Um balanço sobre a lei do software livre Todos nós estamos aprendendo um pouco mais sobre o Direito. Lei 11.871/02 do Rio Grande do Sul: indicava a preferência do uso e adoção de software livre pelo Estado. No dia 15 de abril o STF (Supremo Tribunal Federal) deferiu uma liminar em Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 3059), suspendendo os efeitos desta lei. Esse assunto é matéria atual nos veículos de TI, e um prato cheio para os defensores do modelo de Software Proprietário. No entanto, me pergunto se o que aconteceu é realmente ruim para o futuro do Software Livre, ou se é possível tirar novas lições que fortaleçam ainda mais o movimento. Até o final do ano de 2002 era preciso - de forma urgente - corrigir um vício das administrações públicas. Além disso, o Software Livre estava mostrando sua cara e precisava de exposição. Os órgãos públicos entendiam àquela época que em processos licitatórios só era possível adquirir softwares "de caixinha" e, assim, negavam-se a dar atenção aos produtos de código livre. Enquanto esteve em vigor, a Lei 11.871 de 19 de dezembro de 2002 cumpriu no que pôde seu papel, informando muitos governantes dos benefícios e da viabilidade do uso de Software Livre em suas administrações. Infelizmente neste ano de 2004 alguns pontos da lei foram julgados como ferindo princípios da Constituição, segundo a visão dos ministros do STF. Talvez a pressa tenha sido inimiga da perfeição, literalmente. Acredito, no entanto, que a verdadeira batalha judicial que o movimento Software Livre deve travar seja contra o absurdo que encontramos diariamente ao abrir um jornal e ler os avisos para licitação de softwares. Exige-se "Windows XP" ao invés de um "Sistema Operacional", "Microsoft Word" ao invés de "Processador de Texto", "Office XP" ao invés de "Suíte de Aplicativos de Escritório". Nestas licitações é que vemos claramente o quão dependente ainda somos das tecnologias proprietárias estrangeiras. Esta sim é a prática que impede a livre competição, que restringe mercados e abafa o desenvolvimento tecnológico no Brasil. Somos fadados a importar softwares enlatados e traduzi-los com nosso próprio dinheiro para utilizá-los no Brasil, obviamente pagando ainda os royalties para cada cópia a ser utilizada. Em um modelo de Software Livre, diversas empresas poderiam capacitar-se a dar suporte, treinamento e manutenção em qualquer tipo de software. O que seria bom para a economia, pois o mercado tornaria-se mais amplo e competitivo; benéfico para as empresas, pois poderiam possuir em seu portfólio produtos que antes não possuíam e benéfico para o consumidor final, pois pagaria mais barato por uma tecnologia melhor e mais segura. Para serem bem sucedidas estas empresas dependeriam de sua capacidade em manter serviços de alta qualidade, com preço competitivo e maior capacidade técnica de atualização, gerando cada vez mais empregos na área. Software Livre não tem nacionalidade, o que também significa a possibilidade de empresas trazerem para o Brasil (ou levarem daqui) softwares inovadores que podem ter sido originalmente criados nos Estados Unidos ou na África do Sul. Uma empresa poderia optar por investir muito capital descobrindo por si mesma como dominar a tecnologia empregada no software ou, melhor ainda, poderia contratar os serviços dos desenvolvedores originais para uma transferência de tecnologia mais rápida e eficaz. É uma relação ganha-ganha, onde cada parte lucra com o resultado. O que quero demonstrar é que o modelo de negócios baseado na filosofia de Software Livre é benéfico para o País. E é isso que importa também para o Governo. Se o Brasil fosse um País com grandes empresas de Software 1 Proprietário, à altura de empresas como a Microsoft, alguém poderia argumentar que talvez uma mudança para um modelo de Software Livre pudesse trazer algum tipo de efeito colateral na economia, pois reduziria consideravelmente as entradas de royalties. Mas todos sabemos quem realmente ganha com a propriedade intelectual de softwares atualmente, não é mesmo? ADOBE, Macromedia, Corel, EA, Microsoft... Monopólios em seus segmentos de mercado. Todo monopólio faz mal para a saúde de um País: limita opções, aumenta custos e amarra a um fornecedor. É preciso cuidar da saúde econômica do Brasil. O Projeto Software Livre Brasil emitiu um primeiro comunicado oficial sobre a decisão do STF em http://www.softwarelivre.org/news/2016. Sua frase final resume bem as idéias do modelo livre. "Software Livre: Socialmente Justo, Economicamente Viável, Tecnologicamente Sustentável". UM BALANÇO sobre a lei do software livre. Disponível rs.softwarelivre.org/news/2022>. Acesso em: 28 nov. 2006. em: Fonte <http://psl- 2