MÁQUINAS ELÉCTRICAS II ++ 1999 / 2000 ++ SEE FEUP T L M E -2.3 LEEC Motor de Indução Trifásico – energia de deslizamento 1 . Introdução No motor de indução trifásico com o rotor bobinado é possível utilizar, ou controlar, a energia disponível no circuito rotórico. M 3 ~ √ Quando o motor de indução trifásico funciona em regime permanente sinusoidal, o balanço energético é feito através da potência, reduzida ao estator e associada a cada uma das partes da máquina, permite representar a distribuição da potência activa pela figura, Eléctrica Mecânica 2 ω r ·T u = Pu P tr = 3·I'2 ·(R2 / s ) P t = 3·U1 ·I 1 ·cos ϕ 1 Pm e c PF e 2 P Jr = 3·I'2 ·R2 P J s = 3·I1 2 ·R1 Como qualquer outro sistema electromecânico de conversão de energia, o motor de indução trifásico, com o rotor bobinado, tem perdas de energia: – perdas por efeito Joule no enrolamento do estator; – perdas magnéticas no núcleo de material ferromagnético; – perdas por efeito Joule no enrolamento do rotor, e – perdas mecânicas devidas ao atrito e à ventilação. entreferro No estudo do motor de indução R1 R2 trifásico, efectuado por intermédio do esquema eléctrico equivalente por x1 x' 2 fase, verifica-se que a potência total , Pt = 3·U1·I1·cos ϕ1, consumida pelo U 1 (1 – s) . R 2 s motor, destina-se a alimentar as perdas Joule no circuito estatórico, PJs = 3·R1·I12, e as perdas magnéticas no ferro, PFe; restando para ser transformada em energia mecânica, durante um mesmo intervalo de tempo, uma potência activa no entreferro, Ptr = 3·E’2·I’2·cos ϕ2 = 3·(R2/s)·I’22. Parte desta potência é dissipada, em calor, no enrolamento rotórico, PJr = 3·R 2 ·I’2 2 , e a restante parte é convertida, integralmente, numa potência mecânica, Pmec = 3·(R2/s)·I’22 – 3·R2·I’22 = 3·((1 – s)/s)·R2·I’22. = = ωr·Tel. Parte desta potência mecânica alimenta as perdas de energia mecânicas da máquina, enquanto que a parte restante fica disponível no veio da máquina, como potência útil, Pu = ωr·T Existe, assim, uma parte da energia activa no circuito rotórico, que pode ser alterada, mediante a variação da resistência rotórica, R2 = r’2 + Rext: é a energia de deslizamento. O valor da energia de deslizamento pode ser controlado, o que permite alterar a velocidade de rotação da máquina — controlo de velocidade —, ou pode ser recuperado para a rede eléctrica de alimentação — recuperação da energia de deslizamento. © Manuel Vaz Guedes, 1994,1998 pag. 1 / 4 3.2 Motor de Indução Trifásico — energia de deslizamento 2 . Bibliografia M. G. Say; “Alternating Current Machines”, Pitman, 1976 M. Kostenko L. Piotrosvky; “Máquinas Eléctricas”, Vol. 2 K. Moll; “Cascades de Convertisseurs Statiques Hyposynchrones VERIVERT K™”, Revue Brown Boveri, 74, (8), pp. 459–466, 1987 3 . Estudo Qualitativo da Variação da Energia de Deslizamento 3 . 1 Objectivos do Trabalho Verificação experimental da variação da velocidade do motor de indução trifásico de rotor bobinado com a resistência do circuito rotórico; introdução ao estudo da cascata de Kramer. 3 . 2 Material Necessário – Motor de indução de rotor bobinado – Taquímetro – Amperímetro CC – Voltímetro CA – Bateria – Voltímetro CC – Transformador de medida TI – 2 Amperímetros CA – Amperímetro CC 3 . 3 Montagem a Realizar Ra √ M 3 ~ A V A Rext n 3 . 4 Modo de Proceder – Realizar a montagem. – Colocar o reóstato de arranque no ponto de resistência máxima. ☎ Chamar o docente para verificação ▲ Provocar o arranque do motor de indução trifásico. – Actuar no reóstato de arranque ❈● Observar o valor da corrente eléctrica absorvida por fase do motor, o valor da tensão e da corrente eléctrica rotórica e o valor da velocidade do motor em vazio. ✍ Tomar nota dos valores lidos e das observações efectuadas ❇ SEM demoras escusadas (≡ R A P I D A M E N T E ) ▲ ▲ 4. Para duas posições do reóstato de arranque R a, que irá funcionar (!) como resistência externa Rext, (Ra = (2/3)·Rmax, e Ra = (1/2)·Rmax) ➚ Elevar o valor da tensão até à tensão nominal da rede eléctrica. ❈● Ler os valores da corrente eléctrica absorvida por fase do motor, o valor da tensão e da corrente eléctrica rotórica e o valor da velocidade do motor ✍ Tomar nota dos valores lidos Desligar o motor eléctrico R Pelo método do voltímetro–amperímetro determinar a resistência eléctrica do reóstato. Interpretação dos Resultados • Apresentar um quadro com os valor lidos para a resistência rotórica, perdas Joule na resistência externa, velocidade do motor. • Justificar as situações de funcionamento do motor de indução trifásico observadas. 5 . Temas de Desenvolvimento © Manuel Vaz Guedes, 1994, 1998 3.3 Motor de Indução Trifásico — energia de deslizamento A controlo de velocidade A equação do binário electromagnético e um motor de indução trifásico é Tel = I’22·(R2/s). Quando se desprezam as perdas mecânicas da máquina, e o binário resistente, imposto pela carga mecânica, é constante Tr = TK, resulta que a velocidade de rotação do motor varia na razão inversa da respectiva resistência rotórica: s = (1/TK)·I’22·R2 (≡ o deslizamento, s = (ns – nr)/ns, é proporcional à resistência do circuito rotórico), R2 ➶, s ➶ ⇒ nr ➷ T s Rex 4 t T Rext1 = 0 Ω n 0 R ext2 = 1,5 Ω R ext3 = 3 Ω 0 n s 0.2 0.4 0.6 0.8 1 s o que se pode traduzir, para diferentes valores do binário electromagnético, nas curvas características representadas no gráfico. O método de controlo de velocidade do motor de indução trifásico com rotor bobinado por variação da resistência do circuito rotórico com um reóstato (líquido), que já teve o seu tempo (1930 a 1950) e que hoje está obsoleto, apresenta as seguintes desvantagens: – aumentam as perdas por efeito Joule no circuito rotórico, o que faz diminuir o rendimento; – o calor produzido no reóstato externo é considerável, o que obriga a uma construção cuidada e a métodos de arrefecimento especiais; – a velocidade de rotação do motor só pode variar para valores inferiores à velocidade de sincronismo; hiposincronismo, e – a curva característica mecânica T(n) global do motor de indução trifásico deixa de ser análoga à de um motor de corrente contínua com excitação derivação, e aproxima-se do tipo de característica de um motor série: a velocidade diminui com o aumento do binário. • Apresentar uma análise crítica do controlo de velocidade do motor de indução trifásico com o rotor bobinado por alteração do número de pares de polos e por variação da resistência do circuito rotórico. • Apresentar o anteprojecto de um circuito electrónico de potência, capaz de provocar a M R variação da resistência do circuito rotórico; Rext = α·R. √ B recuperação de energia de deslizamento Num passado já distante (1950 a 1960) teve alguma utilização a cascata de Kramer de máquinas rotativas. © Manuel Vaz Guedes, 1994, 1998 3.4 Motor de Indução Trifásico — energia de deslizamento R S T Motor de Indução R S T √ Pt M Pd Conversor Rotativo Pm e c Máquina de Corrente Contínua Máquina de Indução Com este conjunto de máquinas eléctricas (4), era possível efectuar o controlo da velocidade do motor de indução trifásico com o rotor bobinado, ou fazer a recuperação da energia de deslizamento. Para isso, as diversas máquinas tinham diferentes tipos de funcionamento, aproveitando-se sempre do carácter reversível do seu funcionamento. Neste sistema de máquina eléctricas rotativas, o conversor rotativo, normalmente uma comutatriz, devido ao seu carácter de máquina síncrona podia compensar o factor de potência da instalação. Velocidade Regime Potência de deslizamento Conversor Rotativo Máquina de Corrente Contínua Máquina de Indução nr < ns hiposincronismo Pd > 0 Corrente Contínua k k Corrente A lternada Motor Gerador nr > ns hipersincronismo Pd < 0 Corrente A lternada k k Corrente Contínua Gerador Motor Num sistema em que é possível recuperar a energia de deslizamento, presente no circuito rotórico, existem várias possibilidades de funcionamento: a) accionamento hiposíncrono — a potencial total Pt, a potência mecânica, Pmec = (1-s)·Ptrf, e a potência de deslizamento Pd são positivas, (0 < s < 1); b) accionamento hipersíncrono — enquanto que a potencial total Pt, a potência mecânica, Pmec = (1-s)·Ptrf, são positivas, a potência de deslizamento Pd é negativa (é fornecida à máquina), (s < 0); c) frenagem regenerativa — d) gerador de indução — enquanto que a potencia total Pt, a potência mecânica, a potencial total Pt, a potência mecânica, Pmec = (1-s)·Ptrf, e a potência de deslizamento Pd são negativas, (0 < s < 1); a máquina funciona abaixo da velocidade síncrona; Pmec = (1-s)·Ptrf, são negativas, a potência de deslizamento Pd é positiva (é retirada da máquina), (s < 0); a máquina é accionada (por uma máquina primária) a uma velocidade superior à velocidade de sincronismo, e a energia de deslizamento é devolvida à rede eléctrica através de um conversor (electrónico) {recuperação de energia}. © Manuel Vaz Guedes, 1994, 1998 3.5 Motor de Indução Trifásico — energia de deslizamento R S T R S T Motor de Indução Pt M 3 ~ Rf Lf Pd √ Transformador Pm e c Rectificador Ondulador • Fazer uma análise crítica dos problemas causados pelas formas de onda não sinusoidais introduzidas pelo funcionamento do conversor electrónico no circuito rotórico do motor de indução trifásico de rotor bobinado. • Apresentar um ante-projecto de uma instalação de aproveitamento de energia alternativa das ondas, baseada na utilização, como conversor de energia, de uma cascata hipersíncrona estática. – TLME.-2.3 – © Manuel Vaz Guedes, 1994, 1998