Sessão II - Paradoxos do Capitalismo Contemporâneo Mais do que uma opção econômica da organização produtiva da sociedade, o capitalismo impôs-se como modelo dominante desde a virada do século XX. Cabe lembrar que a economia também é uma ciência social. Trata-se, portanto, de avaliar como está impactando a vida de países, estados, organizações e pessoas em sua marcha triunfal (e em suas crises). Também é uma realidade que sua expansão tem criado desajustes, quer entre países maduros e emergentes, quer em cada país, quer na deprimente desigualdade social global. A força da globalização redesenha o papel de seus atores. Os mercados se expandem e o Estado perde força. Há várias revoluções concomitantes de natureza econômica, tecnológica, cultural e ecológica, cada uma com significativos efeitos no comportamento da sociedade. A mudança traz bônus e ônus. Abre perspectivas antes imprevisíveis, reformula modelos de gestão, amplia o horizonte das potencialidades humanas, reconfigura relações, substitui o determinismo pelo possibilismo, tudo isso numa velocidade absoluta. Ainda não se sabe se vivemos uma transição dos modelos existentes (modernização) ou a gestação de um novo modelo ainda difuso (inovação). A “destruição criativa“ tem sido vista como a essência do novo capitalismo, mas isso implica em consequências quanto aos limites da inovação sobre os valores embutidos nos processos de transformação. Tal contexto é reproduzido na vida das organizações e das pessoas que nelas trabalham. É aí que paradoxos da racionalidade geram desarranjos na estabilidade. Pressões sobre resultados, limitações à criatividade, qualidade de vida prejudicada, conflitos entre integridade pessoal e falta de ética corporativa são exemplos da nova complexidade das relações entre indivíduos e organizações. Não se espera mais que cidadãos e profissionais absorvam tantos paradoxos com naturalidade e submissão. Como o sistema abrirá espaços em sua estrutura ocupacional para um novo tipo de convivência entre suas partes? As próprias cadeias produtivas globais originam-se na diversidade, mas se completam na interdependência. O policentrismo é um fenômeno da atualidade. A visão dualista e centralizadora não se sustenta mais. Há, de fato, um novo capitalismo neste século XXI que abala os alicerces e as tradições da sociedade industrial. O que parece imutável ou resistente? O que precisa ser feito para reconhecer e acolher práticas transformadores? Ao exercer visão crítica, o profissional de Administração, por viver tantas situações diferentes no interior das organizações, deve se concentrar nos valores da transformação e rejeitar ações e processos típicos de um capitalismo do passado, infenso à renovação de suas práticas. Rua Professor Gabizo, 197, Ed. Belmiro Siqueira, Rio de Janeiro - RJ – Cep 20271-064 Tel/Fax: (21) 3872-9550 – Email: [email protected] – Site: www.cra-rj.org.br