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Considerações sobre as práticas de manejo da vegetação nas proximidades do
CCHLA e do Setor de Aulas II da UFRN - maio de 2007
O presente relato diz respeito as minhas impressões sobre as práticas de gestão dos
espaços verdes da área e sobre as necessidades para aprimorar a harmonização da paisagem
local, reduzir os impactos ambientais e aumentar a integração do homem com a natureza, tendo
em vista a melhoria da qualidade de vida do freqüentador do Campus Central da UFRN.
Observações e sugestões:
1) O empenho do ETA na remoção do estacionamento que ocupava o canteiro central entre o
estacionamento e o Setor de Aulas II foi fundamental para recuperar a harmonia paisagística
local. Colaborando nesse sentido, na última ação de voluntariado coletivo do Projeto Nativas
no Campus, realizada há um mês, foram replantadas seis árvores no local (Figura 01).
Figura 01. Canteiro central entre estacionamento e Setor de Aulas II com árvores de espécies
nativas recém plantadas.
2) Há 15 dias foi iniciada a capina dos canteiros entre o estacionamento e o Setor de Aulas II. A
prática habitual dos funcionários sob a responsabilidade do Sr. Júlio, e que vem se repetindo
há vários anos, consiste em remover totalmente a vegetação herbácea, descobrindo
totalmente o solo, como pode ser observado na Figura 02. A remoção da camada de ervas
contribui para a manifestação de diversos impactos ambientais negativos sobre o campus,
como por exemplo:
- o aspecto estético desolador (Figuras 02 e 03),
- a maior elevação da temperatura do solo e do ar local devido à incidência direta dos
raios solares sobre o solo, que se aquece bem mais e consequentemente irradia
bem mais calor do que a vegetação, e
- a mobilidade do material arenoso desestruturado facilmente carreado pelo vento e
pela água da chuva para a via de circulação (Figura 04).
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Figura 02. Canteiro central entre parada de ônibus do Setor de Aulas II e Biblioteca Central
capinado no dia 15 de maio de 2007. Observa-se que as ervas foram totalmente
removidas deixando o solo completamente descoberto.
Figura 03. Canteiro próximo à parada de ônibus do Setor de Aulas II capinado no dia 14 de maio
de 2007. Observa-se o solo totalmente descoberto, impondo um aspecto de desolação
à paisagem local.
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Figura 04. Movimento de solo do canteiro para a via de circulação em decorrência da remoção
da cobertura vegetal protetora. Próximo à parada de ônibus do Setor de Aulas II.
A manutenção dos canteiros cobertos por vegetação herbácea é, portanto, fundamental,
sobretudo enquanto as árvores não formam uma sombra maior. O plantio de grama nesses
canteiros é inviável, em função do alto custo para a sua manutenção. Uma alternativa que estou
observando é a manutenção da cobertura vegetal nativa nesses canteiros, como pode ser
observado na Figura 05. Minha sugestão é que não haja a remoção, mas a condução dessa
vegetação de maneira a mantê-la com um porte reduzido. Durante a capina a que me referi
acima, recomendei aos funcionários efetuar tal procedimento, razão pela qual foi suspensa, em
definitivo ou temporariamente, não sei, a capina mais drástica (Figura 06). Sugiro, portanto, para
todos os canteiros das áreas próximas ao CCHLA e ao Setor de Aulas II, e quem sabe de toda a
área do campus, a capina seletiva, eliminando, por corte ou arrancamento apenas as plantas mais
altas. Não sei ainda como será o comportamento de diversas ervas daninhas que também
ocorrem na área, como o carrapicho e o cipó-chumbo, por exemplo. Se tais plantas infestarem os
canteiros, talvez sejam necessárias medidas mais drásticas. Isto também está me motivando a
monitorar tais canteiros. Além da remoção apenas das plantas mais altas, sugiro também a capina
apenas das plantas que ultrapassarem o meio fio, evitando a exposição do solo nas margens dos
canteiros, como acontece atualmente (Figura 05). Ou então o soterramento das plantas, como
pude observar hoje, no mesmo canteiro (Figura 07). Reconheço que esse procedimento vai
implicar em intervenções mais freqüentes na área, porém cada intervenção será mais rápida.
Além disso, serão necessários outros equipamentos como roçador manual, facão e tesoura e, é
claro, um treinamento do pessoal.
Para a recuperação de canteiros sem vegetação temos como hipótese que é possível
utilizar o oró. Há 12 dias o Prof. Josemar, coordenador do Projeto Nativas no Campus, plantou
algumas ramas de oró no canteiro próximo à parada de ônibus do Setor de Aulas II (Figura 08) e
estamos verificando seu comportamento. Hoje podemos observar que todas as mudas plantadas
estão vivas, vigorosas e propagando seus ramos sobre o canteiro (Figura 09). Caso a planta aceite
esse tipo de manejo, seria uma boa alternativa para a revegetação dos canteiros.
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Figura 05. Canteiro central próximo à parada de ônibus do Setor de Aulas II coberto por
vegetação nativa que se mantém verde durante todo o ano, mesmo durante a estão
seca prolongada. A remoção da vegetação descobrindo o solo deve ser evitada,
limitando-se apenas a podar os ramos que ultrapassem o meio fio.
Figura 06. Canteiro no Setor de Aulas II onde, no lado esquerdo as ervas foram removidas mais
intensamente e, no lado direito está a vegetação sem intervenção. A sugestão é pela
manutenção da cobertura vegetal como essa do lado direito, removendo-se apenas as
plantas que tem potencial para crescer acima disso.
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Figura 07. Soterramento das plantas que cobrem o canteiro central registrado no dia 01 de junho
de 2007, 15 dias antes o registro apresentado na Figura 05. As intervenções sobre os
canteiros devem ser coordenadas e administradas segundo critérios mais rígidos de
comando e, sobretudo com conhecimento técnico.
Figura 08. Plantio da erva reptante oró, vista do canteiro e detalhe da planta, próximo à parada de
ônibus do Setor de Aulas II, no dia 19 de maio de 2007.
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Figura 09. Mudas de oro no dia 01 de junho de 2007 próximo à parada de ônibus do Setor de
Aulas II. As mudas estão “pegas” e bem vigorosas após 12 dias do plantio.
3) A falta de manutenção tem permitido a proliferação acentuada da erva-de-passarinho, planta
semi-parasita que cresce sobre as árvores próximas ao CCHLA, sobretudo sobre os pés de
azeitona, compromentendo inclusive a vida dessas plantas (Figura 10). Sugerimos que seja
feita uma ação imediata e bastante intensa para remover essas ervas-de-passarinho, senão é
possível que a maioria das árvores não resista ao parasitismo e acabe morrendo.
Figura 10. Árvores, azeitoneiras, infestadas com erva-de-passarinho próximas ao CCHLA. Tais
árvores estão bastante debilitadas, com seu desenvolvimento normal comprometido e
com risco iminente de morte.
4) Foram plantados alguns coqueiros nos passeios que circundam o Campus próximo ao Setor de
Aulas V. Em alguns locais esses coqueiros foram plantados no meio do passeio,
prejudicando de maneira definitiva o deslocamento das pessoas (Figura 11). Minha sugestão
é que essas árvores sejam replantadas imediatamente mais próximas à cerca, sob pena de
termos frustrado todo o esforço de construção de uma calçada externa utilizável pela
população.
5) Há cerca de 2 meses foi realizado o calçamento do estacionamento localizado entre o CCHLA
e o SEPA. Para o nivelamento do terreno, visando, provavelmente uma maior ocupação do
espaço, foi removida grande quantidade de raízes de sustentação de várias árvores e se
estendeu a impermeabilização até muito próximo dos troncos (Figura 12). Tal procedimento
comprometeu irreversivelmente a estabilidade dessas árvores, colocando-as sob risco de
tombamento, com possíveis risco de acidentes graves. Não tenho opinião formada sobre os
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procedimentos a adotar, entretanto é necessário manter um monitoramento constante da
estabilidade e do estado fitossanitário dessas árvores.
Figura 11. Coqueiros plantados bem no meio do passeio que circunda o Campus, próximo ao
Setor de Aulas V. Para a efetiva utilização do passeio é necessário realocar as plantas
próximo à cerca.
Figura 12. Árvore cujas raízes de sustentação foram removidas por ocasião do calçamento do
estacionamento localizado entre os prédios do CCHLA e do SEPA.
6) Há cerca de um ano foram plantadas mangueiras e cajueiros, intercaladas com as algarobeiras
já adultas existentes, entre os blocos do Setor de Aulas II. Essas árvores estão crescendo e
precisam de espaço para o pleno desenvolvimento (Figura 13). É necessário, assim, proceder-se
à poda parcial das algarobeiras, que deverão daqui há 1-2 anos serem removidas completamente.
No dia 25 de maio recebi a visita do Sr. Júlio, responsável pelos serviços de manutenção
dos espaços verdes do campus da UFRN. Na oportunidade apresentei minhas opiniões e
procedimentos aqui expostos, com os quais ele concordou e achou oportuno implementar. Há,
entretanto, necessidade de um contato mais estreito entre ETA e CCHLA no sentido de se
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elaborar e implementar, para os espaços verdes no entorno do CCHLA, um plano único de
intervenção, plano esse que deve ser sustentável ambiental e financeiramente. É necessário,
também, treinar o pessoal envolvido com essa atividade, os quais me pareceram totalmente
despreparados para realizar tais atividades. No sentido de colaborar para uma convivência mais
harmônica com as plantas nativas e espontâneas do Campus e de se dar um tratamento com
menor impacto negativo sobre os espaços verdes do CCHLA, me coloco à disposição.
Figura 13. Espaço entre blocos no Setor de Aulas II com algarobeiras adultas que precisam ser
desbastadas para o crescimento em altura das árvores jovens intercaladas.
Natal, 01 de junho de 2007
Prof. Luiz Antonio Cestaro
Departamento de Geografia
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