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Estratégias de Construção Textual
SUMÁRIO
SUMÁRIO
ABERTURA ................................................................................................................................ 10
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 10
OBJETIVO E CONTEÚDO ....................................................................................................................................................... 10
ATIVIDADES ............................................................................................................................................................................... 11
SEÇÕES ........................................................................................................................................................................................ 12
MATERIAL .................................................................................................................................................................................... 12
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................................................... 12
NAVEGAÇÃO .............................................................................................................................................................................. 14
PROFESSORAS-AUTORAS ...................................................................................................................................................... 15
EQUIPE DE PRODUÇÃO ......................................................................................................................................................... 16
SUPORTE ..................................................................................................................................................................................... 17
TOUR PELA DISCIPLINA ..................................................................................................................... 17
FERRAMENTA ............................................................................................................................................................................. 17
PROGRAMAS E PLUGINS ....................................................................................................................................................... 18
ÁREA DE ESTUDOS .................................................................................................................................................................. 18
SALA DE AULA .......................................................................................................................................................................... 18
DISCUSSÕES GERAIS .............................................................................................................................................................. 18
PARTICIPAÇÃO EM DISCUSSÕES GERAIS ........................................................................................................................ 19
CRIAÇÃO DE DISCUSSÕES GERAIS .................................................................................................................................... 20
DISCUSSÕES PARTICULARES ............................................................................................................................................... 20
ACESSO ÀS DISCUSSÕES PARTICULARES ....................................................................................................................... 21
CRIAÇÃO DE DISCUSSÕES PARTICULARES .................................................................................................................... 21
OUTROS RECURSOS DA SALA DE AULA .......................................................................................................................... 22
CRIAÇÃO DE UMA VOTAÇÃO .............................................................................................................................................. 22
PARTICIPAÇÃO EM UMA VOTAÇÃO ................................................................................................................................... 23
BIBLIOTECA VIRTUAL ............................................................................................................................................................. 23
ACESSO AOS MATERIAIS ....................................................................................................................................................... 24
PREENCHIMENTO DO QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO ............................................................................................. 24
MÓDULO 1 – ATO COMUNICATIVO .......................................................................................... 25
APRESENTANDO O MÓDULO .............................................................................................................................................. 25
ABERTURA .................................................................................................................................................................................. 25
CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................................................................................ 25
OBJETIVOS .................................................................................................................................................................................. 25
UNIDADE 1 – LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO .................................................................................... 26
1.1 CONATURALIDADE ........................................................................................................................................................... 27
1.2 JOGO DA LINGUAGEM ................................................................................................................................................... 27
1.3 PODER DA PALAVRA ......................................................................................................................................................... 28
1.4 NEGOCIAÇÃO E COMPREENSÃO ................................................................................................................................. 28
1.4.1 INTENÇÕES COMUNICATIVAS ................................................................................................................................... 29
1.5 EFICÁCIA COMUNICATIVA ............................................................................................................................................. 29
1.5.1 PROCESSO DE INTERAÇÃO ......................................................................................................................................... 29
1
SUMÁRIO
Estratégias de Construção Textual
1.5.2 EFICÁCIA DA RECEPÇÃO ............................................................................................................................................. 30
1.5.3 EFICÁCIA DA EMISSÃO ................................................................................................................................................ 30
1.6 COMPARTILHAMENTO DE SENTIDOS ....................................................................................................................... 30
1.6.1 ADEQUAÇÃO AO CONTEXTO SOCIAL .................................................................................................................... 31
1.6.2 CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS .................................................................................................................................... 31
1.6.3 PAPEL DOS INTERLOCUTORES ................................................................................................................................. 31
1.6.4 PAPEL DO CONHECIMENTO ...................................................................................................................................... 32
1.6.5 RELAÇÕES DE PODER ................................................................................................................................................... 32
1.6.6 PAPEL DOS CÓDIGOS .................................................................................................................................................. 33
1.7 SUGESTÃO DE FILME ...................................................................................................................................................... 33
1.8 SÍNTESE DA UNIDADE .................................................................................................................................................... 33
UNIDADE 2 – CONTRATO SOCIAL VERSUS ESCOLHA INDIVIDUAL ................................................... 33
2.1 CÓDIGO LINGUÍSTICO .................................................................................................................................................... 33
2.2 CONTRATO SOCIAL ........................................................................................................................................................... 34
2.2.1 MARCAS INDIVIDUAIS ................................................................................................................................................. 34
2.2.2 VARIEDADES REGIONAIS ............................................................................................................................................ 34
2.2.2.1 FALARES REGIONAIS E DIALETOS ........................................................................................................................ 35
2.2.2.1.1 FALARES NACIONAIS ............................................................................................................................................. 35
2.2.2.2 VALOR LINGÜÍSTICO ................................................................................................................................................. 36
2.2.3 GÍRIAS ................................................................................................................................................................................ 36
2.2.4 VARIEDADES SOCIOCULTURAIS ............................................................................................................................... 37
2.2.5 VARIEDADES PROFISSIONAIS .................................................................................................................................... 37
2.2.5.1 USO DE JARGÕES ....................................................................................................................................................... 38
2.3 PATRIMÔMIO CULTURAL ................................................................................................................................................ 38
2.4 PAPEL DA GRAMÁTICA ................................................................................................................................................... 39
2.5 SUGESTÃO DE FILME ...................................................................................................................................................... 40
2.6 SÍNTESE DA UNIDADE .................................................................................................................................................... 40
UNIDADE 3 – COMUNICAÇÃO COM TEXTOS TÉCNICOS ................................................................... 40
3.1 TIPOS DE ESCRITA ............................................................................................................................................................. 40
3.2 ESCRITOR .............................................................................................................................................................................. 41
3.2.1 POUCAS DISTORÇÕES .................................................................................................................................................. 41
3.2.2 MUITAS DISTORÇÕES ................................................................................................................................................... 42
3.3 FONTE DO CONHECIMENTO ........................................................................................................................................ 42
3.3.1 AUTOR VERSUS ESCRITOR .......................................................................................................................................... 43
3.4 SUGESTÃO DE FILME ...................................................................................................................................................... 43
3.5 SÍNTESE DA UNIDADE .................................................................................................................................................... 43
UNIDADE 4 – CENÁRIO CULTURAL ..................................................................................................... 44
4.1 FILME .................................................................................................................................................................................... 44
4.2 OBRA LITERÁRIA ................................................................................................................................................................ 44
4.3 OBRA DE ARTE ................................................................................................................................................................... 44
APRESENTANDO O APÊNDICE GRAMATICAL .................................................................................... 44
UNIDADE 5 – ACENTUAÇÃO GRÁFICA .............................................................................................. 45
5.1 ACENTO GRÁFICO ............................................................................................................................................................. 45
5.2 PAROXÍTONAS E OXÍTONAS .......................................................................................................................................... 46
5.3 PS – ROUXINOL ................................................................................................................................................................. 46
2
Estratégias de Construção Textual
SUMÁRIO
5.4 MAIORES E MENORES – PROPAROXÍTONAS E MONOSSÍLABOS ..................................................................... 47
5.5 ACENTOS DIFERENCIAIS ................................................................................................................................................ 47
5.6 TREMA ................................................................................................................................................................................... 49
5.7 OBSERVAÇÕES FINAIS ..................................................................................................................................................... 49
5.8 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 50
5.9 ATIVIDADES ........................................................................................................................................................................ 50
5.9.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ............................................................................................................................................ 50
UNIDADE 6 – CRASE ............................................................................................................................ 50
6.1 CRASE .................................................................................................................................................................................... 50
6.2 CASOS DE UTILIZAÇÃO DA CRASE ............................................................................................................................. 51
6.2.1 CASOS DE CRASE OBRIGATÓRIA .............................................................................................................................. 51
6.3 CASOS DE NÃO UTILIZAÇÃO DA CRASE .................................................................................................................. 52
6.4 CASOS DE CRASE FACULTATIVA .................................................................................................................................. 52
6.5 OUTROS CASOS ................................................................................................................................................................. 53
6.5.1 CRASE JUNTO A PRONOMES RELATIVOS .............................................................................................................. 54
6.6 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 54
6.7 ATIVIDADES ........................................................................................................................................................................ 54
6.7.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ............................................................................................................................................ 54
MÓDULO 2 – LEITURA .............................................................................................................. 55
APRESENTANDO O MÓDULO .............................................................................................................................................. 55
ABERTURA .................................................................................................................................................................................. 55
CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................ 55
ESTRUTURA ................................................................................................................................................................................ 55
UNIDADE 1 – PROCESSAMENTO DA LEITURA ................................................................................... 55
1.1 ATO DE LER ......................................................................................................................................................................... 55
1.2 COMPETÊNCIA TEXTUAL ............................................................................................................................................... 60
1.3 PROCESSO SÓCIO-HISTÓRICO ..................................................................................................................................... 60
1.4 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS ..................................................................................................................................... 61
1.5 SUGESTÃO DE FILME ...................................................................................................................................................... 61
1.6 SÍNTESE DA UNIDADE .................................................................................................................................................... 61
UNIDADE 2 – TIPOS DE LEITORES ...................................................................................................... 61
2.1 PRESENÇA DO LEITOR ..................................................................................................................................................... 61
2.2 LEITOR CONSTRUTOR ...................................................................................................................................................... 62
2.2.1 EXEMPLO .......................................................................................................................................................................... 62
2.3 LEITOR ANALISADOR ....................................................................................................................................................... 63
2.3.1 EXEMPLO .......................................................................................................................................................................... 63
2.3.2 DESAFIO ............................................................................................................................................................................ 63
2.3.2.1 SOLUÇÃO DO DESAFIO ............................................................................................................................................ 63
2.4 LEITOR PROFICIENTE ....................................................................................................................................................... 63
2.5 SUGESTÃO DE FILME ...................................................................................................................................................... 64
2.6 SÍNTESE DA UNIDADE .................................................................................................................................................... 64
UNIDADE 3 – ESTRATÉGIAS DE LEITURA ............................................................................................ 64
3.1 TIPOS DE ESTRATÉGIAS .................................................................................................................................................. 64
3.2 EFEITO-LEITOR ................................................................................................................................................................... 64
3
SUMÁRIO
Estratégias de Construção Textual
3.2.1 AUTOR VERSUS TEXTO ................................................................................................................................................ 65
3.2.2 AUTOR VERSUS TEXTO VERSUS LEITOR ................................................................................................................ 65
3.3 CONDIÇÕES DA COMPREENSÃO ................................................................................................................................ 66
3.3.1 INFERÊNCIAS ................................................................................................................................................................... 66
3.4 CIRCULARIDADE DE SENTIDOS ................................................................................................................................... 67
3.5 SUGESTÃO DE FILME ...................................................................................................................................................... 67
3.6 SÍNTESE DA UNIDADE .................................................................................................................................................... 67
UNIDADE 4 – LEITOR DO TEXTO TÉCNICO ........................................................................................ 67
4.1 PERFIL DO LEITOR ............................................................................................................................................................. 67
4.1.1 GRAU DE CONHECIMENTO DO LEITOR ................................................................................................................ 67
4.1.2 TIPOS DE INFORMAÇÕES ............................................................................................................................................ 68
4.2 VARIÁVEIS INTERVENIENTES ........................................................................................................................................ 68
4.2.1 ALGUNS CUIDADOS ..................................................................................................................................................... 69
4.3 SUGESTÃO DE FILME ...................................................................................................................................................... 69
4.4 SÍNTESE DA UNIDADE .................................................................................................................................................... 69
UNIDADE 5 – CENÁRIO CULTURAL ..................................................................................................... 69
5.1 FILME .................................................................................................................................................................................... 69
5.2 OBRA LITERÁRIA ................................................................................................................................................................ 69
5.3 OBRA DE ARTE ................................................................................................................................................................... 69
APRESENTANDO O APÊNDICE GRAMATICAL .................................................................................... 70
UNIDADE 6 – CORREÇÃO ORTOGRÁFICA ......................................................................................... 70
6.1 USO DO H ............................................................................................................................................................................ 70
6.2 USO DO S ............................................................................................................................................................................. 70
6.3 USO DO Z ............................................................................................................................................................................ 71
6.4 USO DE -INHO E -ZINHO ............................................................................................................................................... 71
6.5 USO DE G/J .......................................................................................................................................................................... 72
6.6 USO DE X/CH ..................................................................................................................................................................... 72
6.7 USO DE E/I ........................................................................................................................................................................... 73
6.8 USO DE S/Ç/SS ................................................................................................................................................................... 73
6.9 USO DE K/W/Y ................................................................................................................................................................... 74
6.10 FORMAS VARIANTES ..................................................................................................................................................... 74
6.11 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 74
6.12 ATIVIDADES ...................................................................................................................................................................... 74
6.12.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ......................................................................................................................................... 74
UNIDADE 7 – PALAVRAS E EXPRESSÕES QUE OFERECEM DIFICULDADE .......................................... 75
7.1 QUE/QUÊ .............................................................................................................................................................................. 75
7.1.1 POR QUE/POR QUÊ ........................................................................................................................................................ 75
7.1.2 PORQUE/PORQUÊ .......................................................................................................................................................... 76
7.2 ONDE/AONDE .................................................................................................................................................................... 76
7.3 MAU/MAL ............................................................................................................................................................................ 76
7.4 A/HÁ NA EXPRESSÃO DE TEMPO ................................................................................................................................ 77
7.5 HÁ CERCA DE/ACERCA DE ............................................................................................................................................. 77
7.6 MAS/MAIS ............................................................................................................................................................................ 77
7.7 AO ENCONTRO DE/DE ENCONTRO A ........................................................................................................................ 78
7.8 AFIM/A FIM ......................................................................................................................................................................... 78
4
Estratégias de Construção Textual
SUMÁRIO
7.9 DEMAIS/DE MAIS .............................................................................................................................................................. 78
7.10 SENÃO/SE NÃO ............................................................................................................................................................... 79
7.11 À MEDIDA QUE/NA MEDIDA EM QUE .................................................................................................................... 79
7.12 CESSÃO/SESSÃO/SEÇÃO/SECÇÃO ........................................................................................................................... 79
7.13 EU/MIM .............................................................................................................................................................................. 79
7.14 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 80
7.15 ATIVIDADES ...................................................................................................................................................................... 80
7.15.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ......................................................................................................................................... 80
MÓDULO 3 – PROCESSAMENTO DA ESCRITA ........................................................................ 81
APRESENTANDO O MÓDULO .............................................................................................................................................. 81
ABERTURA .................................................................................................................................................................................. 81
ESTRUTURA ................................................................................................................................................................................ 82
UNIDADE 1 – FUNÇÃO DA ESCRITA .................................................................................................... 82
1.1 SUJEITOS DO DISCURSO ................................................................................................................................................ 82
1.2 EFICÁCIA DO DISCURSO ................................................................................................................................................ 83
1.2.1 METAS ................................................................................................................................................................................ 83
1.2.2 DESAFIO ............................................................................................................................................................................ 84
1.3 CONVENCIMENTO VERSUS PERSUASÃO ................................................................................................................. 84
1.3.1 LINHA ARGUMENTATIVA ............................................................................................................................................. 85
1.4 SUGESTÃO DE FILME ...................................................................................................................................................... 85
1.5 SÍNTESE DA UNIDADE .................................................................................................................................................... 85
UNIDADE 2 – ESTRATÉGIAS DE ESCRITA ............................................................................................ 85
2.1 LEITOR UNIVERSAL ........................................................................................................................................................... 85
2.2 LEITOR PARTICULAR ......................................................................................................................................................... 86
2.2.1 EXEMPLO .......................................................................................................................................................................... 86
2.3 CONHECIMENTO DO TEMA .......................................................................................................................................... 86
2.4 PRÉ-PLANEJAMENTO ....................................................................................................................................................... 86
2.5 ESTRUTURA DO TEXTO ................................................................................................................................................... 87
2.5.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................. 87
2.5.2 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................................................................... 87
2.5.3 CONCLUSÃO ................................................................................................................................................................... 88
2.6 SUGESTÃO DE FILME ...................................................................................................................................................... 88
2.7 SÍNTESE DA UNIDADE .................................................................................................................................................... 88
UNIDADE 3 – ESCRITURA .................................................................................................................... 88
3.1 ETAPAS DO PROCESSO .................................................................................................................................................... 88
3.2 RECURSIVIDADE ................................................................................................................................................................ 90
3.3 SUGESTÃO DE FILME ...................................................................................................................................................... 90
3.4 SÍNTESE DA UNIDADE .................................................................................................................................................... 90
UNIDADE 4 – ESCRITURA DE TEXTOS TÉCNICOS ............................................................................... 90
4.1 RECORTE DO CONTEÚDO .............................................................................................................................................. 90
4.2 RESUMO ............................................................................................................................................................................... 91
4.3 ORDENAÇÃO DE INFORMAÇÕES ................................................................................................................................ 92
4.4 ENCADEAMENTO DE INFORMAÇÕES ....................................................................................................................... 93
4.5 DESENVOLVIMENTO DAS INFORMAÇÕES .............................................................................................................. 93
5
SUMÁRIO
Estratégias de Construção Textual
4.6 REESCRITURA ...................................................................................................................................................................... 94
4.6.1 VOLUME DO TEXTO ..................................................................................................................................................... 94
4.6.2 VOLUME DOS PERÍODOS ............................................................................................................................................ 94
4.6.3 VOLUME DAS ORAÇÕES ............................................................................................................................................. 94
4.6.4 CONCLUSÕES PARCIAIS .............................................................................................................................................. 95
4.6.5 PROLIXIDADE .................................................................................................................................................................. 95
4.6.6 ALGUNS CUIDADOS ..................................................................................................................................................... 95
4.7 REVISÃO ................................................................................................................................................................................ 96
4.8 REFINAMENTO ................................................................................................................................................................... 96
4.9 VERSÃO FINAL ................................................................................................................................................................... 97
4.10 ETAPAS DA ESCRITA ....................................................................................................................................................... 97
4.11 SUGESTÃO DE FILME .................................................................................................................................................... 99
4.12 SÍNTESE DA UNIDADE .................................................................................................................................................. 99
UNIDADE 5 – CENÁRIO CULTURAL ..................................................................................................... 99
5.1 FILME .................................................................................................................................................................................... 99
5.2 OBRA LITERÁRIA ................................................................................................................................................................ 99
5.3 OBRA DE ARTE ................................................................................................................................................................... 99
APRESENTANDO O APÊNDICE GRAMATICAL .................................................................................... 99
UNIDADE 6 – CONCORDÂNCIA VERBAL ............................................................................................ 99
6.1 REGRA GERAL ..................................................................................................................................................................... 99
6.2 CONCORDÂNCIA COM O SUJEITO SIMPLES ......................................................................................................... 100
6.3 CONCORDÂNCIA COM O SUJEITO COMPOSTO .................................................................................................. 100
6.3.1 SUJEITO COMPOSTO POR PESSOAS DIFERENTES ........................................................................................... 101
6.3.2 NÚCLEOS DO SUJEITO UNIDOS POR OU ............................................................................................................ 101
6.3.3 NÚCLEOS DO SUJEITO UNIDOS POR COM ........................................................................................................ 102
6.3.4 NÚCLEOS DO SUJEITO UNIDOS POR NEM ........................................................................................................ 102
6.3.5 NÚCLEOS DO SUJEITO CORRELACIONADOS .................................................................................................... 102
6.4 CONCORDÂNCIA COM O VERBO SER ...................................................................................................................... 103
6.5 CONCORDÂNCIA DOS VERBOS PASSIVOS ............................................................................................................ 104
6.6 ORAÇÕES COM SUJEITO INDETERMINADO .......................................................................................................... 104
6.7 ORAÇÕES COM VERBOS IMPESSOAIS ..................................................................................................................... 105
6.8 CASOS ESPECIAIS ............................................................................................................................................................ 105
6.8.1 COM COLETIVOS ......................................................................................................................................................... 106
6.8.2 COM NOMES QUE SÓ SE USAM NO PLURAL ................................................................................................... 106
6.8.3 COM AS EXPRESSÕES MAIS DE/MENOS DE/UM DOS QUE ......................................................................... 107
6.8.4 COM AS EXPRESSÕES DO TIPO QUAIS DE NÓS/QUAIS DE VÓS ................................................................ 107
6.8.5 COM A EXPRESSÃO HAJA VISTA ............................................................................................................................. 108
6.8.6 COM PRONOMES DE TRATAMENTO ..................................................................................................................... 108
6.8.7 COM PRONOMES RELATIVOS .................................................................................................................................. 108
6.8.8 COM PORCENTAGENS E NUMERAIS FRACIONÁRIOS ..................................................................................... 109
6.8.9 COM OS NUMERAIS MILHÃO, BILHÃO E TRILHÃO ......................................................................................... 109
6.8.10 COM SUJEITO ORACIONAL .................................................................................................................................... 110
6.8.11 COM O VERBO PARECER ......................................................................................................................................... 110
6.8.12 COM OS VERBOS DAR, BATER, SOAR .................................................................................................................. 111
6.9 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 111
6
Estratégias de Construção Textual
SUMÁRIO
6.10 ATIVIDADES .................................................................................................................................................................... 111
6.10.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ....................................................................................................................................... 111
UNIDADE 7 – CONCORDÂNCIA NOMINAL ....................................................................................... 111
7.1 REGRA GERAL ................................................................................................................................................................... 111
7.2 UM SÓ DETERMINANTE E MAIS DE UM DETERMINADO ................................................................................ 112
7.2.1 DETERMINANTE ANTES DOS DETERMINADOS ................................................................................................ 112
7.2.2 DETERMINANTE DEPOIS DOS DETERMINADOS ............................................................................................... 113
7.3 UM SÓ DETERMINADO E MAIS DE UM DETERMINANTE ................................................................................ 113
7.4 EXPRESSÕES COM VERBO SER MAIS ADJETIVO .................................................................................................. 114
7.5 PALAVRAS SEMPRE VARIÁVEIS ................................................................................................................................... 114
7.6 PALAVRAS SEMPRE INVARIÁVEIS ............................................................................................................................... 115
7.7 PALAVRAS VARIÁVEIS OU INVARIÁVEIS .................................................................................................................. 116
7.8 POSSÍVEL ............................................................................................................................................................................ 116
7.9 UM OU OUTRO/NEM UM NEM OUTRO/UM E OUTRO ..................................................................................... 117
7.10 ADJETIVOS COMPOSTOS ........................................................................................................................................... 117
7.11 PARTICÍPIOS VERBAIS .................................................................................................................................................. 118
7.12 CONCORDÂNCIA IDEOLÓGICA ............................................................................................................................... 118
7.13 SÍNTESE ............................................................................................................................................................................ 118
7.14 ATIVIDADES .................................................................................................................................................................... 118
7.14.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ....................................................................................................................................... 118
MÓDULO 4 – TEXTUALIDADE ................................................................................................. 119
APRESENTANDO O MÓDULO ............................................................................................................................................ 119
ESTRUTURA .............................................................................................................................................................................. 119
UNIDADE 1 – FALHAS NA COMUNICAÇÃO ...................................................................................... 119
1.1 ERRO ..................................................................................................................................................................................... 119
1.2 DOMÍNIO DO DISCURSO .............................................................................................................................................. 120
1.3 ATO COMUNICATIVO .................................................................................................................................................... 120
1.3.1 RELEVÂNCIA .................................................................................................................................................................. 121
1.3.2 IRONIA .............................................................................................................................................................................. 121
1.3.3 PROLIXIDADE ................................................................................................................................................................ 122
1.3.4 CLAREZA ......................................................................................................................................................................... 122
1.4 VIOLAÇÕES PERMITIDAS .............................................................................................................................................. 123
1.4.1 VIOLAÇÕES NÃO PERMITIDAS ................................................................................................................................ 123
1.4.2 FALTA DE HABILIDADE .............................................................................................................................................. 123
1.5 SUGESTÃO DE FILME .................................................................................................................................................... 125
1.6 SÍNTESE DA UNIDADE .................................................................................................................................................. 125
UNIDADE 2 – COERÊNCIA TEXTUAL ................................................................................................. 125
2.1 COERÊNCIA ........................................................................................................................................................................ 125
2.2 INCOERÊNCIA ................................................................................................................................................................... 126
2.2.1 CAUSAS DA INCOERÊNCIA ....................................................................................................................................... 126
2.3 COERÊNCIA TEXTUAL .................................................................................................................................................... 127
2.3.1 CONHECIMENTO DE MUNDO ................................................................................................................................ 128
2.3.2 INFORMAÇÕES NOVAS .............................................................................................................................................. 128
2.3.3 CONHECIMENTO LINGÜÍSTICO ............................................................................................................................. 129
7
SUMÁRIO
Estratégias de Construção Textual
2.3.4 SITUAÇÃO COMUNICATIVA ..................................................................................................................................... 130
2.3.4.1 FATORES CONTEXTUALIZADORES ..................................................................................................................... 130
2.3.5 PREVISIBILIDADE ......................................................................................................................................................... 131
2.3.6 FOCALIZAÇÃO .............................................................................................................................................................. 131
2.3.7 INTERTEXTUALIDADE ................................................................................................................................................ 132
2.3.7.1 EXEMPLO ..................................................................................................................................................................... 132
2.3.8 INTENCIONALIDADE .................................................................................................................................................. 133
2.3.9 ACEITABILIDADE .......................................................................................................................................................... 133
2.3.10 INTENCIONALIDADE ................................................................................................................................................ 133
2.4 SUGESTÃO DE FILME .................................................................................................................................................... 134
2.5 SÍNTESE DA UNIDADE .................................................................................................................................................. 134
UNIDADE 3 – COESÃO TEXTUAL ...................................................................................................... 134
3.1 COESÃO .............................................................................................................................................................................. 134
3.2 MECANISMOS LINGÜÍSTICOS .................................................................................................................................... 134
3.3 RELAÇÕES LÓGICO-SEMÂNTICAS ............................................................................................................................ 137
3.3.1 NOMENCLATURAS ....................................................................................................................................................... 138
3.4 SUGESTÃO DE FILME .................................................................................................................................................... 138
3.5 SÍNTESE DA UNIDADE .................................................................................................................................................. 138
UNIDADE 4 – CUIDADOS NA ESCRITURA DE TEXTOS TÉCNICOS .................................................... 138
4.1 MARCAS DO ESTILO TÉCNICO .................................................................................................................................. 138
4.2 SUGESTÕES ....................................................................................................................................................................... 140
4.3 TIPOS DE CUIDADOS ..................................................................................................................................................... 140
4.4 SUGESTÃO DE FILME .................................................................................................................................................... 151
4.5 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 151
UNIDADE 5 – CENÁRIO CULTURAL ................................................................................................... 151
5.1 FILME .................................................................................................................................................................................. 151
5.2 OBRA LITERÁRIA .............................................................................................................................................................. 151
5.3 OBRA DE ARTE ................................................................................................................................................................. 152
APRESENTANDO O APÊNDICE GRAMATICAL .................................................................................. 152
UNIDADE 6 – REGÊNCIA VERBAL ..................................................................................................... 152
6.1 REGRA GERAL ................................................................................................................................................................... 152
6.1.1 RELAÇÃO VERBO/COMPLEMENTO ....................................................................................................................... 153
6.2 TERMOS REGIDOS SEM PREPOSIÇÃO OBRIGATÓRIA ........................................................................................ 153
6.2.1 SUBSTITUIÇÃO POR PRONOMES PESSOAIS DE 3A. PESSOA ........................................................................ 154
6.2.2 USO NÃO OBRIGATÓRIO DA PREPOSIÇÃO ......................................................................................................... 154
6.3 TERMOS REGIDOS COM PREPOSIÇÃO OBRIGATÓRIA ........................................................................................ 155
6.3.1 SUBSTITUIÇÃO POR PRONOMES PESSOAIS DE 3A. PESSOA ........................................................................ 156
6.3.2 AUSÊNCIA DA PREPOSIÇÃO ..................................................................................................................................... 156
6.4 VERBOS COM MAIS DE UM SENTIDO E REGÊNCIAS DIFERENTES ............................................................... 157
6.5 VERBOS COM UM SÓ SENTIDO E MAIS DE UMA POSSIBILIDADE DE REGÊNCIA .................................. 158
6.5.1 EXPRESSÕES COM DUPLA CONSTRUÇÃO .......................................................................................................... 158
6.6 OUTROS CASOS DE REGÊNCIA VERBAL ................................................................................................................. 158
6.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................................................. 159
6.8 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 159
6.9 ATIVIDADES ...................................................................................................................................................................... 159
8
Estratégias de Construção Textual
SUMÁRIO
6.9.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO .......................................................................................................................................... 159
UNIDADE 7 – REGÊNCIA NOMINAL .................................................................................................. 160
7.1 REGRA GERAL ................................................................................................................................................................... 160
7.2 CASOS DE REGÊNCIA NOMINAL ............................................................................................................................... 160
7.2.1 REGÊNCIA DE SUBSTANTIVOS ................................................................................................................................ 160
7.2.2 REGÊNCIA DE ADJETIVOS ......................................................................................................................................... 161
7.2.3 REGÊNCIA DE ADVÉRBIOS ........................................................................................................................................ 161
7.3 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 161
7.4 ATIVIDADES ...................................................................................................................................................................... 161
7.4.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO .......................................................................................................................................... 161
UNIDADE 8 – PONTUAÇÃO .............................................................................................................. 162
8.1 PONTUAÇÃO – LOGICIDADE E SUBJETIVIDADE ................................................................................................. 162
8.2 PONTO ................................................................................................................................................................................ 162
8.2.1 PONTO DE INTERROGAÇÃO ..................................................................................................................................... 163
8.2.2 PONTO DE EXCLAMAÇÃO ........................................................................................................................................ 163
8.3 DOIS-PONTOS .................................................................................................................................................................. 164
8.4 RETICÊNCIAS ..................................................................................................................................................................... 164
8.5 TRAVESSÃO ........................................................................................................................................................................ 165
8.5.1 HÍFEN E BARRAS ........................................................................................................................................................... 165
8.6 PARÊNTESES E COLCHETES ........................................................................................................................................ 166
8.7 ALÍNEA ................................................................................................................................................................................ 167
8.8 VÍRGULA ............................................................................................................................................................................. 167
8.8.1 VÍRGULA NO INTERIOR DA ORAÇÃO .................................................................................................................... 168
8.8.1.1 VÍRGULA NA SEPARAÇÃO DE TERMOS INTERCALADOS ............................................................................ 168
8.8.1.2 VÍRGULA NA MARCAÇÃO DE TERMOS DESLOCADOS ............................................................................... 169
8.8.1.3 VÍRGULA NA MARCAÇÃO DE OMISSÕES DE PALAVRAS ............................................................................ 169
8.8.1.4 VÍRGULA NA SEPARAÇÃO DE TERMOS COORDENADOS ........................................................................... 169
8.8.2 VÍRGULA NA SEPARAÇÃO DE ORAÇÕES .............................................................................................................. 170
8.8.2.1 ORAÇÕES COORDENADAS ADVERSATIVAS, EXPLICATIVAS E CONCLUSIVAS ..................................... 170
8.8.2.2 ORAÇÕES COORDENADAS ADITIVAS E ALTERNATIVAS .............................................................................. 171
8.8.2.3 ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS ......................................................................................................... 171
8.8.2.4 ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS ............................................................................................................ 172
8.8.2.5 ORAÇÕES INTERCALADAS ..................................................................................................................................... 172
8.9 PONTO-E-VÍRGULA ......................................................................................................................................................... 173
8.10 ASPAS ................................................................................................................................................................................ 173
8.10.1 ISOLAMENTO DE CITAÇÃO TEXTUAL ................................................................................................................ 174
8.10.2 DESTAQUE DE TÍTULOS E OBRAS ....................................................................................................................... 174
8.10.3 OUTROS EMPREGOS DAS ASPAS DUPLAS ....................................................................................................... 175
8.11 APÓSTROFO .................................................................................................................................................................... 175
8.12 OBSERVAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................................ 175
8.13 SÍNTESE ............................................................................................................................................................................ 176
8.14 ATIVIDADES .................................................................................................................................................................... 176
8.14.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ....................................................................................................................................... 176
MÓDULO 5 – ENCERRAMENTO .............................................................................................. 177
APRESENTANDO O MÓDULO ............................................................................................................................................ 177
9
ABERTURA
Estratégias de Construção Textual
ABERTURA
APRESENTAÇÃO
Apesar de tudo o que se vem discutindo – exaustivamente e há bastante tempo – acerca da
produção escrita em Língua Portuguesa, de forma geral, na escola, as atividades de redação se
restringem ao ensino da gramática. Contudo, não haveria problema em lidar com a gramática se
o enfoque dado ao trabalho fosse textual, se as atividades praticadas buscassem explicitar nossa
gramática implícita – as regras da Língua Portuguesa que todos nós adquirimos intuitivamente –,
com o objetivo de ampliar nossa capacidade comunicativa, como produtores e receptores de
textos.
Entretanto, o enfoque que se dá ao trabalho com a gramática ainda se baseia, em grande parte, no
ensino da terminologia gramatical, e não no uso efetivo da língua em situações concretas de
comunicação. Essa prática tem um fim em si mesma e não é capaz de levar ninguém a melhorar
seu desempenho lingüístico no plano da escrita ou no da oralidade.
A proposta que defendemos para o Estratégias de Construção Textual é justamente esta –
trabalhar a gramática em uma perspectiva mais ampla, na dimensão do funcionamento textualdiscursivo dos elementos da língua. Uma proposta que, conforme acreditamos, certamente, vai
nos fazer encontrar nosso lugar, como proficientes leitores e produtores de textos em nossa
sociedade.
Ao optar por fazer o Estratégias de Construção Textual, você optou também por participar de
um novo método de ensino – o ensino a distância. Dessa forma, você terá bastante flexibilidade
para realizar as atividades nele previstas.
Observação: este material não dá acesso direto à Graduação Tecnológica em
Processos Gerenciais. Ele faz parte de um programa de preparação para o processo
seletivo.
OBJETIVO E CONTEÚDO
Este material didático de auto-estudo de Estratégias de Construção Textual é voltado à consulta
e solução de dúvidas relativas ao funcionamento da língua por meio de textos, em situações
concretas de interação comunicativa.
Este será um trabalho intensivo, pois você terá pouco tempo de estudo.
Sob esse foco, este material foi estruturado em cinco módulos, nos quais foi inserido o seguinte
conteúdo...
Módulo 1 – Ato comunicativo
Neste módulo, avaliaremos a importância da linguagem como garantia de nossa
capacidade de comunicação, ou seja, de compartilhar sentidos no dia-a-dia como
agentes sociais. Discutiremos ainda os elementos que condicionam os processos de
10
Estratégias de Construção Textual
ABERTURA
produção e recepção de textos, bem como a eficácia dos processos de comunicação.
Trabalharemos também as noções de variedade e unidade lingüística, assim como as
causas mais comuns da ineficácia dos processos de comunicação.
Módulo 2 – Leitura
Neste módulo, abordaremos o processo de leitura como atividade dinâmica e interativa
entre autor, texto e leitor, na interpretação e na compreensão de sentidos. Examinaremos
também os diferentes enfoques sobre os processos de leitura e as estratégias de
interpretação.
Módulo 3 – Processamento da escrita
Neste módulo, como a fala e a escrita constituem modalidades diferentes de uso da
língua, trataremos de suas diferenças básicas. Além disso, para que possamos planejar,
eficientemente, um texto, analisaremos a função da escrita, suas estratégias e, por fim,
os processos de produção de um texto escrito.
Módulo 4 – Textualidade
Neste módulo, identificaremos os elementos que diminuem a eficácia comunicativa
de um texto escrito. Trataremos, inicialmente, da relevância e das violações que
produzem sentidos nebulosos que emergem das entrelinhas do texto. Verificaremos,
a seguir, o que torna um texto incoerente, o que inviabiliza o compartilhamento de
sentidos e, conseqüentemente, desestabiliza o processo de comunicação. Finalmente,
analisaremos a coesão textual, isto é, as relações que se estabelecem entre os elementos
lingüísticos que funcionam na superfície do texto e que estabelecem seu sentido.
Módulo 5 – Encerramento
Neste módulo – além da avaliação deste trabalho –, você encontrará algumas divertidas
opções para testar seus conhecimentos sobre o conteúdo desenvolvido nos módulos
anteriores – caça-palavras, jogo da memória, jogo da caça, jogo do labirinto, jogo de
tabuleiro. Entre neles e bom trabalho!
ATIVIDADES
Aqui foi definido o seguinte tipo de atividade...
Exercícios de fixação: cujo objetivo é possibilitar que você verifique até que ponto
apreendeu o conteúdo tratado no módulo. Essas tarefas são constituídas de questões
objetivas devidamente gabaritadas, além de questões subjetivas que visam à fixação
dos conteúdos dos módulos.
11
ABERTURA
Estratégias de Construção Textual
SEÇÕES
Aqui, você poderá navegar pelas seguintes seções...
área de estudos – aqui você terá acesso ao material didático de auto-estudo – aos módulos,
às unidades e às seções, onde está estruturada a parte teórica –, além das orientações para os
exercícios de fixação. Pela área de estudos, você também poderá acessar os seguintes recursos...
biblioteca virtual – esta área funciona como um centro de recursos multimídia. Neste
espaço, ficarão a sua disposição as questões colocadas com mais freqüência pelos alunos que já
fizeram esta disciplina, verbetes, biografias, textos, estudos de caso, indicações de filmes, sites...
sala de aula – por ser este espaço interativo, você poderá interagir com os demais candidatos
e tirar possíveis dúvidas de conteúdo com o Professor-Tutor.
MATERIAL
Aqui você terá acesso aos seguintes materiais via web...
§ textos teóricos relativos à temática tratada;
§ atividades diversas;
§ jogos didáticos;
§ vídeos e desenhos animados;
§ textos complementares de diversos tipos;
§ biografias das pessoas citadas nos textos;
§ verbetes de termos técnicos, conceitos, processos...
§ links para diversos sites;
§ modelos específicos de documentos.
Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste material, no todo ou em parte,
constitui violação do copyright – Lei nº 9.610/98. Em relação às imagens que compõem as
diferentes telas, ou elas foram criadas pelo FGV Online ou foram capturadas no Corel Gallery™Gallery
1.3 Million, tendo sido a titularidade dos direitos autorais assim definida: Direitos Autorais/Copyright
(c) 1999 FGV Online e seus licenciantes. Em relação aos desenhos animados, eles foram criados
pela AB2 Comunicação e por Rodrigo Padua, a partir de roteiros criados pelo FGV Online.
BIBLIOGRAFIA
ABREU, Antônio Suárez. A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção. 4a. ed. São Paulo:
Ateliê editorial, 2001. 139 p.
Neste livro, por meio da análise da argumentação como uma arte de convivência, o
autor nos mostra como aumentar nosso potencial de encontrar as pessoas, conversando
com elas e dividindo pontos de vista. Obra dirigida a todos aqueles que desejam
melhorar seu relacionamento profissional, aumentando, criativamente, sua capacidade
para o trabalho em equipe e para a resolução de conflitos.
12
Estratégias de Construção Textual
ABERTURA
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001. 671 p.
Esta obra de Evanildo Bechara – eminente estudioso e pesquisador de nosso idioma –
conseguiu dar conta do progresso que envolve a evolução dos estudos lingüísticos e
das pesquisas em Língua Portuguesa. Nela, o leitor encontrará o extraordinário universo
que é nossa língua em suas múltiplas manifestações bem como a reunião da maior
coletânea de assuntos gramaticais até agora estudados. O plano teórico da descrição
do idioma é atualizado e bastante rico, pois remete, de acordo com o próprio autor, à
discussão e à orientação normativa a maior soma possível de fatos gramaticais
levantados pelos melhores estudiosos da língua portuguesa, dentro e fora do país.
CAMARA Jr., J. Mattoso. Dicionário de lingüística e gramática. 18a. ed.Petrópolis:Vozes, 1997. 262 p.
Obra sucinta em que o autor nos apresenta fatos da Língua Portuguesa encarados
objetivamente e não para fins de correção gramatical. Dividido em verbetes, o material
possibilita a solução rápida e precisa de dúvidas que, normalmente, só podem ser
esclarecidas em trabalhosas consultas a gramáticas e tratados destinados a um estudo
coordenado e seguido.
______. Manual de expressão oral & escrita. 19a. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. 164 p.
Com exposição clara e didática, o autor trata de temas fundamentais à expressão oral
e escrita, passando pela descrição das diferentes funções da elocução, comentando o
planejamento da redação e abordando vários aspectos gramaticais necessários para o
exercício da linguagem verbal.
HRYNIEWICZ, Severo. Filosofia da linguagem. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1999. 136 p.
Neste livro, o autor nos fala da linguagem como estrutura fundante do pensamento,
em geral, e da vida social, em particular. O trabalho apresenta alguns temas introdutórios
à filosofia da linguagem, passando pela análise da posição da filosofia da linguagem no
contexto filosófico, até a abordagem dos grandes temas dessa disciplina – a origem da
linguagem, suas funções, suas relações com a lógica e a verdade, com a existência
individual e com a vida social.
KATO, Mary. O aprendizado da leitura. 5a. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. (Texto e Linguagem)
144 p.
Baseando-se na idéia de que o interesse pela leitura é recente e foi desenvolvido a
partir da preocupação com a leitura instrumental em língua estrangeira, a autora analisa
as causas das dificuldades de leitura de nossos alunos universitários, refletindo sobre
os processos de leitura, desde sua aquisição.
KOCH, Ingedore Villaça. Argumentação e linguagem. 7a. ed. São Paulo: Cortez, 2002. 240 p.
Nesta obra, a autora apresenta um estudo pioneiro sobre argumentatividade em Língua
Portuguesa. Com amplidão de embasamento teórico, as análises realizadas, mediante
o exame das categorias propostas, possibilitam ao leitor um treinamento prático de
decodificação de textos argumentativos.
13
ABERTURA
Estratégias de Construção Textual
_______. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002. 168 p.
Este livro apresenta algumas das reflexões que vêm constituindo, nos últimos anos, o
foco da atenção dos pesquisadores na área de Lingüística Textual – as questões relativas
à construção textual dos sentidos, quer em se tratando de produção como de
compreensão de textos.
______. A inter-ação pela linguagem: linguagem e sociedade, a construção interativa dos sentidos
no texto, estratégias dos “jogos de linguagem”. 6a. ed. São Paulo: Contexto, 2001. (Repensando a
Língua Portuguesa) 115 p.
Nesta obra, utilizando como exemplos seqüências textuais ou textos inteiros, a autora
nos fala da capacidade do ser humano de interagir socialmente por meio de uma
língua, das mais diversas formas e com os mais diferentes resultados, a partir da análise
das estratégias colocadas em ação nos jogos de linguagem.
______. O texto e a construção dos sentidos. 5a. ed. São Paulo: Contexto, 2001. (Caminhos da
Lingüística) 124 p.
A autora nos apresenta uma obra em que estuda as atividades discursivas e suas
marcas na materialidade lingüística.Trata ainda das questões gerais relativas à produção
do sentido comum às modalidades escrita e falada da língua, detendo-se no estudo da
construção dos sentidos no texto falado.
NAVEGAÇÃO
O Moodle é um sistema de aprendizado baseado na web, criado para atividades individuais, em
equipe ou orientadas por um Professor-Tutor. Todo o trabalho on-line é feito por meio de um
browser.
A maioria das atividades é inserida na área de estudos. Desta seção, você poderá se dirigir a
outras seções, tais como a sala de aula – para interagir com seu Professor-Tutor – ou a biblioteca
virtual – para ler ou consultar um material.
Para acessar o material didático de auto-estudo, clique no botão
. A seguir, clique no material
que lhe interessa para exibir seu conteúdo programático na janela à direita. Nesta seção, você
acessará o conteúdo teórico disponibilizado e as atividades propostas. Para acessar a biblioteca
virtual, clique em
, na barra de ferramentas.
Para acessar, adequadamente, este material, você deverá observar a seqüência em que as seções
foram organizadas. Para isso, fique atento, ao final de cada seção, às seguintes possibilidades de
navegação...
§ navegação a partir dos botões específicos da disciplina, localizados na barra de
ferramentas, na base das telas;
§ navegação a partir da função back/retorna do browser.
14
Estratégias de Construção Textual
ABERTURA
Para acompanhar a seqüência de telas, em qualquer seção, é suficiente clicar no botão
,
localizado na base de cada tela.
Por meio dos botões que aparecem na barra inferior de tarefas, você poderá se locomover,
livremente, revendo textos, exercícios...
Ao final de algumas seções, indicamos alguns materiais que complementam o conteúdo que
está sendo trabalhado.
Clique no ícone para acessar as informações disponibilizadas. Algumas palavras aparecem
marcadas na tela. Clique nelas para ter acesso a mais informações sobre seu conteúdo. Ao terminar
qualquer consulta a esses materiais complementares, clique em back/retorna, na barra superior
de ferramentas do browser.
PROFESSORAS-AUTORAS
Elisabeth Silveira é a Coordenadora Pedagógica do FGV Online.
Doutora em Lingüística e Mestre em Língua Portuguesa, antes de
ingressar nos quadros da FGV, aposentou-se como Professora Titular da
área de ensino-aprendizagem da Faculdade de Educação da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro.
Na UERJ, além de Prática de Ensino de Língua Portuguesa, ministrou
diferentes disciplinas relacionadas à linguagem, e ao ensino nos cursos de Licenciatura em Letras
e no Mestrado em Educação. Como pesquisadora do CNPq, desenvolveu pesquisas na área de
estruturação de informações no discurso, produzindo e divulgando seus trabalhos em diferentes
congressos, e seus artigos, em revistas científicas.
Mary Kimiko Guimarães Murashima é a Coordenadora dos Cursos
de Pós-Graduação e Graduação do FGV Online. É Doutora em Letras e
Mestre em Literatura Brasileira pela PUC-RJ. Atua como Professora
Adjunta da Graduação e da Pós-Graduação do Instituto de Letras da
UERJ, onde leciona Latim, Literatura Latina e Prática de Ensino.
Integra a banca de provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias,
além de Língua Portuguesa Instrumental com Redação, do Vestibular da UERJ. É autora de
Memorabilia – Curso de Latim; Leitura e produção textual; Elaboração de trabalhos de conclusão
de curso e de vários artigos sobre EAD, linguagem, cultura clássica, literatura e teoria literária,
publicados em revistas especializadas.
15
ABERTURA
Estratégias de Construção Textual
EQUIPE DE PRODUÇÃO
Elisabeth Silveira – Professora-Autora
Mary Kimiko Guimarães Murashima – Professora-Autora
Coordenação
Prof. Stavros Panagiotis Xanthopoylos – Diretor Geral
Profª. Elisabeth Silveira – Coordenadora Pedagógica
Profª. Mary Murashima – Coordenadora da Área de Produção
Andréa Rabello – Coordenadora Adjunta da Área de Produção
Profª. Maristela Rivera – Coordenadora da Área de Recursos
Sandro Bonadia – Coordenador Adjunto da Área de Recursos
Profª. Claudia Capello – Coordenadora de Tutoria e Turmas
Profª. Marta Costa Rego – Coordenadora Adjunta de Tutoria e Turmas
Aloysio Bezerra – Coordenador de Operações
João Carlos Freitas – Coordenador de Tecnologia
Profª. Sophia Pimenta – Coordenadora de E-Learning
Felipe Spinelli – Coordenador de Marketing
Prof. Beethoven Barreto Alvarez – Coordenador de Integração
Operações
Ângela Campos – Suporte Operacional
Gustavo Silva Villela – Suporte Operacional
Rita Filippo – Suporte Operacional
Produção
Adriana Corrêa – Designer Gráfico
Alessandra Maia – Instructional Designer Trainee
Carlos Gonçalves – Supervisor de Design
Carolina Mendonça – Supervisora de Instructional Design
Daiane de Oliveira Silva – Instructional Designer Trainee
Fábio Baptista de Oliveira – Instructional Designer Trainee
Felipe Acioli – Supervisor de Vídeo
Felippe Esteves – Diagramador
Flávia Lourenço – Instructional Designer Trainee
Jaime Dias e Silva – Instructional Designer Trainee
Juliana Serpes – Designer Gráfico
Maria Clara Antonio Jeronimo – Instructional Designer Trainee
16
ABERTURA
Estratégias de Construção Textual
Maria Clara Pontes – Instructional Designer Trainee
Marina Morani – Supervisora de Biblioteca
Miguel Gonçalves Castilho de Azevedo – Instructional Designer Trainee
Orebe Quaresma – Instructional Designer Trainee
Patricia Simões Rosa – Supervisora de Atividades
Renata Pontes – Instructional Designer Trainee
Renata Vasques – Instructional Designer Jr.
Rodrigo Padua – Supervisor de Animação
Tatiana Bernacci Sanchez – Supervisora de Diagramação
Tatiany Pessoa – Instructional Designer Jr.
SUPORTE
Caso você tenha qualquer dúvida sobre questões administrativas ou financeiras, em relação a
pagamento, trancamento, emissão de boleto, etc., entre em contato com a Secretaria Acadêmica
dos cursos do FGV Online pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (21) 2197-5100...
Caso sua dúvida seja sobre a utilização do programa, clique no ícone
, na barra de ferramentas.
Nesse momento, será aberta uma janela de ajuda com vários itens. Selecione aquele a que se
refere sua questão. Caso não consiga esclarecê-la, entre em contato com o suporte técnico do
FGV Online, pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (21) 2197-5050...
§ de segunda a sexta-feira, das 9h às 22h30min;
§ aos sábados e aos domingos, das 9h às 18h.
Lembre-se...
Estamos aqui, no FGV Online, prontos para ajudá-lo a realizar bem este trabalho!
Bom trabalho...
TOUR PELA DISCIPLINA
FERRAMENTA
O Moodle é um sistema de aprendizado baseado na web. Todo o trabalho on-line é
feito por meio de um browser.
A maioria das atividades é inserida na área de estudos. Além desta seção, você encontrará outras,
tais como a sala de aula – para realizar um trabalho com seus colegas de equipe – ou a biblioteca
virtual – para ler ou consultar um material.
Para exibir as disciplinas nas quais você já está inscrito, clique no botão
.
17
ABERTURA
Estratégias de Construção Textual
PROGRAMAS E PLUGINS
Para que você possa usufruir de todos os recursos aqui disponibilizados, é necessário que você
tenha instalados, em seu micro, alguns programas e plugins. São eles...
§ Zip Central – programa necessário à descompactação dos arquivos em Word;
§ Adobe Acrobat Reader – programa que possibilita a visualização dos arquivos criados
pelo Adobe Acrobat;
§ Flash Player – plugin que possibilita a visualização das animações criadas em Flash;
§ Windows Media Player – programa que permite a reprodução de aúdios e vídeos.
ÁREA DE ESTUDOS
Na
área de estudos, você terá acesso ao conteúdo e às atividades da disciplina.
Esse conteúdo está estruturado em módulos, que, por sua vez, subdividem-se em
unidades.
No início de cada módulo, são apresentados os tópicos que o constituirão. Ao terminar cada
unidade, você encontrará uma síntese do conteúdo apresentado.
Ao final do módulo, podemos acessar uma unidade de cenários culturais – com sugestões de
vídeo, obra-de-arte e texto literário – relacionados ao conteúdo tratado no módulo.
Ao final de cada módulo, são ainda apresentadas questões objetivas gabaritadas, automaticamente
corrigidas. Por meio delas, você poderá verificar o quanto apreendeu do conteúdo disponibilizado
no módulo.
SALA DE AULA
A
sala de aula é um espaço interativo assíncrono, isto é, os participantes da
turma não precisam estar reunidos, em um mesmo horário, para interagir ou
disponibilizar informações. É, justamente na sala de aula, que você poderá trocar e
interagir – particularmente ou não – com seu Professor-Tutor, com nosso suporte
técnico e com os outros participantes.
Na sala de aula, você encontrará duas diferentes áreas de discussões, desencadeadas pelas
mensagens trocadas pelos participantes – discussões gerais e discussões particulares.
DISCUSSÕES GERAIS
Como o próprio nome indica, discussões gerais são atividades relacionadas a debates, trocas de
informações, atendimentos do Professor-Tutor...
Nessa área, você poderá enviar mensagens abertas a todos os participantes e também poderá
receber mensagens de todos eles – o que inclui o Professor-Tutor.
18
ABERTURA
Estratégias de Construção Textual
PARTICIPAÇÃO EM DISCUSSÕES GERAIS
Para participar de uma discussão...
§ vá à
sala de aula e selecione <discussões gerais>;
§ selecione, nessa área, a discussão da qual você deseja participar – um envelope de
cor cinza claro
indica as mensagens que já foram lidas; um envelope cinza
, as que ainda não foram abertas por você;
escuro
§ leia a primeira mensagem da discussão e os comentários relacionados a ela;
§ para comentar qualquer uma das mensagens vinculadas à discussão escolhida por
<novo comentário>, à direita da tela;
você, clique em
§ na área <novo comentário>, abaixo das mensagens já postadas nesta discussão,
anexe seus comentários clicando no ícone
<adicionar anexo>, disponível na
tela;
§ se preferir, digite seu comentário. Para isso, você ainda terá a opção de selecionar
a fonte, o tamanho e a cor de seu texto;
§ se seu comentário se referir a uma mensagem específica, você poderá resgatá-la
clicando no ícone
<citar>, à direita dessa mensagem. Automaticamente,
em sua tela de novo comentário, a mensagem selecionada será resgatada e você
poderá comentá-la;
– cuja
§ à esquerda da tela, você encontrará diferentes opções de Emoticons
utilização, contudo, não é obrigatória – para personalizar seu texto;
§ a qualquer momento da edição de seu texto, você poderá <pré-visualizar> a
forma de exibição da mensagem ou ainda <limpar tudo> o que escreveu;
§ você poderá optar ainda por acrescentar sua assinatura à mensagem e ser avisado
por e-mail quando sua mensagem for respondida, selecionando respectivamente:
<mostrar assinatura> e <notificar-me por e-mail quando responderem>;
§ salve a mensagem.
Se julgar necessário, depois de salvar a mensagem, você poderá reeditá-la, bastando, para isso,
selecionar o ícone
<editar>, logo abaixo dela. Caso sua mensagem ainda não tenha
sido lida por outro participante da discussão, você também poderá apagá-la ou movê-la para outra
área.
Você encontrará também, ao final de cada mensagem, a opção
<procurar> para
localizar outras mensagens do autor daquele texto.
Ao final da página de cada discussão, você encontrará ainda o link
para impressão> das mensagens listadas.
para acessar uma <versão
19
ABERTURA
Estratégias de Construção Textual
CRIAÇÃO DE DISCUSSÕES GERAIS
Para abrir uma discussão...
§ vá à
§ clique em
sala de aula e selecione <discussões gerais>;
<nova discussão>, à direita da tela;
§ digite, no campo <assunto>, o tópico da sua discussão;
§ na área <mensagem>, anexe seu texto, clicando no ícone
<adicionar anexo>,
disponível na tela;
§ se preferir, digite sua mensagem. Para isso, você ainda terá a opção de selecionar a
fonte, o tamanho e a cor de seu texto;
§ à esquerda da tela, você encontrará diferentes opções de Emoticons
– cuja
utilização, contudo, não é obrigatória – para personalizar seu texto;
§ a qualquer momento da edição de seu texto, você poderá <pré-visualizar> a
forma de exibição da mensagem ou ainda <limpar tudo> o que escreveu;
§ você poderá optar ainda por acrescentar sua assinatura à mensagem e ser avisado
por e-mail quando sua mensagem for respondida, selecionando, respectivamente:
<mostrar assinatura> e <notificar-me por e-mail quando responderem>;
§ salve a mensagem.
DISCUSSÕES PARTICULARES
Na sua área de discussões particulares, você encontrará...
§
caixa de entrada – onde todas as mensagens particulares
recebidas são guardadas e onde você poderá vê-las e apagá-las. Ela funciona como
se fosse sua caixa de e-mail;
§
caixa de saída – onde todas as mensagens particulares enviadas
são guardadas e onde você poderá vê-las e apagá-las. Uma mensagem particular
permanecerá acessível até que você a apague;
§
nova mensagem particular – aqui você poderá compor as
suas mensagens particulares e enviá-las aos outros membros da turma.
Se você recebeu uma mensagem particular e ainda não a abriu, ao entrar na sala de aula,
automaticamente o programa lhe enviará um aviso sobre a nova mensagem. Quando isso ocorrer,
você entrará diretamente na área de discussões particulares.
20
Estratégias de Construção Textual
ABERTURA
ACESSO ÀS DISCUSSÕES PARTICULARES
A qualquer momento, você poderá acessar sua área de discussões particulares, clicando no
ícone
, acima da tela.
Para ler suas mensagens particulares...
<caixa de entrada> e selecione a mensagem.
§ clique no ícone
Um envelope de cor cinza clara
indica as mensagens que já foram lidas; um
envelope cinza escuro
, as que ainda não foram abertas por você;
§ ao lado do assunto da mensagem, você encontrará a indicação do autor da
mensagem e da data de seu envio;
§ para apagar mensagens recebidas, selecione-as na última coluna da tela e clique
em <excluir>.
CRIAÇÃO DE DISCUSSÕES PARTICULARES
Para enviar mensagens particulares...
§ clique no ícone
<nova mensagem>;
§ no campo <para>, selecione o destinatário de sua mensagem. Caso você esteja
enviando uma atividade individual, selecione o Professor-Tutor;
§ você também poderá iniciar uma nova mensagem particular, quando na área
discussões gerais. Para isso, clique em
<lista de usuários>, no alto da página.
Selecione seu destinatário e, na janela aberta do perfil desse usuário, clique no
ícone
<MP>, de mensagem privada;
§ no campo <assunto>, selecione <discussões gerais> e preencha o campo ao
lado com o título da discussão;
§ na área <mensagem>, anexe seu texto clicando no ícone
§
§
§
§
§
<adicionar
anexo>, disponível na tela;
se preferir, digite sua mensagem. Para isso, você ainda terá a opção de selecionar a
fonte, o tamanho e a cor de seu texto;
à esquerda da tela, você encontrará diferentes opções de Emoticons
– cuja
utilização, contudo, não é obrigatória – para personalizar seu texto;
a qualquer momento da edição de seu texto, você poderá <pré-visualizar> a
forma de exibição da mensagem ou ainda <limpar tudo> o que escreveu;
você poderá optar ainda por ser avisado quando sua mensagem for lida,
selecionando <notificar-me quando a mensagem for lida>;
salve a mensagem.
21
ABERTURA
Estratégias de Construção Textual
OUTROS RECURSOS DA SALA DE AULA
Na
sala de aula, você encontrará ainda ícones para acessar as seguintes áreas...
editar perfil: nesta área, ficam registrados tanto os dados pessoais do aluno,
quanto os do Professor-Tutor e os do suporte técnico. Cabe a cada um dos participantes
lá providenciar o registro de seus dados pessoais. Dessa forma, poderemos saber quem
é o Professor-Tutor e nossa equipe de suporte, e ainda como são nossos colegas.
lista de usuários: nesta área, você poderá visualizar o login de todos os
participantes.
procurar na sala de aula: aqui você terá acesso a um índice de busca inteligente
por mensagens da sua sala de aula, seja por assunto, mensagem, data, autor. Esse
ícone pode ser acessado de diferentes entradas de sua sala de aula.
ajuda: aqui você terá acesso às dúvidas mais freqüentes sobre o funcionamento
de sua sala de aula e ainda a como resolvê-los rapidamente.
votação: em vários momentos, temos necessidade de conhecer a
opinião de nossos colegas sobre um determinado assunto. Nesses momentos, nada
melhor do que iniciarmos uma votação para que possamos decidir, democraticamente,
sobre o que fazer a partir da opinião da maioria.
A qualquer momento, você poderá abrir uma votação na sala de aula para discutir
qualquer questão com seus colegas.
CRIAÇÃO DE UMA VOTAÇÃO
Para abrir uma votação...
§ vá à
§ selecione
sala de aula e selecione a área de <discussões gerais>;
<nova votação>, à direita da tela;
§ digite, no campo <assunto>, o tópico de sua votação;
§ especifique, no campo <questão>, a premissa a partir da qual serão apresentadas
diferentes opções de escolha;
§ nos campos numerados de <escolha>, você deverá digitar cada uma das opções
dessa votação;
§ defina se as pessoas poderão votar mais de uma vez, assinalando a opção <permitir
múltiplos votos nesta votação>;
22
Estratégias de Construção Textual
ABERTURA
§ na área <novo comentário>, anexe seus comentários sobre a votação aberta
<adicionar anexo>, disponível na tela;
clicando no ícone
§ se preferir, digite seus comentários. Para isso, você ainda terá a opção de selecionar
a fonte, o tamanho e a cor de seu texto;
§ à esquerda da tela, você encontrará diferentes opções de Emoticons
– cuja
utilização, contudo, não é obrigatória – para personalizar seu texto;
§ a qualquer momento da edição de seu texto, você poderá <pré-visualizar> a
forma de exibição da mensagem ou ainda <limpar tudo> o que escreveu;
§ salve a mensagem.
Se julgar necessário, depois de salvar a mensagem, você poderá reeditá-la, bastando, para isso,
selecionar o ícone
<editar>, logo abaixo dela.
Lembre-se, você só poderá votar uma única vez.
PARTICIPAÇÃO EM UMA VOTAÇÃO
Para participar de uma votação aberta pelo Professor-Tutor ou por qualquer outro participante...
§ vá à
§
§
§
§
sala de aula e selecione a área <discussões gerais>;
selecione a entrada para a votação;
registre seu voto em <votar>, na primeira coluna da tela de votação;
clique em <confirmar voto> para salvar a opção escolhida por você;
na área <novo comentário>, abaixo de cada sugestão, anexe a sua justificativa de
voto clicando no ícone
<adicionar anexo>, disponível na tela;
§ se preferir, digite sua justificativa. Para isso, você ainda terá a opção de selecionar a
fonte, o tamanho e a cor de seu texto;
§ à esquerda da tela, você encontrará diferentes opções de Emoticons
– cuja
utilização, contudo, não é obrigatória – para personalizar seu texto;
§ a qualquer momento da edição de seu texto, você poderá <pré-visualizar> a
forma de exibição da mensagem ou ainda <limpar tudo> o que escreveu;
§ salve a mensagem.
BIBLIOTECA VIRTUAL
biblioteca virtual, ficarão a sua disposição...
Em nossa
§ sínteses biográficas das pessoas que foram citadas nos textos da
§
§
§
§
§
área de
estudos;
textos de diferentes tipos que complementam o conteúdo da disciplina;
sugestões de sites para pesquisa/busca de informação;
verbetes, com definição dos termos técnicos;
casos diversos;
sugestões de vídeos, com ficha técnica de produção, sinopse e comentários;
23
ABERTURA
Estratégias de Construção Textual
§ modelos de diferentes tipos de material, pertinente aos assuntos tratados na
disciplina;
§ animações diversas sobre a navegação no ambiente on-line;
§ procedimentos para a realização de diferentes atividades.
Todo material da biblioteca virtual está vinculado aos textos da área de estudos, ou seja, ao clicar
em um dos links, você acessará, imediatamente, esse material.
Contudo, você também poderá consultar o material disponível na biblioteca virtual,
independentemente da área de estudos. Lá você terá acesso, inclusive, ao material de apoio a
muitos outros cursos do FGV Online.
ACESSO AOS MATERIAIS
Para acessar os materiais da biblioteca virtual...
§ vá à
biblioteca virtual;
§ selecione o tipo de busca <por título>, <por autor> ou <por palavra-chave>;
§ para visualizar todo o material da pesquisa realizada, clique em <páginas de
resultados> na base da tela;
§ selecione o material desejado;
§ para refinar sua pesquisa, você pode digitar uma palavra na caixa de diálogo abaixo;
§ selecione então o tipo de material a ser pesquisado ou em que cursos;
§ clique em <buscar>;
§ clique no material selecionado para abri-lo;
§ no caso dos textos, você tem a ainda a opção de acessá-los como .doc, o que lhe
permite copiá-lo para seu computador.
PREENCHIMENTO DO QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO
Para preencher um questionário de avaliação ao término da disciplina...
§ vá à
sala de aula;
§ localize a entrada para o questionário de avaliação, na área de <discussões gerais>,
abaixo das discussões listadas. O questionário pode ser identificado pelo ícone
.
Digite seu nome e seu curso, caso ele não esteja preenchido. Responda às questões e, ao fim da
página, clique no botão <enviar>.
24
MÓDULO 1
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 1 – ATO COMUNICATIVO
APRESENTANDO O MÓDULO
Neste módulo, avaliaremos a importância da linguagem como garantia de nossa capacidade de
comunicação, ou seja, de compartilhar sentidos no dia-a-dia como agentes sociais. Analisaremos
ainda os elementos que condicionam os processos de produção de recepção de textos bem
como a eficácia dos processos de comunicação.
Para compreendermos como se dá o compartilhamento de sentidos entre nós e nossos
interlocutores, discutiremos também a natureza do conhecimento e das informações que são
arquivadas em nossa memória.Trabalharemos ainda as noções de variedade e unidade lingüística
bem como as implicações entre língua e gramática.
Por fim, apresentaremos as causas mais comuns da ineficácia dos processos de comunicação.
ABERTURA
Antes de começarmos, que tal vermos cenas de alguns filmes?
CONTEXTUALIZAÇÃO
Assista, no ambente on-line, as cenas dos seguintes filmes, que contam a história da humanidade
a caminho da fala e da escrita...
A guerra do fogo
A lenda de tarzan
Alexandre
O nome da rosa
2001: uma odisséia no espaço
O limite do meu mundo é o limite da minha linguagem.
Wittgenstein
OBJETIVOS
Neste módulo, vamos tentar aperfeiçoar nossa compreensão sobre...
...como se processa a comunicação...
...as escolhas que temos de fazer quando utilizamos a língua...
...a heterogeneidade lingüística...
...as diferenças entre a fala e a escrita.
Vamos começar?
25
MÓDULO 1
Estratégias de Construção Textual
UNIDADE 1 – LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO
A partir de 6.000 a.C...
Ainda não se sabe ao certo, mas se estima que a primeira escrita tenha aparecido na região entre
os rios Tigres e Eufrates, na Mesopotâmia, local onde surgiram as primeiras civilizações urbanas.
A primeira forma de escrita surgiu para suprir a falta de um sistema de controle contábil –
reservado aos escribas, que ocupavam importantes cargos sacerdotais.
A escrita era feita em tábuas de argila. Para escrever, eram utilizados objetos feitos de metal, osso
e marfim – largos e pontiagudos em uma das extremidades, e planos na outra.
A partir de 3.600 a.C...
Os sumérios desenvolveram ideogramas e sinais fonéticos. Os sinais fonéticos eram utilizados
para expressar as idéias, e os ideogramas, os objetos. Contudo, dessa forma, os sumérios não
chegaram a criar um alfabeto.
Devido à dificuldade de se trabalhar com argila fresca e pela própria evolução da escrita, esses
sinais tornaram-se mais estilizados e as tábuas de argila assumiram o formato de cunhas – daí a
expressão escrita cuneiforme.
Outros povos do Oriente – persas, assírios e babilônios – também adotaram essa forma de escrita.
3.300 a.C...
As primeiras peças escritas datam de 3.300 a.C. e foram encontradas na cidade de Uruk, na
Mesopotâmia. Nas placas de argila, figuravam imagens de objetos e sinais abstratos, interpretados
como números.
Entre 3.000 e 1.000 a.C...
As primeiras escritas foram, gradativamente, adaptando-se a outras línguas – suméria, acádia,
hitita e persa. Dessa forma, a escrita cuneiforme estendeu-se até o sul da Palestina e o norte da
Armênia.
Egito...
O Egito era considerado o berço da escrita. Entretanto, hoje sabemos que a escrita suméria é
anterior à escrita egípcia.
O sistema de escrita egípcio, estruturado em ideogramas, foi denominado pelos gregos de
hieroglífico – em grego, hierós significa sagrado, e glyphikós, sinais – por serem utilizados,
fundamentalmente, sobre o tecido que envolvia as múmias, e em objetos e ritos funerários.
Como, na escrita hieroglífica, muita atenção era dada à estética do conjunto, sua elaboração era
muito lenta. Dessa forma, fez-se necessária uma escrita mais prática e rápida.
26
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 1
A escrita hieroglífica perdeu, ao longo do tempo, seu caráter ideográfico. Embora preservasse os
princípios básicos da escrita, foi denominada pelos gregos hierática, por ter sido empregada
apenas em textos religiosos.
Além dos hieróglifos e da escrita hierática, teve origem, também no Egito, a escrita demótica – a
escrita do povo.
Os mais diversos materiais eram aproveitados pelos egípcios para a fixação de seus escritos.
Entretanto, para obras mais luxuosas, empregava-se um material mais nobre – o papiro.
Foram os egípcios que introduziram, no mundo clássico, a forma material do livro, o uso do papiro
no formato de rolo, o emprego da tinta e as ilustrações como complemento explicativo do texto.
Fonte
Adaptado de: SILVA FILHO, José Tavares da. De Ebla na Mesopotâmia à virtualidade: uma trajetória
para a preservação da imagem do mundo. In: CICLO DE ESTUDOS EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 6.,
1998, Rio de Janeiro. Da evolução da escrita ao livro.
Disponível em: http://www.forum.ufrj.br/biblioteca/escrita.html. Acesso em: 11 abr. 2006.
1.1 CONATURALIDADE
Mesmo quando não proferimos uma palavra sequer, estamos fazendo uso da linguagem.
Quando falamos, quando lemos, quando escutamos, seja no trabalho... no ócio... na vigília ou no
sono, estamos fazendo uso da linguagem.
Por ser conatural* ao homem, a linguagem não é apenas mais uma dentre as muitas capacidades
humanas.
*Por ser conatural...
A linguagem é uma habilidade comum a todos os homens.
A linguagem é a única responsável por nos tornarmos aquilo que verdadeiramente somos como
homens.
1.2 JOGO DA LINGUAGEM
O peão só pode ser movido para frente e no sentido vertical.
O bispo só pode ser movido na diagonal.
O rei só pode ser movido uma casa por lance.
Xeque-mate!
Da mesma forma que o xadrez, a linguagem é um jogo...
Quando fazemos uso da linguagem, condicionamo-nos a uma série de regras previamente
determinadas.
São essas regras que garantem a realização do processo* de comunicação*.
27
MÓDULO 1
Estratégias de Construção Textual
*Processo...
Concatenação ou sucessão de fenômenos, de estados ou de mudanças.
*Comunicação...
Etimologicamente, comunicação significa tornar comum, trocar opiniões, fazer
saber.
Implica participação, interação, troca de mensagens.
1.3 PODER DA PALAVRA
Comunicar, contudo, não é apenas veicular informações.
Comunicamo-nos para nos fazer conhecidos...
Comunicamo-nos para exercermos poder...
Comunicamo-nos para sermos respeitados...
O poder da palavra – que se concentra em nossos atos de linguagem* – concretiza nossa autoridade.
*Atos de linguagem...
Um ato comunicativo – processo intermediado pela interação e pela construção
de sentidos – compreende desde a intenção que expressamos até a resposta
dada por nosso interlocutor.
Uma conversa casual... uma carta... são atos comunicativos, por meio dos quais
perguntamos, afirmamos, prometemos, solicitamos, convidamos...
Dessa forma, os atos comunicativos também podem ser entendidos como atos
de fala, atos de discurso ou ainda atos de linguagem.
Ninguém...
Nenhuma instituição...
Nada sobrevive sem comunicação.
1.4 NEGOCIAÇÃO E COMPREENSÃO
Quando falamos ou ouvimos, quando lemos ou escrevemos, muito mais do que decifrar
e transcrever signos lingüísticos, construímos sentidos.
Sentidos são construídos... sentidos são compartilhados no processo comunicativo.
A comunicação é um processo por meio do qual os sentidos são compartilhados* entre agentes
sociais.
28
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 1
Compartilhamos sentidos a partir do conhecimento que adquirimos
acerca do mundo, ao longo de nossa história de vida.
E esse processo difere, substancialmente, daquele que situa a nós e a nosso interlocutor como
sujeitos que trocam – de forma isolada e solitária – mensagens ao longo de um canal de
comunicação.
Dessa forma, por construir sentidos, o processo de comunicação envolve controle, negociação e
compreensão.
1.4.1 INTENÇÕES COMUNICATIVAS
A relação entre como falamos ou escrevemos e o que, realmente, falamos ou escrevemos reflete
nossa intenção comunicativa*.
*Intenção comunicativa...
É o significado que o falante ou escritor deseja transmitir em seu ato comunicativo.
E essa intenção nada mais é que...
sentir necessidade de expressar alguma coisa – motivação;
ter um objetivo – finalidade;
selecionar a forma mais adequada para fazer o que desejamos – realização.
1.5 EFICÁCIA COMUNICATIVA
Mais ainda... O sucesso de nossas relações de trabalho, de nossas relações afetivas e familiares
depende, essencialmente, da eficácia de nossa comunicação.
E essa eficácia depende...
da organização de nossas idéias;
de nossa habilidade de utilizar a língua;
de nossa disposição para nos fazer entender
de nossa espontaneidade ao falar ou escrever.
1.5.1 PROCESSO DE INTERAÇÃO
Entretanto, não sabemos ao certo como se processa o fluxo de informações entre o texto que
produzimos – seja ele oral ou escrito – e nosso interlocutor*.
*Interlocutor...
As definições de interlocutor, receptor ou destinatário, e ainda a de leitor variam
de acordo com as diferentes concepções de sujeito da linguagem.
Destacaremos aqui três delas...
sujeitos psicológicos – relacionada à concepção de língua como
representação do pensamento. O sujeito, neste caso, é visto como
o dono de suas vontades, de suas ações e de seu dizer;
29
MÓDULO 1
Estratégias de Construção Textual
sujeitos determinados pelo sistema – aliada à noção de língua como
estrutura. O sujeito, neste caso, é visto apenas como o lugar por
onde o discurso, oriundo das estruturas lingüísticas, instaura-se;
sujeitos ativos – relativa à visão de língua como lugar de interação.
O sujeito, neste caso, participa ativamente da construção de imagens
e de representações, sem as quais não haveria comunicação.
Sabemos, porém, que, ao nos ouvir e ao ler o que escrevemos, nosso interlocutor transporta para
nossa fala e para nossa escrita o conhecimento que ele possui sobre o assunto de que estamos
tratando.
Ou seja, o sentido de um texto não está no texto nem na mente de nosso interlocutor.
O sentido se concretiza por meio do processo de interação que se dá entre nós e nosso
interlocutor por meio do texto.
1.5.2 EFICÁCIA DA RECEPÇÃO
Da parte de nosso interlocutor, alguns fatores também são decisivos para o sucesso do ato
comunicativo*...
experiência suficiente para compreender nossa intenção comunicativa;
habilidade no uso da língua;
imaginação para romper a assimetria de conhecimentos*;
atenção para não se dispersar.
*Ato comunicativo...
Os atos comunicativos vão desde a intenção expressa por nós até a resposta de
nosso interlocutor, intermediada pela interação e pela construção de sentidos.
*Assimetria de conhecimentos...
Em função de nossas histórias de vida, de nossas experiências pessoais, cada
um de nós dispõe de conhecimentos próprios. Nesse sentido, não existem
pessoas com conhecimentos simétricos.
Contudo, não é sempre assim que o ato comunicativo acontece. Problemas de
comunicação não são raros...
1.5.3 EFICÁCIA DA EMISSÃO
Embora seja por meio da comunicação que procuramos compreender e nos fazer compreendidos,
ninguém é obrigado a adivinhar quais são nossas intenções. Muitas vezes, temos certeza de que
fomos claros. E não nos preocupamos com o que nosso interlocutor apreendeu – de fato –
daquilo que lhe comunicamos.
1.6 COMPARTILHAMENTO DE SENTIDOS
Comunicar significa interagir... compartilhar sentidos comuns para obter as respostas que
desejamos do outro.
30
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 1
Ausência de respostas – ou respostas que não esperávamos – significa que nossa comunicação
não foi eficaz, ou seja, que não conseguimos compartilhar, com nosso interlocutor, os sentidos
que construímos em nosso texto.
1.6.1 ADEQUAÇÃO AO CONTEXTO SOCIAL
A eficácia de um processo comunicativo depende da adequação de nossa fala e de
nossa escrita ao contexto social em que elas se inserem.
Essa adequação requer que estejamos conscientes de que a eficácia de nossa comunicação
depende dos papéis sociais que desempenhamos. Esses papéis são distintos já que são marcas do
ser social que somos – marcas de classe, gênero, escolaridade...
Marcas que delimitam o espaço que ocupamos nas relações de poder com as quais nos defrontamos
nos processos comunicativos.
Produzir textos adequadamente – sejam falados ou escritos – implica ter
clareza de nossos papéis sociais. Conseqüentemente, implica a consciência das
relações de poder embutidas em um texto.
1.6.2 CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS
Vivemos em um tempo em que a tecnologia diminui distâncias e o poder estabelece novas
moedas de troca – o domínio da informação.
Receber, selecionar, processar, deter, transmitir informações são ações que passaram a ser somadas
ao valor de nossas experiências e de nossos conhecimentos.
É na construção de sentidos que dominamos a informação. Logo, não
basta que nossos interlocutores decodifiquem os sinais que lhes enviamos...
1.6.3 PAPEL DOS INTERLOCUTORES
Ao construir sentidos, devemos assegurar a nossos interlocutores as condições necessárias para
que eles possam reconhecer nossa intenção comunicativa.
Por outro lado, cabe a nosso interlocutor estabelecer relações de modo a compartilhar os sentidos,
com os quais modelamos nosso texto.
31
MÓDULO 1
Estratégias de Construção Textual
1.6.4 PAPEL DO CONHECIMENTO
Para compartilhar sentidos, precisamos conhecer. É na memória que registramos o conhecimento
que adquirimos ao longo de nossa história de vida.
Para registrar informações na memória, três elementos são fundamentais...
...concentração*, observação e atenção*.
*Concentração...
É a manutenção do foco em um único assunto.
Vários estímulos ambientais contribuem para a perda da concentração.
Quanto mais neutro o ambiente, maior será a possibilidade de mantermos o
foco sobre aquilo que desejamos apreender.
*Observação e atenção...
Podemos estar atentos a um determinado ambiente, sem observarmos todos
os detalhes a nossa volta.
Desenvolver essas três habilidades, conseqüentemente, significa desenvolver nossa
memória.
Desenvolver a memória implica melhor desempenho no processo comunicativo.
Mais ainda... Como o conhecimento advém de nossa história de vida, ele é próprio de
cada um de nós. É individual. Logo, os conhecimentos que são veiculados em um
processo de comunicação são assimétricos.
É justamente essa assimetria que configura as relações de poder que impactam,
negativamente, os processos de interação e troca, próprios da comunicação.
1.6.5 RELAÇÕES DE PODER
Identificar relações de poder é determinante da compreensão de como os sentidos são
compartilhados entre nós e nossos interlocutores.
Somente dessa forma nos tornamos capazes de transformar a comunicação em um legítimo
processo de troca de conhecimentos e interação.
A troca de conhecimentos – ou seja, uma troca de sentidos – concretiza-se por meio dos códigos*.
Onde existe conhecimento, existe poder.
*Código...
O código é a língua, é o que permite a compreensão do discurso, a expressão
de idéias, do pensamento.
32
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 1
Não se trata de falar do poder, como se ele fosse único. Da mesma forma que as
diferenças individuais, o poder é plural... E o poder se encontra em toda parte,
inclusive na comunicação.
1.6.6 PAPEL DOS CÓDIGOS
Embora a língua* seja o principal código por nós utilizado, podemos empregar outros
bastante eloqüentes – como cores, formas ou movimentos – para estabelecer
comunicação.
*Língua...
A língua é um conjunto de fonemas específicos com que se constroem as
formas lingüísticas.
Dessa forma, uma língua se distingue das outras pelos fonemas, pelas formas e
pelos padrões frasais.
Cada código demanda uma interpretação específica.
Disso depende o resgate dos sentidos impressos em cada informação.
1.7 SUGESTÃO DE FILME
Para terminarmos esta unidade, que tal refletirmos a partir do filme Nell?
1.8 SÍNTESE DA UNIDADE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 2 – CONTRATO SOCIAL VERSUS ESCOLHA INDIVIDUAL
2.1 CÓDIGO LINGUÍSTICO
Asseguramos a inteligibilidade de um texto por meio da construção de seus sentidos, ou seja,
pela utilização de códigos.
Confira o código utilizado em cada país...
Brasil – casa
China – fang zi
Rússia – dom
Israel – bait
Grécia – oikía
Alemanha – haus
França – maison
Estados Unidos – house
33
MÓDULO 1
Estratégias de Construção Textual
Os códigos são sistemas convencionais utilizados pelos membros de uma determinada
comunidade.
Como código, a língua equivale a um conjunto de signos* utilizado por seus falantes para dar
conta de suas necessidades comunicativas.
*Signos...
Unidades da linguagem constituídas de um conceito – significado – e
representadas por uma forma perceptiva – significante.
Por ser convencional, a língua – como código – equivale a um contrato* estabelecido pelo grupo
de falantes que a utiliza.
*Contrato...
Acordo entre duas ou mais pessoas.
Atenção!!! Como as regras de um código lingüístico são as mesmas para todos os membros de
uma determinada comunidade, a língua é um patrimônio social.
2.2 CONTRATO SOCIAL
A língua, como contrato social, é uma unidade lingüística. Entretanto, essa unidade é quebrada de
acordo com a utilização de cada um de nós, falantes da língua.
Dessa forma, ela é capaz de abarcar inúmeras possibilidades de realização individual.
Contudo, as variações lingüísticas são bem mais abrangentes do que essas manifestações
individuais.
2.2.1 MARCAS INDIVIDUAIS
Quando selecionamos certas palavras ou construções, estamos imprimindo
na língua nossas marcas individuais.
2.2.2 VARIEDADES REGIONAIS
A Língua Portuguesa – que falamos no Brasil – é exatamente a mesma Língua Portuguesa que é
falada em Portugal?
Em Angola?
Em Moçambique e em Cabo Verde?
Na Guiné-Bissau, São Tomé, Príncipe?
Em algumas regiões da Ásia e da Oceania?
34
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 1
2.2.2.1 FALARES REGIONAIS E DIALETOS
As línguas apresentam variações relacionadas a sua utilização em determinados espaços
geográficos.
Essas variações constituem os falares regionais* – no caso das variações mais sutis em relação à
língua padrão* – e os dialetos* – em se tratando de variações de maior abrangência.
*Falares regionais...
Variedade lingüística falada em uma determinada região.
*Língua padrão...
É a língua ensinada nas escolas, utilizada pelos veículos de comunicação de
massa – emissoras de rádio e televisão, jornais, revistas, painéis, anúncios, entre
outros –, sendo estabelecida acima de todas as variantes nas gramáticas.
*Dialetos...
Cada uma das subdivisões que se podem aplicar a determinada língua, utilizando
como critério básico a região geográfica ou a camada social a que pertence o
falante.
2.2.2.1.1 FALARES NACIONAIS
E aqui no Brasil? Cariocas, mineiros, baianos, paulistas e gaúchos expressam-se da mesma forma?
Observe os exemplos apresentados a seguir...
Acre – laranja-cravo
Alagoas – mexerica
Amapá – laranja-cravo
Amazonas – laranja-cravo
Bahia – mexerica
Ceará – mexerica
Distrito Federal – poncã, murcote
Goiás – poncã, murcote
Espírito Santo – tangerina
Maranhão – mexerica
Mato Grosso – poncã, murcote
Mato Grosso do Sul – poncã, murcote
Minas Gerais – tangerina
Pará – laranja-cravo
Paraíba – mexerica
Paraná – bergamota
Pernambuco – mexerica
Piauí – mexerica
35
MÓDULO 1
Estratégias de Construção Textual
Rio de Janeiro – tangerina
Rio Grande do Norte – mexerica
Rio Grande do Sul – bergamota
Rondônia – laranja-cravo
Roraima – laranja-cravo
São Paulo – tangerina, mandarino
Santa Catarina – bergamota
Sergipe – mexerica
Tocantins – poncã, murcote
2.2.2.2 VALOR LINGÜÍSTICO
Cada país... cada região geográfica... cada grupo social... cada um de nós imprime marcas próprias
na Língua Portuguesa, fazendo dela derivar um conjunto muito rico de variedades lingüísticas*.
*Variedades lingüísticas...
São as variações que uma língua apresenta de acordo com as condições sociais,
culturais, regionais e históricas em que é utilizada.
Essas variedades ampliam, enriquecem o conceito de unidade lingüística* – nunca o depreciam.
*Unidade linguística...
Como unidade lingüística, a língua apresenta, em seu uso, padrões uniformes e
homogêneos.
Dessa forma, nenhuma dessas variedades deve ser alvo de preconceito... de desvalorização.
A espontaneidade de expressão e a valorização das raízes regionais amplificam o potencial
expressivo de todas as línguas.
2.2.3 GÍRIAS
Como espelho da realidade sociocultural, a língua reproduz as mesmas diferenças sociais da
comunidade que a utiliza. Dessa forma, de grupos fechados se originam variações da língua.
Algumas dessas variedades – conhecidas como gírias* – são marcadas por sua fluidez, por sua
constante modificação.
*Gíria...
Palavra ou expressão que tem origem em um determinado grupo social e, por
sua expressividade, torna-se parte da linguagem familiar de várias camadas
sociais.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 1
Como exemplo, temos...
Irado!
Ninguém merece!
Show de bola!
Demorô!!
Sinistro!
2.2.4 VARIEDADES SOCIOCULTURAIS
Das variações socioculturais, derivam duas modalidades da língua...
variedade culta ou língua padrão;
variedade popular ou registro vulgar.
*Variedade culta ou língua padrão...
É a variedade lingüística de maior prestígio social.
*Variedade popular ou registro vulgar...
São todas as variedades lingüísticas diferentes da língua padrão e, por isso,
estigmatizadas.
A língua utilizada por pessoas escolarizadas é diferente da usada por aqueles que foram privados
da escola.
Falta aos sujeitos não letrados o domínio das regras que caracterizam a língua padrão.
Obviamente, não cabe aqui nenhum tipo de discriminação ao falar que lhes é próprio.
2.2.5 VARIEDADES PROFISSIONAIS
Quando exercemos nossas atividades profissionais, acabamos também criando variedades de
língua.
A essa variedade chamamos jargão.
Sem dúvida, os jargões criam estranhamentos aos que não estão inseridos na mesma prática
profissional.
Médicos aterrorizam seus pacientes com gastro-duodeno-pancreaseotomias*;
*Gastro-duodeno-pancreaseotomia...
Cirurgia que envolve a retirada de partes do estômago, do intestino delgado e
do pâncreas.
Profissionais de informática censuram incautos usuários porque o HD perdeu a trilha
zero*;
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MÓDULO 1
Estratégias de Construção Textual
*Trilha zero...
Área do disco rígido que guarda informações vitais sobre seu funcionamento.
O disco rígido é organizado em trilhas e setores.
Advogados alegam a seus clientes que a solutio repetere non potest*;
*Solutio repetere non potest...
Expressão latina utilizada em Direito, que significa o pagamento não pode ser
repetido.
Professores de Português rabiscam em suas correções que o mau uso dos dêiticos*
prejudicou a coesão referencial* do período.
*Dêiticos...
Termo utilizado para designar os pronomes demonstrativos em sua referência
à distância entre os objetos aos quais se referem e as diferentes pessoas do
discurso.
*Coesão referencial...
Conceito semântico que se refere às relações de sentido existentes no interior
do texto, desdobradas por meio de pronomes, advérbios de lugar, artigos e
palavras comparativas.
2.2.5.1 USO DE JARGÕES
Os jargões reforçam a identidade de um determinado grupo profissional.
Os jargões, por meio de um vocabulário próprio, facilitam o entendimento das informações
específicas de quem se inicia em uma determinada comunidade de trabalho.
Precisamos, sempre, saber exatamente a quem estamos nos dirigindo e por que estamos fazendo
isso. Só essa clareza nos possibilitará adequar nosso discurso a como dizer o que deve ser dito.
Aqui todo o cuidado é pouco... Quando usado nas comunicações externas, o
jargão pode-se tornar um forte mecanismo de exclusão.
2.3 PATRIMÔMIO CULTURAL
A língua – organismo vivo e socialmente condicionado –, como contrato social, só existe a partir
de nós, falantes.
E, como tal, a língua é um patrimônio cultural da comunidade em que é falada.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 1
Uma língua estabelece com seus falantes três tipos de vínculos...
língua como representação do pensamento*;
língua como estrutura*;
língua como lugar de interação*.
*Língua como representação do pensamento...
O texto é considerado um produto do pensamento do autor, cabendo ao
interlocutor apenas passivamente captar os sentidos nele impressos.
*Língua como estrutura...
O texto é considerado um produto codificado pelo autor e encaminhado ao
interlocutor para decodificação.
*Língua como lugar de interação...
O texto valoriza a posição ativa de autores e interlocutores na criação e no
compartilhamento de sentidos, sem os quais não haveria comunicação.
A língua, como lugar de interação, encontra seu equilíbrio entre o sujeito – autor e interlocutor –
e o sistema lingüístico.
Esse equilíbrio se dá via intermediação da produção social, o que assegura a eficácia do ato
comunicativo.
Línguas existiram e não existem mais...
Embora delas encontremos vestígios, ninguém mais as fala!
O maior Império da Antigüidade tem como marco a lendária fundação de Roma pelos gêmeos
Rômulo e Remo, em 753 a.C., que se torna o centro político do Império. Sua queda, em 476, marca
o começo da Idade Média. Entre seus legados, está a língua latina, que dá origem a várias línguas
contemporâneas, como o português, o italiano e o francês.
Em latim, a interação entre os níveis morfológico e sintático da língua é muito maior do que em
português. O final dos nomes varia não apenas em gênero e número, como também de acordo
com as funções sintáticas que essas palavras desempenham na frase.
2.4 PAPEL DA GRAMÁTICA
A criança que comunica à mãe – por meio das palavras – que tem sede, sabe a língua que fala, da
mesma forma que um analfabeto que se faz entender ao comprar algo em uma loja.
Toda língua possui uma gramática interna* que a sustenta, como uma espécie de esqueleto.
*Gramática interna...
Essa gramática corresponde ao conjunto de regras que estruturam a língua –
um sistema natural que os falantes da língua apreendem, apenas ouvindo e
falando.
Ou seja, processos em que a escola não exerce nenhum papel.
39
MÓDULO 1
Estratégias de Construção Textual
Todos eles, todos nós utilizamos, inconscientemente, a gramática interna da língua da qual somos
falantes nativos.
Contudo, ao lado dessa gramática natural, existe uma gramática normativa*, na qual estão descritas
as regras de utilização de uma língua...
*Gramática normativa...
Essa gramática visa à descrição e – acima de tudo – à conservação de modelos
de bem falar e bem escrever, segundo as prescrições do uso oficial e acadêmico
da comunidade de falantes de uma determinada língua.
Essa é a gramática que aprendemos na escola...
2.5 SUGESTÃO DE FILME
Para terminarmos esta unidade, que tal refletirmos a partir do filme Cidade de Deus.
2.6 SÍNTESE DA UNIDADE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 3 – COMUNICAÇÃO COM TEXTOS TÉCNICOS
3.1 TIPOS DE ESCRITA
A eficácia de um texto técnico*, depende, antes de mais nada, do grau de distorções nele
presente...
*Texto técnico...
Diferentemente do texto literário, os textos técnicos – de forma bastante
simplificada – podem ser classificados em administrativos, didáticos ou técnicos.
A escrita técnica é, eminentemente, um processo de comunicação de informações técnicas.
Texto literário...
Marcam o texto literário...
a conotação, que impregna as palavras de novos sentidos – potencialidade
de as palavras se enriquecerem com novos sentidos para além de seu sentido
literal, como reflexo de atitudes subjetivas de quem as diz, lê ou ouve. As
palavras, expressões ou frases podem tornar-se plurissignificativas, sendo
essa potencialidade uma das marcas dos textos literários.
as figuras de linguagem, que exploram nossas emoções – utilização do
sentido conotativo – figurado – de modo a tornar o discurso mais expressivo.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 1
Administrativos...
Textos que registram e divulgam informações relacionadas ao negócio da empresa.
Didáticos...
Textos que disponibilizam conhecimentos legitimizados socialmente.
Técnicos...
Textos que buscam o desenvolvimento de habilidades e de procedimentos.
3.2 ESCRITOR
Na maioria das vezes, o escritor de um texto técnico é mais um elemento no processo de
comunicação desse texto.
Raramente, um texto técnico é escrito pela fonte, por quem produziu o conhecimento.
3.2.1 POUCAS DISTORÇÕES
No processo de comunicação de um texto técnico, poucas distorções ocorrem, quando a fonte
do conhecimento é também o escritor do texto...
Fonte – escritor...
O escritor é também a fonte do conhecimento técnico.
Estilo técnico...
Além do domínio do estilo técnico, falhas na comunicação, erros de avaliação, pressa,
cansaço, provocam distorções entre o conhecimento técnico da fonte-autor e o
texto técnico disponibilizado ao leitor.
Texto técnico...
Disponibiliza informações técnicas a um leitor.
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MÓDULO 1
Estratégias de Construção Textual
Leitor...
O conhecimento prévio do leitor sobre as informações técnicas não é mensurável.
Informações técnicas...
A partir da apreensão das informações técnicas, o leitor reconstrói seu conhecimento.
Novo conhecimento...
O conhecimento técnico obtido pelo leitor nunca é igual ao conhecimento técnico
expresso pela fonte-escritor.
3.2.2 MUITAS DISTORÇÕES
No processo de comunicação de um texto técnico, muitas distorções ocorrem, quando a fonte
do conhecimento não é o escritor do texto...
Fonte...
autor do conhecimento técnico.
Escritor...
quem elabora o texto técnico.
3.3 FONTE DO CONHECIMENTO
Se, mesmo com grande esforço, não conseguimos escrever satisfatoriamente um texto técnico,
o texto que resulta desse esforço não cumpre seu papel.
Como existem distorções entre o conhecimento produzido pela fonte e as informações
disponibilizadas no texto, passam a existir também distorções entre o conhecimento adquirido
pelo leitor e o conhecimento produzido pela fonte.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 1
Como para tudo existe um culpado...
A culpa dessas distorções acaba sendo atribuída à fonte do conhecimento, nunca a quem elaborou
o texto que disponibilizou o conhecimento, ou a quem, a partir da leitura do texto, deveria
manifestar um novo conhecimento.
3.3.1 AUTOR VERSUS ESCRITOR
Fonte-escritor...
Quando elaborado pela fonte do conhecimento, o texto técnico apresenta poucas distorções
no sentido das informações que ele disponibiliza...
Autor-escritor...
Fonte
escritor...
Quando não é elaborado pela fonte do conhecimento, o texto técnico apresenta
muitas distorções no sentido das informações que ele disponibiliza...
Fonte-autor...
3.4 SUGESTÃO DE FILME
Para terminarmos esta unidade, que tal refletirmos a partir de Coração de Cavaleiro?
3.5 SÍNTESE DA UNIDADE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
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MÓDULO 1
Estratégias de Construção Textual
UNIDADE 4 – CENÁRIO CULTURAL
4.1 FILME
Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse uma
cena do filme Amistad no CD que acompanha a apostila.
4.2 OBRA LITERÁRIA
Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, leia o texto
Lengalenga de mentiras no ambiente on-line.
4.3 OBRA DE ARTE
Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, aprecie a
instalação One and three chairs no ambiente on-line.
APRESENTANDO O APÊNDICE GRAMATICAL
O objetivo das unidades do apêndice é apresentar os elementos básicos da
gramática descritiva da língua portuguesa para que sejam aplicados durante a
prática de nossa língua
É no texto que a gramática de fato atua, que ela é, na verdade, a língua em uso. Nosso desempenho
lingüístico está diretamente condicionado, portanto, pela maneira como somos capazes de
perceber o que é gramática – como um conjunto de elementos que são utilizados e interferem
na construção dos textos, estabelecendo relações entre si e causando efeitos de sentido.
Entender que a compreensão e a construção textuais, que deveriam ser as principais metas a
serem atingidas pelas aulas de Língua Portuguesa – mas não somente nelas –, têm ocupado um
espaço totalmente desvinculado daquele que a gramática ocupa nas aulas de Português é o
ponto de partida para a percepção de que é, na realidade do texto, que os fatos lingüísticos se
concretizam, organizando-se com base na gramática nele latente.
Estarmos aptos à produção proficiente de textos significa, pois, não investir apenas no trabalho
com a gramática da frase, fechando os olhos para os fatos lingüísticos que ultrapassam suas
fronteiras, organizando a trama textual.
Contudo, como sujeitos sociais, somos partícipes de um jogo cujas regras precisamos conhecer
para não ficarmos à margem da sociedade em um processo de discriminação lingüística. Nesse
sentido, neste apêndice gramatical, apresentaremos as regras prescritas pela variedade culta da
Língua Portuguesa para a utilização de diferentes conteúdos gramaticais.
Começaremos com as regras para acentuação gráfica e as que orientam o uso do acento grave
para marcação da crase.
Lembre-se, porém, de que nosso desafio é compartilhar com você o trabalho com a gramática
para além dos limites da frase, partindo de suas necessidades práticas de leitura e interpretação
de textos... de produção oral e escrita... práticas comunicativas de interação com o outro que
caracterizam e definem nossa humanidade.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 1
Ao final de cada unidade, você encontrará sugestões de leituras que apresentarão, em destaque,
diferentes exemplos das regras enunciadas em cada tópico bem como links para as entradas do
apêndice que justificam tal emprego da regra.
UNIDADE 5 – ACENTUAÇÃO GRÁFICA
5.1 ACENTO GRÁFICO
Parece mentira, mas, a princípio, os acentos gráficos sobre os quais temos tantas dúvidas são
necessários para evitar certas ambigüidades em nossa língua.
Entre sábia e sabiá, por exemplo, o acento gráfico é o único elemento que estabelece a oposição
entre as duas palavras...
...a primeira, que expressa que alguém ou alguma coisa no feminino tem sabedoria, e
a segunda, que indica um pássaro de bela voz... Mas isso você já sabia, não?
Falando em saber, por que é que em sabia não há acento? Porque a maioria de nossas palavras
têm mais força em sua penúltima sílaba – que se diz tônica –, ou seja, são paroxítonas.
Além disso, em grande parte, elas terminam em a, e, o.
Dessa forma, foi convencionado que as paroxítonas terminadas com essas vogais não são
acentuadas...
...planilha, correta, copiava, segunda...
...expediente, coerente, mente, sempre...
...aumento, abusivo, compro, muito...
Já as palavras oxítonas – que têm a última sílaba tônica – terminadas em a, e, o, seguidas ou não
de s, são sempre acentuadas graficamente...
Ex.: alvará, café, paletó...
O mesmo ocorre com as paroxítonas terminadas em em ou ens. Elas não recebem acento gráfico...
Ex.: querem, escrevem, jovem, jovens, hifens...
Só as oxítonas terminadas em em ou ens são acentuadas...
Ex.: armazém, armazéns, refém, reféns...
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MÓDULO 1
Estratégias de Construção Textual
5.2 PAROXÍTONAS E OXÍTONAS
Já vimos que a maioria de nossas palavras são paroxítonas terminadas em a, e, o, e que, por isso
mesmo, elas não recebem acento gráfico.
Apenas as oxítonas com essas mesmas terminações – e que existem em muito menor
número na língua – são acentuadas. Que bom, não?
Contudo, nossa língua também possui palavras paroxítonas com terminações mais raras. Nesses
casos, são elas acentuadas graficamente, ao contrário das oxítonas com as mesmas terminações,
ou seja, o jogo se inverte!
Observemos o esquema apresentado a seguir...
5.3 PS – ROUXINOL
Entre as paroxítonas, existem também aquelas terminadas em ps, r, x, n e l, que são acentuadas
graficamente, ao contrário das oxítonas, caso apresentem essas terminações.
É muito fácil guardar essas terminações. Basta que nos recordemos de...
PS – RouXiNoL
Vejamos o esquema a seguir, que mostra que as paroxítonas terminadas nessas consoantes têm
acento gráfico, enquanto as oxítonas, nas mesmas circunstâncias, não...
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 1
5.4 MAIORES E MENORES – PROPAROXÍTONAS E MONOSSÍLABOS
Além das paroxítonas e das oxítonas, a Língua Portuguesa apresenta ainda palavras proparoxítonas,
que possuem a antepenúltima sílaba tônica.
Por serem raras na língua, todas as proparoxítonas levam acento gráfico...
Ex.: lâmpada, paráfrase, lêssemos, pêndulo...
Palavras de uma única sílaba – monossílabos – podem ser tônicas ou átonas.
Todos os monossílabos tônicos terminados em a, e, o – seguidos ou não de s – são marcados com
acento gráfico...
Ex.: pá, pé, nó (substantivo), pás, pés, pós, lê, vê, dê (verbo), hás, crês...
Contudo, as formas átonas não são acentuadas graficamente. Por exemplo...
nas, mas, de (preposição), no (em + o), em, fiz...
5.5 ACENTOS DIFERENCIAIS
Não só os monossílabos, mas também alguns dissílabos – palavras de duas sílabas – de nossa
língua são átonos.
Para distinguir essas palavras átonas das tônicas, ainda utilizamos os chamados acentos diferenciais...
côa (do verbo coar) que é diferente de coa (com + a, desusado)...
Ex.: Ela sempre côa o suco antes de tomá-lo.
pôr (igual a colocar) que é diferente de por (preposição)...
Ex.: Não iremos pôr novas máquinas nas salas.
Ex.: Não trocaremos essas máquinas por outras.
pára (do verbo parar) que é diferente de para (preposição)...
Ex.: A produção não pára nos feriados.
Ex.: Ele está aqui para que possamos tomar as providências necessárias.
pêlo (igual a pelagem) e pélo (do verbo pelar) que são diferentes de pelo (por + o)...
Ex.: O pêlo dos animais deve ser escovado.
Ex.: Pélo o frango para diminuir seu teor de gordura.
Ex.: Seguiremos pelo caminho já determinado.
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MÓDULO 1
Estratégias de Construção Textual
péla (do verbo pelar) que é diferente de pela (por + a)...
Ex.: Não se péla a galinha antes de assá-la na brasa.
Ex.: Esse equipamento não passará pela porta de entrada.
pólo (o mesmo que extremidade ou jogo) que é diferente de polo (por + o, desusado)...
Ex.: Fomos de um pólo a outro em um ano/Ele é nosso melhor jogador de pólo.
porquê (igual a motivo) que é diferente de porque (igual a pois, antes do fim da
oração)...
Ex.: Não sei o porquê dessa atitude.
Ex.: Está aqui porque foi convocado.
pêra (fruta) que é diferente de pera (por + a, desusado)...
Ex.: Prefiro pêra a maçã.
pôde (3a. pessoa do singular do pretérito perfeito) que é diferente de pode (3a. pessoa
do singular do presente do indicativo)...
Ex.: A empresa não pôde realizar a entrega no prazo.
Ex.:Ele não pode nos tratar assim.
tem e vem (3a. pessoa do singular) que é diferente de têm e vêm (3a. pessoa do
plural)...
Ex.: Ele nos tem escrito várias cartas./Ele vem sempre aqui.
Ex.: Eles nos têm escrito várias cartas./ Eles vêm sempre aqui.
Os verbos derivados de ter e vir – todos tônicos – levam acento agudo na 3a. pessoa do singular
e acento circunflexo na 3a. pessoa do plural do presente do indicativo...
...retém e intervém (3a. pessoa do singular) que são diferentes de retêm e intervêm
(3a. pessoa do plural).
Ex.: O departamento sempre retém parte das verbas./Ele intervém durante as
reuniões quando é necessário.
Ex.: Os departamentos sempre retêm parte das verbas./Eles intervêm durante
as reuniões quando é necessário.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 1
5.6 TREMA
Quando a letra u dos encontros que, qui, gue e gui é pronunciada – sem constituir a vogal mais
forte da palavra –, sobre ela incide um sinal gráfico que costumamos deixar de fora de nossos
textos – o trema.
Ex.: tranqüilo, freqüente, lingüiça...
Contudo, se a letra u de tais encontros for pronunciada tonicamente, levará acento.
Ex.: averigúe, apazigúe, argúi, argúis...
Por fim, se a letra u desses encontros não for pronunciada, evidentemente não levará acento
algum.
Ex.: quilo, quente, guerra, guerreiro, queijo...
Cuidado! Nem sempre é fácil saber se o u desses encontros deve ou não ter som. Devemos dizer,
por exemplo...
líquido e não líqüido;
inquirir e não inqüirir;
qüinquagésimo e não quinquagésimo;
qüinqüenal e não quinqüenal...
5.7 OBSERVAÇÕES FINAIS
Agora, para nos libertarmos definitivamente dos corretores ortográficos – que, aliás, muito deixam
a desejar –, só falta estarmos atentos para mais algumas possibilidades de acentuação. Vamos a
elas...
As formas verbais terminadas em a, e, o tônicos seguidas de -lo, -la, -los, -las também são acentuadas
como as palavras paroxítonas ou oxítonas...
Ex.: amá-lo, dizê-lo, repô-lo, fá-lo-á, pô-lo, comprá-la-á...
Acentuamos os ditongos de pronúncia aberta éu, éi e ói...
Ex.: céu, chapéu, anéis, pastéis, coronéis, herói, anzóis...
Colocamos acento circunflexo na primeira letra dos hiatos ôo e êe.
Ex.: vôo, enjôo, vôos, enjôos, crêem, lêem, vêem...
Usamos acento nas vogais i e u que formam hiato com a vogal anterior, desde que o hiato não seja
seguido por nh ou não forme sílaba com letra que não seja s.
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MÓDULO 1
Estratégias de Construção Textual
Ex.: saída, saíste, saúde, baú, raízes, juízes, Luís, país, Heloísa...
Por isso, cuidado! Não usamos acento em palavras como rainha, ruim,
contribuinte, sairdes, juiz...
5.8 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
5.9 ATIVIDADES
5.9.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Acesse, no ambiente on-line, os exercícios de fixação desta unidade.
UNIDADE 6 – CRASE
6.1 CRASE
A palavra crase significa fusão, junção.
Em Língua Portuguesa, a crase é a fusão das vogais idênticas a + a, indicada por meio do acento
grave à.
Pode ocorrer a fusão da preposição a com...
...o artigo feminino a ou as...
Ex.: Fui a + a reunião = Fui à reunião.
...o a dos pronomes aquele(s), aquela(s), aquilo...
Ex.: Fui a + aquele lugar = Fui àquele lugar.
...o a do pronome relativo a qual e flexão (as quais)...
Ex.: A cidade a + a qual nos referimos fica longe = A cidade à qual nos referimos
fica longe.
...o pronome demonstrativo a ou as (= aquela, aquelas)...
Ex.: Esta caneta é semelhante a + a que você me deu = Esta caneta é semelhante
à que você me deu.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 1
6.2 CASOS DE UTILIZAÇÃO DA CRASE
Já dissemos que haverá crase sempre que o termo anterior exigir preposição a e o termo posterior
exigir artigo a ou as...
Ex.: Eu me referi a + a diretora = Eu me referi à diretora.
Nesses casos, é fácil descobrir se haverá ou não crase.
Se, ao trocarmos o termo posterior por um masculino correspondente, obtivermos ao,
constataremos a presença da preposição a e do artigo o e, portanto, da crase antes dos
termos femininos...
Ex.: Eu me referi ao diretor.
Portanto, para que ocorra crase, é necessário que o termo anterior exija a preposição a e o termo
posterior exija o artigo a. Se um desses fatos não ocorrer, evidentemente não haverá crase...
Ex.:Eu conheço a diretora. O verbo conhecer não pede a preposição a.
Ex.: Eu me refiro a ela. O pronome pessoal ela não pede o artigo a.
Trocando pelo masculino, percebemos que não existe o encontro ao...
Ex.: Eu conheço o diretor.
Ex.: Eu me refiro a ele.
6.2.1 CASOS DE CRASE OBRIGATÓRIA
Sempre haverá crase...
na indicação de horas, desde que, ao trocarmos esse número por meio-dia,
obtenhamos ao meio-dia...
Ex.: Chegou à uma hora em ponto. Chegou ao meio-dia em ponto.
diante da palavra moda – na expressão à moda de –, mesmo que essa expressão
esteja subentendida...
Ex.: Fez um gol à Pelé. Fez um gol à moda de Pelé.
nas expressões adverbiais femininas...
Ex.: Chegaram à noite./Agia às escondidas./Caminhava às pressas./Estava à
disposição./Sentaram-se à sombra./Estou à procura de ajuda.
Nas expressões adverbiais femininas, já se consagrou, na língua, o uso do acento grave sem que
tenha ocorrido a crase, isto é, a fusão de duas vogais idênticas...
Ex.: Vendi à vista o relógio. Substituindo pelo masculino, teríamos Vendi a prazo o
relógio, o que não justificaria o uso do acento gráfico.
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MÓDULO 1
Estratégias de Construção Textual
Por esse mesmo motivo – ausência de crase –, em várias expressões adverbiais femininas, não
usamos o acento gráfico...
Ex.: O ensino a distância apresenta uma nova proposta de ensino-aprendizagem.
Nas expressões adverbiais femininas de instrumento, não costumamos usar o acento grave...
Ex.: Eles escreveram a máquina./Saíram em um barco a vela.
Nas locuções conjuntivas e prepositivas formadas por palavras femininas, também se emprega o
acento indicativo da crase...
Ex.: À medida que caminhava, ficava mais longe de casa./À proporção que estuda, sua
nota vai melhorando.
6.3 CASOS DE NÃO UTILIZAÇÃO DA CRASE
Nunca haverá crase...
diante de palavras masculinas...
Ex.: Não assisto a filme de terror.
diante de verbos...
Ex.: Estou disposto a estudar.
nas expressões formadas por palavras repetidas...
Ex.: Ficamos frente a frente.
quando um a – sem o s de plural – ficar diante de palavra feminina plural – nesse
caso, temos apenas a preposição...
Ex.: Refiro-me a pessoas interessadas.
diante de pronomes que repetem o artigo...
Ex.: Dirijo-me a Vossa Excelência./Isto não interessa a ninguém.
Evidentemente, se o pronome admitir artigo, haverá crase.
Ex.: Dirijo-me à senhora, Dona Lurdes, contando com seu apoio./Fiz alusão à mesma
aluna.
6.4 CASOS DE CRASE FACULTATIVA
Em algumas circunstâncias, podemos optar por utilizar ou não o acento grave, pois a crase pode
ou não ocorrer. São elas...
...diante de nomes de pessoas do sexo feminino...
Ex.: Ele fez referência a (à) Sandra.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 1
...diante de pronomes possessivos femininos...
Ex.: Obedeço a (à) minha consciência.
...depois da preposição até...
Ex.: Fomos até a (à) sala de reuniões.
6.5 OUTROS CASOS
Vejamos agora outros casos de emprego do acento grave para a marcação da crase...
Diante de nomes de lugar...
Para verificar se um nome de lugar aceita ou não o artigo a, usamos o seguinte
artifício – se, ao formularmos uma frase com um nome de lugar mais o verbo vir,
obtivermos a combinação da, cabe o artigo. Se obtivermos simplesmente a preposição
de, claro está que não cabe o artigo...
Ex.: Vou à Itália. Venho da Itália./Vou a Roma. Venho de Roma.
Se o nome de lugar que repele o artigo vier determinado, passará a aceitá-lo e, por
conseguinte, haverá crase.
Ex.: Vou à Roma antiga. Venho da Roma antiga.
Diante das palavras casa e terra...
Não ocorre crase diante das palavras casa – no sentido de lar, moradia – e terra – no
sentido de chão firme –, a menos que venham especificadas.
Ex.: Voltamos cedo a casa./Voltamos cedo à casa dos amigos.
Ex.: Os marinheiros desceram a terra./Os marinheiros desceram à terra dos anões.
Diante dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo...
Haverá crase com os demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo sempre que o termo
antecedente exigir a preposição a...
Ex.: Assisti àqueles filmes./Aspiro àquela vaga./Prefiro isto àquilo.
Diante de pronomes relativos...
Poderá ocorrer crase com o pronome relativo a qual e flexão – as quais...
Ex.: A cidade à qual nos dirigimos possui praias às quais você se referiu.
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MÓDULO 1
Estratégias de Construção Textual
6.5.1 CRASE JUNTO A PRONOMES RELATIVOS
É fácil constatar a crase no caso de pronomes relativos, utilizando-se o mesmo artifício de trocar
os termos femininos por termos masculinos correlatos...
Ex.: O país ao qual iremos possui problemas os quais desconhecemos.
Ex.: A empresa à qual iremos possui características as quais desconhecemos.
Nunca ocorre crase diante dos relativos quem e cuja...
Ex.: Esta é a pessoa a quem obedeço./Este é o autor a cuja obra me refiro.
Diante do pronome relativo que, geralmente, não há crase, uma vez que ele repele o artigo.
Ex.: Esta é a cidade a que iremos.
No entanto, ocorrerá crase antes do relativo que quando, antes dele, aparecer o demonstrativo a
ou as (igual a aquela, aquelas).
Ex.: Sua caneta era igual à que comprei.
Ex.: Sua caneta era igual àquela que comprei.
Em caso de dúvida, podemos verificar se há ou não crase pelo recurso da substituição de termos
femininos por masculinos...
Ex.: Seu lápis era igual ao que comprei.
6.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
6.7 ATIVIDADES
6.7.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Acesse, no ambiente on-line, os exercícios de fixação desta unidade.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 2
MÓDULO 2 – LEITURA
APRESENTANDO O MÓDULO
Neste módulo, abordaremos o processo de leitura como atividade dinâmica e interativa entre
autor, texto e leitor, na interpretação e na compreensão de sentidos.
Examinaremos também os diferentes enfoques sobre os processos de leitura e das estratégias de
interpretação.
ABERTURA
Acesse, no ambiente on-line, a animação de abertura deste módulo.
CONTEÚDO
Neste módulo, analisaremos os diferentes processos de produção da leitura.
Abordaremos o processo de leitura como atividade dinâmica e interativa entre autor,
texto e leitor, na interpretação e na compreensão de sentidos.
Por fim, examinaremos estratégias utilizadas para sua realização.
ESTRUTURA
Este módulo está estruturado em quatro unidades – processamento da leitura; tipos de leituras;
estratégias de leitura e leitor do texto técnico.
Vamos à primeira?
UNIDADE 1 – PROCESSAMENTO DA LEITURA
1.1 ATO DE LER
Ler é...
O que nos faz distinguir frases soltas, desconexas...
Tamires não estuda nesta universidade. Ela não sabe que a primeira universidade do mundo
românico foi a de Bolonha. Esta universidade possui imensos viveiros de plantas. A universidade
possui um laboratório de genética.
...de textos bem estruturados...
Comemora-se este ano o sesquicentenário de Machado de Assis. As comemorações devem ser
discretas para que dignas de nosso maior escritor. Seria ofensa à memória do Mestre qualquer
comemoração que destoasse da sobriedade e do recato que ele imprimiu a sua vida.
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MÓDULO 2
Estratégias de Construção Textual
O que faz com que possamos parafrasear* ou parodiar* o texto de Gonçalves Dias*, Canção do
Exílio*...
*Paráfrase...
Paráfrase é a interpretação, explicação ou nova apresentação de um texto, que
visa torná-lo mais inteligível ou que sugere novo enfoque para seu sentido.
*Paródia...
A paródia é uma obra literária, teatral, musical, entre outras, que imita outra
obra ou os procedimentos de uma corrente artística, escola, com objetivo
jocoso ou satírico.
*Antônio Gonçalves Dias (1823-1864)...
Gonçalves Dias nasceu no Maranhão. Depois dos primeiros estudos no Brasil,
em 1840, o poeta vai para Portugal e ingressa na Universidade de Coimbra.
Em 1845, volta ao Brasil e começa a trabalhar como professor de latim e história
do Brasil no Colégio Pedro II. Nessa época, conhece Ana Amélia, a quem amará
para sempre. Contudo, a família de Ana proíbe o casamento devido à condição
de mestiço do poeta. Em 1862, volta à Europa para tratamento de saúde.
Desenganado, decide retornar a sua terra natal. O navio em que estava naufraga,
e o poeta falece próximo ao Maranhão. Os românticos, como Gonçalves Dias,
preocuparam-se em afirmar a independência do país – ocorrida em 1822 – por
meio da literatura. Dessa desvalorização da pátria, da saudade da terra natal e
da solidão do poeta, surgem poemas como Canção do Exílio.
*Canção do Exílio...
O poema Canção do Exílio foi escrito em 1843. Nessa época, Gonçalves Dias
estudava em Portugal. Os versos falam de saudades da pátria. O poeta é
integrante do Romantismo brasileiro, movimento literário em que predominam
o amor inatingível e a exaltação do sentimento.
Fonte
DIAS, Gonçalves. Canção do exílio. Disponível em: <http://www.horizonte.unam.mx/brasil/
gdias.html>. Acesso em: 02 ago. 2006.
“Minha terra tem palmeiras,/onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam,/não gorjeiam como lá.”
...criando um novo texto a partir dele, como nos versos de Oswald de Andrade*...
*José Oswald de Sousa Andrade (1890 - 1954)...
Poeta, romancista e dramaturgo, filho de uma rica família paulista, formou-se
bacharel em Direito. Em 1912, viaja à Europa e entra em contato com o
Futurismo – movimento que muito influenciou sua obra. De volta a São Paulo,
estudou jornalismo literário.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 2
Em 1922, ao lado de Mário de Andrade, Anita Malfatti e outros intelectuais,
organizou a Semana de Arte Moderna, em São Paulo – marco do movimento
modernista no Brasil. Em 1924, publicou, pela primeira vez, no jornal Correio da
manhã, na edição de 18 de março de 1924, o Manifesto da Poesia Pau-Brasil.
No ano seguinte, após algumas alterações, o Manifesto abriu o livro de poesias
Pau-Brasil.
Em 1926, Oswald casou-se com Tarsila do Amaral, formando o casal mais
importante das artes brasileiras. Dois anos depois, o casal fundou o Movimento
Antropófago e a Revista de Antropofagia, originários do Manifesto Antropófago.
A principal proposta desse movimento era que o Brasil devorasse a cultura
estrangeira e criasse uma cultura revolucionária própria.
O ano de 1929 trouxe muitas mudanças à vida de Oswald. Suas finanças foram
abaladas pela crise de 29, Oswald rompeu com Mário de Andrade, separou-se
de Tarsila do Amaral e apaixonou-se pela escritora comunista Patrícia Galvão –
conhecida como Pagu. Esse relacionamento intensificou sua atividade política
e Oswald passou a militar no Partido Comunista Brasileiro – PCB. Além disso, o
casal fundou o jornal O Homem do Povo, que durou até 1945, quando o autor
rompeu com o PCB.
Oswald de Andrade ficou conhecido pelo espírito irreverente e combativo
que possuía. Sua atuação intelectual é considerada fundamental na cultura
brasileira do início do século, e sua obra literária apresenta, exemplarmente, as
características do Modernismo da primeira fase.
“Minha terra tem palmares/onde gorjeia o mar/os passarinhos daqui/não cantam como os de lá”
...e intitulá-lo...
Canção de regresso à pátria...
Fonte
ANDRADE, Oswald de. Canto de regresso à pátria. Disponível em: <http://www.horizonte.unam.mx/
brasil/oswald6a.html>. Acesso em: 02 ago. 2006.
Ler é...
O que faz com que possamos resumir este texto...
O Brasil está estruturando nos bastidores a formação de uma espécie de Fundo
Monetário Internacional (FMI) da América do Sul, que teria ainda as participações de
Espanha e Portugal. O novo organismo terá como base o grupo Coordenação Andina
de Fomento (CAF), que concede empréstimos aos países em moeda local com trâmite
bem menos burocrático que o FMI, o Banco Mundial (Bird) e o Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID).
Fonte
OLIVEIRA, Ernane et FADUL Sérgio. Um FMI sul-americano; governo Lula articula criação de organismo
de crédito da região de olho em US$ 7,5 bi. O Globo. Caderno de Economia, 22/04/2003, p. 15.
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MÓDULO 2
Estratégias de Construção Textual
...em poucas palavras...
Com o apoio do CAF, o Brasil está estruturando um tipo de FMI para os países da América Latina,
a Espanha e Portugal.
Ler é...
O que faz com que saibamos que este texto não foi gerado em nossos tempos...
E à quarta-feira seguinte, pela manhã topamos aves, a que chamam fura-buchos. E
neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra, isto é, primeiramente d’um
grande monte, mui alto e redondo, e d’outras serras mais baixas a sul dele e de terra
chã com grandes arvoredos, ao qual monte alto o capitão pôs nome o Monte Pascoal
e à terra a Terra de Vera Cruz.
Fonte
CAMINHA, Pero Vaz. Carta a el-rei Dom Manuel sobre o achamento do Brasil. Disponível em: http://
www.dominiopublico.gov.br/download/text/bv000292.pdfAcesso em: 20 jul. 2006.
O que nos faz distinguir um grito solto no ar...
...dos versos de Luís de Camões...
As armas e os Barões assinalados
Que da ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana.
Fonte
CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/
bv000162.pdf>. Acesso em: 02 ago. 2006.
Ler é...
O que nos faz distinguir uma receita de papos-de-anjo...
...da música de Chico Buarque*...
Pedro pedreiro, pedreiro, esperando o trem que já vem, que já vem, que já vem,
que já vem...
*Chico Buarque...
Francisco Buarque de Hollanda nasceu no Rio de Janeiro, em 19 de junho de
1944, e é um dos maiores artistas brasileiros. Sua obra compreende um vasto
cancioneiro de enorme sucesso, além de obras literárias, peças e musicais para
teatro e canções infantis.
Chico participou, ativa e intelectualmente, da luta contra a ditadura militar,
tendo participado da Passeata dos Cem Mil e escrito textos teatrais e canções
consideradas subversivas. Foi perseguido pela ditadura, chegando a ser exilado.
Atualmente, o teor político das canções e a produção fonográfica diminuíram
sensivelmente. Entretanto, Chico Buarque já entrou para a nossa história como
um dos maiores expoentes da música popular brasileira.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 2
...de frases históricas...
Vim, vi, venci*.
*Vim, vi, venci...
Em latim Veni, vide, vici. Frase histórica proclamada pelo general romano Júlio
César em mensagem enviada ao Senado após rápida batalha em que derrotou
Farnaces, na Ásia menor, em 47 a.C.
Ler é...
O que nos faz distinguir trechos de um memorando...
MEMORANDO INTERNO
PARA: Sr. Diretor
DE: Romilson Guimarães
ASSUNTO: Posição das ações na Bolsa
DATA: 8/12/2003
CC:
Sr. Diretor
Tendo recebido, em 20 do corrente, o e-mail em
que V.Sª nos solicitava a atual posição na Bolsa
de Valores das ações da empresa Colonus, nossa
concorrente, fui apurar as informações
requeridas, chegando aos seguintes dados....
...de uma citação* de Sartre*...
O objeto literário é um estranho pião, que só existe em movimento. Para o fazer
aparecer, é preciso um ato concreto, que se chama leitura, e ele dura o tempo que esta
leitura durar. Fora disso, só existem traços pretos sobre o papel.
*Citação...
Menção no texto a uma informação colhida em outra fonte. Pode ser uma
descrição ou paráfrase, direta ou indireta, de fonte oral ou escrita.
*Sartre (1905 –1980)...
Filósofo, romancista e dramaturgo francês. Um dos maiores nomes da filosofia
existencialista do século XX, que tem como foco a existência do ser no mundo.
Recrutado em 1939 para a Segunda Guerra Mundial, acaba prisioneiro dos alemães
entre 1940 e 1941. Depois de libertado, volta a lecionar e se integra à Resistência
Francesa, de oposição ao nazismo, fundando o movimento Socialismo e Liberdade.
Finda a guerra, aproxima-se dos comunistas. Em 1945, cria com outros intelectuais
a revista Les Temps Modernes, que exerce grande influência sobre a
intelectualidade francesa.
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MÓDULO 2
Estratégias de Construção Textual
É o primeiro diretor do hoje tradicional jornal esquerdista Libération. Em 1956,
rompe com os comunistas após a intervenção das tropas soviéticas na Hungria.
Escreve peças de teatro, como Entre Quatro Paredes (1944) e O Diabo e o Bom
Deus (1951), e romances, como A Idade da Razão (1945) e Com a Morte na
Alma (1949). Entre seus escritos filosóficos, estão os livros O Ser e o Nada
(1943) e Crítica da Razão Dialética (1960).
1.2 COMPETÊNCIA TEXTUAL
Todos sabemos – mesmo que intuitivamente – distinguir textos coerentes de amontoados de
frases...
A retomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de“ler”o mundo particular
em que me ouvia – e até onde não sou traído pela memória me é absolutamente significativa.
Neste esforço a que me vou entregando, re-crio, re-vivo, no texto que escrevo, a experiência
vivida no momento em que ainda não lia a palavra. Me vejo então na casa mediana em que nasci,
no Recife, rodeada de árvores, algumas delas como se fossem gente, tal a intimidade entre nós –
à sua sombra brincava e em seus galhos mais dóceis à minha altura eu me experimentava em
riscos menores que me preparavam para riscos e aventuras maiores. A velha casa, seus quartos,
seu corredor, seu sótão, seu terraço – o sítio das avencas de minha mãe –, o quintal amplo em que
se achava, tudo isso foi o meu primeiro mundo. Nele engatinhei, balbuciei, me pus de pé, andei,
falei. Na verdade, aquele mundo especial se dava a mim como o mundo de minha atividade
perceptiva, por isso mesmo como o mundo de minhas primeiras leituras. Os “textos”,as “palavras”,
as “letras” daquele contexto – em cuja percepção me experimentava e, quanto mais o fazia, mais
aumentava a capacidade de perceber- se encarnavam numa série de coisas, de objetos, de sinais,
cuja compreensão eu ia apreendendo no meu trato com eles, nas minhas relações com meus
irmãos mais velhos e com meus pais.
A competência textual é uma habilidade que tangencia os processos de significação – criar e
compartilhar sentidos.
A leitura é parte constitutiva desse processo, pois, quando lemos, estamos produzindo ou recriando
sentidos.
Todos somos capazes de parafrasear ou parodiar textos, de resumi-los, de
atribuir-lhes um título...
Essas habilidades – e muitas outras mais – explicitam uma competência que todos nós falantes
temos – a competência textual.
1.3 PROCESSO SÓCIO-HISTÓRICO
Mais do que isso...
Quando lemos, estamos participando do processo sócio-histórico de produção dos sentidos.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 2
E o fazemos de um lugar específico e com uma direção histórica determinada.
1.4 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS
Na leitura, estão implicados, além do locutor – que, ao escrever, deixa suas marcas no texto –, seus
interlocutores, elementos ausentes aos quais tudo que é produzido na escrita irremediavelmente
se dirige.
No processo que começa na escritura – que desencadeia a leitura –, estão contidos três elementos
fundamentais...
autor;
texto;
leitor.
Determinar as marcas, as funções e os direitos de cada um desses componentes não é uma tarefa
fácil.
É da compreensão desses componentes que depende nosso bom
desempenho... Porém, não só como autores mas também como leitores dos
diferentes tipos de texto.
1.5 SUGESTÃO DE FILME
Para terminarmos esta unidade, que tal refletirmos a partir do filme O carteiro e o poeta?
1.6 SÍNTESE DA UNIDADE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 2 – TIPOS DE LEITORES
2.1 PRESENÇA DO LEITOR
Desde o momento em que chega a nossas mãos – mãos de leitores –, o texto fica a nossa mercê,
escapando ao domínio de seu autor.
Nossa presença – tácita, muda, expectante – faz-se, na reconstrução dos sentidos, presença ativa.
Como leitores, nossa presença é tão viva que cabe ao autor relacionar o texto que está produzindo
à imagem que ele supõe de nós – conhecidos ou não.
Nossa presença faz com que, ao escrever, o autor de um texto expresse sentimentos e
idéias que não experimentaria, se não as escrevesse ou as dissesse a alguém.
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MÓDULO 2
Estratégias de Construção Textual
2.2 LEITOR CONSTRUTOR
O leitor construtor se apóia em seus conhecimentos prévios* para prever as informações veiculadas
em um texto.
*Conhecimentos prévios...
Chamamos de esquemas aos pacotes de conhecimentos prévios estruturados
na memória de longo prazo*.
*Memória de longo prazo...
É o mecanismo de memória de lembranças que fazem referência a
conhecimentos adquiridos há muito tempo.
Esse leitor prediz muito do que é dito no texto. Mais ainda... inventa coisas que o texto
não diz.
A desvantagem desse tipo de procedimento é evidente...
Por falta de precisão, as adivinhações do leitor construtor prejudicam a integridade das informações
veiculadas no texto.
2.2.1 EXEMPLO
Vamos nos colocar no papel de um leitor construtor?
O que você observa de estranho neste texto?
Tínhamos esperado ansiosos por aquele fim de semana na praia. Havia sol, uma brisa
fresca soprando do mar e ondas macias tocando de leve os pés das crianças que
brincavam na beira da praia.
Guarda-sóis coloridos pontuavam a areia e balançavam-se ao vento. Deitado de bruços,
sobre uma toalha, alheio a tudo e a todos, havia, contudo, um homem enrolado em um
grosso cobertor...
Na primeira linha deste texto, a palavra praia nos remete a uma série de informações específicas.
Todas as frases seguintes são previsíveis, com exceção da última...
...um homem enrolado em um grosso cobertor...
Por se referir a algo inesperado, essa frase quebra nossa expectativa.
A quebra da expectativa desacelera o ritmo de nossa leitura.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 2
2.3 LEITOR ANALISADOR
O leitor analisador é aquele que analisa linearmente as informações do texto.
Para tal, ele processa, vagarosamente, o significado de todas as partes do texto para atingir a
compreensão do todo.
A compreensão do texto pode ser afetada pela leitura excessivamente linear. Ou seja, pouco
ousada e sem predições.
Vejamos como nos saímos como leitores analisadores...
2.3.1 EXEMPLO
É justamente quando o jogo e também o sonho se chocam com a carência de material taxiemático
para representar as articulações lógicas da causalidade, da contradição, da hipótese... que eles
demonstram ser, um e outro, um caso de escrita e não de pantomima.
O próprio vocabulário cria uma espécie de estranhamento...
Esse estranhamento diminui o ritmo de leitura, aumentado o grau de atenção ao texto.
A menos que sejamos psicanalistas faremos uma leitura linear, lenta e
cautelosa desse fragmento.
2.3.2 DESAFIO
Um avião americano que voava de Boston para Vancouver caiu exatamente na fronteira entre os
Estados Unidos e o Canadá.
Desafio...
Em que país os sobreviventes deveriam ser enterrados?
2.3.2.1 SOLUÇÃO DO DESAFIO
Se respondermos à pergunta, refletindo sobre o local em que seria o enterro, usamos as estratégias
de leitura de um leitor construtor...
Se achamos graça, usamos as estratégias de leitura de um leitor analisador...
...afinal, sobreviventes não devem ser enterrados!
E qual das duas estratégias é utilizada pelos leitores proficientes?
2.4 LEITOR PROFICIENTE
O leitor proficiente é aquele que faz uso apropriado dessas duas estratégias.
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MÓDULO 2
Estratégias de Construção Textual
Os textos, normalmente, contêm informações novas, demandando, para sua
compreensão, as estratégias do leitor analisador.
Os textos também contêm informações mais previsíveis, demandando, para
sua compreensão, as estratégias do leitor construtor.
2.5 SUGESTÃO DE FILME
Para terminarmos esta unidade, que tal refletirmos a partir do filme Carta de uma desconhecida?
2.6 SÍNTESE DA UNIDADE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 3 – ESTRATÉGIAS DE LEITURA
3.1 TIPOS DE ESTRATÉGIAS
Por vezes, escondemo-nos por trás do texto que lemos, como se nada tivéssemos a ver com o
que ele enuncia.
Entretanto, essa neutralidade não existe. Quando lemos, construímos sentidos.
Livre dos limites do tempo e do contexto em que foi produzido, um único texto possibilita
múltiplas leituras.
A apreensão dos sentidos inerentes a essas múltiplas leituras otimiza-se por meio das seguintes
estratégias...
identificar os objetivos do texto;
identificar a intenção do autor;
identificar as informações mais importantes;
distribuir a atenção entre as informações mais relevantes e os detalhes;
relacionar as diferentes partes do texto;
avaliar a consistência das informações;
reler o texto quando falhas de compreensão são detectadas.
3.2 EFEITO-LEITOR
Os sentidos são desencadeados na produção da linguagem.
Quando lemos, não são apenas informações que são transmitidas. Constroem-se, sim, sentidos
entre nós – leitores – e os autores do texto. Daí decorre o que podemos chamar de efeito-leitor*.
*Efeito-leitor...
O efeito-leitor relaciona-se diretamente à coerência, à consistência, à não
contradição, à progressão e à unidade do texto.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 2
Dessa forma, os sentidos de um texto...
...não são propriedades privadas do autor...
...não derivam da intenção e consciência dos leitores...
...não nascem nem se extinguem no momento em que escrevemos...
3.2.1 AUTOR VERSUS TEXTO
Os sentidos são partes de um processo. Realizam-se em um contexto – mas não se limitam a eles.
Têm historicidade, têm passado e se projetam no futuro.
A prática de dizer – responsável e disciplinada – deixa transparecer o efeito da relação
do autor com aquilo que ele produziu.
Portanto, o que o autor escreve repercute em nós – seus leitores –, configurando o
efeito-leitor.
O efeito-leitor é determinado historicamente por nossa interação social.
Nossa identidade de leitura é configurada por nosso lugar social, e nosso lugar
social define nossas estratégias de leitura.
3.2.2 AUTOR VERSUS TEXTO VERSUS LEITOR
A relação autor/texto/nós, leitores, não é nem direta nem mecânica.
Ela passa por mediações, por variadas determinações, que dizem respeito a nossa experiência de
linguagem.
E é justamente essa experiência que nos sinalizará o que é inteligível*, interpretável* e
compreensível*.
*Inteligível...
Aquilo a que atribuímos sentido, de forma tópica e isolada.
*Interpretável...
Aquilo a que atribuímos sentido, levando em conta as pistas existentes no
texto.
*Compreensível...
Aquilo a que atribuímos sentido, levando em conta as pistas existentes no
contexto.
O leitor que produz uma leitura a partir de sua posição social, decodifica.
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MÓDULO 2
Estratégias de Construção Textual
O leitor que se relaciona criticamente com sua posição social... que a problematiza,
explicitando as condições de produção de sua leitura, interpreta e compreende.
Compreender, com a intermediação da interpretação, também é um ato de criação.
3.3 CONDIÇÕES DA COMPREENSÃO
Algumas condições influenciam os processos de compreensão e interpretação dos textos –
falados ou escritos...
conhecimentos compartilhados...
Mais do que o simples domínio de regras gramaticais, é necessário compartilhar
os sentidos do texto.
coerência...
A falta de coerência afeta tanto a produção quanto a recepção de um texto.
cooperação...
A compreensão exige negociações bilaterais, que se evidenciam na colaboração
entre o autor e o leitor.
abertura...
O texto deve proporcionar n possibilidades interpretativas, a partir de
alternativas mutuamente aceitáveis.
contexto...
A contextualização situa o texto no tempo e no espaço.
tipologia...
Cada tipo de texto carrega em si condições restritivas a sua produção.
3.3.1 INFERÊNCIAS
A compreensão não é fruto da simples apreensão de sentidos literais. Compreender um texto
não significa...
uma paráfrase*, uma tradução nem um resumo, pois os sentidos implícitos em suas
entrelinhas exigirão complexas estratégias de leitura;
memorizá-lo, pois a memorização não garante a compreensão.
*Paráfrase...
Paráfrase é a interpretação, explicação ou nova apresentação de um texto que
visa torná-lo mais inteligível ou que sugere novo enfoque para seu sentido.
Compreender envolve percepção, seleção de saliências textuais, predição de hipóteses,
confrontação, confirmação, reconstrução...
Mais do que um jogo de adivinhações, compreender é um jogo de inferências.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 2
3.4 CIRCULARIDADE DE SENTIDOS
Como leitores, imprimimos ao texto nosso próprio ritmo...
Nossas pausas de devaneio... de reflexão...
Cada um de nós retira do texto diferentes formas de prazer...
E isso se dá não só nos espaços vazios da escrita mas também nos espaços que
inventamos.
Ler e escrever se tornam, dessa forma, processos complementares, marcados pela
circularidade de sentidos.
3.5 SUGESTÃO DE FILME
Para terminarmos esta unidade, que tal refletirmos a partir do filme
Fahrenheit 451?
3.6 SÍNTESE DA UNIDADE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 4 – LEITOR DO TEXTO TÉCNICO
4.1 PERFIL DO LEITOR
Antes de começarmos a escrever um texto técnico, mais do que nunca, devemos responder a
duas questões...
Quem é o meu leitor?
Eu, no lugar dele, o que esperaria encontrar nesse texto?
O leitor é o alvo de nosso texto! Se ignorarmos nosso leitor, aumentamos,
em muito, a chance de fracassarmos como escritores de textos técnicos.
4.1.1 GRAU DE CONHECIMENTO DO LEITOR
Definir com clareza o perfil do leitor é determinante da eficácia de um texto técnico.
Aqui a variável mais significativa é o grau de conhecimento desse leitor sobre o conhecimento
técnico que nosso texto vai transmitir.
Se escrevermos para leitores com o mesmo nível de conhecimento que nós, tudo fica mais fácil.
Se o contrário é verdadeiro, todo cuidado é pouco!
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MÓDULO 2
Estratégias de Construção Textual
4.1.2 TIPOS DE INFORMAÇÕES
Dessa forma, ao delinearmos o perfil desse leitor, temos de tentar verificar se...
todas as informações técnicas disponibilizadas são totalmente novas para o leitor;
parte das informações técnicas disponibilizadas são totalmente novas para o leitor;
todas as informações técnicas disponibilizadas são totalmente conhecidas do leitor.
4.2 VARIÁVEIS INTERVENIENTES
Não é apenas o grau de conhecimento do leitor que é importante.
Ao definirmos o perfil do leitor de um texto técnico, devemos considerar ainda as seguintes
variáveis...
Nível de escolaridade...
A escolaridade é a variável que mais interfere no processamento da leitura.
Poucas pessoas conseguem, durante a leitura, acompanhar raciocínios muito longos.
Quanto mais escolarizados, mais facilidade temos de ler!
Tipo de inteligência...
Alguns textos técnicos exigem do leitor elevado grau de abstração*.
*Abstração...
A capacidade de nossa memória de curto prazo* é pequena. Só conseguimos
processar cerca de 21 palavras por oração, de cada vez.
*Memória de curto prazo...
É o mecanismo de memória de lembranças que fazem referência a
conhecimentos adquiridos recentemente.
Por exemplo, a leitura de um memorando é mais fácil do que a leitura de um relatório
sobre a performance de um equipamento.
Conhecimento específico...
A compreensão de alguns textos exige conhecimentos que são pré-requisitos aos
assuntos neles tratados.
Que conhecimentos o leitor deve ter para entender o texto que vamos escrever?
Motivação...
A leitura pode se dar por imposição ou por curiosidade.
Que razões o leitor tem para ler nosso texto?
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 2
Interesse...
Se o texto não for interessante para o leitor, dificilmente a leitura será produtiva.
Ficamos mais interessados quando encontramos, no texto, exemplos que nos remetam
ao que já conhecemos...
...do que remetam a nosso conhecimento prévio* sobre um determinado
assunto...
*Conhecimento prévio...
É aquele conhecimento gerado por informações prévias, adquiridas em
experiências passadas.
4.2.1 ALGUNS CUIDADOS
As pessoas lêem pior do que a previsão mais pessimista que possamos fazer de sua capacidade
de leitura.
Ao escrever um texto técnico, nossa meta deve ser neutralizar todas as variáveis que possam
interferir na apreensão do conhecimento que estamos disponibilizando.
Simplificando, quando escrevemos um texto técnico, todo cuidado é pouco!
4.3 SUGESTÃO DE FILME
Para terminarmos esta unidade, que tal refletirmos a partir do filme Dança com lobos?
4.4 SÍNTESE DA UNIDADE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 5 – CENÁRIO CULTURAL
5.1 FILME
Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse uma
cena do filme Rashomon no CD que acompanha a apostila.
5.2 OBRA LITERÁRIA
Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, leia o texto
Tom Jones no ambiente on-line.
5.3 OBRA DE ARTE
Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, aprecie o
quadro Leitura no ambiente on-line.
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MÓDULO 2
Estratégias de Construção Textual
APRESENTANDO O APÊNDICE GRAMATICAL
Neste apêndice – que compreende as últimas unidades deste módulo –, vamos enfocar as regras
que orientam a correção ortográfica segundo as normas cultas da Língua Portuguesa.
Abordaremos também algumas palavras e expressões que, geralmente, oferecem mais dificuldade
de aplicação em nossa língua.
Lembre-se, contudo, de que apenas a leitura de bons textos e a prática escrita constantes são
eficientes para a correção dos muitos problemas ortográficos que, em geral, assombram os usuários
do Português.
UNIDADE 6 – CORREÇÃO ORTOGRÁFICA
6.1 USO DO H
Utilizamos a letra h na Língua Portuguesa...
...ao fim de algumas interjeições – Ex.: ah!, oh!
...quando a etimologia ou a tradição escrita de nosso idioma, determina essa forma
para o início de algumas palavras – Ex.: hábito, hálito, hélice, herança, herói, hesitar,
hiato, hífen, higiene, honesto...
A letra h só aparece no interior dos vocábulos...
...quando faz parte dos dígrafos ch, lh e nh...
Ex.: fecho, folha, rainha...
...nos compostos em que o segundo elemento se une ao primeiro com hífen.
Ex.: pré-história, anti-higiênico...
Devemos observar que, nos compostos sem hífen, eliminamos o h do segundo elemento.
Ex.: reaver, desabitado, desonra...
Por tradição, grafa-se com h o nome do estado Bahia. Já o acidente
geográfico é grafado sem h – baía de Todos os Santos.
6.2 USO DO S
Utilizamos a letra s na Língua Portuguesa...
nos adjetivos terminados pelos sufixos -oso/-osa, indicadores de abundância, estado
pleno...
Ex.: formoso, horrorosa...
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 2
nos sufixos -ês/-esa/-isa, indicadores de origem, título de nobreza ou profissão...
Ex.: francês, duquesa, poetisa...
depois de ditongos...
Ex.: coisa, mausoléu, maisena...
nas formas do verbo pôr e querer...
Ex.: pus, puser, pusesse; quis, quiser, quisesse...
nos substantivos cognatos de verbos terminados em -ender...
Ex.: defesa – de defender –, represa – de prender...
6.3 USO DO Z
Empregamos a letra z na Língua Portuguesa...
...nos sufixos -ez/-eza, formadores de substantivos abstratos a partir de adjetivos.
Ex.: insensatez – que vem de insensato –, magreza – que vem de magro...
...nos derivados em -zal, -zeiro, -zinho(a), -zito(a)...
Ex.: cafezal, cafezeiro, avezinha, avezita...
...no sufixo -izar, formador de verbo.
Ex.: canalizar – que vem de canal –, atualizar – que vem de atual...
...nos derivados de palavras cujo radical termina em -z...
Ex.: cruzeiro – de cruz –, enraizar – de raiz...
Muito cuidado! Em palavras como analisar e pesquisar não ocorre o sufixo verbal -izar...
análise + ar = analisar
pesquisa + ar = pesquisar
6.4 USO DE -INHO E -ZINHO
Os sufixos -inho e -zinho são utilizados na língua para a formação do grau diminutivo.
Para formar o grau diminutivo com esses sufixos, devemos considerar a terminação da palavra
primitiva, que deu origem ao grau diminutivo.
Se a palavra primitiva termina em s ou z, basta acrescentar o sufixo -inho(a).
Se ela apresentar outra terminação, acrescente o sufixo -zinho(a).
Ex.: pires + inho = piresinho, raiz + inha = raizinha, pé + inho = pezinho...
71
MÓDULO 2
Estratégias de Construção Textual
6.5 USO DE G/J
Empregamos a letra g...
...nas palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio...
Ex.: pedágio, colégio, litígio, relógio, subterfúgio...
...nos substantivos terminados em -gem, exceção feita a pajem, lajem e lambujem...
Ex.: vertigem, coragem, aragem...
Atenção! O substantivo viagem se escreve com g, mas viajem – forma do
verbo viajar – grafa-se com j.
Empregamos a letra j...
...em palavras de origem indígena ou africana...
Ex.: pajé, canjica, jibóia...
...nos verbos terminados em -jar ou -jear...
Ex.: despejei, gorjeavam...
6.6 USO DE X/CH
Depois de ditongo, normalmente, empregamos x...
Ex.: ameixa, caixa, faixa...
Depois da sílaba inicial en- ou me-, empregamos x...
Ex.: enxame, enxoval, enxada, mexer, mexicano, mexerica...
Os verbos encher, encharcar e derivados, contudo, escrevem-se com ch.
Mecha e derivados também escrevem-se com ch.
Palavras de origem indígena ou africana são grafadas com x.
Ex.: xangô, xará, xingar...
72
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 2
Palavras do inglês aportuguesadas trocam o sh original por x...
Ex.: xampu – de shampoo –, xerife – de sheriff...
6.7 USO DE E/I
No que se refere ao emprego de e/i, devemos considerar que...
...os verbos terminados em -uar e -oar escrevem-se com e nas formas do presente do subjuntivo...
Ex.: efetuar – efetues, efetue –; abençoar – abençoes, abençoe ...
...os verbos terminados em -uir, -air e -oer escrevem-se com i na 2a. e na 3a. pessoa do singular
do presente do indicativo.
Ex.: possuir – possuis, possui –; cair – cais, cai –; moer – móis, mói...
...nas palavras formadas com o prefixo ante – antes –, utilizamos e...
Ex.: antecipar, antediluviano...
...nas palavras formadas com o prefixo anti – contra –, utilizamos i...
Ex.: antiaéreo, antitetânica...
6.8 USO DE S/Ç/SS
No que diz respeito ao uso de s/ç/ss, podemos afirmar que...
...verbos grafados com -ced-, -gred-, -mit-, -prim- originam substantivos e adjetivos com -cess-,
-gress-, -miss-, -press-...
Ex.: ceder > cessão; agredir > agressão; omitir > omissão; comprimir > compressão...
...verbos grafados com -nd-, -vert-, -pel- originam substantivos e adjetivos com -ns-, -vers-, -puls-...
Ex.: ascender > ascensão; pretender > pretensão; converter > conversão; expelir >
expulsão...
...verbos grafados com -ter originam substantivos grafados com -tenção...
Ex.: abster > abstenção; conter > contenção...
73
MÓDULO 2
Estratégias de Construção Textual
6.9 USO DE K/W/Y
Utilizamos k, w e y...
em abreviaturas e símbolos de termos científicos...
Ex.: km – quilômetro –, w – watt –, Y – ítrio...
em palavras estrangeiras não aportuguesadas...
Ex.: kart, show, hobby...
em nomes próprios estrangeiros e derivados...
Ex: Kant, Wagner, Hollywood, kantismo...
6.10 FORMAS VARIANTES
Há palavras que podem ser grafadas de duas maneiras, ambas aceitas pela norma culta...
Ex.: cota/quota, catorze/quatorze, cociente/quociente, cotidiano/quotidiano, contacto/
contato, carácter/caráter, óptica/ótica, secção/seção...
As regras de correção ortográfica segundo as normas cultas da língua não justificam todas as
construções hoje a nossa disposição.
É importante lembrar sempre que as palavras – como organismos vivos – nascem e geram outras
palavras antes de morrerem, permanecendo, portanto, sempre em transformação.
Conhecer as palavras, sua origem, sua história... é o que determina o conhecimento –
a cada momento – da correta grafia.
Na prática, apenas a prática contínua da leitura de bons textos garante uma
boa performance aos usuários da língua.
6.11 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
6.12 ATIVIDADES
6.12.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Acesse, no ambiente on-line, os exercícios de fixação desta unidade.
74
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 2
UNIDADE 7 – PALAVRAS E EXPRESSÕES QUE OFERECEM DIFICULDADE
7.1 QUE/QUÊ
Frente a várias construções da língua – de sons ou formas muito semelhantes –, é comum
sentirmo-nos confusos.
Isso ocorre, freqüentemente, com a palavra que, que desempenha vários papéis na estrutura da
frase –, principalmente quando acompanhada de preposição por.
Em final de frase, a palavra que sempre deve ser acentuada...
Ex.: Você vive de quê?
Ex.: Quê?! Vou ter de ficar aqui esperando?!
Quando a palavra que equivale ainda a alguma coisa, certa coisa, também é acentuada...
Ex.: Havia um quê de apreensão em sua pergunta.
Há um quê bem interessante nessa questão!
Em quaisquer outras situações, a palavra que não se acentua...
Ex.: Pergutaram (o) que iríamos fazer.
Ex.: É preciso que todos tenham conhecimento do problema.
Ex.: Quase que perdemos a proposta.
7.1.1 POR QUE/POR QUÊ
E por que será que existem tantos por quês?
Escrevemos por que – preposição + pronome...
...quando equivale a pelo qual e flexões...
Ex.: Este é o caminho por que passo todos os dias. Este é o caminho pelo qual passo
todos os dias.
...quando, depois dele, vier escrita ou subentendida a palavra razão. Se ocorrer no final
da frase, deverá ser acentuado...
Ex.: Por que razão ele não compareceu?
Ex.: Por que chegou atrasado?
Ex.: Você não compareceu por quê?
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MÓDULO 2
Estratégias de Construção Textual
Escrevemos por que – preposição + conjunção – quando ele equivale a para que...
Ex.: Esforçamo-nos por que todos possam trabalhar em equipe.
7.1.2 PORQUE/PORQUÊ
Vamos entender agora por que utilizamos porque junto.
Grafamos porque – junto e sem acento – quando se tratar de uma conjunção explicativa ou
causal. Geralmente equivale a pois ou a visto que...
Ex.: Conseguimos alcançar a meta porque nos esforçamos bastante.
Escrevemos porquê – junto e com acento – quando se tratar de um substantivo, que tem o
mesmo sentido da palavra motivo. Nesse caso, virá precedido de artigo ou de outro determinante.
Se ele vier no final de frase, também será acentuado...
Ex.: Nem nós mesmos sabemos o porquê desse resultado.
Ex.: Eis o porquê.
7.2 ONDE/AONDE
Empregamos aonde com verbos que dão idéia de movimento ou aproximação. Nesse sentido, a
expressão equivale a para onde e se opõe a donde, que indica afastamento...
Ex.: Aonde nos leva tal rapidez?
Ex.: Sabemos exatamente aonde queremos chegar.
Naturalmente, com verbos que não expressam idéia de movimento, empregamos onde...
Ex.: Onde vocês estão?
Ex.: Não sei onde te encontrar.
7.3 MAU/MAL
Mau é sempre um adjetivo – seu antônimo é bom –, refere-se, pois, a um substantivo e pode
variar em número, sendo usado também no plural...
Ex.: Escolhi um mau momento para marcar as férias.
Ex.: Todos nós passamos por maus momentos.
Mal, por sua vez, pode ser...
advérbio de modo – antônimo de bem...
Ex.: Estou me sentindo muito mal.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 2
conjunção temporal – equivale a assim que...
Ex.: Mal chegou, saiu.
substantivo – quando precedido de artigo ou de outro determinante. Admite o
plural males...
Ex.: Este mal não tem remédio.
Ex.: Há males que podem ser remediados.
7.4 A/HÁ NA EXPRESSÃO DE TEMPO
Na indicação de tempo já transcorrido, empregamos há – verbo haver no sentido de fazer – para
assinalar tempo passado...
Ex.: Há dois meses que ele não aparece no trabalho.
Por outro lado, utilizamos a preposição a para indicar tempo futuro...
Ex.: Daqui a dois meses ele aparecerá.
7.5 HÁ CERCA DE/ACERCA DE
A expressão há cerca de significa um período mais ou menos determinado de tempo já
transcorrido...
Ex.: Há cerca de dois meses fechamos o orçamento.
Acerca de é uma locução, utilizada com o mesmo sentido de a respeito de ou sobre...
Ex.: Ainda não temos notícias acerca de nosso aumento.
7.6 MAS/MAIS
Mas é uma conjunção adversativa, que indica, obviamente, uma contrariedade. Pode ser substituída,
portanto, por outra conjunção adversativa – porém, contudo, todavia, entretanto...
Ex.: Eu iria ao cinema hoje, mas tive de ficar até mais tarde no trabalho.
Mais, por sua vez, é um advérbio de intensidade, que também pode dar idéia de adição. Invertendo
o significado da frase, pode ser substituído por menos...
Ex.: Sem dúvida, é o mais dedicado do grupo!
77
MÓDULO 2
Estratégias de Construção Textual
7.7 AO ENCONTRO DE/DE ENCONTRO A
Ao encontro de e de encontro a são expressões opostas.
Ao encontro de significa aproximar-se de, ser favorável a...
Ex.: Estamos de acordo. Sua proposto vem exatamente ao encontro de nossos
interesses.
De encontro a tem o sentido de choque, oposição, colisão...
Ex.: As opiniões dele sempre vieram de encontro às nossas. Ele nunca nos ajudou!
7.8 AFIM/A FIM
Afim é um adjetivo, que indica semelhante, próximo...
Ex.: Suas idéias sempre foram afins.
A fim corresponde à parte da locução a fim de, que possui o mesmo significado de para na
indicação da idéia de finalidade...
Ex.: A fim de alcançar seu objetivo, não mediu esforços.
7.9 DEMAIS/DE MAIS
Demais é um advérbio de intensidade, que tem o mesmo sentido de muito e modifica adjetivos,
verbos ou outros advérbios...
Ex.: Seu interesse pelos resultados da empresa sempre foi grande demais.
Ex.: Todos trabalhamos demais para finalizar este projeto.
Ex.: Estou bem demais aqui para procurar outro emprego.
Demais também pode ser pronome indefinido e, nesse sentido, tem o mesmo valor de outros,
restantes...
Ex.: Cumpriremos as demais exigências dentro do prazo previsto.
De mais é o oposto de de menos e modifica sempre um substantivo ou um pronome...
Ex.: Temos pessoas de mais para preencher esta vaga.
Ex.: Nada de mais foi feito aqui.
78
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 2
7.10 SENÃO/SE NÃO
Senão tem o mesmo sentido de caso contrário ou a não ser...
Ex.: Temos de terminar o projeto, senão não receberemos no prazo.
Ex.: Não tinha defeitos, senão a impontualidade.
Se não expressa uma condição negativa, equivalendo, portanto a caso não...
Ex.: Se não mantivermos a calma, não conseguiremos resolver essa confusão.
7.11 À MEDIDA QUE/NA MEDIDA EM QUE
À medida que indica desenvolvimento gradativo e tem o mesmo valor de à proporção que...
Ex.: À medida que crescermos, agregaremos mais componentes à equipe.
Na medida em que indica relação de causa e tem o mesmo valor de porque, visto que...
Ex.: Na medida em que os resultados não foram os esperados, teremos de adiar o
redimensionamento da equipe.
7.12 CESSÃO/SESSÃO/SEÇÃO/SECÇÃO
Cessão indica doação, ou seja, o ato de ceder...
Ex.: Ele fez a cessão de seus direitos autorais.
Sessão, por sua vez, é o intervalo de tempo que dura um evento, uma reunião, uma assembléia...
Ex.: Reuniram-se em sessão extraordinária.
Seção – ou secção – é uma parte, um segmento ou uma subdivisão de um todo...
Ex.: Obtivemos a notícia na seção final do manual de instruções.
7.13 EU/MIM
O pronome pessoal de 1a. pessoa eu funciona como sujeito, enquanto o pronome pessoal mim
assume a função de complemento, vindo sempre regido de preposição.
O problema se dá quando, em certas construções, temos o pronome eu como sujeito
preposicionado, o que só ocorre com verbos no infinitivo.
79
MÓDULO 2
Estratégias de Construção Textual
Observemos as seguintes construções em que os pronomes aparecem corretamente
empregados...
Ex.: Deu as ordens para mim.
Ex.: Deu as ordens para eu cumprir.
Apesar da preposição, portanto, para mim cumprir seria uma
construção inadequada.
7.14 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
7.15 ATIVIDADES
7.15.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Acesse, no ambiente on-line, os exercícios de fixação desta unidade.
80
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 3
MÓDULO 3 – PROCESSAMENTO DA ESCRITA
APRESENTANDO O MÓDULO
Neste módulo, como a fala e a escrita constituem modalidades diferentes de uso da língua,
trataremos de suas diferenças básicas.
Além disso, para que possamos planejar eficientemente um texto, analisaremos a função da
escrita, suas estratégias e, por fim, os processos de produção de um texto escrito.
ABERTURA
Vocês conhecem o poema Catar feijão, de João Cabral de Melo Neto*?
Catar feijão se limita com escrever:
jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
Fonte
NETO, João Cabral de Melo. Catar feijão. Disponível em: <http://www.germinaliteratura.com.br/
jcmn.htm>. Acesso em: 09 ago. 2006.
*João Cabral de Melo Neto...
João Cabral de Melo Neto viveu sua infância em engenhos da família nos municípios
de São Lourenço da Mata e de Moreno. Nasceu em Recife, em janeiro de 1920.
Aos dez anos, ingressou no Colégio de Ponte d’Uchoa, dos Irmãos Maristas, onde
permaneceu até concluir o curso secundário.
Dois anos depois, a família transferiu-se para o Rio de Janeiro, mas a mudança
definitiva só foi realizada em fins de 1942, ano em que publicara seu primeiro
livro de poemas – Pedra do Sono.
No Rio, depois de ter sido funcionário do DASP – Departamento Administrativo
do Serviço Público, inscreveu-se, em 1945, no concurso para a carreira de diplomata.
Já enquadrado no Itamarati, inicia uma larga peregrinação por diversos países. Foi
eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 15 de agosto de 1968. Em
1984, é designado para o posto de cônsul-geral na cidade do Porto. Em 1987,
volta a residir no Rio de Janeiro.
81
MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
É de João Cabral um importante trabalho de pesquisa histórico-documental
intitulado O Brasil no arquivo das Índias de Sevilha.Trabalho que trata dos feitos de
navegadores espanhóis e portugueses na época do descobrimento da América.
Por suas obras em verso e em prosa, no Brasil e no exterior, o poeta recebeu
inúmeros prêmios, entre os quais – Prêmio José de Anchieta, de poesia; Prêmio
Jabuti e o Prêmio Bienal Nestlé.
Em 1990, João Cabral é aposentado no posto de Embaixador. Sua obra completa
foi publicada no Rio de Janeiro, em 1994, pela Editora Nova Aguilar. Nessa mesma
cidade, cinco anos mais tarde, João Cabral faleceu.
ESTRUTURA
Este módulo está estruturado em quatro unidades...
função da escrita;
estratégias de escrita;
escritura;
escritura de textos técnicos.
Vamos à primeira?
UNIDADE 1 – FUNÇÃO DA ESCRITA
1.1 SUJEITOS DO DISCURSO
Nossa posição de sujeitos do discurso – aqueles que dizem/escrevem – é historicamente
determinada.
Embora essa forma-sujeito possa variar em diferentes momentos históricos, ela é constituída de
forças antagônicas da estrutura social...
...a força que nos atribui autonomia em nosso dizer...
...a força que nos torna responsáveis por nosso dizer.
Dessa dicotomia se origina nossa compulsão à originalidade, à criatividade,
nossa necessidade de sermos visíveis... identificáveis... únicos...
82
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 3
1.2 EFICÁCIA DO DISCURSO
Da adequação do que falamos/escrevemos às situações que vivemos, resulta a eficácia* de nosso
discurso – ou seja, o que pode e o que deve ser dito.
*Eficácia...
Fazer as coisas corretamente, orientando-se para o resultado.
Para os retóricos*, escrevemos bem se nos expressamos com eficácia.
*Retóricos...
Especialistas em retórica*.
*Retórica...
Estudo do uso persuasivo da linguagem, em especial, para o treinamento de
oradores.
Expressamo-nos com eficácia, se conseguimos que nosso interlocutor não apenas identifique
nossas intenções comunicativas como também altere seu comportamento em função dessa
compreensão – efeito-leitor*.
*Efeito-leitor...
Relaciona-se diretamente à coerência, à cisistência, à não contradição, à
progressão e à unidade de texto.
Entretanto, nossos interlocutores não podem ser vistos apenas como decifradores de mensagens,
mas como sujeitos a serem influenciados por nossa argumentação.
1.2.1 METAS
Se nos preocupamos com a capacidade de compreensão de nosso interlocutor, nosso esforço
deve...
...se voltar para a produção de textos legíveis e transparentes.
Já a preocupação com o efeito-leitor nos levará...
...a produzir textos atraentes e interessantes.
Dessas duas preocupações, emergem mais duas metas...
...ser persuasivo e ser cativante.
83
MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
1.2.2 DESAFIO
Quando não alcançamos qualquer uma dessas metas, afetamos o texto... Na
verdade, prejudicamos sua legibilidade.
1.3 CONVENCIMENTO VERSUS PERSUASÃO
Quando fazemos uso da linguagem, objetivamos convencer* ou persuadir* alguém.
*Convencer...
Convencer é falar à razão do outro, é levá-lo a aceitar determinado ponto de
vista, mostrando-o como verossímil.
*Persuadir...
Persuadir é falar à emoção do outro, é levá-lo a modificar um ponto de vista
pessoal, apresentando provas que ele seja incapaz de refutar.
Essas duas estratégias são diferentes, pois...
...podemos ser convincentes, sem sermos persuasivos...
...mas, para sermos persuasivos, necessariamente seremos convincentes.
Podemos convencer uma amiga de que ela precisa emagrecer...
Que precisa fazer um regime...
Mas, se ela não começar logo a dieta...
...se ela continuar comendo muito...
...mesmo que, com culpa...
...não teremos sido persuasivos!
Quando elaboramos um texto, devemos saber, de antemão, o que queremos...
...convencer
Se nosso objetivo é apresentar idéias que reforcem a razão de nosso interlocutor,
nosso texto tem de ser convincente.
...ou persuadir
Se nosso objetivo é levar nosso interlocutor a mudar de opinião sobre um dado assunto,
nosso texto tem de ser persuasivo.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 3
1.3.1 LINHA ARGUMENTATIVA
Ou seja...
Temos de adequar nossa linha argumentativa a nosso leitor, seja ele quem for.
Adequar nosso texto a nossos interlocutores não significa dizer que devamos abrir mão de nossas
opiniões pessoais.
Contudo, a defesa de pontos de vista pessoais não implica ou justifica que cada um de
nós não tenha de respeitar padrões éticos que legitimam a comunidade da qual fazemos
parte.
Reconhecer tais coisas certamente nos fará, como autores, agregar valor a
nosso trabalho.
1.4 SUGESTÃO DE FILME
Para terminarmos esta unidade, que tal refletirmos a partir de 12 homens e uma sentença.
1.5 SÍNTESE DA UNIDADE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 2 – ESTRATÉGIAS DE ESCRITA
2.1 LEITOR UNIVERSAL
Quando planejamos escrever um texto, nem sempre conhecemos nossos leitores.
Quando escrevemos um livro, por exemplo, sabemos que nosso públicoleitor poderá ser bem heterogêneo. Sob essa ótica, podemos dizer que nosso
leitor é um leitor universal.
Nesse caso, o ideal é estabelecermos – como foco de nosso trabalho – o bom senso e a razão.
Neutralizamos, dessa forma, algumas variáveis individuais que não poderemos controlar.
Outras vezes, contudo, nossa exposição pode dirigir-se a uma platéia com características
bem definidas.
85
MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
2.2 LEITOR PARTICULAR
Por exemplo... Uma turma de estudantes de uma escola particular tem um
perfil bem diferente de um grupo de executivos de uma empresa... Estamos aqui
diante de sujeitos particulares que representam leitores também particulares...
Esses interlocutores são marcados por variáveis sobre as quais podemos exercer um
certo tipo de controle.
2.2.1 EXEMPLO
Podemos, por exemplo, tentar cativar sua atenção e simpatia, fazendo com que nosso texto
considere suas características e interesses...
Ou ainda, adequando nosso texto à variedade da língua que ele utiliza.
2.3 CONHECIMENTO DO TEMA
Se não dominarmos o tema sobre o qual iremos escrever... Se não somos capazes de adequá-lo a
nosso leitor, nosso texto certamente estará fadado ao fracasso!
Para elaborarmos eficientemente nosso texto, temos de considerar dois aspectos extremamente
importantes...
nosso conhecimento sobre o assunto que iremos expor;
nossa capacidade para adaptar esse assunto ao perfil do leitor de nosso texto.
Para tal, podemos contar com três procedimentos...
interagir com outros especialistas*;
consultar fontes específicas*;
conhecer previamente o perfil de nosso interlocutor*.
*Interagir com outros especialistas...
Trocar com os que já se envolveram com questões semelhantes.
*Consultar fontes específicas...
Fundamentar teoricamente um texto reforça nossa argumentação.
*Conhecer previamente o perfil de nosso interlocutor...
Saber exatamente para que tipo de platéia estaremos escrevendo – grau de
escolaridade, cultura, motivações...
2.4 PRÉ-PLANEJAMENTO
Para produzir um texto coerente e interessante, devemos...
ter clareza sobre o assunto que iremos explorar;
saber como organizar as informações relativas a essa idéia.
86
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 3
Para tal, temos de...
definir exatamente o que vamos dizer;
fortalecer nosso conhecimento a respeito do tema;
organizar a exposição do assunto de maneira lógica e atraente.
2.5 ESTRUTURA DO TEXTO
A elaboração de um texto eficaz pressupõe, portanto, um acurado planejamento.
Os resultados de um texto improvisado podem ser desastrosos!
Dita a lógica que todo texto deve conter uma introdução, um desenvolvimento
e uma conclusão...
Nesse planejamento, devemos partir de considerações gerais – introdução – que
devem ser previamente desenvolvidas, de modo a nos conduzir para o assunto em
exposição – desenvolvimento. E, por último, a finalização – conclusão –, resumindo e
consolidando os objetivos que nos levaram a produzir o texto.
2.5.1 INTRODUÇÃO
Na introdução, devemos obter as condições necessárias para que se produzam três tipos de
interação...
...entre nós e nossos interlocutores.
...entre nossos interlocutores e o assunto que estaremos desenvolvendo.
...entre nós mesmos e o assunto que estaremos expondo.
Dessa forma, na introdução, devemos...
despertar o interesse do leitor;
focalizar claramente nossos objetivos;
levar o leitor a se interessar pelas idéias expostas.
2.5.2 DESENVOLVIMENTO
Como, no desenvolvimento, inserimos o maior volume de informação do texto, para facilitar sua
leitura, devemos segmentar essas informações.
Para fazer essa distribuição podemos nos pautar em quatro diferentes métodos de organização
textual...
método cronológico – estabelecer uma seqüência cronológica de acontecimentos,
ressaltando sua linha temporal;
método lógico – alinhar acontecimentos, estabelecendo entre eles vínculos
lógicos – causa e conseqüência, por exemplo;
método psicológico – determinar o ponto de maior interesse, destacando-o frente
aos demais;
método dramático – enumerar questões, que levem à solução de um problema.
87
MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
2.5.3 CONCLUSÃO
Na conclusão, devemos retomar o objetivo principal de nosso texto, articulando-o a tudo que
apresentamos ao longo de nossa exposição.
Podemos elaborar a conclusão...
como um sumário conciso – consolidando as idéias apresentadas;
com um apelo à aplicação – demonstrando a transformação das idéias apresentadas
em ações;
com uma ilustração rápida – reforçando com exemplos as considerações feitas;
com o resgate de um ou mais pontos principais da exposição – enfatizando
idéias ou objetivos principais da exposição;
com uma citação incisiva – reforçando nossas idéias com um argumento de
autoridade.
2.6 SUGESTÃO DE FILME
Para terminarmos esta unidade, que tal refletirmos a partir do filme O espelho tem duas faces?
2.7 SÍNTESE DA UNIDADE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 3 – ESCRITURA
3.1 ETAPAS DO PROCESSO
Escrever não é uma simples questão de inspiração...
A escritura é um processo que envolve...
Pré-escritura...
Nesta fase, definimos qual o objetivo de nosso texto.
Essa fase se caracteriza pela busca de informações, de anotações, listagens, esquemas...
Ou seja, engloba tudo o que fazemos antes de começarmos, efetivamente, a escrever.
Escritura...
Neste momento, começamos realmente a escrever. Baseando-nos nos objetivos que
definimos, executamos as seguintes tarefas...
geração de idéias*;
organização*.
88
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 3
*Geração de idéias...
Capturamos, em nossa memória, as informações que alimentarão nosso texto.
Essa busca é orientada tanto pelo assunto de que iremos tratar quanto pelo tipo de
leitor que pressupomos ter.
Essa é uma tarefa recursiva. Repete-se sempre que precisamos de outras informações
para tornar nosso texto mais coeso e coerente.
*Organização...
Organizamos, no plano textual, nossas idéias e as informações que conseguimos
selecionar.
Origina-se, daí, a primeira versão de nosso texto. Essa organização pode se pautar...
em critérios cronológicos – primeiro escrevemos A... depois B;
em critérios hierárquicos – quando escrevemos A... discutimos B e C.
Pós-escritura...
Nesta fase, fazemos a revisão do texto que produzimos, verificando...
os possíveis desvios em relação aos padrões lingüísticos*;
a existência de sentidos imprecisos;
a possível acessibilidade* e a aceitabilidade* do leitor.
*Padrões lingüísticos...
Conjunto de regras semânticas, morfossintáticas, fonéticas e fonológicas, passíveis
de variações de uso, obedecidas em comum pelos falantes de uma determinada
língua, como condição básica à comunicação plena. Ainda que, sob a ótica da
moderna lingüística, não caibam julgamentos de valor, os padrões lingüísticos
estão sujeitos à avaliação social positiva e negativa e, nessa medida, podem
determinar o tipo de inserção do falante na escala social.
*Acessibilidade...
É a condição de acesso aos serviços de informação, documentação e comunicação.
*Aceitabilidade...
Qualidade daquilo que é aceitável pelo leitor.
Provavelmente, dessa fase, recursivamente, retornaremos à escritura, efetuando os ajustes
necessários à obtenção de nossos objetivos.
89
MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
3.2 RECURSIVIDADE
O planejamento de um texto escrito pode ser representado dessa forma...
Ao longo desse planejamento, a recursividade se faz presente...
As idéias que selecionamos podem gerar novas idéias...
Nossos objetivos podem-se modificar à medida que escrevemos.
3.3 SUGESTÃO DE FILME
Para terminarmos esta unidade, que tal refletirmos a partir do filme
Encontrando Forrest?
3.4 SÍNTESE DA UNIDADE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 4 – ESCRITURA DE TEXTOS TÉCNICOS
4.1 RECORTE DO CONTEÚDO
Na escritura de um texto técnico, temos de observar, basicamente, os requisitos do conteúdo* e
os da forma*.
*Conteúdo...
Elemento substancial do texto, ligado diretamente ao assunto ou tema em
abordagem.Tem como contraponto a forma, que deve atender a requisitos
adequados à veiculação eficaz da informação.
*Forma...
A forma pode ser definida como a expressão externa do conteúdo da obra.
90
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 3
A variável mais significativa em relação ao conteúdo de um texto técnico é seu recorte, ou seja,
as informações que lhe são realmente necessárias.
*Recorte...
Ao escrever um texto técnico, devemos selecionar apenas – e apenas mesmo –
as informações que são estritamente necessárias àquilo que desejamos transmitir.
Vamos lá...
Primeiro, devemos ter clareza sobre o que vamos escrever...
Listar informações é um bom começo...
Em seguida, devemos verificar o que é realmente importante nesse conteúdo.
Eliminando da lista tudo o que é supérfluo, teremos uma visão geral do texto
que iremos escrever...
Os pré-requisitos para definição e recorte do conteúdo de um texto técnico são...
a função desse texto;
as informações que esse texto deve conter;
o perfil do leitor* desse texto.
*Perfil do leitor...
A principal variável desse pré-requisito é o grau de conhecimento do leitor
sobre o conteúdo a ser disponibilizado no texto técnico.
4.2 RESUMO
Quando pensamos em elaborar um texto, listamos as informações que lhe são necessárias.
A partir das informações listadas, devemos elaborar um resumo*, para obter uma visão
geral do texto.
*Resumo...
Se o volume de informação do texto for muito grande, o ideal é segmentá-lo
em seções e escrever um resumo para cada uma dessas seções.
Gasoduto
O Gasoduto começou a ser construído em março. Três engenheiros foram
contratados para trabalhar no projeto.
Dez dias depois do início das obras, constatamos que estávamos sendo vítimas
de espionagem. Contornado o problema, o Gasoduto foi inaugurado com
sucesso.
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MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
A visão geral do texto nos permite avaliar a relevância das informações que
selecionamos. Dessa forma, sinaliza a dimensão do trabalho que teremos ao escrever.
Feito isso, está na hora de ordenarmos as informações...
4.3 ORDENAÇÃO DE INFORMAÇÕES
Ordenar informações significa estruturar a forma como as informações vão ser apresentadas no
texto.
Os pré-requisitos para a ordenação das informações são...
Hierarquização...
Hierarquizar é ordenar, ou seja, organizar as informações das mais abrangentes às mais
específicas.
A hierarquização nos permite verificar a complexidade das informações. As que
apresentarem maior grau de complexidade devem ser segmentadas em tópicos.
É provável que, nesse momento, os tópicos mais complexos tenham de se desdobrar
em subtópicos.
Encadeamento...
Encadear as informações de um texto narrativo* é relativamente fácil.
A linha de tempo que está por trás dessas informações nos sinaliza por onde devemos
começar.
*Texto narrativo...
O texto narrativo constitui-se de uma série de fatos, que se situam em um
espaço e se sucedem no tempo. Os fatos narrados não são simultâneos, como
na descrição, havendo mudança de um estado para outro, segundo relações de
seqüencialidade e causalidade.
São modalidades literárias desse tipo de texto o conto, o romance e a fábula.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 3
4.4 ENCADEAMENTO DE INFORMAÇÕES
Encadear as informações de um texto técnico, entretanto, não é tarefa fácil!
No texto técnico, é a relação de...
...que apontará o caminho desse encadeamento*.
*Encadeamento...
Relação entre dois elementos, o movimento de um em direção ao outro.
Quando encadeamos as informações que vão constituir um texto, chegamos ao esboço
desse texto*.
*Esboço desse texto...
Se o volume de informação do texto for muito grande, esse esboço nos sinaliza
cada uma de suas seções.
Se o volume de informação do texto for pequeno, esse esboço nos sinaliza
cada um de seus parágrafos.
Contudo, como nem sempre somos os autores do conhecimento técnico sobre o qual vamos
escrever, nem sempre conseguimos ver, com clareza, se as informações foram adequadamente
encadeadas.
O ideal então é disponibilizar o esboço de texto a leitores que...
não conheçam tão bem quanto nós o assunto sobre o qual estamos escrevendo;
conheçam melhor que nós o assunto sobre o qual estamos escrevendo.
4.5 DESENVOLVIMENTO DAS INFORMAÇÕES
Agora é o momento da escritura, ou seja, momento de escrever, desenvolver cada uma das
informações que selecionamos para compor nosso texto...
Para manter a unidade do texto, cada idéia, cada conceito deve ser tratado de forma
independente e completa em um único parágrafo.
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MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
Ou seja, para evitar a dispersão, cada idéia, cada conceito, cada informação
tem de aparecer uma única vez, em um único lugar.
Mais ainda... Cada parágrafo deve ser introduzido por uma frase que, de forma bastante sucinta,
sinalize ao leitor o que nele será tratado.
4.6 REESCRITURA
Terminada a primeira escritura, está na hora de ler o que escrevemos, está na
hora de cuidarmos do segundo requisito de um texto técnico, a forma!
A leitura do que escrevemos permite verificar até que ponto as informações que constituem
cada parágrafo estão adequadamente encadeadas, isto é, se existe coesão entre elas.
Quando o encadeamento das informações chega ao nível do parágrafo, reforçamos a unidade do
texto, sua textualidade.
Se percebermos que as informações não estão bem encadeadas, devemos
reescrever os parágrafos. Se necessário, novos parágrafos devem ser criados.
4.6.1 VOLUME DO TEXTO
Se o texto for muito longo, podemos quebrá-lo em...
...capítulos
...seções
A leitura do que escrevemos nos permite ainda verificar a adequação do tamanho dos períodos
e das orações que constituem nosso texto.
4.6.2 VOLUME DOS PERÍODOS
Nesse momento, devemos lembrar que a nossa memória de curto prazo só nos permite processar,
com êxito, cerca de 21 palavras por oração...
Se construirmos períodos muito longos, o leitor não conseguirá processá-los.
Logo, haverá chances de o conhecimento ser distorcido...
4.6.3 VOLUME DAS ORAÇÕES
Além do volume de informação que inserimos em um período, temos de checar que
informação é essa.
As informações que constituem um período devem constituir uma unidade temática.
Ou seja, essas informações não podem ser independentes.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 3
O mesmo se aplica às orações. Devemos dosar o volume de informações que nelas
inserimos. Para tal, temos de eliminar os detalhes supérfluos.
Não é tarefa fácil dosar as informações de uma oração! Um texto prolixo dificulta sua
compreensão.
Um texto denso também! Um texto denso é compacto, veloz e,
principalmente, gera subentendidos.
4.6.4 CONCLUSÕES PARCIAIS
Ora, se o leitor é o alvo de nosso texto técnico, devemos nos preocupar com a compreensão que
ele terá do que escrevemos.
Para facilitar essa compreensão, convém que, conforme o texto vá sendo construído, apresentemos
conclusões parciais sobre as informações que estamos disponibilizando.
Ao leitor cabe articular essas conclusões ao conhecimento prévio que ele tem sobre o
assunto tratado no texto, chegando, dessa forma, a novas conclusões.
O texto técnico, por natureza, tem de ser claro. Temos de eliminar o que está subentendido nele.
Sem dúvida, as conclusões parciais vão compor a conclusão final do texto!
Ou seja... um texto técnico não pode ser um desafio para a inteligência do leitor!
4.6.5 PROLIXIDADE
Se um texto denso é complexo, por outro lado, a prolixidade também o é, já que ela quebra a
unidade do texto.
Se nada mais temos a dizer, que nada seja dito!
Existem informações e palavras que são realmente desnecessárias.
4.6.6 ALGUNS CUIDADOS
Cuidado! É fácil confundirmos o leitor com títulos que não têm nada a ver com o texto. Além
disso, não devemos poluir o texto com muitos títulos.
Abrir discussões paralelas, não pertinentes ao assunto de que estamos tratando... empolgar-nos...
querer mostrar vasta cultura... essas são algumas das causas de um texto prolixo.
Além disso, nos textos técnicos, o jargão – os termos técnicos – intimida o leitor, aumentando o
sentimento de ignorância – falta de conhecimento – das informações expressas no texto.
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MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
Se o texto é longo, está na hora de criar os títulos para suas seções. Desses títulos, construiremos
o sumário* do texto.
*Sumário...
Consiste em uma enumeração das partes principais de um texto muito longo.
Pode ser dividido em seções, cujos títulos são apresentados pelo sumário na
mesma ordem em que se sucedem no texto. A sumarização visa criar uma
unidade e facilitar a visão do conjunto, do todo.
4.7 REVISÃO
Escrita a versão inicial do texto, é o momento de revisá-lo.
Novamente, nossa preocupação recai sobre o requisito que diz respeito ao cuidado com a forma
do texto técnico.
Pente fino nele!
Leia o texto em voz alta...
Revise o texto por partes...
Cuide da numeração...
das seções;
das páginas;
das notas;
das referências.
Não deixe passar nada!
4.8 REFINAMENTO
Revisão feita, é o momento de reescrever, refinar o texto.
Refinar um texto é avaliar como tratamos os dois requisitos básicos de um texto técnico – conteúdo
e forma.
Cuidado com o recorte do conteúdo.
Cuidado com a organização, com o encadeamento e com a densidade de informações
no texto como um todo – nos parágrafos, nos períodos, nas orações...
Cuidado com a disposição do texto, das imagens, dos gráficos...
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 3
4.9 VERSÃO FINAL
Reescrita feita, é o momento de diagramá-lo.
A diagramação bem feita, sem dúvida, otimiza a compreensão do texto!
Quando a diagramação estiver pronta, é o momento de submeter o texto à crítica dos leitores.
Se possível, devemos submeter nosso trabalho a mais de um leitor... um que
conheça mais e outro que conheça menos do que nós o assunto tratado.
Críticas feitas, é o momento de gerar a versão final do texto, incorporando as contribuições e
sugestões recebidas. Gerada a versão final, é o momento de divulgá-lo.
É bem provável que, quando divulgarmos nosso texto, ele ainda receba mais contribuições,
críticas e sugestões.
Não devemos deixar de incorporá-las. Lembre-se... Como não existem verdades absolutas...
...o conhecimento se constrói na troca.
4.10 ETAPAS DA ESCRITA
Como estamos encerrando o módulo, trouxe um presentinho para você!
Definir função do texto...
Esse é um texto informativo, de referência, de operação, de divulgação?
Definir o perfil do leitor...
Qual o grau de conhecimento do leitor em relação às informações técnicas a serem
disponibilizadas no texto?
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MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
Definir e recortar a informação...
Que conceitos, informações, fatos são imprescindíveis a esse conhecimento técnico?
Organizar as informações...
Como encadear as informações?
Resumir as informações em sumário...
Qual a importância de cada informação para o conhecimento técnico a ser
disponibilizado? O que não pode deixar de ser expresso?
Submeter o sumário à crítica...
São essas as informações mais relevantes para o conhecimento técnico a ser
disponibilizado?
Definir o formato do texto...
Como será o texto?
Gerar o texto inicial
Revisar o texto inicial...
Parágrafos introduzidos por uma frase? Parágrafos, períodos, orações muito longos?
Volume adequado de informações por parágrafos, períodos, orações? Títulos adequados?
Prolixidade? Excesso de termos técnicos?
Corrigir o texto inicial
Submeter o texto à crítica...
As informações são realmente significativas? Estão corretas? Estão completas?
Reescrever o texto
Diagramar o texto...
Como formatar e dispor as informações no papel/na tela?
Imprimir e rever a prova...
Que problemas podem ser corrigidos?
Fazer o índice
Imprimir/disponibilizar o texto...
Qual a melhor forma de divulgação do texto?
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MÓDULO 3
4.11 SUGESTÃO DE FILME
Para terminarmos esta unidade, que tal refletirmos a partir do filme Possessão?
4.12 SÍNTESE DA UNIDADE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 5 – CENÁRIO CULTURAL
5.1 FILME
Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse uma
cena do filme Tempo de matar no CD que acompanha a apostila.
5.2 OBRA LITERÁRIA
Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, leia o texto
Ficções do interlúdio no ambiente on-line.
5.3 OBRA DE ARTE
Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, aprecie o
quadro Menino escrevendo no ambiente on-line.
APRESENTANDO O APÊNDICE GRAMATICAL
Neste apêndice – que compreende as últimas unidades deste módulo –, vamos abordar as regras
básicas que orientam o processo de concordância entre sujeitos e verbos – concordância verbal
– e entre nomes – concordância nominal.
Esses mecanismos de concordância são fundamentais para o alcance da clareza no processo de
construção textual além de representarem uma fonte constante de recursos expressivos à
disposição dos usuários da língua.
Dessa forma, torna-se mais fácil compreender a grande variedade de opções
de concordância, se a considerarmos como um conjunto de opções a nosso dispor
e não como um entrave à prática comunicativa.
UNIDADE 6 – CONCORDÂNCIA VERBAL
6.1 REGRA GERAL
Concordância verbal é aquela que se estabelece entre os verbos e os diferentes
elementos que praticam as ações por eles expressas – sujeitos.
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MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
Nesse processo, portanto, o verbo poderá aparecer no singular ou no plural, concordando sempre
com uma das pessoas do discurso...
1a. pessoa – o enunciador (singular) ou os enunciadores (plural);
2a. pessoa – o interlocutor (singular) ou os interlocutores (plural);
3a. pessoa – aquela (singular) ou aquelas (plural) que, eventualmente, não participam
do canal direto de comunicação.
A regra geral do processo de concordância verbal é muito simples...
O verbo concorda em número e pessoa com o sujeito.
Observemos os seguintes exemplos...
6.2 CONCORDÂNCIA COM O SUJEITO SIMPLES
Em se tratando de sujeitos simples, a regra geral é obedecida – o verbo concorda com
o sujeito.
Devemos tomar cuidado apenas ao identificarmos o sujeito da oração, o qual, nem sempre, vem
antes do verbo ou encontra-se explicitamente grafado na oração...
Ex.: Aconteceram muitas transformações na empresa, nos últimos tempos. = Muitas
transformações aconteceram na empresa, nos últimos tempos.
Ex.: A quem pertencem esses rascunhos? = Esses rascunhos pertencem a quem?
Ex.: Não nos preocupam as novas diretrizes, desde que sejam eficazes. = As novas
diretrizes não nos preocupam, desde que sejam eficazes.
6.3 CONCORDÂNCIA COM O SUJEITO COMPOSTO
Com sujeito composto que aparece antes do verbo, o verbo irá para o plural...
Ex.: Os dicionários e o mapa chegaram.
Em alguns casos, o verbo posposto ao sujeito admite também o singular...
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 3
Quando os núcleos são sinônimos ou quase sinônimos...
Ex.: O rancor e o ódio deixou-o perplexo.
Quando os núcleos vierem dispostos em gradação ou resumidos por um pronome indefinido...
Ex.: Uma indignação, uma raiva profunda, uma raiva mortal dominava-o.
Ex.: Alunos, mestres diretores, ninguém faltou.
Quando o sujeito é formado de dois infinitivos que não exprimem idéias contrárias...
Ex.: Trabalhar e estudar fazia dele um homem feliz.
Quando o verbo aparece antes do sujeito composto, ele poderá ir para o plural ou concordar com
o núcleo do sujeito mais próximo...
Ex.: Chegaram o mapa e os dicionários./Chegou o mapa e os dicionários.
6.3.1 SUJEITO COMPOSTO POR PESSOAS DIFERENTES
Com sujeito composto formado por pessoas diferentes, dentre elas a 1a. pessoa, o verbo irá para
a 1a. pessoa do plural...
Ex.: Eu, tu e ele resolveremos o problema. = Nós resolveremos o problema.
Existindo a 2a. e a 3a. pessoa, o verbo poderá ir para a 2a. ou para a 3a. pessoa do plural...
Ex.: Tu e teu colega chegastes cedo. = Vós chegastes cedo.
Ex.: Tu e teu colega chegaram cedo. = Eles chegaram cedo.
Se o verbo vier antes do sujeito, também poderá concordar com o núcleo mais próximo...
Ex.: Agora percebes tu e ele o grande erro.
6.3.2 NÚCLEOS DO SUJEITO UNIDOS POR OU
Com núcleos do sujeito ligados por ou, devemos considerar duas possibilidades...
se o ou possui valor excludente, o verbo fica no singular...
Ex.: Roma ou Viena será a próxima sede da companhia.
se o ou não possui valor excludente, o verbo irá para o plural...
Ex.: Roma ou Viena são excelentes locais para a próxima sede da empresa.
Com a expressão um ou outro – que apresenta valor do ou excludente – o verbo fica no singular...
Ex.: Um ou outro coordenador poderá estar presente.
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MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
6.3.3 NÚCLEOS DO SUJEITO UNIDOS POR COM
Com núcleos do sujeito ligados por com, usamos, mais freqüentemenhte, o verbo no plural,
concordando com os dois elementos...
Ex.: O Sr. Pedro Alcântara com os demais diretores da empresa estiveram presentes à
inauguração.
Quando desejamos, contudo, dar mais destaque ao primeiro elemento do sujeito ou quando o
verbo vier antes do sujeito, poderemos utilizar o verbo no singular...
Ex.: O diretor, com seu colegiado, aprovou as novas normas.
Ex.: Mal saíra da sala o representante com seu assistente, chegou a notícia.
6.3.4 NÚCLEOS DO SUJEITO UNIDOS POR NEM
Com núcleos do sujeito ligados por nem, usamos, mais freqüentemenhte, o verbo no plural,
concordando com os dois elementos...
Ex.: Nem o cansaço nem as dúvidas abalavam sua vontade.
Contudo, é preferível o uso do singular quando o verbo precede o sujeito ou quando, entre os
elementos do sujeito, existe idéia de exclusão, o que ocorre quando o fato pode ser atribuído a
apenas um dos elementos do sujeito...
Ex.: Aqui nunca se recusou nem trabalho, nem esforço.
Ex.: Nem Paulo nem Marcos será eleito para o novo cargo.
Com a expressão nem um nem outro – ou mesmo com o seu contrário um e outro –, o verbo
poderá ir para o plural ou ficar no singular...
Ex.: Nem um nem outro são capazes de responder a nossas dúvidas./Nem um nem
outro é capaz de responder a nossas dúvidas.
Ex.: Um e outro conheciam bem o trabalho./ Um e outro conhecia bem o trabalho.
6.3.5 NÚCLEOS DO SUJEITO CORRELACIONADOS
Para estabelecer correlação entre os elementos que compõem o sujeito, podemos utilizar
expressões como...
não só... mas também;
não só... como também;
não só... como ainda;
tanto... como;
tanto... quanto...
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 3
Nesses casos, o verbo irá para o plural...
Ex.: Não só reestruturamos o projeto mas também a equipe por ele responsável.
Ex.: Tanto a filial de Curitiba quanto a de Belém mantêm alto padrão de qualidade em
suas operações.
6.4 CONCORDÂNCIA COM O VERBO SER
Há regras especiais para a flexão do verbo ser, que determinam a concordância do verbo não com
o sujeito, mas com o predicativo da oração, ou ainda preescrevem uma forma invariável para o
verbo.
São elas...
Quando o sujeito for um pronome interrogativo quem ou que, o verbo ser concorda com o
predicativo...
Ex.: Que são todos esses papéis aqui esparramados?
Quando indicar tempo, data ou distância, o verbo ser concorda com o numeral...
Ex.: É primeiro de maio.
Ex.: São três quilômetros daqui até a cidade.
Devemos notar que o verbo ser concorda com o primeiro numeral que aparecer...
Ex.: É uma hora e trinta minutos.
Ex.: Já são dez para a uma.
Quando houver pronome pessoal, o verbo ser concorda sempre com ele, sendo sujeito ou
predicativo...
Ex.: Os responsáveis somos nós.
Quando um dos elementos do sujeito ou do predicativo for pessoa, o verbo ser concorda
obrigatoriamente com ele...
Ex.: Juliana era as esperanças da equipe.
Quando o sujeito for tudo ou um pronome demonstrativo neutro – o (antes de que), isto, isso,
aquilo –, a concordância se faz, preferencialmente, com o predicativo...
Ex.: Nem tudo aqui são flores./Nem tudo aqui é flores.
Ex.: O que mais me incomodava eram as queixas infundadas./O que mais me
incomodava era as queixas infundadas.
Ex.: Isto são sintomas menos graves./Isto é sintomas menos graves.
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MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
Quando o sujeito é um nome de coisa, no singular, e o predicativo, um substantivo no plural, o
verbo ser vai para o plural...
Ex.: A causa da demissão foram as reclamações constantes do chefe.
Quando aparece nas expressões do tipo é muito, é pouco, é suficiente, é bastante, é mais que (do
que), é menos que (do que), que exprimem preço, medida e quantidade, o verbo permanece
invariável...
Ex.: Cem metros é muito.
Se, contudo, o sujeito vier determinado, o verbo ser irá para o plural...
Ex.: Dois quilos é suficiente para nós./ Esses dois quilos são suficientes para nós.
6.5 CONCORDÂNCIA DOS VERBOS PASSIVOS
Um se pode-se juntar a um verbo transitivo direto para a formação de uma voz passiva especial na
Língua Portuguesa, que se chama de sintética.
Dessa forma, em um enunciado como...
[Quanto faltaria] [para que se percebesse a falta dos documentos?]
A segunda oração, que gira em torna do verbo perceber – que é transitivo direto –, é passiva, já
que ao verbo juntou-se a partícula apassivadora se para mostrar que a expressão a falta dos
documentos é o sujeito que sofre a ação de ser percebido.
O enunciado apresentado como exemplo tem, portanto, o mesmo sentido de uma outra construção
passiva em nossa língua, conhecida como analítica...
[Quanto faltaria] [para que a falta dos documentos fosse percebida?]
Desse modo, na voz passiva sintética, existe um sujeito na oração que sempre atrai a concordância
do verbo...
Ex.: Consertam-se relógios nesta loja. = Relógios são consertados nesta loja.
Ex.: Gastam-se milhões a cada ano inutilmente. = Milhões são gastos a cada ano
inutilmente.
6.6 ORAÇÕES COM SUJEITO INDETERMINADO
O se – além de poder apassivar um verbo – pode também indeterminar um sujeito.
Isso ocorrerá quando ele estiver ligado a verbos intransitivos ou
transitivos indiretos.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 3
Nesses casos – ao contrário do que ocorre com a partícula apassivadora se que se junta a verbos
transitivos diretos –, o verbo permanerá na 3a. pessoa do singular...
Ex.: Precisa-se de mais funcionários neste setor.
Ex.: Trabalha-se com prazer nesta empresa.
Podemos notar, nos exemplos acima, a presença de um verbo transitivo indireto – precisar (que
exige preposição obrigatória de) – e de um verbo intransitivo – trabalhar (que não exige qualquer
tipo de complementação obrigatória).
Devemos perceber ainda que, em nenhum dos dois exemplos, existe uma referência específica
à pessoa ou às pessoas que precisam de mais funcionários ou que trabalham.
Trata-se, pois, de duas orações com sujeito indeterminado, o que justifica o uso de
ambos os verbos no singular.
6.7 ORAÇÕES COM VERBOS IMPESSOAIS
Verbos impessoais são aqueles que permanecem invariáveis no enunciado, sendo usados, portanto,
apenas na 3a. pessoa singular para assinalar orações sem sujeito.
Os verbos impessoais na Língua Portuguesa são...
os que indicam fenômenos da natureza, como chover, trovejar, relampejar, nevar...
Ex.: Choveu muito ontem à noite.
Tais verbos, contudo, em sentido figurado, deixam de ser impessoais e passam a concordar com
o sujeito da frase...
Ex.: Choveram dúvidas durante toda a reunião.
os verbos haver e fazer na indicação de tempo...
Ex.: Há muitos dias não o vejo.
Ex.: Faz muito frio aqui durante o inverno.
o verbo haver no sentido de existir...
Ex.: Há pessoas demais falando nesta sala.
Quando em locuções verbais, esses verbos levam seus auxiliares também à forma impessoal...
Ex.: Tem de chover hoje ou não suportaremos o calor.
Ex.: Vai fazer três anos que não a vejo.
Ex.: Deve haver mais cadeiras na outra sala.
6.8 CASOS ESPECIAIS
A Língua Portuguesa prevê vários casos especiais de concordância verbal, alguns até bastante
polêmicos, que variam em função do contexto e do estado emocional dos enunciadores.
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MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
Enfocaremos, a partir de agora, os mais comuns, tendo sempre em vista sua aplicação
prática. Eles se resumem à concordância...
com coletivos;
com nomes que só se usam no plural;
com as expressões mais de/menos de/um dos que;
com as expressões do tipo quais de nós/quais de vós;
com a expressão haja vista;
com pronomes de tratamento;
com pronomes relativos;
com porcentagens e numerais fracionários;
com os numerais milhão, bilhão e trilhão;
com sujeito oracional;
com o verbo parecer;
com os verbos dar, bater, soar.
6.8.1 COM COLETIVOS
Quando o sujeito da oração é formado por um coletivo, o verbo fica no singular...
Ex.: A multidão aplaudiu a excelente palestra com entusiasmo.
Contudo, se o coletivo vier especificado, o verbo pode ficar no singular ou no plural, o que se
aplica também aos coletivos partitivos como metade de, grande parte de, a maior parte de, a
maioria de...
Ex.: A multidão de estudantes aplaudiu a linda jogada./A multidão de estudantes
aplaudiram a linda jogada.
Ex.: Grande parte dos convidados elogiou a jogada./ Grande parte dos convidados
elogiaram a apresentação.
6.8.2 COM NOMES QUE SÓ SE USAM NO PLURAL
Com um nome que só se usa no plural, quando precedido de artigo ou determinado de outra
maneira, o verbo concorda com o artigo ou com o termo determinante, indo, portanto, para o
plural.
Contudo, quando esse nome não vem precedido de artigo, o verbo permanece no singular.
Ex.: As férias fazem bem a todos.
Ex.: Suas núpcias estão próximas.
Ex.: Pêsames significa o mesmo que expressão de condolência.
Com substantivos próprios que só se usam no plural, o plural no verbo é determinado pelo uso do
artigo junto a esses nomes...
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 3
Ex.: Os Estados Unidos não assinaram o acordo para proteção do meio ambiente.
Ex.: Minas Gerais é um dos mais belos estados do Brasil.
Nos títulos de obras, é comum, com nomes no plural – ainda que antecedidos de artigo –, o
emprego do verbo no singular...
Ex.: “As Diretrizes para Apresentação do Orçamento” representa um dos documentos
mais bem elaborados deste setor.
6.8.3 COM AS EXPRESSÕES MAIS DE/MENOS DE/UM DOS QUE
Com as expressões que indicam quantidade aproximada, como mais de, menos de, perto de,
cerca de, o verbo concorda com o numeral que se segue a essas expressões...
Ex.: Mais de um funcionário faltou hoje./Mais de dois funcionários faltaram hoje.
Ex.: Sobrou menos de um lugar na sala./Sobraram menos de dez lugares na sala.
Com as expressões um dos que/uma das que/um daqueles que/ uma daquelas que, o verbo irá
para o plural.
Contudo, quando desejamos dar destaque ao elemento do grupo, dando a entender que ele se
sobressai sobre os demais, admitimos também o singular...
Ex.: O novo consultor é um dos que mais se destacaram na equipe neste ano./O novo
consultor é um dos que mais se destacou na equipe neste ano.
6.8.4 COM AS EXPRESSÕES DO TIPO QUAIS DE NÓS/QUAIS DE VÓS
Quando o sujeito é constituído de expressões formadas por pronomes indefinidos no plural –
quais, alguns, quantos, muitos, vários, poucos, quaisquer –, seguidas de de ou dentre mais os
pronomes pessoais nós ou vós, o verbo pode concordar com o pronome indefinido ou com o
pronome pessoal...
Ex.: Muitos de nós ficarão até mais tarde amanhã?/ Muitos de nós ficaremos até mais
tarde amanhã?
Devemos notar que a opção pela concordância do verbo na 3a. pessoa do plural denota exclusão
do enunciador, enquanto a opção pela 1a. pessoa plural indica inclusão da pessoa que fala ou
escreve.
Quando o pronome indefinido estiver no singular, o verbo ficará obrigatoriamente na 3a. pessoa
do singular...
Ex.: Qual de nós está disposto a isso?
107
MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
6.8.5 COM A EXPRESSÃO HAJA VISTA
A expressão haja vista tem o sentido de observado(s)/observada(s), à vista de, atentando-se para.
Com essa expressão – partindo-se dos sentidos apresentados –, existem três construções possíveis.
A primeira construção expressa a concordância do verbo com o sujeito da oração...
Ex.: Hajam vista os problemas recentes, adiaremos a reunião. = Observados os
problemas recentes, adiaremos a reunião.
Para que o verbo fique no plural, é necessário, pois, que o sujeito também seja
plural. Caso contrário, haja vista a regra, o verbo só poderá ser usado no singular.
A segunda construção considera que a oração que apresenta a expressão haja vista não tem
sujeito, permanecendo o verbo, portanto, no singular...
Ex.: Haja vista os problemas recentes, adiaremos a reunião. = À vista dos problemas
recentes, adiaremos a reunião.
A terceira construção, por fim, considera também a oração sem sujeito, mas com complemento
preposicionado...
Ex.: Haja vista aos problemas recentes, adiaremos a reunião. = Atentando-se para os
problemas recentes, adiaremos a reunião.
6.8.6 COM PRONOMES DE TRATAMENTO
Quando o sujeito da oração é um pronome de tratamento, o verbo fica na 3a. pessoa – do singular
ou do plural –, ainda quando estamos nos referindo à 2a. pessoa, que é o interlocutor do discurso...
Ex.: Sua Excelência, o Ministro das Relações Exteriores, adiou a coletiva à imprensa.
Ex.: Vossas Senhorias não gostariam de aguardar em um local mais confortável?
6.8.7 COM PRONOMES RELATIVOS
Com o pronome relativo qual/quais na função sujeito, o verbo concordará sempre com o
antecedente do pronome...
Ex.: Recebemos o documento e as notas as quais precisam ser corrigidas.
Ex.: Estou preparando a proposta e o contrato, o qual deve ser anexado à
correspondência.
Quando o sujeito da oração é o pronome relativo quem, o verbo fica no singular – concordando
com esse pronome – ou com o antecedente do pronome relativo...
Ex.: Sou eu quem aprovará a versão final./ Sou eu quem aprovarei a versão final.
108
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 3
Quando o sujeito da oração é o pronome relativo que, o verbo concorda com o antecedente
desse pronome relativo...
Ex.: Desconhecemos as etapas que foram acrescentadas posteriormente ao processo.
Ex.: Sou eu que farei a análise.
Contudo, quando o antecedente do relativo que funciona como predicativo da oração principal,
o verbo pode ficar no singular ou concordar com o sujeito da oração principal.
Ex.: Nós somos os supervisores que arcarão com as conseqüências./Nós somos os
surpevisores que arcaremos com as conseqüências.
6.8.8 COM PORCENTAGENS E NUMERAIS FRACIONÁRIOS
Quando o sujeito for indicado por uma porcentagem seguida de substantivo, o verbo pode
concordar com o numeral que compõe a porcentagem ou com o substantivo – que é a tendência
mais comum no Brasil...
Ex.: 1% dos novos contratos ainda não foram assinados./1% dos novos contratos
ainda não foi assinado.
Ex.: 25% do orçamento destina-se a aperfeiçoamento da equipe./25% do orçamento
destinam-se a aperfeiçoamento da equipe.
Com sujeitos formados por numerais fracionários, a concordância, em geral, é feita com o
numerador...
Ex.: Um terço das receitas será aplicado na área de produção.
Ex.: Dois terços da equipe votaram a favor do plano.
Contudo, a concordância com o substantivo plural também não está incorreta, quando se trata de
numerador unitário...
Ex: Um quarto dos funcionários da empresa possuíam diploma de nível superior.
6.8.9 COM OS NUMERAIS MILHÃO, BILHÃO E TRILHÃO
Os numerais milhão, bilhão e trilhão, quando seguidos de substantivos no plural, levam,
preferencialmente, o verbo para o plural...
Ex.: Um milhão de reais serão gastos em reformas estruturais na fábrica./Um milhão
de reais será gasto em reformas estruturais na fábrica.
Ex.: Podem faltar um bilhão e meio de litros de petróleo neste ano./Pode faltar um
bilhão e meio de litros de petróleo neste ano.
109
MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
Como esses numerais são do gênero masculino, devem ser utilizados no masculino os artigos, os
pronomes e os numerais que os precedem...
Ex.: Alguns milhares de folhas serão necessários.
Ex: Esses dois milhões de pessoas.
Outras formas adjetivas que se refiram ao sujeito constituído por esses numerais podem concordar
com os numerais ou com os elementos contados...
Ex.: Os dois bilhões de sementes que foram estocados./Os dois bilhões de sementes
que foram estocadas.
Ex.: Foram plantados dois milhões de árvores./Foram plantadas dois milhões de
árvores.
6.8.10 COM SUJEITO ORACIONAL
Algumas vezes, o sujeito de uma oração não possui um ou mais núcleos nominais, mas é composto
por toda uma outra oração.
Quando o sujeito corresponde a toda uma oração, o verbo necessariamente aparecerá no singular...
Ex.: Fazer exercícios faz bem à saúde.
No período acima, o que faz bem à saúde é fazer exercícios, oração que corresponde, portanto, ao
sujeito do verbo fazer, presente na segunda oração.
6.8.11 COM O VERBO PARECER
Com o verbo parecer, seguido de infinitivo, temos duas possibilidades de concordância verbal...
A mais comum é flexionar apenas o verbo parecer...
Ex.: As pessoas todas pareciam não entender o que estava acontecendo.
Podemos ainda flexionar o infinitivo, deixando o verbo parecer invariável...
Ex.: Os dias parece se arrastarem nesta época do ano. = Parece se arrastarem os dias
nesta época do ano.
Sem o infinitivo e junto a uma conjunção que, o verbo parecer fica no singular...
Ex.: As más notícias parece que voam = Parece que as más notícias voam.
110
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 3
6.8.12 COM OS VERBOS DAR, BATER, SOAR
Com os verbos dar, bater, soar, na indicação de hora, existe a concordância com o sujeito que,
ocasionalmente, pode ser o número de horas...
Ex.: Deram duas horas no relógio da fábrica.
Ex.: Bateu três horas em ponto o relógio.
Ex.: Soaram no sino as badaladas das seis horas.
É oportuno lembrar que o verbo passar, quando se refere a horas, permanece no singular...
Ex.: A propósito, já passa das onze horas, acho que podemos encerrar por aqui.
6.9 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
6.10 ATIVIDADES
6.10.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Acesse, no ambiente on-line, os exercícios de fixação desta unidade.
UNIDADE 7 – CONCORDÂNCIA NOMINAL
7.1 REGRA GERAL
Concordância nominal é aquela que se estabelece entre substantivos ou pronomes
substantivos – conhecidos como determinados – e os diferentes elementos que os
caracterizam – os elementos de natureza adjetiva, também chamados de
determinantes.
Elementos de natureza adjetiva ou determinantes são aqueles que tendem a ter gênero e número
dos determinados a que se referem. São eles...
Os adjetivos propriamente ditos...
Ex.: Novas e eficientes campanhas foram lançadas pela equipe de marketing.
Os artigos...
Ex.: Uma situação como essa é difícil de acontecer.
Os pronomes adjetivos...
Ex.: Esses papéis estavam sobre minha mesa.
Os numerais adjetivos...
Ex.: Contrataremos mais duas pessoas neste semestre.
111
MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
Os particípios verbais...
Ex.: Sabemos que ele foi despedido por justa causa.
Nesse processo, portanto, os elementos de natureza adjetiva poderão aparecer no singular ou no
plural, em sua forma masculina ou feminina, para estabelecer a concordância com o termo
determinado – ou com os termos determinados – a que se referem.
É preciso tomar cuidado, portanto, com o gênero dos substantivos. A palavra sentinela, por exemplo,
é do gênero feminino, quer se refira a pessoas do sexo feminino ou masculino...
Ex.: As sentinelas estavam atentas a tudo.
7.2 UM SÓ DETERMINANTE E MAIS DE UM DETERMINADO
Quando um determinante está caracterizando mais de um determinado, devemos considerar se
ele aparece antes ou depois das palavras determinadas bem como o gênero dessas palavras.
Não se esqueça de que os termos determinantes são...
os adjetivos propriamente ditos;
os artigos;
os pronomes adjetivos;
os numerais adjetivos;
os particípios verbais.
7.2.1 DETERMINANTE ANTES DOS DETERMINADOS
Aparecendo antes das palavras determinadas do mesmo gênero, o determinante concorda com
a mais próxima em gênero e número – o que é mais comum – ou vai para o plural e para o gênero
comum...
Ex.: Receberam oportuna visita e notícia./Receberam oportunas visita e notícia.
Se as palavras determinadas forem de gêneros diferentes, o determinante concorda com a mais
próxima em gênero e número – o que é mais comum – ou vai para o plural masculino...
Ex.: Escolheste má hora e lugar./Escolheste maus hora e lugar.
Se as palavras determinadas se referirem a uma mesma pessoa ou coisa, ou se o determinante se
referir a apenas uma delas, teremos o determinante no singular...
Ex.: Sempre serei seu fiel amigo e servidor.
Ex.: Esperamos bom preço e qualidade.
112
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 3
Sendo o determinante um predicativo, ele irá para o singular ou para o plural, dependendo do
verbo...
Ex.: Estava calmo o coordenador e a supervisora durante a vistoria.
Ex.: Estavam calmos o coordenador e a supervisora durante a vistoria.
Antes de nomes próprios, contudo, o plural é obrigatório...
Ex.: As simpáticas Cíntia e Valéria.
7.2.2 DETERMINANTE DEPOIS DOS DETERMINADOS
Vindo depois de palavras determinadas do mesmo gênero, o determinante concorda com a mais
próxima em gênero e número ou vai para o plural e para o gênero comum, indiferentemente...
Ex.: Estavam ali um jovem e um homem preocupado./Estavam ali um jovem e um
homem preocupados.
Se as palavras determinadas forem de gêneros diferentes, o determinante concorda com a mais
próxima em gênero e número ou vai para o plural masculino, indiferentemente...
Ex.: Precisamos de material e sala adequada./Precisamos de material e sala
adequados.
Se o determinante posposto for um predicativo, o plural é obrigatório...
Ex.: O diagramador e a coordenadora estão atrasados.
Se o determinante for um pronome possessivo, deverá concordar com o termo mais próximo...
Ex.: Por senso de responsabilide e vontade sua, resolveu ficar.
É claro também que, se o adjetivo estiver se referindo somente a um substantivo, concordará
apenas com o último substantivo...
Ex.: Da janela avistava sol e mar azul.
7.3 UM SÓ DETERMINADO E MAIS DE UM DETERMINANTE
Quando mais de um determinante está caracterizando uma única palavra determinada, temos
duas possibilidades de concordância...
...a palavra determinada vai para o plural e os determinantes ficam sem artigo...
Ex.: Estudava os idiomas francês, inglês e italiano.
113
MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
...a palavra determinada vai para o singular e o artigo é obrigatório a partir do segundo
determinante...
Ex.: Estudava o idioma francês, o inglês e o italiano.
No caso de numerais ordinais que se refiram a um único substantivo, podem ser usadas as
seguintes construções...
Ex.: O curso estará aberto a alunos do 1o. e 2o. grau./O curso estará aberto a alunos do
1o. e 2o. graus.
Ex.: Os andares quinto e sexto serão interditados.
7.4 EXPRESSÕES COM VERBO SER MAIS ADJETIVO
As expressões é bom, é necessário, é proibido, além de tantas outras formadas com o verbo ser
mais um adjetivo são invariáveis...
Ex.: Bebida alcoólica é proibido para menores.
Com sujeito precedido de artigo – ou palavra equivalente –, a concordância, contudo, é obrigatória...
Ex.: A bebida alcoólica é proibida para menores.
7.5 PALAVRAS SEMPRE VARIÁVEIS
Anexo, incluso...
Ex.: Seguem anexos os documentos.
Ex.: Vai inclusa a procuração.
A expressão em anexo, contudo, é invariável, mas não é de bom tom segundo os
padrões cultos da língua...
Ex.: Os documentos seguem em anexo.
Mesmo, próprio...
Ex.: Elas mesmas realizarão a correção.
Ex.: Eles próprios estarão à frente do processo.
Leso-...
Vem do verbo lesar, no sentido de prejudicar, mas é forma adjetiva.
Ex.: Burlar essas leis constitui crime de lesa-pátria.
Obrigado, agradecido, grato...
Ex.: “Muito obrigadas”, agradeceram elas.
Ex.: Nós todos estamos agradecidos por sua colaboração.
Ex.: As secretárias estavam gratas pela ajuda recebida.
114
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 3
Quite...
Ex.: Nós estaremos quites depois desses acertos.
Tal qual...
Tal concorda com o termo anterior e qual com o posterior...
Ex.: Os funcionários são tais quais seus chefes.
Ex.: Os resultados são tais qual o planejamento.
7.6 PALAVRAS SEMPRE INVARIÁVEIS
As seguintes expressões não constituem adjetivos propriamente ditos, mas expressões invariáveis...
Menos...
Ex: Acredito que agora elas estejam menos ocupadas.
Alerta...
Ex.: Estamos todos alerta.
Salvo...
No sentido de exceto, com exceção de...
Ex.: Salvo prescrições contrárias ao acordo, tudo ocorrerá como havíamos previsto.
Pseudo/todo...
Quando usados em termos compostos...
Ex.: Acabamos descobrindo que eles eram pseudo-especialistas.
A olhos vistos...
Significa visivelmente...
Ex.: Ela definhava a olhos vistos.
Substantivos adjetivados...
Alguns substantivos podem ser usados na caracterização de outros substantivos. Nesse
caso, permanecem invariáveis...
Ex.: Comprei uma nova blusa vinho.
115
MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
Adjetivos adverbiados...
Alguns adjetivos costumam ser usados não em referência a substantivos, mas como
advérbios, para modificar verbos, adjetivos ou outros advérbios.Têm, assim, o mesmo
sentido de advérbios terminados em -mente...
Ex.: Ela falou sério. = Ela falou seriamente.
7.7 PALAVRAS VARIÁVEIS OU INVARIÁVEIS
Algumas palavras e expressões da língua ora possuem valor adjetivo – concordando, pois, com os
substantivos e os pronomes substantivos a que se referem em gênero e número –, ora apresentam
valor adverbial –, modificando verbos, adjetivos ou outros advérbios, devendo permanecer,portanto,
invariáveis.
Vejamos algumas delas a seguir...
7.8 POSSÍVEL
A palavra possível em expressões superlativas como o mais, o menos, o melhor, o pior, fica no
singular, afastada ou não dessas expressões...
Ex.: Quero materiais o menos possível caros./Quero materiais o menos caros possível.
Vai para o plural, contudo, quando o artigo vier no plural...
Ex.: Dei-lhe as respostas mais espontâneas possíveis.
Ex.: Alcançaremos os resultados mais altos possíveis.
116
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 3
A expressão quanto possível é invariável...
Ex.: Proporcionou-lhe informação quanto possível.
7.9 UM OU OUTRO/NEM UM NEM OUTRO/UM E OUTRO
Com as expressões um ou outro e nem um nem outro, o substantivo sempre aparece no singular,
tal qual o verbo, quando essas expressões assumem papel de sujeito...
Ex.: Um ou outro estagiário será o responsável por esta árdua tarefa.
Ex.: Nem um nem outro operário aderiu à greve.
Com a expressão um e outro, o substantivo é usado no singular, mas o verbo poderá aparecer no
plural ou no singular quando essas expressões funcionarem como sujeito...
Ex.: Um e outro problema podem ser facilmente resolvidos./ Um e outro problema
pode ser facilmente resolvido.
Se as expressões nem um nem outro e um e outro se referirem a nomes de gêneros diferentes,
é mais comum o emprego de substantivo no masculino, contudo, cada núcleo da expressão pode
concordar com o termo referido...
Ex.: Quando contratamos Pedro e Marta, não sabíamos quanto um e outro seriam
importantes para a empresa./Quando contratamos Pedro e Marta, não sabíamos quanto
um e outra seriam importantes para a empresa.
7.10 ADJETIVOS COMPOSTOS
Nos adjetivos compostos de dois ou mais elementos que se referem a nacionalidades, a
concordância em gênero e número com o termo determinado só ocorrerá no último adjetivo do
composto...
Ex.: A cultura de negócios anglo-germânica é muito diferente da nossa.
Com adjetivos compostos que designam nomes de cores, o mais comum é deixar o primeiro
adjetivo invariável – no masculino e no singular – e estabelecer a concordância do segundo com
o determinado...
Ex.: Havíamos escolhido folhas de papel verde-escuras.
117
MÓDULO 3
Estratégias de Construção Textual
7.11 PARTICÍPIOS VERBAIS
Os particípios verbais concordam com o determinado...
Ex.: Terminados os preparativos para a vistoria, só restava a todos aguardar.
Ex.: Todas as notas já foram pagas pela área contábil.
As palavras dado e visto são partícipios e, desse modo, devem concordar com os termos por eles
determinados...
Ex.: Vistas as circunstâncias, devemos agir com rapidez.
Ex.: Precisamos manter a calma, dada a gravidade da situação.
Em um tempo composto na voz ativa, contudo, o particípio fica invariável...
Ex.: Os diretores já tinham iniciado a reunião quando chegamos.
7.12 CONCORDÂNCIA IDEOLÓGICA
A concordância ideológica ou silepse é aquela que se dá não com a forma gramatical das palavras,
mas com seu sentido.
Podemos listar os seguintes tipos de silepse...
De gênero...
Ex.: A dinâmica e populosa São Paulo sofre com as enchentes (leia-se: cidade de São
Paulo).
Ex.: Vossa Majestade está preocupado (tratando-se de um rei).
De pessoa...
Ex.: Infelizmente, os brasileiros não comemoramos a vitória da seleção (leia-se: nós, os
brasileiros).
De número...
Ex.: ‘Os sertões’ conta a guerra de Canudos (leia-se: a obra ‘Os sertões’).
7.13 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
7.14 ATIVIDADES
7.14.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Acesse, no ambiente on-line, os exercícios de fixação desta unidade.
118
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
MÓDULO 4 – TEXTUALIDADE
APRESENTANDO O MÓDULO
Neste módulo, identificaremos os elementos que diminuem a eficácia comunicativa de um texto
escrito.
Trataremos, inicialmente, da relevância e das violações que produzem sentidos nebulosos que
emergem das entrelinhas do texto.
Verificaremos, a seguir, o que torna um texto incoerente, o que inviabiliza o compartilhamento de
sentidos e, conseqüentemente, desestabiliza o processo de comunicação.
Finalmente, analisaremos a coesão textual, isto é, as relações que se estabelecem entre os
elementos lingüísticos que funcionam na superfície do texto e que estabelecem seu sentido.
ESTRUTURA
Neste módulo, analisaremos os fatores que garantem a eficácia e os que levam às falhas no
processo comunicativo.
Abordaremos ainda os conceitos de coerência e coesão, identificando suas marcas no texto.
UNIDADE 1 – FALHAS NA COMUNICAÇÃO
1.1 ERRO
Falhas no processo comunicativo nos fazem sentir o sabor do erro.
Como eliminar os erros de nossa escrita?
Eliminar erros?
Ou tornar nossa comunicação mais eficaz?
Como as línguas são homogêneas apenas na aparência, é tênue a fronteira entre o erro
e a produção lingüística correta.
Além de as línguas serem dinâmicas, de estarem em constante variação, cada um de
nós, falantes, tem seu próprio jeito de falar e escrever*.
*Próprio jeito de falar e escrever...
Isso significa que estamos sempre adequando a língua às situações que vivemos.
Nesse sentido, nossa fala e nossa escrita são típicas de nossa produção lingüística.
Elas são particulares a nós – como sujeitos falantes de uma determinada língua –
e não à comunidade como um todo.
119
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
1.2 DOMÍNIO DO DISCURSO
Vocês viram o jogo de futebol ontem?
Por que nos expressamos com maior facilidade...
...quando estamos falando sobre um assunto que conhecemos bem?
...quando falamos para um grupo que nos é familiar?
Hmmm... eu... ahn... fiquei muito... ahn... orgulhoso por ter sido... escolhido o paraninfo desta
turma...
Por que encontramos uma série de dificuldades...
...quando temos de falar para platéias?
...quando temos de discorrer sobre temas que não dominamos bem?
As respostas a essas questões têm a ver com as situações lingüísticas que vivenciamos. Essas
situações caracterizam o domínio de nosso discurso.
Para cada domínio* diferente do discurso, dispomos de tipos diferentes de falas e de diferentes
tipos de escrita.
*Domínio de nosso discurso...
Manifestação pública fundada na oralidade ou, se escrita, com destinação pública.
Nele há metódica e persuasiva exposição do assunto ou arrazoado.
Quando esse domínio se altera...
altera-se nossa fala...
altera-se nossa escrita.
1.3 ATO COMUNICATIVO
Sabemos que um ato comunicativo* – seja ele oral ou escrito – caracteriza-se...
por envolver uma relação cooperativa com nosso interlocutor;
por transmitir intenções e informações;
por ter uma forma adequada a sua função.
*Ato comunicativo...
Processo intermediado pela interação e pela construção de sentidos, que
compreende desde a intenção que nele expressamos até a resposta dada por
nosso interlocutor.
A comunicação se dá então porque tanto nós quanto nossos interlocutores nos engajamos em
um esforço cooperativo, para atingir determinados objetivos.
120
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
Porém, para possibilitar essa cooperação, nosso texto deve ser...
claro;
relevante;
informativo na medida certa;
sincero.
1.3.1 RELEVÂNCIA
A falta de relevância* produz sentidos nebulosos. Ou seja, permite que a ambigüidade* se instale
nas entrelinhas de nosso texto.
*Relevância...
Importância, valor.
*Ambigüidade...
Qualidade daquilo que se pode tomar em mais de um sentido.
Vejamos...
– A namorada dele é bonita?
– É... ela tem pés graciosos.
Prezado Senhor,
Em resposta ao seu e-mail de 06 deste mês, tenho a informar que o Sr. Rino Magrello
trabalhou nesta empresa, até o final de dezembro de 2002. Quanto ao seu desempenho
como contador, sempre foi esforçado e organizado com seus pertences.
Atenciosamente,
G. G. Gordilho, Diretor
Nesses dois casos, a relevância das informações está comprometida.
Indiretamente, podemos interpretar essas mensagens da seguinte maneira...
A namorada não é bonita.
O candidato ao emprego não tem as qualificações necessárias ao cargo.
1.3.2 IRONIA
A falta de sinceridade é freqüentemente interpretada como ironia*.
*Ironia...
Modo de exprimir-se em que se diz o contrário daquilo que se está pensando ou
sentindo, em geral, com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem.
Vejamos onde a falta de sinceridade se instala neste diálogo...
– Desculpe-me... Perdi a hora...
– O relógio não despertou?
121
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
Pistas do discurso, sinais presentes no contexto nos apontam quando, em um texto –
seja ele oral ou escrito –, a sinceridade é deixada em segundo plano, instalando-se,
nele, conseqüentemente, a ironia.
1.3.3 PROLIXIDADE
Esta é uma fala carregada de prolixidade*...
– Estamos aqui, no estúdio, com o psicólogo, Dr. Gidofredo, um dos grandes especialistas
em adolescência...
– Dr. Gidofredo... Afinal, os jovens têm alguma coisa a transmitir aos mais velhos?
– Não saberia responder com exatidão. Há sempre uma eterna divergência entre as
gerações.
– Os jovens pensam de um jeito... às vezes estranho... que chega a escandalizar os mais
velhos.
– Já os mais velhos, por outro lado, costumam, na maioria das vezes, achar que os mais
jovens, em alguns casos, não têm nada a transmitir aos mais velhos.
Apesar de tantas palavras, apenas uma frase poderia resumir tudo o que foi dito...
Há sempre uma eterna divergência entre as gerações.
*Prolixidade...
Qualidade daquilo que é muito longo ou difuso.
1.3.4 CLAREZA
A falta de clareza dispersa a atenção de nossos interlocutores...
– E aí, tru? Belê?
– Sussu.
– Vô na minha goma. Tá na fita?
– Se pá eu vou lá.
– Cola lá. Falou?
Vamos traduzir?
Olá. Tudo bem?
Tudo ótimo...
Vou para casa. Quer ir comigo até lá?
Se eu puder, vou lá.
Apareça por lá, ok?
A falta de clareza* faz com que somente os falantes que conhecem o sentido dessas gírias
consigam apreender plenamente o sentido desse dialógo...
*Clareza...
O leitor entende com facilidade as informações que estão sendo expressas
no texto.
122
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
1.4 VIOLAÇÕES PERMITIDAS
Em algumas situações, há, certamente, um acordo tácito entre nós e nossos interlocutores, para
aceitarmos determinadas violações*.
*Violação...
Infração de normas ou regras.
E isso se dá sem que se altere a interpretação da intenção veiculada no ato comunicativo.
Vejamos como a polidez* é usada para evitar a descortesia...
– Espelho, espelho meu... Você acha que eu pareço ter 50 anos?
– Imagine! Nem 40!
*Polidez...
Indicação das qualidades de delicadeza, cortesia e civilidade, no discurso, por
meio da escolha do tom de voz, de formas de tratamento mais ou menos
formais, ou de marcadores como por favor, por gentileza...
1.4.1 VIOLAÇÕES NÃO PERMITIDAS
Entretanto, há violações que não são autorizadas por nenhum princípio – polidez, ironia... –, pois
são feitas de má-fé.
São violações que tentam enganar o interlocutor, levando-o a acreditar em informações
subliminares.
Citamos também o já conhecido discurso tecnocrata, explorado aqui humoristicamente...
– Para direcionar o questionamento dos problemas que afetam determinado segmento
da sociedade, acionando o dispositivo de uma logística que atinja os estratos sociais
emergentes, faz-se mister equacioná-los em módulos abrangentes, que otimizem a
operacionalização, segundo parâmetros impostos pela cooptação da proposta
decorrente do posicionamento assumido pelo discurso de nossa casuística.
Fonte
SABINO, Fernando. Que língua, a nossa! In:______. A falta que ela me faz. Rio de Janeiro: Record, 1980,
p.29-33.
1.4.2 FALTA DE HABILIDADE
Há, finalmente, violações que não são intencionais e que levam a uma quebra real da comunicação.
Essas violações são causadas, principalmente, por nossa inabilidade ao comunicar nossas intenções.
Algumas vezes, quando essas falhas ocorrem, nosso interlocutor – se cooperativo – pode tentar
recuperar as informações que estamos veiculando.
123
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
É o caso de um paciente vendedor...
– Posso ajudá-lo, cavalheiro?
– Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...
– Pois não?
– Um... como é mesmo o nome?
– Sim?
– Um... um... Que cabeça a minha. A palavra me escapou por completo. É uma coisa
simples, conhecidíssima.
– Sim senhor.
– Olha, é pontuda, certo?
– O quê, cavalheiro?
– Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois vem assim, assim, faz uma
volta, aí vem reto de novo, e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na
ponta tem outra volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de,
como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte
que o, a, o negócio, entende, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha.
Entende?
– Infelizmente, cavalheiro...
– Ora, você sabe do que eu estou falando.
– Estou me esforçando, mas...
– Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa ponta, certo?
– Se o senhor diz, cavalheiro.
– Como, se eu digo? Isso já é má vontade. Eu sei que é pontudo numa ponta. Posso não
saber o nome da coisa, isso é um detalhe. Mas sei exatamente o que eu quero.
– Sim senhor. Pontudo numa ponta.
– Isso. Eu sabia que você compreenderia. Tem?
– Bom, eu preciso saber mais sobre o, a, essa coisa. Tente descrevê-la outra vez. Quem
sabe o senhor desenha para nós?
– Não. Eu não sei desenhar nem casinha com fumaça saindo da chaminé. Sou uma
negação em desenho.
– Sinto muito.
– Não precisa sentir. Sou técnico em contabilidade, estou muito bem na vida. Não sou
um débil mental. Não sei desenhar, só isso. E hoje, por acaso, me esqueci do nome
desse raio. Mas fora isso, tudo bem. O desenho não me faz falta. Lido com números.
Tenho algum problema com os números mais complicados, claro. O oito, por exemplo.
– Tenho que fazer um rascunho antes. Mas não sou um débil mental, como você está
pensando.
– Eu não estou pensando nada, cavalheiro.
– Chame o gerente.
– Não será preciso, cavalheiro. Tenho certeza de que chegaremos a um acordo. Essa
coisa que o senhor quer, é feita de quê?
– É de, sei lá. De metal.
– Muito bem. De metal. Ela se move?
124
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
– Bem... É mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mãos. É assim, assim, dobra
aqui e encaixa na ponta, assim.
– Tem mais de uma peça? Já vem montada?
– É inteiriço. Tenho quase certeza de que é inteiriço.
– Francamente...
– Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui, vem vindo, vem
vindo, outra volta e clique, encaixa.
– Ah, tem clique. É elétrico.
– Não! Clique, que eu digo, é o barulho de encaixar.
– Já sei!
– Ótimo!
– O senhor quer uma antena externa de televisão.
– Não! Escuta aqui. Vamos tentar de novo...
– Tentemos por outro lado. Para o que serve?
– Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você enfia a
ponta por aqui, encaixa a ponta no sulco e prende as duas partes de uma coisa.
– Certo. Esse instrumento que o senhor procura funciona mais ou menos como um
gigantesco alfinete de segurança e...
– Mas é isso! É isso! Um alfinete de segurança!
– Mas do jeito que o senhor descrevia parecia uma coisa enorme, cavalheiro!
– É que eu sou meio expansivo. Me vê aí um... um... Como é mesmo o nome?
Fonte
VERÍSSIMO, Luís Fernando. Comunicação.
Disponível em: <http://www.ofag.c om.br/disciplinas_conteudo.php?cod=13>.
Acesso em: 14 ago. 2006.
1.5 SUGESTÃO DE FILME
Para terminarmos esta unidade, que tal refletirmos a partir do filme Assassinato por morte?
1.6 SÍNTESE DA UNIDADE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 2 – COERÊNCIA TEXTUAL
2.1 COERÊNCIA
– Isso que você está falando é incoerente...
– O depoimento dele é bastante coerente...
– Seja coerente!
125
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
2.2 INCOERÊNCIA
O que é ser coerente? O que caracteriza a incoerência?
Sem tentarmos aprofundar esses conceitos – coerência e incoerência –, veremos que eles se
relacionam à lógica... à lógica das idéias.
Ser coerente então refere-se à explicitação de uma idéia logicamente estruturada.
Ser incoerente, sem dúvida, é o inverso, o contrário disso...
Se estamos aqui tratando da linguagem – seja ela oral ou escrita –, faz-se necessário verificarmos
o que torna nosso texto coerente, já que a incoerência inviabiliza o compartilhamento de sentidos
e, conseqüentemente, desestabiliza o processo de comunicação.
Vejamos...
Eugênio havia trabalhado no computador até tarde, mas ainda estava trabalhando no
computador.
Pedro chegou sozinho na escola, pois seu amigo não foi à aula, entretanto estava
doente.
Nossa! Tive um curto-circuito!
É claro que, ao ouvirmos ou lermos essas frases, sentimos um estranhamento... Algo não nos soa
bem...
É esse sentimento que, de alguma forma, torna perceptível para nós a incoerência.
2.2.1 CAUSAS DA INCOERÊNCIA
O que teria gerado em nós esse estranhamento?
Qual a causa da incoerência desses textos?
Eugênio havia trabalhado no computador até tarde, mas ainda estava trabalhando no
computador.
Nesse texto, existem problemas na continuidade temporal dessas informações.
Se Eugênio havia trabalhado, como ele ainda estava trabalhando?
Pedro chegou sozinho na escola, pois seu amigo não foi à aula, entretanto estava
doente.
126
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
Ora, nossa expectativa, nesse texto, não é respeitada...
Se alguém está doente, o esperado é que fique em casa.
Estar doente, portanto, é causa para estar ausente da escola e não impedimento.
Nossa! Tive um curto-circuito!
Nessas frases, a incoerência se estabelece quando um conhecimento geral é
contrariado...
Seres humanos não são suscetíveis a curtos-circuitos, apenas máquinas e
equipamentos.
Portanto, a incoerência nos remete à falta de lógica, caracterizada tanto pela forma como se
articulam os elementos lingüísticos em um texto quanto pelo desrespeito a nosso conhecimento
prévio.
2.3 COERÊNCIA TEXTUAL
A incoerência se relaciona à forma como se combinam os elementos lingüísticos em um texto.
Esse texto é incoerente?
Epitáfio para um banqueiro
negócio
ego
ócio
cio
o
Fonte
PAES, José Paulo. Epitáfio para um banqueiro. Disponível em: http://www.geocities.com/SoHo/Nook/
4880/paes.html. Acesso em: 14 ago. 2006.
Apesar de esse poema apresentar-se como uma breve lista de palavras, quando o lemos, dele
extraímos um sentido.
Inconscientemente, estabelecemos uma relação entre essas palavras, o que nos permite dele
resgatar um evento.
Não se trata, pois, de um amontoado de palavras, mas sim de um texto.
127
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
Embora sem marcas explícitas de coesão*, seu sentido deriva dos esquemas mentais, produtos de
nosso conhecimento do mundo.
*Coesão...
São as articulações gramaticais existentes entre palavras, orações, frases,
parágrafos e partes maiores de um texto que garantem sua conexão.
2.3.1 CONHECIMENTO DE MUNDO
E agora?
E foram ao banco pedir um financiamento para comprar a casa. Da mesma forma que
a casa, o banco era de tijolos. Tijolo está caríssimo. Mísseis também são caríssimos. Ao
serem usados em guerras, os mísseis são lançados no espaço. Segundo a Teoria da
Relatividade, o espaço é curvo.
Embora tenhamos aqui um conjunto de sentenças, coesivamente articuladas, nosso conhecimento
lingüístico não nos permite considerar esse material um texto.
Nosso conhecimento de mundo nos desautoriza a fazê-lo, já que dele não podemos, por meio de
inferências, resgatá-lo como uma unidade de sentido.
Dessa forma, quando lemos/ouvimos um texto, temos de fazer inferências* para que possamos
compreendê-lo integralmente.
*Inferência...
Passagem de uma proposição a outra que dela deriva sem mediação; dedução.
Se não fosse dessa maneira, nossos textos teriam de ser excessivamente longos para poderem
explicitar tudo o que queremos com ele comunicar.
Assista à animação no ambiente on-line.
2.3.2 INFORMAÇÕES NOVAS
Para muitos de nós, essas fórmulas não nos levam a sentido algum. Vejamos
outro exemplo...
Essa sentença é gerada pelas operações envolvidas na aplicação da regra de
apassivação – deslocamento do SN1 para posição dominada pelo SAdv, movimento
do SN2 para a posição do SN1, que ficou vazia, e inserção, por transformação, do -DO
imediatamente após o V-.
A quantidade de informações novas – as fórmulas – podem, para aqueles que não a conhecem,
inviabilizar o resgate do sentido, tornando, dessa forma, o texto incoerente.
128
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
Complicado?
Não para todos nós.
Esse texto descreve a transformação de uma sentença ativa – Joana
entrevista Márcia – em uma sentença passiva – Márcia é entrevistada por Joana.
Nosso conhecimento de mundo desempenha um papel decisivo no estabelecimento da
coerência.
Se o texto apresentar informações que absolutamente não conhecemos, será difícil resgatar seu
sentido e ele nos parecerá destituído de coerência.
2.3.3 CONHECIMENTO LINGÜÍSTICO
Não são apenas as informações novas que nos impossibilitam resgatar o sentido de um texto – o
desconhecimento de língua também.
Dessa forma, nem todos nós conseguimos resgatar inteiramente o sentido deste trecho de uma
peça teatral...
ACTE II
Scène première
DON ARIAS, LE COMTE
LE COMTE
Je l’avoue entre nous, mon sang um peu trop chaud
S’est trop ému d’um mot, et l’a porté trop haut;
Mais puisque c’en est fait, le coup est sans remedé.
DON ARIAS
Qu’aux volontés du roi ce grand courage cède:
Il y prend grande parte; et son couer irrité
Agira contre vous
de pleine autorité.
Aussi vous n’avez point de valable défense:
Lê rang de l’offense, la grandeur de l’offense,
Demandent dês devoirs et dês submissions
Qui passent lê commun dês satisfactions.
Corneille
129
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
2.3.4 SITUAÇÃO COMUNICATIVA
Vimos que, para que um texto não seja uma mera relação de frases e palavras, é necessário que
essas frases e palavras estejam articuladas coesivamente em um todo, em uma unidade de
sentido.
Entretanto, muitas vezes, o resgate do sentido de um texto se dá na relação entre ele e a situação
por nós vivida, ou seja, no nível pragmático da comunicação*.
*Nível pragmático da comunicação...
Nível de construção do sentido formado por um sistema de pressuposições e
implicações que buscam a produção de sentido no nível das ações propriamente
ditas e das intenções.
Analisando a situação...
A coerência desse texto se relaciona às cenas que acabamos de ver.
Dessa forma...
Em O telefone!, entendemos algo do tipo... O telefone está tocando... Atenda-o para
mim!
Em Estou no banho, podemos entender... Não posso atender o telefone agora!
Portanto, para evitar incoerências, ao construirmos um texto, devemos verificar se ele está
adequado a uma situação comunicativa*.
*Situação comunicativa...
A circunstância em que se estabelece o ato comunicativo.
Um texto que é coerente em dada situação, pode não sê-lo em outra.
2.3.4.1 FATORES CONTEXTUALIZADORES
Os fatores contextualizadores são sinais que ancoram o texto em uma situação comunicativa
determinada, favorecendo sua coerência.
Vejamos...
– Tenho importantes informações a dar... um de nossos concorrentes mudou-se para
aquele prédio da esquina.
– Não se esqueçam de avisar aquele nosso parceiro... Ele precisa daquela informação
ainda hoje.
130
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
Aqui sentimos algumas lacunas...
Um de nossos concorrentes – qual concorrente?
Para aquele prédio da esquina – qual prédio? De qual esquina?
Aquele nosso parceiro – qual parceiro?
Daquela informação? – qual informação?
Somos levados a rejeitar esse texto, por falta de pistas que nos contextualizem as informações
nele expressas.
2.3.5 PREVISIBILIDADE
Todo o texto é portador de informações. E é justamente o grau de previsibilidade dessas
informações que interfere na construção de sua coerência.
Veja a animação no ambiente on-line.
Aqui as informações são previsíveis e até redundantes...
Todas reforçam o sentido de demissão...
Portanto, seu grau de informatividade é baixo.
Um texto será tanto menos informativo quanto mais previsíveis ou redundantes forem as
informações por ele expressas.
O inverso também é verdadeiro – informações não previsíveis aumentam o grau de
informatividade de um texto.
2.3.6 FOCALIZAÇÃO
Focalizar nos remete à imagem de uma câmera que, no curso de uma filmagem, destaca aspectos
de uma cena. Em função do olhar do diretor, focos diversos podem nos ser dados nesse momento.
Por outro lado, reconhecer e interpretar o sentido desses focos depende de nosso olhar de
espectadores.
E nem sempre conseguimos entender o sentido dado a um determinado foco pelo diretor...
No texto, processo semelhante se instaura. Muitas vezes, não conseguimos chegar ao ponto que
nosso interlocutor desejaria...
131
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
Surgem então as diferenças de focalização que comprometem, sem dúvida, o sentido do texto,
impedindo o estabelecimento de sua coerência.
Vejamos...
Assista à animação no ambiente on-line...
– Vestir a camisa é a solução.
– A solução é um orçamento bem dirigido e um planejamento racional.
– Nada disso!
– A solução é lealdade, esforço, trabalho sério e boa vontade!
– Nossa solução é uma grande festa surpresa!
Delimitar sentidos e estabelecer objetivos para o que escrevemos, com certeza, minimiza as
incoerências que se originam de focalizações inadequadas.
2.3.7 INTERTEXTUALIDADE
A intertextualidade diz respeito à inserção de referências textuais de diferentes textos no texto
que está em construção.
Todos, de alguma forma, já utilizamos esse recurso.
Vejamos...
– E agora? O que faço? Tenho de salvar a empresa... Quem poderá me ajudar???
– Sou Gruu e estou aqui pra te ajudar... Posso realizar um desejo seu! Sua empresa anda
de mal a pior. E agora José? O que você escolhe?
E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José?
Fonte
ANDRADE, Carlos Drummond. José. Disponível em: http://www.culturabrasil.pro.br/cda.htm. Acesso
em: 14 ago. 2006.
2.3.7.1 EXEMPLO
Em relação ao conteúdo, a intertextualidade – implícita ou explícita – é uma constante.
Textos de uma mesma época, de uma mesma área de conhecimento, de uma mesma cultura,
dialogam necessariamente uns com os outros.
Dessa forma, indicação da fonte do texto, citações, referências, resumos, resenhas...
caracterizam-se como exemplos de intertextualidade.
Reconhecer essas informações e os motivos de suas re-apresentações neutraliza a
incoerência e otimiza o resgate do sentido do texto.
132
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
Veja o exemplo...
Meu amor,
fico feliz por você acreditar nas pequenas mudanças tão fundamentais...
Mas lembre que a força está na diferença.
Suzana.
2.3.8 INTENCIONALIDADE
Como produtores de textos, temos determinados objetivos que vão desde a simples intenção de
estabelecer contato até levar nosso interlocutor a partilhar de nossas opiniões ou a agir de
determinada forma.
Intencionalidade tem a ver então com o modo como utilizamos os textos para perseguir e realizar
nossas intenções. Para tal...
produzimos nossos textos, buscando adequá-los à obtenção dos objetivos que
almejamos;
sinalizamos a nosso interlocutor pistas que lhe permitam apreender, de nosso
texto, o sentido que desejamos.
Delimitar sentidos e estabelecer objetivos para o que falamos/ escrevemos,
com certeza, minimiza as incoerências que se originam da falta de clareza de
nossas intenções.
2.3.9 ACEITABILIDADE
A aceitabilidade constitui a contraparte da intencionalidade.
Quando escrevemos, sem dúvida, esforçamo-nos para que nos entendam.
Para tal, tentamos calcular... dosar o sentido do texto que produzimos... apontamos pistas para que
nosso interlocutor relacione esses sentidos a seu conhecimento de mundo.
Em síntese, esforçamo-nos para que ele aceite nosso texto e chegue aonde
gostaríamos que chegasse.
Temos de considerar que, para que exista entendimento, esse esforço é tanto do enunciador
quanto do receptor.
2.3.10 INTENCIONALIDADE
Intencionalidade tem a ver com argumentatividade.
Se considerarmos como verdade que não existem textos neutros...
...que, por trás deles, há sempre uma intenção, um objetivo...
133
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
...que os textos jamais serão cópias do mundo real, pois o mundo é recriado no texto,
por meio de nossas crenças, convicções, perspectivas, propósitos...
...somos levados a acreditar que todo texto repousa sobre argumentos que, de alguma
forma, precisam ser aceitos por nosso interlocutor.
2.4 SUGESTÃO DE FILME
Para terminarmos esta unidade, que tal refletirmos a partir do filme O conde de Monte Cristo?
2.5 SÍNTESE DA UNIDADE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 3 – COESÃO TEXTUAL
3.1 COESÃO
O texto é uma unidade lingüística com propriedades estruturais específicas.
Essas propriedades compreendem determinadas regularidades de organização às quais os
elementos lingüísticos se subordinam, inter-relacionando-se na construção do texto.
A essas relações que se estabelecem entre os elementos lingüísticos que funcionam na superfície
do texto e que viabilizam seu sentido chamamos coesão textual*.
*Coesão textual...
Embora seja um fenômeno distinto da coesão, a coerência textual é constituída
não no texto, mas a partir dele, considerando-se os recursos coesivos presentes
em sua superfície.
Ao contrário da coerência – que subjaz à linearidade do texto e que se constrói
em nossas mentes –, a coesão se manifesta por meio de marcas lingüísticas
presentes na camada superficial do texto.
3.2 MECANISMOS LINGÜÍSTICOS
A coesão textual se estabelece por meio de determinados mecanismos – gramaticais ou não –
que articulam as sentenças de um texto, tecendo sua textualidade.
São vários os mecanismos que desempenham na língua essa função.
134
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
Entretanto, os mais importantes são...
Remissão*...
*Remissão...
Ação ou efeito de remeter, de mandar a um ponto dado.
A coesão por remissão tem como função ativar referentes* no texto.
*Referente...
Situação contextual a que a mensagem remete.
Naquela manhã, o Super-Homem amanheceu disposto. Queria novas aventuras!
Que azar! Ele estava tão distraído que não percebeu. O avião se aproximava...
A expressão o Super-Homem é retomada pelo pronome pessoal Ele no segundo
parágrafo.
Continuemos...
Que azar! Ele estava tão distraído que não percebeu. O avião se aproximava...
Em questão de segundos, ambos se chocaram!
Aqui ambos retoma Ele e o avião.
Sem repetir esses termos, sem dúvida, o texto fica mais leve.
Inferência*...
*Inferência...
Passagem de uma proposição a outra que dela deriva sem mediação; dedução.
A coesão também pode ocorrer por inferência, por meio de pistas presentes na superfície
do texto.
A inferência se dá com a ativação de conhecimentos que fazem parte de nosso
conhecimento de mundo e que estão registrados em nossa memória.
Prove, benzinho!
Está bom de sal?
Prove, benzinho! e Está bom de sal? nos sugerem que o cãozinho tinha uma senhora vida...
135
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
Justaposição...
A coesão por justaposição pode ocorrer com ou sem o auxílio de elementos
lingüísticos na superfície do texto.
Chegou em casa. Estacionou o carro. Entregou uma folha de papel à esposa.
Tinha sido demitido. Desolado ficou.
Aqui é a pontuação que dá coesão ao texto. Ou seja, não há nenhum outro elemento lingüístico
que faça esse encadeamento...
Marcação textual...
A coesão também pode ser feita por meio de marcadores que sinalizam a ordenação*
das sentenças no texto.
*Ordenação...
Boa disposição; arranjo metódico; arrumação, ordem.
Primeiro, ela tentou consolá-lo. Depois, a partir de um ‘insight’, incentivou-o a
abrir um negócio. Afinal, poderiam ter uma empresa só deles.
Primeiro e Depois são dois marcadores que ordenam temporalmente as sentenças no texto.
Já Afinal é um ordenador textual. Sua função é encerrar esse episódio.
Conexão...
Podemos ainda encadear os elementos por meio de conectores gramaticais.
Esses conectores estabelecem diferentes relações, ordenando logicamente as partes
do texto.
Entre outras, essas relações podem ser de...
Condicionalidade...
Expressa uma condição entre as duas idéias que o conector relaciona.
Causalidade...
Expressa a causa da idéia principal.
Mediação...
Relação lógico-semântica – significado – que se expressa entre duas orações,
uma das quais apresenta os meios para se atingir o fim expresso na outra.
Estudou muito para conseguir a aprovação.
136
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
Disjunção...
Relação lógico-semântica – significado – que se expressa entre duas orações
pelo conector, estabelecendo idéia de exclusão ou inclusão.
Paulo ficará no Rio ou seguirá para São Paulo no fim de semana/Todos devem
usar camisa social ou terno.
Temporalidade...
Expressa tempo.
Conformidade...
Expressa um acordo, uma conformidade entre as duas idéias que o conector
relaciona.
Modo...
Expressa o meio, a maneira ou a forma necessária para a realização de outra
ação.
Quando falamos de conexão, portanto...
Vejamos...
Ora... Se ele havia sido demitido, precisavam arrumar uma nova forma de ganhar dinheiro. Para
resolver essa situação, abririam um negócio.
Primeiro...
O conector Se nos aponta uma relação de causalidade...
ele havia sido demitido é a causa...
Essa causa gera como conseqüência precisavam arrumar uma nova forma de ganhar dinheiro.
Segundo...
Para é um conector que relaciona um fim – Para resolver essa situação – a um meio – abririam um
negócio.
3.3 RELAÇÕES LÓGICO-SEMÂNTICAS
Poderíamos citar outras relações que, no texto, estabelecem a coesão. Contudo, nosso objetivo
foi apenas destacar a ponta do novelo... Foi mostrar que algo mais deve nortear nosso escrever.
Analisar como a língua estrutura suas relações lógico-semânticas é muito mais significativo do
que memorizar o longo rol de conjunções que marcam os processos de coordenação e
subordinação entre enunciados.
137
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
Não basta que saibamos identificar o valor concessivo de ainda que, se, na prática, não
sabemos o que significa uma concessão.
Não basta que à menção de mas lembremos de porém, contudo, entretanto, todavia,
se só conseguirmos associá-lo à idéia de conjunção.
3.3.1 NOMENCLATURAS
Entre extensas nomenclaturas e classificações, que geram, na maioria de nós, terror e
incompreensão da sintaxe*, facilmente deixamos que se perca um dos aspectos mais importantes
não só para a coesão do texto, mas, principalmente, para nossa formação como escreventes...
...aquilo que é capaz de nos mostrar que sabemos escrever porque somos capazes de
expressar, em palavras, encadeamentos lógicos e diferentes orientações discursivas...
...ou seja, porque somos capazes de pensar.
*Sintaxe...
Parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e a das frases
no discurso, bem como a relação lógica das frases entre si.
Desembaraçar o emaranhado de problemas que dizem respeito à produção textual começa, de
fato, por aí.
3.4 SUGESTÃO DE FILME
Para terminarmos esta unidade, que tal refletirmos a partir do filme Onze homens e um segredo?
3.5 SÍNTESE DA UNIDADE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 4 – CUIDADOS NA ESCRITURA DE TEXTOS TÉCNICOS
4.1 MARCAS DO ESTILO TÉCNICO
O estilo técnico apresenta, simultaneamente, diferentes marcas que o caracterizam como...
Conciso...
Nele, tudo o que é afirmado é o estritamente necessário.
Ou seja, apenas o que precisa ser dito... é dito!
138
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
Coerente...
Nele, as informações não se contradizem.
Seu autor tem de ter um bom conhecimento do todo!
Harmônico...
Nele, as informações são apresentadas de forma progressiva.
Nunca somos surpreendidos com o inesperado...
Mais ainda... é como se o autor tentasse reproduzir passo a passo... como um
determinado conhecimento foi construído.
Ordenado...
Nele, as informações são organizadas a partir de uma determinada ordem.
Os fatos e os processos relatados são ordenados temporalmente.
Coeso...
Nele, as informações integram-se, constituindo um todo bem articulado.
Esse todo é a textualidade*...
*Textualidade...
Textualidade é o nome que se dá à construção de uma unidade de sentido.
A textualidade é como uma rede, só que no lugar dos fios, ela é construída de
informações...
Denonativo...
Nele, as palavras assumem seu sentido habitual*.
*Sentido habitual...
Despidas de tons conotativos, ou seja, sentidos paralelos, subjetivos.
Em um texto técnico, presença é apenas o oposto de ausência... Presença não tem
nada a ver com postura...
Objetivo...
Nele, não há espaço para floreios.
Ou seja... temos de ir direto ao assunto. De nada adianta dizermos, por
exemplo... Madrugadas inteiras passei, revendo o que vou aqui relatar...
139
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
Cortês...
Nele, o leitor é tratado com um afastamento respeitoso.
Não tentamos adoçá-lo com coisas do tipo... O estimado e ilustre leitor terá
de me perdoar...
Impessoal...
Nele, não existe um leitor especial.
O leitor desse texto pode ser qualquer um de nós...
Preciso...
Nele, existe pouco espaço para interpretações errôneas.
Seu autor procura se aproximar da verdade.
Ou o conhecimento que ele expressa é validado por outras pessoas...
Claro...
Nele, não devem existir dúvidas sobre o que está sendo exposto.
Para tal, é necessário escrever, reescrever...
4.2 SUGESTÕES
Algumas dicas podem facilitar o trabalho de escrever um texto técnico, além de, é claro...
trabalhar duro na escritura dos textos técnicos;
dedicar a essa tarefa tempo suficiente;
estabelecer compromissos de qualidade versus atraso suportável;
pedir a opinião dos outros sobre o que escrevemos.
4.3 TIPOS DE CUIDADOS
Podemos agrupar essas dicas em cinco grupos...
Forma...
a – O leitor de um texto técnico não espera floreios de estilo.
Portanto, em um texto técnico...
...não devemos nos preocupar em escrever bonito.
Ou seja, o que ele espera é um texto fácil de ler.
b – Ninguém irá ler melhor um texto técnico do que seu autor.
Portanto, em um texto técnico...
140
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
...se tivermos dificuldade de compreender algum trecho, devemos reescrevê-lo.
Somos o termômetro do que escrevemos...
c – Grande volume de informações propicia conclusões precipitadas.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos quebrar o texto, introduzindo pequenas seções, devidamente
intituladas.
Ou seja, não devemos colocar a carroça na frente dos bois!
d – Os textos técnicos devem ser de fácil consulta e atualização.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos, logo no início, apresentar as informações necessárias a sua plena
compreensão.
Se ele for muito longo, devemos elaborar um índice remissivo*...
Discutimos esse aspecto na seção...
Verificamos esses dados na página...
*Índice remissivo...
É uma lista que pode ser de assuntos, de nomes de pessoas citadas, com a
indicação da(s) página(s) no texto onde aparecem.
e – A maioria dos textos técnicos segue um padrão predeterminado.
Portanto, em um texto técnico...
...se já existe um padrão, devemos observá-lo; se esse padrão não existe, devemos
tentar criá-lo.
Não é a hora de inventar!
f – Dependendo do tamanho do texto, os índices são necessários.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos elaborar o índice após a primeira prova da impressão.
O índice, sem dúvida, otimiza a busca de informações...
141
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
g –A qualidade de um texto também é avaliada pela forma em que foi diagramado.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos fazer diagramação final apenas após a revisão do texto.
Dependendo do grau de sofisticação necessário, ainda há muito trabalho
pela frente!
h –As conclusões parciais do que está sendo relatado facilitam a compreensão de
todo o texto.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos elaborar conclusões parciais, resgatando-as na conclusão final.
Cada informação deve ter princípio, meio e fim. E o fim é a conclusão parcial.
Quantas vezes, ao terminar de ler um texto, nos perguntamos... E daí?
i – Arrolar um grande número de causas ou conseqüências, dificulta o entendimento
do texto.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos utilizar esquemas para registrar várias relações de causa/fato/
conseqüência.
Acabamos nos perdendo nas tramas das causas e das conseqüências...
j – Figuras, gráficos, esquemas complementam as informações do texto.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos usar esses recursos para resumir, ilustrar, diminuir a carga abstrata
das informações.
Muitas vezes, uma imagem vale mais do que mil palavras...
l – Figuras, gráficos, esquemas, além de descritos, devem ser articulados ao texto.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos descrever todas as figuras, os gráficos e os esquemas utilizados.
Devemos referenciá-los corretamente por meio de expressões como...
142
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
A figura abaixo...
O gráfico acima...
O leitor precisa saber por que eles foram usados. Sempre que tivermos de
voltar a falar sobre eles, devemos repeti-los.
m – O formato final de um texto interfere na forma como ele é escrito.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos pensar no formato que o texto terá antes de começarmos a escrever.
Temos de evitar o retrabalho. Considere...
tipo e tamanho de fonte;
se será impresso ou se vai para uma gráfica;
se será divulgado em papel, por e-mail...
Estrutura...
a – Quanto mais revisado é um texto, maior chance de sucesso ele tem.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos revisar, com cuidado, o que escrevemos, tudo o que fizemos.
Nunca deixe de fazer essa revisão. Lembre-se, o erro se esconde até a
impressão final.
b – Nem todas as informações que constituem um texto têm o mesmo valor.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos apresentar primeiro as informações que afetam a todos. Só então, as
que afetam a poucos.
..devemos descrever o que é permanente, antes do que é temporário.
...devemos ressaltar a informação essencial em relação às informações
circunstanciais.
Algumas são mais importantes do que outras...
143
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
c – Cada informação, cada idéia, cada conceito tem de ser tratado de forma
independente e completa.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos evitar a dispersão, descrevendo cada informação, cada idéia, cada
conceito uma única vez e em um único lugar.
Regra básica – princípio, meio e fim... Com isso evitamos frases do tipo...
sobre aquele dado, é oportuno lembrar também que...
d – A forma como os parágrafos do texto estão organizados interfere, diretamente, em
sua compreensão.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos inserir, em cada parágrafo, uma única informação – com seus
desdobramentos, se necessário.
...devemos iniciar cada parágrafo como uma frase que resuma o que nele será
tratado.
Esse recurso, sem dúvida, facilita o trabalho do leitor...
Período...
a – Além do volume, o tipo de informação que é inserida em um período* pode
dificultar sua compreensão.
*Período...
É o conjunto de orações, podendo ser constituído por uma – período simples –
ou mais orações – período composto.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos evitar inserir informações independentes em um único período. Se
isso for impossível, devemos listar as informações em forma de tópicos.
O ideal é uma informação... um período.
144
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
b – O leitor espera que, ao longo do texto, as informações estejam articuladas de forma
lógica*.
*Forma lógica...
Quando tentamos aprender algo, nosso cérebro encadeia as seguintes ações...
achar – busca e reconhece informações;
recuperar – localiza os conceitos já armazenados na memória;
associar – relaciona novos conceitos aos conceitos já armazenados na
memória;
analisar – verifica, em relação ao todo, o valor de cada conceito;
avaliar – determina, em relação ao todo, a relevância de cada conceito;
sintetizar – generaliza as informações.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos encadear nossas idéias, usando, adequadamente, os conectivos*.
*Conectivo...
Palavra que liga partes da oração, ou as orações, em um período.
E, na língua, existem palavras que nos ajudam a estabelecer essas relações lógicas...
São os conectivos! É simples, vejamos...
Porque...
Se... então...
Como resultado...
Além disso...
c – As relações que envolvem causa/fato/conseqüência são naturalmente complexas.
Portanto, em um texto técnico...
...não devemos, em um único período, apresentar causas demais para um único
fato.
O mesmo é válido para a relação fato/conseqüência.
As limitações da memória interferem diretamente no processamento de
informações...
145
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
d –As orações que constituem o texto são articuladas em períodos. A complexidade
de um período pode ser medida pelo total de orações que ele contém.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos limitar o número de orações por período para facilitar a compreensão
das informações nele inseridas.
Sem dúvida, quanto menos orações no período, menos complexo ele é.
Quanto menos complexo for o período, mais fácil é a compreensão das
informações nele expressas.
Oração...
a – A memória de curto prazo só processa, com êxito, cerca de 21 palavras de cada vez.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos tentar construir períodos e orações que não sejam muito longos –
quebrar as orações longas, tentar substituir as vírgulas por pontos...
Se tivermos de usar orações longas, devemos colocar o sujeito* e o verbo sempre
juntos.
*Sujeito...
Elemento da oração a respeito do qual damos alguma informação.
Usar por isso... além disso... para articular as orações...
No entanto...
Porém...
Conseqüentemente...
b – A relação alguém/faz/algo/a alguém – voz ativa* – facilita a compreensão das
orações de um texto.
*Voz ativa...
O verbo de uma oração está na voz ativa quando o sujeito é o agente da ação
verbal.
Ao contrário, a voz passiva* torna o texto longo, cansativo.
*Voz passiva...
O verbo de uma oração está na voz passiva quando a ação é sofrida pelo
sujeito, que não é o mesmo que pratica a ação verbal.
146
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
Portanto, em um texto técnico...
...devemos construir as orações na voz ativa.
A voz ativa facilita a compreensão dos textos! Compare...
Pedro deu o livro para mim.
O livro foi dado por Pedro para mim.
c – Orações com duas ou mais negativas* dificultam a compreensão do que nelas foi
expresso.
*Negativa...
A negação pode ser marcada...
por uma palavra – não, nada, ninguém...
por um prefixo* – in..., des...
por palavras inerentemente negativas – ausente, vazio...
*Prefixo...
Partículas que se anexam antes do radical para formar outras palavras.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos priorizar as orações afirmativas no lugar das negativas.
A negativa nega uma afirmação...
Logo, o processamento das orações negativas é maior do que o das afirmativas.
Vejamos a pérola... Ele não está ausente.
d –A vírgula marca dois tipos de pausa sincronizadas – uma física, outra mental. Se mal
usada, ela quebra o ritmo do texto.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos ler, em voz alta, o que escrevemos, para verificar se a vírgula está
facilitando a compreensão.
Nos lugares certos, ajuda... Nos lugares errados, atrapalha...
147
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
Palavras...
a – A ambigüidade pode levar a afirmações que dêem margem a interpretações
errôneas ou que transmitam duplo sentido.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos priorizar o sentido usual das palavras. O texto técnico, por natureza, é
denotativo*.
*Denotativo...
De uso geral, comum, literal, com finalidade prática, utilitária, objetiva, usual.
b – Gírias e expressões idiomáticas* não combinam com o texto técnico.
*Expressão idiomática...
Sintagma complexo indecomponível, conotativo e cristalizado, em um idioma,
pela tradição cultural.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos evitar as gírias e as expressões idiomáticas.
O problema é que algumas pessoas falam tantas gírias, que, sem perceberem, acabam
utilizando-as em seus textos escritos.
E aí, cara? Tudo ok?
Numa boa!
c – O uso indiscriminado de palavras estrangeiras dificulta a compreensão do texto.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos utilizar estrangeirismos* apenas se não existir uma palavra
correspondente na Língua Portuguesa.
*Estrangeirismo...
Emprego de palavras, expressões ou construções próprias de línguas
estrangeiras.
Não há como fugir disso. Quando importamos um conhecimento, importamos também
os termos técnicos que foram criados para explicar seus processos. A regra aqui é bom
senso!
148
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
Há palavras que não conseguimos traduzir, como software, bit...
Outras ficam péssimas quando traduzidas... input... imputar?
Entretanto, não há por que usarmos printer no lugar de impressora!
d – Nos textos técnicos, os jargões* dificultam a compreensão. Intimidam o leitor.
*Jargão...
Linguagem científica ou técnica banalizada. É, por definição, uma linguagem
inadequada à situação.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos defini-los logo que eles aparecerem no texto e substituí-los por
sinônimos, na medida do possível.
Um texto não é bom se os leitores não o entenderem.
A regra aqui é descomplicar!
e – Substantivos abstratos*, palavras derivadas de verbos* exigem maior processamento
para sua compreensão.
*Substantivo abstrato...
Palavra que designa estados ou qualidades, ações, sentimentos, noções que se
destinam a denominação de seres.
*Palavra derivada de verbos...
Aquela que, normalmente...
termina em -ção, -ência, -mento;
aceita complementos preposicionados, por exemplo, a ocorrência
de um bip;
não menciona quem faz o quê.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos tentar utilizar poucos substantivos abstratos e substituir os derivados
verbais por verbos de ação.
149
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
Compare...
ocorrência de curto circuito/ocorrer curto circuito
participação de todos os funcionários/todos os funcionários participarão
implementação da fase 1 do projeto/implementar a fase 1 do projeto
f – Palavras com o mesmo começo ou com o mesmo fim têm grande chance de
serem escritas e lidas erroneamente.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos sempre verificar se estamos utilizando as palavras que realmente
desejamos.
Quando usamos palavras com sons semelhantes, acabamos trocando uma pela outra!
Veja...
corrente/coerente
algoritmo/logaritmo
racional/nacional
g – Palavras que se diferenciam de outras apenas pelo acento têm grande chance de
serem escritas erroneamente.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos sempre verificar se estamos utilizando as palavras que realmente
desejamos.
Os acentos sempre trazem dúvidas... Veja...
válida/valida
contém/contêm
pôr/por
secretária/secretaria
150
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
h –As palavras polissílabas, além de serem em menor número na língua, são mais
difíceis de serem lidas.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos tentar substituir as palavras muito longas por seus sinônimos.
Normalmente, procuramos adivinhar o final delas... Pior ainda é quando essas palavras se parecem
com outras que conhecemos...
i – Os neologismos* dificultam a compreensão do texto.
*Neologismo...
Palavra ou expressão nova em uma língua, ou, ainda, significado novo que uma
palavra ou expressão da língua pode assumir.
Portanto, em um texto técnico...
...devemos substituir os neologismos por seus sinônimos.
Não existindo sinônimos, devemos descrever o sentido dessas palavras.
Embora sejamos extremamente criativos, criar palavras é recurso que só deve ser
usado na fala!
4.4 SUGESTÃO DE FILME
Para terminarmos esta unidade, que tal refletirmos a partir do filme Herói?
4.5 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
UNIDADE 5 – CENÁRIO CULTURAL
5.1 FILME
Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse uma
cena do filme Em nome de Deus no CD que acompanha a apostila.
5.2 OBRA LITERÁRIA
Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, leia o texto
Gramáticos no ambiente on-line.
151
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
5.3 OBRA DE ARTE
Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, aprecie a
instalação What does it mean? no ambiente on-line.
APRESENTANDO O APÊNDICE GRAMATICAL
Neste apêndice – que compreende as últimas unidades deste módulo –, vamos enfocar os
processos de regência em nossa língua, tanto a nominal quanto a verbal.
Esses mecanismos de regência implicam o uso ou não de preposições e, no primeiro caso, o
conhecimento da preposição correta a ser empregada entre elementos dependentes no
enunciado.
Alguns verbos e nomes costumam apresentar problemas de regência, porque o uso popular se
encontra em desacordo com a norma culta. Outros, no entanto, costumam apresentar dificuldade,
porque possuem mais de um sentido e, conseqüentemente, mais de uma regência.
O maior problema, contudo, quando se trata dos estudos de regência, é que a maioria das normas
que regem esses processos são arbitrárias, ou seja, foram se fixando ao longo da história da língua,
e suas justificativas quase sempre passam despercebidas aos falantes de agora.
Por isso, a melhor maneira de fixar mecanismos de regência é acostumar-se
a leitura de bons textos, e não procurar decorar os exemplos apresentados, certo?
UNIDADE 6 – REGÊNCIA VERBAL
6.1 REGRA GERAL
Regência verbal é a relação que se estabelece entre os verbos – termos regentes – e os elementos
que os complementam – termos regidos.
O estudo da regência verbal analisa, portanto, como se processa a relação entre os verbos e seus
termos regidos, o que pressupõe a compreensão da natureza dos diferentes tipos de verbos
presentes na língua...
Verbos que não demandam complementação ou caracterização...
Acho que vai chover.
Verbos que necessitam de complementação ou caracterização, que pode aparecer na forma de...
um termo regido sem preposição obrigatória...
Nem sempre fazemos tudo conforme as regras.
152
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
· um termo regido com preposição obrigatória...
Precisamos de sua ajuda aqui com urgência.
um termo regido sem preposição obrigatória e outro com preposição obrigatória...
Oferecemos auxílio a todos.
mais de um termo regido de preposições obrigatórias diferentes...
Rogue a Deus por nós.
6.1.1 RELAÇÃO VERBO/COMPLEMENTO
Algumas vezes, na relação entre o verbo e seu complemento, além da preposição, pode estar
envolvida ainda uma conjunção, o que ocorre quando o verbo tem como complemento não
apenas um termo, mas uma oração...
Ex.: Nós esperamos [que nossa presença não atrapalhe.]
Ex.: Não se esqueça [de que ele virá logo.]
Temos de nos preocupar, portanto, com a regência dos verbos que demandam termos regidos
para sua complementação...
Devemos diferenciar aqueles que não precisam dos que precisam de
preposição obrigatória, e conseguir também determinar a preposição correta para
os que estão nesse último caso.
6.2 TERMOS REGIDOS SEM PREPOSIÇÃO OBRIGATÓRIA
Alguns verbos que demandam termos regidos sem preposição obrigatória costumam ser alvo de
construções incorretas com complementos preposicionados.
Devemos nos acostumar à consulta freqüente a bons dicionários para esclarecer todo e qualquer
caso de dúvidas acerca do uso ou não de preposição junto a eles.
Vejamos alguns exemplos...
Ajudar...
Ex.: Estimamos muito a ajuda deles. Seria incorreto dizer: Estimamos muito à ajuda
deles.
Apreciar...
Ex.: Apreciei o espetáculo. Seria incorreto dizer: Apreciei ao espetáculo.
Favorecer...
Ex.: Nós favorecemos os mais capazes. Seria incorreto dizer: Nós favoreceremos aos
mais capazes.
153
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
Namorar...
Ex.: Não é proibido a Pedro namorar Maria. Seria incorreto dizer: Não é proibido a Pedro
namorar com Maria.
Prejudicar...
Ex.: Seu atraso prejudicou toda a produção. Seria incorreto dizer: Seu atraso prejudicou
a toda a produção.
Ser...
Ex.: Somos trinta nesta sala. Seria incorreto dizer: Somos em trinta nesta sala.
6.2.1 SUBSTITUIÇÃO POR PRONOMES PESSOAIS DE 3A. PESSOA
Termos regidos sem preposição obrigatória que se refiram à 3a. pessoa do discurso podem ser
substituídos pelos pronomes pessoais o(s), a(s)...
Ex.: Encomendei muitos livros novos = Comprei-os.
Nesses casos, o verbo – termo regente – ou o pronome podem sofrer algumas alterações, que
buscam a melhor adaptação fonética de uma forma a outra. Isso ocorre quando...
o verbo termina em -am, -em, -ão ou -õe – os pronomes ganham um -n inicial...
Ex.: Encontraram uma nova bateria = Compraram + a = Compraram-na.
o verbo termina em -r, -s ou -z – os pronomes ganham um -l inicial...
Ex.: Fazer os exercícios adequados = Fazer + os = Fazê-los.
Os pronomes lhe e lhes só acompanham esses verbos para indicar, em relação a eles, idéia de
posse e não o complemento propriamente dito...
Ex.: Precisamos entender-lhe as diretrizes = Precisamos entender as diretrizes
(complemento) deles.
Ex.: Aprecio-lhes a disposição = Aprecio a disposição (complemento) deles.
6.2.2 USO NÃO OBRIGATÓRIO DA PREPOSIÇÃO
Algumas vezes, a preposição pode ser usada junto a verbos que, normalmente, não a demandariam,
para manter a clareza da frase. Isso ocorre...
para evitar confusão entre o sujeito e o complemento do verbo...
Ex.: Convenceu ao chefe o funcionário = O funcionário convenceu o chefe.
em expressões de reciprocidade...
Ex.: As pessoas convidavam-se umas às outras.
Outras vezes, a preposição é utilizada para dar mais ênfase ou força de expressão a seus
complementos, nos seguintes casos...
154
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
...com nomes de pessoas, principalmente na expressão de sentimentos...
Ex.: Amamos a nossos pais antes de tudo.
...em construções em que antecipamos o complemento para enfatizá-lo...
Ex.: Ao Diretor é que não podemos enganar!
...em construções enfáticas como sacar do revólver, puxar da espada, cumprir com o dever, pegar
da pena...
Ex.: Imagine nossa preocupação quando soubemos do caso!
Por fim, a preposição pode ser uma exigência obrigatória não do termo regente, mas do termo
regido.
É o que ocorre com os pronomes pessoais mim, ti, si, ele, ela, nós, vós, eles, elas e com o pronome
relativo quem...
Ex.: Parecia que ele hostilizava antes a mim do que a proposta.
Ex.: Era um homem a quem todos respeitavam.
6.3 TERMOS REGIDOS COM PREPOSIÇÃO OBRIGATÓRIA
Verbos que demandam termos regidos de preposição obrigatória – com ou sem um outro
complemento não preposicionado – também costumam ser alvo de construções incorretas, seja
ao serem utilizados sem preposição ou com preposição que não lhes é adequada.
Só a consulta freqüente a bons dicionários pode esclarecer todo e qualquer caso de dúvidas
acerca do uso ou não de preposição junto a eles. Vejamos alguns exemplos...
Antipatizar e simpatizar...
Ex.: Simpatizo com o novo Coordenador. Seria incorreto usar o verbo com pronome:
Simpatizo-me com o novo Coordenador.
Chegar e ir...
Ex.: Chegamos à reunião atrasados. Seria incorreto dizer: Chegamos na reunião atrasados.
Ex.: Vamos sempre aos encontros. Seria incorreto dizer: Vamos sempre nos encontros.
Desobedecer e obedecer...
Ex.: Ele desobedeceu às normas propositalmente. Seria incorreto dizer, sem a preposição:
Ele desobedeceu as normas propositalmente.
Morar e residir...
Ex.: Residimos na Rua Santa Sofia. Seria incorreto dizer: Residimos à Rua Santa Sofia.
155
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
Preferir...
Ex.: Prefiro planejamento à revisão. Seria incorreta a utilização de termos intensivos
como antes ou mais e (do) que: Prefiro mais planejamento do que revisão.
Responder...
Ex.: Respondi a todas as questões. Seria incorreto dizer, sem preposição: Respondi
todas as questões.
Em geral, verbos que precisam de complementos com preposição obrigatória não podem ser
usados na voz passiva.
Atualmente, contudo, verificamos com alguns deles essa possibilidade...
Ex.: Os sinais de trânsito devem ser obedecidos por todos, motoristas e pedestres.
Ex.: Todas as perguntas já foram respondidas.
6.3.1 SUBSTITUIÇÃO POR PRONOMES PESSOAIS DE 3A. PESSOA
Termos regidos com preposição obrigatória que se refiram à 3a. pessoa do discurso podem ser
substituídos pelos pronomes pessoais lhe(s), lhe(s), que não são preposicionados...
Ex.: Obedeço a meus superiores sem qualquer contestação = Obedeço-lhes sem
qualquer contestação.
Os pronomes pessoais ele(s), ela(s) também podem funcionar como complementos.
Nesses casos, virão sempre acompanhados de preposição ainda que complementem verbos que
não exijam preposição obrigatória...
Ex.: Respondeu a eles com presteza = Respondeu-lhes com presteza.
Ex.: Avistamos a ela na saída do prédio = Avistamo-la na saída do prédio.
6.3.2 AUSÊNCIA DA PREPOSIÇÃO
Algumas vezes, a preposição que é obrigatoriamente pedida pelo termo regente pode não ser
usada.
Parece estranho não? Como é que uma preposição obrigatória pode não
ser usada?
Isso poderá ocorrer em alguns casos em que o complemento do verbo é uma oração.
Contudo, a forma preposicionada sempre estará correta...
Ex.: Todos concordaram que a proposta era inviável = Todos concordaram com (ou em)
que a proposta era inviável.
156
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
Ex.: Não me lembrei que a reunião ocorreria mais cedo = Não me lembrei de que a reunião
ocorreria mais cedo.
Os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos – como os pronomes pessoais de 3a. pessoa lhe e lhes
– também não são preposicionados, mas podem substituir complementos regidos ou não de
preposição...
Ex.: Eles sempre nos obedeceram (verbo obedecer, que exige complemento com
preposição obrigatória).
Ex.: Encontraram-me no local marcado. (verbo encontrar, que exige complemento
sem preposição obrigatória).
6.4 VERBOS COM MAIS DE UM SENTIDO E REGÊNCIAS DIFERENTES
Alguns verbos demandam mais de uma regência, dependendo do sentido em que sejam
empregados.
Vejamos alguns exemplos...
157
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
6.5 VERBOS COM UM SÓ SENTIDO E MAIS DE UMA POSSIBILIDADE DE REGÊNCIA
Alguns verbos – apesar de não apresentarem mais de um significado – podem apresentar mais
de uma regência válida segundo os padrões cultos da língua.
Vamos a alguns exemplos...
esquecer/lembrar – quando não pronominais, exigem complemento sem
preposição; contudo, junto aos pronomes pedem preposição de obrigatória.
Ex.: Esqueci (lembrei) a data./Esqueci-me (lembrei-me) da data.
informar/avisar/certificar/notificar/prevenir – pedem dois complementos, um sem
e outro com preposição. Admitem duas construções...
Ex.: Informei a nota ao aluno./Informei o aluno da (ou sobre a) nota.
propor-se – pode ser construído com ou sem a preposição a, indiferentemente...
Ex.: Nós nos propusemos ajudá-lo./Nós nos propusemos a ajudá-lo.
6.5.1 EXPRESSÕES COM DUPLA CONSTRUÇÃO
Podemos utilizar de duas maneiras as seguintes construções...
dar-se ao trabalho/dar-se o trabalho e construções equivalentes...
Ex.: Não nos demos ao trabalho de rever suas anotações./Não nos demos o
trabalho de rever suas anotações.
Ex.: Eles se davam ao luxo de ter duas pessoas para a mesma função./Eles se
davam o luxo de ter duas pessoas para a mesma função.
passar revista a/passar em revista em...
Ex.: Passei revista a tudo que havia sido feito./Passei em revista tudo que
havia sido feito.
6.6 OUTROS CASOS DE REGÊNCIA VERBAL
Vamos a mais alguns verbos que merecem atenção especial...
custar;
pagar/perdoar.
No sentido de ser custoso, ser difícil, pede complemento regido da preposição a e seguido de
oração com verbo no infinitivo.
Ex.: Custou a ele aceitar o fato.
Dessa forma, na linguagem culta, são consideradas erradas construções do tipo...
Ele custou para aceitar o fato ou Custou a crer que o fato fosse possível.
158
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
Quando têm por complemento uma palavra que denote coisa, não exigem preposição, mas, com
uma palavra que denote pessoa, exigem preposição a.
Ex.: Perdoaste o pecado./Perdoaste ao pecador./Perdoaste o pecado ao pecador.
Ex.: Pagamos um preço justo/Pagamos ao credor./Pagamos um preço justo ao credor.
6.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não devemos dar o mesmo complemento a verbos de regências diferentes. Dessa forma, devemos
desmembrar as construções para evitarmos erros do tipo...
Ex.: Entrou e saiu da sala. O verbo entrar pede complemento regido da preposição
em e o verbo sair necessita da preposição de.
Uma construção adequada poderia ser...
Ex.: Entrou na sala e saiu dela.
Há verbos que exigem complementos regidos de preposição que, contudo, ainda que se refiram
à 3a. pessoa, não admitem os pronomes pessoais lhe e lhes.
Trata-se de verbos como aspirar, assistir – no sentido de ajudar ou presenciar –, visar,
aludir, obstar, carecer, desconfiar, duvidar, gostar, incorrer, insistir, pensar, reparar, concordar,
entre vários outros.
Dessa maneira, construções com esses verbos só são possíveis com as formas dos pronomes
pessoais preposicionados ele(s)/ela(s)...
Ex.: Assisti ao espetáculo. = Assisti a ele.
Nunca poderíamos usar, porém, algo como Assisti-lhe, no sentido em que
está sendo usado o verbo.
6.8 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
6.9 ATIVIDADES
6.9.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Acesse, no ambiente on-line, os exercícios de fixação desta unidade.
159
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
UNIDADE 7 – REGÊNCIA NOMINAL
7.1 REGRA GERAL
Regência nominal é a relação que se estabelece entre os nomes – termos regentes, que
podem ser representados por substantivos, adjetivos ou advérbios – e os elementos
que os complementam – termos regidos.
Nos estudos de regência nominal, devemos considerar que muitos nomes seguem o mesmo
regime dos verbos que lhes são correspondentes.
Dessa forma, se considerarmos, por exemplo, a regência do verbo obedecer, veremos que essa
mesma regência é seguida pelas palavras que lhe são cognatas como o substantivo obediência,
o adjetivo obediente e o advérbio obedientemente...
Ex.: A obediência às regras é pré-requisito deste cargo.
Ex.: Todos somos obedientes às leis.
Ex.: Considerei agir obedientemente ao regulamento.
7.2 CASOS DE REGÊNCIA NOMINAL
Algumas vezes, certos substantivos e adjetivos admitem mais de uma regência, ou seja, admitem
construções com diferentes preposições...
Ex.: Tinha muito amor ao trabalho.
Ex.: Tinha muito amor pelo trabalho.
Veremos, a seguir, a regência de alguns substantivos, adjetivos e advérbios...
7.2.1 REGÊNCIA DE SUBSTANTIVOS
Vejamos alguns exemplos de substantivos que exigem complementos regidos de preposição
obrigatória...
160
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
7.2.2 REGÊNCIA DE ADJETIVOS
Vejamos alguns exemplos de adjetivos que exigem complementos regidos de preposição
obrigatória...
7.2.3 REGÊNCIA DE ADVÉRBIOS
Vejamos agora alguns exemplos de advérbios que exigem complementos regidos de preposição
obrigatória...
.
7.3 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
7.4 ATIVIDADES
7.4.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Acesse, no ambiente on-line, os exercícios de fixação desta unidade.
161
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
UNIDADE 8 – PONTUAÇÃO
8.1 PONTUAÇÃO – LOGICIDADE E SUBJETIVIDADE
Observemos, no fragmento a seguir, como a integridade comunicativa do enunciado fica
comprometida pela ausência de pontuação...
O saci tem uma só perna e o cachimbo do saci é também o gorro.
Sem sentido, não? Mas, modificando um pouquinho o enunciado, tudo fica
mais claro...
O saci tem uma só perna e o cachimbo, do saci é também o gorro.
Podemos perceber que uma única vírgula pode fazer muita diferença!
Contudo, não é tarefa fácil fixar regras para o emprego correto dos sinais de pontuação.
Além dos casos em que a utilização de alguns sinais é obrigatória – para organizar enunciados de
forma lógica –, há também razões de ordem subjetiva que interferem nessa questão – para tentar
reproduzir, na forma escrita, a melodia própria da linguagem oral.
A seguir, apresentaremos algumas orientações principais.
8.2 PONTO
O ponto indica pausa longa ou abreviação de palavras.
É utilizado para encerrar qualquer tipo de período, exceto os terminados por orações interrogativas
diretas, exclamativas ou finalizados com reticências.
Vamos colocar um ponto final em suas dúvidas sobre pontuação!
Um grupo de períodos cujas orações se prendem pelo mesmo centro de interesse – tema ou
assunto – é separado por ponto.
Na prática, a noção de centro de interesse ou tópico temático é bastante variável, pois compreende
tanto grandes blocos como unidades menores, sempre resultantes de um processo interpretativo,
que é subjetivo.
Ex.: Na origem de toda atividade comunicativa do ser humano, está a linguagem.
Ex.: Sr., Sr.a, Srt. a, V. Ex. a
Quando passamos de um centro de interesse para outro, devemos utilizar o ponto parágrafo,
começando a escrever na outra linha, com a mesma distância da margem com que começamos
o escrito ou saltando uma linha e começando a escrever sem distância da margem – o que
constitui parágrafos americanos.
162
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
Na linguagem oficial dos artigos de lei, o parágrafo é indicado por um sinal especial – §.
8.2.1 PONTO DE INTERROGAÇÃO
O ponto de interrogação é empregado ao final de orações interrogativas diretas...
Ex.: Podemos falar em uma comunidade mundial de Língua Portuguesa?
Contudo, não o utilizamos nas interrogativas indiretas...
Ex.: Gostaria de saber por que podemos falar em uma comunidade mundial de Língua
Portuguesa.
Entendeu direitinho o que é uma interrogação direta? Isso mesmo, foi a estrutura que eu acabei
de empregar.
Nos diálogos,pode aparecer sozinho ou acompanhado de ponto de exclamação.Também podemos
utilizar reticências após o ponto de interrogação ou de exclamação...
Ex.: – Isso será possível?!...
Enquanto a interrogação conclusa de final de enunciado requer maiúscula inicial na palavra
seguinte, a interrogação interna requer minúscula na palavra que a sucede...
Ex.: – Você precisa de ajuda? Gostaria de ajudá-lo no que for possível.
Ex.: – Esqueceu alguma coisa? perguntou insatisfeito.
8.2.2 PONTO DE EXCLAMAÇÃO
O ponto de exclamação é utilizado ao final de enunciados com entonação exclamativa – que
denotam, entre outras idéias, entusiasmo, dor, surpresa, alegria, espanto, ordem –, principalmente
depois de interjeições.
Aplicamos ao ponto de exclamação as mesmas observações feitas ao ponto de interrogação, no
que se refere ao uso de maiúscula ou minúscula inicial da palavra seguinte...
...se o enunciado está completo antes da pontuação, utilizamos inicial maiúscula, caso
contrário, devemos continuar, depois do ponto de exclamação, com letra minúscula...
Ex.: – Isso não pode acontecer mais! Temos de encontrar uma saída!
Ex.: – Ah! entendi.
163
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
8.3 DOIS-PONTOS
Os dois-pontos marcam a supressão da melodia de uma frase e são utilizados para...
...dar início a fala ou citação textual...
Ex.: Então ele disse: – Quando vamos começar?
...iniciar uma seqüência que explique, esclareça, identifique, desenvolva ou discrimine
uma idéia anterior...
Ex.: Eis a melhor forma de expressão do mundo: a língua escrita.
...nas expressões que apresentam uma quebra na seqüência de idéias...
Ex.: Explico-me: tratava-se de más notícias.
Não utilizamos maiúsculas depois de dois-pontos que não precedam citação ou nome próprio...
Ex.: Citei-lhe duas virtudes: a paciência e a perseverança.
8.4 RETICÊNCIAS
As reticências marcam uma interrupção na seqüência lógica da frase.
Podem ser usadas com a intenção de permitir que o leitor complete o pensamento que foi
suspenso, criar expectativa ou marcar fala quebrada ou desconexa, própria de quem está nervoso
ou inseguro...
Ex.: – Não vou dizer mais nada. Você já deve ter percebido que ele...
Ex.: – Não sei... Talvez...
Empregamos também as reticências para reproduzir o fluxo livre da linguagem oral, mais solta de
entraves e pausas bem marcadas.
É por isso que, neste curso, usamos tanto as reticências... queremos que você
leia como se estivesse assistindo a uma aula...
Por fim, usamos também as reticências – de preferência entre parênteses – para isolar parte de
uma citação que foi omitida no início, no meio ou no fim do fragmento citado...
Ex.: Na origem de toda a atividade comunicativa do ser humano, está a linguagem (...)
Ex.: Língua é (...) um conjunto de sons e ruídos combinados, com os quais um ser
humano (...) transmite a outro ou outros seres humanos (...) o que está em sua mente.
Se as reticências servem para indicar uma enumeração inconclusa, podem ser substituídas por
etc., antecedido de vírgula.
164
Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
8.5 TRAVESSÃO
O travessão simples (–) serve para introduzir um discurso direto.
Nesse caso, é empregado para marcar a mudança de interlocução nos diálogos. Desse modo,
pode ou não combinar-se com as aspas...
Ex.: – E aí, colega?! Tudo bem?
Ex.: – “Tudo certo!” respondeu ele.
Também usamos o travessão simples para assinalar uma expressão intercalada que finaliza o
texto...
Ex.: Falávamos sobre muitas coisas diferentes – sobre a vida, a morte, a indefinição
entre ambas...
No meio do enunciado, contudo, usamos o travessão duplo (– –), sobretudo quando pretendemos
destacar o termo intercalado...
Ex.: A língua – principal meio de comunicação do homem – é um conjunto de signos
organizados.
A expressão intercalada, apresentada entre travessões não dispensa o uso da vírgula nos casos em
que essa pausa se fizer necessária...
Ex.: Ao término deste módulo, o aluno deverá ser capaz de analisar sua empresa – com
sua missão, visão e estratégia –, o que pressupõe a compreensão do macrocontexto
em que ela se insere.
Nesse caso, não devemos considerar a expressão intercalada para pontuarmos adequadamente
o período, como indica o uso da última vírgula no exemplo...
Ex.: Ao término deste módulo, o aluno deverá ser capaz de analisar sua empresa, o que
pressupõe a compreensão do macrocontexto em que ela se insere.
8.5.1 HÍFEN E BARRAS
Não devemos confundir o travessão (–) com o traço-de-união ou hífen (-), que é empregado nas
seguintes situações...
Na anexação de pronomes aos verbos...
Ex.: falamos-lhe; eis-me; levantamo-nos
165
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
Na indicação de relação, extensão, encadeamento, etc....
Ex.: binômio inteligência-sensibilidade; custo-hora; linha aérea Brasil-Argentina; período
janeiro-julho
Na formação de palavras compostas...
Ex.: corre-corre, afro-brasileiro; não-agressão; pré-requisito
Na separação silábica...
Ex.: sub-li-nhar; ad-li-gar
Na translineação...
Quando mudamos de linha em um texto, devemos evitar partições que, no fim ou no
começo de linha, isolem vogais ou formem palavras chulas.
As barras (/ /) também alternam com os hifens na indicação de relações opositivas ou contrastivas,
sem espaço entre a barra e as palavras...
Ex.: língua/fala.
Falando em relações opositivas, é bom lembrar que devemos evitar o uso de (x) na expressão de
oposição. Devemos utilizar, nesse caso, a sinalização versus ou vs.
8.6 PARÊNTESES E COLCHETES
Os parênteses servem para isolar explicações, indicações ou comentários acessórios, indicando
isolamentos no enunciado...
Ex.: Em regiões da Ásia (Macau, Goa, Damão, Dio), uma pequena parcela da população
fala o Português.
Os colchetes são utilizados quando já se acham empregados os parênteses, para a introdução de
uma nova inserção.Também são utilizados para introduzir, principalmente em citações, adendos
ou explicações que facilitem o entendimento do texto...
Ex.: Em regiões da Ásia (Macau [a maior delas], Goa, Damão, Dio), uma pequena parcela
da população fala o Português.
Nos dicionários ou gramáticas, os colchetes explicitam informações como a pronúncia correta
dos vocábulos, no que também podem ser usados os parênteses.
O sinal de pontuação deve ser utilizado depois dos parênteses ou dos
colchetes, sempre que a pausa coincida com o início da oração incidente,
exatamente como indica o exemplo anterior.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
Contudo, quando a frase inteira ou qualquer unidade autônoma de sentido se acha encerrada
pelos parênteses ou colchetes, colocamos dentro deles a pontuação competente...
Ex.: (...) tive (por que não dizer tudo?)... tive remorsos.
Como sinais gráficos ou matemáticos, não utilizamos espaço entre parênteses (ou colchetes)
iniciais e palavras subseqüentes, nem entre parênteses (ou colchetes) finais e palavras
antecedentes.
Devemos evitar o uso de colchetes – e, conseqüentemente, o abuso de inserções – para não
prejudicarmos a seqüencialidade da leitura.
Também devemos notar que a relação entre parênteses e colchetes como sinais de
pontuação é diferente da que se estabelece entre eles como sinais matemáticos...
Ex.: MF = (PF X 0.55) + {[(AI + PI)/2] X 0.45}
8.7 ALÍNEA
A alínea tem a mesma função do parágrafo, pois denota diversos centros de assuntos e, como o
parágrafo, exige mudança de linha.
Geralmente, vem indicada por número, letra ou marcador gráfico – bullet – para assinalar subdivisão
da matéria tratada.
Os elementos listados em cada alínea podem vir expressos com minúsculas ou maiúsculas.
Utilizamos minúsculas para indicar seqüência entre os elementos listados e continuidade
de sentido.
Nesse caso, cada alínea deve ser separada por ponto-e-vírgula e a última delas vir assinalada por
ponto final. Vejamos um exemplo...
Os substantivos podem ser:
a) próprios;
b) comuns.
8.8 VÍRGULA
A vírgula indica pausa de curta duração, que não marca o fim do enunciado. Pode ser usada nos
seguintes casos, que serão estudados a seguir...
...no interior de uma oração, o que pode ocorrer para...
separar termos intercalados;
marcar termos deslocados;
assinalar omissões de palavras;
separar termos coordenados;
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MÓDULO 4
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...para separar orações de um período, em se tratando de...
orações coordenadas;
orações subordinadas;
orações intercaladas.
8.8.1 VÍRGULA NO INTERIOR DA ORAÇÃO
Em Português, a ordem normal dos termos da frase – ordem direta ou lógica – é a seguinte...
sujeito + verbo + complementos do verbo + adjuntos adverbiais
Dessa forma, não separamos por vírgulas seus constituintes imediatos em ordem direta...
As navegações portuguesas (sujeito)
iniciaram (verbo)
um longo processo de expanção lingüística (complemento verbal)
a partir do século XV. (adjunto adverbial)
Contudo, quando ocorre alteração na seqüência lógica dos termos, temos a ordem indireta e,
nesses casos, a vírgula é necessária para assinalar a inversão...
Ex.: A partir do século XV, as navegações portuguesas iniciaram um longo processo de
expansão lingüística.
Dessa maneira, para desfazer possível má interpretação resultante da distribuição irregular dos
termos na oração, separamos por vírgula a expressão deslocada...
Ex.: De todas as revoluções, para o homem, a morte é a maior e a derradeira.
8.8.1.1 VÍRGULA NA SEPARAÇÃO DE TERMOS INTERCALADOS
Os termos que se intercalam na ordem direta, quebrando, pois, a seqüência natural da frase,
devem vir isolados por vírgulas. São eles...
Apostos e certos predicativos intercalados...
Ex.: O Português, Língua Neolatina, é originário das transformações verificadas
no Latim.
Ex.: Lenta e triste, a Língua Portuguesa vai-se arrastando.
Expressões explicativas ou corretivas...
Ex.: O Português, isto é, uma língua neolatina, é originário das transformações
verificadas no Latim.
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Conjunções coordenativas intercaladas...
Ex.: Não devemos, todavia, acreditar que existe um único meio de expressão.
Adjuntos adverbiais intercalados...
Ex.: O Português, em alguns países, é a língua oficial.
Se o adjunto adverbial intercalado for de pequena extensão, não usamos a vírgula...
Ex.: Devemos sempre atentar para os diferentes contextos do ato comunicativo.
Vocativos...
Ex.: Meus amigos, saber usar a palavra é o mais importante.
Ocasionalmente, por motivo de ênfase, podemos também destacar o vocativo com ponto de
exclamação...
Ex.: Deus! Deus! aqui estou.
8.8.1.2 VÍRGULA NA MARCAÇÃO DE TERMOS DESLOCADOS
Além do adjunto adverbial, outros elementos podem ser deslocados de seu lugar original na frase
e, nesses casos, também devem vir separados por vírgulas. São eles...
complementos verbais antecipados que são retomados depois na ordem direta do
enunciado...
Ex.: Essa função da linguagem, nós já a estudamos.
nomes de lugares na indicação de datas...
Ex.: Rio de Janeiro, 02 de outubro de 2002.
8.8.1.3 VÍRGULA NA MARCAÇÃO DE OMISSÕES DE PALAVRAS
A vírgula também assinala a omissão de termos da frase, principalmente do verbo...
Ex.: Ele prefere escrever e eu, falar.
Nesse exemplo, a vírgula marca a omissão da forma verbal prefiro.
8.8.1.4 VÍRGULA NA SEPARAÇÃO DE TERMOS COORDENADOS
Termos coordenados são palavras ou orações de valor semelhante, como
café e água... ler ou escrever...
Quando coordenamos termos na frase, utilizamos vírgula...
Ex.: O objetivo da linguagem é despertar emoções, surpresas, interesse.
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MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
Na série de sujeitos seguidos imediatamente de verbo, o último sujeito da série não é separado
do verbo por vírgula...
Ex.: Pedro Mello, Elisabeth Silveira, Eduardo Ayrosa, Sylvia Vergara são ProfessoresAutores do FGV Online.
Se os termos coordenados vierem ligados pelas conjunções e, ou, nem, não usamos vírgula, a
menos que essas conjunções sejam repetidas...
Ex.: Os mamíferos, os insetos e as aves têm mecanismos próprios de comunicação.
Ex.: E os mamíferos, e os insetos, e as aves, todos têm mecanismos próprios de
comunicação.
Ex.: Não precisamos de escolaridade ou talento para falar.
Ex.: Não precisamos de escolaridade, ou talento, ou qualidades especiais para falar.
8.8.2 VÍRGULA NA SEPARAÇÃO DE ORAÇÕES
Utilizamos a vírgula também para separar diferentes tipos de orações... Vamos recordar quais são
elas?
orações coordenadas...
adversativas, explicativas e conclusivas;
aditivas e alternativas.
orações subordinadas...
adverbiais;
adjetivas explicativas;
orações intercaladas.
8.8.2.1 ORAÇÕES COORDENADAS ADVERSATIVAS, EXPLICATIVAS E CONCLUSIVAS
Utilizamos a vírgula para separar orações coordenadas adversativas, explicativas e conclusivas...
Ex.: Cheguei atrasado, mas tenho uma boa justificativa.
Ex.: Ele está em casa, pois a luz está acesa.
Ex.: Penso, logo existo.
Conjunções pospositivas – usadas no meio ou no fim da oração –, adversativas e conclusivas, são
utilizadas entre vírgulas...
Ex.: Já saiu o resultado. Venho, pois, anunciar a novidade.
Quando iniciam oração, depois de pausa longa, também são seguidas de vírgula...
Ex.: Entretanto, não podemos deixar de mencionar outros pontos importantes.
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MÓDULO 4
8.8.2.2 ORAÇÕES COORDENADAS ADITIVAS E ALTERNATIVAS
As orações coordenadas aditivas e alternativas não se separam por vírgula...
Ex.: Estudaremos o módulo e faremos os exercícios.
Ex.: Eles não chegaram nem deram certeza de presença.
Ex.: Leremos a apostila ou estudaremos no ambiente on-line.
Incluímos no caso das coordenadas aditivas, as expressões do tipo não só... mas também, que, em
geral, não são separadas por vírgula...
Ex.: Não só estudaremos a matéria desta semana mas também adiantaremos a matéria
da próxima.
Contudo, ela pode ser usada quando essas orações...
...apresentam sujeitos diferentes...
Ex.: Os homens se comunicam de uma maneira, e os animais, de outra.
...a conjunção e não tem valor aditivo, mas adversativo – semelhante a mas –,
introduzindo idéia contrária à anterior...
Ex.: Estudamos muitos anos, e ainda assim não conhecemos nossa língua.
...a conjunção vem repetida enfaticamente...
Ex.: E volta, e recomeça, e se esforça, e consegue.
...a conjunção e se repete em diferentes seqüências de coordenação...
Ex.: Neste módulo, apresentaremos uma visão histórica das sociedades agrícola,
industrial e da informação, e o impacto que o modo de vida dessas sociedades
exerceu no mundo do trabalho.
Também costumamos usar a vírgula para separar orações coordenadas alternativas quando
proferidas com pausa. Nesses casos, a conjunção ou sempre exprime retificação...
Ex.: Ele sairá daqui logo, ou eu me desligarei do grupo.
Orações coordenadas aditivas construídas com verbo no gerúndio também se separam por vírgula...
Ex.: O vulto surgiu rapidamente, desaparecendo na noite (= e desapareceu na noite).
8.8.2.3 ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
As orações subordinadas adverbiais, principalmente quando antepostas à oração principal, são
separadas por meio de vírgula...
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MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
Ex.: Quando falamos alguma coisa a alguém, estamos produzindo uma mensagem.
Ex.: Fatigado, ia dormir.
Em geral, nas orações adverbiais consecutivas, não utilizamos vírgula...
Ex.: O vento soprou tão forte que arrancou mais de uma árvore.
As orações subordinadas substantivas não se separam por vírgula da oração principal...
Ex.: É certo que estaremos aqui amanhã.
Ex.: Seu receio era que houvesse atraso.
Ex.: Espero que você volte logo.
Ex.: Não nos opomos a que você permaneça aqui.
Ex.: Tenho certeza de que irei.
As subordinadas substantivas apositivas, em geral, são separadas da principal por dois-pontos...
Ex.: Só receio uma coisa: que você se machuque.
8.8.2.4 ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Orações subordinadas adjetivas restritivas são necessárias à complementação do sentido da frase,
designando qualidades acidentais que incidem sobre os substantivos que modificam, sem qualquer
tipo de pausa...
Ex.: A linguagem que é utilizada pelos sistemas computacionais é bastante complexa.
Já as orações subordinadas adjetivas explicativas denotam uma qualidade essencial ao termo
substantivo que modificam, a qual, portanto, poderia ser facilmente subentendida sem a oração
adjetiva explicativa.
A pausa, nesse caso, expressa o valor acessório da oração explicativa...
Ex.: A linguagem, que é fundamental para o homem, representa um contrato social.
8.8.2.5 ORAÇÕES INTERCALADAS
Orações intercaladas são aquelas acrescentadas à frase como
esclarecimento, ressalva, observação...
Justamente por quebrarem seqüências de sentido e o ritmo na estrutura do período, são separadas
por vírgula...
Ex.: A gíria, disse a menina, é para ser dita e não escrita.
Também podem ser separadas por travessão ou parênteses...
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MÓDULO 4
Ex.: Que coisa horrível – pensava eu – era aquilo ter ocorrido.
Ex.: Seria melhor que o diretor (e todos sabiam disso) tivesse comparecido.
8.9 PONTO-E-VÍRGULA
O ponto-e-vírgula assinala uma pausa intermediária entre a vírgula e o ponto.
Empregamos o ponto-e-vírgula para...
...separar orações coordenadas que venham quebradas em seu interior por vírgula...
Ex.: Ele prefere escrever; eu, falar.
...separar orações coordenadas que acentuem contrastes fortes...
Ex.: Muitos escrevem; poucos sabem exatamente o que escrevem.
...separar orações coordenadas mais longas...
Ex.: Sabemos que certos bichos marcam seu território com o cheiro de sua urina
ou corpo; que as abelhas, volteando, transmitem vibrações às semelhantes,
dando direção de locais em que há abundância de pólen.
...separar os diversos itens de uma enumeração...
Ex.: Em cada ato de comunicação podemos identificar os seguintes elementos:
emissor, destinador ou remetente;
receptor ou destinatário;
mensagem;
canal de comunicação ou contato;
código;
referente ou contexto.
8.10 ASPAS
As aspas simples (‘ ‘) são, em geral, utilizadas em trabalhos científicos, referindo-se a significados
ou sentidos...
Ex.: Amare, lat. ‘amar’ port.
Empregamos aspas duplas (“ “) em situações específicas que serão estudadas a seguir. São elas...
isolar citação textual;
destacar títulos de obras, no texto manuscrito;
isolar palavras ou expressões estranhas à língua culta – neologismos, arcaísmos,
estrangeirismo, gírias;
mostrar que uma palavra está sendo usada em sentido diverso do habitual;
dar destaque a uma palavra ou expressão;
marcar expressões, palavras, letras e fórmulas citadas ou exemplificadas.
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MÓDULO 4
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8.10.1 ISOLAMENTO DE CITAÇÃO TEXTUAL
Empregamos aspas duplas (“ “) para isolar citação textual...
Ex.: Como afirma Machado: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã
filosofia.”
Se o trecho transcrito contiver diversos parágrafos, as aspas de abertura deverão estar presentes
antes da primeira palavra de cada parágrafo e as de fechamento depois da última palavra do
parágrafo final. Vejamos alguns exemplos...
“Precisamos refletir mais sobre esta questão!
“Não podemos admitir que tenhamos gasto nosso tempo e energia em inutilmente.”
Se o trecho citado contiver uma citação, deverá esta trazer aspas de abertura no começo de cada
linha e aspas de fechamento unicamente no fim da última palavra da linha final...
“Há um ditado latino que afirma: “Ninguém é obrigado às coisas “impossíveis.”
Nada impede, portanto, que utilizemos aspas no interior de um fragmento já colocado entre
aspas...
Ex.: “Você já reparou no tom do “sim” que ele nos deu?” disse ela.
Quando a pausa coincide com o final da expressão que se acha entre aspas – e se elas encerram
apenas parte da proposição –, colocamos o competente sinal de pontuação depois delas...
Ex.: “Então conheceremos a verdade”, disse ele.
Quando, entretanto, as aspas abrangem todo o período ou expressão, o respectivo sinal de
pontuação fica abrangido por elas...
Ex.: “Mas quem quem garante que isso ocorrerá? Ninguém.”
8.10.2 DESTAQUE DE TÍTULOS E OBRAS
Vamos a mais uma aplicação das aspas duplas...
Empregamos aspas duplas (“ “) para destacar títulos de obras, no texto manuscrito...
Ex.: No “Fedro”, Platão exercita uma crítica à linguagem escrita.
No texto impresso – digitado –, utilizamos o itálico ou o negrito em lugar das aspas...
Ex.: No Fedro, Platão exercita uma crítica à linguagem escrita.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 4
8.10.3 OUTROS EMPREGOS DAS ASPAS DUPLAS
Também empregamos aspas duplas (“ “) para...
...isolar palavras ou expressões estranhas à língua culta – neologismos, arcaísmos,
estrangeirismo, gírias...
Ex.: As gírias que nem sempre “pegam” originam-se nos bailes “funk”.
...mostrar que uma palavra está sendo usada em sentido diverso do habitual...
Ex.: Um certo tipo de golfinho pode emitir cerca de quinhentas “mensagens”
sonoras diferentes entre si.
...dar destaque a uma palavra ou expressão...
Ex.: A língua é um verdadeiro “contrato” que os indivíduos de um grupo social
estabelecem.
...marcar expressões, palavras, letras e fórmulas citadas ou exemplificadas...
Ex.: Estudaremos as funções do “que” e do “se”.
8.11 APÓSTROFO
O apóstrofo indica supressão de letras e tem hoje seu uso restrito a apenas poucos casos...
supressão de uma letra ou mais no verso, por exigência de metrificação...
Ex.: of´recer; esp´rança; ´stamos
pronúncias populares...
Ex.: ´tá; ´teve
supressão da vogal em palavras compostas ligadas pela preposição de...
Ex.: estrela d´alva; olho d´água
Nos títulos de obras, não devemos utilizar a combinação da preposição com o artigo sem destacar
os elementos do título original.Também não devemos utilizar hífen ou apóstrofo para indicar essa
combinação. Temos, no caso, duas opções...
Ex.: O autor de Os Lusíadas/O autor dOs Lusíadas
8.12 OBSERVAÇÕES FINAIS
Vamos, enfim, às últimas observações sobre pontuação...
Pontuação com etc...
Etc. é a abreviação latina de et cetera – ou et coetera –, que significa e outras coisas.
Em sua evolução, desligou-se do rigoroso sentido originário – de coisas –, podendo
designar também pessoas.
175
MÓDULO 4
Estratégias de Construção Textual
Pede a lógica que a pontuação utilizada com essa abreviação seja a mesma que separa
os diversos conjuntos de uma enumeração...
Ex.: Compramos livros, cadernos, etc.
Ponto abreviativo e ponto final...
Em fim de frase, não usamos, lado a lado, o ponto abreviativo e o ponto final.
A tradição consagrou um critério de simplicidade, que é também a prática oficial – o
ponto abreviativo acumula as duas funções...
Ex.: Falávamos de idéias, juízos, opiniões, etc.
Pontuação em títulos e cabeçalhos...
A norma culta da língua recomenda – mas a prática tem sido, de fato, mais flexível –
que todos os cabeçalhos e títulos sejam usados com ponto final...
Ex.: Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.
8.13 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.
8.14 ATIVIDADES
8.14.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Acesse, no ambiente on-line, os exercícios de fixação desta unidade.
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Estratégias de Construção Textual
MÓDULO 5
MÓDULO 5 – ENCERRAMENTO
APRESENTANDO O MÓDULO
Na unidade 1 deste módulo, você encontrará algumas divertidas opções para testar seus
conhecimentos sobre o conteúdo desenvolvido em toda a disciplina. São elas...
§ caça-palavras;
§ jogo da memória;
§ jogo da caça;
§ jogo do labirinto;
§ jogo do tabuleiro.
A estrutura desses jogos é bem conhecida por todos.Você poderá escolher o jogo de sua preferência
ou jogar todos eles... a opção é sua! Em cada um deles, você encontrará perguntas – acompanhadas
de gabaritos e comentários – por meio das quais você poderá se auto-avaliar.
Já na unidade 2, é hora de falarmos sério! Sabemos que o novo – e o material didático que você
terminou de acessar enquadra-se em uma modalidade de ensino muito nova para todos nós,
brasileiros – tem de estar sujeito a críticas... a sugestões... a redefinições. Por estarmos cientes
desse processo, contamos com cada um de vocês para nos ajudar a avaliar nosso trabalho.
Lembre-se. Apesar de essas atividades não serem pontuadas na média final, o
objetivo delas é oferecer saber. De preferência com algum sabor! Divirta-se!
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