sistematização da assistência de enfermagem a um paciente

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ROSA, J., et al.
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM
PACIENTE PORTADOR DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
SYSTEMATIZATION OF NURSING ASSISTANCE TO A CEREBRAL
STROKE PATIENT
SISTEMATIZACIÓN DE LA ASISTENCIA DE ENFERMERÍA A UN PACIENTE
PORTADOR DE ACCIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
Janice da Rosa1
Éder Luís Arboit2
Taise Barichello Moro³
Andrea Nunes de liveira4
Luana Posamai Menezes5
Cristina Thum Kaefer6
RESUMO
Objetivo: relatar a experiência de acadêmicas de enfermagem no cuidado ao paciente idoso
com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Método: estudo descritivo de abordagem
qualitativa, realizado por meio de um relato de experiência. As atividades estão vinculadas a
disciplina de Estágio Curricular em Enfermagem no Cuidado do Adulto, vinculada ao 8°
semestre do Curso de Enfermagem da Universidade de Cruz Alta. Resultados: realizou-se o
histórico de enfermagem, exame físico e análise dos exames laboratoriais e de imagem.
Elencaram-se os diagnósticos de enfermagem, a prescrição e evolução de enfermagem.
Conclusões: foi possível integrar a teoria e metodologia trabalhadas em sala de aula com a
prática do cotidiano realizada no hospital. Através do cuidado integral e individualizado,
possibilitou a assistência de modo integral, individualizado e holístico, promovendo a
melhoria da qualidade de vida e saúde do paciente. Favoreceu a troca de experiências,
contribuindo como espaço de aprendizagem e formação profissional.
Descritores: Enfermagem; Administração dos cuidados ao paciente; Processos de
Enfermagem; Doença pulmonar obstrutiva crônica.
1
Enfermeira, egressa da Universidade de Cruz Alta - RS. Cruz Alta - RS, Brasil. E-mail:
[email protected]
2
Enfermeiro, Mestre em Enfermagem, Docente no Curso de Enfermagem da Universidade de Cruz Alta. Cruz
Alta - RS, Brasil. Membro do Grupo de Pesquisa Enfermagem no Contexto da Assistência à Saúde - ENFAS,
vinculado ao Curso de Enfermagem da Unicruz. E-mail: [email protected]
3
Acadêmica do oitavo semestre do curso de Enfermagem da Universidade de Cruz Alta - RS. Cruz Alta - RS,
Brasil. E-mail: [email protected]
4
Enfermeira, egressa da Universidade de Cruz Alta - RS. Cruz Alta - RS, Brasil. E-mail:
[email protected]
5
Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Docente no Curso de Enfermagem da Universidade de Cruz Alta. Cruz
Alta - RS, Brasil. Membro do Grupo de Pesquisa Enfermagem no Contexto da Assistência à Saúde - ENFAS,
vinculado ao Curso de Enfermagem da Unicruz. E-mail: [email protected]
6
Enfermeira, Mestre em Enfermagem e Saúde, Docente no Curso de Enfermagem da Universidade de Cruz Alta.
Cruz Alta - RS, Brasil. Membro do Grupo de Pesquisa Enfermagem no Contexto da Assistência à Saúde ENFAS, vinculado ao Curso de Enfermagem da Unicruz. E-mail: [email protected]
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ABSTRACT
Aim: to report an Academic Experience assistance of the Nursing Course of process of an
Ischemic stroke Patient. Method: report of the Nursing Academic group experience with a
non-assisted elderly patient diagnosed with Stroke. Results: we identified in the nursing
process the Diagnoses such as: phlebitis paragraph risk related to stroke; Infection risk related
to one Central Vascular Access; Related Fall Risk due to the age and agitation of the patient;
Risk of acute pain related to the disease. From these have emerged interventions through Care
Plan means: Perform salinization of the venous access, Keeping Bedside High, washing
nasogastric tube, do central venous access dressing, checking SPO² and medicate as the
prescription. Conclusions: the present study demonstrated the importance of Nursing Practice
Team along The Patient Ischemic stroke carrier. The systematization of nursing care provided
a realization of a humanized care, qualified and personal.
Descriptores: Nursing; Patient Management; Nursing Process; Stoke.
RESUMEN
Objetivo: relatar la experiencia de académicos del Curso de Enfermería en el proceso
asistencial de paciente de Accidente Cerebrovascular Isquémico. Método: relato de
experiencia de académicos de enfermería en el cuidado a un paciente mayor con diagnóstico
de accidente vascular encefálico. Resultados: pudo identificarse en el proceso de enfermería
los diagnósticos de enfermería como: Riesgo para flebitis relacionado al ACV (accidente
cerebrovascular); Riesgo de Infección relacionado a Acceso Vascular Central; Riesgo de
caída relacionada a la edad y agitación del paciente; Riesgo de dolor agudo relacionado a la
patología. A partir de éstos surgieron intervenciones por medio de un plan de cuidados:
Realizar salinización del acceso venoso, mantener la cabecera elevada, lavar la sonda
nasogástrica, hacer apósito del acceso venoso central, verificar SPO² y administrar medicinas
según prescripción médica. Conclusiones: el presente estudio demostró la importancia de la
acción del equipo de enfermería junto al paciente portador de Accidente Cerebrovascular
Isquémico. La sistematización de la Asistencia de Enfermería hizo posible la realización de
un cuidado humanizado, cualificado e individualizado.
Descriptors: Enfermería; Manejo de Atencion al Paciente; Processos de Enfermería;
Accidente Cerebrovascular.
INTRODUÇÃO
Na assistência hospitalar evidenciam-se muitos casos de pacientes com diagnóstico
de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). A prevalência está estimada em nove a
10% da população acima dos 40 anos, sendo maior em fumantes e em homens
(CHAYAMITI; CALIRI, 2010). Por atingir pessoas em processo de envelhecimento é
importante o setor saúde realizar planejamento de ações com estrutura e logísticas com
recursos humano devido a esta patologia configurar-se como um dos maiores desafios da
atualidade e do futuro, devendo intensificar ações de prevenção de doenças e promoção da
saúde (MARCHIORI et al., 2010).
Atualmente assistimos a um aumento da população idosa, associado às doenças
crônicas e síndromes geriátricas, deixando as pessoas que encontram-se neste ciclo vital mais
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vulnerável enquanto estado de saúde (LANA; SCHNEIDER et al., 2016). A DPOC é
considerada como uma enfermidade crônica e progressiva ocasionando déficit no seu estado
geral de saúde em que os aspectos funcionais e emocionais são afetados (NOGUEIRA, 2016).
Tal patologia caracteriza-se pela limitação do fluxo aéreo, apresentam dispnéia, intolerância
aos exercícios físicos e progressiva incapacidade em realizar atividades diárias, porém é uma
doença previnível e tratável (COSTA; RUFINO, 2013) Assim, programas terapêuticos para a
reabilitação destes pacientes devem ser ofertados ao passo que gestores em saúde necessitam
investir em políticas públicas que contemplem cuidados de saúde aos portadores de DBPOC
melhorando desta forma a sua qualidade de vida.
Muitos pacientes também podem apresentar outras enfermidades apresentando
problemas cardíacos, estando associada a potencial risco para arritmias, ocorrendo
extrasístoles ventriculares em 83%, taquicardia supraventricular em 69%, taquicardia
ventricular em 22% e fibrilação atrial em 8% dos casos (SCHETTINO et. al., 2013). Por
vezes, estes pacientes necessitam fazer uso de medicações como betabloqueadores usados
para tratar a pressão arterial, aliviar angina entre outros.
O paciente portador de DBPOC apresenta diversas alterações no estilo de vida
influenciando também seu contexto familiar, pois ocorrem mudanças em rotinas de vida, na
qual necessita de necessita de auxílio para realizar suas atividades diárias ou até uso de
oxigenioterapia devido a dispnéia que dependendo do estado clinico do paciente faz uso de
cateter nasal ou máscara facial que dificultam a deambulação.
A presente doença enfocada neste estudo doença acomete os pulmões, destruindo ou
danificando os alvéolos que prejudicam as trocas gasosas (oxigênio por gás carbônico e viceversa). A obstrução do fluxo aéreo é geralmente progressiva na DPOC e está associada a uma
resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos, causada
primariamente pelo tabagismo (RABAHI, 2013).
As principais queixas relacionadas ao sistema respiratório compreendem a dispnéia,
tosse, expectoração, hemoptise, dor torácica e rouquidão. Por sua vez ao realizar exame físico
evidenciam-se sinais como: cianose, baqueteamento digital, alterações da caixa torácica, do
padrão respiratório, da expansibilidade, do frêmito toracovocal, dos sons à percussão e
ausculta (BETTENCOURT, et. al., 2010). Quanto aos exames laboratoriais, os achados mais
frequentes são alterações dos gases sanguíneos arteriais e hematócrito (AQUINO et. al.,
2011).
Neste contexto, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) constitui um
meio que o enfermeiro dispõe para prestar assistência aos pacientes de forma humana,
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individual, planejada e organizada, visando o bem estar físico e psíquico do cliente,
fortalecendo o trabalho em equipe e proporcionando um cuidado integral, continuado e
humanizado, contribuindo assim para melhoria da qualidade da assistência de enfermagem
(SANTOS; VEIGA; ANDRADE, 2011).
A SAE constitui-se em atividade privativa do enfermeiro e utiliza método e estratégia
de trabalho científico para a identificação das situações de saúde/doença. Trata-se de um
processo completo realizada de forma sistemática em toda instituição da saúde, pública e
privada e que precisa ser registrada formalmente no prontuário do paciente (SANTOS
VEIGA; ANDRADE, 2011). Atividade intelectual complexa, premeditada e deliberada. Está
constituído por cinco etapas: Histórico de Enfermagem, Diagnóstico de Enfermagem,
Planejamento de Enfermagem, Implementação de Enfermagem, Avaliação de Enfermagem
(COFEN, 2009).
Tal metodologia assistencial subsidia ações de assistência de enfermagem que possam
contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo,
família e comunidade (COFEN, 2009). Além disso, as habilidades cognitivas e perceptivas da
enfermeira são fatores que influenciam a organização de modelos para a coleta dos dados
(CHAYAMITI; CALIRI, 2010). Diante da problemática exposta, o presente trabalho tem por
objetivo relatar a experiência de acadêmicas de enfermagem no cuidado ao paciente com
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica.
METODO
Estudo descritivo de abordagem qualitativa, realizado por meio de um relato de
experiência, o qual descreve aspectos vivenciados pelos autores, no cuidado de um paciente
com DPOC. Estudo desenvolvido em agosto de 2015, no decorrer das atividades práticas da
disciplina de Estágio Curricular em Enfermagem no Cuidado do Adulto, vinculada ao 8°
período do Curso de Enfermagem da Universidade de Cruz Alta.
O cenário foi um hospital privado, de médio porte, localizado no interior do Rio
Grande do Sul (RS). A unidade de escolha para o referido estágio atende basicamente a
pacientes adultos com patologias clinicas. Possui 33 leitos distribuídos em quartos privativos
e semi-privativos, atendendo somente particulares e convênios.
Um relato de experiência consiste em analisar e compreender variáveis importantes ao
desenvolvimento do cuidado dispensado aos indivíduos-famílias-comunidade e aos seus
problemas, sendo o pesquisador um observador passivo ou ativo, que relata de forma clara e
objetiva suas observações (MINAYO, 2013). Trata-se de uma ferramenta da pesquisa, a qual
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tem por objetivo apresentar uma reflexão sobre uma ação ou um conjunto de ações
relacionadas a uma prática vivenciada no âmbito profissional ou educacional e de interesse da
comunidade científica (CAVALCANTE; LIMA, 2012).
Por se tratar de relato de experiência o estudo não necessita de submissão para
apreciação em Comitê de Ética em Pesquisa. No entanto, foram respeitados todos os
princípios da Resolução 466/2012 (BRASIL, 2012). Foi solicitada Autorização Institucional,
por meio do Termo de Confidencialidade, uma vez que se teve acesso ao prontuário. Pela
impossibilidade da paciente o familiar (filho) assinou o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) ficando de posse de uma cópia e o pesquisador de outra, garantindo
assim a confidencialidade dos dados, única e exclusivamente para fins científicos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa teve como sujeito paciente do sexo feminino, hospitalizada com
diagnóstico principal de DPOC. A coleta de dados foi realizada por meio da consulta ao
prontuário da paciente, através de consulta de enfermagem e pela SAE, avaliados em suas
dimensões sociais e físicas (exame físico, história clínica e avaliação da dor). Neste sentido, a
SAE constitui-se em uma ferramenta importante a ser utilizada pelos enfermeiros no cotidiano
de trabalho. Possibilita a identificação das respostas dos pacientes aos problemas de saúde e
aos processos vitais que exigem intervenções.
Trata-se de uma paciente idosa com iniciais, A. R. B, 87 anos, admitida para
tratamento respiratório, apresentando dispneia intensa, cianose de extremidades, cansaço,
astenia, dor no tórax, inapetência. Os acadêmicos tiveram a possibilidade de realizar o
histórico de enfermagem, exame físico e análise dos exames laboratoriais e de imagem.
Elencaram-se os Diagnósticos de Enfermagem (DE) de NANDA, a prescrição e evolução de
enfermagem, utilizando os pressupostos da teoria das Necessidades Humanas Básicas de
Wanda Aguiar Horta.
Anamnese e Exame Físico
A anamnese e o exame físico são as primeiras etapas do Processo de Enfermagem
(PE) e representam um instrumento de grande valia para a assistência, uma vez que permite
ao enfermeiro realizar o diagnóstico e planejar as ações de enfermagem, acompanhar e avaliar
a evolução do paciente. Sua implementação visa o cuidado individualizado, holístico,
humanizado e com embasamento científico (SOUZA; LANDIN, 2013). Para a realização do
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exame físico utilizou-se os passos terapêuticos como inspeção, palpação, ausculta e percussão
(SANTOS, 2014). Ao exame físico evidenciou-se:
Quadro 1 - Descrição da Anamnese e Exame Físico
Paciente lúcida, orientada e consciente, pupilas isofotoreagentes, nível de consciência
avaliada através da escala Glasgow: 15; couro cabeludo íntegro, mucosas oculares
normocoradas, presença de prótese dentária, higiene oral e corporal adequadas, acuidade
visual e auditiva preservadas. Apresenta-se hipocorada e afebril. Pele ressecada, com
presença de hematomas em MMSS e lesões nos calcâneos e cóccix, não deambula, aplicada
escala de Braden 13. Mamas simétricas. Eupnéia, à ausculta pulmonar presença leve
estertores. Abdômen flácido indolor à palpação profunda, fígado palpável e indolor, ruídos
hidroaéreos normais, faz uso gastrostomia para alimentação. Desconhece ser a alérgica a
medicação. Faz uso Sonda Vesical de Demora (SVD) em sistema fechado com diurese de
coloração amarelada. Eliminação intestinal presentes 3 vezes ao dia com fezes semi líquidas.
Restante do exame sem anormalidades. Sinais vitais: T: 36ºC, FR: 20 ipm, FC: 94 bmp, PA:
140x90 mmhg, Sat O2: 89%.
Fonte: Elaborado pelos autores em agosto de 2015
A anamnese e exame físico foram realizados com base em um formulário
institucional, impresso e de uso exclusivo para cada paciente. A primeira parte contem dados
sobre a identificação do paciente, história de saúde/doença (atual e pregressa), antecedentes
pessoais e familiares, sinais vitais, questões sócio demográficas, entre outras. Na segunda
parte do formulário estão incluídos os aspectos relacionados aos sistemas orgânicos, aos
possíveis riscos, o que facilita na elaboração dos diagnósticos de enfermagem. Cabe destacar
que o exame físico sempre é realizado no sentido céfalo-caudal, em ambiente calmo e quando
o paciente não apresenta condições de responder as questões do roteiro, solicita-se auxilio ao
familiar.
Diagnósticos de Enfermagem
Os DE são elementos fundamentais, pois a precisão e a relevância de toda a prescrição
de cuidados dependem da sua capacidade de identificar, de forma clara e específica, tanto os
problemas quanto as suas causas. Para elaborar o DE, o enfermeiro precisa ter conhecimento
sobre o exame físico do paciente e raciocínio clínico e atencioso com base técnico-científica
na anatomia, fisiologia e fisiopatologia. Somente através do julgamento clínico correto é
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possível prever os diagnósticos de risco reais e, portanto, planejar cuidados que previnam
problemas e promovam a saúde (NANDA, 2013).
Em estudo de Silva et.al., (2015), referem que a SAE apresenta relevância no cuidado
enquanto assistência ao paciente para traçar um plano assistencial de cuidados ao paciente, e
ter relevância em cuidados voltados ao envelhecimento cuidando com premissas de qualidade
e segurança, com humanização e redução de agravos à saúde. Os autores afirmam que para
realizar a SAE os diagnósticos de NANDA são salutares para intervir com cuidados que
favoreçam o reestabelecimento da saúde do paciente.
Neste contexto, após avalição da história da paciente foram seguidos os demais passos
da SAE. Assim, considerando as características definidoras, que são caracterizados como
sinais, sintomas e /ou manifestações clinicas do indivíduo, foram elaborados 12 diagnósticos
sendo eles classificados coo diagnósticos reais e de risco. Os primeiros referem-se àquelas
respostas já presentes nos pacientes e o segundo, a situações que apresentam alto risco para o
paciente desenvolver (OLIVEIRA et. al., 2011).
Tabela 1 – Diagnósticos de Enfermagem segundo Taxonomia II de NANDA, 2013.
1. Déficit no autocuidado alimentar-se / banho higiene / vestir-se arrumar relacionado com
quadro clínico;
2. Risco de glicemia instável relacionado com pouca aceitação da dieta;
3. Risco de desidratação relacionada com diminuição da ingesta hídrica;
4. Risco de dor aguda relacionada ao quadro clínico;
5. Risco para flebite relacionado com Acesso Venoso Central;
6. Risco de infecção urinária relacionado com presença de cateter vesical de demora;
7. Troca gasosa deficiente relacionada ao desequilíbrio entre ventilação e perfusão
evidenciada pela cianose de extremidades;
8. Risco de lesões na região inguinal relacionada umidade;
9. Risco de queda relacionado à idade, fraqueza e diminuição da força muscular;
10. Risco de integridade da pele prejudicada relacionada à restrição de movimentos;
11. Nutrição Desequilibrada: menos do que as necessidades corporais relacionada com a
inapetência e desconforto respiratório;
12. Risco Potencial para complicações metabólicas relacionadas com o quadro clínico.
Fonte: Elaborado pelos autores em agosto de 2015
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Saber intervir diante dos DE, requer que o enfermeiro tenha conhecimentos e
habilidades específicos acerca do processo saúde/doença do paciente e, dessa forma, após a
identificação do problema expresso pelo DE, pode-se planejar e desenvolver atividades que
atendam as necessidades do paciente na sua integralidade, promovendo a saúde, buscando
prevenir complicações e dando continuidade ao processo de enfermagem para que seja efetiva
a melhora do quadro clínico (GOUVEIA et. al., 2012).
A implementação dos diagnósticos de enfermagem trouxe benefícios diretos não
somente para o paciente, mas para a instituição e aos demais profissionais da saúde
(OLIVEIRA et. al., 2011). Com dados coletados no histórico de enfermagem foi possível
identificar as principais necessidades da paciente frente aos problemas identificados que
nortearam, facilitando o planejamento e implementação da prescrição de enfermagem.
Nogueira (2016) em seu estudo aponta que o profissional enfermeiro apresenta atuação
relevante na avaliação dos dados clínicos do paciente, podendo atuar promocionalmente com
orientação para o autocuidado a partir dos problemas apresentados e diagnosticados. Desta
forma é salutar ampliar saberes a cerca da DPOC e desenvolver atividades educacionais e
gerenciais a fim de melhorar a assistência prestada.
Prescrição de Enfermagem
A Prescrição de Enfermagem compreende a quarta etapa do PE. Consiste em um
planejamento de atividades específico e individualizado e coerente com as necessidades de
cada paciente. Tem validade de 24 horas e a possibilidade de alteração sempre que necessário.
Atividade privativa do enfermeiro, sendo registrada em impresso próprio, tendo como
subsidio a Evolução de Enfermagem (CHAVES, 2013a).
Deve iniciar a frase, sempre no infinitivo, sendo complementada quando houver
alteração nas condições do paciente. Após a elaboração dos DE foram elencados os cuidados
de enfermagem de maior relevância evidenciados a fim de implementar a prescrição de
enfermagem de modo sistemático, dinâmico e seguro. A tabela 2 apresenta os cuidados de
enfermagem, realizado com base nos DE, deste estudo.
Tabela 2 - Prescrição de Enfermagem.
PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM
13/08/2015
1. Realizar higiene corporal e do couro cabeludo pela manha
08h
2. Avaliar o grau de dispneia e hipóxia
Continuo
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3. Manter colchão piramidal
Continuo
4. Realizar higiene oral com cepacol 4 x ao dia
08, 12, 18, 22
5. Manter cabeceira elevada 45°
Continuo
6. Proporcionar massagem de conforto após o banho
08h
7. Realizar assepsia com álcool 70% no equipo polifix 3 x dia.
14, 22, 06
8. Salinizar acesso venoso 6/6h.
12, 18, 00, 06
9. Lavar sonda de gastrostomia após medicações.
Contínuo
10. Estimular movimentação no leito 2/2h
DLD - 08, 14, 20
DLE - 10, 16, 22
DD - 12, 18, 04
10. Sentar cliente na cadeira 2 x ao dia
10, 16
12. Trocar equipo da deita 1 x dia
22
13. Lavar sonda de gastrostomia antes da pausa noturna
22
14. Realizar higiene perineal e troca de fraldas
M, T, N
15. Registrar volume e aspecto da diurese
M, T, N
16. Observar, comunicar e anotar alterações 1x ao turno
M, T, N
17. Realizar curativo AVC com tegaderm
SN
18. Observar sinais flogisticos
M, T, N
19. Manter paciente orientado no tempo e espaço
Contínuo
20. Observar e registrar aspecto das secreções
M, T, N
21. Observar e registrar aspecto das evacuações
M, T, N
22. Manter grades no leito
N
23. Hidratar pele e monitorar condições da pele e manter coxins 1 x
M, T, N
turno
24. Avaliar dor 1x ao turno.
07, 14, 20
25. Monitorar a validade SVD
08
26. Realizar curativo gastrostomia 1x ao dia
10h
27. Verificar SPO2 1 x ao turno
08, 14, 20
28. Administrar analgésico e broncodilatadores
SN
29. Realizar curativo MID e MIE com dersani 1x ao dia
08
28. Troca de equipo de medicação (tazocin)
22
30. Aplicar Bepantol pomada nas assaduras 3x ao dia
08, 14, 22
31. Aplicar Bactroban 20 mg nas lesões na região lombar 2 x dia
08, 20h
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Fonte: Elaborado pelos autores em agosto de 2015
A elaboração da Prescrição de Enfermagem permitiu aos acadêmicos uma visão mais
ampla e abrangente das necessidades da paciente, e também demonstrou o quanto o processo
é importante para o enfermeiro no que concerne a detecção de intervenções precoces frente
aos fatores que possam interferir negativamente no curso do processo terapêutico. Além disso,
possibilita que a equipe possa realizar as ações de cuidado de modos sistemático, qualificando
a assistência de enfermagem. Observou-se que o conhecimento das patologias e o
entendimento de sinais e sintomas são essências para a detecção dos cuidados a serem
realizados.
As intervenções de Enfermagem, frente aos diagnósticos elaborados, possibilitaram
assistir a cliente de uma forma holística, visando o seu bem-estar. Além disso, percebe-se que
a assistência baseada em cientificidade e humanização conduz o indivíduo e lhes proporciona
uma melhor qualidade de vida.
Evolução de Enfermagem
A Evolução de Enfermagem representa a última etapa do PE e constitui a fase na qual
formaliza plano de cuidados individualizado ofertado ao paciente. Consiste em uma sequencia
dinâmica de avaliação e revisão crítica das terapias instituídas pelo enfermeiro (CHAVES,
2013b). As Anotações de Enfermagem fornecem dados que subsidiam os profissionais de
saúde e em especial o enfermeiro no estabelecimento do plano de cuidados/prescrição;
suporte para análise reflexiva dos cuidados ministrados.
Trata-se, portanto, de um o relato diário das mudanças sucessivas que ocorrem no ser
humano enquanto estiver sob assistência profissional, sendo possível avaliar a resposta do ser
humano à assistência de enfermagem implementada. Neste sentido, elaborou-se a Evolução de
Enfermagem, com base nas etapas que a antecedem. O quadro 2 apresenta a Evolução de
Enfermagem elaborada em 13/08/2015.
Quadro 2 - Evolução de Enfermagem.
Paciente em tratamento clinico, neurológico, DPOC, consciente, verbalizando, dislálica,
acamada, hipocorada, orientada, lucida, boas condições de higiene corporal e oral, pele
ressecada, apresenta hematomas em MMSS, acuidade visual, auditiva preservadas,
respirando em ar ambiente, sinais vitais estáveis, mantendo AVC duplo lúmen em subclávia
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direita salinizado, aplicado reparil cpm, realizado ausculta cardíaca se anormalidades,
ausculta pulmonar com presença de leve estertores. Apresentando pústulas na região lombar,
faz uso gastrostomia para alimentação com nutrison pratison a 60 ml/h por bomba de infusão.
Abdômen leve volumoso indolor a palpação e com presença RHA normais. Realizado
curativo no cóccix com aspecto presença de tecido de granulação, sem secreção. Curativo em
MID (calcâneo) com secreção purulenta com odor fétido, faz uso Cateter vesical de demora
n0 16 em sistema fechado com diurese de coloração amarelada. Eliminação intestinal
presentes 3 x com fezes semi liquida. PA: 140/90 mm/hg, T: 36 c°, FC: 92 bpm/min, FR:
21ipm/min, SPO2: 95%. Recebendo os demais cuidados de enfermagem. Escala de Braden:
13, Escala de Glasgow: 15.
Fonte: Elaborado pelos autores em agosto de 2015
A evolução de enfermagem retrata além do estado clínico do paciente a assistência
de enfermagem ofertada. Neste sentido Pinto (2016), refere que ações de enfermagem
entendida como intervenções de enfermagem devem ser planejada para reestabelecer a
qualidade de vida do paciente.
Ao evoluir estado clínico do paciente, descreve-se e ilustra-se o estado de saúde, a
evolução de sua reabilitação e aspectos salutares a serem observados também como
balizadores a cuidados que deverão serem intensificados para melhoria da qualidade de vida e
de saúde ao paciente assistido, sendo reavaliado a cada seis horas com a SAE, de forma
continua, individualizada e sistematizada.
CONCLUSÕES
O enfermeiro possui importante atuação no processo saúde e doença do ser humano,
mostrando alternativas assistenciais e de cuidados aos pacientes por meio de orientações
individualizadas bem como a seus familiares, principalmente quando indivíduos no ciclo vital
idoso. Neste momento existencial os idosos apresentam modificações fisiológicas, somadas as
doenças prevalentes deixam os frágeis, tornando-os mais vulneráveis se comparado a fases
anteriores do seu processo de viver. Neste contexto a família desenvolve importante papel no
auxilio aos cuidados tornando assim o cuidado mais efetivo.
A DPOC faz com que as pessoas adquirem limitações sérias com dificuldades para
desenvolver efetivamente as atividades cotidianas, como higiene, alimentação, vestir-se ou
subir alguns degraus. É de extrema importância a ação do enfermeiro pois proporciona
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suporte para adaptar-se da melhor maneira possível ao evento da doença e seu conseqüente
processo de reabilitação.
Assim, a realização deste estudo foi relevante para a formação acadêmica uma vez
que a implementação e reflexão da Sistematização da Assistência de Enfermagem favorece
para organização do cuidado e na qualidade da assistência ao indivíduo. Isso facilita o
planejamento e execução das intervenções traçadas de modo a auxiliar à equipe sobre a
importância dos cuidados serem realizados para se obter uma eficácia no tratamento e
possibilitando que o paciente permaneça no âmbito hospitalar por um curto período, além de
alcançar os resultados esperados para os diagnósticos realizados para a cliente.
Percebe-se a relevância da interação do profissional com paciente e a família para que
aja uma comunicação efetiva a fim de garantir, resultados positivos e visíveis, tanto no âmbito
hospital e no seu domicilio. Com a implementação da SAE, foi possível proporcionar um
atendimento individualizado e de acordo com as necessidades da paciente, buscando a
recuperação do paciente e melhorando sua qualidade de vida. Para os acadêmicos, tal
experiência proporcionou uma visão mais abrangente sobre a patologia e ao papel do
enfermeiro na avaliação e realização da SAE.
Ainda sob essa prerrogativa, essa experiência permitiu integrar a teoria e metodologia
trabalhadas em sala de aula com a prática do cotidiano realizadas no hospital, através do
cuidado integral e individualizado, favorecendo a troca de experiências com outros
profissionais, além de incentivar a buscar novos conhecimentos contribuindo como espaço de
aprendizagem e formação profissional.
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Enfermagem,
e
dá
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