Um estudo de Orestes: de Ésquilo a Racine e Sartre. Aluna-autora: Cecília Mianovichi de Araujo. Orientadora: Guacira Marcondes Machado Leite. Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho” – Faculdade de Ciências e Letras. Campus de Araraquara. Curso: Letras. E-mail do aluno-autor: [email protected]. Bolsa PIBIC. Palavras Chave: Orestes, Racine, Sartre Introdução O presente estudo evidencia a passagem do personagem Orestes por três períodos da História da Literatura, mostrando suas diferentes representações. A pesquisa tem início em Ésquilo – A Orestia, de 458 a.C. (composta pelas peças Agamémnon, Coéforas e Euménides). Em seguida, o personagem clássico é comparado ao do francês Jean Racine, na obra Andromaque, que apesar de regido pelas regras do teatro clássico, dá ao mito características próprias, no século XVII. E, por último, analisa-se o personagem colocado na obra existencialista de Jean-Paul Sartre: As Moscas, escrita no século XX. Objetivos Como principal objetivo temos: ampliar a compreensão do mito de Orestes, surgido na Grécia Antiga, em diferentes obras em momentos distintos da história da Literatura mundial. Para isso, é preciso conhecer a trajetória do herói Orestes desde seu surgimento na trilogia de Ésquilo, compreender sua influência em outras obras, passando pelo século XVII, com Racine e pelo século XX com Jean-Paul Sartre. Resultados e Discussão Orestes é o personagem mitológico que assassina a própria mãe para vingar-se da morte de seu pai. Tal fato possui peso e importância diferentes em cada período da história. Os mitos, que muito ensinam sobre a natureza humana, foram usados por inúmeros autores e possuem diversas referências ao longo da história da literatura. A partir dessa pesquisa, é possível aprofundar nosso conhecimento sobre as personagens míticas, obras, autores e suas características, ideologias e período nos quais estão inseridos, e como tais características foram utilizadas em sua representação ao longo dos séculos. A Grécia, como berço da civilização ocidental, deixou-nos grandes heróis míticos. Ao retomar o legado de Antiguidade, Racine, seguindo a doutrina clássica na França, assim como outros autores do mesmo período, utiliza o mito grego para escrever sua obra Por mais diferente que seja a interpretação dada a Orestes em As Moscas, de Sartre, por exemplo, é impossível ignorar nela a influência do mito grego, e é importante observar como isso foi usado, em favor de nova filosofia e ideologia. Material e Métodos O método fundamental é a leitura e o estudo das obras das quais a pesquisa trata. Primeiramente, é preciso conhecer o berço do mito de Orestes. Para isso, é feita a leitura e compreensão das três peças de Ésquilo, que formam a Oréstia: Agamémnon, Coéforas e Euménide, para vê-lo tratado na Antiguidade, onde surge. Em seguida, a leitura de Andromaque, de Racine, para entender como foi adaptado ao século XVII, segundo a visão do autor e da Doutrina clássica francesa. Por fim, acompanhar o personagem até o século XX, em As moscas, de Sartre, segundo o uso que o escritor e filósofo fez dele. É imprescindível, assim, inicialmente conhecer a formação do homem grego, a partir de Paidéia (de Werner Jaeger), a leitura de Aspectos do Mito (de Mircea Eliade) e o que determinados autores disseram sobre as obras aqui estudadas, como Roland Barthes, em Sur Racine. XXVI Congresso de Iniciação Científica Conclusões Tal pesquisa mostra que um mesmo personagem pode ser usado em diferentes contextos históricos e literários, deixando o equilíbrio do antigo teatro clássico, para servir outros autores, nos séculos XVII e XX. O personagem carrega consigo sua origem, adequando-se, porém à intenção de cada um que o utiliza e o adapta a sua época e intenção. Agradecimentos À minha orientadora, pela oportunidade e aos meus pais e amigos pelo apoio constante. ____________________ 1 Ésquilo – Oréstia: Agamemnom, Coeforas, Eumenides. Rio de Janeiro: Zahar, 1991. ²RACINE, Jean, Andromaque. Paris: Larousse, 1959. ³ VALADAS, Nuno. As Moscas. Lisboa: Presença, 1962.