SEMANA 01 (26 Setembro – 02 de Outubro)

Propaganda
NOTA PARA A PALAVRA
Temos ciência que em função do tamanho do esboço o qual orientamos a ser compartilhado, e do curto
período que nos é disponibilizado para a realização da reunião, não será possível compartilhar todo ele. Por
esse motivo, orientamos que a pessoa responsável pelo compartilhamento use o texto base e no máximo três
parágrafos, os quais contém a essência da palavra.
Por quê então compartilhar um esboço desse tamanho?
Cremos que o restante que não for utilizado, concederá uma base sólida para discorrer com liberdade a
respeito do assunto.
Dessa forma, mesmo que não tenhamos tanto tempo, conseguiremos produzir algo significativo.
SEMANA 01 (26 Setembro – 02 de Outubro)
A ninguém conhecemos segundo a carne
Pr. Aluízio A. Silva
Paulo diz que não devemos conhecer Jesus segundo a carne, isso significa que não
conhecemos o Senhor de forma natural. Alguns conhecem apenas o Jesus histórico, mas
precisamos conhecer o Filho de Deus pelo espírito. Não devemos conhecer nem mesmo a
nós mesmos segundo a carne. Quando olhamos para a realidade da nossa carne, ficamos
deprimidos e desanimados. A introspecção é carnal e perigosa, pois ela gera em nós
autocondenação ou autopiedade. Hoje, gostaria de mostrar a glória de nos vermos
segundo o Espírito. É uma perspectiva completamente revolucionária, pois ela é segundo a
verdade de Deus.
1. Não devemos nos ver segundo a carne
Sempre que nós olhamos de forma natural, a nossa tendência é ficar deprimidos e
desanimados. A realidade é que nós somos novas criaturas, mas é somente a verdade
colocada no verso 16 que nos permite apropriar da realidade do verso 17.
Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a
carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não
o conhecemos deste modo. E, assim, se alguém está em Cristo, é nova
criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. (2Co
5.16-17)
Paulo diz que, depois que nos convertemos, ganhamos uma nova forma de enxergar as
pessoas e até a nós mesmos. Hoje, nós devemos ver todas as coisas pelo Espírito. As coisas
do Espírito, porém, são percebidas pela fé. E a fé é a convicção de fatos que nós não vemos
com os olhos naturais.
Infelizmente, muitos falam de ver pela fé como se fosse algum tipo de faz de conta. “Então,
irmã, o seu marido já se converteu?” “Ah! Pela fé, né?” Ou seja, é um tipo de faz de conta.
Mas aquele que confessa e crê vai começar a ver as circunstâncias de outro modo. Quem
crê sabe que já é um fato o que espera, mas que ainda não vê. É pela fé que nos vemos
como nova criatura. Não devemos mais nos ver na carne, mas segundo a realidade do
Espírito. Assim, cada vez mais nos tornamos como Jesus.
Paulo diz que precisamos contemplar o Senhor como por espelho. Por que espelho?
Naturalmente, o que contemplamos no espelho é a nós mesmos. Nós somos esse espelho
onde o Senhor reflete a sua glória.
E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por
espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória,
na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito. (2Co 3.18)
Jesus está em nós e Ele é a esperança da glória. A Glória de Deus está em nós e precisamos
contemplá-la em nós mesmos.
Aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste
mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória.
(Cl 1.27)
Para contemplarmos o Senhor em nós, precisamos deixar de nos ver segundo a carne. Não
podemos ver o Senhor em nós segundo a nossa visão natural, somente segundo a descrição
que a Palavra de Deus faz de nós. Tiago diz que feliz é aquele que não se esquece de como
é a sua aparência, ou seja, a sua identidade.
Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelhase ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a
si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como
era a sua aparência. (Tg 1.23-24)
A intenção do diabo é que tiremos os nossos olhos da realidade espiritual e olhemos para
nós mesmos segundo a carne. Se olharmos no espelho da palavra e não nos esquecermos
da nossa identidade espiritual, nós veremos a manifestação da glória.
João chega a dizer que nós somos como Cristo já neste mundo. Não vemos isso com os
nossos olhos naturais. Mas a realidade mais impressionante é que nós já somos como Jesus
neste mundo. Olhando de forma natural e carnal, não podemos ver esta realidade, mas
para percebê-la, precisamos de revelação no espírito. O alvo da maligno sempre é impedirnos de ver essa realidade.
Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que, no Dia do Juízo,
mantenhamos confiança; pois, segundo ele é, também nós somos
neste mundo. (1Jo 4.17)
Evidentemente, quando pecamos, não podemos negar o nosso erro. Nós confessamos o
pecado. Mas é completamente diferente a confissão de alguém que se vê segundo a
carne daquela de alguém que se vê no Espírito. O que se vê segundo a carne vai dizer:
“Senhor, eu pequei. Mas é isso que eu sempre faço. Eu não consigo vencer. Eu sou um caso
perdido, vivo repetindo o mesmo erro”. Mas aquele que se vê no espírito vai confessar
dizendo: “Senhor, eu confesso que pequei, mas eu sei que sou justiça de Deus em Cristo! Eu
já fui redimido! Na verdade, o meu pecado foi esquecer-me por um momento de quem eu
sou no Senhor”. Este vai se levantar com o espírito cheio de fé, mas aquele se sentirá infeliz
e incapaz.
O problema é que eventualmente nós passamos a acreditar em algo que é
constantemente repetido, mesmo que não seja verdade. Esta é a tática maligna, a
repetição exaustiva da mentira em nossa mente. Ele faz isso nos mostrando as coisas na
ótica natural. O pior é que a mentira do diabo é como um ilusionismo, podemos ouvir, ver
e até sentir a mentira. A vida cristã vitoriosa é resultado de vermos o que somos em Cristo.
Assim, precisamos rejeitar as mentiras que o diabo nos mostra em nossa carne, assumindo o
que já somos em Cristo pela fé.
2. É pecado ver os irmãos de maneira natural, de forma carnal
E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas
antigas já passaram; eis que se fizeram novas. (2Co 5.17)
Além de não nos enxergarmos segundo a carne, precisamos ter cuidado para não enxergar
a ninguém segundo a carne. Paulo disse que agora ele não conhece a ninguém segundo
a carne.
Uma das coisas mais desanimadoras é olhar os irmãos segundo a visão carnal ou natural.
Aquele que só vê defeitos nos outros é doente espiritualmente. Infelizmente, muitos líderes
veem seu povo como infiéis e derrotados. Por causa disso, eles acabam gerando um
rebanho conforme seu conceito carnal.
A maneira certa de exortar um irmão é dizendo: “Você não está agindo de acordo com o
que você é. Você é santo, cheio do amor e do Espírito de Deus, e suas ações não se
harmonizam com isso”. Esta foi a forma como Paulo exortou a igreja de Corinto. Ele os tratou
de forma espiritual, pois os via em Cristo. Ele via os irmãos como Deus os vê. Todos nós
precisamos ver como Deus vê. A realidade espiritual deve ter primazia sobre a realidade
natural. Observe a condição da igreja de Corinto:







A igreja estava cheia de divisões.
Nas refeições os ricos se mantinham separados dos pobres.
Era comum ficarem embriagados durante a ceia.
Havia muita imoralidade na igreja.
Um irmão costumava levar o outro aos tribunais.
Eles rejeitavam a autoridade espiritual, inclusive a de Paulo.
Eram fascinados pelos dons mais espetaculares e o culto era bagunçado.
Mas ainda assim Paulo tinha uma atitude profética de ver como Deus vê. E como Deus via
os coríntios? Paulo diz uma série de coisas sobre eles:





Eram santos (v. 2).
Eram ricos na palavra e no conhecimento (v. 5).
O testemunho de Cristo era confirmado entre eles (v. 6).
Não lhes faltava nenhum dom (v. 7).
No fim, seriam apresentados irrepreensíveis diante de Deus (v. 9).
Por que Paulo pôde ter uma visão de fé? Paulo não era um louco ou ingênuo. Ele não
ignorava a realidade natural dos coríntios, mas conhecia também os recursos de Deus para
mudar as circunstâncias.
3. Não devemos ver as pessoas que ainda não se converteram segundo a carne
Creio que ninguém será enviado ao inferno por causa dos seus pecados como mentira,
adultério ou roubo. Deus seria injusto em punir os pecados mais de uma vez. Todos os
pecados dos homens já foram punidos na cruz de Cristo. Então, por que alguns homens
serão condenados? Os homens serão condenados por não receberem a Cristo, por
rejeitarem a graça da salvação de Deus revelada na cruz.
Deus não está imputando o pecado aos homens. Deus já deu a salvação em Cristo
segundo a sua graça, mas agora o homem deve se apropriar pela fé. A melhor maneira de
a mulher ganhar o marido ou a mãe ganhar o filho é vendo-o como já tendo sido salvo.
Recuse-se a ver seus familiares de forma natural. Veja-os pelo espírito em fé já salvos.
A unidade da salvação é a casa. Noé foi salvo com a sua casa, as famílias no Egito
comeram juntos o cordeiro dentro de casa e Raabe foi salva com a sua família. Precisamos
crer que Deus já fez a obra e eles agora precisam apenas se apropriar. Não adianta orar
pela conversão de alguém vendo-o de forma natural. Se você o vê como um condenado,
não poderá crer em perdão.
Quando vemos as pessoas pela ótica da cruz, percebemos que cada pessoa tem o
potencial de vir a ter a realidade espiritual, a saber, que Deus estava em Cristo
reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos
confiou a palavra da reconciliação (2Co 5.19).
Perguntas para compartilhar:
- O que acontece quando nós olhamos de forma carnal?
- Com qual ótica você tem olhado para si mesmo e para os outros?
- Como Deus nos vê?
SEMANA 02 (03 - 09 de Outubro)
Faça com que cada dia conte
Pr. Aluízio A. Silva
Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração
sábio. (Sl 90.12)
Remindo o tempo, porque os dias são maus. Por esta razão, não vos
torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do
Senhor. (Ef 5.16-17)
Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto
migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que
enviei contra vós outros. (Jl 2.25)
No salmo 90.12, lemos que, quando aprendemos a contar os nossos dias, então alcançamos
um coração sábio. Contar os dias no calendário é algo bastante simples. A forma de Deus
contar é diferente da nossa. Alguns dias são contados por Ele e outros não. Os dias contados
são apenas os aprovados por Ele ou vividos diante d'Ele.
1. Deus não conta os dias de pecado
No capítulo 4 de Gênesis, diz-se o que os homens fizeram e das suas invenções e obras. Mas
nada se diz de suas idades. Para Deus, eles nunca viveram. Não houve vida diante de Deus,
portanto não houve dias para serem contados. Ao contrário disso, os homens do capítulo 5
viveram diante de Deus, e por isso suas idades são mencionadas. Deus não conta os dias
do tempo em que ainda não o conhecíamos. Antes de nascermos de novo, os nossos dias
não existem. Em Êxodo 12.2, Deus estabeleceu o mês da Páscoa como o primeiro mês do
ano. O dia da nossa salvação é o primeiro dia de nossas vidas para Deus.
2. Deus não conta o tempo em que não o servimos
A partir do dia em que Israel saiu do Egito até o começo da edificação do Templo,
passaram-se 480 anos.
No ano quatrocentos e oitenta, depois de saírem os filhos de Israel do
Egito, Salomão, no ano quarto do seu reinado sobre Israel, no mês de
zive (este é o mês segundo), começou a edificar a Casa do SENHOR.
(1Rs 6.1)
Todavia, em Atos 13, quando Paulo estava pregando numa sinagoga em Antioquia da
Psídia, ele nos dá uma conta bem diferente. Ele diz ali que se passaram pelo menos 573
anos desde a saída do povo do Egito até o início da construção do Templo.
[...] E suportou-lhes os maus costumes por cerca de quarenta anos no
deserto; e, havendo destruído sete nações na terra de Canaã, deulhes essa terra por herança, vencidos cerca de quatrocentos e
cinquenta anos. Depois disto, lhes deu juízes, até o profeta Samuel.
Então, eles pediram um rei, e Deus lhes deparou Saul, filho de Quis, da
tribo de Benjamim, e isto pelo espaço de quarenta anos. E, tendo
tirado a este, levantou-lhes o rei Davi, do qual também, dando
testemunho, disse: Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu
coração, que fará toda a minha vontade. (At 13.18 a 22)
A descrição de Paulo é bem clara. Ele diz que foram:





40 anos de deserto;
450 anos até Samuel;
40 anos de reinado de Saul;
40 anos de reinado de Davi;
3 anos até começar a construção do templo por Salomão.
A soma desses anos totaliza 573 anos. Mas, em 1 Reis 6.1, a soma é de 480 anos. Há uma
diferença de 93 anos entre as duas contagens. Como podemos explicar essa diferença?
Paulo faz uma contagem estritamente histórica. O fato histórico é que se passaram 573
anos. Mas a narração de 1 Reis mostra a maneira como Deus vê a história. Em Atos, Paulo
coloca a perspectiva humana; mas, em Reis, temos a perspectiva divina. Por que Deus
deixou de contar 93 anos? Creio que a resposta a essa pergunta tem poder para mudar
nossas vidas. A diferença de 93 anos pode ser encontrada no livro de Juízes. No tempo dos
juízes, temos o relato de cinco ocasiões em que o povo de Israel se desviou do Senhor e
começou a adorar ídolos, e por causa disso caíram debaixo de opressão:





8 anos serviram a Cusã-Risataim (Jz 3.8);
18 anos serviram a Eglom (Jz 3.14);
20 anos serviram a Jabim (Jz 4.2-3);
7 anos serviram aos midianitas (Jz 6.1);
40 anos serviram aos filisteus (Jz 13.1).
A soma total desses anos dá exatamente 93 anos. São os mesmos 93 anos que não são
computados na data da construção do Templo. Todos aqueles dias que nos rebelamos
contra Deus, todo aquele tempo que gastamos com o pecado não tendo um coração
para Deus são dias e anos perdidos.
3. Deus não conta o tempo que lhe resistimos
O tempo de jornada era para ser rápido, mas levou 40 anos. Existe muito desperdício de
dias em nossa vida espiritual. Tempo resistindo a Deus é tempo perdido.
No terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no
primeiro dia desse mês, vieram ao deserto do Sinai. (Êx 19.1)
Jornada de onze dias há desde Horebe, pelo caminho da montanha
de Seir, até Cades-Barnéia. (Dt 1.2)
Israel gastou dois anos do Egito até Cades, conforme registrado de Êxodo 12 a Números 13.
Naquela ocasião, por não terem crido em Deus, não entraram em Canaã, e somente
depois de terem caminhado por outros 38 anos é que entraram na boa terra. Quando
deveriam levar apenas dois anos, gastaram 38 anos. Isso é muito triste! Deuteronômio 1.2 diz
que, do monte Horebe até Cades-Barnéia, é uma jornada de aproximadamente 11 dias.
No entanto, eles andaram por 38 anos. Para uma jornada de 11 dias, foram gastos 38 anos.
Esta é a experiência de muitos cristãos: algumas questões que poderiam ser resolvidas em
três ou cinco dias não são resolvidas nem mesmo após três ou cinco anos.
4. Deus não conta os anos vividos na carne
Depois que Abraão resolveu gerar um filho de Hagar, Deus ficou 13 anos sem falar com ele.
Ismael simboliza a carne.
Agar deu à luz um filho a Abrão; e Abrão, a seu filho que lhe dera
Agar, chamou-lhe Ismael. Era Abrão de oitenta e seis anos, quando
Agar lhe deu à luz Ismael. (Gn 16.15)
Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceulhe o SENHOR e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na
minha presença e sê perfeito. (Gn 17.1)
Entretanto, o que Abraão perdeu não foram apenas dias, pois algo mais aconteceu no
capítulo 16.
No capítulo 15 de Gênesis, Deus fizera a Abraão a promessa de lhe dar um filho. No 16, ele
aceitou a sugestão da esposa. A intenção de sua esposa era boa: ela queria ajudar Deus
a atingir o seu objetivo. Sara trouxe a Abraão sua serva Hagar, que gerou um filho, obtido
pela força da carne, e não dado por Deus. Por essa razão, no fim do capítulo 16, foi
registrado que Abraão tinha 86 anos e, curiosamente, logo no primeiro versículo do capítulo
17, diz-se que Abraão tinha 99 anos. Houve um lapso de 13 anos. Nesses 13 anos, não foi
registrado nenhum acontecimento, não houve aparição de Deus, nenhuma nova
revelação nem qualquer nova promessa. Aqueles foram os dias em que Ismael crescia.
Nunca se esqueça disso: tudo o que fazemos segundo a nossa própria vontade e segundo
a carne não é válido para Deus e se perderá.
Na segunda vez em que apareceu a Abraão, Deus contou sua idade a partir de 99 anos.
Os 13 anos que se passaram nesse intervalo Abraão os viveu em vão, foram esquecidos por
Deus, perdidos e não contabilizados. Os anos vividos na carne são anos que Deus não
conta. Nem mesmo os aparentes frutos Deus conta. Deus disse que Isaque era o único filho
de Abraão (Gn 22.2,12 e 16).
5. O exemplo dos trabalhadores da vinha
Em Mateus 20.1-16, o Senhor nos contou a parábola dos trabalhadores da vinha. Nessa
parábola, aqueles que trabalharam apenas uma hora receberam o mesmo que aqueles
que trabalharam oito horas. Isso mostra que tudo o que fazemos para o Senhor tem o poder
de multiplicar nossos dias e nossas horas. Mas há algo muito sério também nessa parábola.
Nela, o Senhor saiu várias vezes para procurar trabalhadores. “Saindo pela terceira hora, viu
outros que estavam ociosos na praça, e disse-lhes: Ide vós também para a vinha”. Quando
Ele saiu à hora undécima, ou seja, entre quatro e cinco da tarde, Ele viu que havia mais
pessoas paradas e disse-lhes: “Por que estivestes aqui ociosos o dia todo?”
Essa passagem nos diz que Deus tem uma esfera, um limite determinado de trabalho: a
vinha. Todos os que estão do lado de fora são ociosos. Não importa o que você esteja
fazendo lá, o simples fato de estar do lado de fora significa que você está ocioso. Para Ele,
todos os que trabalham fora da vinha são desocupados. Toda a obra, atividade e labor
fora da vontade de Deus são vãos! Isso não quer dizer que todos devem demitir-se do
emprego para pregar a Palavra, pois Deus não ordenou que fizéssemos isso. A questão toda
está em seu coração e na vontade de Deus.
Desse modo, a consagração é imprescindível. Se você foi salvo pelo Senhor e não se
consagrou a Ele, ao final da vida, não será considerado como quem trabalhou para Ele.
Se, do dia da sua salvação até hoje, no tocante a conduzir pessoas para Deus, você não
moveu um dedo, então, é um desocupado. Esta é a maneira certa de contar o tempo, pois
todos os dias que vivemos para nós mesmos, os dias em cativeiros e pecados, Deus não
contabiliza.
6. Mas há uma promessa de restituição
Os anos podem ser roubados. Se caímos no pecado, os anos anteriores de ministério podem
ser perdidos.
Afasta o teu caminho da mulher adúltera e não te aproximes da porta
da sua casa; para que não dês a outrem a tua honra, nem os teus
anos, a cruéis. (Pv 5.8-9)
Mas há uma promessa de que o Senhor nos restituirá os anos roubados pelo inimigo.
Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto
migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que
enviei contra vós outros. (Jl 2.25)
Deus vai restituir os anos roubados. A maneira como Deus nos restitui os anos roubados é
pela sua presença. Quando investimos tempo diante do Senhor, a sua luz tem o poder de
restituir. É como se a presença de Deus fosse uma luz que tem o poder de fazer a planta
crescer muito mais do que se ela tivesse apenas a luz natural. Deus pode fazer com que um
dia tenha o valor de mil anos. Nossos dias são multiplicados por mil de duas formas: através
de nossas obras e de nossos discípulos.
Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da
casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade. (Sl
84.10)
Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para
o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia. (2 Pe 3.8)
Quando a mulher colocou o perfume sobre Jesus, Ele disse que aquilo seria lembrado onde
quer que fosse pregado o evangelho. Os dias dela foram multiplicados mesmo depois de
sua morte. Nossos dias se multiplicam na vida de nossos discípulos. Nossos dias se perpetuam
quando somos lembrados por nossas obras e feitos.
Olho: “Deus pode fazer com que um dia tenha o valor de mil anos. Nossos dias são
multiplicados por mil de duas formas: através de nossas obras e de nossos discípulos”
Olho 2: “Nossos dias se perpetuam quando somos lembrados por nossas obras e feitos”
Para compartilhar:
- Como alcançar um coração sábio?
- De que forma o Senhor restitui os anos perdidos?
- Como nossos dias são multiplicados por Deus?
SEMANA 03 (10 - 16 de Outubro)
O poder da confissão
Pr. Aluízio A. Silva
Você nunca alcançará o palácio falando como camponês, você nunca será reconhecido
como um príncipe falando como um camponês. Você nunca será reconhecido como filho
de Deus falando como mero filho do homem. O primeiro passo para mudar sua vida é:
mude seu discurso, mude aquilo que você fala. Provérbios 18.21 diz que na sua boca está
o poder da vida e da morte.
Você vai ter vida ou morte, tudo depende daquilo que você diz. Não pense que suas
palavras têm o poder de realizar o extraordinário só porque você disse algo. A palavra do
homem tem pouco valor, mas a palavra de Deus é eterna. E, se a palavra de Deus for
liberada na sua boca com autoridade, as montanhas se moverão do seu lugar e se
lançarão no mar. Você pode fazer isso porque você é filho. Como filho, você recebeu
autoridade para mandar que as montanhas se lancem no mar, você tem autoridade. O
mundo espiritual vai respeitá-lo se você respeitar o que Deus diz a seu respeito. O diabo vai
respeitá-lo quando você concordar com o que Deus diz a seu respeito.
Confesse o que você é nele. Tudo depende do que você fala. Eu falo de mim aquilo que
Deus diz a meu respeito. Quando vou orar com as pessoas, eu digo sempre que estou ali
para orar como ungido de Deus; e, como ungido de Deus, eu repreendo toda obra do
diabo. Eu sempre me coloco na posição em que Deus me levantou. Eu sou nobre, eu faço
parte da nobreza, eu me assento à mesa do Rei, eu como da comida do Rei, eu e o Rei, na
verdade, somos um, Ele é meu Pai. Eu tenho o seu nome, eu sou parte da sua família, eu
carrego sua autoridade. Eu ando de cabeça erguida, pois sou seu filho. Você pode dizer o
mesmo a respeito da sua vida. É um fato espiritual.
Cremos e falamos (Rm 10.9)
Não há salvação sem confissão. É sempre “confissão para a salvação”, nunca possessão
antes da confissão. Nossa confissão leva o Senhor Jesus a nos conceder o que cremos com
o coração, e isso nos leva à apropriação. Isso é fé. Deus é um Deus de fé. Isso significa que
Ele é um Deus que exige fé. Recebemos de Deus apenas aquilo em que cremos (Mc 11.24).
A nossa maneira de pensar é que primeiro precisamos ver algo para crer que Deus fez. Se
estamos doentes, nós checamos se ainda temos os sintomas e concluímos que ainda não
fomos curados. Mas o sistema de Deus é diferente, nós cremos que já recebemos e assim
será conosco. A Palavra de Deus não diz “sinta que recebeu”, mas “creia que recebeu” e
assim será convosco.
Deus age por meio da nossa fé. Quando o Senhor nos olha, Ele procura pela nossa fé. Em
Marcos 2.5, alguns amigos trouxeram um paralítico para ser curado. Eles o desceram pelo
telhado até o lugar onde o Senhor estava ensinando. Antes mesmo de ver o paralítico, a
Bíblia diz que o Senhor viu a fé deles. A fé sempre atrai a atenção do Senhor.
Veja que o verbo “recebestes” (Mc 11:24) está no tempo passado, portanto isso significa
que Ele já nos deu imediatamente, no mesmo momento em que cremos no nosso coração.
É por isso que nós não devemos ter esperança de receber o que pedimos, pois se cremos
no nosso coração, a resposta é para o presente, e não para o futuro. Isso é fé. É lembrar
que, no reino de Deus, tudo se baseia em promessas, e não em emoções.
O diabo sempre quer mantê-lo no nível das sensações e emoções, porque ele sabe que
assim pode derrotá-lo. Mas as coisas de Deus são recebidas pela fé. No momento em que
toma posse, você pode não estar sentindo nada, emoção nenhuma, os sintomas da
doença ainda estão em você, mas a sua atitude é de cura, é de certeza que obteve a sua
resposta e que, acima de tudo, confia em Deus e em sua palavra.
O que é confissão
A confissão é o testemunho da fé em nossa boca. A confissão é simplesmente concordar
com Deus, dizendo as Palavras de Deus, usando as expressões de Deus, declarando o que
Deus declara, reconhecendo a Palavra de Deus. A confissão é o único meio de a fé se
expressar como nosso testemunho. Paulo declarou que a “palavra da fé” deve estar “no
nosso coração” e “em nossa boca”. A única maneira de ter a palavra da fé em nossa boca
é falar a palavra de Deus. Isso é confissão – é fazer com que os nossos lábios concordem
com Deus, declarando a palavra de Deus com a nossa boca (Rm 10.8). Apocalipse 12.11
nos diz que aqueles que venceram o diabo o fizeram “pelo sangue do Cordeiro e pela
palavra do seu testemunho”, isto é, pelas Escrituras que citavam ao dar seu testemunho.
A importância da confissão (Pv 6.2)
Poucos reconhecem a importância da confissão e o seu valor em nossas vidas. No entanto,
nada é mais importante que a nossa confissão, apesar de quase nunca a mencionarmos
nos cultos. A vida cristã é chamada de “confissão” (no grego, “reconhecimento” ou
“admissão”) em Hebreus 3.1.
A palavra grega da qual se traduz “confissão" quer dizer “falar o mesmo”, isto é, “dizer o
que Deus diz” ou “concordar com Deus em nosso testemunho”. Confessar é dizer o que
Deus diz na sua Palavra acerca de nossos pecados, nossas enfermidades, nossos fracassos,
nossa saúde, nossa salvação, nossas vitórias, ou acerca de qualquer outra coisa da nossa
vida. Em outras palavras, a confissão é testificar ou “admitir” o que Deus diz.
A confissão nas provações
Por exemplo, uma doença ameaça abalar a sua saúde. Satanás quer tirar a sua saúde e
assim torná-lo infrutífero no serviço de Cristo. Mas Deus já fez provisão para nossa saúde.
Deus já fez com você uma aliança de cura (Êx 23.25; 15.26; Sl 103.3; Mt 8.17; 1Pe 2.24).
Precisamos confessar a nossa fé na palavra de Deus e n'Ele próprio. A confissão é o
testemunho da fé em nossa boca, é simplesmente concordar com Deus. É dizer a palavra
de Deus. Apocalipse 12.11 diz que aqueles que venceram o diabo o fizeram “pelo sangue
do Cordeiro e pela palavra de seu testemunho”. Confessar a palavra é testemunhar ou
testificar aquilo em que cremos. Que Deus é poderoso para cumprir o que prometeu (Rm
4.21).
Confessar ativa a fé, mas não devemos confessar qualquer coisa ou qualquer pensamento.
Devemos ter pensamentos corretos, pois quem pensa corretamente, crê corretamente e
age corretamente. A palavra grega traduzida por “confissão” em nossas Bíblias quer dizer
“falar a mesma coisa”, isto é, “dizer o que Deus diz” ou “concordar com Deus em nossa
conversação”, “reconhecer a Palavra”.
Um amigo lhe diz durante uma provação da sua fé: “Cuidado! Um conhecido meu morreu
dessa doença! É melhor mandar chamar o médico!” Mas você fala a linguagem de Deus,
porque crê no que Deus diz. Suas palavras estão nos seus lábios – na sua conversação.
Então, confesse abertamente: “O Senhor é a força da minha vida, a quem temerei? Cristo
já levou as minhas doenças e pelas suas feridas estou sarado”.
Em todas as circunstâncias e em todas as ocasiões, fale a linguagem de Deus. A confissão
é afirmar aquilo em que cremos. A confissão é testificar o que sabemos. É declarar a
verdade que abraçamos. Jesus planejou que essa mensagem da vida cristã fosse dada ao
mundo por meio do nosso testemunho, isto é, pela nossa confissão. Testificadores,
testemunhas e confessores têm sido os grandes líderes e representantes da vida nova e
revolucionária de Jesus Cristo neste mundo.
O que confessar
Simplesmente confesse a Palavra de Deus, em todas as ocasiões, em face de todas as
circunstâncias. Confissão é “afirmar verdades bíblicas”. Confissão é “repetir com os nossos
lábios a partir do coração as coisas que Deus diz na sua Palavra. Você não pode confessar
nem testificar as coisas que ignora. Tem de confessar o que sabe pessoalmente acerca do
Senhor Jesus Cristo e da sua obra consumada na cruz.
O segredo da confissão e da fé é entender verdadeiramente o que Jesus Cristo realmente
nos fez e o que somos n'Ele como resultado da sua obra consumada. Esse conhecimento,
junto com a confissão desses fatos, libera fé em nosso espírito. Como será grande a sua
transformação quando você subir ao lugar que Deus lhe deu e começar a falar a
linguagem que Deus deseja que você fale como filho!
Não faz muito tempo que, se um crente declarasse abertamente que era salvo, sua
confissão seria vista quase como sacrilégio. Hoje, porém, a luz de Deus tem brilhado e muitos
têm confessado ousadamente que são salvos em Cristo. Mas quantos de nós temos
coragem de confessar abertamente ao mundo o que a Palavra declara que somos em
Cristo?
Vamos tomar 2 Coríntios 5.17 como exemplo: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova
criatura”. Isso quer dizer que não somos apenas pecadores perdoados – pobres membros
da igreja, fracos, vacilantes e incapazes de vencer o pecado. Significa que fomos criados
em Cristo Jesus, com a vida de Deus, a natureza de Deus e o poder de Deus dentro de nós.
“As coisas velhas já passaram: eis que tudo se fez novo”. Você confessa isso? Crê nisso?
Estas palavras querem dizer exatamente o que dizem. Somos novos. Tudo é novo. As coisas
velhas não existem mais. Todos os velhos marcos de pecado, de enfermidade, de doença,
de fracasso, de fraqueza e de temor já passaram. Agora temos a natureza de Deus – sua
vida, sua força, sua saúde, sua glória, seu poder. Temos tudo isso agora mesmo. Sua vida
será totalmente transformada quando começar a falar dessa maneira, a viver dessa forma
e a agir assim.
Vamos ver outro exemplo, Colossenses 1.13-14: “Ele nos libertou do império das trevas e nos
transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos
pecados”. Isso quer dizer que o domínio de Satanás acabou e que começou o domínio de
Cristo Jesus. O domínio de satanás sobre a sua vida cessou no mesmo momento em que
você nasceu de novo. Você recebeu outro Senhor para governar a sua vida. Os hábitos
antigos não mais governarão a sua vida. Você está redimido. Você está salvo.
No meio da luta, confesse ousadamente: “Não temas, porque eu sou contigo; não te
assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra
da minha justiça” (Is 41.10). “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.31).
Precisamos confessar essas verdades ao enfrentar o mundo. Fale ousadamente: “Deus está
em mim agora; Aquele que governa a criação está comigo”. Quão grande é essa
confissão!
Encare a vida sem temor. Você sabe que é maior Aquele que está em você do que todas
as forças que possam vir contra você. Grite triunfalmente: “Ele prepara para mim uma mesa
na presença dos meus inimigos!” Você está cheio de alegria e de vitória, pois Deus mesmo
luta as suas batalhas. Não tema as circunstâncias porque você tudo pode naquele que o
fortalece. O Senhor é a força da sua vida; a quem temerá? Nada tema. Não receie coisa
alguma, pois Deus está ao seu lado. Esta é a sua confissão. A sua confissão libera a fé e a
fé traz o mover de Deus.
Perguntas para compartilhar:
- Diante das circunstâncias, você declara aquilo que Deus diz ou o que vê ou sente?
- O que você tem falado a seu respeito?
- Por que devemos confessar a Palavra o tempo todo?
SEMANA 04 (17 - 23 de Outubro)
Senta, anda e permanece
Pr. Aluízio A. Silva
As Escrituras declaram que o reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito. Isso significa
que o grande sinal de que pregamos o evangelho corretamente é quando sentimos alegria
e paz ao receber a palavra de Deus (Rm 14.17).
Mas e quanto à justiça? Essa justiça não seria as nossas obras de obediência? No Novo
Testamento, duas justiças são mencionadas. Em Filipenses 3.9, Paulo diz que quer ser
achado em Cristo, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a justiça que é
mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé.
Quando o Senhor Jesus disse que devemos buscar o reino de Deus e a sua justiça, Ele estava
se referindo a esse tipo de justiça, aquela que procede de Deus, baseada na fé (Mt 6.33).
Não estamos mais debaixo da lei em forma de ordenanças. Fomos libertos da lei. Mas isso
significa que não existem mandamentos no Novo Testamento? Certamente eles existem,
mas não são como os mandamentos da lei. É como se o Senhor dissesse: “Ordene ao
homem faminto que coma”. "Eu ordeno ao cansado que descanse”. No meio teológico,
isso é chamado de imperativos.
Todavia, antes de enfatizarmos os imperativos, precisamos entender os indicativos. Você
certamente deve se lembrar das aulas de gramática. Todo verbo possui um tempo e um
modo. O tempo é presente, passado ou futuro, mas o modo pode ser indicativo ou
imperativo (é claro que existe também o subjuntivo, mas não vamos falar dele). Os
imperativos de Deus são baseados nos seus indicativos. Os indicativos nos dizem o que
somos, o que temos e o que podemos fazer em Cristo. É somente em função disso que
somos capazes de obedecer aos imperativos.
Porque Cristo nos amou, devemos amar a nossa esposa como Ele nos amou. Porque fomos
ricamente perdoados, devemos perdoar livremente a quem nos ofende. Porque somos
uma nova criação, já não viveremos como os ímpios. Porque o Espírito Santo agora habita
em nós, já não usaremos o nosso corpo para a impureza e a prostituição. Nossa obediência
aos imperativos divinos é apenas uma consequência do poder dos indicativos da cruz.
Precisamos crer e confessar que fomos feitos justiça de Deus em Cristo. Mandamentos são
para ímpios e profanos, mas os justos precisam apenas crer na verdade da Palavra de Deus
(2Tm 1.9).
Não é possível crer na coisa certa e não viver da maneira certa. A sua conduta é sempre o
resultado de sua crença. Se vivemos errado, é porque cremos errado. Evidentemente, o
comportamento é importante, mas a ênfase maior é sempre sobre o que cremos. Os
indicativos sempre apontam para Cristo. Quanto mais você contempla Cristo, mais se torna
como Ele.
Em todas as epístolas do Novo Testamento, Paulo começa ensinando o indicativo de
nossa posição em Cristo. Os mestres chamam isso de Kerigma. Somente depois disso, ele
expõe os imperativos de Deus, também chamados de Didaquê. Toda epístola é dividida
em duas partes: Kerigma e Didaquê.
Vamos tomar a epístola aos efésios e observar mais atentamente esse princípio. Podemos
dividir a epístola em três partes usando três palavras: “senta, anda e permanece”. O sentar
é o Kerigma, enquanto o andar e o permanecer são o Didaquê.
1. Senta
A primeira parte de Efésios vai do capítulo 1 ao 3. A palavra-chave dessa primeira parte é
“senta”. Nós estamos assentados com Cristo nos lugares celestiais (Ef 2.6).
Estar assentado significa que tudo está terminado. Como tudo está terminado, eu posso me
sentar e descansar. O Senhor disse: “Está consumado!” Isso significa que eu sou convidado
a participar de uma obra que já está terminada.
No Cristianismo, somos convidados a participar de uma obra que já está pronta. Na sua
morte e ressurreição, Cristo já nos fez justos e santos. Isso significa que, em Cristo, já estamos
prontos. Já somos filhos de Deus, justos, santos, habitação do Espírito, coerdeiros e muitos
mais. A partir do conhecimento de tudo isso que já somos, podemos começar nossa vida
cristã.
Com base nessa obra consumada, não oramos para ter a vitória, mas oramos porque Cristo
já venceu e agora podemos experimentar essa vitória. É por isso que Paulo diz que já fomos
abençoados com toda sorte de bênção espiritual. Nós começamos como abençoados, e
não como quem ainda vai receber a bênção (Ef 1.3).
Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos
pecados, assentou-se à destra de Deus, aguardando, daí em diante,
até que os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés.
Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos
estão sendo santificados. (Hb 10.12-14)
No Velho Testamento, o sacerdote ficava o tempo todo de pé ministrando diariamente e
oferecendo os mesmos sacrifícios que não podiam retirar o pecado. No Tabernáculo, não
havia nenhum móvel preparado para que o sacerdote se assentasse. Não havia nenhuma
cadeira no santo lugar. É assim porque a obra do sacerdote nunca era consumada. Mas a
obra do Senhor Jesus foi consumada, por isso Ele se assentou. E também nos fez assentar
junto com Ele.
Assentar-se na Bíblia simboliza descanso. Isso significa que Ele consumou a obra para que
pudéssemos sentar com Ele. Pare de depender de seus esforços para se qualificar e obter
as bênçãos de Deus em sua vida.
2. Anda
A segunda parte de Efésios inclui os capítulos 4 e 5. A palavra-chave dessa parte é “anda”
(Ef 4.1 e 17, 5.2, 8 e 15).
A ideia é bem clara, uma vez que entendemos a nossa posição em Cristo e tudo o que nos
foi dado por meio da obra consumada, podemos agora andar. O sentar-se é a base do
andar. É somente porque entendemos a nossa vocação que somos capazes de andar de
modo digno.
Efésios 4.25 começa com a expressão: “Por isso [...]”. Isso significa que todas as exortações
à santidade são baseadas nos versos anteriores.
Nossa santificação, antes de ser uma separação de algo, é uma separação para alguém.
É possível ser separado do Egito, mas ainda assim morrer no deserto. Santificação é ser
separado para Deus, mas ser separado para Deus significa desfrutar de todos os indicativos
do que somos em Cristo. A verdadeira santificação é entender o que somos, temos e
podemos fazer n'Ele.
3. Permanece
Nós estamos envolvidos numa verdadeira guerra espiritual. Por isso, na terceira parte de
Efésios, a palavra-chave é “permanece” (Ef 6.13).
O inimigo vai nos atacar com enfermidades e problemas financeiros, pessoas se levantarão
contra nós e teremos pressões de todos os lados. Mas ainda assim podemos ser inabaláveis
em nossa fé até ver todas as obras do diabo debaixo de nossos pés.
O inimigo, porém, não se importa com aqueles que mentem e enganam nos seus negócios,
vivem debaixo de impureza e sensualidade ou levam uma vida profana. O diabo
simplesmente os deixa em paz. Ele quer que tais pessoas até prosperem porque são um mal
testemunho para o reino de Deus.
Mas o inimigo odeia aqueles que aprenderam a descansar, que possuem uma vida cheia
de alegria, com o brilho do Espírito nos olhos e um testemunho cheio de vida. Quando essas
pessoas chegam, o ambiente se torna cheio da presença de Deus. São elas que
enfrentarão a batalha espiritual.
Permanecer significa estar firme numa posição de vitória. O inimigo está tentando tirar a
bênção, a cura, a prosperidade, a glória, mas você simplesmente permanece no terreno
firme da vitória já conquistada na cruz.
Não oramos para alcançar uma posição de vitória, nós já estamos nessa posição. Não
oramos por vitória, mas nós oramos na posição de vencedor. Já vencemos, por isso
permanecemos.
Alguns oram para ficarem mais perto de Deus, mas nós oramos porque já fomos
aproximados pelo sangue. Alguns clamam para que Deus venha, mas nós sabemos que Ele
já está em nós. Mude a sua abordagem e perspectiva. Permaneça na posição que Cristo
nos conquistou.
Perguntas para compartilhar:
O que significa assentar-se na Bíblia?
Como deve ser a separação?
Existem mandamentos no Novo Testamento?
SEMANA 04 (14 - 30 de Outubro)
Você é como Abraão ou como Ló
Pr. Aluízio A. Silva
A partir do capítulo 13 de Gênesis, encontramos a história de dois homens, Abraão e Ló. Esses dois
homens apontam para dois estilos de vida que caminham por toda a Bíblia, o homem carnal e o
espiritual, o crente vencedor e o crente derrotado. Todos os crentes são vencedores; na verdade,
mais que vencedores, mas muitos vivem como derrotados. Legalmente donos de uma grande
herança, mas sem usufruir de sua posse.
Tanto Abraão como Ló eram homens de Deus, mas suas vidas são grandes sinais proféticos para os
nossos dias. Muitos crentes vivem uma vida cristã sem compromisso com o reino de Deus e mesmo
assim se declaram vencedores. O fato de sermos salvos nos faz legalmente vencedores. Tanto
Abraão como Ló são chamados de justos no Novo Testamento (2Pe 2.7-8). Ambos foram justificados
pela fé.
Mas um crente justificado pela fé ainda pode viver como derrotado. Vamos fazer um paralelo entre
a vida de Abraão e Ló e observar o padrão de Deus para o crente vencedor. Podemos realçar na
vida de Abraão e de Ló pelo menos sete aspectos importantes.
1. Abraão ouviu de Deus; Ló seguiu Abraão
No capítulo 12 de Gênesis, vemos Deus chamando Abraão e lhe prometendo grandes coisas.
Abraão ouviu o chamado de Deus e obedeceu. Quanto a Ló, não há menção de que Deus o
tenha chamado, ele seguiu a Abraão.
Muitos de nós caminhamos em nossa vida cristã ouvindo a Deus por tabela, ou seja, Deus fala com
o irmão abençoado e nós seguimos o irmão. Não procuramos ouvir de Deus, é mais cômodo seguir
o líder, o profeta ou o irmãozinho mais experiente. Não estou dizendo que não devemos ouvir de
Deus através de nossos líderes, mas os líderes deveriam apenas confirmar aquilo que Deus já tenha
falado conosco. O crente vitorioso é aquele que aprendeu a ouvir de Deus e a seguir as suas
direções. O derrotado segue o líder, a multidão, a onda, a moda.
Evidentemente, eu creio em profecia, mas não creio que um crente deva ir atrás de um profeta
para ouvir de Deus. Se agimos assim, estamos apenas espiritualizando o antigo costume de
procurar adivinhos e cartomantes. Se Deus quer falar com você através de um profeta, Ele vai
mandá-lo até a sua casa. E caso isso aconteça, o profeta vai apenas confirmar algo que Deus já
falou no seu íntimo.
2. Abraão andou por fé; Ló andou por vista
Gênesis 13.1-10 diz que houve problemas entre os pastores de gado de Abraão e os de Ló. Ambos
eram muito ricos e o pasto era pequeno para tanto gado. Abrão propõe a Ló dizendo: “Pode
escolher para onde você quer ir, se for para a direita, irei para a esquerda, e vice-versa”. Ló não
foi ouvir de Deus, não foi buscar orientação sobre a melhor direção, preferiu confiar no seu bom
senso. Olhou para as campinas verdejantes de um lado e a terra esturricada de seca do outro.
Qual você acha que ele escolheu? Aquilo que pareceu melhor do ponto de vista natural. Isso é
andar por vista sem depender de Deus. Não podemos condená-lo por sua escolha. Muitos de nós
temos tomado decisões simplesmente olhando o campo mais verde. Ser crente não é ser bobo e
inconsequente, sempre escolhendo a pior opção, mas os espertinhos não são mais fiéis por causa
de sua esperteza.
Tenha cuidado para não seguir sua visão natural. Mesmo que as circunstâncias pareçam óbvias, é
preciso orar. Mesmo que pareça completa estupidez não fazer aquele negócio lucrativo, é preciso
ouvir de Deus. Não confie na sua capacidade, não confie no natural, não confie na lógica
humana.
Ló andou por vista, e o resultado desse andar é que ele foi parar em Sodoma. Não de uma vez,
mas aos poucos. Gênesis 13.12 diz que ele foi armando tendas até ir morar em Sodoma. Tomamos
uma decisão aparentemente inteligente hoje, uma mais esperta amanhã e aos poucos estamos
direcionando nossas vidas para Sodoma. O resultado de confiar na força e no entendimento
próprio é o pecado de Sodoma.
Um grande problema do cristianismo em nossos dias é transformar a vida cristã numa questão
meramente moral. Deus não quer fazer de nós homens bons simplesmente, Ele quer fazer de nós
homens que tragam a sua natureza divina dentro de si. Não é uma questão de certo e de errado,
mas de saber qual é a vontade de Deus. Diante de uma situação, podemos avaliar e concluir que
não é pecado, não é crime, não é antiético, e ainda assim estarmos errados por não ser da
vontade de Deus. O entendimento próprio é um grande empecilho a uma vida de vitória. Não
podemos ter vitória confiando unicamente em nosso bom senso e inteligência.
3. Abraão habitou em tendas; Ló, na cidade de Sodoma
Talvez, em um certo momento, Ló tenha pensado consigo: “Porque morar em tendas com uma
cidade tão confortável aqui tão perto? Isso não é lógico. Na cidade, eu tenho mais proteção,
conforto e diversão. O que há de errado em morar em uma cidade?” O entendimento próprio é
carne, e o que nasce da carne nunca pode virar algo do espírito. O problema é que, naqueles
dias, habitar em tendas fazia parte do mover de Deus, da contracultura do sistema vigente, da
disposição de agradar a Deus. Nada de errado, criminoso ou antiético morar, em Sodoma, mas
estava fora da vontade e do mover de Deus.
Porque Abraão habitava em tendas? Hebreus 11.9-10 nos dá a resposta: “Pela fé, Abraão
peregrinou na terra da promessa, [...] habitando em tendas [...] porque aguardava a cidade que
tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e fundador”.
A atitude de Abraão de morar em tendas era profética, indicava sua fé e esperança em Deus e
também era a forma de não se contaminar com o mundo naqueles dias.
Recentemente, a arqueologia descobriu que, naqueles dias, cada cidade era consagrada a um
deus e os seus habitantes eram obrigados a adorá-lo. Talvez seja esse o motivo pelo qual os
patriarcas habitavam em tendas, era uma forma de testemunhar de Deus e rejeitar a idolatria.
Se desejamos ser crentes vencedores, precisamos, como Abraão, estar em harmonia com o mover
de Deus em nossos dias, mesmo que pareça algo ilógico para os padrões do mundo.
4. Ló foi levado cativo; Abraão teve de libertá-lo
No capítulo 14, vemos ló envolvido em uma guerra e sendo levado cativo. Isso faz com que Abraão
tenha de se envolver para libertar o sobrinho. O crente carnal sempre dá trabalho aos espirituais.
Os espirituais têm problemas, mas os carnais são um problema ambulante.
Tudo aconteceu porque Ló estava no lugar errado na hora errada. O entendimento próprio nos
leva para fora da vontade de Deus e, nessas circunstâncias, podemos sofrer perdas desnecessárias.
O mais interessante é que não vemos Ló agradecendo a Abraão como fazem os outros reis ímpios.
E o pior, Ló volta a morar em Sodoma. Aquela situação não serviu como advertência para ele,
estava acostumado com o pecado da cidade.
5. Deus falou com Abraão; Ló não conheceu o mover de Deus
No capítulo 18, Deus resolve destruir Sodoma, e qual a sua atitude em relação a Abraão? Em 18.17,
Deus disse: “Ocultarei a Abraão o que estou para fazer?”
Antes de Deus agir, Ele compartilha os seus planos, mas com quem? Somente com o crente
espiritual. Deus não fará coisa alguma sem antes revelar os seus planos aos seus servos (Am 3.7).
Mas enquanto Abraão compartilhava do coração de Deus, Ló estava completamente alheio e
não se diz que Deus tenha compartilhado seus planos com ele.
Deus tem agido, mas quantos percebem o mover do seu braço em nossos dias? Há uma intensa
agitação no mundo espiritual, mas muitos de nós dormimos tranquilamente como Ló em Sodoma
à beira da destruição.
6. Ló foi salvo pela intercessão de Abraão
No capítulo 19.16, lemos que Ló foi como que arrastado de dentro de Sodoma. Mesmo depois de
ouvir o que Deus faria, demorou em obedecer a Deus. Muitos crentes também são assim, tardios
em obedecer a Deus. Ló foi salvo da destruição, mas qual o testemunho que se pode dar a seu
respeito? Quase nenhum.
O mais interessante é que, em Gênesis 19.29, lemos que, quando Deus ia destruir Sodoma, Ele se
lembrou de Abraão e salvou Ló. Que coisa impressionante! Salvo pela intercessão do homem
espiritual. Deus salvou Ló por causa de Abraão.
7. Abraão gerou Isaque, Ló gerou a Amon e Moabe
No fim da vida desses dois homens, vemos os frutos finais. Abraão gerou Isaque, que simboliza Cristo
e o propósito final de Deus para a sua vida. O alvo de Deus é que, ao final, cada um de nós expresse
a Cristo em nossas vidas para que o mundo veja. Isaque aponta também para o fruto do Espírito.
Por outro lado, em Gênesis 19.30-38, lemos que Ló gerou a Amon e Moabe. Dispensa comentários a
forma como Ló gerou os seus filhos, por meio de um incesto com as suas próprias filhas. Mais
importante é o fato de que tanto a Amon quanto a Moabe era vedado o direito de fazerem parte
da congregação de Israel (leia Deuteronômio 23.3). Foram inimigos do povo de Deus por todos os
seus dias. Apontam para o fruto da carne, podre e vergonhoso. Que fim melancólico para um servo
de Deus!
Todos temos diante de nós dois caminhos: o da carne e o do Espírito. A carne é derrota, o Espírito
é vitória. Ouço alguns dizerem entre nós: "Já sou justo pela fé, não preciso me preocupar com coisa
alguma". Não tenho dúvida de que você é um justo, mas você é um justo como Abraão ou um
justo como Ló? Minha oração é para que você seja um vencedor como Abraão.
Perguntas para compartilhar:
- Quais têm sido os empecilhos em sua caminhada cristã que o tem impedido de alcançar a vitória?
- Você tem buscado discernir a voz de Deus? De que maneira?
- Tem sido como Ló ou como Abraão?
Download