XII CONGRESSO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE DE POÇOS DE CALDAS 20 A 22 DE MAIO DE 2015 – POÇOS DE CALDAS – MINAS GERAIS USO E COMPARAÇÃO DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE EM DUAS ÁREAS DISTINTAS, EM CALDAS/MG, MEDIANTE APLICAÇÃO DA METODOLOGIA MESMIS Milta Margaret Barbosa1; Jéssica Daiane dos Reis1; Otavio Duarte Giunti2; Ariana Vieira Silva3; Claudiomir Silva Santos3; Marcelo Antônio Morais3; Fabrício Santos Ritá3; Giovane José da Silva3 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Câmpus Muzambinho, Polo Santa Rita de Caldas/MG, discentes do curso Técnico em Meio Ambiente, modalidade EaD, e-mail: [email protected]; [email protected]; 2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Câmpus Muzambinho. Muzambinho/MG, docente orientador do curso Técnico em Meio Ambiente, modalidade EaD; e-mail: [email protected]; 3 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Câmpus Muzambinho. Muzambinho/MG, docentes. 1 RESUMO – O desenvolvimento sustentável é condição essencial para reverter e minimizar os impactos decorrentes das mudanças oriundas da intervenção humana nos recursos ambientais. Esse projeto teve por objetivos a criação e aplicação de indicadores de sustentabilidade, por meio de diagnóstico visual, composto por 26 parâmetros indicadores através da metodologia MESMIS. Foram escolhidas 2 áreas para a aplicação, uma constituída por um fragmento de mata nativa e a outra constituída por área de pastagem, próxima a uma nascente, ambas na Fazenda Pedra Branca, município de Caldas (MG), que está inserida dentro da APA Pedra Branca. Como resultados, o fragmento de mata apresentou elevado índice de sustentabilidade, sendo necessário um baixo manejo da área. Já a área de pastagem apresentou vários pontos críticos a serem melhorados. A maior parte dos pontos críticos está relacionado à pouca diversidade ecológica da área e sugere-se como alternativa para elevar a diversidade a integração entre a manejo da pastagem e a produção florestal, através da inserção de ilhas e aléias por espécies arbóreoarbustivas. Também é proposição da APP da nascente. Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável. Fragmento Florestal. Pastagem. APA. Introdução A intervenção humana nos recursos naturais promovem mudanças sucessivas na natureza, que podem ser associadas a uma dinâmica de relação causa/efeito entre seis fatores: demográfico, econômico, tecnológico, político e institucional, sociocultural e ambiental (AMBRÓSIO et al., 2008). Dentro de um contexto de sistema de produção global de alimentos baseado na monocultura, cultivo do solo de forma intensiva, uso crescente de insumos químicos, resultando numa fragmentação de ecossistemas naturais, o desenvolvimento rural sustentável surge como uma condição essencial para reverter essa situação, uma vez que a sustentabilidade indica uma condição de colheita perpetua de biomassa em um sistema, que não apresenta sua capacidade de renovação comprometida (GLIESSMAN, 2009). O conceito de desenvolvimento rural sustentável relaciona-se intimamente à capacidade de sustentação dos ecossistemas naturais. Nesse sentido, Guzman Casado (1995) apud Corporal (1998) indica que um agroecossistema sustentável é o que possui aptidão em conservar sua produção ao longo do tempo, suplantando as tensões ecológicas e mantendo seu nível de resiliência e pressões socioeconômicas. Conforme Carvalho (1993), no processo de concepção do desenvolvimento sustentável é fundamental a compreensão do que é e como deve ser medida a sustentabilidade, uma vez que a evidência da sustentabilidade está sempre no futuro, não sendo visualizada em curto prazo (GLIESSMAN, 2009). Assim, um dos maiores desafios é a geração de instrumentos de mensuração, tais como indicadores de sustentabilidade, que são ferramentas compostas por uma ou mais variáveis, que, ao se associarem sob várias formas, evidenciam significados vastos aos fenômenos a que se referem, sendo essenciais para ordenar e dirigir ações e custear o acompanhamento e a avaliação do progresso obtido na busca do desenvolvimento sustentável (IBGE, 2008). Holligan (1978) apud Verona et al. (2007) define um indicador como uma medida do comportamento de um sistema em termos de condições expressivas e perceptíveis. Moura et al. (2004) definem indicador de sustentabilidade como um “conjunto de parâmetros que permita medir as modificações antrópicas em um determinado sistema e comunicar, de forma simplificada, o estado deste sistema em relação aos critérios e as metas estabelecidas para avaliar a sua sustentabilidade”. De acordo com Masera et al. (1999), esses indicadores de sustentabilidade devem apresentar características de serem integradores de informações, apresentarem facilidade de medição e amplo espectro de utilização, relacionando-se diretamente à informação de base e possibilitarem a avaliação de mudanças em uma escala temporal. Em consonância, Deponti et al. (2002), indicam também a necessidade desses indicadores apresentarem objetividade, consistência, validade, além de conectarem-se aos demais indicadores utilizados Assim, uma ferramenta metodológica utilizada para a avaliação da sustentabilidade em um agroecossistema é o método MESMIS (Marco de Avaliação de Sistemas de Manejo de Recursos Naturais Incorporando Indicadores de Sustentabilidade), que resultou de um trabalho interdisciplinar e multi-institucional, organizado pelo Grupo Interdisciplinar de Tecnologia Rural Apropriada (GIRA), com utilização em projetos florestais, agrícolas e pecuários (DEPONTI et al., 2002). Deponti (2001) indica que o conceito de sustentabilidade deve compreender atributos de produtividade, estabilidade, confiabilidade e resiliência, adaptabilidade, equidade e autogestão. A autora salienta ainda o fato que essa avaliação mostra-se válida apenas para sistemas específicos, com localização geográfica e contexto sócio-político definidos, em uma escala temporal e espacial delimitada, sendo realizada por uma equipe interdisciplinar, em um enfoque sistêmico, com a participação dos diversos atores envolvidos no sistema avaliado. No Município de Caldas (MG), objetivando cuidar de um de seus maiores patrimônios naturais, que se encontram em um bairro rural denominado Pedra Branca, foi criada a Área de Preservação Ambiental “Santuário Ecológico Pedra Branca, através da Lei Municipal n° 1973 de 29 de dezembro de 2006 (CONFORTI, et al., 2007). Segundo Drummond et al. (2005), a APA está inserida em uma área de extrema prioridade para a conservação da flora de Minas Gerais, o que justifica a necessidade de mais estudos na região. Uma APA é enquadrada na categoria de Unidade de Conservação de Uso Sustentável, na qual é possível conciliar a conservação da natureza com o uso sustentável de uma parte de seus recursos naturais, podendo apresentar certo grau de ocupação humana e beneficiada com atributos bióticos, estéticos ou culturais que se mostram particularmente importantes para a qualidade de vida e bem-estar das populações humanas (BRASIL, 2000; FREIRIA, 2002). Qualquer unidade de conservação, seja ela de qualquer categoria, pública ou privada, deve dispor de um plano de manejo e este deve abranger inclusive a zona de amortecimento e os respectivos corredores ecológicos e arredores. Uma zona de amortecimento é o entorno de uma unidade de conservação, onde a ação antrópica (ação do homem) é restringida por norma e ou restrições específicas, visando minimizar os possíveis impactos (GUERRA et al., 2009). Nesse sentido, observa-se um despreparo por parte dos gestores e moradores das propriedades rurais que se localizam no entorno da APA Pedra Branca em relação ao controle ambiental necessário à proteção da área, uma vez que, desde 1813, ano em que o Município de Caldas começou a ser povoado, nada no sentido de proteção foi homologado pelos órgãos ambientais municipais. Diante do exposto, este trabalho tem por objetivos construir indicadores preliminares através do Método MESMIS, para avaliar um fragmento florestal que faz parte da APA Pedra Branca, localizado dentro de uma propriedade agropecuária, ressaltar suas potencialidades e propor linhas de trabalho para os pontos críticos, buscando contribuir na melhoria da qualidade ambiental deste fragmento, permitindo que a prática da agricultura e da pecuária esteja em consonância com a conservação ambiental e com a qualidade de vida da população residente. Material e Métodos Para a avaliação da sustentabilidade, o referencial teórico utilizado foi a metodologia MESMIS (Marco de Avaliação de Sistemas de Manejo de Recursos Naturais Incorporando Indicadores de Sustentabilidade), desenvolvido desde 1994 pela ONG mexicana GIRA (Grupo Interdisciplinario para Tecnología Rural Apropiada). Assim, por essa metodologia, é almejado o entendimento integral dos agroecossistemas, apontando suas potencialidades e fatores limitantes à sustentabilidade (DEPONTI et al., 2002). As bases de avaliação dessa metodologia relacionam-se às dimensões sociais, econômicas e ambientais de sistemas produtivos, possuindo uma estrutura operacional e flexível, de fácil adaptação para distintas realidades. Existem 5 atributos que se relacionam às 3 dimensões da sustentabilidade e que devem ser levados em consideração para a aplicação da metodologia em agroecossistemas produtivos, através da formulação e aplicação de indicadores: produtividade, resiliência, adaptabilidade, equidade e autonomia (MASERA et al., 1999). A metodologia MESMIS baseia-se na apropriação coletiva da realidade local, construção conjunta de indicadores, com a aprovação da comunidade residente no local ou proprietários da área, escolha dos melhores indicadores e análises dos resultados por meios gráficos, permitindo uma reflexão coletiva a respeito dos indicadores. Assim, para esse estudo, foram realizadas as seguintes etapas, adaptadas de Deponti et al. (2002): escolha da área a ser analisada, definição dos atributos ou características de sustentabilidade, definição dos descritores, levantamento dos indicadores adequados, seleção dos indicadores estratégicos, determinação dos parâmetros, aplicação dos indicadores no local de estudo e mensuração e análises dos resultados. a) Localização e caracterização da área: A Fazenda localiza-se logo abaixo da Serra da Pedra Branca, dentro da APA Pedra Branca, com localização geográfica dada pelas coordenas geográficas 21°58’06,6”S e 46°23’15,5”W, numa altitude média de 1200 m, com solos típicos de região serrana em relevo montanhoso e escarpado. Possui área de 60 hectares, configurando 2,3 Módulos Fiscais (INCRA, 1980), o que a caracteriza como pequena propriedade. Cerca de 24 ha (40% da propriedade) é composta por mata nativa, remanescente da Mata Atlântica. O restante da propriedade apresenta ocupação de pastagens para a criação de gado de leite e corte e vitivinicultura, com produção artesanal de vinho. Como recursos hídricos, a propriedade apresenta 2 córregos e algumas nascente, que, quando não localizadas dentro do fragmento florestal, não possuem APP adequada Dentro da propriedade, foram selecionadas 2 áreas distintas para a aplicação da metodologia: a 1ª área é um fragmento da mata nativa, delimitada em aproximadamente 4.000 m2, inserido nos 24 hectares de mata nativa da propriedade. Já a 2ª área foi delimitada em 2000 m2 e é composta por pastagem, localizada próxima a uma nascente que não apresenta APP adequada. A escolha das áreas foi feita por apresentarem situações de uso e ocupação do solo distintas, que representam a propriedade como um todo. A Figura 1 apresenta a localização da propriedade e das 2 áreas avaliadas. Figura 1. Fazenda Pedra Branca e áreas avaliadas: 1 (Fragmento de Mata) e 2 (Pastagem). Fonte: Google Earth, 2014. b) Análise visual da área, definição dos descritores e seleção dos indicadores: Foram feitas algumas visitas na área, objetivando um diagnóstico visual, para o melhor entendimento das condições locais. Em conjunto com o proprietário da área, foram determinadas as principais características que podem indicar a sustentabilidade das áreas. Também foram verificados os pontos fracos e fortes do agroecossistema em estudo, definindo os descritores, que indicam os aspectos a serem melhorados. Com base nessas informações, foram criados e selecionados indicadores que se relacionam às dimensões ambientais e socioeconômicas da área, resultando em 19 indicadores ambientais e 7 indicadores socioeconômicos, agrupados na Tabela 1. Tabela 1. Indicadores selecionados para aplicação em campo. PARÂMETROS INDICADORES Nº 1 2 3 4 5 2. PRESENÇA DE ESPÉCIES EXÓTICAS 3. ISOLAMENTO DE OUTROS FRAGMENTOS 4. MICROCLIMA 5. POPULAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES 6. PRESENÇA DE CLAREIRA 6 7. PRESENÇA DE PROCESSOS EROSIVOS 7 8. COMPACTAÇÃO DO SOLO (RESISTENCIA DO SOL0 A 10 CM) 8 COR DO SOLO E TEOR MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO 9 PROFUNDIDADE DA CAMADA ESCURA DO SOLO 10 COBERTURA DO SOLO 11 ATIVIDADE BIOLÓGICA NO SOLO 12 ATIVIDADE MICROBIOLÓGICA NO SOLO 13 14 DENSIDADE DE ESPÉCIES LENHOSAS DIVERSIDADE DE ESPÉCIES ARBUSTIVO-ARBÓREAS 15 REGENERAÇÃO NATURAL 16 HERBIVORIA 17 NUMERO ESTRATOS 18 ACESSO DE ANIMAIS APP 1 2 3 ALTA MÉDIA BAIXA MUITO ISOLADOS MEDIANAMENTE ISOLADOS PERCEPTÍVEL EM ALGUNS PONTOS POUCO ISOLADOS PERCEPTÍVEL EM ÁREA TOTAL BAIXA MÉDIA ALTA ACIMA 30% ELEVADO, PRESENÇA DE SULCOS E VOÇOROCAS 10% - 30% 0 – 10% MEDIO, POUCA PRESENÇA DE SULCOS AUSENTE ALTA MÉDIA BAIXA Coloração mais clara, teor muito baixo de matéria orgânica Coloração mais escura, média matéria orgânica Coloração bem escura,muita matéria orgânica 0-5cm 5-15cm >15 cm Fina camada de palha, cobertura do solo acima de 50% Solo bem coberto, restos vegetais em diferentes estágios de decomposição Presença de algumas minhocas e/ou artrópodes Abundância de minhocas e artrópodes Média efervescência do solo com aplicação de água oxigenada Elevada efervescência do solo com aplicação de água oxigenada BAIXA MÉDIA ALTA BAIXA MÉDIA ALTA BAIXA MÉDIA ALTA ENTRE 25% E 50% 2 PONTOS DE ABERTURA ABAIXO DE 25% 3 NÃO PERCEPTÍVEL Solo pouco coberto, pouca ou nenhuma palhada, sem sinais de decomposição Sem sinais da presença de minhocas e/ou artrópodes Nenhuma ou baixa efervescência do solo com aplicação de água oxigenada ACIMA 50% 1 ACESSO LIVRE NÃO HÁ NOTA S Ó C I O E C O N Ô M I C O S PRESENÇA LIXO/ENTULHO INFERIOR A 50% ALTA MAIOR OU IGUAL A 50% BAIXA NÃO HÁ QUEIMADAS FREQUENTE ESPORÁDICO NÃO HÁ PRESENÇA DE ESGOTONO ENTORNO SEM TRATAMENTO FOSSA TRATAMENTO 23 PRESENÇA DE APLICAÇÃO AGROTÓXICOS NAS PROXIMIDADES ALTA BAIXA NÃO HÁ 24 OCUPAÇÃO HUMANA ALTA MÉDIA BAIXA 25 EXPLORAÇÃO ECONÔMICA DA AREA ELEVADA MÉDIA BAIXA 26 UTILIZAÇÃOPARA FINS EDUCACIONAIS NÃO HÁ POUCO FREQUENTE FREQUENTE 19 APP PROTEGIDA 20 21 22 100% c) Aplicação da metodologia: A metodologia foi aplicada numa visita a propriedade. A equipe, multidisciplinar, foi composta pelas 2 alunas integrantes do projeto, pelo professor orientador e pelo proprietário. Foram realizadas aplicações dos indicadores para as 2 áreas separadas. Para cada parâmetro associado a um indicador, foram estabelecidas notas a serem atribuídas durante a aplicação da metodologia. Assim, o valor (3) corresponde a Ótimo, o valor (2) corresponde a Regular e o valor (1) a Crítico. Assim, em cada área, o valor máximo que poderia ser obtido é de 78 pontos. Foram feitas 3 avaliações (alunas, produtor e professor) para cada área e a avaliação da sustentabilidade baseou-se na soma das notas médias obtidas nas dimensões avaliadas. Foi estabelecido o critério para avaliação final para cada área avaliada, baseado no somatório da média das notas atribuídas, conforme indicado pela Tabela 2. Tabela 2. Relação dos critérios de avaliação final, de acordo com a nota obtida. Avaliação Final para cada área analisada Nota Área apresentando elevado impacto, necessitando de manejo rápido e intenso 0-26 Área pouco alterada, com pontos críticos a serem solucionados de forma efetiva 27-51 Área com elevado índice de sustentabilidade, necessitando de baixo manejo 51-78 Resultados e Discussão A Tabela 3 e as Figuras 2 e 3 apresentam as notas médias após 3 avaliações, para cada área, nas dimensões analisadas. Tabela 3. Notas obtidas após a aplicação dos indicadores nas 2 áreas. ÁREA 1 ÁREA 2 INDICADOR NOTA NOTA 1 3 1 2 3 2 3 2 2 4 2 1 5 2 1 6 3 3 7 3 2 8 3 1 9 3 3 10 3 1 11 1 1 12 3 3 13 3 1 14 3 1 15 3 1 16 3 2 17 2 1 18 2 1 19 3 1 20 3 3 21 3 3 22 2 3 23 3 3 24 3 1 25 3 2 26 TOTAL 1 68 1 45 Figura 2. Notas para o fragmento de mata. Figura 3. Notas para a área de pastagem. Assim, a área 1 (Fragmento Florestal) obteve uma nota final de 68 pontos, sendo considerada uma área com elevado índice de sustentabilidade, com necessidade de baixo manejo. Já a área 2 (Pastagem), obteve nota final 45, indicando uma área pouco alterada, com pontos críticos necessitando de modos efetivos para serem solucionados. Nessa área, foram identificados os seguintes pontos críticos: elevada presença de espécies exóticas e de clareiras, cor e teor de matéria orgânica do solo, reduzida cobertura do solo, atividade biológica do solo, densidade de espécies lenhosas, diversidade de espécies arbustivo-arbóreas, regeneração natural e número de estratos, pouca proteção da APP com acesso livre de animais e pouca utilização para fins educacionais. A grande maioria desses pontos críticos relacionam-se ao fato da área 2 ser uma área de pastagem, basicamente composta por uma espécie, a braquiária (Brachiaria decumbens), gramínea exótica originária da África, com larga utilização no Brasil. Zafalon (2010) indica que 80% das áreas de pastagens no Brasil são cobertas por essa espécie. Plantas exóticas invasoras apresentam elevado potencial de modificar ambientes naturais, através de alterações físicas e biológicas do ambiente invadido e competição com espécies nativas por recursos ambientais. São consideradas a segunda maior ameaça à biodiversidade, atrás apenas da destruição de habitats por ações antrópicas diretas e acarretam também prejuízos à economia e riscos à saúde humana (ZILLER, 2001; CHRISTIANINI, 2006). Além disso, por ser um sistema de monocultura, promove uma alteração expressiva no ambiente, com redução na biodiversidade e desiquilíbrio ambiental, com consequências no empobrecimento e exaustão do solo, impactando em aspectos sociais e econômicos (ZIMMERMANN, 2009). Desse modo, é indicado para a propriedade um manejo de integração entre a pecuária e a produção florestal, através da introdução de componentes arbóreos ou lenhosos nativos e diversificados, potencializando a terra, arquitetando sistemas ecológicos mais estáveis e minimizando o input de recursos externos, procurando obter uma maior autossuficiência (ENGEL, 1999). Nesse sentido, Carvalho e Xavier (2005) indicam que a distribuição de árvores na paisagem promove a contenção de processos erosivos, melhoria na conservação dos recursos hídricos, captura e fixação de C e N, contribuindo para o aumento qualitativo da pastagem e propiciando conforto térmico aos animais, com reflexos na melhoria na qualidade da carne e leite. A inserção dos componentes arbóreos e lenhosos pode ser feita através da alocação de “ilhas” em pontos da pastagem ou através da utilização de aléias, que consiste no plantio de árvores ou arbustos em fileiras, com espaços entre as fileiras ocupados pela pastagem, com cortes periódicos da parte aérea dos componentes arbóreos, utilizados para a alimentação animal e também buscando uma maior elevação na biomassa do solo (SANCHEZ, 1995 apud MARIN et al., 2007). Em relação aos indicadores acesso livre à APP e APP desprotegida, é indicada à adequação ambiental da nascente existente no local. Em relação a recomposição de APP em nascentes, o código florestal atual, lei n° 12651/2012 (Brasil, 2012) determina que, em áreas rurais consolidadas, a recomposição de nascentes deve ocorrer num raio de 15 metros da nascente. Assim, como a área em estudo se enquadra nessas condições, essa é a faixa de APP a ser recomposta, que poderá ser feita através do plantio de mudas de espécies nativas da região, associada a uma regeneração natural da área. É importante o cercamento da nascente, para evitar que o gado entre nessa área, o que pode comprometer a regeneração do local. Conclusões A área composta pelo fragmento florestal apresentou índices de sustentabilidade superiores aos da área ocupada por pastagens, indicando que, no fragmento florestal é necessário um reduzido manejo da área. Já na área de pastagens, foram verificados vários pontos críticos, que devem ser solucionados de forma efetiva, para melhoria das condições do agroecossistema. Os principais pontos críticos encontrados na área de pastagem relacionam-se à pouca diversidade ecológica da área, que é ocupada por braquiária. Assim, são propostas alternativas para aumentar a diversificação na área, como uma integração entre o manejo da pastagem e a produção florestal, através de introdução de componentes arbóreoarbustivos no sistema, localizados em ilhas ou aléias. Desse modo, manejo sugerido aos indicadores Acesso de animais na APP (nº 18) e APP protegida (n°19) é o cercamento e adequação ambiental da área à legislação, que também refletirá na melhoria dos pontos críticos observados. Referências Bibliográficas AMBRÓSIO, L. A.; FASIABEN, M. C. R.; MORAES, J. F. L. Dinâmica dos usos e coberturas da terra em área de preservação permanente na bacia hidrográfica dos rios Mogi Guaçu e Pardo, no período entre 1988 e 2002. In: Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 46., Rio Branco. 2008. Disponível em: <http://ageconsearch.umn.edu/bitstream/108920/2/137.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2014. BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. 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