SOCIOLOGIA 1ª Parte - Prefeitura de Juiz de Fora

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SOCIOLOGIA
COMO A SOCIOLOGIA SURGIU?
1ª Parte
O QUE É A SOCIOLOGIA?
A sociologia é uma ciência que busca
compreender os fenômenos sociais. Em nossa
vida em sociedade inúmeros são os exemplos de
questões em que a sociologia se debruça.
Família, trabalho, renda, escolaridade, partidos
políticos ou instituições, são apenas alguns
exemplos do vasto campo em que a sociologia se
aplica. Ela se encarrega de explicar o “como” e o
“por quê” da sociedade ser como é, podendo – e
devendo- propor mudanças para melhorá-la
cada vez mais. Por isso é tão importante estudar
sociologia, pois quando entendemos como a
sociedade funciona e qual nosso papel dentro
dela, nos tornamos sujeitos ativos, críticos e
autônomos capazes de gerar mudanças positivas
para todos.
Esta ciência da sociedade se diferencia do
senso comumao se expressar por meio de
conceitos, possuir métodos e instrumentos
próprios de coleta e análise de dados e seguir
certos critérios para que os resultados da
pesquisa tenham validade. A pesquisa em
sociologia
pode
tanto
ter
cunho
quantitativo(quando
queremos
aferir
a
regularidade de determinado fenômeno),
quantoqualitativo(quando
procuramos
compreender a fundo como esses fenômenos
surgem e se desenvolvem). No entanto, essas
duas dimensões são comumente usadas em
conjunto, complementando uma a outra e
produzindo um vasto entendimento sobre o
fenômeno que se quer estudar.
A influência dos mitos, da religião e de
divindades diversas nas sociedades antigas era
determinante no entendimento do mundo. Na
sociedade do Egito Antigo tudo girava em torno
da vida após a morte. Era como se as pessoas
passassem seu tempo na Terra se preparando
para a vida no além. Essa e outras sociedades,
como as da Mesopotâmia, já apresentavam uma
organização bastante complexa. Tinham
governo, exército, funcionários, códigos de eis.
Os gregos e os romanos, por sua vez, além de
apresentarem complexa organização material,
deram grandes passos no estudo da natureza e
do comportamento humano.
Com a Filosofia, desenvolveram reflexões
sobre as quais se construiu o edifício da
civilização ocidental. Além disso, produziram
numerosas e riquíssimas obras literárias. Os
romanos dedicaram-se também a elaborar e
organizar códigos de leis. Até hoje, o Direito
Romano faz parte dos estudos dos cursos de
Direito e dos códigos de leis modernos. Mas o
entendimento que a maioria das pessoas da
época tinha sobre os fenômenos da natureza
estava diretamente ligado aos mitos e às forças
sobrenaturais. A origem do mundo e dos seres
humanos, fenômenos da natureza como
enchentes, secas, eclipses do Sol e da Lua,
trovões, tempestades, relâmpagos, doenças
eram atribuídos a forças de deuses, espíritos,
animais sagrados.
O Cristianismo, que se implantou na
sociedade ocidental a partir do século IV, não
modificou essa realidade, apenas substituiu as
múltiplas divindades das sociedades antigas por
uma única divindade, o Deus dos cristãos. E os
santos passaram a fazer parte dos entes
sobrenaturais associados à vida celeste. Durante
os cerca de mil anos da Idade Média ocidental, a
vida foi quase que totalmente regulada pela
total subordinação às leis da Igreja e à crença em
Deus: reis, bispos, nobres e servos tinham cada
um seu lugar nas diversas camadas da
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sociedade; e o papel de cada um na vida estava
definido nos planos divinos. O ser humano não
tinha autonomia para mudar essa ordem. A
reflexão individual, a crítica, a discordância
constituíam exceção e eram severamente
reprimidas pela Igreja, que tinha o monopólio da
verdade e da informação.
As diversas formas de conhecimento
A espécie humana não se limita apenas a sobreviver no
mundo, mas também procura entendê-lo e modificá-lo
de acordo com as diferentes formas através das quais
percebe a realidade. Essa busca, que articula a realidade
objetiva (como se apresenta aos sentidos) e outra
realidade, subjetiva (como essa é percebida pelos
indivíduos), é a matriz sobre a qual se constrói o que
chamamos de conhecimento.
Podemos
definir
conhecimento
como
toda
compreensão e prática adquiridas, cuja memória e
transmissão permitem lidar bem com as tarefas do dia a
dia. Portanto, podemos afirmar que todos somos
capazes de produzir conhecimento, mas existem
diferenças de acordo com a forma na qual esse
conhecimento é produzido.
Conhecimento científico: No século XX, o conhecimento
formal baseado na observação e experimentação, aliado
à sua aplicação útil, tornou-se o aspecto principal do
que conhecemos como ciência. Assim, o conhecimento
científico é o produto da busca por constantes
explicações sobre os diferentes eventos que ocorrem no
mundo. Todavia, tais explicações necessitam, em sua
construção, a execução de um método organizado com
base em teorias correntes e socialmente aceitas.
Embora a ciência tenha papel central no mundo
moderno, outros tipos de conhecimento – como o
religioso, o filosófico e o de senso comum – não
desapareceram da realidade social.
Conhecimento religioso: Diferentemente da ciência, a
religião é um conhecimento sustentado pela crença na
existência de uma realidade exterior ao mundo que
influencia o entendimento e a explicação da realidade
social. Os ensinamentos religiosos orientam, assim, uma
compreensão e prática de vida fundamentada nos
princípios religiosos.
Conhecimento filosófico: Este tipo de conhecimento
objetiva explicar o universo e investigar questões sobre
as quais o conhecimento religioso ou teológico
estabeleceu princípios baseados em uma perspectiva
diferente. Mesmo que seus resultados não necessitem
de uma comprovação em testes de verificação, não
podem deixar de obedecer os princípios da razão. Então,
a filosofia empreende um esforço para dar sentido
racional aos mistérios do mundo.
Senso comum: Desde quando nascemos, apreendemos
sistematicamente informações sobre o mundo. Tal
conhecimento, sustentado fundamentalmente na
experiência, é entendido como sendo o senso comum.
Um conhecimento vulgar e prático que, no cotidiano,
oriente nossas ações e lhes confere sentido, pode ser
considerado como senso comum. De fato, na maior
parte do nosso dia a dia agimos conforme o que
consideremos adequado de acordo com nossa
experiência no mundo.
Senso comum e ciência: Desde o estabelecimento da
ciência enquanto o principal modo de conhecimento
sobre o mundo, o debate acerca da relação entre ciência
e senso comum se consolidou. Há dois lados: os
defensores da oposição entre ciência e senso comum;
que destacam a ciência enquanto um conhecimento
neutro e racional, postando o senso comum como um
olhar parcial e irracional sobre a realidade; e os que
defendem uma aproximação entre o senso comum e a
ciência, isto é, estes dois conhecimentos devem ser
compreendidos como complementares. O objetivo
desses últimos, de forma geral, é uma tentativa de
tornar o senso comum menos supersticioso e restrito à
tradição, juntamente com uma ciência mais acessível e
inteligível a todos.
Referência Bibliográfica:
Sociologia em Movimento – 1 ed – São Paulo: Moderna 2013.
Responda a seguinte questão:
Considerando as diversas formas de conhecimento,
explique por que a sociologia se encaixa dentro dos moldes
do pensamento científico e suas possíveis relações com o
senso comum.
DO HUMANISMO À REVOLUÇÃO
CIENTÍFICA (Séc. XVI ao XVII)
A partir do final do século XV, uma nova
mentalidade começou a se formar. Artistas,
pensadores e sábios passaram a dar mais
importância ao ser humano em carne e osso
como centro da vida. Para eles, as pessoas
podiam decidir por si mesmas o seu destino, sem
depender totalmente de Deus. O ser humano
seria o centro de tudo. Esse conjunto de ideias
recebeu o nome de humanismoe o movimento
que envolveu todo esse conjunto de
transformações, Renascimento.
O Renascimento foi o primeiro
movimento que quebrou a visão da vida e da
sociedade centrada totalmente em Deus. Nos
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séculos XVII e XVIII, pensadores avançaram mais.
Afirmavam que a natureza, a vida e a sociedade
deviam ser entendidas por meio da razão e não
da fé em Deus. Ou seja, que as pessoas deviam
tentar entender as causas dos acontecimentos e
não simplesmente atribuí-los a forças
sobrenaturais. Também afirmavam que as
pessoas nascem todas iguais, sem direitos e
privilégios herdados. Foram eles que
introduziram as ideias de liberdade e direitos
individuais. Os pensadores mais importantes
desse movimento foram os que encabeçaram o
Iluminismo.
À época, o Iluminismo foi um movimento
revolucionário, cujas ideias influenciaram muitos
movimentos políticos e sociais posteriores. A
independência dos Estados Unidos e os
princípios que constam na Constituição
americana tiveram origem nos ideais do
Iluminismo. Mas a Revolução Francesafoi, sem
dúvida, o acontecimento que mais longe levou
os princípios iluministas, ao proclamar e
estabelecer com alcance universal os direitos à
igualdade e à liberdade individuais. Foram os
líderes da Revolução Francesa que elaboraram o
primeiro documento – a Declaração Universal
dos Direitos do Homem e do Cidadão – de
caráter não religioso para definir o
comportamento das pessoas. Pode-se afirmar
que os princípios e as ideias que se originaram a
Revolução Francesaconstituíram as sementes
das explicações sociológicas da sociedade
humana.
Ao longo do século XIX, com a Revolução
Industrial intensificando-se em diversos países
da Europa e dos Estados Unidos, profundas
transformações tiveram lugar nesses países, com
consequências no resto do mundo. Milhões de
pessoas deixaram o trabalho na agricultura e
passaram a empregar-se como assalariados em
fábricas e a viver nas cidades. O governo, a
economia, a educação, a família passaram por
grandes mudanças. No campo da Ciência as
transformações não foram menores. A natureza
e a sociedade podiam agora ser analisadas com
os instrumentos da razão, despertada pelo
Iluminismo, e da observação objetiva
possibilitada pelo avanço científico, e não mais
sob a luz da religião. Em resumo, as bases
científicas estavam plantadas para a observação
e o estudo sistemático dos fatos sociais, isto é,
da sociedade humana.Assim, a sociologia surgiu
com os “tempos modernos”, na virada do século
XIX para o século XX, com Auguste Comte
(considerado “o pai da sociologia”), Émile
Durkheim, Max Weber e Karl Marx, chamados os
“Clássicos da Sociologia”.
Os métodos de análise na Sociologia Clássica
Dentro das Ciências Sociais, esses métodos são os caminhos que
levam à explicação dos fenômenos sociais e à construção do
conhecimento.
Pensador
Durkheim
Max Weber
Karl Marx
Método
Funcionalismo ou método comparativo
Método compreensivo
Materialismo histórico e dialético
A relação entre indivíduo e sociedade pelas
perspectivas sociológicas clássicas
Ao problematizar a relação entre o indivíduo e sociedade, no
final do século XIX, a Sociologia produziu três matrizes de
respostas a essa questão e cada uma dessas respostas se vincula
a uma tradição específica do pensamento social que constituiu a
sociologia clássica – as correntes teóricas fundadoras, que até
hoje são utilizadas e reinterpretadas. Elas podem ser
compreendidas mediante o seguinte esquema:
Pensador
Corrente Teórica &Matriz de resposta
Durkheim
I- A Primazia da sociedade sobre o indivíduo – a
sociedade determina os indivíduos
Max Weber II- A primazia do indivíduo sobre a sociedade –
os indivíduos determinam a sociedade
Karl Marx
Sociedade e Indivíduo como uma relação
recíproca – a sociedade e os indivíduos
determinam-se reciprocamente, de acordo
com os limites estabelecidos pelas condições
materiais de existência em um dado período
histórico.
Referência Bibliográfica:
Sociologia em Movimento – 1 ed. – São Paulo: Moderna 2013.
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(TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino Médio. 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2010.)
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OS FUNDADORES - CLÁSSICOS DA
SOCIOLOGIA
A construção de uma nova ciência
Na Europa e nos Estados Unidos, ao longo
do século XIX e início do século XX, diversos
pensadores contribuíram decisivamente para
formular os primeiros conceitos sobre a
sociedade humana e expor as primeiras análises
sistematizadas de fatos sociais.
Comte
Um dos primeiros pensadores que se
dedicaram a estudar a sociedade foi o francês
Auguste Comte (1798 – 1857). Nas primeiras
décadas de sua vida, a Europa estava envolvida
em intensos movimentos sociais, em parte
derivados da Revolução Francesa e das novas
ideias que se difundiam entre as classes
trabalhadoras. Comte via a necessidade de
estudar de maneira racional e sistemática a
sociedade, a fim de oferecer sugestões para seu
aperfeiçoamento. Segundo ele, ao aplicar
métodos científicos no estudo dos fenômenos
sociais, seria possível prever e controlar o
comportamento humano.
Em 1838, cunhou a palavra Sociologiapara
designar a ciência que estuda a sociedade
humana. A metodologia de análise social que ele
introduziu recebeu o nome de positivismo,
entendido como o uso de métodos científicos de
análise em contraposição ao uso da fé e da
religião.
POSITIVISMO
O positivismo foi a primeira corrente teórica
sistematizada de pensamento sociológico. É uma maneira
de pensar baseada na suposição de que é possível observar
a vida social e reunir conhecimentos confiáveis, válidos,
sobre como ela funciona. O positivismo afirma que a
sociologia devia interessar-se apenas pelo que pode ser
observado com os sentidos e que as teorias de vida social
deveriam ser formuladas de forma rígida, linear e metódica,
sobre uma base de fatos verificáveis.
O positivismo derivou do “cientificismo”, isto é, da
crença no poder exclusivo e absoluto da razão humana em
conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis
naturais, substituindo as explicações teológicas, filosóficas
e de senso comum por meio das quais – até então – o
homem explicava a realidade. Portanto, essa filosofia social
positivista que se inspirava no método de investigação das
ciências da natureza, também procurava identificar na vida
social as mesmas relações e princípios com os quais os
cientistas explicavam a vida natural. A própria sociedade foi
concebida como um organismo constituído de partes
integrantes e coesas que funcionavam harmonicamente,
segundo um modelo físico ou mecânico. Por isso o
positivismo foi chamado também de “organicismo”. Os
organicistas procuravam características universais da
espécie humana, deixando de lado suas particularidades.
COSTA, Cristina. Sociologia – Introdução à Ciência da Sociedade. SP: Ed.
Moderna, 2010.
Marx
Karl Marxnasceu e
estudou na Alemanha. Em
razão de suas atividades
políticas, acabou expulso;
depois de viver um tempo
em Paris, fixou-se em
Londres, onde podia ver de
perto a situação dos
trabalhadores das fábricas e
onde encontrava abundante
material de pesquisa nas bibliotecas e museus.
Marx não se dedicou propriamente aos estudos
sociológicos. Suas pesquisas e reflexões
focalizaram sobretudo a temática econômica,
tanto histórica quanto do seu tempo. Mas ele
sempre relacionou o enfoque econômico às
instituições sociais, razão pela qual o interesse
dos sociólogos por sua obra tem sido sempre
relevante. As teorias de Marx tiveram enorme
influência na história do século XX. Numerosos
seguidores, em diversos países, puseram em
prática suas propostas de uma nova sociedade,
como na antiga União Soviética, na China, em
Cuba, no Vietnã, além de outros. Suas principais
obras foram: A ideologia alemã, Miséria da
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filosofia, Para a crítica da economia política, O
Manifesto Comunista, O capital.
Toda a obra de Marx é norteada pelo
materialismo histórico – a corrente mais
revolucionária do pensamento social, tanto no
campo teórico como da ação política. De acordo
com essa concepção, as relações materiais que os
homens estabelecem e o modo como produzem
seus meios de vida formam a base de todas as
suas relações. Portanto, o que os homens são
depende das condições materiais de sua
produção. E as formas econômicas sob as quais
os homens produzem, consomem e trocam são
transitórias e históricas. Segundo esse conceito,
não são as ideias e os valores que as pessoas
professam que provocam mudanças sociais,
como sustentavam os filósofos da época; para
Marx, as mudanças sociais são causadas por
fatores econômicos, ou seja, fatores materiais.
Ele percebia que as mudanças econômicas
provocadas pelo capitalismo estavam mudando
completamente a estrutura das sociedades.
Marx é o principal idealizador do
socialismo e do comunismo revolucionário. O
marxismo – conjunto de ideias político-filosóficas
de Marx – propunha a derrubada da classe
dominante, a burguesia, através de uma
revolução do proletariado. Marx criticava o
capitalismo e seu sistema de propriedade privada
que, segundo ele, pelas contradições econômicas
internas, levaria a classe operária à miséria.
Propunha uma sociedade na qual os meios de
produção fossem de toda a coletividade. Nas
sociedades capitalistas, uma nova dinâmica
jogava para lados opostos uma minoria de ricos
contra uma grande massa de miseráveis: a classe
dominante (burguesia) contra a classe dominada
(proletariado). Essa sociedade não era mais uma
sociedade parada e estática como a sociedade
estamental predominante no sistema feudal.
Agora, o conflito entre a classe dominante e a
classe dominada constituía um motor
poderosíssimo de mudanças; era essa nova
realidade que determinava o desenvolvimento
histórico.
Para Marx, as desigualdades sociais
observadas no seu tempo eram provocadas pelas
relações de produção do sistema capitalista, que
dividem os homens em proprietários e nãoproprietários dos meios de produção. As
desigualdades são a base da formação das classes
sociais. E a história do homem é a história da luta
de classes, da luta constante entre interesses
opostos desde o surgimento da propriedade
privada, embora esse conflito nem sempre se
manifeste socialmente sob forma de guerra
declarada. É por meio da luta de classes que as
principais transformações estruturais são
impulsionadas e por isso ela é “o motor da
história”. Para Marx a classe explorada se
constitui no principal agente da mudança. Marx
via o homem como aquele que poderia
transformar a sociedade fazendo a sua história,
porém nem sempre ele faz como deseja, porque
as heranças da estrutura social influenciam-no.
Assim, não é somente o homem quem faz a
história da sociedade, a história da sociedade
também constrói o homem, em uma relação
recíproca.
Dentro da teoria marxista a distinção
entre estrutura e superestrutura é um ponto
muito relevante, segundo Marx as forças
produtivas e as relações de produção formam a
base, a estrutura da sociedade. Mas o homem
produz também coisas não materiais: Ideologias
políticas, códigos morais, concepções religiosas,
sistemas legais, comunicação, conhecimento,
etc., que ele chama de superestrutura. A base
material é o modo de produção. Assim, para
Marx, a explicação das formas jurídicas, políticas,
espirituais e de consciência de uma sociedade,
encontra-se na base econômica e material da
mesma. Marx mostrou que é a estrutura (as
causas materiais) que influencia a superestrutura
(as ideias). Ou seja, em nossa vida, assim como na
sociedade, um fato material pode mudar nossa
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maneira de pensar. Um país que passa por
grandes transformações materiais – como a China
atualmente – também vai experimentar
mudanças culturais, levando muitas pessoas a
abraçar novos valores sobre consumo, moda e
comportamento.
O conceito de alienação também se faz
importante dentro da teoria desenvolvida por
Karl Marx, segundo ele a alienação pode ser de
caráter econômico ou político. No caso da
alienação
de
cunho
econômico,
a
industrialização, a propriedade privada e o
trabalho assalariado separavam (ou alienavam) o
trabalhador dos meios de produção que se
tornaram propriedade privada do capitalista
(burguês). O trabalhador também era separado
do fruto do seu trabalho que também era de
propriedade do capitalista. Contudo o homem
também se tornou alienado politicamente pelo
princípio da representatividade, base do
liberalismo, onde surge a ideia de Estado como
um órgão político imparcial, capaz de representar
toda a sociedade e dirigi-la pelo poder delegado
pelos indivíduos. Mas Marx mostrou que na
sociedade de classes o estado representa apenas
a classe dominante e age conforme o interesse
desta.
Dentro da lógica do capital a mercadoria
possui grande relevância, a mercadoria é um
objeto produzido não para o consumo do
produtor, mas para a troca e a venda. Ela é a
forma elementar de riqueza das sociedades
capitalistas. Segundo Marx, o capitalismo
transformou o trabalho em mercadoria, pois o
operário vende a sua força de trabalho ao
capitalista. Antes da invenção do dinheiro, metais
nobres como o ouro, eram mercadorias que
também serviam para intermediar as trocas.
Sociedades pré-capitalistas que adotaram o
dinheiro como meio de troca na circulação de
mercadorias, baseavam-se na fórmula M-D-M (o
dinheiro como simples intermediário para a
aquisição de mercadorias), onde M é mercadoria
e D significa dinheiro. Com o desenvolvimento da
produção capitalista e das transações mercantis,
o capital assume o papel de ponto de partida e de
chegada das transações: D-M-D. Neste caso o
dinheiro destina-se não para o consumo, mas
para a acumulação de capital. Assim surge a
necessidade de produção de mais-valia.
Trabalho, valor, lucro e a mais-valia são
palavras-chaves para o entendimento do
marxismo. O valor das mercadorias é
determinando na produção e não na circulação. A
lei geral do valor de Marx determina que o valor
de troca seja mensurado em unidades de tempo
de trabalho. Ele considera todos os trabalhos
envolvidos na produção (trabalho socialmente
necessário). É que Marx leva em conta o trabalho
para produzir os meios de produção (matérias
primas e instrumentos). No capitalismo, o valor
de todos esses trabalhos está embutido no preço
pago na aquisição de matérias-primas e
instrumentos, os quais juntamente com a quantia
paga a título de salário, serão incorporados ao
valor do produto. De acordo com a análise de
Marx, não é no âmbito da compra e da venda de
mercadorias que se encontram bases estáveis
para o lucro do capitalista e para a manutenção
do sistema capitalista. As bases estão no processo
de produção. E é nesse processo de produção
que se extrai a mais-valia, que por sua vez é o
excedente produzido pelo operário num dia de
trabalho e que é apropriada pelo capitalista. Esse
excedente ocorre porque o operário produz num
dia um montante muito maior do que o
necessário para pagar o seu salário, assim o custo
da produção cai.
Veja o exemplo abaixo de uma fábrica
fictícia em que o custo da matéria-prima e
manutenção dos instrumentos é R$120,00 e o
salário por dia de trabalho do operário é R$30,00:
Suponhamos que o operário tenha uma jornada
diária de nove horas e confeccione um par de sapatos a
cada três horas. Nestas três horas, ele cria uma quantidade
de valor correspondente ao seu salário, que é suficiente
para obter o necessário à sua subsistência. Como o
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capitalista lhe paga o valor de um dia de força de trabalho,
o restante do tempo, seis horas, o operário produz mais
mercadorias, que geram um valor maior do que lhe foi pago
na forma de salário. A duração da jornada de trabalho
resulta, portanto, de um cálculo que leva em consideração o
quanto interessa ao capitalista produzir para obter lucro
sem desvalorizar seu produto.
Custo de um par
sapatos na jornada de
trabalho de três horas
de Custo de um par de sapatos na
jornada de
trabalho de nove horas
Meios de produção 120 Meios de produção 120 x 3 =
+ Salário
+ 30 360
150 + Salário
+ 30
390 : 3 =
130
Numa jornada de nove horas são produzidos três
pares de sapatos. Cada par vale R$150,00, mas custam
menos ao capitalista.
Assim o capitalista se apropria de R$60,00
do salário do operário. Sendo que a mais-valia
pode ser absoluta (com o aumento do tempo de
trabalho) ou relativa (com o aumento da
produtividade). Nota-se que no caso do operário,
o modelo de circulação de mercadoria continua
sendo o mesmo das sociedades pré-capitalistas:
M-D-M. O operário vende a sua força de trabalho
(mercadoria) para obter o salário (dinheiro) e
adquirir mais mercadorias, pagando alimentação,
moradia, vestimentas, entregando o seu salário a
outros capitalistas
As teorias de Marx tiveram enorme
influência na história do século XX. Numerosos
seguidores, em diversos países, puseram em
prática suas propostas de uma nova sociedade,
como na antiga União Soviética, na China, em
Cuba, no Vietnã, além de outros. A principal obra
de Marx é O capital, que teve a colaboração do
pensador alemão Friedrich Engels (1820 – 1895).
Também com Engels publicou o famoso
Manifesto comunista.
Durkheim
Durkheim foi um dos
pensadores mais influentes
para a consolidação da
sociologia como uma ciência empírica e para seu
surgimento no meio acadêmico, sendo o primeiro
professor universitário dessa disciplina. Embora
visse na ciência social uma expressão da
consciência racional das sociedades moderna,
Durkheim não deixou de dialogar com a
economia, a história e a psicologia, contudo
sempre apontando os limites destas disciplinas
para a explicação dos fatos sociais.
O sociólogo, para Durkheim, deve estudar
os fatos sociais, ou seja, os aspectos da vida social
que moldam nossas ações enquanto indivíduos.
Estes fatos sociais, na perspectiva de Durkheim,
devem ser estudados com a mesma objetividade
com que os outros cientistas investigam os
fenômenos da natureza. Por isso, para Durkheim,
o primeiro princípio da sociologia era estudar os
fatos sociais como coisas. Com isso, ele queria
afirmar que a vida social pode ser analisada de
maneira tão rigorosa quanto os fenômenos e
objetos da natureza.
Para entender a ênfase que Durkheim
concede à sociologia é fundamental a
compreensão do elemento básico de sua análise:
o fato social. Então, o fato social tem três
características primordiais: primeiro, o poder
coercitivo; segundo, a sua superioridade perante
o indivíduo, isto é, sua existência para além das
consciências individuais; terceiro, a generalidade,
pois, todo fato social se repete na sociedade
através dos costumes, sentimentos, crenças ou
valores comuns à coletividade. Nas palavras do
autor:
“É fato social toda maneira de fazer,
fixada ou não, suscetível de exercer sobre o
indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda
maneira de fazer que é geral na extensão de uma
sociedade dada, e ao mesmo tempo, possui uma
existência própria, independentemente de suas
manifestações individuais.1”
1
Ver DURKHEIM, Emile. As regras do método
sociológico. 2007, pg. 13. (grifo do autor).
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Assim sendo, os fatos sociais são aspectos
da vida social que moldam nossas ações
enquanto indivíduos, como o estado da
economia, a língua ou a influência da religião.
Estes aspectos moldam a vida do indivíduo
justamente porque, para Durkheim, as
sociedades possuem uma realidade própria, ou
seja, a sociedade é mais que a simples somas dos
interesses e das ações individuais. Dessa maneira,
na sociologia de Durkheim, há uma primazia da
sociedade sobre o indivíduo.
Durkheim considerava difícil o estudo dos
fatos sociais. Para ele, como os fatos sociais são
invisíveis e intangíveis, elas não podem ser
observados
diretamente.
Assim,
suas
propriedades
devem
ser
analisadas
indiretamente, isto é, através de seus efeitos e de
suas tentativas de expressão como, por exemplo,
leis, textos religiosos ou regras de condutas
prescritas socialmente.
Logo, a sociologia deve ser entendida
como a ciência que se ocupa dos fatos sociais.
Preocupado com consolidar a sociologia
enquanto ciência, Durkheim salienta que a
análise sociológica necessita, além do objeto, um
método de abordagem que, primeiramente, se
caracteriza por tratar o fato social como coisa,
pois, reduzido a uma coisa, o fato social pode ser
apreendido pelo cientista, isto é, em semelhança
com as ciências naturais. Além disso, é
importante analisar os fenômenos sociais em si
mesmos, ou melhor, para além das consciências
individuais, portanto, é crucial o tratamento deles
como uma coisa exterior. Ou melhor, é
necessário estudar os fatos sociais de fora,
tratando-os como coisa exterior, pois é nessa
qualidade que eles se apresentam a nós.
Não obstante, o pesquisador, para
Durkheim, necessita se livrar das pré-noções
sobre o objeto, ou seja, deve-se ter uma relação
de exterioridade para com o objeto, visto que
descartar as pré-noções é a base de todo método
científico. Com isso, Durkheim enfatiza como
fundamental para uma pesquisa científica a
posição de neutralidade e objetividade que o
pesquisador deve descrever a realidade social,
sem deixar que suas ideias e opiniões interfiram
na observação dos fatos sociais.
Contudo, Durkheim tem em mente o
quanto é problemática, em comparação com
outras ciências, a procura por exterioridade na
sociologia vista a possibilidade do sociólogo ser
emocionalmente afetado por seu objeto. Sendo
assim, é exatamente pela via afetiva que as prénoções podem atrapalhar o pesquisador. Com
isso, é essencial que o sociólogo exprima os
fenômenos não em função de uma ideia do
espírito, mas de propriedades que lhe são
inerentes.
Então, em semelhança as ciências da
natureza, o pesquisador deve definir seu objeto
de estudo de uma maneira objetiva. Portanto, a
condição elementar para essa presença da
objetividade é existir um ponto de referência,
idêntico e constante, onde a representação possa
ser comparada, assim, permitindo eliminar o que
ela tem de variável, logo, de subjetivo. De fato,
para Durkheim, esse ponto de referência estaria
presente nos hábitos coletivos2, isto é, em
resumo, o sociólogo deve se afastar das suas prénoções e também das manifestações individuais
de natureza totalmente pessoal, entendendo os
fatos sociais por meio de um ponto de referência
fixo.
Assim como os outros clássicos da
sociologia, Durkheim estava preocupado com as
mudanças ocorridas na sociedade de sua época.
Seu interesse era muito voltado para a questão
da solidariedade social e moral, ou seja, aquilo
que une a sociedade a impedindo de cair no caos.
Para Durkheim, a solidariedade é mantida
quando os indivíduos conseguem se integrar aos
2
Os hábitos coletivos, de acordo com Durkheim (2007), são
expressos em formas definidas, como fatos de ordem moral,
ordem jurídica e estrutura social.
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grupos sociais e são regulados por um conjunto
de valores e costumes compartilhados.
Em sua obra, A divisão do trabalho social,
Durkheim faz uma análise das mudanças sociais
advindas da era industrial, mostrando o
surgimento de um novo tipo de solidariedade.
Então, ele apresentou dois tipos de solidariedade
– mecânica e orgânica – as relacionando com a
divisão do trabalho, isto é, o crescimento de
distintas ocupações na sociedade.
Durkheim afirma que O progresso da
divisão do trabalho é o fio condutor do processo
evolutivo que liga as formas de sociedade mais
simples às mais complexas. Portanto, as
sociedades mais simples seriam marcadas pela
existência de uma solidariedade mecânica; já as
com uma divisão do trabalho maior teriam uma
solidariedade orgânica.
A solidariedade mecânica, então, se
baseia no consenso e na similaridade das crenças,
visto que a maioria das pessoas tem ocupações
semelhantes e são unidas pela experiência
comum e pelas crenças compartilhadas. Ao
contrário, a solidariedade orgânica é fruto de
uma sociedade mais especializada, já que com a
divisão do trabalho cada vez maior as pessoas se
tornam mais dependentes umas das outras. Logo,
as relações de reciprocidade econômica e
dependência mutua passam a substituir as
crenças compartilhadas para criar o consenso
social.
Ainda assim, os processos de mudança no
mundo moderno ocorrem de forma acelerada
dando vazão a dificuldades sociais. Efeitos
perturbadores sobre os estilos de vida
tradicionais, crenças e costumes podem ser
observados. Estas condições perturbadoras
Durkheim denominou de anomia. Para ele, a
anomia é a falta de sentimentos de propósito e a
presença de medo e desespero provocadas pela
vida moderna.
Um dos estudos mais famosos de
Durkheim é sobre o suicídio. A esta ação, que, à
primeira vista, é entendida como um ato
puramente individual, Durkheim mostrou que os
fatos
sociais
exercem
uma
influência
fundamental sobre o comportamento suicida,
sendo a anomia uma destas influências. Para o
autor as taxas de suicídio apresentam padrões
regulares a cada ano, sendo que esses padrões
devem ser explicados sociologicamente.
Nesse sentido, Durkheim descreve três
tipos de suicídios:
O altruísta – quando o indivíduo fortemente
ligado a um grupo não distingue entre seus
próprios interesses e os do grupo, sendo capaz de
sacrificar-se por ele. É o caso de soldados que se
sacrificam para salvar companheiros. Esse tipo de
suicídio também pode ser levado a efeito pelo
indivíduo que deixa de satisfazer os padrões do
grupo: a morte é, então, preferível a qualquer
outra coisa;
O egoísta – é o suicídio que ocorre quando o
indivíduo não está envolvido com ninguém nem
com nenhuma causa, faltando-lhe laços
emocionais que lhe tornem a vida digna de viver;
E o Anômico – que é o suicídio que se manifesta
quando o indivíduo participa de uma sociedade
caracterizada pela anomia (ausência de regras,
sem normas), sendo comum em épocas de
depressão econômica.
Outra ideia importante de Durkheim é a
de consciência coletiva. A consciência coletiva
é o conjunto de crenças e de sentimentos
comuns à média da população de uma
determinada sociedade, formando um sistema
com vida própria, que exerce uma força
coercitiva sobre seus membros. Se estas práticas
já existem, é porque estão fora dele, mas mesmo
assim,
exercem
influência
sobre
seu
comportamento e crenças. É um sistema que
existe fora do indivíduo, mas que o controla pela
pressão moral e psicológica, ditando as maneiras
como a sociedade espera que se comporte.
Por fim, Durkheim contribui largamente
também para os estudos sobre religião. No
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momento específico em que Durkheim escrevia
um novo sistema de ensino laico proibia o estudo
da religião na França. Como a preocupação deste
momento era a edificação de uma sociedade civil
laica, com um grande viés patriótico, dentro da
considerada III República, Durkheim concebia
essas transformações como representantes de
um vazio moral.
Para ele, a religião não ignora a sociedade
ou não a leva em consideração, mas é a imagem
dela, refletindo todas as suas expressões. Na
religião o mal prevalece sobre o bem, a vida
sobre a morte, sendo que na realidade não é de
outra forma porque se a relação entre religião e
sociedade fosse invertida a vida seria impossível.
Concluindo, a sociologia de Durkheim se
preocupa com as seguintes preposições: há uma
necessidade de caracterização do fenômeno
estudado como sendo eminentemente social,
justificando assim a abordagem sociológica ao
invés de, por exemplo, as de ordem psicológica
ou econômica. Também, com o afastamento das
pré-noções, nesse caso consideradas como
especulativas ou precipitadas em relação ao
objeto, existe um esforço em elucidar com
precisão o objeto. E, por último, a ideia de
interpretar o fato social como coisa.
Max Weber
Também considerado um dos
grandes
pensadores
dos
primeiros
tempos
da
sociologia, Max Weber (1864 –
1920) tem influência até hoje,
não só no campo da
sociologia, mas também da
economia, da política, da
religião e do direito.
Weber nasceu na Alemanha numa família
de burgueses liberais. Na política defendia os
pontos de vistas liberais e parlamentaristas. Sua
maior influência na sociologia foi no estudo das
religiões, estabelecendo relações entre práticas
políticas e sociais e crenças religiosas. Suas
principais obras: Artigos reunidos de teoria da
ciência; Economia e sociedade (obra póstuma) e A
ética protestante e o espírito do capitalismo.
Max Weber foi o grande sistematizador da
sociologia na Alemanha. Era uma idealista e se
opôs ao positivismo.A Alemanha se unifica e se
organiza como Estado nacional mais tardiamente
que o conjunto das nações europeias, o que
atrasou seu ingresso na corrida industrial e
imperialista da segunda metade do século XIX.
Esse descompasso em relação às grandes
potências vizinhas, elevou no país o interesse
pela história da integração, da memória e do
nacionalismo. Por tudo isso, o pensamento
alemão se volta para a diversidade, enquanto o
francês e o inglês – positivistas – para a
universidade.
O pensamento positivista anula a
importância dos processos históricos particulares,
valorizando apenas a lei da evolução, a
generalização e a comparação entre formações
sociais. Para os positivistas, há uma regra geral
para analisar as sociedades humanas, que se
encontram em diferentes estágios de evolução,
utilizando-se o método comparativo. Já Weber
usavao método compreensivo, pois fazia um
esforço interpretativo para entender as
sociedades a partir das particularidades
históricas. Para ele, a pesquisa histórica baseada
na coleta de documentos e no esforço
interpretativo
das
fontes,
permite
o
entendimento das diferenças sociais, que seriam
de gênese e formação e não de estágios de
evolução. Assim, ele consegue combinar duas
perspectivas: a histórica, que respeita as
particularidades de cada sociedade, e a
sociológica, que ressalta os elementos mais gerais
de cada fase do processo histórico.
Seu objeto de investigação é a ação social
– uma ação com sentido, e não entidades
coletivas, grupos ou instituições. Ele entende que
o social constrói-se a partir das ações
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individuais. A ação social é a conduta humana
dotada de sentido, isto é, uma justificativa
subjetivamente elaborada. É o homem quem dá
sentido à sua ação social, estabelecendo a
conexão entre o motivo da ação, a ação
propriamente dita e seus efeitos.
Enquanto para a sociologia positivista a
ordem social submete os indivíduos como força
exterior a eles, para Weber é o contrário: as
normas sociais só se tornam concretas quando se
manifestam em cada indivíduo sob a forma de
motivação. Cada indivíduo age levado por
motivos que resultam da influência da tradição
ou valores, dos interesses racionais e da
emotividade. Cabe ao cientista descobrir o
sentidodasações sociais, que só são sociais na
medida em que estejam relacionadas (como
respostas ou reações) a ações de outros
indivíduos.
Weber distinguiu quatro tipos de ações
sociais de acordo com os possíveis sentidos: a
racional com relação a fins – ação orientada por
um fim determinando; a racional com relação a
valores – ação que é um fim em si mesma; a
afetiva – motivada pela emotividade de quem a
pratica; a tradicional– baseada nos usos e nos
costumes sociais. Essas ações nunca ocorrem de
forma pura e,para existir uma relação social, é
preciso que o sentido da ação seja
compartilhado. Pela frequência com que certas
ações sociais se manifestam, o cientista pode
conceber as tendências gerais que levam os
indivíduos, em dada sociedade, a agirem de
determinado modo.
Para Weber, o cientista, como todo
indivíduo em ação, age guiado por seus motivos,
sua cultura, sua tradição. As preocupações do
cientista orientam a seleção e a relação entre os
elementos da realidade a ser analisada. Mas,
após iniciado o estudo, o cientista deve buscar
atingir a maior objetividade na análise dos
acontecimentos, não permitindo que suas
crenças e ideias pessoais dificultem essa tarefa.
Então, qualquer que seja a perspectiva adotada
por um cientista, ela será sempre parcial. Embora
os acontecimentos sociais possam ser
quantificáveis, a análise do social envolve
sempre
uma
questão
de
qualidade,
interpretação, subjetividade e compreensão.
A concepção de sociedade construída por
Weber implica numa separação de esferas – a
econômica, a religiosa, a política, a jurídica, a
social e a cultural. Assim, a ordem social é
constituída de acordo com a forma pela qual a
honra é distribuída dentro de uma comunidade; e
se alguns homens consideram válidas as normas
do direito, eles estarão orientando sua conduta
de acordo com a ordem jurídica e assim por
diante. Cada pessoa pode participar ao mesmo
tempo de diversas esferas, como: ser membro de
um partido, desfrutar de um certo grau de
prestígio, ter uma propriedade, praticar uma
religião, implicando numa divisão de poder. E
dessa infinidade de ações individuais é que
devem
extrair-se
as
regularidades
do
comportamento humano.
Quanto ao conceito de poder e
dominação, para Weber, poder significa a
probabilidade de impor a própria vontade dentro
de uma relação social, mesmo contra toda a
resistência e qualquer que seja o fundamento
dessa probabilidade. Os meios utilizados para
alcançar o poder são diversos, desde o emprego
da violência até a propaganda e o sufrágio. O
dinheiro, a influência social e o poder da palavra
auxiliam nesse propósito através do sufrágio. Já
dominação seria a probabilidade de encontrar
obediência dentro de um grupo, por parte das
massas ou da família, sem resistência nem crítica.
Os motivos de submissão podem ser racionais,
tradicionais ou afetivos. As formas de legitimação
da dominação podem ser dos tipos: tradicional,
carismático ou legal. Tradicional – aquela
exercida pelo monarca, patriarca, legitimada pelo
conformismo; carismática – aquela exercida pelo
profeta, pelo senhor de guerra eleito, ou pelo
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governante (grande demagogo) ou líder do
partido político; legal – exercida pelo moderno
servidor do Estado e por todos que estão no
poder, legitimada pelas regras racionalmente
criadas, esperando-se o cumprimento das
obrigações do estado.
Em relação ao papel da ideias, Weber se
distanciava de Marx. Weber escreveu que a
religião, por exemplo, pode exercer enorme
influência no comportamento das pessoas e
contribuir para moldar um tipo de sociedade.
Desenvolveu essa tese em uma de suas obras
mais famosas: A ética protestante e o espírito do
capitalismo. Depois de estudar diversas religiões
do Oriente e do Ocidente, concluiu que o
protestantismo reformado, sobretudo a variante
do calvinismo, exerceu influência decisiva no
desenvolvimento da economia capitalista nos
países do norte da Europa.
Weber explica que o calvinismo incute nos
seguidores a incerteza da salvação, pois só se
salvariam os que fossem escolhidos por Deus; e
para saber se será escolhida, a pessoa deve
procurar “sinais”, entre eles se é bem-sucedida
no trabalho e se sabe ganhar dinheiro. O trabalho
duro, a poupança e o investimento são essenciais
na vida dos seguidores dessa forma de
protestantismo. É a chamada ética protestante.
Isso contribuiu para transformar as
sociedades feudais do norte da Europa em
prósperas economias industriais, o que se
verificou depois também dos Estados Unidos, na
Austrália e na Nova Zelândia. Ao contrário, nas
sociedades em que predominou o catolicismo, a
ênfase da fé religiosa baseava-se na certeza da
salvação pelas boas ações e na aceitação passiva
da realidade da vida, sobretudo por parte dos
pobres. Isso desestimulava o valor do trabalho.
Da poupança e do investimento para gerar mais
riqueza.
Tipo Ideal e a obra “A ética protestante e o espírito
do capitalismo”
Weber propôs um instrumento de análise que
chamou de tipo ideal. É uma construção teórica abstrata a
partir dos casos particulares analisados. O cientista, pelo
estudo sistemático das diversas manifestações particulares,
constrói um modelo acentuando aquilo que lhe pareça
característico. Não é um modelo perfeito. Sendo aplicado
na realidade social, permite comparações e a percepção de
semelhanças e diferenças. Ex: “o espírito do capitalismo”
em sua mais importante obra “A ética protestante e o
espírito do capitalismo”.
É um dos trabalhos mais importantes de Weber,
no qual ele relaciona o papel do protestantismo na
formação do comportamento típico do capitalismo
ocidental moderno. Através de dados estatísticos, Weber
constata a proeminência de adeptos da Reforma
Protestante entre os grandes homens de negócios,
empresários bem–sucedidos e mão de obra qualificada. A
partir daí, procura estabelecer conexões entre doutrina e a
pregação protestante, seus efeitos no comportamento dos
indivíduos e sobre o desenvolvimento capitalista.
Weber descobre que os valores do capitalismo
(disciplina ascética, a poupança, a austeridade, a vocação, o
dever e a propensão ao trabalho) atuavam de maneira
decisiva sobre os indivíduos. Os filhos de protestantes
estudavam em escolas técnicas e procuravam atividades
adequadas à obtenção do lucro, enquanto os católicos
preferiam escolas humanísticas e se voltavam para a
oração, sacrifício e renúncia da vida prática. Neste trabalho
Weber mostra a formação de uma nova mentalidade, um
ethos – valores éticos – propício ao capitalismo, em
oposição ao “alheamento” e à atitude contemplativa do
catolicismo.
O trabalho torna-se um valor em si mesmo, o
operário ou capitalista puritanos passam a viver em função
de sua atividade ou negócio e, só assim, têm a sensação da
tarefa cumprida. O puritanismo condenava o ócio, o luxo, a
perda de tempo e a preguiça. Então, para estarem seguros
quanto à sua salvação e poderem se considerar “eleitos”
pela doutrina da predestinação, ricos e pobres deveriam
trabalhar sem descanso, “o dia todo em favor do que lhes é
destinado” pela vontade de Deus, e glorificá-lo por meio de
suas atividades produtivas. Enriquecer não é mais pecado,
pois foi permitido por Deus. Para os puritanos, desejar ser
pobre era algo tão absurdo quanto desejar ser doente, pois
a prosperidade era o prêmio de uma vida santa. O mal não
se encontrava na posse da riqueza, mas no seu uso para o
prazer, o luxo e a preguiça.
(QUINTANEIRO, Tânia e outros. Um Toque de Clássicos - Marx, Durkheim e
Weber. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.)
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Segundo Weber, o mundo tende
inexoravelmente à racionalização em todas as
esferas da vida social. E um dos meios através do
qual essa tendência se atualiza nas sociedades
ocidentais é a organização burocrática. Escolas,
clubes, partidos políticos, igrejas, todas as
instituições, tenham elas fins ideais ou materiais,
estruturam se e atuam através do instrumento
cada vez mais universal e eficaz de se exercer a
dominação que é a burocracia.
Para chegar à formulação do papel da
burocracia na ordem capitalista, Weber mostrou
como as ações baseadas na emoção, na
superstição e na crença em forças sobrenaturais
foram substituídas, com o advento da ciência,
pela ação e o pensamento racionais, isto é,
fundado na busca dos mais eficientes para atingir
um objetivo.Entre os elementos das sociedades
ocidentais que teriam levado ao surgimento e
desenvolvimento do capitalismo estão a empresa
permanente e racional, a contabilidade racional,
a tendência racional, o direito racional, a
ideologia racional, a racionalização da vida, a
ética racional da economia. Em suma, o
capitalismo vincula-se à racionalização na vida
prática. Por isso, Weber procurou encontrar uma
possível relação entre valores (que guiam os
comportamentos na vida prática) e condições
para o estabelecimento do capitalismo.
Weber percebeu que a burocracia era
determinante para a organização e a eficiência
das firmas, ao definir claramente as funções de
cada empregado e organizá-los segundo uma
ordem hierárquica racional. Mas viu que a
burocracia se tornaria também elemento de
alienação e opressão para os empregados. Essa é
uma realidade que se concretizou e que perdura
em nossa sociedade.
Percebe-se um certo pessimismo de
Weber em relação à sociedade moderna.Weber
não encontrava saída para os problemas culturais
que surgiam, assim como para a prisão na qual o
homem se encontrava no sistema capitalista.
Antes da sociedade moderna, a religião era o que
motivava a vida das pessoas e dava sentido para
as suas ações, inclusive ao trabalho. Mas, com o
pensamento científico tomando espaço como
referencial de mundo, certos apegos culturais
vindos da religiosidade foram confrontados. O
problema que ele via era que a ciência não
poderia ocupar por completo o lugar da religião
ao dar sentido ao mundo. É o que ele chama de
desencantamento do mundo.
Devido à racionalização do mundo, o
trabalho, que antes poderia ser motivado pela
religião, agora não é. O sistema capitalista – da
produção em série e da exploração da mão-deobra – tornou o homem ocidental um prisioneiro.
Agora ele vive do trabalho e para o trabalho.
Em comparação com a teoria de
Durkheim, Weber se opõe ao positivismo. Para
ele as sociedades não são iguais na sua essência e
as diferenças não podem ser explicadas por
estarem em diferentes estágios de evolução. As
diferenças são sim, de origem, de formação e
dependem de particularidades históricas.
Também discorda que os fatos sociais são coisas.
Para ele são acontecimentos que o cientista
percebe e cujas causas procura desvendar. A
neutralidade positivista de Durkheim se torna
impossível na visão de Weber, pois admite a
subjetividade do cientista, como a de qualquer
outro indivíduo. O próprio objeto da sociologia é
a ação social, que possui uma justificativa
subjetiva.
Em relação à Marx, Weber compartilha o
grande tema do capitalismo ocidental. Porém, a
perspectiva de Marx é simplista na visão de
Weber, que critica o monismo causal que
caracteriza
o
materialismo
histórico,
principalmente sobre a relação entre a estrutura
e a superestrutura. Em a “Ética protestante e o
espírito do capitalismo”, Weber defende a ideia
da “superestrutura determinando a estrutura”,
ou seja,demonstra o contrário do que Marx
afirma. E quanto à estrutura de classes, em
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Weber, é bem mais complexa e muito diferente
do modelo dicotômico de classes de Marx
(burguesia X proletariado); além da riqueza de
sua análise em relação à divisão do poder e das
possibilidades de organização e mobilização
social e política da sociedade.
antes de mais nada, a sua única orientação consistente, nisto
tendo sido o berço do moderno “homem econômico”.
(Marx Weber, A Ética protestante e o espírito do capitalismo.
1967:125)
EXERCÍCIOS
a)
b)
c)
d)
e)
1. (UNESP) Pode-se afirmar que a Sociologia contemporânea
herdou as contribuições de autores considerados clássicos do
pensamento sociológico a partir dos quais desenvolveram-se
correntes teóricas distintas. Foram eles:
a) Émile Durkheim, Theodor Adorno e Max Weber.
b) Karl Marx, Max Weber e Karl Manheim.
c) Max Weber, Karl Marx e Émile Durkheim.
d) Émile Durkheim, Max Weber e Herbert Spencer.
e) Karl Marx, Émile Durkheim e TalcottParsons.
2. Sobre o surgimento da Sociologia e as mudanças ocorridas
na modernidade, é correto afirmar:
a) A intensificação da economia agrária em larga escala nas
metrópoles gerou o êxodo para o campo.
b) O aparecimento das fábricas e o seu desenvolvimento levou
ao crescimento das cidades rurais.
c) O aumento do trabalho humano nas fábricas ocasionou a
diminuição da divisão do trabalho.
d) A agricultura familiar desse período foi o objeto de estudo
que fez surgir as ciências sociais.
e) A antiga forma de ver o mundo não podia mais solucionar
os novos problemas sociais.
3.(Uffs 2011) Podemos conceituar a Sociologia como a ciência
que estuda as relações sociais e as formas de associação,
considerando as interações que ocorrem na vida em
sociedade. No entanto, só passou a ser considerada ciência
quando um determinado autor passou a formular os primeiros
conceitos e demonstrou que os fatos sociais têm
características próprias.
Qual foi esse autor?
a) Karl Marx.
b) Max Weber.
c) Émile Durkheim.
d) Auguste Comte.
e) Jean Jacques Rousseau
4. (UNESP) “À medida que se foi estendendo a influência da
concepção de vida puritana – e isto, naturalmente, é muito
mais importante do que o simples fomento da acumulação de
capital – ela favoreceu o desenvolvimento de uma vida
econômica racional e burguesa. Era a sua mais importante, e,
De acordo com o texto, Max Weber está apontando para o
“desenvolvimento de uma vida econômica racional e
burguesa” e o desenvolvimento do capitalismo a partir da
influência da:
economia e sociedade.
ética protestante.
liderança carismática.
ética liberal.
teoria da ação social.
5.(Unioeste 2012) Segundo ZygmuntBauman, a Sociologia é
constituída por um conjunto considerável de conhecimentos
acumulados ao longo da história. Pode-se dizer que a sua
identidade forma-se na distinção com o chamado senso
comum. Considerando que a Sociologia estabelece diferenças
com o senso comum e estabelece uma fronteira entre o
pensamento formal e o senso comum, é correto afirmar que:
a) a Sociologia se distingue do senso comum por fazer
afirmações corroboradas por evidências não verificáveis,
baseadas em ideias não previstas e não testadas.
b) o pensar sociologicamente caracteriza-se pela descrença na
ciência e pouca fidedignidade de seus argumentos. O senso
comum, ao contrário, evita explicações imediatas ao
conservar o rigor científico dos fenômenos sociais.
c) pensar sociologicamente é não ultrapassar o nível de nossas
preocupações diárias e expressões cotidianas, enquanto o
senso comum preocupa-se com a historicidade dos
fenômenos sociais.
d) o pensamento sociológico se distingue do senso comum na
explicação de alguns eventos e circunstâncias, ou seja,
enquanto o senso comum se preocupa em analisar e cruzar
diversos conhecimentos, a Sociologia se preocupa apenas
com as visões particulares do mundo.
e) um dos papéis centrais desempenhados pela Sociologia é a
desnaturalização das concepções ou explicações dos
fenômenos sociais, conservando o rigor original exigido no
campo cientifico.
6.(Unioeste 2011) Os discursos ou as teorias científicas são
desenvolvidos através de um conjunto de técnicas e de
experimentos no intuito de compreender ou resolver um
problema anteriormente apresentado. As Ciências Sociais, por
exemplo, possuem entre as suas diferentes missões o objetivo
de investigar os problemas sociais que vivenciamos durante o
nosso cotidiano.
Levando isso em consideração, qual das respostas abaixo é a
correta?
a) O senso comum corresponde à popularização e à
massificação das descobertas científicas após uma ampla
divulgação.
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b) O senso comum corresponde aos conhecimentos
produzidos individualmente e que ainda não passaram por
uma validação científica.
c) O senso comum pode ser considerado um sinônimo da
ignorância da população e uma justificativa para o atraso
econômico.
d) O senso comum corresponde a um conhecimento não
científico utilizado como solução para os problemas
cotidianos, geralmente ele é pouco elaborado e sem um
conhecimento profundo.
e) O senso comum e o conhecimento científico correspondem
a duas formas de entendimento excludentes e possuidoras
de fronteiras intransponíveis.
7.(Uncisal 2012) A Escola Marxista tem na teoria do conflito
um dos seus fundamentos mais importantes em termos
sociológicos. Tal teoria, pela óptica marxista, defende que:
a) os conflitos sociais são culturais, sendo expressões do
embate entre a tradição e a inovação.
b) os conflitos nascem das contradições, sendo estas
resultantes do acesso desigual aos meios de produção.
c) as sociedades mais avançadas são aquelas que melhor se
adaptaram ao longo do processo histórico, sendo as menos
aptas extintas.
d) os conflitos sociais são observados apenas nas sociedades
anteriores à Revolução Industrial.
e) todas as relações sociais estão desvinculadas da esfera
econômica, sendo os conflitos políticos o alicerce da vida
em sociedade.
8.(Uem 2012) A sociologia marxista propõe uma interpretação
da sociedade que toma as condições materiais de existência
dos homens como fator determinante dos fenômenos sociais.
Sobre essa concepção, assinale o que for correto.
I - Forças produtivas e relações sociais de produção são os dois
componentes básicos da infraestrutura que determinam em
última instância as demais dimensões da vida social.
II - Instituições como a Escola, o Estado e a Igreja fazem parte
da superestrutura social, dotada de autonomia frente às
determinações econômicas de cada momento histórico.
III - Mudanças na estrutura social são desencadeadas quando
se desenvolvem incongruências entre a infraestrutura
produtiva e a superestrutura, com predomínio da primeira
sobre a última.
IV- As instituições que compõem a superestrutura
desempenham importantes funções de controle social e
ideológico que contribuem para a manutenção das relações
produtivas vigentes.
V - As classes sociais são definidas segundo a posição que
ocupam nas instituições que compõem a dimensão
superestrutural das sociedades.
Estão corretas:
a) I, II, V
b) II, III, IV
c) I, IV, V
d) II, III, V
e) I, III, IV
9.(Ufu2013) Durkheim caracteriza o suicídio– Atéentão
considerado objeto de estudo da epidemiologia, dapsicologia e
dapsiquiatria– como fato social e, por isso,dotadodas
características
dacoercitividade,da
exterioridade,
dageneralidade.Étomado,poiscomoobjetodeestudo
Sociológico,em virtude do fato de:
a) variar
narazãoinversaaograudeintegraçãodosgrupossociaisdequef
azparteoindivíduo,ouseja,
quanto
maior
o
grau
deintegraçãoaogrupo
social,
maiselevadaéataxademortalidade – suicídioda sociedade.
b) ser possível observar umacerta predisposição socialpara
fornecer
determinado
númerodesuicidas,
ou
seja,umatendênciaconstante,marcadapelapermanência,a
despeito devariaçõescircunstanciais.
c) configurar-se como umamorte que resulta direta
ouindiretamente, consciente ouinconscientemente de
um atoexecutadopelaprópriavítima.
d) depender,exclusivamente,dotemperamentodosuicida, de
seucaráter,de seuhistóricofamiliar,de sua biografia, uma
vez que não deixa de ser um ato dopróprioindivíduo.
10.(Uema 2012) No conjunto da sua Sociologia compreensiva,
o sociólogo alemão Max Weber define ação social como ação:
a) racional em que o agente associa um sentido objetivo aos
fatos sociais.
b) desprovida de sentido subjetivo e motivacional.
c) humana associada a um sentido objetivo.
d) cuja intenção fomentada pelos indivíduos se refere à
conduta de outros, orientando-se por ela.
e) não orientada significativamente pela conduta do outro em
prol de um bem comum.
11.(Unicentro 2011) Os sociólogos Karl Marx e Marx Weber se
detiveram na análise da modernidade europeia, embora com
métodos diferentes. Assinale como verdadeira a afirmativa
que corresponde às análises de Max Weber sobre a
sociedade.
a) A vida moderna estimula a formação de um indivíduo
calculista, racional e impessoal, refletindo a tendência da
exploração dos trabalhadores e da transformação do
trabalho em mercadoria.
b) A dimensão cultural é fundamental para compreender a
modernidade, pois o capital e seu acúmulo são tidos como
um dever moral que deve ser perseguido de forma racional
e disciplinada.
c) A divisão social é um fenômeno da modernidade e sua
função moral é integrar funções diferentes e
complementares que, de outra forma, causariam a perda
dos laços comunitários.
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d) A ação social, na sociedade moderna, é motivada apenas
por interesses econômicos, porque os meios para produzir
estão concentrados nas mãos de apenas uma classe social.
e) A expansão da produção capitalista teve como base a
separação entre trabalhadores e os meios de produção,
assim como a disseminação da propriedade privada.
12.(Unioeste 2012) Para Max Weber a economia capitalista
não é marcada pela irracionalidade e pela “anarquia da
produção”. Ao contrário de Karl Marx, que frisava a
irracionalidade do capitalismo, para Weber as instituições do
capitalismo moderno podem ser consideradas como a própria
materialização da racionalidade. Segundo Weber, uma das
características do capitalismo moderno é a estrutura
burocrática com instituições administradas racionalmente com
funções combinadas e especializadas. Para o sociólogo
alemão, o controle burocrático é marcado pela eficiência,
precisão e racionalidade. Considerando a importância do tema
da burocracia na obra de Weber, é correto afirmar que
_____. O Suicídio: Um EstudoSociológico. Rio deJaneiro:
Zahar Editores, 1982. GIDDENS, Anthony.Sociologia. PortoAlegre:
Penso, 2012.
GUIZZO, João. Introdução a sociologia. I.ed. São Paulo: Compania
Editora Nacional, 2009.
MARX, Karl. O Capital: capítulo inédito. São Paulo: Livraria Editora
Ciências Humanas, 1978.
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução a Sociologia. SP: Ed. Ática,
1997.
Sociologia em Movimento – 1. ed. – São Paulo: Moderna, 2013.
Vários autores. “Componente Curricular: Sociologia”. Ensino Médio.
a) Marx Weber identifica a burocracia com a irracionalidade,
com o processo de despersonalização e com a rotina
opressiva. A irracionalidade, nesse contexto, é vista como
favorável à liberdade pessoal.
b) segundo Weber, a ocupação de um cargo na estrutura
burocrática é considerada uma atividade com finalidade
objetiva pessoal. Trata-se de uma ocupação que não exige
senso de dever e nenhum treinamento profissional.
c) na burocracia moderna os funcionários são altamente
qualificados, treinados em suas áreas específicas, enfim,
pessoas que tem ou devem ter qualificações consideradas
necessárias para serem designadas para tais funções.
d) para Weber, o elemento central da estrutura burocrática é
a ausência da hierarquia funcional e a obediência à ordem
pessoal e subjetiva.
e) a burocratização do capitalismo moderno impede segundo
Weber, a possibilidade de se colocar em prática o princípio
da especialização das funções administrativas.
Referências bibliográficas:
BARBOSA, M; OLIVEIRA, M;QUINTANEIRO, T. Um toque
declássicos: Marx, Weber e Durkheim.Belo Horizonte: UFMG,
2003.
COSTA, Cristina. Sociologia – Introdução à Ciência da Sociedade.
SP: Ed. Moderna, 2009.
DURKHEIM, Emile. As formaselementares da vidareligiosa.
SãoPaulo, Martins Fontes, 2003.
_____. As regras do
Fontes,2007.
métodosociológico. São Paulo, Martins
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