“Não queiras entender para crer; crê para que possas entender. Se não crês, não entenderás”. (Sto Agostinho) PROFª. DRª CLÉLIA PERETTI QUERIGMA E CATEQUESE Kérigma = proclamação de uma mensagem É sinônimo de Evangelho Feliz anúncio de um grande acontecimento Proclamação da novidade que transforma a vida Anúncio essencial da salvação pela fé em Jesus Cristo É a mensagem cristã primitiva: adesão e seguimento de Jesus Cristo A primeira fase da pregação apostólica São os artigos fundamentais do credo cristão = Iniciação cristã: deve levar a um contato pessoal com Jesus Cristo O Querigma cristão • O Querigma como pregação oral das testemunhas oculares de Jesus • Núcleo central: Morte e Ressurreição de Jesus • Objetivo: Provar que Jesus é o Messias /Senhor/Salvador • Por isso: conversão. O Querigma cristão Enraíza-se na própria ordem de Jesus Cristo ressuscitado: Lc 24,44-48 “Depois lhe disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; e disse-lhes: Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse dentre os mortos; e que em seu nome se pregasse o arrependimento para remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois testemunhas destas coisas”. O Querigma cristão Textos mais antigos: nas Cartas Paulinas: 1Ts 1,9-10 : “Mas o irmão de condição humilde glorie-se na sua exaltação, e o rico no seu abatimento; porque ele passará como a flor da erva”. 1Cor 15, 1-7: “Ora, eu vos lembro, irmãos, o evangelho que já vos anunciei; o qual também recebestes, e no qual perseverais, pelo qual também sois salvos, se é que o conservais tal como vo-lo anunciei; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras; que apareceu a Cefas, e depois aos doze; depois apareceu a mais de quinhentos irmãos duma vez, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormiram; depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos”. O Querigma cristão Textos mais antigos: nas Cartas Paulinas: 1Cor 4,5 2Cor 5,10 Rm 1,1-4; Rm 2,16; 8,31-34; 10,9-13; 14,8-9 FUNDAMENTOS DO QUERIGMA PAULINO RECONHECIDOS PELA TRADIÇÃO APOSTÓLICA. cf. 1Cor 15,3; Gl 2,1-2] As profecias se cumpriram: Jesus é descendente de Davi Morreu, segundo as Escrituras Foi enterrado Ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras Foi exaltado à direita de Deus É Filho de Deus É o Senhor dos vivos e dos mortos Ele virá outra vez como Juiz e Salvador... Por isso: conversão O Símbolo Apostólico (Credo) O Credo Apostólico, o mais conhecido dos credos, é atribuído pela tradição aos doze apóstolos. O Símbolo dos Apóstolos, assim chamado por ser o resumo fiel da fé dos apóstolos, se desenvolveu a partir de pequenas confissões batismais empregadas nas Igrejas dos primeiros séculos e foi uma maneira simples e eficaz da Igreja Apostólica exprimir e transmitir a sua fé em formulas breves e normativas para todos. Nos seus doze artigos, o Creio sintetiza tudo aquilo que o católico crê. Este é como o mais antigo catecismo romano. É o antigo símbolo batismal da Igreja de Roma. O Símbolo Apostólico (Credo) Santo Ambrósio (340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja, que batizou santo Agostinho, mostra de onde vem a autoridade do Símbolo dos Apóstolos, e a sua importância: “Ele é o Símbolo guardado pela Igreja Romana, aquela onde Pedro, o primeiro dos Apóstolos, teve a sua Sé e para onde ele trouxe a comum expressão da fé”( Expl. Symb. ,7; PL 17, 1158D; CIC §194). Catecismo da Igreja Católica O Catecismo da Igreja nos assegura, que: “Nenhum dos símbolos das diferentes etapas da vida da Igreja pode ser considerado como ultrapassado e inútil. Eles nos ajudam a tocar e a aprofundar hoje a fé de sempre através dos diversos resumos que dela têm sido feitos”(CIC § 193). Padres da Igreja Falando do Credo, São Cirilo de Jerusalém (315-386), assim se expressa nas Cathecheses illuminandorum(5,12; PG 33, 521-524; CIC §186): “Este símbolo da fé não foi elaborado segundo opiniões humanas, mas da Escritura inteira recolheu-se o que há de mais importante, para dar, na sua totalidade, a única doutrina da fé. E assim como a semente de mostarda contém em um pequeníssimo grão um grande número de ramos, da mesma forma este resumo da fé encerra em algumas palavras todo o conhecimento da verdadeira piedade contida no Antigo e no Novo Testamento”. CREDO NICENO- ORIGEM O Credo Niceno deriva-se do credo de Nicéia (composto pelo Concílio de Nicéia (325 d.C), com pequenas modificações efetuadas pelo Concílio de Calcedônia (451 d.C) e pelo Concílio de Toledo (Espanha, 589 d.C). Este credo expressa mais precisamente a doutrina da Trindade, contra o arianismo. FÉ E O CREDO O Catecismo da Igreja Católica diz: “Recitar com fé o Credo é entrar em comunhão com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. É também entrar em comunhão com a Igreja inteira, que nos transmite a fé e no seio da qual cremos: Este Símbolo é o selo espiritual, a meditação do nosso coração e o guardião sempre presente; ele é, seguramente, o tesouro da nossa alma.” (CIC § 197; S. Ambrósio, Expl. Symb. 1:PL 17,1155C.) FÉ UM ATO PESSOAL A fé é um ato pessoal, pelo qual o homem submete completamente sua inteligência e vontade a Deus, na certeza de que obedece à verdade. O autor da carta aos Hebreus afirma que: “A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê” ( Hb 11,1). SUBMISSÃO DA INTELIGÊNCIA Na fé, a inteligência e a vontade humanas cooperam com a graça divina: "Credere est actus intellectus assentientis veritati divinae ex imperio voluntatis a Deo motae per gratiam - Crer é um ato da inteligência que assente à verdade divina a mando da vontade movida por Deus através da graça" (CIC § 155; S. Tomás de Aquino, S. Th. II-II,2,9). A FÉ CRISTÃ NÃO É UM ATO ISOLADO Apesar da fé cristã ser um ato pessoal, de forma alguma é um ato isolado. Ninguém pode crer sozinho ou dar a si próprio a fé. Recebemos a fé da Igreja (cf. I Cor 11,23;15,3; II Tess 2,15), a professamos e propagamos. Quando digo “eu creio” professo de maneira pessoal a fé recebida, ao passo que os fiéis reunidos numa mesma fé dizem “nós cremos”. MAGISTÉRIO • Ensina com propriedade o Magistério: “A fé é um ato pessoal: a resposta livre do homem à iniciativa de Deus que se revela. Ela não é, porém, um ato isolado. Ninguém pode crer sozinho, assim como ninguém pode viver sozinho. Ninguém deu a fé a si mesmo, assim como ninguém deu a vida a si mesmo. O crente recebeu a fé de outros, deve transmiti-la a outros. MAGISTÉRIO Nosso amor por Jesus e pelos homens nos impulsiona a falar a outros de nossa fé. Cada crente é como um elo na grande corrente dos crentes. Não posso crer sem ser carregado pela fé dos outros, e pela minha fé contribuo para carregar a fé dos outros."Eu creio": esta é a fé da Igreja, professada pessoalmente por todo crente, principalmente pelo batismo. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA "Nós cremos": esta é a fé da Igreja confessada pelos bispos reunidos em Concílio ou, mais comumente, pela assembléia litúrgica dos crentes. "Eu creio" é também a Igreja, nossa Mãe, que responde a Deus com sua fé e que nos ensina a dizer: "eu creio", "nós cremos". (CIC §167). SIMBOLOS DE FÉ Desde seu início no primeiro século, a Igreja procurou preservar e propagar a fé recebida do Senhor (II Tim 1,14), para isso, valeu-se de formas breves e normativas de modo que todos os cristãos pudessem saber o essencial da fé revelada, não incorrendo em contradições ou heresias. Essas “formulações da fé” da Igreja são conhecidas como: 1. Profissões de fé, por resumir a fé professada pelos cristãos; 2. Credo, pelo fato de expressar aquilo em que o cristão crê (normalmente inicia-se com as palavras “Creio”... “Cremos”...); 3. Símbolos de Fé, pelo fato de significar a autenticidade do que se crê. SYMBOLON A palavra grega “Symbolon” que significava a metade de um objeto quebrado, ao ter as partes juntadas, confirmavam a identidade do portador que trazia o complemento do Symbolon. (cf. CIC §188). O termo símbolo, com origem no grego (sýmbolon), designa um elemento representativo que está (realidade visível) em lugar de algo (realidade invisível) que tanto pode ser um objeto como um conceito ou idéia, determinada quantidade ou qualidade. PRIMEIRAS FÓRMULAS DE FÉ Como exemplo clássico das primeiras fórmulas de fé da Igreja, temos o testemunho de São Paulo, em sua Carta aos Coríntios, escrita provavelmente por volta do ano 56, relembrando aos Coríntios (por escrito), aquilo que ele já havia pregado anteriormente (oralmente), reproduzindo assim, uma antiga fórmula de fé que deve ter sido escrita poucos anos após a Ascensão do Senhor : PRIMEIRAS FÓRMULAS DE FÉ “Eu vos lembro, irmãos, o Evangelho que vos preguei, e que tendes acolhido, no qual estais firmes. Por ele sereis salvos, se o conservardes como vo-lo preguei. De outra forma, em vão teríeis abraçado a fé. Eu vos transmiti primeiramente o que eu mesmo havia recebido: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado, e ressurgiu ao terceiro dia, segundo as Escrituras; apareceu a Cefas, e em seguida aos Doze. Depois apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez, dos quais a maior parte ainda vive (e alguns já são mortos); depois apareceu a Tiago, em seguida a todos os apóstolos. E, por último de todos, apareceu também a mim, como a um abortivo.” (1 Cor 15,3-8). PRIMEIRAS FORMULAÇÕES DE FÉ • Como os cristãos incorporam-se à Igreja pelo Sacramento do Batismo, nada mais justo que, para ser batizado (no caso de adultos), estar consciente da fé professada pela Igreja, assim, “ainda que desenvolvidos e completados, mas sempre semelhantes na substância, os nossos Credos não são mais do que esses velhos textos que os batizados dos tempos dos mártires recitavam, essas “regras da fé” como dirá Tertuliano”. (ROPS, Daniel. A Igreja dos Apóstolos e dos Mártires, Vol I, Quadrante, 1988, p. 206). REGRAS DE FÉ • Gregório Nazianzeno dizia aos catecumenos: “Antes de todas as coisas, conservai-me este bom depósito, pelo qual vivo e combato, com o qual quero morrer, que me faz suportar todos os males e desprezar todos os prazeres: refiro-me a profissão de fé no Pai, e no Filho e no Espírito Santo. Eu vo-la confio hoje. É por ela que daqui a pouco vou mergulhar – vos na água e vos tirar dela. Eu vo-la dou como companheira e dona de toda a vossa vida. Dou-vos uma só Divindade e Poder, que existe uma nos Três, e que contém os Três de maneira distinta. • Divindade sem diferença de substância ou de natureza, sem grau superior que eleve ou grau inferior que rebaixe... A infinita conaturalidade é de três infinitos. Cada um considerado em si mesmo é Deus todo inteiro... Deus os três considerados juntos. Nem comecei a pensar na Unidade e a Trindade me banha em seu esplendor. Nem comecei a pensar. Na Trindade, e a unidade toma conta de mim”. (Gregório Nazianzeno aos Catecúmenos de Constantinopla in Orationes 40,41PG 36,417 apud CIC §256, Cit. 289, p.77). REGRAS DE FÉ As regras de Fé da Igreja nascente, defendendo os cristãos da descrença dos judeus, salvaguarda com propriedade o aspecto cristológico, como se - observa na expressão de fé do Eunuco da Etiópia a fim de obter o santo Batismo: “Continuando o caminho, encontraram água. Disse então o eunuco: Eis aí a água. Que impede que eu seja batizado? Filipe respondeu: Se crês de todo o coração, podes sê-lo. Eu creio, disse ele, que Jesus Cristo é o Filho de Deus”(At 8,36-37). PADRES DA IGREJA- CREDO Também os Padres da Igreja nos mostram como o Credo foi se desenvolvendo com o passar do tempo, de forma a manter e propagar intactamente a fé recebida dos apóstolos. No final do século I, Santo Inácio de Antioquia escrevendo aos cristãos de Esmirna nos apresenta a seguinte profissão de fé: PADRES DA IGREJA- CREDO “Ter a firme convicção de que Nosso Senhor é realmente descendente de Davi segundo a carne, Filho de Deus pela vontade e pelo poder divino, verdadeiramente nascido de uma virgem; que recebeu o batismo das mãos de João para cumprir toda a justiça; que por nós foi realmente atravessado com cravos na sua carne, sob o domínio de Pôncio Pilatos e de Herodes, o tetrarca; que é ao fruto de sua cruz e à sua santa e divina Paixão que nós devemos a vida; e que, pela sua Ressurreição, levantou o estandarte sobre os séculos, a fim de agrupar os seus santos e fiéis – tanto procedentes do judaísmo como da gentilidade – num só e mesmo corpo que é a sua Igreja”. (Inácio de Antioquia aos Esmirnenses, I,12 apud ROPS, Daniel. Op. cit. p, 206-207). HISTÓRIA DA IGREJA O historiador francês Daniel Rops, nos mostra como a Igreja pouco a pouco, defendendo-se das heresias, salvaguardando e propagando a verdade estabelecia as formulações de fé que seriam a base de nosso Credo ou Símbolo dos Apóstolos. “Assim como Clemente Romano termina uma de suas cartas com esse grito de louvor que é também uma afirmação dogmática: “Viva Deus! Viva o Senhor Jesus Cristo! Viva o Espírito Santo, fé e esperança dos eleitos!”. HISTÓRIA DA IGREJA Da mesma forma, Santo Irineu, bispo de Lyon, afirmava que “a Igreja, ainda que dispersa pelo mundo inteiro, recebeu dos Apóstolos e dos seus discípulos a fé em Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, do mar e de todas as coisas que neles existem; e em Cristo Jesus, Filho de Deus, encarnado para nossa salvação; e no Espírito Santo, que falou pela voz dos profetas”. E na outra extremidade do mundo romano, Orígenes no Egito e Tertuliano na África proclamam fórmulas semelhantes. Na variedade dos esforços que anima esta Igreja tão viva, o que nos impressiona é a unidade de princípios e a firmeza com que ela avança nos seus desenvolvimentos” (ROPS, Daniel.Op. cit. p, 207). DESENVOLVIMENTO DOS SIMBOLOS O Magistério da Igreja compreende que os símbolos de fé desenvolvidos ao longo dos séculos sempre foram respostas às necessidades da época, de forma a salvaguardar a integridade da verdade, todos eles têm a sua importância, pois constituem a base para o aprofundamento dos símbolos de fé que temos hoje, não devendo ser considerados inúteis ou obsoletos. GRANDE NÚMERO DE SIMBOLOS • As profissões ou símbolos da fé têm sido numerosos ao longo dos séculos e em resposta às necessidades das diversas épocas: os símbolos das diferentes Igrejas apostólicas e antigas, o Símbolo "Quicumque", dito de Santo Atanásio, as profissões de fé de certos Concílios (Toledo; Latrão; Lião; Trento) ou de certos papas, como a "Fides Damasi" (Profissão de Fé de S. Dâmaso) ou o "Credo do Povo de Deus" [SPF], de Paulo VI (1968). Credo de Paulo VI - 1968 De fato este Credo do Povo de Deus é um marco da maior importância. Quem o aceita plenamente e o vive de todo o coração, é de fato católico; caso contrário, não será, ainda que afirme ser católico. Na verdade, o Papa Paulo VI quis colocá-lo como um farol e uma âncora para a Igreja caminhar nos tempos difíceis de vivemos, por entre tantas falsas doutrinas e falsos profetas, que se misturam sorrateiramente como o joio no meio do trigo, mesmo dentro da Igreja. Ao apresentar a sua Profissão de Fé, o Papa Paulo VI disse que a sua intenção era a de cumprir a missão petrina, dada por Jesus, de “confirmar os irmãos na fé” (Lc 22,32), que “sem ser uma definição dogmática propriamente dita, repete Substancialmente…o CREDO da imortal Tradição da Santa Igreja”. ULTRAPASSADO? • Nenhum dos símbolos das diferentes etapas da vida da Igreja pode ser considerado ultrapassado e inútil. Eles nos ajudam a viver e a aprofundar hoje a fé de sempre por meio dos diversos resumos que dela têm sido feitos”. (CIC § 192-193). • Dentre todos os símbolos de fé existentes na Igreja, dois ocupam lugar de destaque: • o Símbolo dos Apóstolos (também chamado simplesmente de “Credo”) • e o Símbolo niceno-constantinopolitano. ORDEM DE CRISTO Segundo uma antiga tradição, citada por Rufino de Aquileya (345-410), no século IV, os Apóstolos receberam de Cristo a ordem de compor uma regra de fé antes de se separarem, destinada a manter a unidade da doutrina da Igreja, segundo Daniel Rops: “O Símbolo dos Apóstolos foi sem dúvida posto por escrito simultaneamente na maior parte das comunidades cristãs; houve assim, uma versão de Jerusalém, uma de Cesaréia, uma de Antioquia, uma de Alexandria e uma de Roma, que diferem entre si em alguns detalhes. É da versão romana [...] que proveio o atual texto do Símbolo dos Apóstolos” (Op. cit. p,208). MAGISTÉRIO • Sobre o Símbolo dos Apóstolos ensina o Magistério da Igreja: “O Símbolo dos Apóstolos, assim chamado por ser, com razão considerado o resumo fiel da fé dos apóstolos. É o antigo símbolo batismal da Igreja de Roma. Sua grande autoridade vem do seguinte ato: ‘Ele é o símbolo guardado pela Igreja Romana, aquela onde Pedro, o primeiro apóstolo, teve sua Sé e para onde ele trouxe a comum expressão de fé’ (sententia communis = opinião comum)” (CIC § 194). SÍMBOLO DOS APÓSTOLOS – CREDO – Composição O Símbolo dos Apóstolos é composto de 12 artigos de fé, são eles: 1. Creio em Deus Pai todo poderoso Criador do céu e da terra. 2. E em Jesus Cristo, seu Único Filho, Nosso Senhor. 3. Que foi concebido pelo poder do Espírito Santo. Nasceu da Virgem Maria. 4. Padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado. SÍMBOLO DOS APÓSTOLOS – CREDO – Composição 5. Desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia. 6. Subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo- poderoso 7. Donde há de vir a julgar os vivos e os mortos. 8. Creio no Espírito Santo. 9. Na Santa Igreja Católica, na Comunhão dos Santos, 10. Na remissão dos pecados; 11. Na ressurreição da carne; 12. na vida eterna. Amém. Símbolo niceno – constantinopolitano Se o Símbolo dos Apóstolos é fruto do primeiro século, sentindo-se a proximidade dos apóstolos em suas palavras, o Símbolo niceno – constantinopolitano já é um símbolo mais amadurecido, fruto dos primeiros grandes embates teológicos (contra as heresias trinitárias e cristológicas) pelos quais passou a Igreja Católica nos séculos III e IV. Sua composição inicia-se no século IV, por conclusão do Concílio Ecumênico de Nicéia (325), sendo complementado por sentenças no Concílio Ecumênico de Constantinopla I (381). HERESIAS • As principais heresias combatidas por esse Símbolo foram o Arianismo, heresia defendida pelo presbítero Ário de Alexandria, que afirmava que “Jesus era criatura do Pai”, atacando assim a sua divindade, • e o Macedonismo, heresia defendida por Macedônio, bispo ariano de Constantinopla, cuja heresia postulava que o “Espírito Santo seria criatura do Filho”, um espírito servidor, diferente dos anjos apenas por gradação. CONCÍLIOS O Concílio Ecumênico de Nicéia I (325) definiu que o Filho (Jesus Cristo) é consubstancial, da mesma natureza que o Pai, isso ficou consignado 2º artigo do Símbolo: “Deus de Deus, luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus Verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial (HOMOOUSIOS ) ao Pai”. CONCÍLIO DE NICÉIA • “O Texto adotado pelo Concílio para fixar o dogma católico perante Ário e seus sequazes permaneceu na Igreja como elemento fundamental até os nossos dias. Estava estabelecida uma nova “regra de fé”, não substancialmente diferente da que haviam seguido os primeiros cristãos, do velho “Símbolo dos Apóstolos”, mas mais explícita e redigida de tal forma que não pudesse dar lugar a erro. • [...] o nosso texto moderno não difere em substância do texto primitivo tal como Eusébio, Santo Atanásio, Teodoreto, Sócrates e Gelásio o reproduziram em grego nos séculos IV e V, e como Santo Hilário de Pointiers o traduziu para o latim” (ROPS, Daniel.Op. cit. p, 457). CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA • Mais tarde, o Concílio Ecumênico de Constantinopla I (381), consolidou a “reta Fé” contra o arianismo, e contra o macedonismo. • Para explicar claramente a Fé ortodoxa, retomou o artigo do Símbolo de Fé de Nicéia, que rezava apenas “Cremos no Espírito Santo” e acrescentou-lhe as palavras “Senhor e fonte de vida, que procede do Pai, é adorado e glorificado com o Pai e o Filho, e falou pelos Profetas”. CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA “Por fim, na primavera, o Concílio de Constantinopla (381), depois de muitas discussões, pôs fim a todas as discussões dogmáticas, suscitadas depois de Nicéia pela proliferação do erro, e anatemizou todos os hereges [...], formulando uma doutrina que, depois de resumida, se exprimiu no famoso Credo niceno – constantinolopilitano, o Credo da nossa Missa” (ROPS, Daniel.Op. cit. p, 573). SIMBOLO NICENO-CONSTANTINOPOLITANO Os 12 artigos da fé são: 1. Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. 2. Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus; Luz da Luz; Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas. E por nós homens e pela nossa salvação, desceu dos céus. 3. E se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem. 4. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. 5. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, 6. E subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. SIMBOLO NICENO-CONSTANTINOPOLITANO Os 12 artigos da fé são 7. E de novo há de vir em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. 8. Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele falou pelos profetas. 9. Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica. 10. Professo um só batismo para a remissão dos pecados. 11. E espero a ressurreição dos mortos 12. E a vida do mundo que há de vir. AMÉM OBSERVAÇÕES • O Símbolo de Nicéia limitava-se quanto ao Espírito Santo a esta simples afirmação de fé [“E cremos no Espírito Santo”]. Mas, no fim do século IV, como diversas correntes heréticas tivessem atacado a divindade da terceira Pessoa da Santíssima Trindade, a Igreja viu-se na necessidade de proclamá-la mais explicitamente, e foi redigido o versículo que diz respeito no nosso texto atual [Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele falou pelos profetas]. Completou-se também o texto com as afirmações de fé que se referem à Igreja, ao batismo, à absolvição dos pecados, à ressurreição dos mortos e à vida eterna, que são afirmações com as quais se encerram o nosso Credo. Uma tradição não de todo unânime pretende que estas precisões foram obra do Concílio de Constantinopla, em 381. OBSERVAÇÕES Em qualquer caso, é certo que foi neste último Concílio [de Constantinopla, em 381] que elas foram elaboradas, se não formuladas, e é por isso que se designa vulgarmente o nosso texto atual com o nome de Símbolo nicenoconstantinopolitano.”