ARTE CONTEMPORÂNEA

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Estética, Filosofia, Cultura e
outras Linguagens
Felipe Szyszka Karasek
Arte x obras de arte.
Como distinguir obras de arte de
outras coisas que não são arte?
Para estar em um terreno artístico é
necessário uma teoria artística para dar
conta disso?
‘O MUNDO DA ARTE’ [Danto, 1964]
TERRENO ARTÍSTICO:
Construído por teorias artísticas.
USO DE TEORIAS:
Torna a arte possível;
Ajuda a diferenciar o que é arte do que não é
arte.
Reflexão acerca dos principais
problemas estéticos e da Filosofia
da Arte.
Teorias imitativas da arte
Teoria poderosa;
Explica grande quantidade de fenômenos
ligados às causas e à avaliação de obras de
arte.
Nesse caso, o artista que se afasta da imitação
[mimeticidade] é considerado perverso, louco;
Ou simplesmente não é considerado.
Teoria da imitação
Dentro da TEORIA DA IMITAÇÃO foram necessárias transfigurações
da teoria, ou seja, revisões teóricas de grandes proporções;
Não apenas sobre a adoção artística desses objetos, mas também
sobre:
- Características recentemente significantes de obras de arte
aceitas, de modo que abordagens muito diferentes de seu
status como ‘obra de arte’ teriam agora que ser feitas;
- EXEMPLO: isso aconteceu para a pintura francesa pósimpressionista ser aceita como arte.
Teoria da imitação
De qualquer forma, uma teoria nova da arte
é geralmente aceita, desde que dê conta do
que a antiga teoria dava, ou seja, que nada
produzido [aceito] anteriormente seja
descartado como arte – funda-se assim um
tipo de entendimento na História da Arte].
Teoria da imitação
Embora possamos, desde as pinturas e esculturas
gregas, pensar quase ‘tranquilamente’ em uma
História da Arte,
com os pós-impressionistas franceses surge a
possibilidade de uma nova teoria que traria
novas dimensões para a arte.
IMPRESSIONISMO, 1872: Degas, Monet, Manet, Renoir.
PÓS-IMPRESSIONISMO, 1885: Van Gogh, Gauguin, Toulouse-Lautrec,
Cézanne.
IMPRESSIONISMO, 1872: Degas, Monet, Manet, Renoir.
PÓS-IMPRESSIONISMO, 1885: Van Gogh, Gauguin, Toulouse-Lautrec, Cézanne.
Teoria da imitação
Já que a imitação realizada pelos pósimpressionistas era quase uma inadequação da
imitação, artistas como Van Gogh, Gauguin e Cézanne
não deveriam ser entendidos como imitando de forma
fracassada as formas reais,
mas como criando de um modo bem sucedido
novas formas,
porém tão reais quanto as formas mais antigas
pensavam nos seus melhores exemplares estarem
imitando com credibilidade.
Teoria da imitação
Isso relaciona a arte com o conceito de
criatividade, a arte entendida como
criação, processo e lugar de criação.
Os pós-impressionistas deveriam estar
relacionados com a perspectiva
‘genuinamente criativos’, ou seja, não
tinham em vista a ilusão, mas a realidade.
da
TEORIA DA IMITAÇÃO
para a
TEORIA DA REALIDADE
Teoria da realidade
Essa teoria da realidade permite que as obras
dos impressionistas sejam entendidas como
uma nova contribuição para o mundo, uma
contribuição real e, dentro da realidade, uma
não-cópia da realidade.
Surge uma ideia de não-imitação e da
criação de objetos reais.
Teoria da realidade
A teoria da realidade traz a densidade das
obras de arte e oportuniza uma ideia de
autonomia: elas poderiam não ser mais
reais do que o objeto inspirado, mas
também não eram menos reais.
Teoria da realidade
Os objetos [obras] criados a partir desse
suporte teórico oferecido pelos pósimpressionistas não iriam mais figurar
como IMITAÇÃO, e sim como:
NOVAS ENTIDADES
Surge uma ideia de não-imitação e
da criação de NOVAS ENTIDADES
NOVAS ENTIDADES
A partir da possibilidade [e da segurança do
amparo teórico] das obras de arte figurarem
como NOVAS ENTIDADES, com autonomia, é
preciso pensar na questão:
Como olhar e ver uma obra de arte?
Ou seja, como reconhecer uma obra de
arte?
NOVAS ENTIDADES
O sujeito precisará dominar o SER, o É, da
identificação artística e então, constituir o
objeto como obra de arte.
Isso causa uma necessidade, nesse caso, se o
sujeito não conseguir isso, ele nunca olhará
para obras de arte [retângulos serão sempre
visões de retângulos, ou, ‘ele será uma criança
que vê bastões como bastões’].
NOVAS ENTIDADES
A identificação de algo como obra de arte é
dependente das teorias e da história que o
observador ou o artista aceita ou rejeita.
Nesse sentido, ver algo como arte requer uma
perspectiva a partir de uma teoria artística,
uma conhecimento da história da arte,
mesmo que básico.
DIALOGAR COM TEORIAS ESSENCIALISTAS DA
ARTE [ONTOLOGIAS DA ARTE]
Possibilidades de reflexão a respeito do
contemporâneo
ARTE CONTEMPORÂNEA
A conquista da autonomia dos objetos,
Uma categorização de ‘entidades autônomas’ das obras de
arte,
A não mais dependência da relação/comparação com a teoria
imitativa;
Somadas com a exigência de um conhecimento teórico e
histórico da arte por parte do observador para que aconteça a
identificação artística.
Tudo isso oportuniza o nascimento de um novo problema de
reflexão acerca da arte.
Exemplos abrangentes em Filosofia
do século XX
ARTE CONTEMPORÂNEA
Esse problema foi gerado [e também percebido] por Marcel
Duchamp, com a realização da obra A Fonte (1917).
O problema do ready-made.
Acontecia, a partir disso [principalmente a partir do
debate que isso gerou] a dissolução de outras
características sempre associadas aos artistas:
Oportuniza-se a troca do fazer a obra [manual] pelo
pensar a obra [conceitual – possibilidade de um novo
tipo de “fazer”].
A Fonte (1917).
ARTE CONTEMPORÂNEA
A conotação de importância das obras surge agora a
partir da capacidade de pensar a obra:
Arte conceitual.
Além da fonte de Duchamp, Warhol fez cópias [nesse
sentido, não-cópias] das caixas de sabão Brillo e
expôs no museu.
Por que essas caixas de Warhol são obras de arte e
aquelas que estão no supermercado não são?
Andy
Warhol
ARTE CONTEMPORÂNEA
Por que os fabricantes de sabão Brillo não podem
fazer arte e por que Warhol não fez nada a não
ser arte em relação às caixas Brillo?
E algo chama a atenção em relação às caixas
de Warhol: de algum modo, elas são arte.
Como isso se justifica?
ARTE CONTEMPORÂNEA
Tanto a caixa de sabão Brillo quanto a fonte
de Duchamp representam [são] TEORIAS DA
ARTE.
Essa teoria que as recebem, protegem, e não as
deixam ficar [cair] da condição de ‘objetos reais’
que elas são.
Estão amparadas por um sentido de É
diferente, o É da identificação artística.
ARTE CONTEMPORÂNEA
Nesse sentido, é impossível ver a fonte e as caixas Brillo sem
uma teoria da arte: nesse caso, sem a teoria da ARTE
CONCEITUAL.
É o papel das TEORIAS DA ARTE que torna a arte possível.
Existem dois tipos de SER nas caixas Brillo:
i.
o SER do mundo real
ii. o SER do mundo da arte – da identificação artística.
Exatamente a mesma caixa, separadas pelo SER da identificação
artística.
Arte conceitual
A partir da ARTE CONCEITUAL, sugere-se um
debate a respeito do “fim”:
- O fim da arte [história da arte
representacionalista];
- O fim da teoria do gosto;
- O fim do padrão material.
ARTE CONCEITUAL
A partir de Duchamp (1917):
1.Legitima o uso de materiais não-convencionais para fazer
a critica que pretendiam os artistas, para mostrar à
sociedade suas deficiências;
2.Os artistas contemporâneos se transformam em
pensadores visuais: o sentido das obras está fora do
alcance do olhar e só temos acesso a elas através de
exercícios de interpretação elaborados.
[Duchamp e Warhol podem sugerir como fazer filosofia
fazendo ARTE].
‘A TRANSFIGURAÇÃO DO LUGAR
COMUM’ [Danto, 1981]
No prefácio do livro intitulado A transfiguração do lugar
comum, Arthur Danto considera que o ensaio O mundo da
arte serviu de base para a
teoria institucional da arte
e apresentou perspectivas interessantes para a
compreensão das obras de arte contemporâneas, mas não
avançou muito em direção a uma resposta do
questionamento acerca do status da arte.
[qual o significado de considerar a Brillo Box como
digna de seu status de arte?].
‘A TRANSFIGURAÇÃO DO LUGAR COMUM’ [Danto, 1981]
Em A transfiguração do lugar comum, Arthur Danto apresenta as obras de
arte como veículos de representação que corporificam seus significados,
ou seja, as obras de arte são significados corporificados.
As obras de arte presentificam os seus significados, em oposição a uma
forma discursiva nas quais uma descrição é exterior a esses significados
corporificados.
A forma para compreender a corporificação é a interpretação, assim
o principal problema da filosofia da arte é explicar como a obra se
relaciona com o objeto – referindo-se às teses anteriores, como o ser
da identificação artística da Brillo Box se relaciona com o ser do
artefato Brillo Box.
A obra de arte é o objeto mais o significado, “e a interpretação explica
como o objeto traz em si o significado que o observador percebe e ao qual
reage de acordo com o modo como o objeto o apresenta”
Pensar a obra-de-arte
‘DEPOIS DO FIM DA ARTE’ [Danto, 1997]
FIM DA HISTÓRIA DA ARTE:
-
Dissolução da representação realista do mundo;
Ingresso em um período pluralista;
Ausência de escola ou movimento artístico;
Criação sem intervenção direta;
Pensar a produção artística nos leva a pensar nos
problemas que nos desafiam enquanto sociedade.
Ex: Bienal, mostras, arte engajada, vanguardas –
“territórios” políticos, críticos e atuantes – necessários;
pedagógicos.
What art is? (Danto, 2013)
Diferença entre Estética e Filosofia da Arte;
Danto afirma que faz Filosofia da Arte;
Estética: questão de prazer, como as coisas aparecem
aos sentidos, discussão acerca do prazer ou desprazer,
gosto ou desgosto produzidos por obras de arte.
Filosofia da Arte: pensamento a respeito do que
distingue obras de arte de outros objetos do mundo.
Pensamento a respeito da questão “O que faz da arte
‘arte’”?
ESTÉTICA?
Foi ‘seriamente desafiada’ no séc. XX.
Ex: readymades de Duchamp representam o
desacoplamento das preocupações estéticas
tradicionais, como BELEZA e BOM GOSTO.
FILOSOFIA DA ARTE
Procura pelas explicações sobre a Arte a partir
de concepções pluralistas da produção
artística no século XX.
ESSENCIALISMO NA ARTE
[i] Existe uma instância essencialista, sem
lugar e atemporal na arte – A QUAL PODE SER
SOLICITADA PARA PENSAR A ARTE EM
QUALQUER TEMPO E LUGAR;
[ii] O significado incorporado da obra de arte
pode ser acessado pela interpretação;
[iii] “A interpretação depende de uma
maneira construída historicamente para
compreender a Arte, a qual deve muito para a
Estética”.
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