a arte como imitação (terceira lição – lições de estética filosófica)

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A ARTE COMO IMITAÇÃO (TERCEIRA LIÇÃO – LIÇÕES
DE ESTÉTICA FILOSÓFICA)
Como vimos, os gregos afirmavam que existia uma beleza em si.
Eles interpretavam o belo e a arte como imitação (mimeses) do
eterno na natureza.
Esta idéia voltou a se desenvolver poderosamente no
Renascimento.
Em Platão, por exemplo, há uma concepção positiva e outra
negativa dessa imitação da natureza.
Vamos avançar um pouco mais no conceito positivo de
imitação... Trata-se de uma imitação também dos movimentos
da alma humana e da alma cósmica (música, por exemplo –
idéia do mundo sensível).
Continuando...
À medida que avança a era industrial, retrocedeu
simultaneamente tanto o poder do belo como o da natureza.
Outros valores também vão sendo derrubados...
Na época moderna, o poder do natural (e da beleza) dá lugar,
pouco a pouco, à ação histórica do homem. /// Isso indica, à
primeira vista, que a arte se desliga da idéia de imitação.
Isso não significa que desapareceu totalmente a mimeses. Mas
esta mimeses reproduz cada vez mais a obra histórica da
humanidade.
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É evidente que o conceito de imitação torna-se mais plausível
em uns gêneros que em outros. A escultura toma como modelo
imagens naturais.
Mas o que imita a arquitetura?
A arquitetura toma da natureza, por exemplo, a duplicidade de
peso e suporte, a simetria, a proporção...
E a música?
O defensor da teoria mimética vai dizer que a música reproduz
certos sons naturais e dá expressão aos sentimentos do homem,
que é um ser natural.
ARISTÓTELES: A TRAGÉDIA COMO MÍMESES DA AÇÃO
HUMANA
Falamos que Platão tem certas reservas em relação à mimeses.
Ele critica a poesia, por exemplo, porque suscita paixões.
A postura de Aristóteles é bem menos ambígua.
Ele também atribui uma função moral à arte – não rompe com a
vinculação platônica entre arte e educação (vários outros
pensadores dirão o mesmo).
Mas Aristóteles não tem problemas em legitimar a representação
artística. Ele diz que todas as artes consistem em imitações.
O filósofo diz que elas se diferenciam pela maneira de imitar e
pelas coisas imitadas.
Por exemplo, os dançarinos imitam as paixões humanas...
O aspecto da arte mais trabalhado por Aristóteles é a tragédia.
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Ele vai dizer que a tragédia faz melhores os homens; a comédia
os faz piores. Vai dizer ainda que cada uma reproduz aspectos
parciais.
Ainda assim, Aristóteles diz que a arte não plagia o que está
dado, mas reflete de forma criadora (imaginativa) aquilo que os
homens são.
O conceito aristotélico de imitação é esclarecido igualmente
através da idéia do verossímil.
A obra artística representaria não as coisas como elas são, mas
como deveriam ser.
Aristóteles fala do homem em ação; mas este homem não é só
racionalidade. Há espaço para os sentimentos.
Um aspecto interessante na tragédia, segundo o filósofo, é que
ele aponta a fábula trata de problemas universais. Por isso, gera
empatia no público (dor, tristeza, paixões etc).
Faz-nos compartilhar a atitude do herói. Segundo ele, isso
purifica o público, porque fazemos isso de forma distanciada,
acalmando nossas paixões.
HISTORICIDADE DAS INTERPRETAÇÕES DE MÍMESES
Durante a Idade Média não desaparece a idéia de imitação. O
que acontece agora é que a forma originária se situa na mente
transcendente de Deus.
A arte desse período vai reproduzir a realidade social da época –
a nobreza, a cavalaria e o cristianismo.
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E o renascimento o que vai querer fazer?
Resgatar a antiguidade grego-romana. A beleza volta ser a meta
a que aspira a arte em geral.
Também estabelece a mimeses como princípio estético
fundamental.
Mas esse conceito vai começar a mostrar-se em conflito. Por
quê?
- porque há uma tensão/conflito entre a subjetividade e a
objetividade de uma imitação.
Então, a partir do Renascimento se tomará cada vez mais
consciência de que a produção artística é uma criação subjetiva e
não uma mera reprodução da natureza.
Eles já não entendem a arte como simples cópia imediata das
coisas naturais.
É nesse período que surgem teóricos renascentistas importantes
– como Cenini, Alberti, Da Vinci...
Da Vinci, por exemplo¸ vai dizer que a pintura se funda na
perspectiva, que não consiste senão no exato conhecimento dos
mecanismos da visão.
Então, a coisa vai ser definida mais ou menos assim...
Não teremos a impressão fiel da natureza, mas a elaboração da
imagem artística com base no conhecimento prévio dos modelos
naturais.
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Exemplo: uma mulher bela – não recorre apenas a uma; mas
aos padrões gerais que as tornam belas.
Antes do Barroco, temos um movimento chamado Maneirismo.
O que faz o maneirismo?
Reaciona as normas fixas – é contra as regras matemáticas.
Prevê liberdade absoluta para o artista.
De acordo com alguns maneiristas, Deus deu a capacidade ao
espírito humano para produzir uma ordem mental
independentemente do mundo sensível.
Por isso, o artista tem a capacidade de produzir arte – já que as
representações estão formadas no interior do espírito.
As idéias da Grécia e do Renascimento voltam a elaborar-se no
Neoclassicismo.
O mundo exterior é valorizado agora como fonte de inspiração e
estímulo de pensamento.
Mas enquanto isso acontece, começa a desenhar-se um novo
horizonte... com a valorização do inconsciente humano. Isso vai
ganhar força onde? No Surrealismo, no impressionismo.
O Romantismo rompe com o que o Neoclassicismo tinha de fria
racionalidade... Mas coincide com o Neoclassicismo ao
interpretar a natureza a partir do sujeito (um sujeito que tem
sentimento).
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Schelling, expoente da estética romântica, vai dizer que “o gozo
estético se deve à identidade encontrada na obra de arte entre o
consciente e o inconsciente, o real e o ideal, o objetivo e o
subjetivo”.
A concepção da arte como reprodução (imitação) da realidade
volta a proclamar-se enfaticamente no Realismo do século X.
É sabido que o marxismo simpatiza com a concepção realista da
arte.
Marx compartilha a reação contra o idealismo e não é a favor da
arte como um reino ideal ou abstrato.
Ver final da página 59.
Lukacs vai sustentar que o autor literárip tem de defender uma
tese – tese esta que represente a realidade.
Bem, há vários movimentos... tendências...
Mas o que vale entender, pra finalizar, é um pensamento do prof
Hélio – autor deste livro.
...A arte representa ou expressa sensivelmente a natureza
(subjetivaobjetiva) num certo grau de universalidade. (...)
Inclusive quando o artista representa uma figura exterior, deixa
nela o selo de sentimentos e atitudes interiores.
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