão foram: artigos em português, inglês e espanhol, na íntegra e on-line, publicados no período de 2010 a 2015. O critério de exclusão estabelecido foi: artigos repetidos em diferentes bases e revisões sistemáticas. Após a análise das publicações na íntegra quanto aos critérios instituídos, apenas 10 estudos atenderam às exigências. Resultado: Em geral, os estudos mostraram a dor, o distúrbio do sono, os sintomas depressivos e a mobilidade restrita como fatores que contribuem para a diminuição do padrão de qualidade de vida dos idosos com úlceras de perna. Conclusão: Torna-se fundamental a elaboração de estratégias que visem à implementação de uma assistência voltada para a melhora da qualidade de vida dos idosos com úlceras de perna. Palavras-chave: Idoso; Qualidade de vida; Úlcera da perna. ABSTRACT Objective: Analyze the scientific evidence on the impact of leg ulcers on quality of life of the elderly. Method: This is an integrative review whose survey was conducted in the databases LILACS, BDENF, IBECS, MEDLINE (via BVS) and MEDLINE (via PubMed). Inclusion criteria were: articles in Portuguese, English and Spanish in its entirety and online, published from 2010 to 2015. The established exclusion criteria were: articles repeated on different bases and systematic reviews. After reviewing the publications in full as the established criteria, only 10 studies met the requirements. Results: In general, the studies have shown the pain, the sleep disorder, depressive symptoms and restricted mobility as factors contributing to the decline in the quality of life of elderly patients with leg ulcers. Conclusion: It is essential the create strategies to implement a targeted assistance to improve the quality of life of elderly patients with leg ulcers. Keywords: Aged; Quality of life; Leg ulcer. NOTA 1 Enfermeira. Aluna do Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde, da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa/ Universidade Federal Fluminense. Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa/Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil. E-mail: [email protected]. 2 Enfermeira. Aluna do Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde, da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa/ Universidade Federal Fluminense. Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa/Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil. E-mail: [email protected]. 3 Pós-doutora em Enfermagem. Professora Titular da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa/Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil. E-mail: [email protected] REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 49 50 Ta v a r e s A P C , P e r e i r a E S , S á S P C INTRODUÇÃO As úlceras de membros inferiores são lesões que podem surgir espontaneamente ou de forma acidental, relacionadas a processos patológicos sistêmicos ou no membro afetado e que não cicatrizam em determinado intervalo de tempo. Causam dor e reduzem a capacidade de deambular, resultando em dependência, perdas econômicas e isolamento social devido à aparência e odor desagradável1. Essas úlceras podem levar meses ou mesmo anos para curar; quando curadas, cerca de dois terços dos indivíduos experimentam a recorrência da úlcera, uma vez que a causa subjacente é, muitas vezes, a insuficiência venosa crônica2. Estima-se que as úlceras de perna afetam de 1% a 2% da população mundial, sendo mais frequentes em indivíduos acima de 65 anos3. Isso ocorre devido às condições mais propensas ao desenvolvimento de lesões por indivíduos mais velhos, como a presença de doenças vasculares, insuficiência venosa, pressão arterial descontrolada e diabetes mellitus4. O longo período de convivência com uma ferida ocasiona uma série de dificuldades a serem enfrentadas por seus portadores, e tais alterações envolvem os diversos aspectos da vida desse indivíduo5. Essas alterações provocam a desmotivação e a incapacidade para o autocuidado e para as atividades de vida e de convívio social6. Considerando as mudanças decorrentes do processo de envelhecimento, a presença da úlcera de perna torna-se um agravante ao bem-estar do idoso, podendo ser um fator interferente em sua qualidade de vida. Atualmente, há uma maior preocupação com a qualidade de vida dos indivíduos com úlcera de perna, principalmente os idosos. Em vista disso, torna-se fundamental pesquisar o impacto da úlcera de perna na qualidade de vida dos idosos com o intuito de elaborar estratégias para a implementação de uma assistência voltada para a necessidade desses indivíduos. Mediante o exposto, foi elaborada a seguinte pergunta de pesquisa: Quais são as evidências encontradas na literatura científica sobre o impacto da úlcera de perna na qualidade de vida dos idosos? Esta pesquisa, assim, possui como objetivo: analisar as evidências científicas acerca do impacto da úlcera de perna na qualidade de vida de idosos. MÉTODO Trata-se de um estudo descritivo de abordagem qualitativa a partir de um levantamento bibliográfico. Para a elaboração deste estudo optou-se pela Revisão Integrativa. A Revisão Integrativa é uma estratégia que permite a síntese de informações sobre determinada temática, através da análise rigorosa de dados de pesquisas de diferentes metodologias7. Esse método consta de 6 etapas importantes: 1) elaboração da pergunta norteadora; 2) busca ou amostragem na literatura; 3) coleta de dados; 4) análise REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 crítica dos estudos incluídos; 5) discussão dos resultados; 6) apresentação da revisão integrativa7. A primeira etapa é constituída pela elaboração da pergunta norteadora, conforme já mencionado: Quais são as evidências encontradas na literatura científica sobre o impacto da úlcera de perna na qualidade de vida dos idosos? A segunda etapa refere-se à busca ou amostragem na literatura, a qual foi realizada na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) nas bases de dados LILACS, BDENF, IBECS e MEDLINE. Optou-se, também, pela busca no portal PubMed na base de dados MEDLINE devido à disponibilidade de um quantitativo maior de estudos. A busca ocorreu no mês de fevereiro de 2016. Os vocábulos utilizados foram os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), usados na BVS e os Medical Subject Headings (MeSH) utilizados na PubMed. Foram usados os seguintes DeCS: “idoso”, “qualidade de vida”, “úlcera da perna”, e os seguintes MeSH: “aged”, “quality of life”, “leg ulcer”. A busca foi realizada com os descritores associados através do operador booleano “AND”. Ainda na segunda etapa, deve-se expor os critérios de inclusão e exclusão dos estudos. Assim sendo, os critérios de inclusão foram: artigos em português, inglês e espanhol, na íntegra e on-line, publicados no período de 2010 a 2015. O critério de exclusão estabelecido foi: artigos repetidos em diferentes bases e revisões sistemáticas. A terceira etapa consiste na coleta e organização dos dados extraídos dos estudos selecionados. Nesta etapa, as informações foram organizadas e sumarizadas para melhor manejo. As informações foram tabuladas nas Tabelas 1 e 2 apresentadas nos resultados do presente estudo. A quarta etapa abrange a análise crítica da evidência dos estudos selecionados. Para isso, foi empregado o sistema de hierarquia dos níveis de evidências, porém, devido aos critérios de inclusão e exclusão do estudo, o nível I e o nível V não serão considerados para o estudo. Nível I − evidências provenientes de revisão sistemática ou metanálise de ensaios clínicos randomizados controlados ou oriundos de diretrizes clínicas baseadas em revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados controlados; nível II − evidências derivadas de pelo menos um ensaio clínico randomizado controlado; nível III − evidências obtidas de ensaios clínicos sem randomização; nível IV − estudos de coorte e caso-controle; nível V − revisão sistemática de estudos descritivos e qualitativos; VI − evidências derivadas de um estudo descritivo e/ou qualitativo; nível VII − opinião de autoridades ou relatório de comitês de especialistas8. Na quinta etapa foram realizadas a interpretação e a discussão dos resultados obtidos acerca do impacto da úlcera de perna na qualidade de vida dos idosos. A sexta etapa finaliza o estudo apresentando a revisão e a síntese das evidências sobre o do impacto da úlcera de perna na qualidade de vida dos idosos. e p eOr nRa IeG m Ii N d oA s oLs AÚRl cTe rIaGd O O fluxograma a seguir apresenta o processo de seleção dos artigos. Os principais resultados identificados nos artigos selecionados são apresentados conforme demonstram as Tabelas 2 e 3. Com relação à temática dos artigos, pode-se dizer que todos abrangem o tema da revisão integrativa, uma vez que abordam evidências acerca do impacto da úlcera de perna na qualidade de vida de idosos. Analisando as produções quanto ao ano de publicação, observou-se que seis artigos foram publicados no ano de 2014, dois artigos no ano de 2013 e dois artigos no ano de 2012. Os anos de 2015, 2011 e 2010 não apresentaram estudos relacionados à temática. Os instrumentos utilizados nos estudos foram The 36Item Short Form Health Survey (SF-36), The 12-Item Short Form Health Survey (SF-12), The Venous Leg Ulcer Quality of Life Questionnaire (VLU-QoL-Br), Visual Analogue Scale (VAS), Nottingham Health Profile (PHN), Wuerzburg Wound Score (WWS) e Numeric Pain Scale (NPS). Esses instrumentos possuem como finalidade avaliar a qualidade de vida, mensurar o nível da dor causada pela úlcera e traçar o perfil de saúde do indivíduo. DISCUSSÃO A presente revisão integrativa identificou as principais evidências científicas acerca do impacto da úlcera de perna na qualidade de vida de idosos encontradas nas bases LILACS, BDENF, IBECS, MEDLINE, publicadas no período de 2010 a 2015. Figura 1 – Fluxograma do levantamento dos artigos. Niterói, RJ, Brasil, 2016. Os artigos incluídos após o levantamento bibliográfico estão distribuídos conforme mostra a tabela a seguir. RESULTADOS Os artigos selecionados foram organizados em duas tabelas para melhor visualização das informações. As úlceras de perna analisadas nos estudos selecionados apresentaram diversas etiologias, como insuficiência venosa, arterial, arteriovenosa, aterosclerose de membro inferior, traumática, neuropática, entre outras. A etiologia venosa foi a mais prevalente dentre as úlceras de membros inferiores, assim como descrito na literatura19. A maioria dos participantes dos estudos foram idosos, visto que estes são os indivíduos mais suscetíveis ao desenvolvimento de úlceras devido às alterações na fisiologia da pele decorrente do processo de envelhecimento e a possíveis fragilidades e dificuldades de locomoção. Tabela 1. Distribuição dos artigos de acordo com os periódicos selecionados nas bases de dados LILACS, BDENF, IBECS, MEDLINE no período de 2010 a 2015. Niterói, RJ, Brasil, 2016. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 51 52 Ta v a r e s A P C , P e r e i r a E S , S á S P C Tabela 3. Estudos selecionados no portal BVS. Niterói, RJ, Brasil, 2016. Quanto aos problemas relacionados à qualidade de vida, é importante destacar que a dor9-13,15-7,20-3, os distúrbios do sono/insônia11-2,20-3, a ideação suicida12, a ansiedade17, os sintomas depressivos24,12, a mobilidade restrita17,20-2,25 e o distúrbio da imagem corporal17 foram identificados como possíveis consequências causadas pela presença da úlcera de perna. Outras consequências foram encontradas na literatura, como isolamento social, estresse, humor negativo, restrições nas atividades de vida diária, podem estar presentes nesses indivíduos20-2,25,27. É de extrema valia que a enfermagem obtenha o conhecimento dos possíveis fatores que possam interferir nos aspectos da qualidade de vida dos idosos portadores de úlcera de perna, já que é a partir da identificação desses fatores que a enfermagem elabora suas estratégias de intervenção a fim de serem aplicadas e cooperarem para uma melhora da qualidade de vida. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 A maioria dos estudos analisados retrataram a dor como um dos principais problemas que acometem os indivíduos portadores de úlcera de perna e, consequentemente, afetam seu padrão de qualidade de vida. A dor é uma das principais queixas de quem tem uma lesão de continuidade na pele2930 . Ela ocorre em 28% a 65% das pessoas portadoras e, algumas vezes, é descrita como intensa1. Os estudos mostraram que a maioria dos pacientes relata dor relacionada à ferida, sendo que muitos não conseguem aliviar a dor com o uso de analgésicos9. A dificuldade para dormir devido à dor causada pela úlcera também foi identificada, sendo confirmada pela correlação significativa entre as variáveis dor da ferida e perturbações do sono11. Na pesquisa relacionada ao controle da dor, a maioria dos indivíduos foram predominantemente caracterizados por outros poderosos lócus de controle da dor (influências e p eOr nRa IeG m Ii N d oA s oLs AÚRl cTe rIaGd O Tabela 2. Estudos selecionados no portal PUBMED. Niterói, RJ, Brasil, 2016. externas como profissionais de saúde ou acaso)13, resultado também encontrado em um estudo realizado com uma escala de lócus de controle da dor em idosos29. O lócus interno foi afetado negativamente pela idade mais avançada e estágio da doença13. O lócus de controle da dor pode desempenhar um papel crítico na determinação da qualidade de vida em pacientes com úlceras de membros inferiores. A identificação de indivíduos com um perfil de controle da dor desfavorável (ou seja, relacionada unicamente com outros poderosos lócus ou modulada pelo acaso) permite a oportunidade de oferecer a esses pacientes uma atenção adequada como componente de um modelo holístico de cuidado13. É essencial que os profissionais estejam atentos aos sinais verbais e não verbais durante a realização do cuidado, pois o paciente pode apresentar dor relacionada à manipulação da úlcera. Neste caso, o profissional deve se concentrar em diminuir a dor, pois autores apontam que, durante o cuidado, é necessário se concentrar nos fatores que afetam a qualidade de vida do paciente1,30. Em relação ao padrão de qualidade de vida, as variáveis níveis mais elevados de dor, idade mais jovem, maior tamanho e maior duração da úlcera e dificuldade de locomoção foram associadas com baixos níveis de qualidade de vida10, assim como as variáveis causas da lesão, dor relacionada com as úlceras, tempo de início, e a gravidade dos sintomas depressivos, apresentaram influência16. Em relação aos escores obtidos pelas escalas de avaliação de QV, os componentes físico e mental apresentaram baixa e média pontuação, respectivamente. Corroborando em parte com este achado, outro estudo apresentou os escores baixos relacionados aos domínios de saúde mental e aspecto físico em pacientes com úlceras venosas31. A dor apresentou associação significativa com as variáveis idade mais jovem, vivendo com os outros, e artrite15. Os menores escores do componente físico apresentaram associação com o sexo feminino, etiologia da úlcera venosa / mista, úlceras maiores, maior tempo de úlcera, doenças cardiovasculares, artrite e maior intensidade de dor. Escores menores do componente mental da avaliação da qualidade de vida apresentaram associação com menor idade, maior tempo de úlcera, comorbidade e maior intensidade da dor15. A avaliação da QV realizada somente em pacientes com úlceras venosas apresentou escores associados à área total das úlceras e à menor escolaridade dos sujeitos independente da idade, do gênero, o tempo de úlcera ativa e do número de úlceras14. Porém, um estudo realizado no Uruguai mostrou um padrão de qualidade de vida pior em pacientes jovens, devido a um maior impacto em sua autoestima, renda etc32. Em relação ao impacto na qualidade de vida em pacientes com úlceras arteriais e venosas, foi observado um impacto maior no grupo de úlcera arterial do que em pacientes com úlcera venosa. Esse resultado foi observado tanto nos questionários genéricos, como nos específicos18. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 53 54 Ta v a r e s A P C , P e r e i r a E S , S á S P C É preciso compreender, portanto, a singularidade de cada indivíduo de forma a valorizar suas queixas e realizar intervenções adequadas para o conforto e melhoria da qualidade de vida do paciente. Além disso, é necessário lembrar que o idoso possui uma demanda de cuidado ainda maior, pois este, muitas vezes, possui seu quadro clínico agravado por consequência do processo de envelhecimento. CONCLUSÃO As úlceras de perna são consideradas um grave problema de saúde pública que afeta, principalmente, pessoas idosas. A presença da úlcera de perna no dia a dia desses indivíduos causa implicações biopsicossociais que provocam grande impacto na sua qualidade de vida. O objetivo da presente revisão integrativa foi identificar evidências científicas acerca do impacto da úlcera de perna na qualidade de vida de idosos nas bases LILACS, BDENF, IBECS, MEDLINE, publicadas no período de 2010 a 2015. Aponta-se como limitação do estudo o baixo nível de evidência dos artigos selecionados. É importante ressaltar que estudos com maiores níveis de evidência, como os ensaios clínicos randomizados, em sua maioria, buscam avaliar a efetividade de produtos e a cicatrização das úlceras, não possuindo como desfecho principal a qualidade de vida do paciente. Os fatores relacionados a um baixo padrão de qualidade de vida dos pacientes com úlceras de perna foram a dor, o distúrbio do sono/insônia, ideação suicida, ansiedade, sintomas depressivos, mobilidade restrita e distúrbio da imagem corporal. É preciso compreender que o processo de cuidar aborda o ser biopsicossocial, não se limitando apenas ao cuidar da lesão. É papel fundamental do enfermeiro estabelecer uma abordagem holística a esse paciente a fim de minimizar seu sofrimento e dor. Portanto, enfatiza-se que a realização de pesquisas sobre a temática é fundamental para a elaboração de estratégias que visem à implementação de uma assistência voltada para a melhora da qualidade de vida dos idosos com úlceras de perna. REFERÊNCIAS 1- Oliveira PF, Tatagiba BS, Martins MA, Tipple AF, Pereira LV. Avaliação da dor durante a troca de curativo de ulceras de perna. Texto Contexto-Enferm [Internet]. 2012 [acesso em 14 mar 2016]; 21(4):862-9. Disponível em: http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010407072012000400017&lng=pt. 2- Herberger K, Rustenbach SJ, Haartje O, Blome C, Franzke N, Schafer I, et al. Quality of life and satisfaction of patients with leg ulcers—Results of a community-based study. VASA [Internet]. 2011 [acesso em 14 mar 2016]; 40(2), 131–138. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21500178. 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Trata-se de um relato de experiência vivenciado no decorrer das práticas profissionais em um hospital de referência em trauma em Alagoas. Desde da implantação do Hospital em 2003 aos dias atuais, várias transformações foram acontecendo na prática hospitalar, como demanda de vítimas de acidentes ou violências, bem como ocorrências de óbitos foram aumentando. Simultaneamente a todas essas mudanças, vários questionamentos iam sendo feitos pelos próprios profissionais e familiares referentes à condução do corpo após o óbito. A partir da análise desta realidade, evidenciou-se a necessidade de definição de um fluxograma, com participação efetiva da equipe interdisciplinar, para facilitar a condução do corpo após o óbito. Portanto, o trabalho da equipe interdisciplinar no acolhimento aos familiares de vítimas de óbitos por causas externas caracterizou-se como uma estratégia de aperfeiçoamento pessoal, profissional e teórico/prático-científico, possibilitando redução do tempo para liberação do corpo da Unidade Hospitalar para o Instituto Médico Legal e, posteriormente, velório e sepultamento. Palavras-chave: Comunicação Interdisciplinar; Acolhimento; Morte; Relações Profissional-Família; Causas Externas. ABSTRACT The external causes’ aggravation annually kill more than 5 million people worldwide, representing about 9% of global mortality. This study aimed to describe the experience lived by the reception staff to family victims’ external causes in a referral trauma specialized hospital in Alagoas. Since the deployment - in 2003 - until today, several changes were happening in hospital practice, as demand for victims of accidents or violence and occurrences’ deaths were being increased. Simultaneously, with all these changes, many questions were being made by professionals themselves and their families regarding the conduct of the body after death. From the analysis of this reality, it showed the indispensability on defining a flow chart, with the effective participation of an interdisciplinary team, to facilitate body conduction after death. Therefore, the work of the interdisciplinary team in welcoming these death’s parents characterized as personal development strategy, professional and theoretical / practical-scientific, enabling reduced time to release the body from the Hospital Unit to Forensic Institute and then wake and burial. Keywords: Interdisciplinary Communication; User Embracement; Death; Professional-Family relations; External Causes. NOTA 1 Enfermeiro. Mestrando do Programa de Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial (MPEA) da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC) da Universidade Federal Fluminense (UFF). Professor do Centro Universitário Tiradentes (UNIT-Maceió). Professor da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL). Professor substituto da Universidade Federal de Alagoas (UFAL-Maceió). Enfermeiro Assistencial do Hospital de Emergência 1 Dr. Daniel Houly (HEDH). Membro do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Cidadania e Gerência e Enfermagem (NECIGEN). Maceió - AL, Brasil. E-mail: [email protected]. 2 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Coordenadora do curso de Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC) da Universidade Federal Fluminense (UFF). Docente Permanente do MPEA (EEAAC/UFF). Membro do NECIGEN. Niterói – RJ. Brasil. E-mail: [email protected]. 3 Enfermeira. Mestranda do Programa de Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial (MPEA) da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC) da Universidade Federal Fluminense (UFF). Enfermeira do Hospital Estadual Roberto Chabo. Membro do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Cidadania e Gerência e Enfermagem (NECIGEN). Saquarema - RJ, Brasil. E-mail: [email protected]. 4 Enfermeira. Mestranda do Programa de Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial (MPEA) da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC) da Universidade Federal Fluminense (UFF). Enfermeira do Instituto Nacional do Câncer (INCA – Ambulatório de Oncologia Clínica e Hematologia). Duque de Caxias - RJ, Brasil. E-mail: [email protected]. 5 Enfermeira. Pós-Doutorado em Enfermagem. Coordenadora e Docente do Programa de Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial (MPEA), Professora do Curso de Graduação (EEAAC/UFF). São Gonçalo – RJ. Brasil. E-mail: [email protected]. 6 Enfermeira, Psicóloga e Filósofa. Doutora em Enfermagem. Vice – Coordenadora do Programa de Mestrado Ensino na Saúde (MPES) da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC) da Universidade Federal Fluminense (UFF). Docente Permanente do MPEA (EEAAC/UFF). Barra da Tijuca – RJ. Brasil. E-mail: [email protected]. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 A c o l h i m e n t o a o s f a m iA liR a rT e sI dGe Ov í t O i mR a sI dGe I óNb iA t oLs INTRODUÇÃO Os agravos que contemplam as causas externas, anualmente, matam mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo, o que representa cerca de 9% da mortalidade mundial. Causam, também, danos a outros milhões de sobreviventes, gerando repercussões de hospitalizações, bem como atendimentos ambulatoriais e de emergência1-2. Em 2011, no Brasil, dados do Ministério da Saúde (MS) mostraram que as causas externas vitimaram cerca de 145 mil pessoas, correspondendo à terceira maior causa de morte no país (12% do total), e foram responsáveis por cerca de 1 milhão de internações (aproximadamente 9% do total), sendo a quinta causa de internações no Sistema Único de Saúde (SUS), e, vale ressaltar, que as vítimas que não necessitaram de internação não fazem parte destes dados estatísticos3. No Brasil, o coeficiente padronizado de mortalidade por causas externas é muito maior entre homens (178 por 100 mil habitantes) do que entre mulheres (24 por 100 mil habitantes), sendo maiores entre homens mais jovens dentre 20 a 29 anos, em todas as regiões, e diminuindo com a idade, dando ênfase aos valores maiores nas regiões Norte e Nordeste4. Os acidentes e violências são considerados como um conjunto de agravos que podem, de acordo com a vulnerabilidade e fatores de riscos comportamentais, configurar-se ou não no óbito, isto é, passível e previsível de prevenção, e configuram-se como um problema de saúde pública5-6. Neste grupo de causas externas, incluem-se as lesões provocadas por eventos de transporte, suicídios, homicídios, agressões, envenenamentos, quedas, afogamentos, queimaduras, lesões por deslizamento ou enchente, e outras ocorrências provocadas por circunstanciais ambientais. Este conjunto de agravos está inserido na Classificação Internacional de Doenças – CID 10, catalogado no eixo das causas externas (capítulo XX da CID 10), entre outros (capítulo XIX da CID 10)3-7. Frente ao grau de relevância no contexto social, no que se remete às repercussões da mortalidade decorrente desses agravos, para emissão de dados confiáveis referentes à mortalidade, foi implantado no Brasil, na década de 1970 o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), no intuito de apresentar de forma gradativa e aprimorada dados mais precisos, gerando, assim, uma qualidade na informação8. Quanto à causa da morte, ainda hoje, as informações do SIM são afetadas pela presença de causas mal definidas (Capítulo XVII da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – Décima Revisão CID 10), assim como dos diagnósticos incompletos, que se constituem em causas residuais de Capítulos de causas bem definidas8,9. Atualmente, no Brasil, as investigações de óbitos por causas mal definidas que têm como agravos acidentes e violências, são de responsabilidade do Instituto Médico Legal (IML), que tem como finalidade tentar minimizar tais situações, emitindo laudos mais concretos e exatos sobre a real causa do óbito, corroborando uma informação mais confiável e precisa8,9. Os Hospitais de referência em Trauma em Alagoas seguem o mesmo fluxo do país, que, em casos de óbitos por causas de acidentes e violência, emite-se uma guia de transferência, na qual o corpo deve ser encaminhado para o IML para emissão de um laudo e, consequentemente, da Declaração de Óbito (DO), com a definição da causa8,9. Entretanto, sabe-se que, nos serviços de saúde, muitas vezes não existe um acolhimento humanizado aos familiares que passam por um momento crítico e de desestabilidade emocional devido à perda de um ente querido, no que se refere à concessão de informações claras e concisas sobre as etapas a serem percorridas, desde a liberação do corpo para o velório até o sepultamento, facilitando, assim, o caminho a ser percorrido pelos familiares10. Diante do exposto, o objetivo deste relato é descrever a experiência vivenciada pela equipe interdisciplinar no acolhimento aos familiares de vítimas de óbitos por causas externas em um hospital de referência em Alagoas. MÉTODO Trata-se de um relato de experiência vivenciado no decorrer das práticas profissionais em um hospital de referência em trauma em Alagoas, cuja trajetória histórica se deu no período de 2009 a 2015, no entanto, este foi descrito em 2015. Alagoas, um estado brasileiro, composto por 102 municípios, tendo como principais referências Maceió (Capital) e a segunda maior cidade do estado, Arapiraca; cada cidade foi intitulada como polo afim de descentralizar as ações e os serviços para os outros municípios. Da mesma forma, foram criados dois Institutos Médico Legal – IMLs – um em cada cidade, com intuito de favorecer laudos mais rápidos e precisos sobre os óbitos por acidentes e violências relacionadas, em geral, por causas externas. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2015), em 2015, Alagoas possui uma população estimada de 3.300.938 habitantes, sendo destes 1.013.773 habitantes em Maceió, e 231.053 habitantes em Arapiraca, isto é, praticamente 50% da população do estado habitam nessas duas cidades11. Diante disso, o estado implantou dois grandes serviços públicos de saúde de referência, o Hospital Geral do Estado (HGE), localizado na capital alagoana, tendo como referência situações de urgências e emergências clínicas e/ou traumáticas; e, na cidade de Arapiraca, foi implantado o Hospital de Emergência Dr. Daniel Houly (HEDH), referência para a segunda macrorregional em urgências e emergências apenas traumáticas. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 57 58 Souza WL, Escudeiro CL, Santos GS, Santos LM, Pereira ER, Silva RMCRA DESCREVENDO A EXPERIÊNCIA Breve contexto social, histórico e cultual da instituição O Hospital de Emergência Dr. Daniel Houly, situado na cidade de Arapiraca, município de Alagoas que está localizado a 101,87 Km da capital Maceió, na região agreste, e possui uma extensão territorial de 351,48 Km2 de acordo com a Associação dos Municípios Alagoanos (AMA). Arapiraca ficou conhecida, nos anos 70, como a “Capital do Fumo” por ser um dos maiores produtores de tabaco do país11. Desde sua implantação em 18 de julho de 2003, o HEDH é uma instituição pública especializada em atendimentos de urgências e emergências traumáticas. Atende a 56 dos 102 municípios de Alagoas, em um universo de aproximadamente 1.100.000 habitantes das regiões do Sertão, Agreste e Baixo São Francisco, buscando atender à grande demanda de usuários, tendo em vista a grande proliferação de acidentes de trânsito e a boa localização do município. Diante disso, vale considerar que entender o desenvolvimento da complexa organização denominada hospital e, ainda, como se dá o processo de configuração de um modelo de gestão, além de considerar o enfoque centrado no cliente pode proporcionar aos administradores brasileiros não um modelo a ser meramente copiado sem uma reflexão de sua aplicabilidade, em cada realidade, mas, sim, um norte de como os hospitais podem chegar a ser empresas proativas e com um modelo de gestão implantado de maneira consciente pelo grupo de poder12. Refletir, conhecer e viver sobre o processo de morte e morrer: transcendendo a forma tradicional do manejo do corpo em óbito A equipe interdisciplinar em saúde, de forma direta e/ou indireta, participa do processo de morte dos pacientes graves, ou mesmo do óbito súbito, principalmente com o sofrimento dos familiares durante as visitas diárias ao paciente grave, em fase terminal, ou no momento da notícia do óbito. O enfermeiro e o médico são os primeiros profissionais a identificarem o óbito, por serem os responsáveis pela assistência direta ao paciente crítico. Ao médico lhe é dado a incumbência de notificar o óbito13; ao enfermeiro e equipe de enfermagem, identificar sinais e sintomas de instabilidade hemodinâmica que possam levar ao óbito, bem como preparar o corpo após o óbito. Diante do óbito estabelecido, vale ressaltar a importância do psicólogo e do assistente social. O primeiro é acionado para apoiar emocionalmente os familiares, e ao segundo cabe a responsabilidade de acompanhar todas as etapas necessárias com o encaminhamento do corpo ao IML, bem como orientações sobre as etapas da liberação do corpo. Assim, todos os profissionais, contribuem de forma direta ou indireta para o acolhimento aos familiares de vítimas de óbitos por causas externas nesta instituição. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 Percebe-se que o impacto das causas externas de morbidades no Brasil é bastante relevante por todas as repercussões ocasionadas, seja no âmbito familiar ou social14. Nesta instituição, após o médico identificar o óbito, é realizado o preenchimento de três vias de um formulário denominado de guia de transferência do IML; o enfermeiro aciona a equipe do serviço social, que se responsabiliza em solicitar a presença da família no hospital, caso esta ainda não esteja no local, para dar seguimento às etapas. Estratégias implantadas para favorecer o cuidar e o acolher aos familiares de vítimas de óbitos por causas externas Desde sua implantação até os dias atuais, várias transformações foram acontecendo na prática hospitalar, como demanda de vítimas de acidentes ou violências, bem como ocorrências de óbitos foram aumentando. Simultaneamente a todas essas mudanças, vários questionamentos iam sendo feitos pelos próprios profissionais e familiares referentes à condução do corpo após o óbito. Diante disso, ao longo dos anos, a equipe do Serviço Social assumiu a responsabilidade pelo acolhimento e repasse das informações do óbito com orientações aos familiares quanto aos procedimentos de encaminhamento ao IML e liberação do corpo. A partir da análise desta realidade, evidenciouse a necessidade de definição de um fluxograma, com participação efetiva da equipe interdisciplinar, para facilitar a condução do corpo após o óbito, favorecendo a humanização em todas as etapas da vida, incluindo a morte, principalmente para com os familiares em momento de grande emoção, descrito em ANEXO 1 (FLUXOGRAMA DE CONDUÇÃO DO CORPO APÓS O ÓBITO NO HEDH). CONCLUSÃO O trabalho da equipe interdisciplinar no acolhimento aos familiares de vítimas de óbitos por causas externas em um hospital de referência em Alagoas caracterizou-se como uma estratégia de aperfeiçoamento pessoal, profissional e teórico/prático-científico, possibilitando redução do tempo para liberação do corpo da Unidade Hospitalar para o Instituto Médico Legal e, posteriormente, velório e sepultamento. Além de acréscimos de conhecimento na vida profissional enquanto prática, tornou-se um momento de construção de aquisição de valores sociais, culturais, humanísticos, éticos e logísticos, favorecendo o respeito ao corpo humano, mesmo em óbito, garantindo a aplicabilidade das diretrizes e princípios da humanização no Sistema Único de Saúde – SUS. Possibilitou, também, lançar luz sobre a vivência de novas estratégias de informação, novas teorias e novas formas de se fazer enfermeiro e integrar uma equipe interdisciplinar na busca de um cuidar e acolher com excelência. Assim, A c o l h i m e n t o a o s f a m iA liR a rT e sI dGe Ov í t O i mR a sI dGe I óNb iA t oLs a utilização do fluxograma de orientação de atividades, possibilitou à equipe interdisciplinar diminuir a ansiedade dos familiares, bem como facilitou a logística operacional da liberação/transferência do corpo para o IML e posterior sepultamento. REFERÊNCIAS 1. Institute for Health Metrics and Evaluation. Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors Study. [Internet]. 2013 jun [Acesso em 2015 set 4]. Disponível em: http://www. healthmetricsandevaluation.org/gbd/visualizations/regional. 2. World Health Organization. Violence, injuries and disability. Biennial report 2008-2009. Geneva: World Health Organization Press; 2012. 3. Campos MR, Von Doellinger VDR, Mendes LVP, Costa MDFS, Pimentel TG, de Andrade Schramm JM. Diferenciais de morbimortalidade por causas externas: resultados do estudo Carga Global de Doenças no Brasil, 2008. Cad. 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REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 59 60 Souza WL, Escudeiro CL, Santos GS, Santos LM, Pereira ER, Silva RMCRA ANEXO 1 - FLUXOGRAMA DE CONDUÇÃO DO CORPO APÓS O ÓBITO NO HEDH REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 R E L ATO D E E X P E R I Ê N C I A Articulação entre ensino e pesquisa no cuidado à saúde da criança: relato de experiência Interaction between education and research in health care child: experience report Aline Cerqueira Santos Santana da Silva1 • Érick Igor dos Santos2 RESUMO Trata-se de um relato de experiência realizado com discentes do Curso de Graduação em Enfermagem de uma Universidade Federal, desenvolvido na unidade de internação da emergência pediátrica de um hospital público. Objetivo: Descrever a experiência da articulação entre ensino e pesquisa no cuidado à saúde da criança acerca das evidências cientificas de enfermagem no controle da infecção primária da corrente sanguínea, bem como prevenção e tratamento da infecção urinária. Método: Estudo descritivo, tipo relato de experiência. A busca foi realizada de agosto a dezembro de 2015, em bases de dados e na Biblioteca Virtual em Saúde. Resultado: Foi identificado que a infecção relacionada à assistência à saúde figura, na atualidade, como complicação prevalente entre as crianças hospitalizadas, destacando a infecção primária da corrente sanguínea, e a infecção do trato urinário. Conclusão: A articulação entre ensino e pesquisa possibilitou o levantamento de necessidades de saúde da criança no serviço de saúde, o compartilhamento de saberes por intermédio de debates, exposições dialogadas, workshops, seminários e o retorno aos profissionais do serviço sobre os problemas identificados e as soluções aplicáveis. Palavras Chave: Ensino; Aprendizagem; Enfermagem pediátrica; Infecções urinárias; Infecções relacionadas a cateter. ABSTRACT The aim of this paper is to provide an account of an experiment carried out by students from the nursing undergraduation course of a federal university, which was developed in a pediatric emergency of a public hospital. Objective: To describe the project experience concerning the scientific evidence on nursing in what comes to the control of primary blood stream infection and urinary infection, as well as its prevention and treatment. Method: Descriptive study in experiment report format. The research was performed from August to December of 2015, at databases and at the Health Virtual Library. Result: The infection related to health assistance is currently portrayed as a prevalent complication among the hospitalized children, with highlights to the primary blood stream infection and urinary tract infection. Conclusion: The articulation between teaching and researching turned possible the identification of heath necessities children in the service heath, the knowledge share in debates, dialogued exhibitions, workshop and seminaries, the feedback for the service professionals about the identified problems and its solutions. Key words: Teaching; Learning; Pediatric nursing; urinary tract infections; Infections related to catheter. NOTA Enfermeira Pediátrica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutora e mestre em Enfermagem pela UFRJ. Professora da Universidade Federal Fluminense (UFF). Líder do grupo de pesquisa Estudos sobre vivências e integralidade dedicadas a enfermagem, criança, infância, adolescentes e recém-nascidos - EVIDENCIAR - UFF. Rio das Ostras, RJ, Brasil. E-mail: [email protected] 1 2 Enfermeiro Estomaterapeuta pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Doutor e mestre em Enfermagem pela UERJ. Professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). Líder do Grupo de Pesquisa Laboratório sobre Enfermagem, Cuidado, Inovação e Organização da Assistência ao Adulto ou ao Idoso (LECIONAI) - UFF. Rio das Ostras, RJ, Brasil. E-mail: [email protected] REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 61 62 Silva ACSS, Santos EI INTRODUÇÃO Este texto registra as experiências didático-pedagógicas na articulação entre ensino e pesquisa no cuidado à saúde da criança acerca das evidências cientificas de enfermagem no controle da infecção primária da corrente sanguínea (IPCS), bem como prevenção e tratamento da infecção do trato urinário (ITU) relacionada ao uso do cateter vesical de demora em crianças. O projeto foi implementado ao longo da disciplina “Enfermagem no Cuidado à Saúde da Criança Hospitalizada” que engloba ensino teórico e prático, junto aos alunos de graduação do sétimo período acompanhados de docentes responsáveis pela disciplina, em um hospital público localizado na região dos lagos do estado do Rio de Janeiro. Ao planejarem o projeto, os docentes vislumbraram estimular os estudantes à aquisição intra e extramuros da universidade e do hospital, do conhecimento sobre os riscos de saúde e morbidades que acometem a criança e, principalmente, fomentar o raciocínio crítico visando o entendimento e a importância dos cuidados prestados por enfermeiros enquanto protagonistas do cuidar das crianças e de suas famílias ali admitidas. O conteúdo da disciplina foi organizado de maneira a instrumentalizar o aluno a prestar cuidados ao recémnascido e a crianças hospitalizadas, sob a égide dos anteparos éticos, doutrinários e legais da profissão e do Sistema Único de Saúde (SUS). Este planejamento emergiu da observação feita em campo prático junto aos discentes, diante da assistência prestada pelo profissional enfermeiro à criança hospitalizada, onde, nesta unidade, a ITU e a IPCS apresentam-se como a principal causa de morbidade e internação entre crianças de 0 a 5 anos de idade. Estas crianças, quando admitidas, geralmente apresentam instabilidade clínica, necessitando de intervenções imediatas e prolongadas. Assim, a proposta terapêutica instituída em vigência destas morbidades dá-se, sobretudo, através da terapia intravenosa (TI), configurando-se, hoje, ação indispensável na medicina moderna. Esta terapia pode ser instituída de diferentes maneiras e períodos, a depender do esquema proposto, do propósito da terapia instituída e do diagnóstico do paciente. Neste sentido, um dos maiores desafios ao sucesso da terapêutica implementada é a manutenção de uma via de acesso venoso segura e duradoura, contribuindo, assim, para o reestabelecimento das condições clinicas e físicas da criança1. É fato que a infecção relacionada à assistência à saúde (IrAS) se apresenta na atualidade como a complicação mais prevalente entre os pacientes internados e, assim, apresenta-se como um grande e complexo desafio no âmbito mundial, mediante à grande variedade de intervenções diagnósticas e terapêuticas que são implementadas2. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 Nesta corrente de pensamento, o Centers for Disease Control3, relata que, com o grande advento tecnológico, a incidência da infecção hospitalar cresceu em velocidade espantosa, principalmente nas unidades de terapia intensiva neonatal e pediátrica, devido ao longo tempo de permanência de pacientes com esse perfil na unidade. Desta forma, delimitou-se como objeto para este estudo evidências cientificas de enfermagem no controle da IPCS, bem como prevenção e tratamento da ITU na assistência prestada à criança hospitalizada. Determinou-se como questão norteadora: de quais bases técnicas e conceituais os enfermeiros se utilizam para prevenção e controle da IPCS, bem como prevenção e tratamento da ITU na criança hospitalizada? E, por objetivo, buscou-se descrever a experiência da articulação entre ensino e pesquisa no cuidado à saúde da criança acerca das evidências cientificas de enfermagem no controle IPCS, bem como prevenção e tratamento da ITU. MÉTODO Trata-se de um relato de experiência didáticopedagógica desenvolvido na unidade de internação da emergência pediátrica no hospital público supracitado. Esta unidade é composta por duas enfermarias e possui leitos destinados ao isolamento, e, nos casos de maior complexidade, o hospital conta com o serviço de central de regulação de vagas para referenciar essas crianças. A turma era composta de 24 alunos divididos em dois grupos. Cada grupo assumiu o desenvolvimento técnicocientífico de uma temática. O projeto foi desenvolvido de agosto a dezembro de 2015. Neste projeto, buscou-se aliar conhecimento científico à prática assistencial, fomentando, nos estudantes, a Prática Baseada em Evidências (PBE), visto que esta ação possibilita apropriação de novo conhecimento gerado a partir de pesquisas realizadas previamente4. Neste mesmo contexto, a sistematização da assistência de enfermagem (SAE) foi aplicada com o objetivo de identificar o fenômeno observado e seu significado, possibilitando o atendimento das reais necessidades apresentadas5. As cinco etapas inerentes a este projeto de ensino serão ilustradas na figura abaixo e descritas a seguir. Inicialmente, o projeto de ensino foi apresentado aos estudantes em sala de aula, sendo esclarecidos seu objetivo e postulados teórico-filosóficos. Na primeira etapa, os estudantes foram conduzidos ao hospital e estimulados a traçar um diagnóstico situacional da realidade local, registrando os problemas reais ou em potencial que identificassem no cenário. Neste momento, duas morbidades assumiram destaque em virtude de sua gravidade e ameaça à vida dos pacientes pediátricos, quais sejam a IPCS e a ITU relacionada ao cateterismo vesical. E n s i n o e p eAs qRu T i s aI G n aOs a O ú dR e Id G a cI rN i aA n çLa Figura 1- Fluxograma diagramático das etapas inerentes ao projeto de ensino- Rio das Ostras-RJ, Brasil. Na segunda etapa, foram reunidas as propostas de soluções advindas do universo de saberes de estudantes e docentes. Esta busca por modos de atuar, foi propiciado ao aluno tornando-o sujeito ativo, construtor do conhecimento e compromissado com o cuidar e a docência. Tendo como propósito despertá-los para ação critica reflexiva, aliando o saber com o fazer, teoria-prática, visando o desenvolvimento de competências para a atuação no ensino, pesquisa e na assistência6. A terceira etapa consistiu-se em uma apreciação das propostas elencadas ao crivo técnico-científico das evidências científicas disponíveis sobre os dois problemas identificados. Os estudantes participaram de um workshop, com duração de 10h teóricas e práticas, ministrado pelos docentes sobre a Revisão Integrativa de Literatura (RIL), que se configura como método de pesquisa que permite a busca, a avaliação crítica e a síntese das evidências disponíveis do tema investigado, sendo o seu produto final o estado atual do conhecimento sobre o tema. Este produto possibilita, a identificação de lacunas que direcionam para o desenvolvimento de futuras pesquisas7. Nesta vertente, os discentes foram instruídos a desenvolver o estudo através da revisão integrativa de literatura, percorrendo as seis etapas que concernem o método. Nesse caminhar, o desenvolvimento do projeto permeou a realização de oficinas até a consecução do mesmo como proposta de aprendizagem compartilhada, visando a criatividade e a busca de soluções8. Numa quarta etapa, os estudantes ficaram incumbidos de aplicar o Processo de Enfermagem sob referencial teórico de escolha, sendo operacionalizado pela Sistematização da Assistência de Enfermagem sob a taxonomia da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA). Os problemas identificados nas dimensões biopsicoespirituais da criança e da sua família foram traduzidos em diagnósticos de enfermagem. Em seguida, as Nursing Interventions Classifications (NIC) ou intervenções de enfermagem foram traçadas para minimizar os problemas identificados com base nas melhores evidências disponíveis. Para a redação das Nursing Outcomes Classifications (NOC), ou metas de enfermagem, os alunos foram orientados a planejar os resultados a serem alcançados pelos pacientes após as intervenções estabelecidas. Na quinta etapa, após análise sobre as evidências, os alunos, organizaram-se ante a síntese do conhecimento, para apresentação das principais evidências de enfermagem encontradas acerca IPCS e ITU para os profissionais de saúde. Nesta diretiva, os docentes organizaram um treinamento em serviço para apresentação dos resultados encontrados pelos alunos aos profissionais de saúde. Este treinamento objetivou a participação e o entendimento de cada profissional envolvido na prestação da assistência à criança hospitalizada, sobre os principais riscos e agravos apresentados durante a sua internação e quais medidas podem ser adotadas, como adoção de boas práticas para prevenção e controle de IrAS, a fim de assegurar o restabelecimento clínico e físico da criança livre de complicações. RESULTADO E DISCUSSÃO No que concerne à realização deste projeto de ensino, cujo objetivo foi descrever a experiência da articulação entre ensino e pesquisa com alunos de graduação no cuidado à saúde da criança acerca das evidências cientificas de enfermagem no controle da IPCS, bem como prevenção e tratamento da ITU, foi possível identificar dentre a análise das evidências cientificas atuais, sobre as temáticas em estudo, que a ITU representa de 35 a 45% de todas as infecções hospitalares9. E que a IPCS, na atualidade configura-se como um dos principais problemas REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 63 64 Silva ACSS, Santos EI de assistência à saúde, principalmente daqueles que necessitam, para sua recuperação clínica, da instalação e manutenção de um cateter venoso, seja ele central ou periférico10. Sobre esta vertente, estima-se que cerca de 48% dos pacientes admitidos em UTI necessitam de dispositivos intravasculares, correspondendo a 15 milhões de cateter/ dia por ano, em que a densidade da incidência alcança 5,3 infecções relacionadas ao cateter por cada 1000 cateter/dia11. Desta maneira, a mortalidade atribuível relacionada a essas infecções é de aproximadamente 18%, correspondendo a 18 mil mortes/ano. Sem falar no fator de impacto negativo sobre o prolongamento no tempo de internação, em média por 7 dias e os custos atribuídos aos serviços de saúde11. Neste ínterim, em 2005, tendo como foco o controle das IrAS o Comitê Consultivo de Práticas de Controle de Infecções Associadas à Assistência à Saúde (HICPAC), dos Estados Unidos, sob o consenso de suas entidades mais importantes relacionadas com o controle de IrAS, proclamaram a necessidade de os serviços de saúde começarem a trabalhar não só sobre os casos de infecção hospitalar, mas também, e principalmente, sobre os desfechos da assistência prestada12. Nesta ótica, as IrAS têm grande potencial preventivo. Assim, ressaltamos as principais medidas de prevenção e controle da ITU evidenciadas: higienização adequada das mãos, manuseio correto do cateter, bem como do sistema de drenagem, padronização das técnicas, capacitação ou atualização periódica dos profissionais, monitorização de débito urinário, uso de sistema de drenagem fechado e orientação dos pacientes sobre a importância de sua higiene íntima13. Em relação a IPCS, observa-se a adoção de boas práticas, como: implementação de um conjunto de medidas (Bundle) para inserção e manutenção do cateter venoso central (CVC), educação continuada, treinamento em equipe, envolvimento da equipe interdisciplinar e desenvolvimento de programas que avaliem assistência prestada, bem como acompanhamento pelo serviço de vigilância epidemiológica das ações realizadas na assistência, para controle e minimização de possíveis complicações 12. A imersão dos estudantes neste projeto, nos diferentes níveis de atenção à saúde, proporcionou amadurecimento acadêmico, somado a uma visão crítico-reflexiva, desenvolvendo a sensibilidade necessária para a promoção à saúde14. Nesta leitura e compreensão, os alunos estabeleceram uma aliança entre o saber e o fazer, certificando-se da necessidade da aproximação e conhecimento sobre as atuais evidências cientificas acerca do tema, identificando os fatores que intervêm diretamente na prestação de uma assistência de enfermagem segura e de qualidade implícita a qualquer clientela. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 Desta maneira, a estratégia adotada para apresentação dos resultados encontrados nas atuais evidências cientificas, centrava-se na assertiva de que as infecções relacionadas à assistência à saúde (IrAS) ainda se configuram como uma complicação prevalente entre os pacientes internados. E que, dentre as avaliações processuais deste evento, algumas ações devem ser adotadas, tais como: ações de comunicação, acessibilidade, educação, investigações, prescrições, intervenções, entre outras12. Compreende-se, assim, que o conhecimento dos fatores de risco e a conscientização e educação em serviço dos profissionais de saúde apresentem-se como medidas efetivas de prevenção e controle de infecção15. Avaliação do projeto de ensino Nesta perspectiva, acredita-se ser possível construir, através desta experiência, um espaço de reflexão e de compartilhamento de saberes, o que viabiliza a aprendizagem conjunta entre os participantes16. Desta maneira, o ato de refletir e dialogar entre os pares no desenvolvimento de práticas torna possível formar profissionais de saúde com vistas a compreender a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, resultando, assim, em novo perfil profissional15. Assim, ocorreu, por parte dos alunos, o desvelar das necessidades inerentes ao serviço de saúde verificadas durante a prática desenvolvida. A participação no curso oferecido como uma das etapas iniciais do projeto favoreceu a oportunidade de partilhar suas dúvidas, apreender novos conhecimentos acerca do desenvolvimento de uma modalidade de pesquisa bem como o estabelecimento de uma relação dialógica entre docentes e discentes construção de novos conceitos elaboração de um espaço para construção e reconstrução das práxis, revisitando saberes e fazeres na assistência prestada por todos os profissionais envolvidos. Ao final do período, docentes e discentes reuniramse para proceder à avaliação global da disciplina e realização do projeto. Por fim, destacam-se como pontos positivos no desenvolvimento deste projeto não só o amplo desenvolvimento dos alunos de graduação frente a nova modalidade de ensino aprendizagem, mas também o retorno ao serviço de saúde sobre as necessidades e as intervenções aplicáveis. Como produtos pode-se citar a realização do curso sobre revisão integrativa, confecção do material didático para apresentação oral e produção cientifica de artigos científicos (um para cada tema) seguida de apresentação em eventos científicos voltados para pediatria e neonatologia. CONCLUSÃO Conclui-se que a realização deste projeto em campo prático junto aos discentes permeou uma dialética que envolveu formas possíveis de cuidar, possibilitando E n s i n o e p eAs qRu T i s aI G n aOs a O ú dR e Id G a cI rN i aA n çLa identificar que a infecção relacionada à assistência à saúde figura, na atualidade, como uma complicação frequente entre os pacientes hospitalizados, destacando a IPCS, e a ITU como as mais prevalentes. A apropriação de novos conceitos, através dos estudos levantados e analisados constata que adoção de boas práticas na condução da assistência prestada tem grande potencial preventivo, contribuindo de forma positiva para a redução da morbimortalidade entre crianças hospitalizadas. O desenvolvimento deste projeto aponta para novas direções na formação de profissionais, sendo possível aliar suas ações a uma visão critico-reflexiva tornando-os coparticipantes do pensar e do agir, do saber e do fazer. A metodologia adotada da PBE aliada ao levantamento de necessidades naquele cenário enfatizou a importância da atuação de cada discente com o papel social de transformar o seu entorno, de construir e reconstruir um modelo do sistema de saúde apoiado nos princípios da integralidade. O trabalho em grupo viabilizou a oportunidade de troca de saberes e práticas entre os estudantes, professores, além de profissionais da assistência direta em prol da construção de novos conhecimentos e oportunizando a refutação de antigos, o que permitiu à universidade uma intervenção pedagógica que não se limitou aos seus alunos, mas estendeu-se aos profissionais de saúde. Apesar de o estudo ter alcançado o objetivo proposto, ainda possui limitações, como a baixa adesão dos profissionais de saúde no treinamento realizado para apresentação dos resultados da pesquisa. Por outro lado, esta pesquisa possui como potencialidade a estratégia pedagógica empregada, como campo fértil a ser semeado em outras disciplinas do curso, no intuito de articular saber e fazer rumo à prestação de assistência de enfermagem progressivamente mais crítica e reflexiva. Aponta-se também a necessidade de novos estudos na enfermagem sobre estas vertentes. enfermagem em cuidados paliativos na oncologia: visão dos enfermeiros. Acta Paul Enferm.2011; 2(2):172-178; 2011. 6 - Corrêa AK, Santos RA, Souza MCBM, Clapis MJ. Metodologia problematizadora e suas implicações para a atuação docente: relato de experiência. Educ Rev. 2011; 27(3):61-78. 7 - Santos ÉI. Cuidado e prevenção das skin tears por enfermeiros: revisão integrativa de literatura. Rev Gaúch Enferm. 2014; 35(2):142-149. 8 - Bastiani JAN, Padilha MICS. Experiência dos Agentes Comunitários de Saúde em Doenças Sexualmente Transmissíveis. Rev bras Enferm. 2007; 60(2):233-236. 9 - Souza ACS, Tipple AFV, Barbosa JM, Pereira MS, Barreto RASS. Cateterismo urinário: conhecimento e adesão ao controle de infecção pelos profissionais de enfermagem. Rev Eletr Enferm. 2007; 9(3):724-35. 10 - Mendonça SHF, Lacerda RA. Impacto dos conectores sem agulhas na infecção da corrente sanguínea: revisão sistemática. 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Sistematização da assistência de REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 65 66 R E L ATO D E E X P E R I Ê N C I A Esclerose múltipla: implementação do processo de enfermagem Multiple sclerosis: implementationofthe nursing process Mariana Melo da Cruz Domingos1 • Thatiane Monick de Souza Costa2 • Bárbara Coeli Oliveira da Silva3 • Francisca Marta de Lima Costa Souza4 • Cintia Capistrano Teixeira Rocha5 • Richardson Augusto Rosendo da Silva6 RESUMO Objetivo: Elaborar, validar, implementar e avaliar um plano de cuidados de enfermagem a uma paciente com Esclerose Múltipla. Metodologia: Trata-se de um estudo de intervenção metodológica realizado em uma paciente de um Hospital Escola na capital do Nordeste do Brasil, no período de junho de 2014. Seguiram-se as seguintes etapas: elaboração dos Diagnósticos de Enfermagem; proposta inicial de resultados e intervenções, elaboração de um plano de cuidados e validação por especialista, implementação e avaliação do plano. Resultados: Elaborou-se, implementou e avaliou um plano de cuidados contendo cinco diagnósticos (mobilidade física prejudicada; dor crônica; sofrimento espiritual; memória prejudicada; eliminação urinária prejudicada) cinco metas, cinco intervenções e 21 atividades de enfermagem. Conclusões: Nota-se que a aplicabilidade do processo de enfermagem direciona as necessidades prioritárias à paciente, permitindo uma linguagem homogênea e cientifica entre os profissionais de enfermagem. Palavras-chave: Esclerose Múltipla; Processos de Enfermagem; Cuidados de Enfermagem. ABSTRACT Objective: To develop, validate, implement and evaluate a plan of nursing care to a patient with multiple sclerosis. Methodology: This is a methodological intervention study in a patient of a Teaching Hospital in the capital of Northeast Brazil, from June 2014. This was followed by the following steps: preparation of nursing diagnoses; Initial proposed outcomes and interventions, preparation of a plan of care and expert validation, implementation and plan evaluation. Results: We elaborated, implemented and evaluated a care plan with five diagnoses (impaired physical mobility, chronic pain, spiritual pain, impaired memory, impaired urinary elimination) five goals, five interventions and 21 nursing activities. Conclusions: It is clear that the application of the nursing process directs the priority needs the patient, allowing a homogeneous and scientific language among nursing professionals. Keywords: Multiple Sclerosis; Nursing Process; Nursing Care. NOTA 1 Enfermeira. Especialista em Enfermagem do Trabalho. Enfermeira Assistencial da Casa de Saúde São Lucas. Membro do Grupo de Pesquisa Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e Enfermagem - PAESE/UFRN. Natal/RN, Brasil. E-mail: [email protected]. 2 Enfermeira. Especialista em Enfermagem do Trabalho. Membro do Grupo de Pesquisa Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e Enfermagem - PAESE/UFRN. Natal/RN, Brasil. E-mail: [email protected]. 3 Enfermeira. Especialista em Enfermagem em Cardiologia e Hemodinâmica. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Professora Substituta do Curso de Graduação em Enfermagem da UFRN. Membro do Grupo de Pesquisa Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e Enfermagem - PAESE/UFRN. Natal/RN, Brasil. E-mail: [email protected]. 4 Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Enfermeira Assistencial da Maternidade Municipal Professor Leide Morais. Membro do Grupo de Pesquisa Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e Enfermagem - PAESE/UFRN. Natal/RN, Brasil. E-mail:[email protected]. 5 Enfermeira. Especialista em Enfermagem Clínica e Enfermagem do Trabalho. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Enfermeira Assistencial da Casa de Saúde São Lucas. Professora Substituta da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi - FACISA/UFRN. Membro do Grupo de Pesquisa Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e Enfermagem - PAESE/UFRN. Natal/RN, Brasil. E-mail: [email protected]. 6 Enfermeiro. Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Professor do Curso de Graduação e do Programa de Pós-Graduação (Mestrado Acadêmico e Doutorado) em Enfermagem da UFRN. Vice-líder do Grupo de Pesquisa Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e Enfermagem - PAESE/ UFRN. Natal/RN, Brasil. E-mail: [email protected]. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 E s c l e r o s e m ú l t i p l a eAoRpT r oIcG e sO s o dOe Re nI fG e rImNa gAe L m INTRODUÇÃO METODOLOGIA A Esclerose Múltipla (EM) é caracterizada como uma doença autoimune, crônica, inflamatória, e desmielinizante que afetam o Sistema Nervoso Central (SNC). De etiologia ainda desconhecida, pode estar relacionada à predisposição genética e a fatores ambientais. Apresenta incidência maior em adultos jovens, do sexo feminino, de etnia branca, na faixa etária de 20 a 40 anos de idade1. Trata-se de estudo de intervenção metodológica, desenvolvido com uma paciente de diagnóstico médico com esclerose múltipla, presente na unidade de neurologia de um hospital escola, no Nordeste do Brasil. Os sinais e sintomas mais frequentes da EM são: neurite óptica, parestesias, nistagmo, diplopia, vertigens, disfunção vesical e sexual e uma diminuição da acuidade visual, levando à perda gradual da visão. A espasticidade, característica da doença, associa-se aos espasmos musculares espontâneos ou induzidos por movimentos2-3. Assim, o enfermeiro possui um papel fundamental na assistência a pessoas com EM, seja na promoção, prevenção e tratamento, utilizando a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), a qual é um instrumento que auxilia na prestação do cuidado de forma cientifica e holística4. Dentre os diversos meios sistemáticos tem-se o Processo de Enfermagem (PE) que ocorre em cinco etapas: coleta de dados ou histórico de enfermagem, identificação dos diagnósticos de enfermagem, planejamento de resultados e metas a cumprir, a implementação destas ações além de uma avaliação feita pelo profissional sobre o quadro do paciente5. É necessário, ainda, a utilização dos sistemas de classificação, os quais auxiliam na descrição e comunicação das atividades da prática de enfermagem. Uma das classificações mais utilizadas na enfermagem é a NANDA Internacional (NANDA-I), para os diagnósticos de enfermagem6. Para o desenvolvimento do estudo, buscou-se por produções cientificas dos últimos cinco anos relacionadas a elaboração, validação, implementação e avaliação de plano de cuidados a pessoas com EM, através dos descritores em ciências da saúde: Esclerose múltipla/ Multiple sclerosis; Processos de Enfermagem/ Nursing Process; Cuidados de Enfermagem/ Nursing Care, nas bases de dados informatizadas da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS); Literatura Latino-Americana e do Caribe (Lilacs) e Literatura Internacional em Ciências da Saúde e Biomédica (Medline); SCOPUS e CINAHL. Dessa forma, percebeu-se uma escassez de estudos sobre a temática em questão. Contudo, a relevância do estudo está em avaliar as necessidades prioritárias de pessoas com EM através de um plano de cuidados baseado nos preceitos da evidência científica. Diante dessa lacuna, justifica-se a realização da presente pesquisa. Nesse sentido, questiona-se: existem resultados frente à implementação do processo de enfermagem a uma paciente com Esclerose Múltipla? Assim, o estudo teve como objetivo elaborar, validar, implementar e avaliar um plano de cuidados de enfermagem a uma paciente com Esclerose Múltipla a partir da NANDA-INIC-NOC (NANDA-International - Nursing Interventions Classification - Nursing Outcomes Classification)6. Os dados foram coletados no período de junho de 2014, por meio de um roteiro de anamnese e exame físico que contemplava os aspectos sociodemográficos, clínicos e comportamentais. O instrumento foi submetido à validação do conteúdo e aparência por dez docentes que desenvolvem estudos na área da SAE. Posteriormente, as sugestões propostas foram contempladas no instrumento. Em seguida, foi realizado um treinamento teórico e prático para padronizar a coleta de dados com dois alunos da pós-graduação a nível de Mestrado e Doutorado com carga horária de 12 horas semanais, desenvolvido por meio de aulas expositivas e dialogadas e discussões de casos clínicos com ênfase na abordagem às pessoas com Esclerose Múltipla. Após a etapa teórica do curso, realizouse uma atividade prática de simulação de exame físico em pares, com o intuito de capacitar o pesquisador e uniformizar a coleta de dados. A trajetória metodológica seguiu as seguintes etapas: elaboração dos Diagnósticos de Enfermagem; proposta inicial de resultados e intervenções, elaboração de um plano de cuidados e validação por especialista, implementação e avaliação do plano. A elaboração dos diagnósticos foi processual, realizada simultaneamente com a coleta de dados, buscando identificar as características definidoras e os fatores relacionados/de risco de acordo com a NANDA-I, versão 2012-2014. Ressalta-se que no processo de inferência diagnóstica, a história clínica da paciente foi avaliada pelos pesquisadores, a fim de possibilitar maior fidedignidade aos resultados obtidos. Os resultados obtidos passaram por processo de revisão de forma pareada entre os autores, para assegurar um julgamento consensual, objetivando, assim, maior acurácia. Além disso, os resultados e as intervenções foram propostos pelos autores, para cada um dos diagnósticos mais frequentes, embasados na experiência clínica e nas sugestões das classificações da NIC e NOC. Consideram-se os principais diagnósticos formulados para mais de 50% dos participantes do estudo. Após a construção da proposta do plano de cuidados, a mesma foi submetida a um processo de validação de conteúdo por especialistas da área, que concordaram em participar do estudoassinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), cujo critério de seleção foi ter desenvolvido estudo publicado ou de conclusão de titulação (especialização, mestrado ou doutorado) relacionado aos diagnósticos de enfermagem em pacientes com afecções neurológicas ou ter orientações acadêmicas na área; e como critério de exclusão: informar no Currículo Lattes apenas o Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação sobre a REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 67 68 S i l v a RA R , D o m i n g o s M M C , S i l v a B CO, Co s t a T M S , S o u z a F M LC , Ro c h a CCT temática e a não atualização do currículo nos últimos 6 meses. Foram selecionados 16 enfermeiros especialistas. Para o tratamento dos dados coletados, os instrumentos foram numerados e as variáveis foram codificadas e inseridas em banco de dados construído no programa Excel for Windows. Os dados foram analisados utilizando-se estatísticas descritivas. Para análise do grau de concordância entre o pesquisador e os especialistas, optou-se pelo índice de Kappa, analisado pelo programa Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 20.0. O índice de Kappa foi definido como uma medida de associação para descrever e testar o grau de concordância, ou seja, confiabilidade e precisão de uma avaliação. Valores de Kappa > 0.80 são considerados como um bom nível de concordância. Após a proposta final, o plano foi implementado e avaliado pelos pesquisadores e realizadas as devidas modificações, conforme a necessidade. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte sob o CAAE Nº: 11984212.4.0000.553., processo Nº 267.215. Seguindo-se, assim, as normativas éticas nacionais e internacionais frente à pesquisa com seres humanos com assinatura no TCLE pela participante. Plano de cuidados de enfermagem Após os dados coletados, foram identificados 14 diagnósticos de enfermagem, entretanto, apenas cinco diagnósticos estavam presentes em 50% dos entrevistados, sendo estes: Mobilidade física prejudicada; Dor crônica; Sofrimento espiritual; Memória prejudicada; Eliminação urinária prejudicada. Em seguida, estabeleceram-se as devidas metas e intervenções que tiveram o IC > 0.80 para que, assim, fosse implementado o plano de cuidados e avaliado os resultados. Quadro 1: Teste de Relevância I – Aplicado à referência dos artigos. Belo Horizonte, 2014. Diagnóstico de Enfermagem: Mobilidade física prejudicada relacionado a dor e intolerância à atividade evidenciado por capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras finas e grossas. Meta: Movimento coordenado Indicadores: Facilidade do movimento 3 Controle do movimento 3 Movimento na direção desejada 3 Movimento no momento desejado 3 RESULTADOS Intervenção: Terapia com exercício: controle muscular. A partir das variáveis que compuseram os instrumentos, elencou-se os achados contemplados na anamnese e as características dispostas no exame físico constituindo, assim, o caso clinico da paciente. Atividades: • Iniciar medidas de controle da dor antes do início do exercício/atividade; • Explicar as razões da escolha do tipo de exercício e o protocolo ao paciente/ família; • Consultar um fisioterapeuta para determinar a melhor posição para o paciente durante os exercícios e o número de repetições para cada padrão de movimento; • Colaborar com o fisioterapeuta e terapeuta ocupacional no desenvolvimento e execução de programa de exercícios, conforme apropriado; • Dar privacidade para que o paciente se exercite; • Incorporar as atividades da vida diária (ADL) ao protocolo de exercícios, se apropriado; Apresentação do caso Paciente, sexo feminino, 49 anos, branca, natural do Interior do RN, solteira, com nível superior incompleto, diagnosticada com Esclerose Múltipla (EM) há 17 anos, nega alergia, diabetes e hipertensão. Mora com os pais, que cuidam dela, dedicando-lhe total assistência. Encontra-se internada no Hospital Universitário no Nordeste do Brasil decorrente de um quadro de recorrentes infecções urinarias. Ficou cega há aproximadamente 06 meses, tem um déficit de memória, como não lembra-se de acontecimentos passados; encontra-se acamada, pois apresenta tremores involuntários e instabilidade da marcha, relata apetite diminuído e necessita de ajuda para alimentar-se; psicologicamente instável, pois revolta-se com a sua condição de saúde, descrente de qualquer tipo de religião e esperança. Ao exame físico: consciente, orientada, hipocorada, anictérica, acianótica e desidratada. Com déficit visual bilateral. Ausência de linfonodos infartados. Pulsos periféricos palpáveis. Tórax simétrico e abdome plano. Ausculta pulmonar e cardíaca normais. Membros superiores e inferiores sem edema, mas com discreta perda de massa muscular. Refere-se dor não localizada e sim generalizada, como também fadiga. Sinais Vitais: Temperatura 36,3ºC; Pulso: 87 bpm; Pressão Arterial: 130x80 mmhg; Frequência respiratória: 20 irpm. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 A partir das intervenções estabelecidas e após uma semana do início da execução do plano de cuidados, foi realizada a primeira avaliação. Nesta, a paciente relatou sentir-se indisposta para realização das atividades diárias. O somatório dos indicadores apresentou um total de 7 pontos. Na avaliação seguinte, ao término da segunda semana, a paciente referiu melhora na capacidade de alimentar-se sozinha e aumento na disposição para realização das atividades diárias, obtendo 9 pontos no quadro dos indicadores. Ao final da terceira semana, última avaliação, a paciente relatou ter conseguido sentar e caminhar com dificuldade e ajuda do fisioterapeuta, atingindo um total de 12 pontos perante os indicadores (Quadro 1). E s c l e r o s e m ú l t i p l a eAoRpT r oIcG e sO s o dOe Re nI fG e rImNa gAe L m Quadro 2: Plano de cuidados de enfermagem ao paciente com esclerose múltipla, conforme diagnóstico prioritário, Natal, Brasil, 2014. Diagnóstico de Enfermagem: Dor crônica relacionado à incapacidade física crônica evidenciado por relato verbal de dor, expressão facial, depressão e alteração da capacidade de continuar atividades prévias. Meta: Nível de dor Indicadores: Dor relatada 3 Gemido e choro 4 Expressões faciais de dor 4 Intervenção: Controle da dor Atividades: • Assegurar que o paciente receba cuidados precisos de analgesia. •Utilizar uma abordagem multidisciplinar para o controle da dor quando adequado. •Encorajar o paciente a conversar sobre sua experiência de dor, conforme apropriado. •Promover repouso/sono adequado para facilitar o alívio da dor. •Instituir e modificar as medidas de controle da dor com base na resposta do paciente. •Usar medidas de controle da dor antes do seu agravamento. •Determinar o impacto da experiência da dor na qualidade de vida (sono, apetite, atividade, humor, relacionamentos) No decorrer da implementação das atividades, realizou-se a primeira avaliação. Ao completar-se a primeira semana, a paciente relatou aumento do bem-estar após conversar sobre sua experiência de dor. A soma dos indicadores apresentou 5 pontos. Na segunda avaliação, a paciente referiu o alívio da dor, devido à diminuição da intensidade da mesma, obtendo 8 pontos no quadro dos indicadores. Na última avaliação, após a terceira semana, a paciente referiu melhora na qualidade de vida após a diminuição da dor, estabelecendo um total de 11 pontos na soma dos indicadores (Quadro 2). Quadro 3: Plano de cuidados de enfermagem ao paciente com esclerose múltipla, conforme diagnóstico prioritário, Natal, Brasil, 2014. Diagnóstico de Enfermagem: Sofrimento espiritual relacionado a doença crônica e morte evidenciado por raiva de um ser maior, expressa sofrimento, falta de amor, falta de esperança e raiva. Meta: Enfrentamento Indicadores: Identifica padrões eficazes de 4 enfrentamento Relata redução do estresse 4 Verbaliza aceitação da situação 4 Relata aumento do conforto psicológico 4 Intervenção: Apoio Espiritual Atividades: • Estar aberto aos sentimentos da pessoa sobre doença e morte. •Ajudar o indivíduo a expressar e aliviar a raiva adequadamente. •Garantir ao indivíduo que o enfermeiro estará disponível para apoia-lo em momentos de sofrimento. •Estimular a participação em grupos de apoio. •Ensinar métodos de relaxamento e meditação. •Estar disponível para ouvir os sentimentos individuais. A primeira avaliação foi realizada uma semana antes do início da implementação do plano de cuidados. Nesta, a paciente relata não ter esperanças, demonstra estar revoltada com a situação em que se encontra e tem bastante medo de morrer. Sendo estabelecida a pontuação de 4 pontos em relação aos indicadores. Após ser orientada a executar métodos de relaxamento e meditação, dialogar com o enfermeiro sobre seu sofrimento e participar de grupos de apoio. Obteve 10 pontos no quadro de indicadores, referente à avaliação da segunda semana. No último dia de avaliação, ao findar a terceira semana, a paciente afirma melhora da autoestima e mudança do seu pensamento a respeito da doença e da morte, atingindo o total de 16 pontos ao somatório dos indicadores (Quadro 3). Quadro 4: Plano de cuidados de enfermagem ao paciente com esclerose múltipla, conforme diagnóstico prioritário, Natal, Brasil, 2014. Diagnóstico de Enfermagem: Memória prejudicada relacionada a distúrbios neurológicos evidenciados por incapacidade de recordar eventos, incapacidade de recordar informações reais e experiências de esquecimento. Meta: Cognição Indicadores: Orientação cognitiva 3 Demonstra memória recente 3 Demonstra memória remota 4 Intervenção: Treinamento da memória Atividades: • Proporcionar memória do reconhecimento de fotos e gravuras, conforme apropriado. •Estimular a memória pela repetição do último pensamento que o paciente expressou, conforme apropriado. Uma semana após o início da implementação das intervenções, foi realizado a primeira avaliação, na qual a paciente referiu esquecer algumas informações recentes e acontecimentos passados, sendo estabelecida a pontuação de 9 pontos. Na segunda avaliação, com o intervalo de mais uma semana, a paciente permanece com o déficit de memória, e com os 9 pontos no quesito dos indicadores. Concluída a terceira semana, a paciente afirma melhora para recordar-se de informações recentes, e ao somatório final dos indicadores obteve 10 pontos (Quadro 4). Ao final da primeira semana, no decorrer da implementação das atividades, realizou-se a primeira avaliação, na qual a paciente relatou estar atenta aos sinais e sintomas de infecção urinária; ao somar os indicadores, apresentou 8 pontos. Na segunda avaliação, após uma semana da primeira, a paciente referiu o alívio da dor e queimação ao urinar, obtendo 10 pontos no quadro dos indicadores. Na última avaliação, ao término da terceira semana, a paciente referiu melhora na qualidade de vida devido à diminuição da frequência e urgência ao urinar, estabelecendo um total de 16 pontos na soma dos indicadores (Quadro 5). REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 69 70 S i l v a RA R , D o m i n g o s M M C , S i l v a B CO, Co s t a T M S , S o u z a F M LC , Ro c h a CCT Quadro 5: Plano de cuidados de enfermagem ao paciente com esclerose múltipla, conforme diagnóstico prioritário, Natal, Brasil, 2014. Diagnóstico de Enfermagem: Eliminação urinária prejudicada relacionada a dano sensório-motor e infecção no trato urinário evidenciados por disúria, frequência e incontinência urinária. Meta: Eliminação Urinária Indicadores: Dor ao urinar 4 Queimação ao urinar 4 Frequência ao urinar 4 Incontinência urinária 4 Intervenção: Controle da eliminação urinária Atividades: • Monitorar a eliminação urinária, inclusive, frequência, consistência, odor, volume e cor, conforme apropriado. •Ensinar ao paciente os sinais e os sintomas de infecção do trato urinário. •Anotar o horário da última eliminação de urina, conforme apropriado. •Orientar o paciente/família a registrar o débito urinário, conforme apropriado. •Orientar o paciente para reagir imediatamente à urgência de urinar, conforme apropriado. DISCUSSÃO O diagnóstico de enfermagem Mobilidade física prejudicada7 confirma-se no paciente da pesquisa por apresentar alguns sinais e sintomas motores como, tremores em membros superiores e inferiores, parestesia bilateral e hipotonia muscular. Estudos também apontam que essa caracterização sintomatológica decorre das lesões primarias nos plexos motores, acarretando um espasticidade e reflexos osteotendinosos acentuados. Cerca de 90% dos portadores de EM apresentam algum grau de espasticidade que provoca grande desconforto e limitações de movimento, afetando diretamente no movimento coordenado e restringindo ao leito8. Por isso, torna-se necessária a terapia com exercícios de forma ativa ou passiva, para que possa obter controle muscular, mesmo que de forma parcial, esperando um movimento coordenado, sendo o exercício um excelente preditor de resultados. Pontua-se que o exercício aeróbico regular de intensidade moderada não induz exacerbações da EM e melhora a mobilidade funcional e a qualidade de vida9. O diagnóstico de dor crônica, este relacionado à incapacidade física crónica, decorrente da destruição progressiva das terminações nervosas e o aumento de substancias como as bradicinas, referindo-se a quadros de cefaleias e raquialgias7,10. Nesse sentido, um estudo realizado com 85 pacientes diagnosticado com EM no hospital de Portugal revelou que a maioria dos pacientes apresentava cefaleias e as raquialgias (27%), seguidos dos membros superiores (20%). REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 Muitos relataram o quadro de dor como superficial (86%) por oposição à profunda (14%), ocasionando, assim, impacto na qualidade de vida, a dor interferiu significativamente com a atividade geral, o estado de ânimo, o trabalho, as relações com outras pessoas e a capacidade de diversão11. Quanto ao diagnóstico de sofrimento espiritual7, sabe-se que alguns pacientes com EM tem uma maior prevalência em desenvolver quadros de depressão em comparação com a população em geral, variando entre 26 e 42%, bem como quando comparado com pessoas com outras condições crônicas, corroborando com os achados do estudo, pois a paciente apresentava indícios de quadro depressivo, referindo-se a sua condição de saúde. Assim, a depressão contribui para o processamento mais lento das informações, por parte dos pacientes, decorrente da redução da perfusão cerebral, o que acaba por comprometer aspectos cognitivos, dentre eles a atenção, aprendizagem, habilidades visuoespaciais, memória e a velocidade de processamento. Provoca, também, sofrimento psíquico e diminui a adesão ao tratamento, aumentando, por conseguinte, o risco de suicídio em pacientes com EM12. O diagnóstico de enfermagem Memória prejudicada, esteve relacionado aos distúrbios neurológicos, em concordância ao déficit de memória presente na paciente em questão, devido à desmielinização dos neurônios7. Corroborando com os achados, estudo realizado com 28 pacientes atendidos em um ambulatório revelou que 89,2% tinham perda na memória de trabalho e 85,7%, na memória de curto prazo. A deterioração cognitiva afeta a velocidade de processamento de informações e a memória, e, consequentemente, afeta as atividades de vida diária, o autocuidado e reduz a participação nas atividades sociais, aumentando a dependência do cuidado por outras pessoas3,9-10. Os pacientes com EM apresentam dificuldades de concentração e memória. Para possibilitar a melhoria da qualidade de vida, torna-se importante realizar, como rotina, uma avaliação precisa das funções cognitivas e atividades de reabilitação neuropsicológica como a realização de tarefas que exigem velocidade de memória e processamento de forma conjunta entre os profissionais de saúde13. Relacionado ao DE, eliminação urinária prejudicada7, o paciente com EM apresenta uma deterioração no sistema vesico-motor interferindo diretamente na sensibilidade do trato urinário. Pois, em um estudo, verificou-se que o comportamento da incontinência urinária na esclerose múltipla e seu impacto na qualidade de vida dos pacientes acarretam danos tanto de cunho fisiológico como psicológico. Destacando que o processo de eliminação urinaria tornase um fator para o desenvolvimento de enfermidades secundarias como a úlcera por pressão, associado à incontinência fecal14-15. Diante disto, as intervenções de enfermagem devem ter como resultado uma melhora na eliminação urinaria, proporcionado uma qualidade de vida satisfatória, vislumbrado na paciente do estudo. E s c l e r o s e m ú l t i p l a eAoRpT r oIcG e sO s o dOe Re nI fG e rImNa gAe L m CONCLUSÕES Após a análise dos dados, nota-se que a implementação do processo de enfermagem à paciente com esclerose múltipla proporcionou um cuidado direcionado para as reais necessidades da cliente, fornecendo meios para propor as intervenções e alcançar os resultados. Contudo, é notório que o desenvolvimento do estudo se torna primordial para a composição dos saberes científicos, tanto do âmbito acadêmico como no assistencial. É perceptível, ainda, uma deficiência de produção nesse segmento diante das pessoas acometidas pela enfermidade. Os diagnósticos de enfermagem prioritários a paciente foram Mobilidade física prejudicada; Dor crônica; Sofrimento espiritual; Memória prejudicada; Eliminação urinária prejudicada. O estudo limita-se à realidade de um município do Nordeste do país, mas acredita-se que esse trabalho possa incentivar novas pesquisas sobre a implementação do processo de enfermagem a pacientes com esclerose múltipla. a study to improve healthcare decision making. Int J Nurs Knowl.2013; 24(1): 15-24. 11. Seixas D, Galhardo V, Sá MJ, Guimarães J, Lima D. Dor na esclerose múltipla: Caracterização de uma População Portuguesa de 85 Doentes. Acta Med Port. 2009; 22(3): 23340. 12. Askari F, Ghajarzadeh M, Mohammadifar M, Azimi A, Sahraian MA, Owji M. Anxiety in patients with multiple sclerosis: association with disability, depression, disease type and sex. Acta Med Iran. 2014; 52(12): 889-92. 13. Ben-Zacharia AB. Therapeutics for multiple symptoms. Mt Sinai J Med. 2011; 78(2): 176-91. sclerosis 14. 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O objetivo deste estudo foi avaliar o processo de reparo tecidual de queimaduras de 2º grau superficial e intermediário em uso de um curativo biológico composto por nitrato de cério, colágeno bovino e alginato de cálcio. Método: Trata-se de uma série de seis casos. A coleta de dados foi realizada de dezembro de 2013 a maio de 2014, por médicos e enfermeiros do Centro de Tratamento de Queimados de um hospital municipal do Rio de Janeiro/RJ. Resultados: Em todos os casos acompanhados as queimaduras apresentaram melhora no processo de reparo tecidual e da dor e não foram evidenciados sinais clínicos de infecção durante as trocas de curativos. Conclusão: O uso de um curativo biológico e de alta tecnologia, aliado ao cuidado especializado do paciente queimado, trazem mais benefícios para o processo de cicatrização da queimadura e para a saúde do paciente. Descritores: Queimaduras; Cicatrização; Ferimentos e Lesões. ABSTRACT Introduction: Burns treatment is still a major challenge for health professionals. Increasingly, industry produces and provides to the market, new products with innovative technology for the treatment of lesions that enable reduction in the number of dressing changes and pain, increase comfort and accelerate the skin tissue repair process. The aim of this study was to evaluate the tissue repair process of superficial and intermediate 2nd degree burns with the use of a biological dressing composed of cerium nitrate, bovine collagen and calcium alginate. Method: This is a series of 06 cases. Data collection was conducted from December 2013 to May 2014 by doctors and nurses from the Burn Treatment Center of a Rio de Janeiro Municipal Hospital. Results: In all cases followed, burns showed improvement in tissue repair process and pain and have not shown clinical signs of infection during dressing changes. Conclusion: We conclude that the use of a high technology biological dressing combined with burned patients specialized care, brings greater benefits to the healing process of burns and also for patient health. Keywords: Burns; Wound Healing , Wounds and Injuries NOTA 1,2 Médicos do Centro de Tratamento de Queimados - Hospital Municipal Souza Aguiar, Rio de Janeiro, RJ. Os autores declaram não haver conflitos de interesse. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 N i t r a t o d e c é r i o , c o l á g e n o e a l g i n a t oA dRe Tc Iá lGc iO o eO m R q uIeG i mIaN d uAr aLs Introdução A queimadura é considerada um trauma de grande complexidade, de difícil tratamento e com alta taxa de morbidade e mortalidade.1-5 A maioria dos casos de queimaduras ocorre em um cenário doméstico ou de trabalho, envolvendo crianças ou adultos, como resultado de violência interpessoal.5 O tratamento das queimaduras ainda constitui um grande desafio para os profissionais da área de saúde.6 Cada vez mais, a indústria apresenta novos produtos para tratamento de feridas, que permitem menor número de trocas, redução da dor, maior conforto e reparo tecidual. As trocas foram sequenciais em 23/12/2013 (figura 1A) e 26/12/2013 (a cada 3 dias)(figura 1B). O processo de cura foi concluído no dia 31/12/2013 (12 dias) e a documentação fotográfica final foi no dia 07/01/2014 (19º dia pós-queimadura – figura 1C). O paciente apresentou mínima dor às trocas e a equipe considerou fácil o manejo dos curativos. Não foram evidenciados sinais clínicos de infecção. No caso das queimaduras, ressalta-se a importância do preparo do leito nos casos de lesões que necessitam de enxertia de pele, o combate da infecção, a imunomodulação e o controle da dor.2 Em setembro de 2013, foi lançado um novo produto pelo Laboratório Silvestre Labs® associando os benefícios do nitrato de cério ao colágeno bovino e ao alginato de cálcio. Esse curativo biológico visa a controlar a colonização bacteriana, absorver exsudato de quantidade pequena a moderada e promover a aceleração do processo de cicatrização da pele. Figura 1A Esse curativo biológico é indicado para queimaduras e feridas de difícil cicatrização, como as sanguinolentas, a úlcera de perna e a úlcera de pressão e pé diabético, complicação grave do diabetes. Nas não deve ser utilizado em pacientes com conhecida hipersensibilidade aos componentes de sua formulação. Deve-se interromper a sua utilização se surgirem quaisquer sinais de sensibilidade. Deve ser aplicado sobre a área da lesão, devendo cobrir toda a extensão da mesma, podendo ser cortados com tesoura estéril, quando necessário. O objetivo deste estudo foi avaliar o processo de reparo tecidual de queimaduras de 2º grau superficial e intermediário em uso de um curativo biológico composto por nitrato de cério, colágeno bovino e alginato de cálcio. Figura 1B A relevância desse estudo está na indicação de um curativo biológico inovador composto por três coberturas (nitrato de cério, colágeno bovino e alginato de cálcio) para o tratamento de queimaduras, considerando que suas principais vantagens são: diminuir a colonização bacteriana, reduzir a dor, otimizar o meio para uma boa cicatrização e ser de fácil aplicação. Relato de casos Caso 1: Paciente de 43 anos, sexo masculino, vítima de queimadura por arco voltaico, apresentando 6% de superfície corpórea queimada de segundo grau superficial e em algumas áreas de segundo grau profundo. Acometendo membro superior esquerdo. Foi internado no CTQ em 19/12/2013, logo após o acidente. O primeiro curativo com a associação de nitrato de cério, colágeno e alginato de cálcio foi realizado no dia subsequente, 20/12/2013. Figura 1C Caso 2: Paciente de 42 anos, sexo feminino, queimadura por combustão de álcool, apresentando 23% de superfície corpórea queimada de segundo grau superficial e áreas REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 73 74 lima JA, Montana RA de segundo grau profundo. Deu entrada no CTQ no dia 13/05/2014, poucas horas após o acidente. O primeiro curativo com a associação de nitrato de cério, colágeno e alginato de cálcio foi realizado em 14/05/2014. As trocas foram em 16/05/2014 (figura 2A) em 20/05/2014 (figura 2B) e em 24/05/2014 (figura 2C), data na qual perdemos o contato da paciente por evasão do hospital. A paciente apresentou mínima dor às trocas e a equipe considerou fácil o manejo dos curativos. Não foram evidenciados sinais clínicos de infecção. superficial e áreas de segundo grau profundo. Deu entrada no CTQ no dia 08/05/2014. As queimaduras no antebraço e na mão direita (1,5% da superfície corpórea total queimada) foram tratadas com a associação de nitrato de cério, colágeno e alginato de cálcio a partir do dia 14/05/2014. Os curativos subsequentes foram nos dias 16/05/2014 (figura 3A), 20/05/2014 (figura 3B) e 24/05/2014 quando observamos a completa restauração tecidual da região acometida. A observação final foi realizada no dia 27/05/2014 (figura 3C). A paciente apresentou mínima dor às trocas e a equipe considerou fácil o manejo dos curativos. Não foram evidenciados sinais clínicos de infecção. Figura 2A Figura 3A Figura 2B Figura 3B Figura 2c Caso 3: Paciente de 20 anos, sexo feminino, vítima de queimadura por combustão de gasolina, apresentando 16% de superfície corpórea queimada de segundo grau REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 Figura 3C N i t r a t o d e c é r i o , c o l á g e n o e a l g i n a t oA dRe Tc Iá lGc iO o eO m R q uIeG i mIaN d uAr aLs Caso 4: Paciente de 49 anos, sexo masculino, vítima de queimadura por chama, apresentando 7% de superfície corpórea queimada de segundo grau e áreas de segundo grau profundo. Deu entrada no CTQ no dia 05/12/2013, uma hora após o acidente. A queimadura de tórax posterior representando 6% da superfície corpórea total foi tratada com a associação de nitrato de cério, colágeno e alginato de cálcio a partir do dia 06/12/2013. Os curativos subsequentes foram nos dias 10/12/2013 (figura 4A), 13/12/2013 (figura 4B) e 17/12/2013, quando foi observada a total restauração da área acometida. A observação final foi realizada no dia 20/12/2013 (figura 4C). O paciente apresentou mínima dor às trocas e a equipe considerou fácil o manejo dos curativos. Não foram evidenciados sinais clínicos de infecção. Caso 5: Paciente de 18 anos, sexo masculino, vítima de queimadura por contato com escapamento de moto, apresentando 0,5% de superfície corpórea queimada de espessura total, incluindo a exposição de área tendínea. Deu entrada no CTQ no dia 05/05/2014, 24 horas após o acidente. A queimadura foi tratada com a associação de nitrato de cério, colágeno e alginato de cálcio a partir do dia 13/05/2014. Os curativos subsequentes foram nos dias 16/05/2014 (figura 5A), 20/05/2014, 24/05/2015 (figura 5B) e 27/05/2014 (figura 5C). A observação final, após a enxertia de pele, foi realizada no dia 03/06/2014 (figura 5D). O paciente apresentou mínima dor às trocas e a equipe considerou fácil o manejo dos curativos. Não foram evidenciados sinais clínicos de infecção. Figura 4A Figura 5A Figura 4B Figura 4C Figura 5B REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 75 76 lima JA, Montana RA Figura 6A Figura 5C Figura 6B Figura 5D Caso 6: Paciente de 31 anos, sexo masculino, vítima de dermoabrasão decorrente de acidente com motocicleta. A região acometida envolveu membro superior direito, esquerdo e hemiface direita. Deu entrada no CTQ no dia 20/01/2014, algumas horas após o acidente. A queimadura da hemiface direita foi tratada com a associação de nitrato de cério, colágeno e alginato de cálcio a partir do dia 28/01/2014. Os curativos subsequentes foram nos dias 04/02/2014 (figura 6A), 07/02/2014 (figura 6B), 11/02/2014 (figura 6C) e 14/02/2014. A observação final, após a enxertia de pele, foi realizada no dia 17/02/2014 (figura 6D). O paciente apresentou mínima dor às trocas e a equipe considerou fácil o manejo dos curativos. Não foram evidenciados sinais clínicos de infecção. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME | 2016; 78 Figura 6C N i t r a t o d e c é r i o , c o l á g e n o e a l g i n a t oA dRe Tc Iá lGc iO o eO m R q uIeG i mIaN d uAr aLs respeito ao nitrato de cério11, bem como nas queimaduras de segundo grau, no que diz respeito à associação do colágeno bovino e alginato6. Desse modo, a combinação de ambos os produtos, contempla os aspectos referentes à imunomodulação, infecção, redução do número de trocas (que variou de 2 a 4 dias de intervalo), mínima dor referida pelos pacientes durante o tratamento e facilidade de aplicação (manejo do curativo pela equipe). Conclusão O uso do curativo biológico composto por nitrato de cério, colágeno bovino e alginato de cálcio resultou na cicatrização total de 50% das queimaduras acompanhadas no estudo, melhora no processo de reparo tecidual e da dor e não foram evidenciados sinais clínicos de infecção durante as trocas de curativos. Figura 6D Em detrimento do tamanho da amostra desse estudo, sugere-se a realização de estudos clínicos randomizados com amostras mais amplas, para avaliar a efetividade e eficácia desse curativo. Discussão Nesse estudo, em relação ao sexo, quatro eram do sexo masculino e dois do sexo feminino, e as idades variaram de 18 a 49 anos. Todas as queimaduras foram classificadas em segundo grau superficial e profundo. Os agentes causadores das queimaduras foram por arco voltaico, combustão por álcool, gasolina, chama, escapamento de moto e dermoabrasão por acidente automobilístico. Em todos os casos acompanhados as queimaduras apresentaram melhora no processo de reparo tecidual e da dor e não foram evidenciados sinais clínicos de infecção durante as trocas de curativos. Sendo que em três casos acompanhados (50%) houve cicatrização completa no tempo de acompanhamento do estudo. O tratamento das queimaduras constitui um grande desafio no que diz respeito ao combate à infecção e sepse7, dificuldades de imunomodulação3, dor, tempo de restauração e cicatrização tecidual, conforto do paciente, facilidade de trocas de curativos e maior intervalo entre as mesmas. O curativo que associa o nitrato de cério, colágeno bovino e alginato ainda não apresenta dados de literatura para comparação com os resultados obtidos neste estudo, por ser um curativo novo. Sabemos, no entanto, que o nitrato de cério a 2,2%8 já tem seu uso consagrado no tratamento do grande queimado desde sua introdução no mercado europeu. Da mesma forma, a associação de colágeno bovino e alginato já existe e tem seu uso amplamente utilizado, tanto para queimaduras como para lesões crônicas.9,10 Ambos os produtos, quando comparados aos tratamentos convencionais anteriores, mostraram-se superiores, em especial no grande queimado, no que diz Referências 1. 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