1999 geologic time scale - Moodle@FCT

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1999 GEOLOGIC TIME SCALE
C5B
C5C
C5D
5E C5E
6
M
LANGHIAN
C6A
C9
11
12
C11
C12
13
C13
15 C15
16 C16
17
40
18
19
C19
50
C21
22
C22
23
C23
E
RUPELIAN
26
C26
60
27
C27
28
65
C28
29
M10
M12
M14
M16
140
M18
M20
M29
41.3
180
M
LUTETIAN
190
49.0
E
YPRESIAN
200
210
54.8
THANETIAN
L
SELANDIAN
E
C29
30 C30
220
57.9
61.0
DANIAN
230
240
65.0
1
93.5
99.0
280
4
1
300
320
112
2
121
3
APTIAN
BARREMIAN
HAUTERIVIAN
VALANGINIAN
BERRIASIAN
340
127
3
132
4
360
137
4
144
5
151
154
6
7
159
7
TITHONIAN
KIMMERIDGIAN
OXFORDIAN
CALLOVIAN
BATHONIAN
MIDDLE
BAJOCIAN
AALENIAN
380
400
164
8
169
8
420
176
8
180
8
440
TOARCIAN
PLIENSBACHIAN
EARLY
8
195
8
202
8
206
8
210
8
SINEMURIAN
HETTANGIAN
RHAETIAN
LATE
190
480
NORIAN
221
CARNIAN
MIDDLE
460
LADINIAN
227
9
500
9
234
9
242
245
248
9
9
10
520
ANISIAN
EARLY
OLENEKIAN
INDUAN
GZELIAN
KASIMOVIAN
543
248
252
256
260
MOSCOVIAN
SERPUKHOVIAN
290
900
1000
296
303
311
323
327
VISEAN
1250
1500
342
TOURNAISIAN
L
LATE
282
BASHKIRIAN
E
BDY.
AGES
(Ma)
SAKMARIAN
ASSELIAN
L
ERA
269
S.
1
1
89.0
ALBIAN
EARLY
LATE
M25
170
CENOMANIAN
M22
160
PRIABONIAN
TURONIAN
83.5
85.8
PERMIAN
CHRON.
HIST.
130
150
BARTONIAN
PALEOCENE
C25
M0
M1
M3
M5
33.7
C24
25
120
37.0
24
55
110
CHATTIAN
28.5
C18
C20
21
L
C17
20
45
20.5
23.8
L
EOCENE
35
PALEOGENE
30
OLIGOCENE
9
TERTIARY
7
7A C7
C7A
8
10 C10
16.4
AQUITANIAN
6B C6B
C8
100
BURDIGALIAN
6A
25
34 C34
14.8
E
C6
6C C6C
ANOM.
11.2
SERRAVALLIAN
SANTONIAN
CONIACIAN
EON
750
ARTINSKIAN
E
AGE
(Ma)
FAMENNIAN
FRASNIAN
GIVETIAN
M
354
1750
364
370
PROTEROZOIC
C5A
90
LATE
TATARIAN
UFIMIAN-KAZANIAN
KUNGURIAN
W.
C5
C33
7.1
TORTONIAN
260
CAMPANIAN
33
80
L
PICKS
(Ma)
AGE
MIDDLE
1600
EARLY
2000
380
EIFELIAN
391
EMSIAN
PRAGHIAN
L
LOCKHOVIAN
PRIDOLIAN
LUDLOVIAN
WENLOCKIAN
E
L
M
412
417
419
423
428
LLANDOVERIAN
ASHGILLIAN
CARADOCIAN
LLANDEILIAN
LLANVIRNIAN
2250
400
443
464
470
3000
ARENIGIAN
E
D
C
B
TREMADOCIAN
SUNWAPTAN*
STEPTOEAN*
MARJUMAN*
DELAMARAN*
DYERAN*
MONTEZUMAN*
485
490
495
500
506
512
516
520
LATE
2750
449
458
2500
2500
3250
ARCHEAN
20
C4A
L
5.3
1
PRECAMBRIAN
N.
5D
C4
3.6
.2
PENNSYLVANIAN
5C
MESSINIAN
C3A
32 C32
65
71.3
AGE PERIOD EPOCH
(Ma)
MISSISSIPPIAN
15
5B
ZANCLEAN
MAASTRICHTIAN
PICKS UNCERT.
(m.y.)
(Ma)
CARBONIFEROUS
5A
E
30 C30
31 C31
70
AGE
PALEOZOIC
DEVONIAN
5
C3
0.01
1.8
PERIOD EPOCH
NEOCOMIAN
10
PIACENZIAN
PLIOCENE
C2A
CALABRIAN
L
AGE
(Ma)
CRETACEOUS
4
4A
HOLOCENE
MIOCENE
3A
PLEISTOCENE
NEOGENE
3
QUATERNARY
PICKS
(Ma)
AGE
JURASSIC
C2
EPOCH
TRIASSIC
C1
2
PERIOD
RAPID POLARITY CHANGES
1
2A
5
CHRON.
HIST.
ANOM.
AGE
(Ma)
MESOZOIC
MAGNETIC
POLARITY
CAMBRIAN* ORDOVICIAN SILURIAN
CENOZOIC
MAGNETIC
POLARITY
3000
MIDDLE
3400
3500
EARLY
3750
3800?
A
540
543
© 1999, The Geological Society of America. Product code CTS004. Compilers: A. R. Palmer, John Geissman
*International ages have not been established. These are regional (Laurentian) only. Boundary Picks were based on dating techniques and fossil records
as of 1999. Paleomagnetic attributions have errors, Please ignore the paleomagnetic scale.
GEOLOGICAL SOCIETY
OF AMERICA
Sources for nomenclature and ages: Primarily from Gradstein, F., and Ogg, J., 1996, Episodes, v. 19, nos. 1 & 2; Gradstein, F., et al., 1995,
SEPM Special Pub. 54, p. 95–128; Berggren, W. A., et al., 1995, SEPM Special Pub. 54, p. 129–212; Cambrian and basal Ordovician ages
adapted from Landing, E., 1998, Canadian Journal of Earth Sciences, v. 35, p. 329–338; and Davidek, K., et al., 1998, Geological Magazine,
v. 135, p. 305–309. Cambrian age names from Palmer, A. R., 1998, Canadian Journal of Earth Sciences, v. 35, p. 323–328.
DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA TERRA
ESTRATIGRAFIA
JOÃO J. Cardoso PAIS
FUNDAMENTOS DA ESTRATIGRAFIA
DEFINIÇÃO E OBJECTIVOS
A Estratigrafia como “ciência descritiva dos estratos” (do latim stratum + graphia
do grego).
A Estratigrafia tem a haver, não apenas com a sucessão original e as relações
de idade das camadas de rochas, mas também com a sua forma, arranjo interno,
distribuição geográfica, composição litológica, conteúdo fossilífero, propriedades
geoquímicas e geofísicas, ou seja, com todas as características, propriedades e
atributos das camadas de rochas e com a sua interpretação em termos de ambiente,
ou de génese, e história geológica.
Todos os tipos de rochas (ígneas, metamórficas, sedimentares consolidadas ou
móveis) caem dentro do campo de estudo da Estratigrafia.
A Estratigrafia pode ser abordada de diversas formas que se revestem do maior
interesse tanto no domínio da “Ciência Pura” como das aplicações práticas. Ciência
pura e ciência aplicada não têm, aqui, fronteiras nítidas e concorrem, reciprocamente,
para o progresso uma da outra. Para Grabau (1913) a Estratigrafia é a parte inorgânica
da Geologia Histórica, ou seja, o estudo do desenvolvimento da litosfera através do
tempo geológico. Este conceito foi progressivamente alargado de modo a incluir
aspectos ligados à paleontologia, geologia estrutural, geoquímica, geofísica, e muitos
outros sectores ligados às Ciências da Terra.
Objectivos da Estratigrafia: o papel fundamental da Estratigrafia é o de, através
da observação das unidades litológicas e das suas propriedades, chegar ao seu modo
de origem, estabelecendo a sua evolução temporal e espacial. Logo, a Estratigrafia
estuda, fundamentalmente, as relações no espaço e no tempo dos conjuntos líticos e
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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dos acontecimentos neles registados, de modo a chegar à reconstituição da História da
Terra.
Estrato ou camada: corpos líticos, em regra tabulares, caracterizados por certas
propriedades, caracteres ou atributos que os distinguem dos corpos adjacentes. A
separação entre camadas vizinhas pode ser feita por planos bem marcados (passagem
brusca a camadas vizinhas) ou através de mudança gradual de qualquer propriedade
(litologia, mineralogia, conteúdo fossilífero, composição química, propriedades físicas,
idade) (passagem gradual a camadas vizinhas, relativamente a essa propriedade).
• Estratigrafia descritiva: recolha e análise da informação de campo.
• Estratigrafia interpretativa: geocronologia, paleogeografia e geologia histórica.
A ordenação, no espaco e no tempo, dos corpos líticos e dos acontecimentos; a
necessidade de elaboração de sistemas de referência (escalas estratigráficas).
Problemas fundamentais da Estratigrafia:
• de tempo - cronologia; ordenação dos corpos líticos (antes, depois,
simultaneidade, duração); idade relativa (escala cronostratigráfica) e/ou
idade isotópica (escala cronométrica)
• de espaço - paleogeografia; aplicação do princípio das causas actuais (sem
esquecer os riscos daí decorrentes); reconstituição de paisagens.
ASPECTOS HISTÓRICOS
XENOPHANES (séc.VI aC.) e a interpretação correcta de conchas marinhas
existentes nas colinas de Paros.
ARISTOTELES e TEOFRASTO (séc.III e IV aC.) a geração de ossos e a
atribuição de esqueletos a gigantes mitológicos. ESTRABÃO (séc.I aC.).
A época romana e os “glossopetrae” de PLINIO (séc.I). TERTULIANO (séc.II) e
PAULO OSORIO (séc.V) interpretam corretamente os fósseis. Queda do Império e o
“esquecimento” dos conhecimentos anteriores.
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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Ciência islâmica. AVICENA (séc.X) e AVERROES (séc.XII) e a tradução dos
tratados gregos. AVICENA e a “vis plastica” criadora de animais e plantas petrificadas,
“lusus naturae”,ou seja, caprichos da natureza. A invasão do Norte de África e da
Península Ibérica e a tradução dos textos árabes para hebraico por, entre outros,
ISAAC ISRAELI (855-955), SCADIA BEN JOSEPH (séc.IX-X), SALOMON BEN
GABIROL (séc.XI), MOISE BEN MAIMON (séc.XII), e mais tarde mandadas passar a
latim pelo Arcebispo de Toledo.
Crenças medievais (séc.XII, XIII e parte do XIV), resultantes da interpretação do
“Livro do Genesis”. Idade da terra de poucos milhares de anos; atribuição ao Dilúvio de
sedimentos; fósseis interpretados como “invenções diabólicas” ou como pedras com
formas curiosas.
ALBERTO DE SAXE, reitor da Universidade de Paris (séc.XIV), o estudo da
erosão e o levantamento dos continentes e do fundo dos mares.
O Renascimento. LEONARDO DA VINCI (séc.XIV-XV), que resumia as suas
ideias na frase: “Por cima das planícies de Itália, lá onde voa actualmente uma
multitude de aves nadavam, antigamente, cardumes de peixes”. Foi o primeiro
investigador a interpretar correctamente e a reconhecer a importância dos fósseise.
BERNARD DE PALISSY (1510-1589) e as suas observações sobre erosão e
sedimentação; “o vento a chuva e as vagas corroem os continentes tão depressa que,
em breve, não restaria mais terra, a menos que uma nova rocha venha tomar o lugar
das destruídas”. Foi acusado de herético.
Sir FRANCIS BACON (1620) e o livro “Novum Organum”, onde defende, após as
grandes viagens do séc. XVI e do levantamento das primeiras cartas, que a
semelhança entre as costas Ocidental de África e Oriental da América do Sul não podia
ser obra do acaso.
ROBERT HOOK e DESCARTES (séc. XVII); reforço da ideia da evolução
contínua da Terra. Hook imaginava que os fósseis de animais marinhos existentes
sobre os continentes podiam ter sido projectados acima do mar por “qualquer dilúvio,
inundação, tremor de terra ou por outro processo análogo. Descartes concluiu que a
criação da Terra tinha sido o fruto de uma evolução natural continua. Temendo ofender
a igreja escondeu as suas ideias.
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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NICOLAS STENO (séc. XVII) (dinamarquês, médico em Florença do GrãoDuque Fernando II) e as suas observações sobre as colinas da Toscania; admitia que
muitas das formações rochosas resultavam da deposição sucessiva de sedimentos. A
crosta terrestre devia, pois, conter informações sobre a cronologia dos acontecimentos
geológicos; um estudo atento da sobreposicão das camadas de rochas sedimentares
devia poder revelar essa cronologia (enunciou pela primeira vêz o princípio da
sobreposição). Steno e a origem dos Oceanos e Continentes. Em 1669 tentou conciliar
as sua ideias com os textos bíblicos e escreveu que as primeiras terras, que por
vontade do criador, tinham surgido dos oceanos estavam minadas por gigantescas
cavernas subterrâneas. Submergidas pelo dilúvio, estas terras ter-se-iam afundado nos
mares para dar lugar a novos continentes. Estes, teriam de novo sido minados por
novas cavernas que, desta vez, se teriam afundado apenas aqui e ali para criar os
oceanos actuais. Conciliar os resultados das suas observações com a Teologia não era
tarefa fácil. Alguns anos mais tarde, após a publicação dos seus trabalhos,
abandonoua Ciência e ingressou numa ordem religiosa, fazendo voto de pobreza com
tanto ardor que veio a falecer de inanição em 1686.
A cronologia bíblica de JAMES USSHER (séc.XVII), Arcebispo anglicano de
Armagh, Prior da Irlanda, membro do Conselho Privado de Inglaterra e Confidente do
Rei Carlos I. A Terra teria sido criada ao princípio da noite anterior ao Domingo 23 de
Outubro do ano 4004 AC. Na Quarta-Feira seguinte as águas juntaram-se e as terras
emergiram. O Homem, e as outras formas vivas, apareceram na Quinta-Feira. O
Dilúvio aconteceu 1665 anos mais tarde e Noé entrou na arca no Domingo, 7 de
Dezembro do ano 2349 AC e descido na Quarta-Feira, 6 de Maio do ano seguinte.
As teorias sobre a origem dos continentes e oceanos de THOMAS BURNET
(séc. XVII ) expandidas no livro “The Sacred Theory of the Earth” (1681), tentando
conciliar os textos bíblicos e as suas observações. Nos primeiros tempos uma camada
de terra uniformemente plana cobria uma camada de água. O calor do Sol teria aberto
na crosta terrestre profundas fendas através das quais teriam irrompido as águas
quando a cólera de Deus se abateu sobre a Terra. As terras afundaram-se em grandes
blocos de que alguns sobrenadaram para formarem montanhas e continentes,
enquanto outros caiam às profundidades para se tornarem no fundo dos Oceanos.
GEORGES LOUIS LECLERC (séc.XVIII), Conde de BUFON, defende que a
Terra, na origem, era uma massa aquecida ao rubro, arrancada do Sol, enquanto a Lua
havia sido subtraída da Terra. À medida que o planeta arrefecia os oceanos haviam
ocupado fissuras, deixando aparecer os continentes que haviam constituído o fundo
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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dos oceanos; assim explicava o aparecimento dos fósseis marinhos no interior dos
continentes.
JOHANN GOTTLOB LEHMAN (1756), Engº de minas, e a classificação das
rochas em:
• rochas primitivas, de origem química;
• rochas secundárias, fossilíferas e estratificadas;
• rochas aluviais, areias e cascalheiras.
GIOVANNI ARDUINO (séc.XVIII), Director Provincial de Minas, e a criação dos
termos:
• Primitivo,
• Secundário
• Terciário
para designar conjuntos de rochas em sucessão estratigráfica.
GEORG CHRISTIAN FÜCHSEL (séc.XVIII) e as designacões de:
• Formação
• Série.
Cada agrupamento era caracterizado pela litologia e conteúdo paleontológico, e
correspondia a um dado tempo geológico.
A teoria Neptunista de ABRAHAM-WERNER (fins séc.XVIII início séc.XIX); um
grande oceano, que em tempos havia coberto toda a Terra, ter-se-ia confinado aos
domínios actuais à medida que formava e precitava os materiais visíveis na crosta
terrestre.
Modificação do sistema de classificação de rochas de Lehman
distinguindo:
• serie primitiva
• serie de transição
JAMES HUTTON (fins do séc. XVIII- inÍcio do séc. XIX) e a teoria do plutonismo;
as rochas ígneas teriam resultado da consolidação de matérias fundidas e não de
precipitados marinhos. Os principios do uniformitarismo (“o presente é a chave do
passado”) e da sobreposição.
WILLIAM SMITH e a 1º elaboração de colunas estratigráficas, subdivididas em
unidades de rochas, individualizadas com base nas características litológicas e no
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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conteúdo paleontológico. O “Geological map of England and Wales, with part of
Scotland”.
O impulso científico de ALCIDE D’ORBIGNY, GEORGES CUVIER, ADOLF
BRONGNIART.
CHARLES LYELL, autor dos “Principles of Geology” (1833), e a sua escala
estratigráfica.
Percursores portugueses. Os oratorianos MANUEL ÁLVARES (séc. XVIII)
(“Historia da creaçaõ do Mundo conforme as ideas de Moizes e dos Filozofos”) e
TEODORO de ALMEIDA (“Recreasaõ Filozofica, ou Dialogo sobre Filozofia Natural
para instrusaõ de pessoas curiozas que naõ frequentaraõ as aulas”). O Padre Jesuíta
JOÃO LOUREIRO (1710-1791) e a primeira publicação de paleontologia em Portugal
(“Sobre uma espécie de petrificação animal”). ANDRADA e SILVA (1763-1838),
DANIEL SHARPE (1806-1856), D. VANDELLI (1735-1816), A. VANDELI (1784-1859),
ESCHWEGE (1777-1855).
CARLOS RIBEIRO (1813-1882) e NERY DELGADO (1835-1908); grande
incremento da Estratigrafia; primeiros estudos de índole litostratigráfica.
Os trabalhos de WENCESLAU de LIMA (1858-1919), BERKELEY COTTER
(1845-1919) e PAUL CHOFFAT (1878-1919).
As intervenções de O. HEER, P. de LORIOL, G. de SAPORTA, H.E. SAUVAGE,
G.F. DOLLFUS, F. KOBY e F. ROMAN. Os trabalhos de CARLOS FREIRE DE
ANDRADE (1859-1929) e de L. PEREIRA de SOUSA (1870-1931).
O renascimento dos anos 30 com J. CARRINGTON da COSTA (1891-1982). A
obra de CARLOS TEIXEIRA (1910-1982) e de G. ZBYSZEWSKI.
Geólogos portugueses contemporâneoe sua intervenção nos domínios da
Paleontologia e da Estratigrafia.
CLASSIFICAÇÃO ESTRATIGRÁFICA
Dualidade da classificação estratigráfica. Os “Sistemas de rochas” e os
intervalos de tempo nelas materializado; representam segmentos de tempo separados
por intervalos não registados.
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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• Unidades litológicas objectivas, possiveis de seguir e cartografar mediante
observações directas;
• Agrupamentos de estratos separados de acordo com a sua situação no tempo
geológico.
Necessidade de aumento de clareza na nomenclatura estratigráfica e o estudo
das várias propriedades das rochas; classificação múltipla, levando em conta as
diferentes características, propriedades ou atributos dos diferentes conjuntos de
rochas.
Valor relativo dos vários tipos de unidades usadas na classificação estratigráfica.
Algumas têm apenas valor local, outras regional e poucas significado global.
Critérios de classificação: litologia, mineralogia, composição química,
propriedades eléctricas, radiactividade, expressão morfológica, ciclos sedimentares,
descontinuidades importantes, conteúdo fossilífero, ambiente de deposição, tempo de
origem, etc.
Alguns autores, todavia, contestavam o conceito de classificações múltiplas
paralelas contrapondo que, os sistemas de classificação envolvendo a litologia ou o
conteúdo mineralógico, não podem ser postos em pé de igualdade com outros,
interessados no tempo e na génese. Para estes estratígrafos, os sistemas de
classificação baseados apenas em critérios de valor local ou regional devem ser
tratados como parastratigráficos e auxiliares da verdadeira Estratigrafia, entendida
como o estudo das relações de idade entre rochas, estabelecidas por correlação entre
andares e/ou zonas usando métodos paleontológicos.
Mas, quer se considerem igualmente importantes as diferentes classificações ou
se subordinem umas às outras na base de critérios significativos (extensão geográfica,
geocronologia), usando os outros sistemas de classificação apenas como auxiliares
para atingir o fim último da Estratigrafia — estabelecimento de escala geocronológica
universal para a evolução da crosta terrestre — o sistema múltiplo é, actualmente, uma
necessidade e imprescindível.
Principais tipos de unidades estratigráficas:
• unidades objectivas
- litostratigráficas (Grupo, Formação, Membro) — baseadas na litologia
- biostratigráficas (Biozonas) — baseadas no conteúdo fossilífero
- cronostratigráficas (Eonotema, Eratema, Sistema, Série, Andar) —
baseadas nas relações de idade (conjuntos de rochas formadas
durante dado intervalo de tempo);
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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• unidades abstractas, temporais
- geocronológicas (Eon, Era, Periodo, Época, Idade) — tempo
correspondente às unidades cronostratigráficas
- biocronológicas — tempo correspondente às unidades biostratigráficas.
Outras unidades estratigráficas:
- unidades litodémicas [Conjunto (“Suite”), Litodema, Zonas] — baseadas na
litologia e constituídas por corpos líticos que não respeitam o princípio
da sobreposição (rochas ígneas, metamórficas ou sedimentares muito
deformadas);
- unidades magnetostratigráficas — baseadas na polaridade magnética;
- unidades alostratigráficas — conjuntos líticos separados por
descontinuidades (sintemas, subdivisão em intertemas; sequências);
- unidades tectono-sedimentares — conjuntos líticos depositados com
controlo tectónico (episódios orogénicos, ciclos epirogénicos, variações
eustáticas do nível do mar);
- unidades pedostratigráficas — paleossolos;
- unidades baseadas nas propriedades eléctricas, sísmicas, minerais
pesados, etc. (Zonas).
Recordamos que a classificação estratigráfica se prende, prioritariamente, com a
sucessão de rochas terrestres; contudo, em muitos locais, o registo litológico está longe
de completo ou de contínuo. É, com frequência, interrompido por inúmeros diastemas,
descontinuidades, superfícies de erosão, que são, em si mesmos, parte integrante da
Estratigrafia; representam intervalos perdidos, não registados, da história da Terra. Na
maioria dos casos, estes intervalos têm valor local ou regional podendo ser
preenchidos por dados obtidos noutros locais. Representam, de qualquer modo,
fenómenos de não deposição, de erosão ou de acções tectónicas com as quais a
Estratigrafia se preocupa, e procura interpretar de modo a melhorar, a reconstituir a
história geológica de cada região, e em geral de toda aTerra.
A DIMENSÃO “TEMPO” EM GEOLOGIA
Um dos aspectos fundamentais da geologia é o de compreender os efeitos dos
processos físicos, químicos e biológicos e as suas interacções no momento actual e, a
partir daí, inferir o desenvolvimento histórico do planeta.
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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O estado actual da Terra é producto da sua evolução. Não se pode discutir, ou
mesmo pensar, nos processos históricos sem haver um padrão qualquer de tempo. No
caso da evolução da crosta devemos, pelo menos, ser capazes de ordenar os
acontecimentos que se deram no fluxo de tempo geológico em termos de antes,
depois, e contemporaneidade. Este tipo de ordenamento no tempo é útil por facilitar a
linguagem e permitir dar nomes a intervalos de tempo.
A duração dos fenómenos é, todavia, difícil de estabelecer. Pode ser entendida
como um lapso de tempo ou um intervalo temporal entre dois acontecimentos. A
duração de um fenómeno não pode ser avaliada se não se dispuser de um termo de
comparação entre dois ou mais acontecimentos que sirvam de padrão. A comparação
permite, assim, avaliar a duração do acontecimento. É muito díficil obter uma medida
desse tempo.
Relativamente à simultaneidade de acontecimentos, será possivel, em
Estratigrafia, avaliar se dois acontecimentos se deram ao mesmo tempo (sincronismo)?
Para fenómenos que se desenrolaram no mesmo local o problema é, em regra,
fácil de resolver; muitas vezes podemos avaliar, ou perceber, pequenas diferenças no
desenrolar dos acontecimentos. Quando se comparam acontecimentos que decorreram
em locais diferentes a resposta é bastante mais díficil. Limitamo-nos a tentar
estabelecer correlação entre os registos desses acontecimentos.
Ao tempo junta-se o espaço geográfico que, juntos, constituem um dos aspectos
fundamentais da Estratigrafia actual.
Percepção humana do tempo. Ritmos de vida (alternância do dia e da noite, das
estações do ano, colheitas de cereais, vida e morte).
Ordenamento dos acontecimentos no tempo (antes, depois, simultaneidade,
duração). O tempo geológico como sequência cronológica baseada na sobreposição de
estratos e sucessão de biota.
O tempo baseado nos ciclos naturais, rotação e translação da Terra, é mais
concreto do que a realidade. O tempo é imaterial. Não se vê, não se sente nem se
percebe por qualquer sentido ou por qualquer outra forma directa; não se pode separar
o tempo da sua passagem. Não se podem comparar intervalos de tempo. O tempo é
contínuo, corre, conforme o senso comum, mais depressa ou mais devagar de acordo
com o interesse e idade das pessoas. Do ponto de vista histórico não é possível
estabelecer o sincronismo de acontecimentos muito distantes. A idade da pedra, para
os arqueólogos, já terminou há alguns milhares de anos mas ainda existem culturas a
esse nível em vários pontos da Terra.
Na calibração do tempo é importante o estabelecimento da sucessão de
acontecimentos no tempo. É a base do conceito de evolução. Não se tiram os
acontecimentos individuais do seu significado histórico se eles começam e terminam
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Estratigrafia e Paleontologia
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em tempos diferentes em locais diversos enquanto a sua posição relativa no tempo for
comparável.
O conceito de tempo geológico começou como uma sequência cronológica
baseada na sobreposição de estratos e sucessão de biota, muito antes de termos
qualquer forma de calibrar o tempo representado por essas sequências.
Mas como medir o tempo? As medidas foram, em regra, feitas levando em conta
movimentos da Terra, Sol e Lua. Todavia, os dias do Devónico, eram, segundo se pode
demonstrar pelas leis da Física, substancialmente mais longos do que actualmente
enquanto a duração dos anos pouco terá mudado. Assim, o conceito de um fluxo
constante de tempo não é evidente bem como a forma de o medir. A velocidade da luz,
a oscilação de cristais e os periodos de vida média de elementos radiactivos são,
normalmente, tidos como constantes.
A escala de tempo atómico é uniforme e suficiente para separar fenómenos
ocorridos com intervalos de 10-6 segundo. Para alguns físicos o Universo pode ser
descrito usando diferentes escalas de tempo. Usando o conceito clássico de tempo
sideral, a origem do universo está num passado infinitamente distante, enquanto,
segundo o conceito relativista, envolvendo apenas a velocidade da luz, o universo teve
um ínicio. O tempo clássico está, assim, atrasado relativamente ao tempo atómico.
Uma Terra com 4,65x109 anos atómicos é, todavia, imensamente mais velha em anos
clássicos.
Medida do tempo; fenómenos naturais e o seu significado temporal aplicado à
Estratigrafia. Fenómenos contínuos irreversíveis; contínuos reversíveis ou repetitivos;
descontínuos repetitivos e instantâneos repetitivos.
Exemplos: possibilidade de utilização como indicadores temporais em
Estratigrafia. Problemática de aplicação aos tempos Pré-Fanerozóicos e Fanerozóicos.
Sistemas de rochas e Periodos de tempo correspondentes. A biostratigrafia
como elemento indispensável de aproximação aos Periodos e seu significado global.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ESTRATIGRAFIA
Princípio do uniformitarismo (actualismo)
O presente é a chave do passado.
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Estratigrafia e Paleontologia
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Problemática, dificuldades de aplicação numa Terra em evolução permanente:
mudanças na composição da atmosfera e da água dos oceanos; deriva continental e
expansão oceânica, variação na velocidade de rotação da Terra e suas implicações na
dinâmica da circulação atmosférica e nas zonas climáticas; variação do campo
magnético e intervenção de fenómenos cósmicos; evolução nas condições de vida de
alguns organismos.
Princípio da sobreposição
Em condições normais, toda a camada sobreposta a outra é mais moderna do que ela.
Principais excepções: terraços, filões camadas, depósitos enchendo cavidades
cársicas, deformações tectónicas.
Necessidade de recorrer a critérios de polaridade:
• organismos em posicão de vida
• marcas de raízes
• icnofósseis
• granotriagem
• figuras geopéticas
• figuras sedimentares
• análise microtectónica.
Princípio da continuidade lateral
Uma camada tem a mesma idade em todos os seus pontos, o que implica que
os limites inferior e superior de uma camada representam superfícies isócronas.
Importante por permitir correlacionar observações praticadas em locais
diferentes; completa o princípio da sobreposição na medida em que possibilita a
extensão lateral das observações na mesma bacia sedimentar. Dificuldades de
aplicação, sobretudo em regiões de climas húmidos ou muito urbanizadas. Válido à
escala local, às vezes regional.
Como reconhecer a mesma camada em diferentes locais? Muitas vezes foram
tomadas por sincrónicos estratos semelhantes do ponto de vista litológico mas, na
verdade, com idades diferentes. Caso clássico é o dos “Old Red Sandstones”
devónicos e dos “New Red Sandstones” Pérmicos. Houve convergência de condições
de formação com resultados sedimentológicos muito semelhantes. É, portanto
necessário recorrer a outros critérios .
Princípio da identidade paleontológica
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Estratigrafia e Paleontologia
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Os estratos com o mesmo conteúdo fossilífero são da mesma idade.
Os fósseis estratigráficos ou “bons fósseis” ou ‘’fósseis característicos”,
caracterizados por:
• rápida evolução,ou seja,curta longevidade;
• vasta repartição geográfica;
• ocorrência frequente;
• identificação simples.
Limitações e problemas inerentes à distribuição dos seres vivos. Factores
condicionantes: temperatura, profundidade, salinidade, correntes, tipos de fundo,
factores geográficos. Distribuições antiequatoriais (distribuição descontinua de
organismos marinhos próprios de águas frias de um e de outro lado da zona equatorial
por impossibilidade de atravessar águas quentes) e anfitropicais (distribuição
descontinua devido a causas paleogeográficas - "tubarão serra" presente apenas nos
extremos da antiga área de dispersão que abrangia toda a Mesogeia).
O uso de formas planctónicas (foraminíferos - esqueleto carbonatado, águas
quentes; radiolários - esqueleto silicioso, águas frias; dinoflagelados, nanoplancton) e
problemas da sua distribuição ligados com a temperatura da água e a estabilidade
química dos esqueletos.
O uso de organismos continentais (pequenos mamíferos) na datação de
unidades marinhas litorais; exemplos do Miocénico da região de Lisboa.
Províncias paleobiogeográficas: território vasto caracterizado por um conjunto
faunístico ou florístico. Reconstituições utilizando os esquemas da tectónica de placas.
Princípio da intersecção
Toda a unidade geológica que intersecta outra é-lhe posterior. Aplicação a
falhas, filões, superficies de erosão, batólitos ígneos.
Princípio da inclusão
Se um clasto de uma rocha A está incluído noutra rocha B então a rocha B é
mais moderna do que a A. Aplicação a conglomerados e brechas.
SEDIMENTAÇÃO E ESTRATIGRAFIA
O TEMPO E OS MECANISMOS DE SEDIMENTAÇÃO
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Lei de Walther (1894) ou da correlação de fácies: as fácies sobrepostas numa
série geológica existiam justapostas na paisagem no momento do seu depósito.
As fácies que ocorrem sobrepostas verticalmente em continuidade, também
existem lateralmente.
Representa uma relação entre evolução no tempo e variação no espaço. Implica
uma diversidade de fácies no espaço e uma permanência no tempo das condições de
sedimentação.
Consequências: a sobreposição dos meios de deposição resulta da sua
migração progressiva no decurso dos processos de transgressão e de regressão; as
linhas de “igual-fácies” ou de isofácies são oblíquas às linhas de tempo, a idade de
qualquer camada ou Formação muda de ponto para ponto.
Análise dos mecanismos de sedimentacão:
• acreção vertical - linhas de isofácies paralelas às linhas de tempo à escala
da sequência elementar;
• acreção lateral - linhas de tempo oblíquas às linhas de isofácies; à escala
da megassequência as linhas de tempo e as de isofácies são quase
paralelas;
• redistribuição subaquática - as linhas de isofácies são oblíquas às linhas de
tempo.
Marcadores temporais em sedimentologia:
• descontinuidades maiores
• pontos de inversão de bissequências
• transgressões eustáticas.
DESCONTINUIDADES SEDIMENTARES E TIPOS DE CONTACTOS ENTRE
UNIDADES LITOLÓGICAS
Mesmo quando uma sucessão litológica é homogénea, continua, quase nunca
representa uma acumulação ininterrupta de sedimentos. As descontinuidades são
quase sempre perceptíveis ainda que com valor muito diferente (ausência de depósito,
erosão, dissolução diagenética, etc.) e com materialização muito diferente (simples
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junta de estratificação, superfície de ravinamento, mudança litológica, discordância
angular, etc.).
Classificação das descontinuidades:
• Descontinuidades sedimentares
descontinuidades entre duas lâminas correspondentes a marés sucessivas.
Correspondem a um intervalo de tempo muito curto. A extensão é métrica a
decamétrica. Podem corresponder a simples ausência de deposição
(discontinuidade passiva) ou a destruição parcial ou total da lâmina anterior
(descontinuidade erosiva).
• Descontinuidades estratigráficas
Quando duas unidades são separadas por um intervalo de tempo
considerável diz-se que há descontinuidade estratigráfica (ausência de uma
biozona, p. ex.). Muitas vezes esta lacuna estende-se por dezenas de
quilómetros.
• Descontinuidades diastróficas
Quando à ausência de determinada unidade geológica se junta deformação
tectónica (discordância angular).
Manifestações das descontinuidades. Contacto entre unidades litológicas:
• estratigráfico normal
• concordante
Sempre que há continuidade entre unidades sucessivas.
• paraconformidade
Não há diferença de atitude entre unidades sobrepostas ainda que, às
vezes, faltem diversos conjuntos líticos; é comum faltarem depósitos
correspondentes a vários milhões de anos (ex: contacto entre o
Cretácico inferior e o Miocénico inferior na praia do Canavial, Lagos).
• intrusivo
Quando um corpo ígneo atravessa outros corpos líticos.
• discordante
• não conformidade ou discordância heterolítica
Contacto entre um conjunto sedimentar e um corpo ígneo ou conjunto
metamórfico mais antigo.
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• disconformidade
As camadas são paralelas de um e de outro lado da superfície mas
esta não é conforme com a estratificação
• discordância progressiva
Quando os diversos níveis vão fazendo ângulos progressivamente
diferentes com o substrato.
• discordância angular
As inclinações do conjunto inferior e superior são diferentes, fazendo
um ângulo entre si.
• mecânico
• falha
• deslizamento.
Relativamente à forma como os depósitos sedimentares se dispõem sobre o
substrato fala-se de:
• recobrimento transgressivo (“onlap”)
Quando as camadas sedimentares se estendem, progressivamente,
para o exterior da bacia, cada camada ultrapassando a precedente que
se vai biselando.
• recobrimento regressivo (“offlap”)
Quando as camadas sedimentares se vão retraindo, progressivamente,
afastando-se do bordo da bacia.
A duração correspondente à ausência de depósitos pode ter valores muito
diferentes:
• hiato
quando a duração é muito curta (às vezes é utilizado em sentido lato,
sempre que se detecta ausência de deposição).
• diastema
corresponde a uma interrupção curta, sem modificação nas condições
de sedimentação (coincide, aproximadamente com junta de
estratificação).
• Lacuna
quando a duração é apreciável e pode
biostratigraficamente (lacuna de uma biozona, p. ex.).
ser
avaliada
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FÁCIES
O termo fácies deriva do latim, facia ou facies, que significa aparência externa,
aspecto. Foi introduzido na Geologia por Nicholaus Steno em 1669, mas apenas em
1883, Amanz Gressly, lhe dá o uso estratigráfico actual.
O Código Estratigráfico Internacional define Fácies como o aspecto, a natureza
ou a manifestação de carácter, normalmente reflectindo condições de génese, de
camadas de rochas ou de constituintes específicos de camadas de rochas,
independentemente do tempo de origem. O conceito tem sido bastante alargado:
litofácies, biofácies, fácies mineralógica, fácies marinha, fácies vulcânica, fácies
boreais, etc. Outras especialidades, para além da Estratigrafia, têm usado o termo:
fácies metamórfica, fácies ígnea; fácies tectónica.
Em Estratigrafia s.s. o termo tem sido usado com os seguintes significados:
aparência de um corpo rochoso; composição ou natureza actual de um corpo rochoso;
o corpo lítico em si mesmo, identificado pelo seu aspecto ou composição; o ambiente
em que corpo lítico se formou.
Em regra o termo fácies é usado para caracterizar as rochas de um dado
ambiente. Assim, um terreno metamórfico com numerosos tipos líticos pode ser
cartografado como uma só fácies metamórfica se admitirmos que todas as rochas se
formaram nas mesmas condições de pressão e temperatura. Do mesmo modo, as
fácies sedimentares podem agrupar diferentes litologias partindo do princípio que os
diferentes tipos litológicos representam vários sub-ambientes de um ambiente
sedimentar que pode ser bem caracterizado (p. ex. fácies lagunar). Segundo Weller
(1960) fácies pode ser aceite como referindo-se a rochas ou a sedimentos, aos seus
aspectos, composição ou ambientes de génese.
Elementos característicos das rochas envolvidos no conceito de fácies:
• litológicos: petrografia, estrutura (figuras sedimentares), composição química
• paleontológicos: fósseis indicadores de ambientes ou “fósseis de fácies”, fósseis
com significado cronológico ou “fósseis estratigráficos ou, ainda, “bons
fósseis”.
Litofácies e biofácies.
Classificação das fácies segundo Weller (1960)
Fácies litológicas (hierarquia)
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Litótopo — a unidade de hierarquia mais baixa; é uma área caracterizada por
um ambiente de deposição uniforme. É um conceito bidimensional, falta-lhe a
dimensão vertical.
As rochas formadas na área de um litótopo constituem um litostroma. Um
litostroma é o registo de um litótopo e constitui uma camada ou camadas com
características uniformes
Litosomas — corpos líticos caracterizados por atributos litológicos específicos,
representando as rochas formadas em determinado ambiente sedimentar em
determinada região e em dado intervalo de tempo. O limite lateral, normalmente,
interdigita-se com fácies vizinhas. Normalmente designa-se por litosoma qualquer
corpo tridimensional de rochas com litologia uniforme.
Classificação dos litosomas segundo Krynine:
• manto (“blanket”) relação largura/espessura maior que 1000 para 1;
• litosoma tabular (“tabular”) relação entre 50 para 1 e 1000 para 1;
• prisma (“prism”) entre 5 para 1 e 50 para 1;
• “shoestring” menos de 5 para 1.
Podem, igualmente, considerar-se biosomas e biostromas para corpos litícos
tridimensionais caracterizados por terem conteúdo biológico uniforme.
Fácies 2 — grupo de litosomas adjacentes ou contíguos (vertical e/ou
lateralmente) que, no todo, constituam um corpo lítico único
Fácies 1 — todas as rochas de determinado tipo, independentemente da sua
forma, idade ou ocorrência geográfica (p. ex. todas as camadas vermelhas constituem
uma fácies de tipo 1).
Classificação geral (Weller, 1960):
Tipo I (fácies petrográficas) — fácies definidas com base no aspecto ou
composição petrográfica.
• Classe 1 — fácies generalizadas constituídas por todas as rochas de
determinado tipo.
• Classe 2 — fácies constituídas por corpos de rochas com forma, extensão
e relações mútuas indefinidas.
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Tipo II (fácies estratigráficas) — corpos líticos, com forma variada, com
composição característica e separados de outros pelas suas relações tri-dimensionais
(limites e relações estratigráficas).
• Classe 1 — corresponde às unidades litostratigráficas convencionais
(Formação, etc.), distintas verticalmente; os limites entre fácies
adjacentes são planos horizontais e as relações laterais são
indefinidads.
• Classe 2 — correspondem a partes de uma unidade estratigráfica, variam
lateralmente de modo gradual, os limites verticais são planos bem
definidos.
• Classe 3 — correspondem a partes de uma unidade estratigráfica com
limites laterais irregulares, interdigitando-se com fácies vizinhas
(litosomas).
Frequentemente, estas três classes de fácies estratigráficas passam,
gradualmente, de umas às outras.
Tipo III (fácies ambientais) — fácies definidas com base no ambiente de génese
dos corpos líticos. O ambiente é tomado em sentido amplo: litológico (nomeadamente
sedimentológico) biológico, tectónico, etc. Este tipo de fácies é o que mais se aproxima
da definição clássica baseada no aspecto, ou características de uma dada rocha.
Classificação descritiva das litofácies segundo Miall (1978) e
Fritz & Harrison (1985)
Estruturas
sedimentares
Código
Litofácies
Gms
Conglomerado suportado pela
matriz ("matrix supported")
Gmu
Conglomerado suportado pelos
clastos ("clast supported")
Gm
Gt
Gp
St
Sp
Conglomerados maciços
Conglomerados estratificados
Conglomerados estratificados
Arenitos médios
grosseiros
às
cascalhentos
Arenitos médios
grosseiros
às
cascalhentos
a
a
gradação ou maciço
estratificação horizontal com ou
sem imbricação
estratificação
horizontal
e
imbricação
est. cuzada em ventre
est. cuzada planar
muito
vezes
est. cruzada em ventre
muito
vezes
est. cruzada planar
Sr
Arenitos finos
''ripples''
Sh
Arenitos muito finos a médios
laminação plana
Interpretação
depósitos
de
barras
longitudinais
embrionárias,
dep. de "debris flow"
depósitos de "debris flow"
depósitos de "lag", ou de
barras longitudinais
enchimento
de pequenos
canais
dep. de acreção frontal ou
lateral em barras
dunas de areia de baixo
regime de fluxo
barras
transversais
ou
linguoides, dunas de areia de
baixo regime de fluxo
"ripples" de baixo regime de
fluxo
fluxo planar de baixo e/ou alto
regime
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Estratigrafia e Paleontologia
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Sl
Arenitos finos
est. cruzada de baixo ângulo
(menos de 10°)
maciço
Sm
Arenitos médios a finos às
vezes bioturbados
Fh
Pelitos,Siltitos, lodos
Siltitos - arenitos às vezes
bioturbados
estratificação horizontal
laminação fina, "ripples muito
pequenas"
Lodos, Siltitos
bioturbados
Siltito
argiloso
bioturbado
maciço,
com
fendas
dessecacão
laminado a maciço
Fl
Fm
Fsc
às
vezes
às
vezes
de
antidunas,
canais
de
inundação ("crevasse splays")
dep. de inundação ou de
alagamento
fluxo planar, tapetes tractivos
dep. de inundação ou de
alagamento
dep. de inundação em rápido
decréscimo energético
depósitos de alagamento
lodos
maciço com moluscos de água
doce
dep. de pantanos
C
Carvão, argilas carbonosas
paleossolos, restos de
plantas
dep. de pantanos ou lacustres
La
argilo-siltito
P
Carbonatos
Superfície erosiva de 3a ordem
com depósito, às vezes
ferruginosa, manganesífera ou
com intraclastos
Fcf
R
laminação com "ripples"
fortemente biotllrhada
características de solos
forma côncava, irregular
ou
dep.
de
(lacustres)
solo
base de uma
básica aluvial
decantação
sequência
EVOLUÇÃO DAS FÁCIES NO TEMPO — ANÁLISE SEQUÊNCIAL
Organização vertical das fácies.
Noção de sequência: conjunto de termos litológicos articulados verticalmente e
que se sobrepõem sem interrupção (em continuidade) sedimentar maior.
Tipos de sequências e escala de análise.
A classificação de J. REY:
• sequências unidade ou de 1ª ordem — à escala do folheto ou do banco
• sequências elementares ou de 2ª ordem — à escala do conjunto de bancos
• mesosequências ou de 3ª ordem — à escala da Formação
• megasequências ou de 4ª ordem — à escala do Grupo;
e de J. DELFAUD:
• sequências unidade — à escala do folheto; 0,1-0,5cm de espessura
• sequências elementares — à escala do banco; 20cm a 1m de espessura
• ritmo — à escala do Membro de uma Formação; 2-20m de espessura
• ritmo de 2a ordem — à escala da Formação; 30-150m de espessura
• grande ritmo — à escala do Grupo; 200 - 600m de espessura
• ritmo maior — à escala do ciclo sedimentar; 1 000-2 000m de espessura
• megaritmo — à escala do ciclo tectónico; 2 000-10 000m de espessura.
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• Sequências positivas: com evolução dos depósitos desde os detríticos grosseiros
(resistatos) aos precipitados químicos (precipitatos e/ou evaporatos).
• Sequências negativas: evolução em sentido inverso.
• Sequências de processo químico.
• Sequências de processo granulométrico.
• Ritmos (A-B-C-D); estado final e o mais afastado do estado inicial.
• Ciclos (A-B-C-B-A); estado final igual ao estado inicial.
Séries virtuais locais e construção da curva litológica. Exemplos a partir de
casos portugueses.
Sucessões
• autocíclicas: controladas por processos que têm lugar na própria bacia sedimentar e
em que as camadas estão em continuidade;
• alocíclicas: provocados por variações externas à bacia sedimentar, por exemplo,
mudanças climáticas, movimentos tectónicos, variações eustáticas do nível do
mar. As variações alocíclicas podem estender-se por longas distâncias e mesmo
afectar diferentes bacias sedimentares. Algumas das variaões alocíclicas
parecem estar relacionadas com variações na órbita terrestre [precessão
-
mudanças na posição dos polos terrestres com periodos de 19 000 e 23 000
anos; obliquidade (inclinação) do eixo, com periodos de 41 000 anos; mudanças
na configuração do trajecto de translação (de quase circular a elíptico) excentricidade, com dois ciclos: um variando entre 95 000 a 136 000 anos e outro
com cerca de 413 000 anos. Estas variações no comportamento da órbita
terrestre
(ciclos
de
Milankovich)
induzem
mudanças
cimáticas
(com
periodicidades que vão de cerca de 20 000 anos a mais de 400 000 anos) que
inluenciam as condições de sedimentação.
EVOLUÇÃO DAS FÁCIES NO ESPAÇO — PALEOGEOGRAFIA
Variações laterais de fácies.
• Zonas isópicas: regiões de uma dada bacia sedimentar com igual fácies em dado
momento.
• Zonas heterópicas: o inverso de zonas isópicas.
Cartas de fácies por definição das zonas isópicas; interpretação à luz do
principio do uniformitarismo. Cartas de isopacas e de isobatas; interpretação em termos
de reconstituições paleogeográficas.
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Influência de fenómenos tectónicos.
sedimentação. Exemplos portugueses.
Cartas palinspásticas.
Condicionamento
estrutural
da
Análise sumária dos métodos da paleogeografia:
• paleotemperaturas - composição isotópica do oxigénio
• composição isotópica dos carbonatos
• elementos em traço nos carbonatos
• composição mineralógica das argilas
• distribuição dos minerais pesados, incluindo a tipologia das populações de
zircão
• exoscopia dos grãos de quartzo
• paleoecologia
• paleobiogeografia
Sínteses paleogeográficas; exemplos.
ESTRATIGRAFIA DE ACONTECIMENTOS
O estratigrafo procura encontrar marcas de acontecimentos particulares na
história da Terra. Se eles forem globais podem, eventualmente, servir para traçar um
limite (p. ex. passagem da atmosfera redutora a oxigenada por volta de 2 000 Ma).
A análise sedimentológica, geoquímica e geofísica dos depósitos sedimentares
permite verificar a existência de modificações que, em regra, podem ser atribuídas a
acontecimentos. Distinguem-se:
• Acontecimentos biológicos — relacionados com a evolução. Aparição e
desaparecimento de seres vivos.
• Acontecimentos magnéticos — inversões de polaridade magnética.
• Acontecimentos químicos — modificações nas relações isotópicas (18O/16O e
13C/14C) e variação nos teores de elementos vestigiais (Sr, B e Mn). medidas
nas conchas de organismos; parecem ter valor global em ambientes
oceânicos.
• Acontecimentos sedimentológicos — sedimentação lenta ou muito rápida. A
sedimentação lenta pode afectar áreas vastas durante muito tempo. Os
acontecimentos ficam registados sob a forma de sequências ou de ciclos
dependentes de factores climáticos e de variações eustáticas bem como da
productividade das águas de superfície, elementos que controlam a taxa de
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•
•
•
•
•
sedimentação e a profundidade da zona de compensação dos carbonatos
(CCD).
A sedimentação muito rápida é composta, normalmente, por unidades
detríticas resultantes de processos gravíticos, como, p. ex., os turbiditos.
Acontecimentos climáticos — devidos a variações de temperatura,
nebulosidade, agitação e que se refletem na geoquímica (variações nas
relações isotópicas do oxigénio), inundações, tempestades e furacões.
Exceptuando as acções climáticas brutais, as variações de temperatura à
escala do globo são progressivas e diacrónicas o que limita o seu interesse
como factor de correlação.
O registo das inundações tende a ser apagado por erosão continental.
O efeito das tempestades pode ficar registado nos sedimentos como nos
chamados tempestitos com estratificação entrecruzada e mamelonada, ou
produzir erosão brutal nas praias.
Acontecimentos vulcânicos — muito importantes como fenómenos
instantâneos e com registo a larga distância (tefrostratigrafia). São
assinalados por piroclastitos, depósitos de cinzas que se podem alterar em
caulinites ou em bentonites potássicas e por minerais como a augite acicular
e zircões vulcânicos.
Acontecimentos sísmicos — "tsunamis" que podem também ser provocados
por erupções vulcânicas violentas, e movimentação nos sedimentos às
vezes de difícil compreensão.
Acontecimentos tectónicos — condicionados por variações na taxa de
expansão oceânica e que condicionam as variações do nível do mar
(transgressões e regressões). São lentos, diacrónicos, e actuam durante
muito tempo.
Acontecimentos cósmicos — utilizados para explicar grandes perturbações no
registo estratigráfico (limite Cretácico-Terciário). Também as perturbações
do movimento da Terra no sistema solar. Ciclos de Milankovitch e de Berger
devidos à excentricidade da órbita terrestre com periodicidades 100 000
anos, 400 000 anos e 2 Ma, às variações da obliquidade do eixo de rotação
(41 000 anos) e à precessão dos equinócios (23 000 e 19 000 anos).
Quando estes factores convergem provocam o arrefecimento da Terra
(glaciações); próxima convergência dentro de 7 000 anos.
A duração dos acontecimentos estratigráficos pode variar desde o segundo ao
milhão de anos:
• segundos - laminito, impacto de um meteorito;
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• minutos - leito mamelonado de tempestito;
• horas - tempestito, turbidito, tsunamito;
• dias - piroclastito;
• semanas - inundito;
• 1 ano - varva;
• 102 a 103 anos - 1 cm de depósito pelágico (periodito);
• 103 a 105 anos inversões magnéticas, teor em iridio, regressões e
transgressões;
• 105 a 106 anos mudanças climáticas, modificações das relações isotópicas
de oxigénio e de carbono, extinções e aparições biológicas, equilíbrios
intermitentes.
A frequência é, igualmente, muito variável:
• 1 ano - varvas, furacões;
• 10 a 100 anos - grandes tempestades, turbiditos e inundações, erupções
paroxismais;
• 102 a 104 anos - variações climáticas no Quaternário, correntes de turbidez e
inundações excepcionais;
• 103 a 105 anos - correntes detríticas profundas, perioditos;
• 105 a 107 anos - inversões magnéticas;
• 106 a 108 anos queda de meteoritos gigantes (100m a 10Km de diâmetro).
UNIDADES ESTRATIGRÁFICAS
UNIDADES LITOSTRATIGRÁFICAS
Unidades litostratigráficas formais (designação em maiúscula):
• Grupo
• Formação
• Membro
• Camada.
Unidades litostratigráficas não formais:
• unidades de uso industrial
• lingua, lentilha ou lentícula
• recife
• outras.
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Estratigrafia e Paleontologia
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UNIDADES LITOSTRATIGRÁFICAS FORMAIS
As de que foi publicada definição contendo: nome; localização; descrição e
características do cortes tipo; resenha histórica de estudos anteriores com verificação
de eventual sinonímia, prioridades e duplicações; inserção na geologia regional, com
indicação da extensão geográfica, variações laterais de espessura, conteúdo
fossilífero; limites; sempre que possivel condições de génese das rochas da unidade, e
seu significado paleogeográfico; correlações com outras unidades; idade sempre que
possivel; bibliografia.
Grupo
Conjunto de duas ou mais Formações contíguas e relacionadas pelos caracteres
litológicos.
Condições para o estabelecimento de um Grupo. Designação dos Grupos.
Formação
Unidade litostratigráfica formal básica; porção significativa da sucessão
estratigráfica de dada região caracterizada ou distinta por:
• composição ou sucessão litológica própria;
• separação litológica observável relativamente a outras unidades
adjacentes;
• possibilidade de ser identificada e seguida tanto à superfície como no
subsolo;
• ser cartografável.
Designação. Exemplos.
Membros
Conjuntos menores de estratos pertencentes a dada Formação. Exemplos.
Camada
Bancada, especialmente designada, de um cojunto estratificado de rochas
litológicamente separável de outras contíguas. “Marker bed”. Exemplos.
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Estratigrafia e Paleontologia
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UNIDADES LITODÉMICAS
Corpos de rochas, em regra intrusivas, muito deformadas e/ou metamórficas
com características próprias. Normalmente não respeitam o princípio da sobreposição.
Constituem as unidades no campo em regiões onde as rochas não apresentam planos
de estratificação.
A sua definição deve basear-se no conhecimento das suas variações verticais e
laterais.
Informalmente, são designadas por zonas (zona de contacto; zona pegmatítica,
zona mineralizada).
Os limites situam-se em zonas de mudança litológica (brusca ou gradual).
• Litodema - unidade básica; é definido como um corpo de rochas intrusivas,
altamente deformadas e/ou metamórficas em regra não tabulares, com
litologia homogénea. É cartografável tanto à superfície como no sub-solo (do
ponto de vista hierárquico e cartográfico é equivalente à Formação).
Os litodemas são divididos ou agrupados informalmente em:
— Conjunto (“Suite”) - é constituído por dois ou mais litodemas do mesmo tipo
(rochas plutónicas, metamórficas) (à semelhança do Grupo).
— Super-conjunto (“Super suite”) - tem hierarquia superior ao conjunto;
compreende dois ou mais conjuntos ou complexos com relações mútuas
(equivalente ao Super Grupo).
— Complexo - agrupamento ou mistura de rochas de dois ou mais tipos
diferentes (igneas, metamórficas, ...) com estrutura complicada.
Os nomes das unidades litodémicas são compostos por um termo de
designação geográfica e outro de litologia
UNIDADES PEDOSTRATIGRÁFICAS
Corpos de rochas constituídos por um ou mais horizontes pedológicos e que
ocorrem numa ou mais unidades litostratigráficas, alostratigráfica ou litodémica e que
são sobrepostos por uma ou mais unidades litostratigráficas ou alostratigráficas
definidas formalmente. Representam corpos tridimensionais de rochas constituíndo um
ou mais horizontes pedológicos diferenciados.
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Estratigrafia e Paleontologia
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Difere de outras unidades estratigráficas por constituír o producto de alteração
superficial de unidades mais antigas através de processos pedológico.
A unidade fundamental é o geossolo. A designação é composta por um termo
geográfico combinado com a designação de geossolo.
UNIDADES ALOSTRATIGRÁFICAS
São constituídas por corpos estratiformes, cartografáveis, de rochas
sedimentares definidos e identificáveis com base nos limites feitos através de
superfícies de descontinuidade.
Podem definir-se em conjuntos litológicamente homogéneos mas com
superfícies internas de descontinuidades. As características internas (litologia,
paleontologia) podem variar vertical e/ou lateralmente. Os limites devem ser
cartografáveis. Devem ser definidas uma região e um corte tipo.
Em certas situações podem ser confundidas e/ou designadas como unidades
tectono-sedimentares (UTS).
As unidades alostratigráficas estão organizadas hierarquicamente:
• Alogrupo
• Aloformação
• Alomembro.
A Aloformação é a unidade fundamental. Pode ser total ou parcialmente
subdividida em Alomembros ou podem ser associadas em Alogrupos.
As unidades alostratigráficas são designadas do mesmo modo que as unidades
listostratigráficas.
OUTRAS UNIDADES DE TIPO LITOLÓGICO
Unidades não formais
Unidades líticas que pelas características não podem ser definidas como
unidades formais. Exemplos.
• depósitos de vertente
• olistostromas
• olistólitos
• diapiros
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Estratigrafia e Paleontologia
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• sequências litostratigráficas
• zonas de:
- minerais pesados
- residuos insolúveis
- registo eléctrico
- radioactividade
- velocidade do som.
Unidades de uso industrial
corpos líticos reconhecidos para fins industriais; aquíferos, areias petrolíferas,
pedras ornamentais, depósitos minerais.
Linguas, lentilhas ou lentículas
Em regra, apenas designam formas geométricas especiais de Membros ou de
Formações. Corpos rochosos em forma de lente biconvexa ou plano-convexa com
litologia diferente das rochas encaixantes.
Recife
Massas de carbonatos bioconstruídos por coraliários, algas e/ou outros
organismos sedentários. Pode equivaler a uma Formação ou estender-se a duas ou
mais.
UNIDADES MAGNETOSTRATIGRÁFICAS
Corpo de rochas com as mesmas propriedades de magnetismo remanescente e
distintas das dos corpos vizinhos.
O prefixo magneto é usado com um termo apropriado para designar o tipo de
magnetismo remanescente utilizado para definir a unidade (magneto-intensidade;
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Estratigrafia e Paleontologia
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magneto-variação-secular).
— Unidades de polaridade magnética - conjuntos de rochas unificados por terem
a mesma polaridade magnética e diferente da das rochas adjacentes.
Deve designar-se um estratotipo e os seus limites devem ser definidos utilizando
unidades litostratigráficas e/ou biostratigráficas conhecidas.
As unidades de polaridade magnética assemelham-se às litostratigráficas e
biostratigráficas por serem definidas com base em determinada propriedade mas
diferem pelos seus limites serem sincrónicos.
A unidade básica é a zona que pode ser definida como o conjunto de rochas
com a mesma polaridade magnética. O nome da zona de polaridade magnética resulta
da junção de um nome geográfico a zona de polaridade magnética; pode juntar-se os
termos “normal”, “inversa” ou “mista”.
UNIDADES BIOSTRATIGRÁFICAS
Resultam da organização dos corpos líticos, em unidades, especialmente
designadas, baseadas no conteúdo e distribuição dos fósseis.
Diferenças relativamente a outras unidades: basearem-se na distribuição muito
irregular dos fósseis nos sedimentos, e revelarem mudanças evolutivas significativas
ao longo do tempo geológico.
Problemática da distribuição e ocorrência de associações de fósseis.
Relações entre comunidades vivas e associações mortas. Remeximentos e
introdução de fósseis em unidades líticas mais antigas.
Séries condensadas e as misturas ou associações de fósseis de idade e/ou
ambientes diferentes no mesmo nível.
Biozonas,
intrazonas
e
interzonas
estéreis.
Significado
das
biozonas.
Bio-horizontes; significado temporal.
Tipos de biozonas:
• Zonas de conjunto ou cenozonas
• Zonas de extensão vertical
- Zona de extensão vertical simples
- Zona de extensão vertical composta ou concomitante
- Zona de Oppel
- Filozona
• Zona de acme ou de apogeu
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Estratigrafia e Paleontologia
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• Zona de intervalo.
Zonas de conjunto ou cenozonas
Conjunto de camadas em que o conteúdo de fósseis, tomados na globalidade,
constituem um conjunto natural que o distingue do de camadas adjacentes. Podem
fundamentar-se em qualquer tipo de fósseis que supostamente viveram, morreram ou
se acumularam em conjunto. Dificuldades de interpretação derivadas dos fenómenos
de tafonomia, de remeximentos, de transporte, da destruição diagenética dos fósseis e
outras. Significado ambiental das associações e recorrência no tempo. O uso de
formas planctónicas. As cenozonas essencialmente úteis como indicadoras de
ambientes e no estabelecimento de correlações; pouco significado temporal. Limites,
marcados nos extremos de ocorrência do conjunto característico. Designação a partir
de dois ou mais dos fósseis significativos constituintes.
Zonas de extensão vertical ou acrozonas
Conjunto de estratos representativo da distribuição, espacial e temporal, total de
ocorrência de qualquer unidade taxonómica seleccionada do conjunto de formas de
uma sequência estratigráfica.
Zonas de extensão vertical simples
Conjunto de estratos representativos da totalidade de ocorrência, vertical e
horizontal, dos fósseis de dado taxon. Bom significado temporal e, eventualmente,
paleoecológico. Limites, marcados pelos biohorizontes (sensu HEDBERG, 1979)
extremos de ocorrência do taxon definidor.
Topozonas ou zonas de extensão vertical local.
Exemplos .
Zona de Oppel
Conjuntos de estratos caracterizados por conterem uma associação, ou um
conjunto de taxones seleccionados, com distribuição vertical e horizontal restricta e
com sobreposição elevada escolhidos como indicadores de contemporaneidade
aproximada.
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Estratigrafia e Paleontologia
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Nem todos os táxones considerados na definição precisam estar presentes para
que a zona seja definida. Limites, são os de ocorrência do conjunto taxonómico
característico da zona. Designação, a partir do nome de um taxon definidor importante.
Aplicação restricta a uma província paleogeográfica.
Filozonas ou zonas filéticas
Conjuntos de estratos que contêm espécimes representativos de um segmento
de uma linha evolutiva marcada acima e abaixo por mudanças nas suas
características. Excelente significado temporal. Fiabilidade no estabelecimento de
correlações, sobretudo quando usados conjuntos de zonas em sobreposição baseadas
em várias linhagens. Limites, são os de aparecimento e extinção ou transição da forma
usada na definição. Designação, a partir do taxon índice ou deste juntamente com o de
uma forma intermédia ou com a última da linhagem.
Zonas de apogeu ou de acme
Conjunto de estratos representativos do máximo desenvolvimento, ou acme
(abundância, frequência), de um taxon. Dificuldade de caracterização. Significado
temporal. Designação, a partir do taxon definidor. Exemplos.
Zonas de intervalo
Conjunto de estratos situados no intervalo entre dois horizontes (sensu
HEDBERG, 1979). Limites, são os das primeiras e/ou últimas ocorrências de táxones
diversos ou os limites de biozonas sucessivas. Designação, a partir dos nomes dos
horizontes delimitadores ou do de um fóssil que ocorra na zona, embora não confinado
a ela, ou ainda um simbolo numérico ou alfabético.
Outros tipos de biozonas
Baseadas na extensão de icnitos na transformação de comunidades, em
mudanças morfológicas de organismos, etc.
Biohorizontes
0s horizontes sensu autores anglo-saxões: superfície de separação de biozonas,
(nível de aparição ou de extinção de um taxon). Os horizontes como subdivisões das
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Estratigrafia e Paleontologia
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biozonas (sensu autores franceses): unidade biostratigráfica elementar; conjunto de
sedimentos contendo uma fauna homogénea e impossivel de maior subdivisão.
Horizontes autocronológicos, baseados nos estados evolutivos sucessivos de uma
mesma linha e em que as espécies se sucedem em continuidade perfeita. Significado
temporal elevado. Horizontes alocronológicos, definidos pelo aparecimento brusco de
taxones, por modificações ecológicas (limites heterócronos de região para região) ou
pela chegada de imigrantes (limites isócronos à escala regional às vezes do
continente). Exemplos.
Escalas biostratigráficas
Principais organismos utilizados em biostratigrafia nos ambientes marinhos e
nos continentais. Exemplos.
Elaboração de escalas estratigráficas regionais e globais.
UNIDADES CRONOSTRATIGRÁFICAS
Finalidades e objectivos da cronostratigrafia (classificação sistemática dos
estratos em unidades correspondentes a intervalos temporais) determinação das
relações temporais locais. estabelecimento de escala cronostratigráfica geral.
Definição de unidade cronostratigráfica: conjunto de estratos representativo das
rochas formadas durante determinado intervalo de tempo.
Tipos de unidades cronostratigráficas e equivalentes geocronológicos por ordem
(hierárquica decrescente):
Eonotema
Eon
Eratema
Era
Sistema
Periodo
Série
Época
Andar
Idade
Cronozona
Crono.
Cronozonas
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Estratigrafia e Paleontologia
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Unidades constituídas por todas as rochas formadas durante o intervalo de
tempo de ocorrência de dado fenómeno geológico, ou de formação de dado conjunto
de estratos de rochas. Em regra correspodem à duração de uma biozona.
Forma de caracterização das cronozonas: extensão temporal de uma unidade
biostratigráfica ou litostratigráfica ou de qualquer outra propriedade dos estratos com
significado temporal. Relações entre Biozona e Cronozona. Cronozona e Crono.
Designação, a partir da unidade estratigráfica em que se baseiam.
Andar e Idade
O Andar como unidade base da cronostratigrafia pela sua amplitude e extensão
geográfica global.
Definicão de Andar como um conjunto de estratos contendo fósseis de
organismos marinhos ou terrestres que representem um intervalo de tempo, à
semelhança daquilo que hoje observamos à superfície da Terra. Corresponde a um
estado da natureza no passado.
Devem ser definidos num único corte com exposiçaõ total em continuidade,
escolhido de preferência em unidades marinhas, mais favoráveis para o
estabelecimento de correlações. Limites definidos dentro de sequências de
sedimentação continua, preferentemente marinhas, e estabelecidos em horizontes de
referência (limites de biozonas) isócronos. Em certas situações podem ser definidos
através do estabelecimento de estratótipos de limites. A espessura pode variar de
alguns metros a vários milhares e a duração pode ir de 2 a 10 Ma para os Andares
clássicos.
As Idades como intervalos de tempo correspondentes à deposição de um Andar.
Designações devem ser baseadas em nomes geográficos (localidade tipo ou
região tipo) acrescidos do sufixo “iano”.
Exemplos.
Série e Época
As Séries como subdivisões dos Sistemas e agrupamentos de Andares.
As Épocas como intervalos temporais de deposição das Séries.
Limites coincidentes com os dos Andares extremos componentes. Duração
média 15 Ma à excepção do Quaternário (2Ma para o Plistocénico e 0,01Ma para o
Holocénico).
Designação de Séries e Épocas a partir de um termo geográfico da região de
definição.
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Estratigrafia e Paleontologia
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Exemplos.
Sistema e Período
Unidades cronostratigráficas de referência, à escala global, de largo uso e fácil
reconhecimento. Duração entre 25 e 70 Ma (média 50 Ma) para o Fanerozóico
(excepto para o Quaternário, ±2Ma).
Limites coincidentes com os mais exteriores das Séries-Épocas constituintes.
Designações baseadas na posição no “calendário” da História da Terra
(Terciário, Quaternário) ou na litologia dominante na região tipo (Carbónico, Cretácico)
ou, ainda, em termos geográficos (Pérmico, Devónico).
Eratema e Era
Categorias mais elevadas de unidades cronostratigráficas e geocronológicas,
constituídas,
respectivamente,
por
vários
Sistemas
e
Períodos
adjacentes;
correspondem a mudanças maiores no desenvolvimento da vida na Terra.
Exemplos: Paleozóico = vida antiga; Mesozóico = vida intermédia; Cenozóico =
vida recente.
Eonotema e Eon
Divisões maiores da História da Terra constituídas por, respectivamente, vários
Eratemas e Eras. Exemplos: Fanerozóico = vida evidente; Criptozóico= vida escondida;
Arqueozóico = vida mais antiga.
Subdivisão actual da história da Terra em:
• Fanerozóico = vida evidente
• Proterozóico = vida primitiva
• Arcaico = tempos antigos
• Hadaico = tempos mais antigos
ESCALA CRONOSTRATIGRÁFICA E GEOCRONOLÓGICA
Apresentação e discussão do valor e significado das várias divisões.
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Estratigrafia e Paleontologia
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ESTRATÓTIPOS
A definição das unidades estratigráficas e a necessidade da existência de
modelos padronizados que sirvam de referência. Definição em lugar geográfico
particular. Caracterização de unidades estratigráficas padronizáveis: litostratigráficas,
Andares, limites estratigráficos e outras.
Estratótipos simples e compostos.
Características de um estratótipo
Representação adequada da unidade que representa, sem hiatos ou
descontinuidades; boa exposição desde a base até o topo; deve mostrar variações
laterais de fácies.
Descrição geológica e geográfica incluindo:
• localização geográfica
• meios de acesso
• espessura
• litologia
• paleontologia
• mineralogia
• estrutura
• expressão morfológica.
Limites. Localidades tipo e áreas tipo.
Tipos de estratótipos:
• Holostratótipo: estratótipo original definido pelo autor quando do
estabelecimento de uma unidade ou de um limite;
• Parastratótipo: estratótipo suplementar utilizado pelo autor original para
completar a definição original de um Holostratótipo;
• Lectostratótipo: estratótipo selecionado mais tarde na ausência de um
estratótipo original devidamente designado;
• Neostratótipo: estratótipo novo escolhido para substituir um antigo
desaparecido ou rejeitado;
• Hipostratótipo (corte de referência): estratótipo suplementar destinado a
completar o conhecimento de dada unidade ou de um limite
noutras áreas geográficas ou com fácies diferentes do
Holostratótipo.
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Estratigrafia e Paleontologia
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O Holostratótipo e o Parastratótipo são originalmente descritos como tipos
primários. O Lectostratótipo e o Neostratótipo podem ser designados mais tarde como
tipos primários e um Hipostratótipo é um padrão auxiliar designado segundariamente.
Holostratótipo, Parastratótipo e Lectostratótipo situam-se, em regra, dentro de
uma mesma região tipo. Neostratótipos, Lectostratótipos e Hipostratótipos podem ser
escolhidos fora da região tipo original
Insuficiências mais comuns dos estratótipos:
• caracterizarem intervalos temporais muito breves e, muitas vezes,
incaracterísticos do desenvolvimento filogenético de certos organismos;
• serem caracterizados, em regra, por conjurtos demasiado restrictos de
organismos;
• apenas representarem determinadas fácies;
• caracterizarem apenas determinada província paleobiogeográfica;
• dificuldades de controlo da existência de sobreposições ou de hiatos em
estratótipos compostos.
CÓDIGOS ESTRATIGRÁFICOS
A necessidade do uso de uma linguagern estratigráfica universal; comunicação e
cooperação entre investigadores para que se possa compreender “o significado das
camadas de rochas e reconstituir a história de como, quando e porquê cada camada se
transformou naquilo que é e chegou ao local onde se encontra” (1976 1994, 1999). Os
códigos estratigráficos como guias para o estabelecimento de um vocabulário único
entre estratígrafos.
A “International Union of Geological Sciences” (IUGS) e a “International
Commission on Stratigraphy” (ICS). O “International stratigraphic guide” editado por
H0LLIS HEDBERG em 1976.
MÉTODOS DA ESTRATIGRAFIA
MÉTODOS PALEONTOLÓGICOS E PALEOECOLÓGICOS
O que é a vida?
Vida — condição que distingue os animais e as plantas da matéria inorgânica, incluindo a capacidade de
crescer, a actividade funcional e as mudanças continuas até à morte (Concise Oxford Dictionary, 9ª
edição, Oxford University Press).
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Estratigrafia e Paleontologia
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…. a vida tem a propriedade de aumentar a ordem local, tornando o ambiente envolvente mais caótico...
A vida é sustentada ... O grau de sofisticação de um organismo vivo pode medir-se pelo seu grau de
desiquilíbrio relativamente ao ambiente natural ... A vida não pode permanecer parada. Deve crescer. Se
parar, morre atingindo o equilíbrio como cadáver … (Euan B. Nisbet, Living Earth, Harper Collins, 1991).
… Mesmo ao mais baixo nível, viver implica sensações, escolha, memória ... Todos os seres orgânicos
são sensitivos... Vida é matéria que escolhe … (Lynn Margulis & Dorion Sagan, What is life?, Simon &
Schuster, 1995).
… É o um sistema químico auto-sustentado capaz de evoluir segundo os princípios de Darwin … (Gerald
Joyce, Scripps Research institute, National Geography, v.193, nº3)
…Uma organização, o corpo também é um sistema organizado, está vivo enquanto se mantém
organizado, e a morte não é mais do que o efeito de uma desorganização. … (J. Saramago, Ensaio
sobre a cegueira, Edit. Caminho, 1995)
A utilização dos fósseis para o estabelecimento de uma escala cronostratigráfica constitui o
fundamento da biostratigrafia. Assenta na evolução progressiva e irreversível das faunas e floras. O
método apenas pode ser aplicado quando os depósitos são fossilíferos ou seja, na prática está limitado
aos tempos fanerozóicos (aproximadamente os últimos 570 Ma da história da Terra).
Tafonomia
Morte e enterramento. Processos de fossilização, condicionantes físicas e
químicas:
- Conservação total (dessecação, assépsia e mumificação; excesso de acidez
e anóxia (turfeiras); congelação; impregnação por, ou inclusão em,
substâncias inertes (parafinas, ozocerito, resinas/âmbar, sílica) ou tóxicas
(As, Pb, Hg, Cu).
- Conservação parcial: conservação de matéria orgânica (sua evolução e
importância/ bacias límnicas e génese de carvões); conservação de
compostos orgânicos; sapropelização (meios euxínicos, génese de
hidrocarbonetos e betumes); conservação de peças esqueléticas.
- Mineralização.
- Moldagem (moldes externos e internos, contramoldes); incrustação.
Fossilização; ausência de vida ou não fossilização. Escassez de fósseis em
séries continentais. Triagem vertical em meio marinho. Triagem horizontal.
Fossilização de vestígios de actividades de seres vivos: estromatólitos; icnologia
(tubulações; pistas/ dinossauros, mamíferos, trilobites, vermes, etc.; marcas de
predação/ perfurações, dentadas); coprólitos. Interesse biológico e estratigráfico.
Fossilização de fenómenos físicos: fendas de dessecação, marcas de chuva,
marcas relacionadas com sedimentação, magnetismo, etc.
Dissolução dos esqueletos em ambientes ácidos.
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Estratigrafia e Paleontologia
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Paleoecologia
Conceitos de biocenose, biótopo e nicho ecológico. Composição das biocenoses
- espécies dominantes (>50%), características (25 a 50%), acompanhantes (10 a
25%) e fortuitas (<10%).
Compatibilidade relativamente a determinado factor (por ex., salinidade): ampla/
formas euribiontes, ou estreita/ formas estenobiontes.
Associações de seres vivos (Paleobiocenoses, associações de fósseis
representativas de comunidades vivas) e de restos post mortem (Paleotanatocenoses
ou simigias (fósseis representativos de diversas comunidades resultantes de
transporte, baixas taxas de sedimentação, bioturbação, compactação). Transporte
antes e após a morte, antes e após fossilização. Enterramento; associações de restos
enterrados (tafocenoses) e de fósseis (orictocenoses). Redeposição de fósseis e seus
problemas; superfícies de acumulação ("hard grounds"). Critérios de identificação de
remeximentos. Posição secundária de fósseis, consequências estratigráficas e
paleoecológicas.
Aspectos particulares da fossilização em ambientes: - terrestres, especialmente
depressões cársicas, com acumulação de restos alimentares de carnívoros, etc.; fluviais (conglomerados, areias, pelitos), geralmente com restos que sofreram
transporte; - palustres (argilas e margas lignitosas, sobretudo), com predomínio de
formas aquáticas, restos frequentemente em conexão; - lacustres (essencialmente,
argilas, margas e calcários), com restos animais e de plantas aquáticas, bem como de
outros trazidos por afluentes, sofrendo acções mecânicas (e outras) tendentes a
dissociar os restos; - estuarinos; - lagunares; - marinhos (litorais, infralitorais,
circalitorais, batiais, abissais, hadais; euxínicos).
Modificações dos fósseis: diagénese, deformação, metamorfismo. Eventuais
redeposição e destruição.
Fósseis de fácies como indicadores de ambientes. Polimorfismo (espécies com
diferentes formas morfológicas devido a resposta a diversas condições ambientais).
Convergências ou homeomorfias (convergências morfológicas entre táxones
diferentes) isócronas e heterócronas. Endemismos e pandemismos.
Formas cosmopolitas - com distribuição global.
Formas ubiquistas - com distribuição global mas com povoamentos
descontínuos.
Formas endémicas - específicas de determinada região.
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Estratigrafia e Paleontologia
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Factores de distribuição e barreiras. Migrações.
Classificação dos organismos em:
• bentónicos
• nectónicos
• planctónicos.
Distribuição dos organismos em função das características dos ambientes.
Principais factores condicionantes:
• bióticos
• físicos
• químicos.
Principais ambientes reconhecidos em meio marinho.
• Província nerítica
supralitoral
mediolitoral
infralitoral
circalitoral
• Província oceânica
povoamentos bênticos
andar batial
andar abissal
andar hadal
• Província planctónica
zona epipelágica - 0 a 50m de profundidade
zona mesopelágica - 50 a 200m de profundidade
zona infrapelágica - 200 a 500m de profundidade
zona batipelágica - 500 a 2 000m de profundidade
zona abissopelágica - 2 000 a 6 000m de profundidade
zona hadopelágica - mais de 6 000m de profundidade.
Outras classificações:
• plataforma litoral com barreira
domínio interno
domínio externo.
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Estratigrafia e Paleontologia
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Taxonomia e nomenclatura
Conceito de espécie. Espécie em biologia - grupo de populações realmente ou
potencialmente interfecundas. Limites do critério de interfecundidade; exige-se
reprodução sexuada implicando dois parceiros; nos organismos inferiores a reprodução
pode ser assexuada e há processos de autofecundação, nomeadamente nos vegetais.
Conceito paleontológico baseado na morfologia (Holótipo, parátipos, hipodigma).
Principais
problemas:
polimorfismo
incluindo
dimorfismo
sexual;
politipismo
(populações dispersas por vastas áreas geográficas às vezes sujeitas a isolamento de
parte das populações) que conduz ao aparecimento de raças geográficas ou de subespécies. O factor tempo; linhas evolutivas, gradientes cronológicos. Gradientes
geográficos. Necessidade de caracterização biométrica.
Taxinomia. Parataxinomias.
Nomenclatura. Regras. Nomenclatura binomial. Lei de Prioridade. Categorias
sistemáticas: Filo (animais) ou Divisão (Plantas), Classe, Ordem, Família, Tribo,
Género, Espécie, categorias infra-específicas. Categorias.
Classificação filogenética.
Especiação
Constituição natural das espécies. Isolamento de populações por segregação
geográfica (especiação alopátrica) ou por factores de ordem genética, fisiológica ou
etológica (especiação simpátrica). Especiação. Importância das transgressões e
regressões. Esquema [Transgressão, Regressão]:
- Meios marinhos: Ampliação de áreas de distribuição — Desaparição de
barreiras — Melhores possibilidades de migração — Competição mais intensa e
eventual extinção dos inadaptados — tendência para uniformização.
- Meios continentais: Redução de áreas de distribuição — Novas barreiras,
absolutas e selectivas — Isolamento de populações — Especiação — Diversificação.
Especiação alopátrica. Isolamento geográfico por barreiras naturais
(insularidade, lagos, mares mais ou menos fechados, cadeias de montanhas).
Diferenciação progressiva de populações que leva ao aparecimento de sub-espécies.
Da divergência genética podem resultar formas novas não interfecundas (espécies
novas); em paleontologia e biostratigrafia torna-se necessário que às diferenças
genéticas se associe mudanças morfológicas.
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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Especiação simpátrica. Isolamentos fisiológicos ou etológicos (relativos ao
comportamento, paradas nupciais por exemplo); muitas vezes resulta de anomalias
cromosómicas (poliploidia, translocações de segmentos cromosómicos) que não
conduzem a alterações morfológicas mas impedem o cruzamento dos indivíduos.
Evolução e biostratigrafia
Crises biológicas. Mudanças drásticas nas faunas e/ou floras e os limites das
unidades cronostratigráficas (Paleozóico, a Era das trilobites; Mesozóico a Era das
amonites e dos dinossauros; ....). Fases catastróficas da história da vida com extinção
de vastos conjuntos biológicos seguidos do aparecimento de outros novos. Extinções
maciças no topo do Devónico, no Pérmico, no Triásico e no Cretácico utilizadas como
definidoras de grandes intervalos de tempo. Explicações diversas (variações climáticas,
modificações na salinidade dos mares, correntes oceânicas, variações eustáticas,
orogénese, vulcanismo, mudanças de polaridade magnética, mudanças na taxa de
expansão oceânica, ....) mas a mais plausível é a de redução significativa das áreas
marinhas epicontinentais. Às crises biológicas de extinções maciças sucedem
intervalos com taxas elevadas de evolução.
Gradualismo filético. Anagénese; transformação progressiva de uma espécie no
decurso do tempo. Cronospécies (entidade global); formas transientes (subespécies
heterócronas). Cladogénese; divisão de uma linha evolutiva em duas ou mais linhas
divergentes.
Equilíbrios intermitentes; as espécies permanecem estáveis durante intervalos
de tempo mais ou menos longos seguidos por mudanças rápidas. Evolução alopátrica.
A cada aparecimento brusco de uma nova espécie corresponde um intervalo de
isolamento geográfico periférico. Assim, as primeiras ocorrências
de uma dada
espécie em regiões diferentes são necessáriamente diacrónicas por implicarem
migrações.
Especiação reticulada; intervenção simultânea do gradualismo filético e dos
equilíbrios intermitentes.
Duração média (em milhões de anos) das espécies de alguns grupos biológicos:
Taxa
Diatomáceas marinhas
Briófitos
Plantas superiores
Duração
(Ma)
25
>20
8 ->20
média
das
espécies
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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Foraminíferos bentónicos
Foraminíferos planctónicos
Bivalves marinhos
Gastrópodes marinhos
Amonites
Graptolitos
Trilobites
Insectos
Serpentes
Peixes de água doce
Mamíferos
20 - 30
>20
11 - 14
10 - 14
≈5 (mas com moda entre 1-2)
2-3
>1
>2
>2
3
≈1 - 2
Os fósseis estratigráficos ou bons fósseis, como marcadores temporais e
indicadores de isocronia. Características:
• curta longevidade, o mesmo é dizer rápida evolução;
• vasta repartição geográfica; o que pressupõe alguma independência
relativamente aos ambientes de sedimentação (espécies euritópicas. Os
organismos marinhos pelágicos e nectónicos são, os mais aptos;
• abundância nos depósitos. O sucesso da micropaleontoloia resulta da
frequência dos microfósseis em volumes reduzidos de sedimento
(testemunhos de sondagens);
• identificação simples.
Paleobiogeografia
A distribuição das espécies e a História da Vida. Condicionantes devidas à
deriva dos continentes. Distribuições disjuntas, exemplos. Condicionantes ambientais,
com relevo para o clima e para as transgressões e regressões marinhas. "Pontes
intercontinentais"; barreiras (edáficas, climáticas, bióticas, orográficas e marítimas);
barreiras selectivas.
Nos organismos marinhos as migrações têem, em regra, uma duração
negligenciável em comparação com a capaciade de resolução da biostratigrfia. Nos
organismos continentais essas migrações são mais lentas e, muitas vezes são
possiveis de seguir ao longo do tempo. São susceptíveis de criar limites heterócronos.
Paleoclimatologia e Paleogeografia
Ecozonas: conjunto de camadas materializando um ambiente de vida
homogéneo; caracteriza-se pela existência de um ou vários táxones fossilizados in situ.
Designação a partir dos táxones autóctones.
Reconstituições de paleoambientes:
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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• análise actualista: transposição para as associações fósseis dos ambientes de
vida conhecidos em organismos vivos. Limitações.
• métodos sinópticos: levam em linha de conta e integrando, as informações da
paleontologia, sedimentologia e estratigrafia. Limitações (só aplicável
quando os fósseis não estão remexidos;
• método ecosequêncial: aplicação ao estudo das associações de fósseis dos
métodos da análise sequêncial e aplicação da lei de walther;
• métodos quantitativos: por aplicação de estatística, quantificam as relações dos
diversos organismos entre si e com os sedimentos;
• análise morfofuncional: tendo em conta as relações entre morfologia dos
organismos e respectiva fisiologia e aplicação de análises actualista ou
simples funcionamento mecânico.
Paleobiogeografia. Áreas de distribuição. Relação com as teorias mobilistas da
tectónica de placas.
As mudanças climáticas induzem variações na composição das associações
biológicas para além de causarem mudanças na composição química, mineralógica e
na dinâmica dos ambientes de sedimentação, bem como na morfologia dos
continentes.
Paleoclimatostratigrafia. Exigências climáticas das várias formas fósseis e sua
variação no tempo. Definição de unidades geo-climáticas para o Quaternário
(glaciações e interglaciações das zonas de média e altas latitudes e pluviais e
interpluviais das regiões de baixa latitude). Estabelecimento de curvas de variação
média de temperatura e de humidade.
Dificuldades inerentes à aplicação do Princípio das causas actuais e à
identificação taxonómica.
Tentativas de aplicação da análise morfofuncional independentemente da
identificação taxonómica.
Exemplo em vegetais a partir da fisiognomia foliar.
Origem da Vida
Interpretações antigas. O Génesis e suas repercussões. A abordagem
paleontológica e suas limitações. Antiguidade da Vida. Descoberta de indícios na
Gronelândia, em rochas com cerca de 3.8 biliões de anos; melhor evidência em Fig
Tree (África do Sul), etc.
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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Oparine e os coacervados (1924). J.B.Haldane. Hipóteses quanto à origem da
vida. Ideias na sequência das experiências de S. Miller (1953) e outros. "Atmosfera
primitiva" (H4C, H3N, H2O, H2), fornecimento de energia, génese de compostos
orgânicos, aminoácidos e outros. Possível origem do DNA. Origem da Vida num "caldo"
ou "oceano primitivo", antevisto por Ch.Darwin (1871) - "warm little pond".
As
condições
peculiares
na
Terra,
permitindo,
e
talvez
implicando
necessariamente, a Vida, surgindo múltiplas vezes. Evolução química a partir de
elementos simples, disponíveis, susceptíveis de integrar compostos com propriedades
adequadas, a par de alguns elementos, mais escassos na matéria orgânica mas
indispensáveis, mais pesados (Mg, Ca, Fe, Cu, Mo, etc.), com funções específicas.
Contestação das interpretações subsequentes às experiências de S.Miller.
Atmosfera com predomínio de CO2, e dificuldade de produção de compostos orgânicos
vitais. Origem destes em partículas cósmicas e outros corpos celestes (cometas, em
especial) e seu fornecimento à Terra. Destruições consequentes de bombardeamentos
por meteoritos. Origem do RNA antes das proteínas. Génese em fontes quentes
submarinas. Papel catalizador de minerais (argilas, pirite). Produção laboratorial (1993)
de RNA com replicação espontânea e contínua em presença de fornecimento de
proteínas; moléculas quase vivas, mas ainda incapazes de se reproduzirem sem auxílio
externo.
Ilustração paleontológica de algumas etapas: jazidas de Fig Tree (bactérias,
cianobactérias unicelulares; células procarióticas, heterotróficas), ≈ 3.5 Ba; Gunflint,
Canadá (bactérias, cianobactérias filamentosas, etc.), ≈ 2 Ba; Bitter Springs, Austrália
(bactérias, cianobactérias, clorófitas [células autotróficas], ?fungos, ≈ 1 Ba; Ediacara,
Austrália (invertebrados marinhos de corpo mole), ≈ 0.7 Ba.
Vegetais
Aspectos gerais de paleobotânica. Conceito de Género em Paleobotânica.
Sistemática e parasistemática.
Aspectos gerais da morfologia dos vegetais. Morfologia de folhas, caules,
esporos e polénes.
Aspectos gerais de paleoecologia. Os fósseis vegetais como indicadores
climáticos. Curvas climáticas.
Evolução da vegetação no tempo.
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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Bactérias; cianobactérias e estromatólitos; algas; algas calcárias e papel na
construção de rochas.
Origem da vegetação terrestre. Plantas vasculares. As "Psilofitíneas" como
grupo sintético, origem dos restantes grupos de plantas vasculares do Silúrico
superior e do Devónico. Vegetação do Paleozóico superior dominada por
Licopodíneas, Articuladas, "Fetos" e Pré-espermatófitas (Pteridospérmicas); As
Gimnospérmicas.
A
vegetação
do
Mesozóico
com
Cicadófitas,
Benetitíneas
e
Gimnospérmicas. Origem e expansão das Angiospérmicas.
Aspectos gerais da vegetação do Cenozóico.
Animais
Referências sucintas aos filos, com ênfase nos grupos com maior interesse
paleontológico. Exemplos referentes a Portugal.
PROTOZOA (Protozoários, unicelulares):
- Foraminíferos (Câmbrico-Actualidade). Importância em Geologia Estratigráfica
e Económica; estudo de sondagens. Composição, morfologia e estrutura das
carapaças. Ecologia. Repartição geográfica. Papel na génese de rochas. Evolução;
novas formas e extinções. Datação. Foraminíferos planctónicos e biozonação.
Correlações.
ARCHAEOCYATHA (Metazoários acelomados, pluricelulares)- Arqueociatídeos (final
do Precâmbrico-Câmbrico inferior). Caracteres. Interesse estratigráfico e ecológico,
como construtores de recifes.
CNIDARIA ("Celenterados" em parte; metazoários em estádio de gástrula e com
simetria radiada):
- Anthozoa (Antozoários) (Câmbr.-Act.); importância como construtores de
biohermas/ recifes corálicos e atóis/ formas hermatípicas e ahermatípicas; Alcionários
ou Octocoraliários (Ordov.-Act.); Tetracoraliários ou corais "rugosos" (Ordov.-Pérm.),
com ciclos de 4 tabiques radiais; Hexacoraliários (Triás.-Act.), com ciclos de 6 tabiques.
Interesse económico.
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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BRACHIOPODA (Braquiópodes; metazoários celomados, deuterostómios) (Câmbr.Act.): caracteres gerais, importância, apogeu e decadência; interesse estratigráfico
(sobretudo no Paleozóico); formas pancrónicas (Lingula e afins):
- Inarticulata (Inarticulados) (Câmbr.-Act.);
- Articulata (Articulados) (Câmbr. sup.-Act.)
MOLLUSCA (Moluscos; metazoários celomados, protostómios, com simetria bilateral)
(Câmbr.-Act.): caracteres gerais; presença de concha e de pé; larvas trocóforas,
semelhantes às dos anelídeos, indicando algumas afinidades; ecologia. Divisão em
classes:
- Bivalvia (Bivalves = Lamelibrânquios = Pelecípodes) (Ordov.-Act.): importância;
caracteres gerais - concha bivalve, valvas articuladas com charneira; ecologia
(aquáticos, desde águas doces até salinidades elevadas, em diferentes condições de
fundos, temperatura, profundidade e energia do meio); grupos importantes, extintos no
final do Cretácico - rudistas (Jur. sup.- Cret. sup.), significado; - Inoceramus (Cret.),
interesse
estratigráfico.
Desenvolvimento,
sobretudo
após
o
Paleozóico,
correspondendo de certo modo à decadência dos braquiópodes.
- Gastropoda (Gastrópodes; em geral, torsão da massa visceral e concha
univalve, com ou sem opérculo) (Câmbr.-Act.): importância; grande variedade de
condições
ecológicas.
Gastrópodes
planctónicos
(Pterópodes)
e
utilização
estratigráfica.
- Cephalopoda / Cefalópodes (Câmbr.-Act.): complexidade da organização;
ecologia; divisão baseada nas formas actuais - Tetrabranquiados (Nautilus);
Dibranquiados (Decápodes, como o choco; Octópodes, os polvos). Classificação dos
fósseis baseada na concha: Subcl. Nautiloidea / Nautiloides (Câmbr.sup.-Act.) externa, compartimentada, direita ou enrolada em espiral, suturas simples;
Ammonoidea / Amonoides (Dev.-Cret. sup.) - externa, compartimentada,
geralmente enrolada em espiral plana, suturas mais ou menos complexas; enorme
importância estratigráfica, biozonação, extinção;
Coleoidea / Coleoides (Carbón.sup.-Act.): interna com fragmocone coberto pelo
rostro e prolongada pelo proostraco, com modificações várias; importância dos
Belemnites.
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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"Artrópodes", complexidade e heterogeneidade, somática e ecológica: protostómios de
corpo segmentado e dividido em regiões, com apêndices articulados específicos de
cada região, exosqueleto quitinoso (reforçado ou não por carbonato de cálcio).
Trilobitomorpha, Uniramia, Crustacea e Chelicerata.
TRILOBITOMORPHA (Trilobitomorfos): além de grupos menores (Câmbr.):
- TRILOBITA (Trilobites; corpo dividido em cefalão, tórax e pigídio; apêndices
bífidos) (Câmbr.-Pérm.): grande importância, decadência e extinção. Pistas (Bilobites,
por ex. Cruziana).
CRUSTACEA (Crustáceos) (Câmbr.-Act.): principais subdivisões com interesse
paleontológico (carapaça geralmente calcária) - Ostracodos (pequenos, carapaça
bivalve, calcária; importância em Micropaleontologia, sobretudo pela informação
paleoecológica - aquáticos, desde águas doces a meios marinhos muito diversos;
Ordov.-Act.); - Branquiópodes e, dentre eles, os Conchostráceos (carapaça bivalve,
essencialmente quitinosa; águas doces; Devónico à Actualidade); - Decápodes (com 5
pares de apêndices ambulatórios; ? Dev., Pérm.-Act.).
ECHINODERMATA (Equinodermes; simetria bilateral ou aparentemente radiada,
de grau 5; corpo globuloso, cilíndrico, em estrela ou achatado; esqueleto calcário;
aquáticos, água salgada) (Câmbr.-Act.). Inclui, além de formas arcaicas, de origem
desconhecida:
- HOMALOZOA
(Homalozoários ou Carpoides; corpo achatado dorso-
ventralmente, simetria bilateral) (Câmbr.-Dev.): interesse filogenético - possível
derivação dos Cordados, caso de Cothurnocystis (Ordov.).
- CRINOZOA (Crinozoários ou Pelmatozoários; corpo com teca globosa, coberta
de placas poligonais, geralmente fixos [no adulto] por pedúnculo e com braços
(Câmbr.-Act.): além de classes só representadas no Paleozoico, a seguinte:
- ECHINOZOA (Equinozoários; corpo globoso a cilíndrico, às vezes achatado,
sem braços nem apêndices, simetria radiada ou bilateral) (Câmbr.-Act.): entre outras,
as classes seguintes:
- Echinoidea (Equinoides; carapaça rígida, com placas poligonais de calcite;
radíolas; 5 áreas ambulacrárias e 5 inter-ambulacrárias) (Ordov.-Act.): importância,
sobretudo post-Paleozoico, tendência contrária à dos crinoides. Ecologia muito variada,
em meios marinhos.
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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HEMICHORDATA
(Hemicordados;
com
esqueleto
composto
por
escleroproteinas) (Câmbr.-Act.): além dos Pterobrânquios actuais:
- Graptolithina (Graptólitos; "pedras escritas", literalmente; colónias flutuantes e
arborescentes/ bentónicas; numerosos indivíduos em tecas ao longo de um eixo
[conjunto:
rabdossoma],
colónias
geralmente
com
rabdossomas
associados)
(Câmbr.sup.-Carbón.): dificuldades iniciais da interpretação filogenética; grande
importância estratigráfica/ zonação entre o Ordovícico e o início do Devónico inferior.
CHORDATA (Cordados; com corda dorsal ou notocórdio) (Câmbr.-Act.): possível
derivação de carpoides. Divisão em:
VERTEBRATA
(Vertebrados; crânio diferenciado; notocórdio envolvido por
peças esqueléticas articuladas, as vértebras, constituindo a coluna vertebral;
inicialmente
aquáticos)
(Câmbr.sup.-Act.):
importância;
os
grandes
estádios
estruturais; constituição do esqueleto/ modos, mineralização; desenvolvimento do
sistema nervoso; os membros. As classes habitualmente admitidas e a filogenia;
discussão. Os grandes estádios estruturais: Agnatas (sem maxilas) e Gnatóstomos;
arcos branquiais e diferenciação das maxilas.
- Agnatha (Agnatas ou ciclóstomos) (Câmbr.sup.-Act.) - formas paleozóicas (até
o Dev.), quase todas com exosqueleto ósseo na parte anterior do corpo
("ostracodermes"); as únicas com representantes actuais [todos parasitas] - as
lampreias (desde o Carbonífero) e as mixinas (desconhecidas no estado fóssil),
desprovidas de ossificação. Divisão em Cefalaspidomorfos (vários pares de orifícios
branquiais, alguns já com esboço de barbatanas pares; incluindo as lampreias), e
Pteraspidomorfos (1 par de fendas branquiais, incluindo as mixinas).
- Pisces ("Peixes"; carácter muito heterogéneo; gnatóstomos aquáticos, com
respiração branquial [nalguns, pulmonar]) (Silúr.-Act.): sistemática em discussão;
numerosos representantes antigos (Silúr.-Carbon.), tal como os "ostracodermes",
protegidos na parte anterior por placas ósseas - os "placodermes" ou "peixes
couraçados". Classificação em:
- 1) Elasmobranquiomorfos, incluindo Artrodiros s.l. (Placodermes) (Silúr. sup.Carbón.), possuindo, a maioria, articulação entre os escudos cefálico e torácico;
representados
sobretudo
em
facies
dulçaquícolas
e
salobras
do
Devónico;
Acantodianos (Seláceos espinhosos) (Silúr.-Pérm.), com fortes espinhos nas
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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barbatanas, anatomia craniana arcaica (fenda pré-espiracular), adaptados a águas
doces ou marinhos, com afinidades relativamente aos primeiros seláceos e
actinopterígios; Condríctios (Elasmobrânquios) (Devón.-Act.), tubarões e raias, com
importância estratigráfica e paleoecológica.
- 2) Actinopterígios, peixes com barbatanas suportadas por raios ossificados
dispostos em leque, com 3 estádios anatómicos com crescente ossificação do
esqueleto interno, sucessivamente predominantes - Condrósteos
(incluindo os
esturjões - Devón.-Act.), Holósteos (Pérm.-Act.) e Teleósteos (Jur.-Act.).
- 3) Dipnóicos, com respiração pulmonar, dulçaquícolas; grupo conservador,
com distribuição gonduânica (Devón.-Act.).
- 4) Crossopterígios, com membros dotados de ossos seriados, esboçando a
estrutura dos tetrápodes, incluindo: - Actinistios
(Celacantos; grupo conservador,
inicialmente de água doce, marinho após o Triásico; uma só espécie actual - "fóssil
vivo") (Devón.-Act.); - Porolepiformes (águas doces; origem dos anfíbios urodelos)
(Devón.); - Osteolepiformes (dulçaquícolas; origem de todos os demais tetrápodes)
Devón.-Carbón.). A conquista de meios terrestres. Passagem aos Tetrápodes,
modificações anatómicas - crânio/ palato, esqueleto axial e apendicular.
- Amphibia (Anfíbios; tetrápodes com estádios larvares aquáticos, com
respiração
branquial;
metamorfoses/
adultos
com
respiração
pulmonar;
pele
insuficientemente protegida contra a dessecação/ dependência da água) (Dev.-Act.): os
primeiros Estegocéfalos (Devón.sup.); Ichthyostega e a herança de caracteres (ossos
operculares, ainda que atrofiados; verdadeira barbatana caudal) dos Crossopterígios
ancestrais. Desenvolvimento dos Estegocéfalos (últimos no Jurás. inf.). Anfíbios de tipo
moderno: Proanuros (Triadobatrachus, Triás.), Anuros (Jurás.-Act.), Ápodos (? - Eoc.Act.), Urodelos (Jurás.sup.- Mioc. -Act. Os estegocéfalos Seymouriamorfos (Carbon.Pérm.) e a melhor adaptação à vida terrestre: origem dos répteis. Limite pouco nítido
entre os répteis primitivos e os anfíbios de que derivaram.
- Reptilia (Répteis; tetrápodes terrestres protegidos contra a dessecação,
produtores [como todos os tetrápodes de organização mais elevada] de ovos
amnióticos, sem estádios larvares aquáticos nem metamorfoses) (Carbon.-Act.):
reforço do esqueleto e da musculatura; aperfeiçoamento do crânio [diferenciação de 1
ou 2 pares de fossas temporais, que faltam nos répteis arcaicos], da dentição e do
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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sistema nervoso central; metabolismo mais activo e tendência para a aquisição de
homeotermia; radiação e ulterior diferenciação de duas grandes linhas evolutivas
- Sauropsídeos, incluindo a maioria dos répteis e as Aves;
- Teropsídeos, com os répteis mamalianos e os Mamíferos, deles derivados.
Classificação (simplificada).
- Mammalia (Mamíferos; teropsídeos homeotérmicos, com pelos, geralmente
vivíparos) (Triás.-Act.): mamíferos mesozóicos e as extinções do final do Cretácico;
Prototérios (ovíparos);
Metatérios (Marsupiais/ sua radiação, incidências paleogeográficas); Eutérios
(Placentários/ radiação no Cret.sup., e a partir do Paleocén. - ex., evolução
dos Equídeos e dos Primatas.
MÉTODOS FÍSICOS
DEPÓSITOS DE VARVAS
Contagem dos níveis (2mm a 2cm) constituídos por uma camada negra, fina,
com restos de matéria orgânica (depósito invernal) e por uma camada clara, mais
espessa (depósito estival) perfazendo um ano de sedimentação nas regiões
periglaciárias. Contagens até 15 000 b.p. Comparação com depósitos de lagos actuais
à semelhança da dendrocronologia.
O método é aplicável a outros lagos e depósitos dependentes das estações do
ano como nos ciclos planctónicos anuais dos xistos de Green River (Wyoming) com
alternâncias anuais de leitos de halite (5 a 10 cm) e de anidrite (1 mm) nos evapaoritos
do Zechstein (Pérmico inferior).
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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CRESCIMENTO DE INVERTEBRADOS MARINHOS
Contagem das estrias de crescimento correspondentes a um ciclo diário e a
ciclos anuais; algas azuis (estromatólitos) coraliários, molusco, equinodermes.
Aplicação a formas devónicas evidenciando que os anos teriam 400 dias, o que
coincide com dados de geofísica acerca do retardamento do movimento de rotação da
Terra (o crescimento dos dias é de 0,0016 segundos por século, ou seja os anos
perdem 1 dia cada 10 millhões de anos; o ano teria 14 meses no início do Paleozóico,
13 no Carbonífero, ...).
Os Nautilus constroem uma banda de calcário na concha todos os dias e um
tabique de uma nova câmara todos os meses lunares. Os "Nautilus" do Silúrico tinham
apenas 9 bandas diárias por câmara ou seja o "mês" lunar tinha apenas 9 dias o que
implica que a Lua se situava muito mais perto da Terra (1 500 000 Km em vez dos 3
400 000 Km actuais).
DENDROCRONOLOGIA
Contagem e medição do espassamento dos anéis de crescimento das árvores.
O processo inicia-se em árvores actuais passando a troncos de travejamento de
edífícios bem datados etc. Constrõe-se um dendrograma com o qual são comparados
os padrões obtidos nos troncos a datar. Contagens até 9 000 anos com Pinus aristata
ou P. longaeva que podem viver mais de 4 900 anos.
O método é ainda usado para calibrar as datações obtidas pelo 14C.
LIQUENOMETRIA
Avaliação do diâmetro de alguns liquenes com grande longevidade como
Rhizocarpon geographicum. Uso na datagem de avanços glaciários através dos
liquenes que vivem nos blocos das moreias. No Alasca, em 1964, os blocos datados de
1937 tinham liquenes com 4mm de diâmetro, os de 1830 tinham 30mm, os de 1650,
140mm e de 1580 170mm.
TEFROCRONOLOGIA
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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Correlação entre depósitos através das cinzas provenientes de uma explosão
vulcânica violenta que fez com que a horneblenda, a augite ou a olivina se tenham
dispersado por uma área vasta como no caso do Krakatoa (Indonésia) em 1883 e do
Katmaï (Alasca) em 1912. Quando da erupção do Quizapu (Chile) foram emitidas 8
milhões de toneladas de cinzas que em 5 dias cobriram mais de metade da Argentina,
do Uruguai, o Sul do Paraguai e do Brasil e uma parte do Chile até 3 200 Km de
distância do vulcão; sobre uma área de 300 000Km2 o depósito de cinzas atingiu 1 a
25cm de espessura a que, após compacção, corresponderá uma espessura final de 2 a
12 mm.
TRAÇOS DE FISSÃO
Marcas deixadas pela desintegração espontânea de alguns elementos
radiactivos (238U, 235U, 232U, 232Th). As emissões perturbam as redes cristalinas dos
minerais, deixando marcas das passagem das particulas. Fazem-se secções polidas
dos minerais que depois é atacada por ácido fluorídrico, soda e potassa cáustica
durante um tempo que vai de alguns segundos a várias horas conforme o mineral.
Aparecem então os traços de trajectória dos núcleos filhos com 1 a 10μ. A densidade
de traços é proporcional à idade do mineral e ao seu teor em urânio ou em tório. O
método aplica-se sobretudo a zircões, apatites, tectitos, vidros vulcânicos, micas,
granadas, olivinas, ... e deu resultados satisfatórios no Quaternário.
RADIOCRONOLOGIA OU CRONOLOGIA ISOTÓPICA
Desintegração de isótopos [elementos com as mesmas características mas com
massa atómica (protões+neutrões) diferente] radiactivos. Processo contínuo,
irreversível que decorre a velocidade constante.
Um elemento radiactivo pai (P) retido num mineral no momento da sua
cristalização desintegra-se progressivamente num elemento filho (F) que se vai
tornando mais abundante à medida que o tempo vai passando (o momento 0
corresponde ao do fecho do sistema, quando se deu a cristalização do mineral). Cada
elemento radiactivo é caracterizado por determinado tempo de semi-vida (T) (tempo de
desintegração de metade do isótopo pai), pela constante de desintegração (λ)
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Estratigrafia e Paleontologia
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_
(coeficiente de proporcionalidade de desintegração — decréscimo do elemento — em
função do tempo).
Processo de
desintegração
Semivida
(anos)
◊ 87Sr
5 ou 4,7.1010
◊ 208Pb
13,9.109
◊ 40Ar
11,9.109
238U
◊ 206Pb
4,6.109
235U
◊ 207Pb
7.108
234U
◊ 230Th
250 000
◊ 226Ra
75 200
◊ 14N
5 568
◊
12,26
87Rb
232Th
40K
230Th
14C
3T
2H
dP
= −λP (a
dt
quantidade de átomos P desintegrados no tempo dt é proporcional ao número inicial de
⎛
1
F⎞
átomos P). A integração desta fórmula dá t = log n ⎜ 1 + ⎟ onde F é o número de
⎝
λ
P⎠
A desintegração segue a lei de Rutherford expressa pela equação
átomos filhos depois do tempo t e P é o número de átomos pai que restam ao fim do
mesmo tempo t. λ é uma constante.
A desintegração faz-se por:
• emissão de uma particula α (núcleo do átomo de Hélio)
238
234
92U→ 90Th + α
Neste caso o elemento filho tem uma massa atómica com menos 4
unidades relativamente ao isótopo pai.
• emissão de uma particula β (electrão), a massa atómica permanece
87
inalterada: 87
37 Rb→ 78 Sr + e + γ .
40
40
• pela captura de uma particula β: 19K + e→ 18 Ar + γ ;
neste caso a emissão de um electrão conduz à formação de Ca
40
40
19K→ 20 Ca + e + γ .
A radiação γ é emitida pelo núcleo excitado.
Na prática determina-se:
F
• a relação
onde P e F são os números de átomos pai e filho no instante t, o
P
que pressupõe que o isótopo filho não é radiactivo:
- método para
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_
235U/207Pb,
238U/206Pb,
232Th/208Pb,
87Rb/87Sr,
40K/40Ar,
e aplica-se a fórmula t =
⎛
1
log n ⎜ 1 +
⎝
λ
F⎞
⎟.
P⎠
87
Sr(t )
Rb(t )
e
86
86
Sr
Sr
87
87
onde Sr(t) representa o número de núcleos filho no tempo t, Rb(t) é o número de
núcleos pai no tempo t, 86Sr é o número de átomos estáveis não radiactivos de
estrôncio. Estas duas relações permitem conhecer o tempo t pela equação
87
87
sr(t ) 87Rb λt
Sr(0)
=
e
−
1
+
.
(
)
86
86
86
Sr
Sr
Sr
87
Sr(0)
A fim de evitar atribuir um valor convencional à relação inicial 86
constroi-se
Sr
uma recta dita isócrona. Com efeito a equação precedente é da forma y=ax+b desde
que t seja constante. Trabalha-se com várias amostras pertencentes à mesma unidade
87
Sr(0)
lítica suposta isócrona que têm a mesma composição isotópica inicial b = 86
.
Sr
A qualidade de uma isócrona depende do número de amostras, da repartição
geográfica e do seu alinhamento. Não é necessário conhecer o teor no elemento pai no
instante 0, isto é no momento da cristalização do mineral. Se o teor no elemento pai
14
é conhecido no instante 0, como é o caso para o método do C, a fórmula é então
1
P
t = log n 0 . O elemento pai é doseado por espectrometria de massa precedido ou
λ
P
não por diluição isotópica, o elemento filho é sempre diluído.
As dosagens efectuam-se sobre a rocha total (meteoritos, granitos, argilitos,
sedimentos) ou ainda sobre minerais particulares ricos em elementos radiactivos
(monazite, apatite, galena, micas, feldspatos, minerais argilosos, glauconite, restos
orgânicos carbonosos, calcite, água).
87
É possivel, por espectrometria de massa, calcular as relações
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_
87
1 .1 0
Sr /
86
ª
Sr
1 .0 0
©
0 .9 0
¨
0 .8 0
¦
0
§
2
idade: 3200±65 Ma
4
6
8
87 Rb/ 86 Sr
Método do Rb/Sr. Isocrona (rocha total) de um granito do Transval.
Obtem-se, assim um valor que, abusivamente, se chama de idade absoluta
e que é a idade radiométrica ou isotópica; em muitos casos pode não corresponder à
idade da rocha.
Fiabilidade
A confiança a dar-se ao resultados obtidos depende:
• Constante dedesintegração: dificuldades no seu estabelecimento. variação
da velocidade de desintegração por influência da pressão, temperatura,
estado químico e potencial eléctrico; dificuldade na obtenção de medidas.
Erro estimado de 1%.
• Fecho do sistema. Necessidade do sistema cristalino estar fechado no
momemto de formação do mineral e que não tenha havido ulteriores
alterações provocadas por aumento de temperatura, lexiviamento,
enriquecimento ou empobrecimento em elementos radiactivos. Uma
glauconite datada por K/Ar se houve enriquecimento em Argon atmosférico
devido, por exemplo, a pressão elevada, a idade medida é superior à idade
real; ao contrário, uma perca de Ar radiogénico por alteração, enterramento
a profundiades superiores a 200-500 metros, elevação de temperatura além
de 100-200°C, conduz a um rejuvenescimento da amostra.
• Homogeneização da idade. Em unidades depositadas ao longo de
intervalos de tempo muito longos pode manter teores uniformes de elemento
radiogénico. Deve-se à perca progressiva de elemento durante a
sedimentação antes da diagénese tardia dos depósitos.
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_
• Tratamento das amostras. A fiabilidade dos resultados depende dos
tratamentos e da escolha dos minerais que não devem apresentar quaisquer
vestígios de alteração. Tratamentos químicos com ácidos, ou físicos com
ultrassons, devem ser usados com moderação. A cristalinidade deve ser
controlada com raios X. Nas glauconites é conveniente que tenham mais de
7% de potássio. Também o espectrómetro de massa deve ser alvo de
afinações e calibrações frequentes.
Erro médio de cerca de 3% (300 000 anos no Miocénico - menos de uma
biozona; 3 Ma no Cretácico - meio Andar; 13 Ma no Ordovício - mais de um Andar).
Vantagens de aplicação relativamente à biostratigrafia no Quaternário, no
Neogénico e no Pré-câmbrico.
MAGNETOSTRATIGRAFIA
Baseada nas variações do campo magnético terrestre registado nas rochas com
minerais ferromagnéticos.
Componentes do campo magnético terrestre:
intensidade - exprime-se em nanotesla (γ ou nT);
declinação (D) - é o ângulo entre a componente horizontal do campo
total e o Norte geográfico, varia de 0 a 360°, um
valor entre 0 e 180° significa que a componente
horizontal se situa a Oeste do Norte geográfico, um
valor entre 180 e 360° que se situa a Este;
inclinação (I) - é o ângulo entre a componente horizontal e a direcção
do campo total; I é positivo se o vector campo
magnético aponta para o solo e negativo em caso
contrário; I é igual a 0 no Equador e máximo nos
polos, 90°.
De modo geral a latitude está ralacionada com a
inclinação por Tg(I)=2Tg(L); esta relação permite
determinar a paleolatitude de um ponto a partir da
paleo-inclinação fossilizada nas rochas.
Origem do campo magético terrestre; hipótese do núcleo da Terra funcionar
como um dínamo auto-mantido.
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_
Norte geográfico
D
I
Z
F
z
Principais componentes do campo magnético terrestre. D - declinação;
I - inclinação; F - intensidade.
Magnetismo das rochas
Diferentes tipos de comportamento magnético das substâncias.
• Diamagnetismo - magnetização com sentido inverso ao do campo
magnético aplicado; a magnetização é fraca e desaparece após a
interrupção do campo (ar, água, quartzo, calcite são diamagnéticos).
• Paramagnetismo - corpos com átomos de ferro apresentam uma
magnetização positiva com o sentido do campo magnético aplicado; a
magnetização é fraca e torna-se nula quando se desliga o campo
magnético.
• Ferromagnetismo - a magnetização é muito mais forte e há um fenómeno
de remanescência (memória). Se se aquecer um corpo acima de
determinada temperatura (ponto de Curie), característica de cada
mineral, a agitação térmica é superior aos efeitos magnéticos e os
corpos tornam-se paramagnéticos. Por arrefecimento, a partir dessa
temperatura, re-estabelece-se a ordem iónica e o corpo torna-se
ferromagnético de novo. Incluem-se aqui minerais com ferro,
nomeadamente óxidos (magnetite e hematite) e alguns sulfuretos e
hidróxidos.
Quase todos os minerais magnéticos são óxidos de ferro e de titânio, soluções
sólidas de FeO, Fe2O3 e TiO2. Nas rochas vulcânicas, os minerais magnéticos mais
frequentes são titanomagnetites, soluções sólidas de magnetite e ulvospinela e
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titanomagnetites que derivam dos precedentes por oxidação. Ilmenite e pseudobroquite
não são magnéticos. A hematite encontra-se, sobretudo, nas rochas sedimentares. É,
muitas vezes, o único responsável pela magnetização remanescente nos depósitos
vermelhos. Os minerais magnéticos têm, regra geral, pequeno tamanho (inferior a
10μm), sobretudo nas rochas sedimentares, e existem em percentagens muito baixas
(0,01 a 0,05%).
Nas rochas ígneas o magnetismo remanescente é adquirido quando do
arrefecimento, logo que a temperatura desce abaixo do ponto de curie. Os elementos
ferromagnéticos registam o campo magnético da altura. Muitas vezes magnetizações
secundárias mascaram a magnetização remanescente natural. Ficam a dever-se à
acção prolongada do campo magnético terrestre actual.
Nas rochas sedimentares, a magnetização primária é de tipo detrítico; no
momento do depósito as particulas magnéticas provenientes da erosão de rochas
endógenas orientam-se conforme o campo magnético terrestre. A orientação definitiva
parece fazer-se no momento de expulsão da água dos sedimentos, logo algo posterior
ao depósito dos materiais sedimentares. Também ocorrem magnetizações secundárias
nas rochas sedimentares à semelhança do que acontece com as rochas ígneas.
As amostras para paleomagnetismo devem ser recolhidas com cuidado
particular no que diz respeito à orientação relativamente à horizontal e ao Norte
geográfico.
Inversões do campo magnético
Inversões de polaridade magnética. A polaridade do campo magnético terrestre
inverteu-se por numerosas vezes no decurso do tempo. Diz-se que o campo é inverso
quando apresenta sentido oposto ao do campo actual. Foram construídas escalas de
inversões de polaridade: algumas zonas têm extensão entre 0,5 e 1 milhão de anos no
interior das quais se detectam curtos intervalos de inversão (duração da ordem de
100 000 anos) chamados acontecimentos e que definem sub-zonas de polaridade
magnética.
Intervalos de dominante normal, de dominante inversa e perturbados.
Correlação entre escalas de inversõs de polaridade e de escalas
biostratigráficas.
Limitações do método:
• o carácter binário do registo impossibilita o reconhecimento directo das
magnetozonas; é necessário complementar a informação com dados
biostratigráficos e/ou radiocronológicos.
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• as lacunas de sedimentação são difíceis de reconhecer e o sincronismo
entre magnetozonas pode ser ilusório;
• não existem muitos cortes favoráveis à análise paleomagnética;
• alguma confusão entre magnetozonas e sub-magnetozonas, sobretudo à
medida que os conhecimentos vão aumentando, permitindo maior
resolução nos intervalos de polaridade magnética.
Actualmente, a escala está bem estabelecida até ao Cretácico superior. A
frequência das inversões diminui com a idade até ao Cretácico médio. Entre o Albiano
e o Santoniano existe um longo intervalo normal. No Cretácico inferior e no Jurássico
as inversões voltam a ser frequentes. Para tempos mais antigos a informação é
deficiente por não haver, nos oceanos actuais, fundos marinhos dessa idade.
Variação da direcção de magnetização remanescente. "excursões" magnéticas.
Projecção polar das direcções de magnetização. Insuficiências e poder de resolução do
método.
DIAGRAFIAS
Registo contínuo das variações de dada característica das rochas atravessadas
por uma sondagem.
Resistividade - resistência eléctrica de um cubo unitário de rocha. Em regra os
minerais são isolantes (excepção: grafite, alguns sulfuretos e elementos metálicos);
quando não o são isso fica a dever-se à sua porosidade; a corrente eléctrica passa
através da água que ocupa os poros e a resistividade depende da salinidade da água.
Todas as rochas compactas, granitos, gnaisses, quartzitos, evaporitos têm resistividade
elevada (pode ultrapassar 1 000 e mesmo 10 000 Ω/m. As argilas são boas condutoras
devido à sua porosidade (0,5 a 10 Ω/m).
Potencial espontâneo (diagrafia PS). É a diferença entre o potencial de um
eléctrodo fixo à superfície e o potencial variável do eléctrodo que se desloca no furo da
sondagem. O potencial espontâneo ou a polarização espontânea medem-se em milivolt
(mV).
Pode determinar-se a resitividade da água de formação e a sua salinidade. Pode
ter-se ideia dos componentes argilosos, da porosidade e da permeabilidade das
rochas.
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Radiactividade natural ("gamma ray"). É medida com o auxílio de um
cintilómetro descido por um cabo ao longo do furo. Ao contrário das diagrafias
anteriores só pode ser efectuada após o entubamento do furo. Está relacionada com a
40
232
238
235
presença de isótopos radiactivos emissores de raios gama( K, Th, U e U). As
principais rochas radiactivas são as plutónicas ou vulcânicas, arcoses e grauvaques,
ricos de feldspatos e de micas, algumas areias ricas de zircão, monazite, esfena,
alanite, ...), fosfatos, glauconites, argilas e sais de potássio, alguns carbonatos ricos de
fosfatos ou de matéria orgânica, gnaisses, micaxistos, xistos e ardósias.
São muito úteis para detectar bancos finos radiactivos.
Espectrometria de raios gamma naturais (diagrafia espectral). Por análise do
espectro de radiação gama natural, emitido espontâneamente pelas rochas, calculam40
232
238
se os elementos radiactivos da familia do K, Th e U, responsáveis por essa
radiactividade. Estas medições, combinadas com outros dados diagráficos, permitem
determinar o tipo de argilas (caulinite, clorite, ilite, montmorilonite) e a percentagem de
outros minerais radiactivos como micas, feldspatos, fosfatos ou minerais pesados
contendo tório ou urânio, muitas vezes relacionados com matéria orgânica e sais
potássicos.
Índice de hidrogénio (diagrafia neutrónica). Faz-se o bombardeamento
contínuo das rochas com neutrões com energia da ordem de 4 a 6 MeV produzidos por
fontes especiais (Am-Be ou Pu-Be). Estes neutrões são travados pelas colisões com
átomos leves de hidrogénio, atingindo um estado térmico a 0,025 eV. São então
absorvidos pelos núcleos com emissão de radiação α e/ou γ. Um detector apropriado
mede, quer a densidade dos neutrões epitérmicos quer a intensidade da
radiação γ induzida. Estes valores dependem do número de átomos de hidrogénio por
unidade de volume; o hidrogénio, estando relacionado com a água, com
hidrocarbonetos ou com a composição molecular da rocha (átomos de hidrogénio que
penetram na rede cristalina, gesso p. ex.) e, também, em menor grau, a outros átomos
que entram na composição da rocha quer pelo seu poder de travagem (carbono,
oxigénio, silício) quer pelo seu poder absorvente (boro, lítio, cloro, ferro).
Densidade das rochas (diagrafia gamma-gamma). As rochas são submetidas a
um bombardeamento contínuo com raios γ de energia igual a 662 KeV emitidos por
137
uma fonte de Cs. Mede-se a intensidade de radiação γ difundida por efeito de
Compton. Esta medição é proporcional à densidade electrónica das rochas a qual é
proporcional à densidade.
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Índice de absorção fotoeléctrica (diagrafia litológica). A interacção dos raios γ
137
emitidos com energia de 662 KeV por uma fonte de Cs com os electrões conduz, por
um lado, à medida da densidade electrónica e, por outro, à determinação de um índice
de absorção fotoeléctrica (de simbolo Pe) por aplicação do efeito fotoeléctrico. Este
índice é proporcional ao número atómico dos elementos que entram na composição
das rochas. É muito sensível à presença de ferro, estrôncio, estanho e de bário.
Espectrometria de raios gama induzidos (diagrafia de análise elementar). A
interacção de neutrões de alta energia incidente (14MeV) emitidos, periodicamente, por
um gerador de partículas com o núcleo dos átomos provoca a emissão de raios γ. A
espectrometria desta radiação permite dosear o hidrogénio, carbono, oxigénio, enxofre,
cloro, cálcio, silício e ferro, o que permite caracterizar as rochas atravessadas pela
sondagem.
Medida dos campos de relaxamento neutrónico (Diagrafia de salinidade).
Bombardeiam-se, de modo intermitente, as rochas com neutrões de alta energia
incidente (14MeV) e mede-se a população de neutrões térmicos em dois momentos
diferentes. A variação na população é função da secção de captura global da unidade
lítica que, por sua vez, está relacionada com a secção de captura (simbolo ∑, unidade
barn 10-24cm2) de cada um dos núcleos atómicos que entram na composição da rocha
(contentor e contido) e à sua percentagem volúmica na rocha.
Tempo de percurso de ondas sonoras (Diagrafia sónica) Regista-se o tempo
de percurso de uma onda sonora para percorrer a distância entre a fonte emissora e
um receptor descido no poço. Os tempos de trajecto dependem da natureza lítica,
massa volúmica e características elásticas das rochas; da natureza dos fluidos
presentes; da textura (dimensão, forma dos grãos e dos poros, natureza do contacto
entre grãos ou cristais, repartição e conexão dos poros); da estrutura (homogeneidade
ou heterogeneidade, presença de laminações, de fracturas, inclinação das camadas e
das fracturas); da pressão e da temperatura. A medida de dois tempos de precurso em
combinação com a determinação da densidade permite obter módulos de elasticidade.
Tempo de propagação e de atenuamento de uma onda electromagnética
(Diagrafia dielétrica). Com o auxilio de um emissor envia-se para o corpo lítico uma
onda electromagnética de muito alta frequência 1,1GHz). Mede-se o tempo (em
ns/m)que leva essa onda a percorrer 4 cm. Este tempo depende da constante dielétrica
média da unidade que, por sua vez, está relacionada: com a composição mineralógica
da rocha; com a natureza dos fluidos presentes; com a textura da rocha (forma e
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arranjo dos grãos, disposição relativamente ao campo electromagnético, repartição dos
poros), com a estrutura sedimentar (declive aparente).
A água, qualquer que seja a sua salinidade, tem uma constante dielétrica muito
elevada (78,3) comparada à dos hidrocarbonetos (1 a 2) e à dos minerais comuns (4 a
9). Esta medida permite, portanto, determinar a saturação em água do corpo rochoso.
A atenuação da onda (em db/m) depende sobretudo da salinidade.
Inclinação das camadas. Aparelhos munidos de 4 braços independentes
formando ângulos de 90° entre si; cada um tem um patim no qual estão ligados ou um
electrodo alongado (aparelho HDT) ou dois pequenos electrodos circulares que enviam
corrente, situados horizontalmente e afastados 3 cm um do outro (aparelho SHDT).
Estes aparelhos têm elevada sensibilidade devido às pequenas dimensões dos
electrodos (1 cm de diâmetro) e à pequena distância de leituras (2,5 a 5mm de
distância vertical). É possivel distinguir bancadas da ordem do cm desde que tenham
algum contraste na resistividade.
Temperatura (Diagrafia térmica). Mede-se a temperatura com o auxilio de um
termometro constituido por um filamento metálico cuja resistência muda com a
temperatura. O gradiente geotérmico depende da litologia, as variações podem
caracterizar mudanças litológicas, em particular a presença de níveis de evaporitos, de
carvão ou de rochas porosas.
Coesão das rochas. O diâmetro do furo de sondagem é ligeiramente superior
ao da broca. Varia com a coesão das rochas atravessadas, a sua porosidade, textura,
estrutura e a diagénese que sofreram. Ao nível das rochas porosas e permeáveis há
um estreitamento ligeiro no diâmetro. As cascalheiras e areias não consolidadas, as
argilas e rochas fracturadas podem escorregar, provocando aumentos fortes no
diâmetro do furo. Pelo contrário argilas expansivas ou sobre-compactadas reduzem a
abertura do furo chegando a bloquear a broca.
Conceito de electrofácies: conjunto de respostas diagráficas que caracterizam
um banco e que permitem distingui-lo dos bancos vizinhos.
Conceito de electrosequência: intervalo de pronfundidade maior que a
resolução vertical do dispositivo de medida, em que há uma variação gradual e
contínua entre dois valores extremos do parâmetro medido.
Estas variações podem reflectir: mudança gradual da composição mineralógica
(enriquecimento progressivo em argila de um arenito, de um calcário em dolomite, ...);
evolução da textura (tamanho do grão, p. ex.) reflectindo granulotriagem positiva ou
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Estratigrafia e Paleontologia
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negativa; variação na composição mineralógica e da textura (conglomerado ⇓ areia
⇓ argila); evolução da saturação na zona de transição entre o reservatório de petróleo e
o de água (aparece expresso, sobretudo, nas curvas de resistividade). As
electrosequências são divididas em electrobancos de acordo com a amplitude das
variações.
Em resumo, as diagrafias dão indicações sobre a composição das rochas,
textura e estruturas sedimentares, porosidade, ambiente de deposição, diagénese,
tectónica, estratigrafia.
ESTRATIGRAFIA SÍSMICA
Os métodos sísmicos desempenham um papel fundamental em estratigrafia de
unidades situadas no subsolo. Fundamentam-se na análise da propagação na crosta
terrestre de ondas sísmicas provocadas à superfície por explosões, por choque
mecânico ou por vibrações. As ondas propagam-se no subsolo com velocidades
diferentes conforme a natureza dos terrenos atravessados. As ondas emitidas
reflectem-se (sísmica de reflexão) e refractam-se (sísmica de refracção) ao atravessar
as camadas de rochas e são depois registadas na superfície por geofones ou
sismógrafos que transformam a vibração em corrente eléctrica. Regista-se o tempo de
percurso entre o abalo e o regresso da onda depois de reflectida em uma ou mais
superfícies de descontinuidade litológica (conhecida a velocidade de propagação e o
tempo deduz-se a profundidade do reflector).
Uma aplicação muito importante da sismostratigrafia é a de pôr em evidência
sequência sedimentares em função das variações do nível do mar.
As transgressões traduzem-se por sequências positivas e as regressão por
sequências negativas, conforme um esquema clássico pondo em evidência
descontinuidades de 1ª e 2ª ordem. Vail, Mitchum e Thompson utilizaram estas noções
elementares na análise de perfis sísmicos e na interpretação de dados
sedimentológicos em termos de estratigrafia e de paleogeografia. Propuseram um
diagrama com as variações eustáticas do nível do mar no Fanerozóico no qual
distinguem:
• dois ciclos de 1ª ordem (200 a 400 Ma); o primeiro desde o Pré-Câmbrico
terminal até à base do Triásico e o 2º até à actualidade;
• 13 ciclos de 2ª ordem ou paraciclos (10 a 80 Ma); a duração diminui desde o
Câmbrico até à Actualidade, não necessariamente devido a causas geológicas mas a
falta de dados à medida que recuamos no tempo;
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Estratigrafia e Paleontologia
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• muitos ciclos de 3ª ordem (1 a 10 Ma) que até agora apenas foram
caracterizados no Mesozóico e no Cenozóico.
Problemas:
• relacionados com a sedimentação nas planícies abissais, que é quase nula
durante os níveis marinhos altos e muito activa na plataforma continental, e a haver,
muitas vezes, mais descontinuidades nas planícies abissais do que nas margens
continentais;
• deformação tectónica nas margens continentais pode alterar ou compensar o
eustatismo.
• problemas relacinados com variações do nível do mar devidas a modificações
do geoide, perturbações gravitacionais e irregularidades na rotação da Terra (ciclos de
Milankovitch).
Estratigrafia sequencial
O facto de as rochas sedimentares poderem ser descritas como conjuntos de
estratos presumivelmente depositados durante as transgressões separados por
intervalos de não deposição nas regressões constitui a base da estratatigrafia
sequencial. Os limites maiores de sequências deposicionais são devidos a variações
eustáticas do nível do mar, associadas com mudanças climáticas ou com variações na
velocidade de expansão oceânica. A tectónica local pode, também, influenciar a
geração de sequências.
A descrição das sucessões estratigráficas em termos de sequências limitadas
por descontinuidades revelou-se um instrumento importante na pesquisa petrolífera já
que as descontinuidades podem ser reconhecidas nos perfís sísmicos. Pesquisadores
da Exxon Corporation desenvolveram os conceitos de estratigrafia sequencial tendo
proposto uma curva de variação eustática do nível dos oceanos durante o Fanerozóico.
A Estratigrafia Sísmica de reflexão (estudo de horizontes estratigráficos e fácies
correspondentes a partir de perfis sísmicos) contribui para a interpretação e
modelização estratigráfica das fácies e para a reconstituição da história geológica
duma bacia sedimentar, sobretudo quando conjugada com os dados fornecidos por
sondagens executadas na mesma área.
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A análise de uma determinada região feita a partir dos elementos da Estratigrafia
Sísmica permite pôr em evidência superfícies isócronas de descontinuidade e
superfícies correlativas de continuidade. Permite ainda, reconhecer unidades genéticas
(por ex: sequências deposicionais — MITCHUM, 1977) no conjunto dos sedimentos que
preenchem
uma
bacia
sedimentar
ou
margem
continental,
úteis
para
o
desenvolvimento da Estratigrafia Sequencial (VAIL et al., 1987). A sua definição sucinta
constitui a metodologia que permite definir um quadro cronostratigráfico à escala
global, baseando-se na datação precisa de descontinuidades de origem eustática, que
limitam unidades genéticas de deposição.
A Estratigrafia Sequencial, consiste, essencialmente, na identificação das camadas
geneticamente correlacionáveis; teve origem na análise sísmica da geometria dos
depósitos sedimentares. Fundamenta-se em vários conceitos partindo da hipótese que
a organização sedimentar é controlada por ciclos eustáticos, i.e., variações globais do
nível do mar (positivas ou negativas) que permitem correlações à escala do Globo.
Este princípio teve, inicialmente, uma grande aceitação.
É um método sintético desenvolvido por Vail e seus colaboradores (VAIL et al.,
1977; 1987; 1991; HAQ et al., 1987; 1988; VAN WAGONER et al., 1988; HAQ, 1991;
MITCHUM & VAN WAGONER, 1992; POSAMENTIER et al., 1992; POSAMENTIER & ALLEN,
1993; POSAMENTIER & JAMES, 1993) a partir da análise de perfís sísmicos e da
observação de campo das relações geométricas entre conjuntos de estratos
genéticamente relacionados (unidades genéticas) e das unidades cronostratigráficas,
tentando estabelecer um gráfico, tão detalhado quanto possivel, dos ciclos eustáticos.
Aubry (1992), afirma que a Estratigrafia Sequencial é entendida por muitos Geólogos
como a expressão no registo estratigráfico da história das variações do nível do mar,
principalmente devido a variações eustáticas que permitam correlações a escala global.
A Estratigrafia Sequencial é, pois, um conjunto de procedimentos que permitem
identificar as camadas geneticamente correlacionáveis, tendo, como ponto de partida, a
análise sísmica da geometria dos depósitos cuja organização sedimentar é controlada
por ciclos eustáticos, permitindo correlações globais.
Esta nova leitura a partir da Estratigrafia Sequencial deve apoiar-se em dados
litostratigráficos e biostratigráficos.
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A Estratigrafia Sequencial foi largamente aplicada com graus variáveis de rigor e
de precisão. As dificuldades surgidas têm diversas origens: o modelo conceptual que
descreve a organização dos depósitos e as variações eustáticas foi definido a partir dos
dados da estratigrafia sísmica e não por análise directa de campo; o modelo diz
respeito, no essencial, aos sedimentos siliciclásticos e a sua adaptação às fácies
carbonatadas não é de aplicação imediata.
Para a aplicação correcta da Estratigrafia Sequencial é necessário ter em conta
algumas restrições:
1 - um bom conhecimento dos conceitos fundamentais aplicáveis em qualquer
circunstância;
2 - a adaptação do modelo aos paleoambientes e depósitos em estudo;
3 - a transferência de princípios e métodos para a análise de afloramentos.
APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE ESTRATIGRAFIA SEQUENCIAL
Os conceitos da Estratigrafia Sequencial, segundo POSAMENTIER & JAMES (1993),
podem ser utilizados, fundamentalmente, com objectivos sintéticos e analíticos. Os
primeiros, envolvem a datação dos modelos desenvolvidos a partir das sucessões
estratigráficas locais, através da correlação da estratigrafia local com a curva dos ciclos
globais de HAQ et al. (1987). Os segundos, envolvem a previsão da litologia com base
na interpretação da ciclicidade dos registos fornecidos pelas rochas (POSAMENTIER et
al., 1988).
No primeiro caso, a idade dos modelos é baseada na assumpção de que as
sucessões estratigráficas preservadas na bacia sedimentar dependem mais do
eustatismo do que da tectónica local. Isto significa que as variações eustáticas variam
com maior frequência e amplitude que o tectonismo local e portanto são dominantes.
Do ponto de vista analítico, a aplicação da Estratigrafia Sequencial envolve o
reconhecimento da litologia como resposta às variações do nível relativo do mar
(eustatismo) e da tectónica. Preocupa-se com a interpretação e modelização das
associações de fácies a partir de dados de geologia de subsolo, recorrendo à
estratigrafia sísmica, ou de dados de campo que permitam reconhecer os limites dos
ciclos e as suas partes constituintes numa determinada bacia sedimentar. O objectivo é
reconhecer, de entre os materiais que constituem o enchimento de uma bacia
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sedimentar,
os
que
são
limitados
por
superfícies
de
descontinuidade
que
correspondam a mudanças nas condições de génese e que afectem o conjunto da
bacia. Estas unidades são designadas por unidades genéticas.
O estudo de uma bacia sedimentar deve iniciar-se pelos aspectos analíticos,
tentando reconhecer as unidades genéticas e precisar, o mais possível, a datação dos
diferentes eventos bem como os seus limites. Deve recorrer-se a toda a informação
disponível, sendo o resultado final tanto mais fiável quanto mais e melhor informação
se dispuser. A posição dos limites das unidades genéticas faz-se a partir de dados de
geologia de campo, com o reconhecimento das descontinuidades através de
observações de superfície
ou de subsolo (sísmica e sondagens). A datação deve
fazer-se utilizando os dados biostratigráficos disponíveis a que se devem juntar, se
possível, dados magnetostratigráficos e/ou outros. Numa segunda fase (análise
sintética) comparam-se os dados obtidos com os de outras bacias vizinhas e com os
dados a escala global para verificar se há ou não coincidência de acontecimentos, e
deduzir e caracterizar os fenómenos locais, regionais e globais.
Unidades genéticas, sequencias deposicionais e cortejos sedimentares
As unidades genéticas constituem os materiais que enchem a bacia sedimentar
separados por superfícies que indicam, ou reflectem, os acontecimentos que
afectaramn toda a bacia. Os dados estratigráficos mais facilmente observáveis são as
superfícies de descontinuidade, reconhecíveis, essencialmente, no bordo das bacias
sedimentares, e que passam a superfícies de continuidade para o interior da bacia. As
unidades genéticas correspondem, pois, a unidades alostratigráficas.
As sequencias deposicionais correspondem aos estratos geneticamente
relacionados, relativamente concordantes, delimitados a tecto e a muro por
descontinuidades e pelas continuidades correlativas que podem ser de tipo 1 ou 2.
A sequencias deposicionais de tipo 1 são as que se iniciam por descontinuidades
de tipo 1, geradas por descidas bruscas do nível do mar e que implicam erosão subaérea em grande parte da plataforma, e erosão submarina na parte mais profunda e
mesmo do talude. As sequencias de tipo 2 são as que têm na base descontinnuidades
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de tipo 2, geradas por descidas lentas do nível do mar, e que implicam uma emersão
parcial da planície costeira não acompanhada por erosão sub-aérea.
Os parâmetros que se utilizam para a classificação e sistematização das
sequencias deposicionais são: as mudanças relativas de recobrimento costeiro que
refelectem as subidas do nível do mar; a localização da linha de costa que marca os
episódios transgressivos e regressivos; a localização das superfícies de biselamento
basal; e as secções condensadas.
As secções condensadas definem-se como as fácies
depositadas nos
momentos de extensão máxima do mar durante um ciclo eustático e que correspondem
ao limite entre o intervalo de subida e de descida do nível do mar; separam as fácies
transgressivas das regressivas numa dada sequencia deposicional. Caracterizam-se
por abundância e diversidade dos fósseis, presença de minerais autigénicos, como
fosfatos, glauconite, etc.; abundância de materiais orgânicos; taxa de sedimentação
muito baixa (em regra inferior a 1 cm / 1000 anos). Assim, a maioria dos sedimentos
pelágicos, e boa parte dos hemipelágicos, correspondem a sedimentação condensada.
As sequencias deposicionais inserem-se em ciclos de ordem diversa. Os 1º
ordem têm duração superior a 50 Ma e podem ser considerados tectono-eustáticos;
correspondem a mudanças maiores na posição das linhas de costa devidas a
fragmentação dos supercontinentes. Os ciclos de 2ª ordem são, também, considerados
como tectono-eustáticos e podem ser interpretados como estando relacionados com
mudnaças maiores na posição das linhas de costa devido a mudanças nas taxas de
subsidência tectónica responsável pelas grandes transgressões e regressões que
podem ser globais. Os ciclos de ordem inferior (3ª e 4ª ordem) parecem estar
relacionados com alterações no espaço disponível para a sedimentação (espaço de
acomodação). Os de 3ª ordem correspondem às sequencias deposicionais e são
delimitados por superfícies de descontinuidade que marcam interrupções na
sedimentação com ou sem erosão das plataformas. Podem dever-se a factores globais,
regionais ou locais. Os factores globais são as mudanças eustáticas. Os de 4ª ordem
podem dever-se a factores locais ou a glacio-eustatismo.
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As sequencias deposicionais podem ser subdivididas em cortejos sedimentares
e em parasequencias. Estas últimas são sucessões relativamente concordantes de
estratos limitados por superfícies de inundação marinha.
Os cortejos sedimentares correspondem a conjuntos de sistemas deposicionais
contemporâneos e formados sob as mesmas condições de nível do mar. Por exemplo,
um cortejo sedimentar é formado pelos sistemas deposicionais fluvial, costeiro, de
platforma e de talude que passam, gradualmente, de uns aos outros, e que estão
incluídos na mesma sequencia deposicional, e se formaram num intervalo de tempo
com polaridade definida do nível do mar (subida, descida, estabilização). Os modelos
de cortejos sedimentares são estabelecidos em função dos seus limites, da posição na
sequencia deposicional, da geometria e do carácter transgressivo, ou regressivo,
progradante ou retrogradante.
Assim, as superfícies de descontinuidade limitam cortejos sedimentares
associados em sequências de deposição de 3 tipos:
− o cortejo sedimentar de baixo nível marinho é o termo inferior de uma
sequência que sucede a uma descontinuidade de tipo 1 ou 2.
− o cortejo transgressivo é o termo médio de uma sequência. Forma um
biselamento de agradação retrogradante (em direcção ao continente); fica
compreendido entre a superfície de transgressão, na base, e a superfície de
máxima inundação, no topo.
− o cortejo de alto nível marinho constitui o termo superior de uma sequência.
O modelo de organização geométrica dos depósitos sedimentares depende do
espaço criado pela acumulação potencial de sedimentos. Este espaço disponível
(poder de acomodação) é função de dois parâmetros essenciais: a taxa de subsidência
e a variação do nível do mar. Se a taxa de subsidência se comportar de uma forma
relativamente constante, a variação do nível do mar determina o enquadramento do
espaço disponível.
Nas plataformas estáveis, onde a produção sedimentar é relativamente constante,
as características geométricas dos depósitos apresentam as seguintes características:
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− deslocamento do biselamento de agradação costeiro em direcção ao continente
durante um período de subida das águas, e em direcção ao centro da bacia
quando há abaixamento do nível marinho;
− evoluções batimétricas numa sequência de deposição, i.e., a profundidade da
sedimentação diminui, geralmente, nos cortejos sedimentares de baixo nível e
cresce no cortejo transgressivo, portanto quando há aumento do nível das
águas.
O modelo definido por Vail e colaboradores foi definido numa margem continental
passiva e assenta em 4 pressupostos: a taxa de subsidência do fundo do mar é
constante; a subsidência da margem aumenta para o interior do oceano; o acarreio
sedimentar é constante; a variação eustática do nível do mar, para intervalos
relativamente curtos de tempo (alguns Ma), tem um comportamento sinusoidal. A taxa
de variação eustática é zero nos máximos e minímos da curva; marcam o final de uma
subida e o início de uma descida ou o final de uma descida e o principio de uma
subida. Os máximos e mínimos da taxa de variação correspondem a aos pontos de
inflexão da curva e situam-se nos pontos médios dos ramos ascendentes e
descendentes da curva.
O caso mais simples é o de uma sedimentação com taxa constante. Quando
ocorre uma descida rápida do nível do mar, e se forma uma descontinuidade de tipo 1,
passa-se de um cortejo de nível alto, progradante e regressivo, a um intervalo em que
domina a erosão com redepósito de materiais em leque submarino. Passado o ponto
de inflexão, e antes de atingir o mínimo da curva, reenicia-se a sedimentação, mas em
áreas mais afastadas do continente, com um novo dispositivo progradante que se
instala numa superfície de disconformidade com geometria de biselamento basal sobre
os depósitos anteriores do leque submarino.
Quando a descida é lenta, com sedimentação constante com taxa uniforme que
supera a taxa de incremento do espaço de acomodação, haverá tendência regressiva.
Para o intervalo descendente da curva, compreendido entre o máximo e o ponto de
inflexão, há diminuição do espaço disponível pelo que se depositam corpos líticos com
volume decrescente dos materiais agradados (sequencias estratodecrescentes)
enquanto que na parte progradante se dá o contrário. Trata-se de um intervalo com
taxa de regressão crescente. Quando se atinge o ponto de inflexão, a taxa de
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incremento do espaço disponível é zero; gera-se uma descontinuidade de tipo 2, que
implica emersão parcial da plataforma. Na parte da curva compreendida entre o ponto
de inflexão e o mínimo da curva eustática inverte-se a polaridade do dispositivo
regressivo de tal modo que a taxa de regressão diminui e com ela os diversos corpos
sedimentares depositados em sucessivas unidades de tempo geram dispositivos
geométricos contrários aos anteriores.
Cortejos sedimentares em margens continentais siliciclásticas
Nas margens continentais passivas, com acarreio sedimentar continuo, as
variações do nível do mar produzem cortejos sedimentres cíclicos.
A partir do limite inferior da sequencia deposicional, marcado por uma
descontinuidade de tipo 1, ocorrem os depósitos locais de enchimento dos vales
encaixados e/ou dos canhões submarinos. O primeiro cortejo é o leque submarino a
que se segue uma cunha do cortejo de nível baixo que inclui complexos de canais e
progradantes. Sobre este cortejo, e separado por uma superfície transgressiva,
deposita-se o cortejo transgressivo que termina pela superfície de máxima inundação
que passa lateralmente a uma secção condensada. Sobre esta superfície, inicia-se o
cortejo de nível alto, progradante e regressivo, que termina por nova superfície de
descontinuidade, neste caso de tipo 2. No início da sequência seguinte deposita-se um
cortejo em cunha de bordo de plataforma.
Assim, o cortejo de nível alto é o conjunto de sedimentos depositados quando o
nível do mar está alto e que se caracteriza por dispositivos progradantes . A
progradação, quando os acarreios são suficientes, corresponde ao avanço dos
sistemas deposicionais deltaicos sobre os de plataforma e destes sobre os de talude.
Uma descida brusca do nível do mar provoca a exposição sub-aérea da
plataforma e o início do cortejo de nível baixo. Globalmente, estes são conjuntos de
sedimentos depositados numa fase de nível baixo do mar. Imediatamente após uma
descida brusca do nível do mar há interrupção na sedimentação e erosão que
ocasionam o aparecimento de descontinuidades de tipo 1 sobre as quais se depositam
os cortejos de nível baixo. Estes depósitos podem ser de dois tipos: cortejos de leque
submarino — acumulações de depósitos derivados da erosão da plataforma e das
partes altas do talude em fases de de nível baixo, caracterizados pela presença de
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turbiditos e fácies afins; cunhas de nível baixo — depositadas quando o mar tem o nível
mais baixo (mínimo eustático); este cortejo é constituído por sistemas deposicionais
regressivos, acumulados sobre o antigo talude, no final de uma descida rápida do nível
do mar, quando a linha de costa se desloca para o talude superior. Na base da cunha
de nível baixo individualiza-se um complexo de canais com fácies hemipelágicas com
intercalações de turbiditos não relacionados com leques.
Se a descida é lenta, e a descontinuidade formada é de tipo 2, o cortejo de nível
baixo é muito diferente dos anteriores. Forma-se um cortejo de margem de plataforma,
que é um conjunto de sistemas deposicionais acumulados sobre a plataforma
continental externa e o talude, formado por corpos regressivos com configuração
sigmoidal, com aumento de espessura para a parte superior devido a um aumento
progressivo do espaço de acomodação.
Uma subida rápida do nível do mar produz uma transgressão sobre as áreas
costeiras e o depósito de sedimentos hemipelágicos sobre a plataforma. As condições
sedimentares, anteriormente predominantemente regressivas, mudam e instala-se um
cortejo transgressivo constituído por parasequencias retrogradantes desenvolvidas
durante a subida relativa do nível do mar. A superfície culminante do cortejo
transgressivo é a superfície de máxima inundação em relação com a qual se depositam
as séries condensadas. Quando se ultrapassa o ponto de inflexão modificam-se as
condições sedimentares e implanta-se novo cortejo de nível alto com dispositivos
progradantes com o que termina o ciclo.
Diferenciam-se dois tipos de sequências deposicionais conforme o tipo de
descontinuidade da base e com a distribuição dos cortejos sedimentares. As
sequencias deposicionais de tipo 1 (com descontinuidade basla de tipo 1)
caracterizadas por uma sucessõa de cortejos sedimentares passando de cortejos de
baixo nível a cortejos transgressivos e cortejos de nivel alto, enquanto as sequencias
deposicionais de tipo 2 (com descontinuidade basal de tipo2) compreende os cortejos
de margem de plataforma, transgressivo e de nível alto. Nas sequencias de tipo 1
desenvolve-se um cortejo de nível baixo com erosão da plataforma e redeposição nas
partes profundas (leques submarinos) enquanto que as sequencias de tipo 2 se iniciam
com um cortejo de margem de plataforma.
TERMOLUMINESCÊNCIA
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Termoluminescência natural é a propriedade de certos minerais libertarem
emissões luminosas por estimulação térmica desde que antes tenham sido submetidos
a radiação natural ou artificial por urânio, tório, potássio 40, .... Resulta da libertação de
energia produzida pelo deslocamento de electrões no interior dos cristais. Nas
condições normais de temperatura estes electrões tendem a situar-se nos defeitos da
rede cristalina. Quando se eleva a temperatura de algumas centenas de graus os
electrões libertam-se e são emitidos fotões. As emissões são muito fracas e são
necessários fotomultiplicadores para as registar. A intensidade luminosa é registada em
curvas em função da temperatura.
Quase todos os minerais são termoluminescentes (quartzo, feldspatos, calcite,
dolomite, zircão, apatite, piroxenas, ...). A sua termoluminescência está relacionada
com as condições de cristalização ou de recristalização, a pressão, a temperatura, a
dose de radiação recebida, e não é afectada pela alteração.
Termoluminescência artificial.
Aplicações:
• geocronologia; a intensidade da termoluminescência é função da dose
de radiação recebida; a altura do pico de termoluminescência natural é
proporcional à idade. Normalmente basta conhecer a altura do pico
resultante de uma dose anual de radiação do mineral. A dose total
medida na amostra dividida pela dose anual dá a idade. Aplica-se no
14
Quaternário, entre o limite de aplicação do C (±50 000 anos) e o início
do K/Ar (100 000 e os 200 000 anos);
• cronologia relativa;
• paleogeografia;
• correlação de níveis litologicamente semelhantes.
RESSONÂNCIA ELECTRÓNICA DE SPIN
A RES explora a acumulação, devida a radiactividade natural, de electrões
celibatários nos defeitos cristalinos. Um electrão pode ser considerado como uma
esfera carregada negativamente e afectada por um movimento de rotação. Portanto
possui um momento magnético ou spin não nulo. Nos átomos e moléculas, os electrões
estão associados em pares com spin opostos o que garante a neutralidade magnética
global. As radiações produzidas pela radiactividade natural interagem com o meio
ambiente essencialmente por ionização. Nos minerais, a maior parte dos electrões
livres assim criados recombinam-se quase imediatamente com os iões deficitários de
electrões, mas uma pequena parte fica retida nos defeitos da rede cristalina
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(impurezas, deslocações, ...). Estes electrões não emparelhados comportam-se como
pequenos imans podendo responder a um campo magnético externo suficientemente
poderoso. É esta propriedade que é usada nas medições de RES.
Em geocronologia o método é aplicado na datação de depósitos carbonatados
(estalagmites, estalactites, travertinos, concreções diversas) pleistocénicos, corais e
conchas marinhas. Pode aplicar-se a ossos fósseis e mesmo a falhas a partir do
quartzo de enchimento.
MÉTODOS GEOQUÍMICOS
Teor de fluor nos ossos
O teor crescente de fluor nos ossos e dentes quaternários. Aplicações , p. ex. ao
"homem de Piltdown".
Racemização de aminoácidos
Os aminoácidos podem conservar-se durante a fossilização. Apresentam duas
formas estruturais para a mesma composição química (isómeros) que se distinguem
pelas propriedades ópticas (levógiras e dextrógiras). Os organismos produzem,
essencialmente, aminoácidos levógiros que, após a morte, se transformam em
dextrógiros atingindo um equílibrio entre as duas formas, ópticamente inactiva
(racemização) a velocidade de racemização depende dos aminoácidos intervenientes e
da temperatura. A razão entre os dois isómeros permite conhecer o tempo decorrido
após a morte do organismo.
Exemplos: metade do tempo de racemização do ácido aspártico é de 5 700 anos
a uma temperatura de 20°; da isoleucina é de 100 000 anos.
Dificuldades de aplicação:
• pureza das amostras (sem contaminações);
• controlo da temperatura a que o aminoácido esteve sujeito no decurso
dos processos de fossilização e de diagénese.
Isótopos estáveis
Condições para que modificações geoquímicas na composição dos oceanos
possam servir de marcadores estratigráficos:
• ser reconhecida à escala global;
• ter curta duração;
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• ser possivel de localizar, sem ambiguidade, na escala temporal.
18
16
Relação O/ O
Selecção dos isótopos de oxigénio pela evaporação da água.
16
18
Enriquecimento do vapor em O e do liquído em O. Valor da razão
18
16
O/ O=1/500, em condições normais. Variação em função dos ambientes:
16
• a água doce é mais rica de O do que a água salgada de onde provém
por evaporação e precipitação;
18
• águas quentes são mais ricas de O por se evaporarem mais;
18
16
• a relação O/ O é maior nas águas intertropicais do que nas polares e
maior no verão do que no inverno.
As conchas dos organismos aquáticos retêm esta relação por se encontrarem
18
16
em equilíbrio com o meio. O valor da relação O/ O pode indicar a temperatura da
água e as suas variações sazonais.
Limitações do método:
• mistura de águas oceânicas;
• velocidade de sedimentação;
• precisão da amostragem;
• dissolução selectiva das conchas.
Outro isótopos utilizáveis:
13
12
• C/ C;
18
34
• O/ S
• 87Sr/86Sr.
CORRELAÇÕES
Conceito e métodos de correlação
A correlação como operação fundamental da Estratigrafia; estabelecimento de
correspondência temporal ou contemporaneidade, entre unidades litológicas mais ou
menos afastadas geográficamente.
Unidades equivalentes ou sincrónicas:
• se houver continuidade e passagem lateral entre elas;
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Estratigrafia e Paleontologia
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• se as unidades, mesmo de fácies diferentes estiverem enquadradas por
outras equivalentes;
• se contiverem fósseis característicos da mesma idade;
• se forem da mesma idade segundo determinações radiométricas.
Insuficiência da semelhança de fácies para o estabelecimento de correlações
sincronas.
O estabelecimento de correlações por comparação das características das
unidades:
• relações geométricas;
• litologia;
• conteúdo paleontológico;
• sedimentologia;
• geofísica;
• geoquímica;
• paleomagnetismo;
• geocronologia isotópica;
• geomorfologia;
• paleossolos.
Métodos geométricos de correlação
Continuidade litológica com as
descontinuidade.
unidades
Métodos físicos de correlação
Geocronologia,
magnetostratigrafia,
termoluminescência.
encaixantes.
diagrafias,
Superfícies
de
sismostratigrafia,
Métodos sedimentológicos e geoquímicos
Marcadores litológicos, minerais argilosos, minerais pesados, tefrocronologia,
análise sequêncial, análise isotópica, análise de oligoelementos.
Métodos paleontológicos
Métodos geomorfológicos e de paleossolos
Variações de geomorfologia induzidas por variações bruscas de clima
(glaciações, p. ex.). Aplicação ao Quaternário. Limitações derivadas da dificuldade de
reconhecimento de fases sucessivas de glaciações diferentes.
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Estratigrafia e Paleontologia
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Os solos, o material original e o clima. Os solos fósseis como indicadores de
mudanças bruscas de climas se a evolução diagenética for fraca. Aplicação ao
Quaternário.
Métodos quantitativos de correlação
Métodos automáticos com base em bancos de dados. Diagramas em rede.
Coeficientes de correlação.
Espectros de associação e de exclusão. Compatibilidade de espécies.
Associações unitárias. Intervalos de coexistência e de separação. Omni-associações.
Horizontes locais. Equivalentes permutatórios. Escala biocronológica como uma
sucessão irreversível de intervalos de coexistência de espécies exclusivas.
Exemplos de aplicação.
Correlação de escalas estratigráficas
Correlação entre escalas biostratigráficas regionais.
Correlações entre escalas baseadas em organismos marinhos e em organismos
continentais através da análise das fácies de transicão e dos ambientes marinhos
litorais. O elevado interesse dos pequenos mamíferos.
Tentativas e dificuldades de estabelecimento de escalas globais. Exemplos.
Correlações entre escalas radiocronológicas globais, paleomagnéticas,
biostratigráficas de foraminíferos planctónicos e de nanoplâncton através do estudo dos
fundos oceânicos. O "Deep sea drilling project". Possibilidade de utilização até os 200
Ma nos oceanos Atlântico e Pacífico. Precisão dos resultados e densidade de
amostragem.
SÍNTESE
Escolha dos métodos de estudo
Principais condicionantes do método de estudo a utilizar.
• Finalidade da pesquisa
• datação biocronologia;
• radiocronologia.
• Correlações à escala da bacia sedimentar
• métodos sedimentológicos;
• físicos;
• biocronológicos;
• paleoclimáticos;
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• gecronológicos e de paleossolos.
• Correlações entre bacias sedimentares
• biocronologia;
• paleobiogeografia;
• eustatismo;
• inversões de polaridade magnética (pelas dominantes normal, inversa e
perturbada);
• paleoclimáticos;
• tefrocronologia.
• Dados disponíveis
• Sequências fossilíferas
• biocrologia;
• paleoecologia;
• paleoclimatologia;
• paleobiogeografia.
• Sequências de rochas ígneas e/ou sedimentares com minerais radioactivos
• radiocronologia.
• Modo de investigação
• Estudos de superfície
• biostratigrafia;
• sedimentologia;
• radiocronologia;
• paleomagnetismo;
• paleoclimatologia.
• Estudos de subsolo
• diagrafias;
• sísmica de reflexão;
• biostratigrafia (microrganismos);
• paleoecologia;
• paleobiogeografia;
• paleoclimatclogia.
Relações entre processos geodinâmicos globais e evolução biológica
Relações entre o entumescimento térmico das cristas oceânicas e as
transgressões marinhas. Desenvolvimento da fauna e flora marinhas por aumento do
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Estratigrafia e Paleontologia
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espaço vital. Exemplos de renovação faunística e mudanças eustáticas no Jurássico.
Isolamento das formas continentais, endemismos e evolução disjunta.
A diminuição da taxa de expanção oceânica, redução das cristas médias e
regressões marinhas. Continentalização dos climas redução das plataformas marinhas;
diminuição do espaço vital em domínio marinho e, consequente isolamento de faunas e
floras; expansão e diversificação dos organismos continentais.
Inversões de polaridade magnética e evolução biológica. A anulação do campo
magnético terrestre quando das inversões de polaridade; destruição dos anéis de Van
Allen e o aumento de radiação cósmica sobre a superfície terrestre. Rupturas
evolutivas e acumulação de biomassa nos fundos oceânicos. Coincidência entre
algumas das grandes mudanças no mundo biológico e as inversões de polaridade.
Neocatastrofismo; continuidade e descontinuidade alternantes ao longo da história da
Terra. Influência da escala de observação - toda a continuidade (sincronia) a grande
escala se transforma em descontinuidade (heterocronia) a pequena escala.
Sínteses paleogeográficas
As síntese locais e regionais; correlações.
As análises globais. reconstituição das áreas marinhas e continentais à escala
do Planeta e sua evolução temporal. Geoistória.
______________________________________________________________________
78
Hadaíco – 4600-4000 Ma
Arcaico – 4000-2500 Ma
Proterozóico – 2500 – 650 Ma
Fanerozóico:
Vêndico (650-540 Ma)
Câmbrio (540-500 Ma)
Ordovícico (500-435 Ma)
Paleozóico (650-250 Ma)
Silúrico (435-410 Ma)
Devónico (410-360 Ma)
Carbonífero (360-300 Ma)
Pérmico (300-250 Ma)
Triásico (250-205 Ma)
Mesozóico (250-65 Ma)
Jurássico (205-135 Ma)
Cretácico (135-65 Ma)
Paleocénico (65-53 Ma)
Paleogénico
Eocénico (53-34 Ma)
(65-23.5 Ma)
Oligocénico (34-23.5 Ma)
Miocénico (23.5-5.3 Ma)
Cenozóico (65 Ma- Act.)
Neogénico
(23.5-1.8 Ma)
Pliocénico (5.3-1.8 Ma)
Plistocénico (1.8-0.001 Ma)
Quaternário
(1.8 Ma- Act)
Holocénico (0.001 – Act.)
1) Descrever o Hadaíco (orogenia, subdivisões, limites, etc).
A Terra formou-se à 4600 Ma, estas datações são feitas essencialmente a partir de
meteoritos. Este é o período de formação da Terra, em que devido ao arrefecimento
do magma, se dá a formação do manto e consequente formação da crosta continental
e oceânica. Durante este período, também se dá a modificação do ambiente da Terra
e em relação aos compostos químicos, temos um aumento de C, N e O e uma
diminuição de H, verificando-se também uma diminuição de CO2 nos sedimentos.
Nesta altura, a Terra é alvo de um intenso bombardeamento de meteoritos. As
primeiras rochas datam de 4000 Ma e denominam-se por Acasta. Estas rochas
metamorfizadas continham zircão, que foi datado de 4400 Ma, indicando que a Terra
nesta altura, por volta dos 4000 Ma, já estaria suficientemente fria para ter água no
estado líquido, possibilitando desta forma o transporte de sedimentos para a
formação de rochas sedimentares. Este facto, vem contrariar os pensamentos de que
este seria o período do magma e que se estendia por mais tempo.
Entre os 4500-4400 Ma dá-se a formação da Lua, provavelmente devido ao choque
de uma grande meteorito com a Terra, tendo dado origem a duas grandes massas, a
Terra e a Lua.
2) Descrever o Arcaico (orogenia, subdivisões, limites, etc).
Este período situa-se entre os 4000-2500 Ma. O limite superior é um pouco
arbitrário, pois é colocado em relação à fase de formação do Cretão da Rodésia, em
África, sendo esta uma zona estável do ponto de vista tectónico, que deu origem à
intrusão do Dique do Zimbabué (2500 Ma). Nesta altura, não há grandes registos
fósseis. Por volta dos 3500 Ma, identifica-se o enriquecimento de um isótopo de C e a
presença de bactérias ancestrais, a concentração de oxigénio era ainda fraca.
3) Descrever o Proterozóico (orogenia, subdivisões, limites, etc.).
O Proterozóico, situa-se entre os 2500 e os 650Ma. Este encontra-se dividido em
Proterozóico Inferior, Médio e Superior.
Neste período de tempo, possivelmente já existiam placas. Por volta dos 1000 Ma,
no Proterozóico Médio, existiu uma grande massa continental única, denominada por
Rodínia, e já apresentava vestígios de orogénese, isto é, formação de cadeias
montanhosas.
Entre os 1000-650 Ma, este grande continente foi fracturado, tendo logo de seguida
se fundido novamente, dando origem a várias cadeias montanhosas, entre elas uma
de extrema importância a Pan-Africana.
Muitas vezes o Proterozóico é designado por Pré-Câmbrico. Também durante este
intervalo de tempo registaram-se 2 variações bruscas do clima, os registos fósseis
desta época apontam para 2 fases de glaciação, entre os 800-700 Ma e os 600-650
Ma. Estas evidências resultam de depósitos característicos de regiões frias, que
resultam do transporte do gelo, sendo designados por tilitos. Estes ocorrem em
todos os continente actuais. Nos intervalos glaciares o frio deve ter sido intenso, já
que há vestígios de os glaciares terem atingido o nível do mar, mesmo nas regiões
equatoriais de então.
Estas mudanças climáticas drásticas podem ter sido originadas pela elevação de
diversas cordilheiras montanhosas. Este facto, terá originado um forte aumento da
alteração de rochas silicatadas o que conduziu à remoção de grandes quantidades de
CO2 da atmosfera e a um consequente arrefecimento do clima.
Os Estromatólitos, são abundantes (2500 Ma), embora os mais antigos estejam à
volta dos 3000 Ma. Começam também a aparecer as primeiras rochas carbonatadas
(1800 Ma). Mais ou menos por essa altura, verifica-se a diminuição de ferro bandado,
passando a ser frequente o aparecimento de camadas vermelhas.
Este período termina por volta dos 650 Ma, onde começam a haver indícios dos
primeiros organismos metazoários e com os primeiros esqueletos.
4) Descrever o Pleozóico (orogenia, subdivisões, limites, etc).
O Paleozóico é a Era da vida antiga, que se estende entre os 650 e os 250 Ma. O
Paleozóico divide-se em: Paleozóico Inferior (570-435 Ma), que contém os sistemas
Câmbrico e Ordovícico; o Paleozóico Médio (435-355 Ma), que contém os
sistemas Silúrico e Devónico e Paleozóico Superior (355-250 Ma), que contém os
sistemas Carbonífero e Pérmico. Esta Era, está relacionada com 2 ciclos: o
Hersínico e o Caledónico, que são constituídos por diversas fases tectónicas.
As principais fases do ciclo Caledónico são: a Sarda (Câmbrico-Ordovícico), a
Tacónica (Ordovícico-Silúrico) e a Ardénica (final do Silúrico).
As principais fases do Ciclo Hersínico são: a Bretã (limite DevónicoCarbonífero),
a
fase
Sudética
(Carbonífero
Inferior-Médio),
a
Astúrica
(Carbonífero Médio-Superior), a Saálica (Crabonífero-Pérmico) e a fase Palatina
(no final do Pérmico).
A Era é limitada superiormente pela última fase do Ciclo Hersínico, – a fase
Palatina. Já na sua base teríamos a fase Assíntica, que origina as descontinuidades
entre o Paleozóico e o Proterozóico.
O ciclo Caledónico corresponde à movimentação de um grupo de placas que se
originaram a partir da Rodínia. No início do Paleozóico teríamos a Gonduana, a
Laurência, a Báltica e ainda 2 mais pequenas, a Armórica e a Avalónica.
…(COMPLETAR!!!)
5) Descrever o Mesozóico (orogenia, subdivisões, limites, etc).
Esta Era decorreu entre o final da Era Pleozóica e o início da Era Cenozóica. Durou
cerca de 160 Ma (menos de metade da Paleozóica e mais do dobro da Cenozóica).
Inicia-se o ciclo Alpino. Os climas eram mais quentes que os actuais. As águas dos
mares eram cerca de 10ºC mais quentes que as dos nossos dias. Nos mares existiam
organismos planctónicos como, cocolitoforídeos, dinoflagelados e foramíniferos, estes
por sua vez serviam de alimento para as amonites e belemnites. Já nos continentes,
os répteis atingiram uma expansão notável, e foi a partir deles que surgiram as aves e
os mamíferos. Também as Angiospérmicas apareceram no decurso desta Era.
Iniciou-se a fragmentação da Pangeia, o que levou ao surgimento do Oceano
Atlântico através de rifting e de expansão oceânica.
A Era Mesozóica encontra-se subdividida em três períodos: Triásico (250-208 Ma),
Jurássico (28-145 Ma) e Cretácico (145-65 Ma).
O limite Inferior é do tipo paleontológico, na continuação do Pérmico, na Europa
Ocidental e na América. Na Europa, a orogenia Hercínica culminou com a fase
Saálica, a que se segue longo intervalo de acumulação de materiais detríticos, de cor
vermelhas, que cavalgam o limite entre as duas Eras e prosseguiu durante o Triásico
(New Red Sandstones) e existem um pouco por toda a parte. Em Portugal, são os
grés de Silves.
Na Ásia existe uma discordância entre o Pérmico e o Triásico, devido ao
levantamento dos Montes Urais – Fase Platina. Já na Rússia, por exemplo, o
Triásico é marinho.
Quanto ao limite Superior, é marcado por uma grande crise biológica possivelmente
pela degradação climática e mudanças estratigráficas, que levaram à extinção das
amonites. Dinossauros, etc.
As duas Américas vão-se deslocando para Oeste com o desenvolvimento de uma
zona de subducção na parte ocidental e levantamento dos Andes e da Serra Nevada
durante o Jurássico Superior (fase Andina e Nevádica, aproximadas e equivalentes
à fase Neocimérica na China) e no Cretácico (fase Larâmida), afectando os Andes a
Sul e as Montanhas Rochosas a Norte.
Quanto à movimentação na Mesogeia temos a Fase Paleocimérica, no limite
Triásico-Jurássico, que afectou a região da Crimeia e a Ásia de SE; a Fase
Neocimérica, no final do Jurássico, responsável pela deposição dos flishs
titonianos e marcou o final da extensão da Mesogeia e o início das compressões; a
Fase Austríaca, no meio do Cretácico com recrudescimento das fáceis flish,
instalação de mantos de carreamento nos Alpes orientais e intensificação do
metamorfismo na zona axial dos Pirinéus, Ásia Menor e nos Cárpatos.
Quanto à Paleogeografia, em contraste com o Paleozóico, que é caracterizado por
numerosas colisões continentais que levaram à constituição da Pangeia, o Mesozóico
é uma Era de fragmentação, com separação da Pangeia em diversas áreas
continetais. O rifting teve o seu início no Triásico Superior. Contudo, as principais
fases de fragmentação ocorreram no Jurássico e Cretácico, continuando no
Cenozóico, conduzindo à configuração actual dos continentes.
No Jurássico, a Eurásia começou a separar-se da América do Norte, dando origem
à abertura do Oceano Atlântico. O bloco Antárdida separou-se da Gondwana e
derivou para Este. A Índia também se separa e inicia um trajecto em direcção a Norte.
No jurássico Superior, a Laurásia vai-se afastar da África-América do Sul. A península
Ibérica rodou para Sul abrindo-se o Golfo da Gasconha, permitindo a penetração de
influências atlânticas (calpionelas). Em simultâneo abre-se um canal entre o Canadá
e a Gronelândia. A Índia segue para Norte e o bloco Australiano para Sul.
No Cretácico, assiste-se à aproximação da África à Ásia, devido à rotação fecha-se
o Mar de Tétis. Abertura de um rift entre África e América do Sul, que vai dar origem a
uma extensa fossa que origina o Atlântico Sul. A placa africana deslocou-se para
Norte e determinou uma inversão de polaridade tectónica na Mesogeia durante o
Cretácico. A Índia passou sobre um ponto quente no Índico e carregou-se de basalto.
Durante esta Era, vai também haver transgressões e regressões dependentes do
Mar Boreal (Norte) e do Mar de Tétis e vão também existir comunicações dos
domínios nórdico e Mesogeia ou Mediterrâneo, através do que é hoje a França.
Os climas do Mesozóico são mais quentes e mais contrastados que os do
Paleozóico. A água quentes favoreceram a proliferação de calcários organogénicos e
também a sua deposição se deslocou para Sul, acompanhando a migração do
Equador, enquanto que o Pólo Norte também migrava. As massas continentais
situavam-se nas zonas tropicais ou equatoriais onde existia uma cintura evapotítica. A
migração para Sul do Equador, fez com que a Europa arrefecesse e a Gondwana
aquecesse. As regiões polares tinham climas amenos e húmidos, o que favoreceu a
proliferação de florestas, vestígios ainda na Gronelândia. Também ocorreram
depósitos de Alumínio relacionados com a erosão dos solos na Europa (França até
aos Urais).
6) Descrever o Cenozóico (orogenia, subdivisões, limites, etc).
O termo Cenozóico, vem de Kainos = recente. Foi caracterizado em 1807 por
Brongniart, mas só em 1829 Desnoyers designou por Quaternário aquilo que até à
data era conhecido como Diluvium. Esta Era vem desde o final do Cretácico até à
actualidade. Representa 1/3 da duração do Mesozóico e 1/6 da Era Paleozóica. Do
ponto de vista oroogénico, representa a continuação do Ciclo Alpino. A
paleogeografia é marcada pela abertura do Atlântico e pelo fecho da Mesogeia
(Mediterrâneo).
A Era Cenozóica (inicialmente coincidente com o Terciário) foi dividida por Lyel
(1830) em Eocénico (bacia de Paris), Miocénico (bacia da Aquitania) e Pliocénico
(bacia do Pó).
Só mais tarde em 1854, Beyrich separou o Oligocénico do Eocénico.
Presentemente, a Era encontra-se dividida em três sistemas: Paleogénico,
Neogénico e Quaternário, cada um dividido em séries e andares.
O limite superior é a mais precisa das unidades estratigráficas, uma vez que
corresponde ao momento actual, mas também a mais flutuante e foi colocado em
1950. Já o limite inferior em termos paleontológicos, corresponde ao momento do
desaparecimento dos grandes répteis, amonites, belemnites e dos rudistas. Houve
várias transgressões marinhas que sucederam À regrassão no final do Cretácico.
Quanto a fases tectónicas temos a Larâmida.
Os limites a nível de sedimentos marinhos, começam a ser dados através da fauna
de foraminíferos. No final do Cretácico, desapareceram as globotruncanas e vão
aparecer as primeiras espécies de globorotalia. Também se dá uma grande
mudança nas plantas, as Cicadófitas quase desaparecem e ao contrário dá-se o
desenvolvimento das Angiospérmicas. Os mamíferos diversificam-se a partir do
Eocénico, e registam-se fenómenos de giganstismo à semalhança do que aconteceu
com os Répteis.
Nos mares surgem novas espécies, Discoaster (nanoplancton) e as globigerinas
(foraminíferos) e também os globigerinoídes, tornaram-se masi diversificados. Os
gastrópodes (lamelibrânquios) são comuns e sem interesse estratigráfico e aparecem
em todo o lado. O numulites (foraminífero bentónico), caracterza o Paleogénico em
sedimentos marinhos assim como os alveolídeos. A biostratigrafia do Cenozóico, vai
se feita com base no aparecimento/desaparecimento de géneros como globorotalia,
entre outros. Já a miogispsina (foraminífero bentónico) ocorre no Eocénico.
No que respeita a Paleogeografia, temos a continuação da expansão oceânica. A
orogénese Alpina intensifica-se. No Paleocénico (65-53 Ma), o Atlântico Norte
começa a abrir para Norte, entre a Gronelândia e o Canadá. A Eurásia desliza para
Sudeste e vai originar compressões na Mesogeia, de onde derivam as partes
paroximais e culmina Eocénico-Oligocénico. Orginando a elevação final dos Pirinéus
– Fase Pirenaica.
A América do Norte separa-se da Eurásia pelo desenvolvimento de um braço, e os
mamíferos que migravam para a Euroásia, vão apenas fazê-lo pela Península de
Bering. No Miocénico, a expansão oceânica ganha velocidade e vão-se construir 6
placas: Africana, Euroasiática, Americana, Pacífica, Indica e Antárdida, que vão ser
limitadas por riftes ou fossas, nas regiões periféricas dos continentes. O domínio da
Mesogeia fechou-se, originando uma bacia evaporítica devido à evaporação de água,
na zona do Mediterrâneo, mais propriamente durante o Messiano (último andar do
Miocénico – Crise Messiniana). No Pliocénico, isto ainda no Neogénico, rompe-se o
estreito de Gibraltar e vai-se estabelecer a comunicação com o Atlântico, ganhando o
Mediterrâneo a forma que conhecemos. Também nesta altura as Américas vão-se
juntar, havendo então migração para a América do Sul, onde só ocorriam mamíferos
primitivos, originando modificações. Os climas variaram devido à posição dos eixos
da Terra e dos pólos, levando à ocorrência de glaciações. Sendo as mais importantes
as de Gunz (40000 anos BC), Mendel (650 mil anos – 200 mil anos) e Riss no
Plistocénico Médio. O Homem vai também aparecer durante esta Era, durante o
Neogénico, mais propriamente no Miocénico.
Exame de Estratigrafia
24 de Junho de 2003
1ª Chamada
By Capitão Lego
1. Principais tipos de contactos estratigráficos e sua definição
2. Organização da classificação estratigráfica e tipos de unidades estratigráficas
3. Estratótipos (Definição, Utilidade, Características, Tipos, Limitações)
4. Lei de Walther e suas implicações na Paleogeografia
5. Aspectos gerais da Geistória do Paleozóico (Orogenia, Paleogeografia, Evolução biológica,
Subunidades e divisões)
6. O Mediterrânico, o que resta actualmente da _____________, ficou ligado ao Atlântico no
___________.
7. As duas Américas soldaram-se no _____________.
8. A Fase orogénica ___________ separa o Pérmico do Triásico.
9. O Câmbrico é um período da era Paleozóica. É subdividido com base em faunas de:
‰
Graptólitos + trilobites
‰
Trilobites + arqueocyathus
‰
Goniatites + trilobites
‰
Arqueocyathus + goniatites
10. Exercício prático muito básico, tipo 10º ano. Era dado o perfil, era preciso legendar com
as litologias, indicar os tipos de contacto estratigráficos, fazer a coluna e a curva litológicas,
sequências e história geológica.
DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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GEISTÓRIA
Tentativa de síntese: "Big Bang"/ Origem do Sistema Solar —> Formação
da Terra e da Lua (4.5 Biliões de anos) —> Intenso bombardeamento por
meteoritos, possivelmente eliminando, por várias vezes, a Vida primitiva antes de
alguma ter sobrevivido (4.5 a 3.8 Ba) —> a Vida estabelece-se definitivamente
(4.4 a 3.8 Ba.) —> primeiros indícios de Vida (3.8 Ba) em rochas da Gronelândia
—> primeiros fósseis semelhantes a cianobactérias (3.5 Ba), na Austrália e África
do Sul (3.5 Ba) —> aparição das primeiras células autotróficas / fotossíntese,
libertação de O2 (entre 3 e 2.5 Ba) —> atmosfera oxidante (ca. 2 Ba) —> células
eucarióticas (entre 2 e 1.5 Ba) —> reprodução sexuada, acréscimo da variação
genética e aceleração da Evolução biológica (1.5 a 1 Ba) —> organismos
multicelulares (1 a 0.7 Ba) —> primeiros animais de corpo mole (ca. 0.7 Ba) —>
multiplicação de animais providos de esqueleto (a partir de 0.57 Ba, Câmbrico) —
> evolução de animais e plantas até a actualidade.
PRÉ-CÂMBRICO
A origem da Terra. Teoria do "Big-Bang" e a acreção de planetesimais.
Diferenciação do núcleo, manto, crosta oceânica e crosta continental.
Caracteres gerais do Pré-câmbrico. Subdivisões e limites: Hadaico (desde
a acreção da Terra até ao final do periodo de bombardeamento meteórico e
constituição das planícies lunares — 4 600 a 4 000Ma), Arcaico (desde a
deformação do cratão da Rodésia-Kaapvaal até à instalação do grande dique do
Zimbabwe — 4 000 a 2 500Ma) e Proterozóico como Eonotemas.
Subdivisão do Proterozóico em Paleoproterozóico (desde 2 500 a 1
600Ma), Mesoproterozóico (desde 1 600 a 1 000Ma) e Neoproterozóico (desde
1000 a 570Ma) como Eratemas; intervalo eparcaico correspondente à actuação
de diversas fases orogénicas. O Infracâmbrico/Eocâmbrico, Proterozóico terminal
ou Neoproterozóico. Intervalo Lipaliano. Expansão dos metazoários. As trilobites
dos géneros Fallotaspis e Olenellus. Discordância assíntica. Orogénese Hurónica.
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76
DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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Evolução da crosta durante o Pré-câmbrico; fase prémovel
(Hadaico+Arcaico, 4 600 a 2 600Ma), início dos processos de erosão,
sedimentação, subsidência e de metamorfismo (anatexia e geração de granitos);
fase de transição (Proterozóico inferior (2 600 a 1 950Ma) formação de placas e de
cinturas móveis, distribuídas segundo um padrão turbilonar, refletindo as
correntes de convecção do manto, e desviadas pela força de Coriolis; fase de
tectónica de placas, esboça-se o contorno dos continentes no proterozóico médio
(1 950-1 000Ma) com o aparecimento de rifts e de crosta oceânica; os escudos
africano e da América do Sul já estão constituídos e são solidários durante
2 000Ma (até o final do Cretácico), desenvolvimento de tectónica de colisão
formando estruturas semelhantes às dos Himalaias, entre 1 000 e 570Ma as
orogéneses são de tipo intracratónico.
Origem da atmosfera
Uma das prinicpais características da Terra que a separa dos restantes
planetas é a sua atmosfera e hidrosfera. Apenas a atmosfera terrestre apresenta
quantidades apreciáveis de oxigénio e é capaz de suportar formas sofisticadas de
vida.
A atmosfera terrestre actual é composta principalmente por azoto (78%) e
oxigénio (21%) com pequenas qunatidades de outros gases como argon, dióxido
de carbono, vapor de água.
A concentração dos gases na atmosfera terrestre é controlada por
diferentes processos. O oxigénio, azoto e dióxido de carbono são controlados
pelas erupções vulcânicas e pelas interacções entre estes gases e a Terra, os
oceanos e os organismos vivos. A distribuição dos gases menores como o
monóxido de carbono, hidrogénio e ozono é, em primeiro lugar, feita pelas
reacções na parte superior da atmosfera por fotólise e devido à radiação
ultravioleta proveniente do Sol. O desenvolvimento de uma camada de ozono na
parte superior da atmosfera constitui um filtro eficaz contra as radiações
ultravioletas letais para muitos organismos.
Normalmente são consideradas duas fontes para a atmosfera terreste. Os
gases que ficaram do processo de acreção e os libertados pelo planeta. A origem
mais simples é a dos gases deixados pela acreção da Terra a partir da nebula
primitiva. Contudo, se a nossa atmosfera tivesse essa origem, devia ser rica de
hidrogénio, hélio, metano e compostos associados. Como não é assim, a
atmosfera actual pode ser considerada como secundária. Os vulcões libertam
tremendas quantidades de gases o que mostra que a Terra tem perdido gases do
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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seu interior. A abundância de rochas vulcânicas no registo geológico sugere que
grandes quantidades de gases vulcânicos entraram para a atmosfera no passado.
A atmosfera e os oceanos podem ter-se formado por este processo.
Outra evidência da atmosfera secundária é dada pelas grandes
quantidades de argon 40 que contém quando comparada com o Sol. Assume-se
que, se a Terra e o Sol se formaram da mesma nébula gasosa, deviam conter as
mesmas razões isotópicas a menos que houvesse transformação por decaimento
radiactivo. o argon 40 é produzido pelo decaimento do potássio 40 na Terra e,
porque é um gás, é libertado para a superfície e entra para a atmosfera.
Comparada com o Sol e com outras atmosferas, a terrestre é rica de argon 40 o
que sugere uma libertação a partir do interior do planeta.
Atmosfera primária
A evidência que suporta a existência de atmosfera primitiva é a de que os
elementos voláteis se devem ter mantido em redor dos planetas em acreção. Por
analogia com a composição do Sol, as atmosferas dos planetas exteriores e a
composição dos meteoritos ricos em voláteis, a atmosfera primitiva devia ser rica
em hidrogénio, hélio, metano e amónia e ser, portanto, redutora onde o oxigénio
livre e os gases altamente oxidados (CO2) não podem existir. Esta atmosfera
permitiria a génese de moléculas orgânicas que se poderiam combinar dando
origem à vida. Todavia existem argumentos contra a existência de tal atmosfera.
A amónia seria rapidamente destruída por reacções fotoquímicas e a atmosfera
não devia poder persistir mais de 50 000 anos. Também, uma atmosfera rica de
metano devia originar a produção maciça de moléculas ricas de carbono que, em
parte, seriam adsorvidas pelas argilas originando depósitos de xistos negros que
são muito raros no Arcaico sugerindo que o metano, há 3.8 Ga, não era um
componente maior da atmosfera.
Com os dados actuais não é possivel provar ou infirmar que existiu uma
atmosfera redutora até há 4 Ga. Se existiu, deve ter-se perdido antes dessa
altura. Se a vida se formou nessas condições é pouco provável que tivesse
sobrevivido à perca da atmosfera pelo que é de admitir que só surgiu com a
atmosfera secundária. Como os mais antigos restos de organismos ocorrem em
rochas com 3.6 Ga é de supor que tal atmosfera se começou a acumular antes
dessa data.
Se existiu uma atmosfera redutora como é que desapareceu? uma das
hipótese é de que tenha sido varrida por um tremendo vento solar vindo do Sol
primitivo. Sabe-se que muitas estrelas, incluindo o Sol, evoluem passando pelo
estado T-Tauri durante o qual são libertadas enormes quantidades de energia sob
a forma de vento de particulas de alta energia que poderiam facilmente soprar os
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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elementos voláteis para fora do sisteme solar. Se o Sol passou por essa fase ela
terá ocorrido há cerca de 4.6Ga pouco depois da acreção planetária e tal evento
teria removido qualquer atmosfera terrestre. Outra alternativa, é de ter sido
removida quando da formação da Lua por colisão da Terra com um corpo
planetário do tamanho de Marte.
A atmosfera secundária
A libertação de gases pela Terra é feita directamente por vulcanismo e pela
erosão das rochas ígneas à superfície que libertam vapor de água e dióxido de
carbono. Os gases libertados pelos vulcões são de longe mais significativos. Para
testar a libertação de gases por este modo é interessante comparar a composição
dos gases emitidos pelos vulcões com os que ocorrem na atmofera. Para fazer
isso, tem que ser levada em conta não apenas a atmosfera mas, também, a
hidrosfera, a biosfera e os elementos voláteis retidos nos sedimentos (dióxido de
carbono nos calcários, p. ex.) visto que muitos dos gases emitidos permanecem
nesses reservatórios. É notável a semelhança entre os gases existentes nos
reservatórios superficiais e as emissões vulcânicas. A água é o volátil mais
abundante seguido pelo dióxido de carbono. A semelhança aponta para que os
voláteis superficiais da Terra tenham tido origem por libertação de gases a partir
do manto por actividade vulcânica.
Reservatórios superficiais
gases vulcânicos
H2O - 87%
H2O - 83%
CO2 - 12%
CO2 - 12%
Cl, N, S - 1%
Cl, N, S - 5%
Abundância média de gases na superfície terrestre
(atmosfera, hidrosfera, biosfera, sedimentos) e nos gases
vulcânicos.
Foram propostos dois modelos para a composição inicial da atmosfera
secundária dependentes da existência ou não de ferro metálico no manto. Se ele
existisse as reacções químicas com o ferro produziriam gases ricos de hidrogénio,
monóxido de carbono e metano. Se não houvesse ferro metálico as reacções com
os silicatos produziriam dióxido de carbono, vapor de água e azoto.
Tendo em conta os modelos para explicarem a formação do núcleo
metálico da Terra, é dificil admitir que não houvesse pelo menos algum ferro.
Mas, porque o núcleo se deve ter formado em pouco tempo e levou à extração de
ferro do manto, a atmosfera pode ter mudado muito rapidamente de composição
nos primeiros 100 Ma da história da Terra. É certo que por volta de 4Ga o ferro
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Estratigrafia e Paleontologia
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deve ter sido eliminado do manto, a água, o dióxido de carbono e o azoto devem
ter sido os principais gases a entrar para a atmosfera. É de admitir que a
atmosfera tenha crescido rapidamente nos primeiros 50 Ma.
Ferro metálico ausente no manto
Gases principais
Dióxido
de
carbono
Gases menores
Hidrogénio (H)
Ferro metálico presente no manto
Gases principais
Hidrogénio (H)
(CO2)
Vapor de água (H2O)
Azoto (N)
Gases menores
Dióxido
de
carbono
(CO2)
Cloreto de hidrogénio
Monóxido de carbono
(HCl)
(CO)
Dióxido
(SO2)
de
enxofre
Metano (CH4)
Vapor de água (H2O)
Sulfureto
de
hidrogénio ((H2S)
Azoto (N)
Por volta dos4 Ga os compostos orgânicos essenciais para o aparecimento da
vida devem ter-se formado à semelhança do que acontece em laboratório com
uma atmosfera semelhante à atmosfera secundária proposta. A análise de
inclusões gasosas em rochas do manto trazidas à superfície nas erupções
vulcânicas mostram que o dióxido de carbono é o gás mais importante no manto.
Também é relevante o facto de as atmosferas de Marte e Vénus serem ricas em
dióxido de carbono.
Aumento de abundância do oxigénio
A Terra é o único planeta do sistema solar com oxigénio livre indispensável
para suportar forma superiores de vida. Actualmente o oxigénio é produzido por
dois processos. Fotossíntese e fotólise da água. Na fotossíntese, as plantas
combinam dióxido de carbono e água para produzirem hidratos de carbono e
oxigénio que é libertado para a atmosfera. Muitos dos hidratos de carbono são
convertidos novamente em dióxido de carbono e água pela respiração. A
decomposição da matéria orgânica nos ambientes terrestres e aquáticos também
utiliza o oxigénio e liberta dióxido de carbono e água. Algum oxigénio também é
extraído da atmosfera pela oxidação das rochas superficiais durante a alteração e
pela oxidação dos gases vulcânicos. Actualmente, a taxa de dióxido de carbono e
de água libertadas pela respiração, decomposição e oxidação é aproximadamente
igual à taxa de consumo destes gases pela fotossíntese. Se não fosse assim, a
maior parte do dióxido de carbono existente na atmosfera seria consumido
rapidamente, a fotossíntese pararia e toda a vida se extinguiria.
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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Pequenas quantidades de oxigénio são produzidas por reacções
fotoquímicas com os raios ultravioletas na alta atmosfera. o oxigénio é produzido
por fragmentação de moléculas de água em hidrogénio e oxigénio. O hidrogénio,
como elemento leve, perde-se rapidamente para o espaço.
Assim, existe um balanço delicado nos processos que mantém os níveis
actuais de oxigénio na atmosfera.
Controlo do oxigénio na atmosfera primitiva
Antes do aparecimento dos microrganismos fotossintéticos, e mesmo
durante muito tempo depois, a fotossíntese não constituia um processo
importante de controlo do oxigénio. Os níveis de oxigénio eram controlados pela
fotólise da água (o hidrogénio perdia-se para o espaço), pela oxidação dos gases
vulcânicos, pela oxidação do ferro na água do mar com formação de ferro
bandado e, depois da emersão dos continentes, pela taxa de alteração à
superfície. A quantidade de água fornecida pelas erupções vulcânicas também é
importante já que o vulcanismo é a principal fonte de água disponível para a
fotólise. Há volta de 3.5 Ga, os organismos fotossintéticos também devem ter
contribuído com algum oxigénio para a atmosfera primitiva. Há medida que a
fotossíntese se tornava mais importante a recombinação do hidrogénio com o
oxigénio para formar água não conseguia acompanhar a produção de oxigénio
que foi, assim, aumentando na atmosfera. Isto pressupõe que a alteração não
aumentou com o tempo o que parece ser suportado pelo registo geológico.
Como indicador dos níveis de oxigénio podemos utilizar os depósitos de
ferro bandados. São rochas sedimentares finamente laminadas com mais de 15%
de ferro. Pensa-se que se formaram por precipitação química no fundo dos
oceanos. As bandas escuras são constituídas principalmente por magnetite e por
hematite, enquanto as bandas claras são formadas por quartzo. Ainda que sejam
mais abundantes no Arcaico e no Proterozóico inferior ocorrem em rochas com
3.8 Ga e com 0.8 Ga. Pensa-se que se tenham formado em zonas de pequena
profundidade sobre zonas cratónicas.
Durante o Arcaico superior e o Proterozóico inferior entram nos oceanos
grandes quantidades de ferro dissolvido. Apesar de algum deste ferro provir da
alteração dos continentes, muito parece provir de actividade vulcânica submarina.
A deposição do ferro bandado ocorreu pela reacção com o oxigénio a pequenas
profundidades, constituindo-se compostos insolúveis de ferro. Durante o mesmo
intervalo de tempo,o, os microrganismos fotossintéticos parecem ter aumentado,
o que terá contribuído para o aumento de depósitos de ferro bandado. Só quando
o ferro disponível foi consumido o oxigénio começou a escapar-se para a
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Estratigrafia e Paleontologia
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atmosfera. A queda drástica nos depósitos de ferro bandado há 1.7 Ga reflecte,
provalmente, a exaustão do ferro dissolvido nos oceanos.
Também por volta de 2.4 Ga começam a ocorrer depósitos vermelhos
resultantes da oxidação do ferro após a sua deposição. Só são abundantes
depois de 1.5 Ga o que sugere que os níveis de oxigénio eram muito baixos
durante o Arcaico.
A deposição de sulfatos (gesso e anidrite) requer oxigénio livre nos
oceanos e na atmosfera. Apesar do gesso ser conhecido em rochas com 3.6 Ga
os sulfatos só são comuns depois de 2 Ga o que pressupõe um aumento rápido
do oxigénio na atmosfera no início do Proterozóico.
A ocorrência de uraninite (um óxido de urânio) no Arcaico superior e no
Proterozóico inferior está bem documentada, nomeadamente nos depósitos de
Wiwatersrand (África do Sul) em rochas com cerca de 2.8 Ga, e nas de Blind river
no Canadá com cerca de 2.3 Ga. Não há, todavia, ocorrências mais modernas do
que o Proterozóico médio. A uraninite é instável sob condições oxidantes sendo
rapidamente dissolvida pela água. A não existência de depósitos de uraninite com
menos de 2.3 Ga aponta para níveis baixos de oxigénio até essa data.
Os palossolos constituem perfis de alteração antigos ou solos que
encerram informações acerca da composição da atmosfera. Por exemplo, nas
condições de alteração actuais o ferro está completamente oxidado sob a forma
de hematite e minerais correlacionados. Em contraste, nos paleossolos com mais
de 2 Ga o ferro apenas está oxidado nos solos desenvolvidos sobre granitos
enquanto os desenvolvidos sob basaltos não está oxidado. Isto deve-se ao facto
do oxigénio livre na altura ser suficiente para oxidar todo o ferro libertado pela
alteração dos granitos mas não o resultante da alteração dos basaltos.
Também o registo fóssil do Pré-câmbrico fornece algumas pistas acerca do
aumento de oxigénio na atmosfera. Os organismos do Arcaico e do Proterozóico
inferior são unicelulares os mais primitivos parecem mesmo ter vivido em
condições anóxicas. O momento de transição para a atmosfera oxigenada não
está bem registado pelos fósseis mas parece ter começado há cerca de 2.5 Ga. A
primeira ocorrência de células avançadas requerendo oxigénio há cerca de 1.5 Ga
sugerem que o oxigénio livre na atmosfera era, pelo menos, cerca de 1% do
actual. O aparecimento de organismos multicelulares por volta de 700 Ma
requereu níveis de oxigénio suficientes para que este gás se difundisse através
das suas membranas (cerca de 7% do nível actual).
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Estratigrafia e Paleontologia
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O aumento de oxigénio na atmosfera primitiva pode ser resumido em três
fases:
A) não havia oxigénio livre nos oceanos nem na atmosfera;
B) pequenas quantidades de oxigénio existiam na atmosfera e na água
superficial dos oceanos mas não nas águas profundas;
C) o oxigénio livre abunda em todos os ambientes.
No estado A) o escudo de ozono não existia. Todavia as cianobactérias
produziram algum oxigénio de modo a permitr a formação de grandes volumes de
ferro bandado.
A transição para a fase B) começou no Proterozóico inferior e é marcada
pelo aparecimento de camadas vermelhas, um aumento das rochas sulfatadas,
um máximo de deposição de ferro bandado e pelo final da deposição de uraninite.
Nesta altura, o oxigénio fotossintético entrou para a atmosfera a um ritmo
suficiente para limpar a atmosfera de hidrogénio livre com a formação de água. O
testemunho de que as águas profundas ainda não estavam oxigenadas é dado
pela deposição de sedimentos superficiais oxidados e não oxidados em águas
profundas. Foram propostos dois modelos para explicar o controlo do oxigénio no
estado B). Um propõe que os níveis baixos de oxigénio eram mantidos pelo
balanço entre o “input” do ferro derivado do manto nos oceanos e a deposição do
ferro bandado; a outra, leva em conta os baixos níveis de fotossítese nos
oceanos.
A transição para a fase C) deu-se entre 2.0 e 1.8 Ga e é marcado pelo
quase desaparecimento do ferro bandado do registo geológico e pelo
aparecimento de organismos eucariotas exigindo oxigéno livre. No estado C)
formou-se o escudo de ozono que é, provavelmente, o responsável pelo aumento
em número e diversidade dos microrganismos no Proterozóico médio. Há cerca
de 500 Ma os níveis de oxigénio devem ter atingido cerca de 18% do actual o que
é suficiente para o apareciemnto de organismos com esqueleto.
Há 450 Ma as plantas terrestres começaram a povoar os continentes
libertando grandes quantidades de oxigénio por fotossíntese. No Carbonífero e no
Pérmico enormes florestas cobriram os continentes e provocaram um enorme
aumento de oxigénio (até 35% acima do actual). A queda do teor de oxigénio no
Triásico reflecte a disseminação de áreas desertas a que se seguiu novo
incremento no restante Mesozóico e no Terciário antigo quando os climas
aqueceram e se desenvolveram novas florestas.
Efeito de estufa
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Estratigrafia e Paleontologia
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O brilho das estrelas aumenta com o tempo.Os astrónomos calculam que a
luminosidade do Sol era 25 a 30% inferior à actual há 4.5 Ga. Isto sugere que a
temperatura de superfíce da Tera era inferior à actual no Arcaico, e os cálculos
mostram que devia ser inferior a 0°C pelo menos até há 2 Ga. Este dado não é,
todavia, suportado pela informação geológica. As rochas sedimentares com 3.8
Ga revelam que havia água liquída e circulante. Como explicar esta contradição?
Pensemos em Venus como modelo para a Terra primitiva. Tem uma atmosfera
rica de dióxido de carbono e temperaturas superficiais altas (450-500°C) O que
provoca tais temperaturas? o efeito de estufa. Assim podemos supor que tenha
havido efeito de estufa na Terra primitiva o que pressupõe uma atmosfera com
composição diferente da actual.
A vida no Pré-câmbrico
Os primeiros estromatólitos de há cerca de 3 500Ma; as faunas de Fig Tree
(Transval) (bactérias, algas azuis) e os Estromatólitos do Zimbabwe e do Canadá
(Arcaico); as jazidas de Witwatersrand (África do Sul), Bitter Springs (Austrália) e
Gun Flint (Canadá) com organismos fotossintéticos, fungos, bactérias e algas
azuis. Os carvões com cerca de 1 400Ma (shungitos) da fronteira entre a Russia e
a Finlândia. A jazida de Ediacara (Austrália) com os primeiros metazoários.
A "fauna primordial" descrita na Boémia por Joachim Barrande
(espongiários, braquiópodes, equinodermes, moluscos e trilobites) actualmente
datada do Câmbrico médio.
Paleogeografia
Cratões (porções aplanadas ada crusta terrestre estáveis por longos
periodos da história da Terra), escudos (porções expostas dos cratões) e
plataformas. Principais escudos: conjunto meridional: Brasil, Patagónia, Africa,
India, Australia; conjunto setentrional: Canadá, Gronelândia, Hébridas, Fenoescandinavo ou Báltico, Sino-siberiano e afloramentos dispersos no SE asiático.
A linha de Glint. A Laurência (escudo canadiano + escudo da Gronelândia),
a Feno-sarmatia (escudo báltico + plataforma russa), Angara (escudos siberianos)
e Nigrita (escudos do Brasil + África + India + Austrália).
A orogenia Pan-africana, colisão dos continentes e constituição da Rodinia
entre 800 e 530 Ma.
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Estratigrafia e Paleontologia
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Periodo de instabilidade no final do Proterozóico que levou à abertura do
Oceano Iapetus (geossinclinal caledónico) entre a Laurência (cratão canadiano, a
que estavam ligados a Escócia e a Gronelândia), o Báltico e a Avalónia (Sul da
New Foundland, Nova Escócia, Nova Inglaterra, Inglaterra) e do Oceano Rheic
entre os últimos territórios e Gonduana. Entre o Oeste da Laurência e o Este da
Antártida+Austrália abriu-se o Oceano Pacífico.
Paleoclimatologia do Pré-câmbrico: Tilitos ocorrem em todos continentes
actuais. Parece corresponderem a três periodos glaciares (glaciações cerca dos
2.8 Ga em Wiwatersrand, entre 2.4 e 2.3 Ga e entre os 800 e 600 Ma) separados
por intervalos muito mais longos de clima mais quente e.húmido. Nos intervalos
glaciares o frio deve ter sido intenso já que há vestígios de os glaciares terem
atingido o nível do mar mesmo nas regiões equatoriais de então. O intervalo mais
frio registado na Terra parece ter ocorrido no Vendiano inferior (Glaciação de
Varanger).
Estas mudanças climáticas drásticas podem ter resultado da elevação de
diversas cordilheiras de montanhas. Este facto terá levado a um forte aumento da
alteração de rochas silicatadas o que conduziu à remoção de grandes
quantidades de CO2 da atmosfera e a um consequente arrefecimento do clima.
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Estratigrafia e Paleontologia
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PALEOZÓICO
Sub-eratema
Sistemas
Duração
(Ma)
250
290
Pérmico
40
290
355
Carbonífero
65
355
410
Devónico
55
410
435
Silúrico
25
435
510
Ordovícico
75
510
570
Câmbrico
60
Cronometria
(Ma)
Paleozóico
superior
Paleozóico
médio
Paleozóico
inferior
Ciclos
orogénicos
C. Hercínico
C. Caledónico
Limite inferior (Fase Assíntica) e limite superior (Fase Palatina).
Características gerais. Ciclos orogénicos Caledónico e Hercínico ou
Varisco. Principais fases do ciclo Caledónico:
Sarda - entre o Câmbrico e o Ordovícico
Tacónica - Ordovícico-Silúrico
Ardénica - final do Silúrico
e do ciclo Hercínico:
Bretã - limite Devónico-Carbonífero
Sudética - Carbonífero inferior e médio
Astúrica - Carbonífero médio e superior
Saálica - entre o Carbonífero e o Pérmico
Palatina - no final do Pérmico.
Climatologia; glaciações do final do Ordovícico e do Carbonífero-Pérmico.
Posição dos polos.
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Estratigrafia e Paleontologia
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OS TEMPOS CALEDÓNICOS
O Paleozóico inferior
Duração; limites. Sub-divisão em:
Câmbrico - de Cambria, País de Gales dos romanos;
Ordovícico - de Ordovicios, tribo Celta que habitava o País de Gales
antes dos romanos;
Silúrico - de Siluros tribo Celta que habitavam o País de Gales antes
do romanos.
Câmbrico
O Câmbrico [designação proposta por Sedgwick em 1835 para designar os
terrenos anteriores ao Silúrico (Ordovícico+Silúrico eram tidos como um
conjunto)].
Limite inferior coincidente com o limite inferior da Era Paleozóica definido
(1994) em Fortuna (SE de Newfoundland, Canadá) marcado pelo aparecimento
de Phycodes pedum (icnofóssil) e, no Câmbrico inferior, de Skolithos annulathus,
Arenicolites sp., Monomorphichnus spp., etc. O aparecimento das primeiras
formas com esqueleto calcário (Ladatheca cylindrica) ocorre 400m acima do limite
entre Pré-câmbrico e Câmbrico e, as trilobites, apenas 1 400m acima daquele
limite. Datações radiométricas de U/Pb dão valores de 530±0,7Ma em Fortuna e
de 543±0,24Ma na Sibéria; estima-se que o limite se deve situar a cerca de
544Ma.
Limite superior na base do Tremadociano definido com base no
aparecimento de Dictyonema flabeliforme. Sub-divisões em Séries com base em
estratótipos situados no País de Gales:
Câmbrico inferior (Caerfai)
Câmbrico médio (St. David)
Câmbrico superior (Merioneth).
Sub-divisão clássica em:
Georgiano
Acadiano
Potsdamiano
com base nas faunas
respectivamente).
de
trilobites
(Olenellus,
Paradoxides
e
Olenus
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Estratigrafia e Paleontologia
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Ordovícico
O Ordovícico, definido por Lapworth em 1879 para designar os estratos
compreendidos entre a base do Arenig inferior e o Landovery inferior. Problemas
acerca do limite superior; autores ingleses iniciavam o Silúrico com a zona de
Glyptograptus perculptus. Trabalhos recentes parecem demonstrar que G.
persculptus surgiu mais cedo (Ashgill) associado a Dalmanitina mucronata.
Subdivisão em 6 Séries:
Tremadoc
Arenig
Llanvirn
Llandeilo
Caradoc
Ashgill
todas definidas em Inglaterra , especialmente no País de Gales.
Limites estabelecidos com base em graptólitos.
Silúrico
O Silúrico, definido por Murchison em 1835 para designar os terrenos
abaixo dos "Old red sandstones" do País de Gales. Limite inferior estabelecido
com base no limite inferior da zona de Glyptograpus persculptus; limite superior,
definido apenas em 1972, coincidente com a base da zona de Monograptus
uniformis. Subdivisão em 24 zonas de graptólitos. Subdivisão em Séries:
Llandovery
Wenlock
Ludlow
Pridoli.
Características paleontológicas do Paleozóico inferior
Plantas
Expansão das algas até ao Silúrico superior; os táxones Aldanophyton
antiquissimum, (Câmbrico médio da Sibéria), Musciphyton (Ordovícico do Báltico)
Boiophyton pargense (Ordovícico médio da Boémia); aparecimento dos vegetais
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Estratigrafia e Paleontologia
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vasculares (Cooksonia) associados a Monograptus ultimus no Pridoliano —
Silúrico superior.
Animais
Microrganismos: conodontes (bons indicadores cronostratigráficos no
Ordovícico e no Silúrico); Quitinozoários e Acritarcas (numerosos no Ordovícico e
no Silúrico).
Arqueociatídeos do Câmbrico inferior e médio; Celenterados e vermes
comuns no Paleozóico inferior; a fauna de Burgess Pass (Colômbia Britânica) do
Câmbrico superior com medusas, anelídeos, etc..
Desenvolvimento dos polipeiros recifais a partir do Ordovícico
(Estromatoporídeos, Tabulados, Tetracoraliários)
As faunas de Braquiópodes dominadas no Câmbrico por inarticulados
(Lingula, Obolus), expansão brutal dos articulados a partir do Ordovícico (Orthis,
Dalmanelídeos).
Briozoários atingem o acme no Ordovícico.
Moluscos mal conhecidos no Câmbrico ainda que representados por
Monoplacoforos e por Gastrópodes, abundantes a partir do Tremadociano
(Babinkídeos, Paleotaxodontes, Redoniídeos entre os bivalves; Bellerophon,
Pleurotomaria entre os Gastrópodes); Cefalópodes ortocones no Ordovícico;
Hyolithes, Conularia e Tentaculites.
Os Artrópodes: xiphosuros e Crustáceos do Câmbrico; Ostracodos
desenvolvem-se rapidamente e constituem, a partir do Ordovícico, um grupo com
interesse cronostratigráfico; no Silúrico são os Merostomados (Gigantostráceos —
Eurypterus e Pterigotus).
Os Equinodermes: aparecimento dos Edriasteroides no Câmbrico inferior,
Eocrinoides e Carpoides desde o Câmbrico médio; Diploporites e Asteroides
desde o Arenigiano, Crinoides e Blastóides desde o Lanvirniano e Equinídeos
desde o Silúrico.
As Trilobites; miomeras no Câmbrico, Eodiscoides não ultrapassam o
Câmbrico médio, Agnostoides mantiveram-se até ao Ordovícico superior;
polímeras constituem o essencial da zonação; Olenellus, Callavia, Holmia,
Redlichia, Protolenus (Câmbrico inferior); Paradoxides, Conocoryphe,
Ptychoparia, Bailiella (Câmbrico médio); Olenus, Ctenopyge, Peltura, Ptychaspis
(Câmbrico superior); Euloma, Niobe, Neseuretus, Colpocoryphe, Asaphus,
Eoharpes, Trinucleus, Dalmanitina no Ordovícico; declínio das faunas de
polímeras no Silúrico, aparecimento de formas muito ornamentadas Deiphon,
Odontopleura e Phacops.
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Estratigrafia e Paleontologia
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Graptólitos; a escala de Elles e Wood de 1913 para o Ordovícico e o
Silúrico; aparecimento dos Dendroides no Câmbrico superior; Didymograptus
entre o Arenig e o Lanvirn, Glyptograptus, Nemagraptus, Orthograptus,
Climacograptus, Dicellograptus todos ordovícicos; Monograptus, Pristiograptus,
Cyrthograptus, Rastrites, com rabdosoma simples, do Silúrico; permanencia dos
Graptólitos no País de Gales até o Devónico inferior (Bohemograptus).
Os primeiros vertebrados — Agnatas (Ostracodermes) do Ordovícico da
América do Norte (Astraspis); no Silúrico os Agnatas diversificam-se e surgem os
Gnatostomos (Placodermes).
Paleogeografia do Paleozóico inferior
O Câmbrico é o primeiro Periodo em que as posições das áreas
continentais são razoavelmente conhecidas a partir de informações
paleomagéticas. Os continentes distribuiam-se entre as latitudes de 60°
relativamente ao Paleoequador. No hemisfério Sul situava-se o continente de
Gonduana, separado da Avalónia e do Báltico pelo Oceano Rheic que, por sua
vez, estavam separadas da Laurência pelo Oceano Iapetus que separava,
também, a Sibéria. Durante o Câmbrico desenvolveram-se arcos insulares ao
longo da costa Este da Sibéria e de Gonduana. No Câmbrico superior e no
OrdovÍcico estes territórios colidiram com a costa Este da Austrália e da Antártida
e com a costa Oeste da Améica do Sul. No Ordvícico final Gonduana deslocou-se
em direcção ao polo Sul que ficou centrado sobre o Norte de África. A parte Norte
do Oceano Iapetus iniciou o seu fecho, enquanto a Avalónia colidia com a costa
Este da América do Norte no decurso da fase Tacónica da Orogenia Caledónica.
Desenvolveram-se arcos insulares ao longo do Noroeste de África enquanto os
Oceanos Iapetus e Rheic fechavam. Também, nas costas da Sibéria e do
Kazaquistão arcos insulares permaneceram activos. A colisão entre a Avalónia e
a Laurência foi apenas a primeira das diversas colisões que no Paleozóico
conduziram à agregação das Américas do Norte e do Sul, da Europa e de África
conduzindo à constituição da Pangeia.
Admite-se que existiram extensas plataformas continentais e que as marés
terão tido grande amplitude o que terá originado vastas planícies intertidais, muito
favoráveis para a preparação da conquista do meio terrestre pelas faunas
primitivas.
No Silúrico os últimos arcos insulares do Ocano Iapetus continuaram a
colidir com a Laurência, tendo o Báltico e a Laurência entrado em colisão no
Silúrico superior. No Silúrico médio e superior a Mongólia colidiu com a Sibéria
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Estratigrafia e Paleontologia
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gerando importante cordilheira de montanhas. Na periferia de Gonduana havia
subducção enquanto esta se deslocava para Oeste, fechando o Oceano Rheic. O
Norte de África continuou sobre o polo Sul. Também houve subducção ao longo
das costas do Kazaquistão e novas fossas se desenvolveram nas imediações da
costa Oeste da Laurência que, conjuntamente com o Báltico, Kazaquistão, China
e Austrália se situavam na zona tropical. Mares epicontinentais cobriram as
plataformas continentais no Silúrico médio. Evaporitos e carbonatos de pequena
profundidade acumularam-se em vastas áreas da Laurência, Báltico e outros
pequenos continentes situados nas imediações do paleoequador. Houve rifting
incipiente ao longo da costa gonduânica do Oceano Rheic; as placas da Mongólia
interior e do Norte da China separam-se nesta altura.
DEVÓNICO
O Devónico, criado por Sedgwick e Murchison em 1839, para designar as
unidades do Devonshire intercaladas entre os depósitos atribuídos ao Silúrico e
ao Carbonífero, ideia já adiantada por Londsdale que considerava essas unidades
equivalentes dos "Old Red Sandstones" de outras regiões de Inglaterra. Sedgwick
e Murchison, mostrarm que unidades marinhas mais desenvolvidas do que as de
Devonshire existiam no maciço das Ardenas, região onde vieram a ser definidas
as subdivisões do Devónico. O problema do limite inferior do Devónico; o final do
Silúrico na Grã-Bretanha é feito através de fácies regressivas, com episódios de
emersão, e acentuado emprobecimento da fauna marinha; nas Ardenas a base do
Devónico (Gediniano) corresponde a uma transgressão sobre um soco dobrado o
que evidencia a existência de uma lacuna entre os dois Sistemas; os estratigrafos
britânicos aceitaram para base do Devónico a do Downtoniano, isto é a dos "Old
Red Sandstones" marcada por um nível muito fossilífero (Lludlow bone bed),
todavia, este limite, parece não ter correlação directa com outras regiões;
prevalecia a ideia de que os Graptólitos se haviam extinguido no final do Silúrico.
Foi necessário encontrar depósitos marinhos, com sedimentação continua, que
cobrisse o intervalo do final do Silúrico e do início do Devónico; os autores
checoslovacos propuseram situar o limite na base do Lochkoviano, argumentando
com a extinção dos Graptólitos depois da zona de Monograptus hercynicus e pela
aparição das primeiras faunas de Goniatites durante o Praguiano; todavia, vieram
a ser descobertas novas faunas de Graptólitos mais recentes (Monograptus
belketaiefensis), associados a trilobites e a tentaculites do Praguiano, o que
invalidou o critério anterior; em 1967, os estratigrafos checoslovacos proposeram
que o limite entre os dois Sistemas se situasse no topo do Pridoliano, coincidindo
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Estratigrafia e Paleontologia
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com a base da zona de Monograptus uniformis, e relacionado com a distribuição
de uma pequena trilobite [Warburgella (Podolites) rugulosa rugosa], a mudanças
significativas na fauna de Briozoários, Conodontes, Bivalves, Crinoides, etc. Esta
proposta foi aceite em 1972, o estratótipo do limite Silúrico-Devónico foi definido
na Bacia da Boémia, no corte de Klonk (camada 20, com 7 a 10cm de espessura)
Subdivisão em:
Série/Época
Ardar/Idade
Devónico superior
Fameniano
Frasniano
Devónico médio
Givetiano
Eifeliano
Emsiano
Devónico inferior
Praguiano
Lochkoviano
Caracteres paleontológicos do Devónico
Organismos marinhos
Microplancton caracterizado pela permanência dos Quitinozoários e dos
Acritarcas.
Aparecimento dos Endotirídeos entre os Foraminíferos.
Conodontes e escolecodontes são bons fósseis.
Celenterados são abundantes: colónias de tabulados (Pleurodictyum) e de
tetracoraliários (Calceola) são comuns, biohermas de Estromatoporídeos, de
Tabulados (Favosites) e de Tetracoraliários abundam; as algas tiveram um papel
importante na construção dos recifes (Cianófitas — Girvanella).
Os Briozoários são comuns nas fácies carbonatadas (Fenestella,
Arquimedes).
Predomínio de Braquiópodes na comunidade bentónica (Dalmanelacídeos,
Pentameracídeos, Strophomenídeos, Rinchonelídeos, Spiriferídeos).
Bivalves comuns (Paleotaxodontes, Criptodontes, Conocardium).
Trilobites em nítida regressão (Homalonotus, Dalmanites, Phacops,
Proetus).
Crinoides e Xiphosurus abundantes. Crinoides diversificados.
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Estratigrafia e Paleontologia
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Tentaculites e Cefalópodes são importantes cronostratigraficamente;
Goniatites apareceram no Praguiano; Climénias (amonoides intrasifonados) são
características do Devónico.
Peixes couraçados completam o essencial da fauna marinha.
Organismos continentais
Conquista decisiva dos continentes pelos vegetais (Traqueófitas —
"Psilofitíneas" de Rhynie, Lycophyta, Sphenophyta, Pterophyta e préespermatófitas).
Aparecimento dos primeiros artrópodes terrestres (Miriápodes, Insectos,
Aracnídeos).
Peixes de água doce (Artrodiros, Crossopterígeos, Dipnóicos). Evolução
dos Crossopterígeos para tetrapodes terrestres (Anfíbios estegocéfalos).
Paleogeografia e climatologia do Devónico
Paleogeografia da Europa caracterizada pelo continente dos "Old red
sandstones" acabado de constituir no Devónico inferior. Gonduana continuou a
fragmentar-se. O Oceano Rheic ficou reduzido a uma passagem estreita à medida
que Gonduna se aproximava do conjunto Laurência+Báltico e arcos insulares
continuaram a colidir com a actual costa Este da América do Norte. A colisão
entre a Laurência e o Báltico, iniciada no Silúrico, completou-se no Devónico. No
final do Devónico, Báltico, Gronelândia e Laurência estavam solidamente
soldados constituindo o Continente Norte Atlântico ou dos “Old red sandstones”.
A erosão da Cadeia caledónica alimentou sedimentação terrigena e levou à
acumulação dos depósitos detríticos dos "Old red sandstones" (alternâncias de
conglomerados, arenitos e de xistos de cor vermelha, violácea ou verde, que
podem atingir milhares de metros de espessura) que ultrapassaram a própria
cadeia e se estenderam em seu redor, até à bordadura da Mesogeia; fauna
pobre, de caracter laguno-lacustre (Miriápodes, Crustáceos, Peixes — Agnatas e
Gnatostomos, flora pobre de criptogâmicas); admite-se que o continente tivesse a
fisionomia das regiões desérticas; o continente europeu situava-se na zona dos
desertos subtropicais, o equador passava pelo NW da América do Norte e pelo
NE da Europa, os polos situavam-se no Pacifico e no Atlântico Sul.
Também o Kazaquistão iniciou a sua convergência com o Báltico levando
ao início do fecho do Oceano Pliónico. No Devónico médio houve actividade
vulcânica com emissão de grandes volumes de cinzas vulcânicas e instalação de
andesitos ao longo do sistema marginal de arcos do Kazaquistão (Montanhas de
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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Altai, na Sibéria). No Devónico inferior, o Pamir, Indochina e Tarim afastaram-se
de Gonduana por rifting iniciando a sua caminhada para Norte a caminho do Este
asiático com quem colidiram mais tarde.
Clima semi-árido, quente, no Devónico inferior e médio, aumento da
pluviosidade no Devónico superior; zonação da vegetação sugere a existência de
zonas climáticas.
As fácies marinhas hercínicas (mais profundas) e renânicas (com forte
influência terrígena) da periferia do Continente Norte-Atlântico.
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Estratigrafia e Paleontologia
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OS TEMPOS HERCÍNICOS
Carbonífero
O Sistema Carbonífero, criado por Conybeare em 1822 para designar, em
Inglaterra, os terrenos contendo carvão. Limite inferior, coincidente com a base do
Turnaciano, definido com base na zona de Siphonodella sulcata (Conodonte) e de
Gattendorfia subinvoluta (Goniatite) e superior marcado com o aparecimento de
Schwagerina e de Palaeonodonta.
Divisão em Mississipiano e Pensilvaniano e nas Séries:
Turnaciano
Viseano
Namurian
Vestefaliano
Estefaniano.
SISTEMA
SUB-SISTEMA
SÉRIES
ANDARES
Estefaniano C
Estefaniano B
Estefaniano
Barrueliano
Cantabriano
Pensilvaniano
Vestfaliano D
Vestefaliano
CARBONÍFERO
Bolsoviano
Druckmantiano
Langsetiano
Yeadoniano
Marsdeniano
Kinderscoutiano
Mississipiano
Namuriano
Alportiano
Chokieriano
Arnsbergiano
Pendleiano
Viseano
Turnaciano
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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Pérmico
O Sistema Pérmico, criado por Murchison em 1841. Limites inferior definido
com base no horizonte de Schwagerina e de Palaenodonta e superior. Divisão em
P. inferior e P. superior. Rotligendes e Zeckstein.
Caracteres paleontológicos do Paleozóico superior
Vida florescente no Turnaciano e Viseano, beneficiando de uma grande
transgressão; organismos marinhos abundantes e variados (Braquiópodes,
Celenterados, etc.). Carbonífero superior com predomínio de fácies continentais.
Vida nos mares
Foraminíferos em evolução rápida - Endothyrideos, Fusulinideos,
Schwagerinideos são as famílias principais.
Celenterados abundantes - Tetracoraliários isolados: Zaphrentis, Caninia,
Dibunophyllum e coloniais: Lithostrotion, Lonsdaleia e tabulados: Michelinia;
Pérmico com redução significativa dos biohermas passando a dominar as formas
isoladas.
Braquiópodes: Productus, Linoproductus, Strophomenídeos, Spiriferídeos,
Athirídeos; no Pérmico as faunas de braquiópodes são dominadas por
Productídeos com espinhos muito longos adaptadas à vida recifal.
Moluscos diversificados durante o Carbonífero; Gastrópodes Bellerophonídeos, Pleurotomarídeos; Bivalves - Mitilídeos, Mialinídeos,
Aviculídeos; Cefalópodes - Goniatites - Gattendorfia, Pericyclus, Prolecanites do
Turnaciano; declínio no final do Pérmico.
Artrópodes em regressão; Trilobites — Phillipsia — garantiu a
sobrevivência do grupo.
Equinodermes numerosos durante o Carbonífero: Crinóides, Blastóides,
Asteróides, no Pérmico extinguem-se os Blastóides e alguns crinóides que
apresentam formas aberrantes com 1 braço, com 3 braços e mesmo sem
pedunculo. Peixes, destacam-se os Seláceos.
Vida Continental
Abundância de plantas durante o Carbonífero; recuo no Pérmico das
Lycophita em benefício das Coníferas (Walchia, Voltzia).
Moluscos de água doce são comuns - Antraconaia, Carbonicola,
Palaenodonta.
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Estratigrafia e Paleontologia
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Artrópodes frequentes: Eurypterus, Conchostraceos (Leaia, Estheria) são
abundantes; Aracnídeos, Miriapodes e insectos diversificam-se - Meganeura.
Vertebrados: anfíbios especializaram-se, surgem formas de transição para
os répteis (Seymouria) e mesmo répteis (respiração pulmonar, ovos com casca e
pele espessa asseguram a independência da água; Saurópodes e Teropsídeos
desenvolvem-se desde o Pensilvaniano (Carbonífero superior), diversificação a
partir do Pérmico (Cotylosaurus, Pelicosaurus, aparecem os Quelónios).
Orogénese e Paleogeografia
A orogénese Hercínica levou a numerosas colisões entre as diferentes
placas continentais ao longo de cerca de 30 Ma. Vulcanismo e plutonismo foram
particularmente activos. A cintura orogénica tem, aproximadamente, 6 000 Km e
é constituída por rochas metamórficas e complexos plutónicos com estruturas
dobradas de um e outro lado.
Principais fases tectónicas: Bretã entre o Devónico e o Carbonífero, Sudética
na base do Namuriano, a Astúrica no final do Namuriano, a Saálica entre o
Carbonífero e o Pérmico (fase mais importante na América do Norte, onde é
designada por Apalachiana) e a Palatina no final do Pérmico (fase mais importante
nos Urais).
Início do Carbonífero com três domínios continentais separados pela
Mesogeia e pelo Oceano Pliónico: Gonduana, Continente Norte Atlântico e
Sibéria.
No início do Mississipiano o Oceano Rheic continuou a fechar enquanto o
mar de Tétis se abria e Gonduana se deslocava para Norte em rotação esquerda.
O Kazaquistão deslocou-se em direcção ao Báltico em virtude das zonas
de subducção que se formaram na periferia do Oceano Pliónico.
No Pensilvaniano, Gonduana e Laurência colidiram.
No Pérmico, o mar de Tétis que havia começado a constituir-se no
Pensilvaniano, estava completamente definido. O Kazaquistão colidiu com a
Sibéria originando a cordilheira do Altai na Ásia central.
O Oceano Pliónico, entre o Kazaquistão e o Báltico, reduziu-se a um
estreito. Rifting prosseguiu ao longo do litoral gonduânico do mar de Tétis.
No Pérmico, a Pangea completamente constituída, formava um grande
continente em forma de U que se estendia de polo a polo, a Este com o mar de
Tétis a constituir uma reentrância equatorial.
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Estratigrafia e Paleontologia
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Com o Carbonífero inicia-se uma grande transgressão, o mar invadiu as
margens dos continentes; durante o Viseano a transgressão da Tétis acentuouse; as águas quentes eram muito favoráveis para a instalação de recifes todavia,
o levantamento das cadeias hercínicas veio afectar a paleogeografia:
• emersão da Europa média na fase Sudética fez recuar o mar de Tétis,
ficando a Norte reduzido a um canal estreito (canal da hulha, Bélgica,
Norte de França);
• instalação de bacias parálicas onde se acumulou a hulha. No Vestefaliano,
a fase Astúrica soldou a Cadeia Hercínica da Europa média ao
Continente Norte Atlântico;
• na América do Norte, desde o início do Pensilvaniano, deram-se
movimentos que levaram à criação de várias bacias hulhíferas e dos
Apalaches.
• Na Ásia, a orogenia Altaírica, fechou o mar de Altai e da Mongólia e criou
condições favoráveis ao desenvolvimento de bacias hulhíferas em
Kouznetz na China.
Com o final destes movimentos a paleogeografia do Carbonífero superior é
caracterizada por uma grande extensão de áreas continentais, com zonas
pantanosas nas zonas litorais (bacias parálicas) onde se acumulou carvão.
No Pérmico, sobre os continentes onde o clima se tornava árido, houve
transgressões esporádicas.
• A fase Saálica, na Europa, fracturou as montanhas já constituídas, na
América do Norte, provocou a elevação final dos Apalaches; houve
actividade vulcânica na Alemanha, na Sibéria e no México.
• O braço dos Urais do Oceano Pliónico desapareceu no final do Pérmico
(fase Palatina) o que levou à soldadura do Continente Norte Atlântico à
Sibéria e à criação da Pangeia.
• O mar Ártico avançou sobre o Norte da Europa criando o mar de Zechstein
(Alemanha, Oeste dos Urais, golfo da Nova Escócia); esta invasão foi
efémera e, ao retirar-se a pouco e pouco, ficaram vastas áreas
lagunares onde se acumularam evaporitos. O Pérmico termina com
vastas superfícies continentais, com relevos em vias de serem
erodidos, e com depósitos evaporíticos nas regiões litorais.
O eixo polar ficou situado num plano meridiano contendo os polos actuais.
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Estratigrafia e Paleontologia
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Paleobiogeografia e paleoclimatologia
As faunas marinhas do Carbonífero inferior indicam que as comunicações
entre as diversas áreas era fácil. As goniatites tiveram larga distribuição no
Turnaciano e no Viseano, apenas algumas evidenciam algum endemismo
(Pericyclus). A partir do Namuriano, a redução dos mares contribuiu para uma
fragmentação das faunas marinhas. O arrefecimento das águas provocou a
redução dos recifes; este facto foi ainda mais fortemente sentido quando
Gonduana meridional se cobriu de gelos.
Após o periodo glaciar, o clima tornou-se mais quente e depositaram-se,
então, espessas séries detríticas continentais, de conglomerados, arenitos e
xistos de cor vermelha (New red sandstones) sobretudo no continente Norte
Atlântico, com flora relativamente quente (Callipteris e Walchia); estes depósitos
ocorrem, também, no continente de Gonduana e na Sibéria mas, a posição
latitudinal mais elevada, levou ao aparecimento de floras mais frias (Glossopteris
e Gangamopteris em Gonduana, e apenas Gangamopteris na Sibéria) a que se
juntam faunas de teromorfos particularmente ricas.
As floras do Carbonífero inferior repartem-se por duas grandes províncias:
a de Lepidodendropsis e a de Angara; no Carbonífero superior existem quatro
províncias.
A vegetação luxuriante do Carbonífero facilitou a diversificação animal.
O domínio mesogeiano era atravessado pelo equador; as águas quentes
foram favoráveis à expansão das Fusulinas.
O Paleozóico termina sob condições difíceis para a vida; aridez crescente
no decurso do Pérmico, a redução das áreas marinhas, conduziram à eliminação
de numerosas formas. A dificuldade será ultrapassada e o Mesozóico veio
oferecer novas condições para a expansão da vida.
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Estratigrafia e Paleontologia
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A ERA MESOZÓICA
Decorreu entre o final da Era Paleozóica e o início da Era Cenozóica, durou
cerca de 160 Ma (menos de metade da Paleozóica e mais do dobro da
Cenozóica. Inicia-se o ciclo orogénico alpino. Os climas foram mais quentes e
uniformes do que os actuais; nos mares as águas eram cerca de 10° C mais
quentes que na actualidade; neles pululavam organismos planctónicos
(cocolitoforídeos, dinoflagelados, foraminíferos,) que alimentavam uma enorme
quantidade de amonites e belemnites. Nos continentes, os répteis atingiram uma
expansão notável; a partir deles surgiram as aves e os mamíferos. As
angiospérmicas apareceram, também, no decurso desta Era.
Iniciou-se a fragmentação da Pangeia o que levou ao surgimento do
Oceano Atlântico através de rifting e de expansão oceânica.
Subdivisões e limites
A Era está subdividida em três Periodos:
Triásico
(250-208Ma)
Jurássico (208-145Ma)
Cretácico (145- 65Ma).
Cada uma destes Periodos foi subdividido em várias Séries e em Andares.
O limite inferior é de tipo paleontológico, na continuação do Pérmico, na
Europa Ocidental e na América. Na Europa, a orogenia hercínica terminou com a
fase Saálica, a que se segue longo intervalo de acumulação de materiais
detríticos, de cor vermelha, que cavalgam o limite entre as duas Eras e
prosseguiu durante o Triásico (New Red Sandstones); para Leste existe
discordância cada vez mais forte entre Pérmico e Triásico correspondente ao
levantamento dos Urais; na Rússia o Triásico é marinho e transgressivo.
Limite superior marcado por grande crise biológica, talvez devida a
degradação climática (arrefecimento geral) e a mudanças paleogeográficas
importantes (extinção das amonites, belemnites, rudistas, Inoceramus,
dinossauros, etc.).
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Estratigrafia e Paleontologia
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Aspectos paleontológicos gerais
Os protistas retomaram o seu desenvolvimento e invadiram as zonas
neríticas constituindo rochas de fácies particulares como o cré.
Alguns foraminíferos são excelentes indicadores cronostratigráficos:
Orbitolina no Barremiano-Cenomaniano; Globotruncana entre o Albiano e o
Senoniano, Alveolina desde o Cenomaniano, Orbitoides no Senoniano, por
exemplo. As Calpionellas (Tintinídeos) permitem boa zonação no final do
Jurássico e início do Cretácico em ambientes pelágicos.
As algas verdes (Dasicladáceas) expandiram-se no Triásico e no Jurássico
inferior.
Celenterados tiveram renovamento importante com a expansão dos
Hexacoraliários.
Rudistas, grandes gastrópodes (Nerinea, Strombus, Harpagodes) eram
comuns nos ambientes recifais.
Os cefalópodes dominaram nos mares; amonites e belemnites são
essenciais para a cronostratigrafia do Mesozóico. Os amonóides iniciaram a sua
diversificação com as Ceratites (Triásico) que sucedem às Goniatites e Climénias
paleozóicas. As amonites verdadeiras surgem no Triásico e expandiram-se no
Jurássico e Cretácico inferior entrando, depois, em declínio e extinguiram-se; só
os Nautilóides sobreviveram até à actualidade.
Braquiópodes (rinconelas e terebrátulas) são abundantes
Crinóides são comuns, sobretudo no Jurássico; os ouriços evoluiram
lentamente para formas irregulares.
Nos peixes surgem os Holósteos no Jurássico e os Teleósteos no
Cretácico.
Os répteis mesozóicos constituem um grupo notável e rico do ponto de
vista evolutivo. Fazem a ligação entre os primeiros tetrápodes, as aves e os
mamíferos. Extinção dos batráquios estégocefalos e dos répteis terapsídeos no
Triásico. No Jurássico atingem o apogeu os dinossauros.
Os mamíferos individualizaram-se durante o Triásico e as aves no
Jurássico
Nas plantas, Cicadófitas, Ginkgófitas e Coníferas dominaram; as
pteridospérmicas entram em declínio. As Angiospérmicas surgiram no Jurássico
terminal-Cretácico inferior.
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Estratigrafia e Paleontologia
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Orogénese
A Era Mesozóica como intervalo de preparação da grande Orogenia Alpina
cujas fases principais decorreram no Cenozóico.
Deslocamento das duas Américas para Oeste com desenvolvimento de
uma zona de subducção na parte Ocidental e levantamento dos Andes e da Serra
Nevada durante o Jurássico superior (fases Andina e Nevádica, equivalentes
aproximadas da fase Neocimérica na China) e no Cretácico (fase Larâmida,
afectando os Andes a Sul, e as Montanhas Rochosas a Norte).
Movimentações na Mesogeia (domínio alpino p.d.):
• Fase Paleocimérica, no limite Triásico - Jurássico, que afectou a região da
Crimeia e a Ásia de SE;
• Fase Neocimérica, no final do Jurássico, responsável pela deposição dos
flishs titonianos e marcou o final da extensão da mesogeia e o início
das compressões;
• Fase Austríaca, no meio do Cretácico, com recrudescimento das fácies
flish, instalação de mantos de carreamento nos Alpes orientais e
intensificação do metamorfismo na zona axial dos Pirinéus, Ásia Menor
e nos Cárpatos;
• Fase Larâmida ou Arvincha, compressiva, no final do Cretácico,
particularmente bem conhecida nas regiões peri-pacíficas.
Paleogeografia
Em contraste com o Paleozóico, que é caracterizado por numerosas
colisões continentais que conduziram à constituição da Pangea, o Mesozóico é
uma Era de fragmentação com a separação da Pangea em diversas áreas
continentais. O rifting iniciou-se no Triásico superior. Todavia, as principais fases
de fragmentação ocorreram no Jurássico e no Cretácico prosseguindo no
Cenozóico, conduzindo à configuração actual dos continentes.
No Triásico inferior e médio, a Indochina, a Malásia e o Sul da China, bem
como o Tibete, o Irão-Afeganistão e a Turquia afastaram-se de Gonduana e
deslocaram-se para Norte através do mar de Tétis. No Triásico superior, a
Malásia colidiu com a Indochina e o Sul e o Norte da China chocaram. Estas
colisões estão marcadas por cordilheiras de montanhas imponentes. Também, no
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Estratigrafia e Paleontologia
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início do Mesozóico, o Pamir colidiu com o Kazaquistão originando as Montanhas
Tien Shan no Oeste da China.
No Norte, no Sul e no Este da Pangea existiam zonas de subducção
activas.
Durante o Triásico e Jurássico, um ou mais arcos insulares colidiram com o
W das Américas do Norte e do Sul.
No Triásico final, as Américas do Sul e Central bem como a África
separaram-se da América do Norte. Rifts activos entre as Américas do Norte e do
Sul levaram ao apareciemnto de diversos blocos, alguns do quais vieram a reunirse para constituir a América Central e Cuba.
A colisão de micro-continentes, separados de Gonduana, com o Sul da
Eurásia provocou a elevação dos Alpes e dos Himalaias no Cenozóico. O
movimento esquerdo destes blocos levou ao fecho do mar de Tétis.
No Jurássico, o Golfo do México continuou a abrir-se à medida que as
placas que actualmente suportam o México e a América Central se deslocavam
para Sul. O México acabou por ficar ligado à América do Norte pela primeira vez.
Finalmente, no Jurássico superior, o México começou a deslocar-se para
SE ao longo de duas falhas transformantes até atingir a sua posição actual,
adjacente à Califórnia.
O Atlântico Norte continuou a abrir-se para Norte entre a Terra Nova e a
Inglaterra. Também, no Jurássico superior o microcontinente de Kolima, que se
deslocou para N no Pacifico, colidiu com a Sibéria.
No Jurássico a Antártida e a India separaram-se de África. Houve emissão
de basaltos na África do Sul e na Antártida.
Houve zonas de subducção activas, durante o Jurássico, no SE da Europa,
W do Irão, S do Tibete e no S da Malásia.
Resumindo:
No Jurássico a Eurásia começou a separar-se da América do Norte, abrindo-
se o Oceano Atlântico Norte.
De Gonduana separou-se o bloco Antártida-Austrália que derivou para E; a
India afastou-se para Norte.
No Jurássico superior a Laurásia afastou-se da África-América do Sul
enquanto consolidava a crosta das Caraíbas e do Proto-atlântico Norte. A
Península Ibérica rodou para Sul abrindo-se o Golfo da Gasconha o que permitiu
a penetração de influências atlânticas (Calpionelas); ao mesmo tempo, um
divertículo avançou para Norte, entre o Labrador (Canadá) e a Gronelândia.
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Estratigrafia e Paleontologia
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O Oceano Índico continuou a crescer; Madagascar afastou-se de
Moçambique, a India progrediu para Norte, enquanto o bloco antártico-australiano
se dirigiu para Este.
No decurso do Cretácico a África aproximou-se da Ásia, acentuando-se a
tendência para fecho do Mediterrâneo oriental.
Abertura de um rift entre África e América do Sul. No Cretácico, a extensão
desta fossa conduziu à abertura do Atlântico Sul.
A placa africana deslocou-se para Norte e determinou uma inversão de
polaridade tectónica na Mesogeia no Cretácico.
A India carregou-se de basaltos (trapes do Decão) quando passou sobre
um ponto quente no Oceano Índico.
Transgressões e regressões na Europa dependentes do mar boreal (mar
do Norte) e do mar de Tétis; comunicações dos domínios nórdico e mesogeiano
através da bacia de Paris e da Rússia (mar dos Urais) e entre a Tétis e o Atlântico
através do Ebro e da Aquitânia. Oceano Ártico como herança do mar Boreal.
Paleoclimatologia
Climas do Mesozóico mais quentes e menos contrastados que os do
Paleozóico. Águas quentes favoreceram a proliferação de calcários
organogénicos, oolíticos e recifais, cuja deposição se foi deslocando para Sul
acompanhando a migração do Equador.
No ínicio do Mesozóico o polo Norte situava-se a cerca de 140° de
longitude E e 40° de latitude Norte. As massas continentais situavam-se nas
zonas tropicais ou equatoriais onde existia uma cintura evaporítica. Migração para
Sul do Equador e consequente arrefecimento da Europa no Cretácico.
No limite Cretácico - Terciário o mar Boreal transgrediu sobre o Atlântico
Norte e provocou um cataclismo nos organismos vivos. A Laurásia arrefeceu e
Gonduana aqueceu; a cintura evaporítica atingiu a África do Norte; as regiões
polares actuais tinham clima ameno, húmido, que permitia a expansão de
florestas na Gronelândia. Bauxitizações intensas em toda a Europa média, desde
a França até aos Urais, passando pela Hungria.
TRIÁSICO
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Estratigrafia e Paleontologia
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Designação criada por Von Alberti em 1834 fazendo alusão às três
formações que caracterizam este Sistema na Alemanha: Buntsandstein,
Muschelkalk e Keuper.
Triásico germânico como intermediário entre o T. mesogeiano (marinho) e
o T. continental dos "New Red Sandstones" de Inglaterra.
O Triásico marca a passagem entre a Era Paleozóica e Mesozóica.
Limites e Subdivisões
Limite inferior coincidente com o da Era Mesozóica, correspondente à fase
Palatina da Orogenia Hercínica. No domínio alpino nerítico o Triásico é
transgressivo; noutros domínios marinhos o limite é difícil de estabelecer. Limite
superior com o Jurássico foi alvo de discussão; o Retiano foi, em tempos,
considerado como marcando o início do Jurássico por ser transgressivo em
França, por exemplo. Não há nenhuma fase tectónica que marque a separação
Triásico - Jurássico; apenas na Crimeia, no SE asiático e na bordadura do
Pacifico, se fizeram sentir movimentos que provocaram a discordância
Paleocimérica. No plano paleontológico não há discontinuidade importante. As
diferenças são mais do âmbito paleoecológico: no final do Triásico, nos domínios
epicontinentais dos Alpes e da Europa Ocidental, as condições climáticas
conduziram à formação de lagunas e de bacias evaporíticas onde as bruscas e
importantes variações de salinidade foram um teste para numerosos organismos;
as formas pelágicas puderam ultrapassar fácilmente esta barreira.
Subdivisão clássica do Triásico em:
Keuper - margas irisadas
Muschelkalk - calcário conquífero
Buntsandstein - margas matizadas.
A escala marinha estabelecida nos Alpes orientais pelos autores alemães e
austríacos a partir de faunas de amonites, foraminíferos e conodontes:
Retiano
Triásico superior
Noriano
Carniano
Triásico médio
Triásico
Ladiniano
Anisiano
Espatiano
Scitiano
Nammaliano
(Triásico inferior)
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Estratigrafia e Paleontologia
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Griesbaquiano
Caracteres paleontológicos
Plantas
Algas verdes (Clorofíceas, Dasicladáceas) proliferaram nos mares quentes
e pouco profundos (Diplopora, Giroporella). Diplopora penetrou no Muschelkalk
germânico e da Lorena, e Giroporella é particularmente abundante no Noriano.
No continente de Gonduana pteridospérmicas dos géneros Gangamopteris
e Glossopteris são comuns e desaparecem com o Triásico. São comuns grandes
troncos silicificados com estrutura de tipo Gimnospérmica designados por
Dadoxylon e Araucarioxylon. Na Laurásia Voltzia substituiu Walchia do Pérmico
(Gimnospérmica). As cicadófitas expandiram-se a partir do Triásico superior.
O fitoplancton estava rarefeito devido às condições climáticas e ecológicas
o que explica a rarefação e lento renovamento da fauna.
Animais
Briozoários, braquiópodes, Celenterados, Blastoides e Crinoides foram
fortemente afectados pela hipersalidade. As faunas bênticas móveis e as formas
nectónicas e planctónicas foram bastante menos atingidas.
Dos foraminíferos apareceram as Biloculinas e os Miliolídeos; formas
aglutinadas como Ammonodiscus e Globospira eram frequentes nas fácies
detríticas litorais.
Conodontes são excelentes indicadores cronostratigráficos.
Os Hexacoraliários constituiram recifes, associados a algumas esponjas
calcárias litorais do grupo das Faretronas.
Nos moluscos aparecem géneros que vieram até à actualidade (Arca,
Mytilus, Avicula, Ostrea, Lima, Pecten, etc.). Nos cefalópodes, as Ceratites com
lobos das linhas de sutura sinuosos, dominam e têm elevado interesse
cronostratigráfico; a maior parte extinguiu-se com o Triásico; são particularmente
curiosas as faunas dos Himalaias e de Timor.
Nos braquiopodes surgem grupos novos de rinconelídeos e
terebratulídeos.
Nos equinodermes desaparecem os Blastoides e boa parte dos crinoides.
Os ouriços recuperaram a pouco e pouco e surgem ouriços regulares munidos de
radiolas espessas (Cidaris).
Nas lagoas hipersalinas abundavam crustáceos como Estheria.
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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Nos vertebrados houve mudanças significativas. Nos peixes existiam, já
como formas relíquias, condrósteos com escamas ganoides e esqueleto pouco
ossificado; os Holósteos, também com escamas ganoides mas com esqueleto
ósseo diversificaram-se.
Nos batráquios, os estegocéfalos labirintodontes (Mastodonsaurus, p. ex.)
dominam e extinguem-se com o Triásico. A par destes viveram no Triásico
microsauros com ossificação progressiva e que estão na origem dos batráquios
actuais (anuros, urodelos e apodes).
Os répteis continuam a diversificar-se; predominam teriodontes
descendentes dos terapsídeos do Pérmico. Estes teriodontes apresentam
características mamalianas (articulação da mandibula e dentição); constituiam o
grupo dos cinodontes por terem mandibulas semelhantes às dos cães.
Extinguiram-se com o Triásico. Nos répteis não mamalianos os Cotilossauros não
ultrapassam o Triásico médio. Surgem os Ictiossauros; Fitossauros e placodontes
eram comuns; os tecodontes eram dominantes e deles surgiram os principais
grupos que vão dominar no Jurássico e no Cretácico: dinossauros saurisquianos
(cintura pélvica de tipo réptil) e ornitisquianos (cintura pélvica de tipo ave); surgem
os Pterossauros com membrana alar e voadores.
Os mamíferos são conhecidos no Triásico; eram herbívoros de pequeno
tamanho (alguns cm).
Paleogeografia
Início da fragmentação de Gonduana acompanhado por vulcanismo
fissural. Crise climática provocando grande perturbação nos ecossistemas.
Migração dos polos para Sul. Aquecimento generalizado e dilatação da zona de
evaporitos.
A Pangea, rodeada pelo Oceano Pacífico, era penetrada pela Mesogeia,
pelo Mar Boreal, Mar Austral e Mar Goduânico.
Ainda não estava definida a fossa mesogeiana; apenas no litoral pacífico
das Américas e SE Asiático se encontravam depósitos desse tipo. As condições
eram propícias para o estabelecimento de um jogo de transgressões e regressões
marinhas em função de pequenas variações batimétricas ou de ligeiras
deformações do continente; o antepaís era relativamente plano.
A partir do Triásico médio a Austrália+Antártida e India afastam-se do resto
de Gonduana; no Triásico superior Madagascar separa-se de África; surge o rifte
médio atlântico, houve emissões fissurais de basaltos e de andesitos que
atingiram grande extensão no Brasil e em África. Entre os cratões europeu e
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Estratigrafia e Paleontologia
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africano começou uma fase de distensão da mesogeia ocidental; geram-se
pequenas discordâncias nos Alpes orientais, nos Carpatos e nos Balcãs
acompanhadas por dobramentos, por brechas intraformacionais e por vulcanismo.
No limite Triásico-Jurássico, a fase tectónica Paleocimérica afecta a margem
meridional e oriental da Ásia, da Crimeia até à China.
O deslocamento para Oeste da Pangea provocou o aparecimento de uma
zona de subducção na periferia pacífica das Américas.
Paleoclimatologia
A migração dos polos e do equador para Sul provocou a fusão dos gelos
gonduânicos o que gerou a acumulação de depósitos detríticos em África
(Karroo).
Na Europa, o clima equatorial do Carbonífero foi substituído, no Pérmico e
no Triásico, por clima tropical com estações alternantes que favoreceram a
alteração de granitóides hercínicos e a deposição dos materiais daí resultantes
sob a forma de conglomerados, arenitos e pelitos em regra de cor vermelha. À
medida que o Equador se deslocava para Sul, a Europa foi atingida pela cintura
evaporítica no Triásico superior (Keuper) o que provocou a acumulação de gesso
e sal-gema. A temperatura das águas calcula-se em 25°C.
JURÁSSICO
A designação deriva de Jura, montanhas de França, Suiça e Alemanha.
Termo introduzido por Brongniart em 1889.
Limites e subdivisões
Limites nítidos nos domínios neríticos mas bastante menos em ambientes
pelágicos. O Jurássico inicia-se por um movimento transgressivo que vai
prosseguir até ao J. médio; após um periodo de hesitação o mar regridiu no J.
superior, deixando atrás de si fácies continentais ditas purbeckianas que vão
prosseguir no Cretácico inferior (fácies Weald).
Limites definidos com base em amonóides [limite inferior na base da zona
de Planorbis (Psiloceras planorbis) e superior no topo da zona de Giganteus
(Titanites giganteus)]. O limite superior pode também ser definido com base em
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Estratigrafia e Paleontologia
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Calpionelas cuja distribuição temporal se estende entre o Jurássico superior e o
Cretácico inferior (Titoniano e Berriasiano).
Na Ásia o limite inferior é marcado pela fase tectónica Paleocimérica. O
limite superior coincide com a fase Neocimérica na Ásia e a Nevádica na América
do Norte.
William Smith (1799) e a divisão em Lias e Oolite; L. Buch (1839) e a
subdivisão em Jura preto, Jura castanho e Jura branco (base para o topo). A
subdivisão de Oppel, em 1856, em Lias, Dogger e Malm (designações usadas nas
pedreiras inglesas). A escala actual de subdivisões do Jurássico (ver tabela.).
Caracteres paleontológicos
Extinções do início do Jurássico, talvez relacionadas com uma baixa na
salinidade dos oceanos em consequência da deposição dos evaporitos do Keuper
e à posição, sobre a Sibéria, do polo N e, sobre a Antártida, do polo Sul.
Flora
Algas dasicladáceas continuam a dominar nos mares com sedimentação
carbonatada; nos continentes as gimnospérmicas dominam largamente e
contribuiram para a formação de depósitos de carvão na Ásia; cicadófitas,
ginkgoales e benetitíneas estão igualmente bem representadas; as
pteridospérmicas entram em regressão.
Fauna
Radiolários extremamente abundantes; Calpionelas (protozoários do grupo
dos tintinídeos) expandiram-se no final do Kimeridgiano e no início do Cretácico.
Foraminíferos permitem estabelecer zonações. Nanofósseis calcários e
ostracodos dão boas indicações cronostratigráficas. Esponjas siliciosas
contribuiram para a formação de espongolitos no Oxfordiano da periferia das
Ardenas, e são a fonte principal de Si para os nódulos de silex dos calcários
jurássicos. Corais edificaram recifes onde viviam equinodermes, gastrópodes
(Nerinea, Pleurotomaria, de grande tamanho e de concha espessa, Harpagodes
comum nas margas do Kimeridgiano) e lamelibrânquios (Posidonomya, Avicula,
Phola, Trigonia, ostras, Pecten, e Rudistas - Diceras). Dos cefalópodes as
amonites constituem o grupo mais importante para a cronostratigrafia do
Jurássico (Asteroceras, Uptonia, Amalteus, Hildoceras do Lias; Parkinsonia,
Zigzagiceras, Asphinctites, Oppelia, Macrocephalites, Kosmoceras, Peltoceras do
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Estratigrafia e Paleontologia
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Dogger; Cardioceras, Perisphinctes, Epipeltoceras, Ataxioceras, Aspidoceras do
Malm; eram acompanhadas por belemnites e nautilóides diversos. Os
braquiópodes (rinconelídeos, terebratulídeos) são comuns e dão boas indicações
ambientais e cronológicas.
Nos vertebrados os peixes são bem conhecidos, sobretudo a partir das
formas fossilizadas nos calcários litográficos de Solenhofen (Alemanha); existiam
seláceos, holósteos ganoides (representados actualmente por Amia e
Lepidosteus) e aparecem os primeiros teleósteos com esqueleto inteiramente
ossificado. Os répteis dominaram sobretudo nos continentes; de entre eles os
dinossauros eram muito abundantes e diversificados; desde o Triásico existiam
dois grandes grupos: dinossauros avipélvicos ou ornitisquianos (cintura pélvica
tetraradiada como nas aves) e sauripélvicos ou saurisquianos (cintura pélvica
triradiada como nos répteis). Os sauripélvicos compreendiam uma linha de
carnivoros (Terópodes) bípedes com dentes cónicos como Tyranosaurus
(Cretácico) e uma linha de herbívoros (Saurópodes) que incluiam os maiores
animais jamais existentes sobre a Terra (Diplodoccus, Brontosaurus). Os
avipélvicos eram todos herbívoros como Stegosaurus com placas triangulares no
dorso. Também existiam formas voadoras (Pterossauros) com géneros como
Pterodactylus, Rhamphorhyncus e Pteranodon. Nos mares viviam Ictiosaurus com
morfologia semelhante à de golfinhos.
Paleogeografia
Continuou a expansão dos fundos ocânicos (Mesogeia e Atântico Sul) e a
separação de Gonduana. Houve emissões de ofiolitos. A India prosseguiu o
deslocamento para Norte. No Lias alargou-se a canal de Moçambique; esboçouse o Atlântico Norte com a abertura do mar das Caraíbas. A Austrália continuou
solidária com a Antártida. O Golfo da Gasconha abriu no Jurássico superior, como
demonstra a existência de Calpionelas naquela região; o Proto-Atlântico Norte
deve datar do Dogger devido à presença de amonites em Portugal desde o
Sinemuriano e à paleogeografia da Aquitânia. Na Mesogeia desenvolveram-se
fossas qde onde emergiram os Alpes ocidentais. A expansão geradora das fossas
foi acompanhada por emissões ofiolíticas que constituiram crosta oceânica,
alguma da qual veio a ser retomada e carreada, no decurso do Jurássico superior,
por acção da fase Neocimérica que é, também, responsável pela acumulação dos
flishes titónicos. Na periferia das Américas, primeiro a fase Andina na América do
Sul e, depois, a fase Nevádica na América do Norte, levantaram as cadeias
alpinas americanas; estes movimentos foram acompanhados por intrusões de
granitóides e de andesitos.
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Estratigrafia e Paleontologia
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Os mares epicontinentais tiveram grande importância; a Europa
transformou-se num conjunto de ilhas; duas transgressões foram particularmente
importantes: a do mar de Logan (W dos EUA) e o grande golfo do Saara que
invadiu o Norte do Cratão africano; a maioria destes mares regrediu no final do
Jurássico, a passagem ao Cretácico, em regra, é feita em regime continental.
Paleoclimatologia
Os climas foram quentes; os recifes eram abundantes bem como depósitos
oolíticos e dolomíticos; nos continentes acumularam-se depósitos de carvão e
formaram-se bauxitos. O Equador e a cintura evaporítica deslocaram-se para Sul
(Golfo do México, Saara, Arábia). O clima da África do Sul e da Antártida tornouse temperado; na Europa individualizou-se uma província boreal com Cardioceras
enquanto na Mesogeia existia uma província tropical com Oppelia, Duvalia,
Diceras e corais. A província boreal é dita volgiana, a mesogeiana é chamada de
titóniana; a ligação entre ambas fazia-se através da bacia de Paris e pela
Inglaterra, através de fácies ditas portlandianas o que tem gerado confusões e
querelas entre estratigrafos.
CRETÁCICO
Primeiras referências a terrenos cretácicos feitas por Omalius d'Halloy em
1822. É o intervalo anunciador da Era Cenozóica.
Limites e subdivisões
O Cretácico inicia-se com o Berriasiano na Mesogeia. O limite é difícil de
estabelecer a menos que se esteja em presença de níveis ricos de amonites, de
foraminíferos de Calpionellas ou de esporos. O limite entre Berriasiano e Titoniano
não coincide com o de Purbeckiano-Wealdiano em meio continental, ou com o de
Volgiano-Ryazaniano nos domínios Boreais. O limite superior é marcado por
numerosas extinções. É acompanhado por uma regressão generalizada e por
movimentos tectónicos (Fase Larâmida) particularmente marcados na América.
Alguns advogam a subdivisão do Cretácico em três termos: inferior, médio
e superior, outros apenas em dois: Cretácico inferior e superior cujo limite se
situaria por volta dos 100 Ma e coincide com a Fase Austríaca, bem marcada na
Mesogeia por deformações de grande raio de curvatura na Provença e na
Dordonha. Foi D'Orbigny quem definiu os andares do Cretácico em meados do
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Estratigrafia e Paleontologia
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séc. XIX nas cadeias subalpinas e na bacia de Paris. A escala foi completada no
Jura suíço e na região de Champagne (ver escala).
Caracteres paleontológicos
Os tempos cretácicos são a continuação dos jurássicos. Apenas nos
moluscos cerca de 2/3 desapareceram e/ou foram substituídos.
As Calpionelas sobreviveram até ao Valanginiano. A flora suportou bem a
passagem; surgiram as angiospérmicas
Flora
As algas entraram em declínio. As carófitas são comuns nos ambientes
continentais de fácies Weald. Os cocolitoforídeos contibuiram largamente para a
acumulação de rochas carbonatadas (cré). Dinoflagelados são muito frequentes
bem como acritarcas. Nos continentes os fetos eram comuns; pteridospérmicas
estão em declínio acentuado e desaparecem com o Sistema. As benetitíneas
tiveram o seu acme no Cretácico inferior e extinguiram-se no Cenomaniano. As
angiospérmicas apareceram no início do Sistema e expandiram-se rapidamente.
Fauna
Os radiolários eram um pouco menos abundantes do que no Jurássico. As
Calpionelas extinguiram-se com o Valanginiano superior. Os foraminíferos
estavam
bem
representados:
Orbitolinas
(Barremiano-Cenomaniano),
Praealveolinas surgem no Cenomaniano, Orbitoides caracterizam o Campaniano
e Maastrichtiano, Globotruncanas apresentam no Cretácico superior uma grande
diversidade.
Espongiários siliciosos contribuiram para a génese de silex e de
espongolitos.
Rudistas (Requienia e Toucasia no Cretácico inferior, Hippurites e
Radiolarites no Cretácico superior) são comuns e em regra estão associadas a
corais. Outros lamelibrânquios e os gastrópodes eram frequentes nos mares
epicontinentais; Inoceramus têm interesse biostratigráfico, bem como Nerinea. As
amonites são particularmente interessantes; apresentam curiosas tendências
regressivas [desenrolamento (Macroscaphites, Turrilites) e simplificação das
linhas de sutura que se tornam de tipo ceratítico como no Triásico (Neolobites,
Tissotia)]. Dos equinodermes os ouriços irregulares desenvolveram-se (Toxaster,
Heteraster, Holaster, Micraster) e desapareceram os crinoides jurássicos.
Os répteis dominavam entre os vertebrados. Nos mares os Ictiosaurus
declinam e são substituídos por Plesiosaurus; os grandes répteis avipélvicos
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Estratigrafia e Paleontologia
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bípedes (Iguanodon, Trachodon) ou quadrúpedes (Ankylosaurus, Triceratops) são
comuns. Dos sauripélvicos merece referência especial Tyranosaurus com dentes
que atingiam 20cm. Répteis voadores continuaram a abundar. Todos
desapareceram no final do Sistema à semelhança do que aconteceu com
amonites, belemnites, rudistas, Inoceramus, Globotruncanas e grande parte dos
coccolitoforídeos; a sua extinção deixou espaço para o desenvolvimento dos
mamíferos, nomeadamente dos marsupiais que apareceram na América do Norte
e se diversificaram na Mongólia.
Paleogeografia
A India continuou a sua deslocação para Norte tendo passado sobre um
ponto quente no Indico o que provocou a emissão dos basaltos do Decão. O
canal de Moçambique alargou no Cretácico. A Austrália (+Tasmânia+Nova
Zelândia) separou-se da Antártida há 80 Ma. O Atlântico Sul acelerou a sua
expansão e na base do Cretácico superior (110-85 Ma) atingia mais de 3000Km
de largura. O Atlântico Norte continuou a alargar-se mas ainda não estava ligado
ao mar Ártico. O canal da Mancha abriu-se no Cretácico superior. As duas
Américas permaneceram isoladas; apenas se uniram, esporadicamente, no limite
Cretácico-Terciário em relação com a fase Larâmida que afectou a periferia
pacífica das duas Américas.
Após a fase Neocimérica do final do Jurássico a orogénese acentua-se no
Cretácico inferior e tem grande importância no Cretácico médio (Fase Austríaca).
A fase Larâmida foi responsável pela acumulação de flishes, pela intrusão
de granitóides e de emissões vulcânicas na periferia pacifica da América, que no
Chile atingiram mais de 10 000m de espessura. Na Mesogeia existem também
flishes. Para além de flishes a actividade orogénica provocou a acumulação de
produtos detríticos continentais, em particular na América do Norte, em África
(Continental intercalar) e na Europa (fácies Weald). Outra consequência foi a
grande transgressão do Cenomaniano que se iniciou no Albiano. Esta
transgessão transformou a Europa num conjunto de ilhas (Meseta ibérica, Maciço
Central francês, Maciço armoricano, Maciço das Ardenas-Renânia-Boémia,
Maciço corso-sardo e o que restava do Escudo Báltico) e cortou em dois os
blocos africano e norte-americano. O Equador passava pelas Caraíbas e pelo
Senegal (desvio de 20° relativamente ao actual). Todos os territórios do domínio
mesogeiano foram sugeitos a bauxitizações.
A zona axial dos Pirinéus elevou-se na parte central e a Este deixando a
Oeste uma fossa profunda (fossa aturiana).
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Estratigrafia e Paleontologia
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Estratigrafia e Paleontologia
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A ERA CENOZÓICA
De Kainos=recente, foi caracterizada em 1807 por Brongniart mas apenas
em 1829 Desnoyers designou por Quaternário aquilo que até então era conhecido
como Diluvium. Abarca a história da Terra entre o final do Cretácico e a
actualidade. Representa, em duração, cerca de 1/3 da Era Mesozóica e de 1/6 da
Era Paleozóica. Do ponto de vista orogénico representa a continuação do ciclo
alpino que teve, aqui, as fases paroxismais. A paleogeografia é marcada pela
abertura do Atlântico Norte e pelo fecho da Mesogeia.
Limites e subdivisões
A Era Cenozóica (inicialmente coincidente com o Terciário) foi dividida por
Lyell (1830) em Eocénico (bacia de Paris), Miocénico (bacia da Aquitânia) e
Pliocénico (bacia do Pó). Só em 1854, Beyrich separou o Oligocénico do Eocénico
com base em depósitos das bacias alemãs e, em 1874, Schimper separou o
Paleocénico da base do Eocénico. Actualmente a Era está dividida em três
Sistemas: Paleogénico, Neogénico e Quaternário. Cada um deles dividido em
diversas Séries e Andares (ver quadro).
O limite superior do Cenozóico é a mais precisa de todas as unidades
estratigráficas, por corresponder ao momento actual, mas também a mais
flutuante; por convenção fixou-se o momento actual em 1950 referindo-se os
tempos quaternários, frequentemente, a tempos B.P (before present). O limite
inferior foi o momento de extinção dos grandes répteis, das amonites, das
belemnites e dos rudistas. Foi o momento em que se deram modificações de
fácies com aparecimento de depósitos neríticos abundantes. Houve novas
transgressões que sucederam à regressão do final do Cretácico. Deu-se a fase
tectónica Larâmida.
O limite entre Maastrichtiano e Daniano é definido pela extinção das
Globotruncanas mas as Globorotalias do terciário ainda não surgiram. É no
Daniano que aparecem os primeiros organismos planctónicos característicos do
Cenozóico (Globorotalia danica e G. pseudobulloides).
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Estratigrafia e Paleontologia
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Paleontologia
As grandes mudanças faunísticas e florísticas do final do Cretácico marcam
bem o final de uma Era. fragmentação continua dos continentes conduziu ao
aparecimento de grupos de organismos especializados tais como os marsupiais
na Austrália enquanto as colisões levaram à extinção de outros. No Cenozóico os
mamíferos constituiram o grupo terrestre dominante enquanto as cicadófitas
quase se extinguem, as angiospérmicas desenvolvem-se de forma notável; os
grandes répteis extinguem-se e os mamíferos desenvolvem-se e diversificam-se a
partir do Eocénico. No Neogénico ocupam o lugar dos grandes répteis do
Mesozóico até pelo gigantismo. Nos mares a renovação faunística é espectacular;
surgem os Discoaster no nanoplâncton, nos foraminíferos as Globorotalias e há
renovamento importante nas Globigerinas. Tais mudanças são difíceis de explicar;
talvez um arrefecimento climático associado à regressão marinha do final do
Cretácico tenha sido fatal a muitos organismos, perturbando as cadeias
alimentares.
Estratigrafia
Alguns grupos são particularmente importantes; dos vertebrados os
mamíferos permitem boas zonações em ambientes continentais; dos
invertebrados os gastrópodes e lamelibrânquios são particularmente comuns nos
depósitos cenozóicos todavia, o seu interesse é pequeno; nas microfaunas os
foraminíferos são excelentes indicadores, as Numulites caracterizam o
Paleogénico, os alveolinídeos explodem no Paleogénico e desaparecem no
Neogénico, as Orthophragminas são importantes no Eocénico, as Lepidociclinas
no Oligocénico e as Miogipsinas no Miocénico, as Globorotalias permitem
estabelecer escala estratigráfica particularmente fina. Os vegetais são pouco
importantes do ponto de vista cronostratigráfico mas têm muito interesse
paleoecológico e paleoclimático.
Paleogeografia
Expansão oceânica e a orogénese Alpina marcam profundamente o
Cenozóico.
No Cenozóico inferior continuou a abertura das bacias oceânicas modernas
enquanto os continentes se deslocaram para as posições actuais. O Oeste da
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DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
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América do Norte continuou a deslocar-se para Norte originando o Alasca,
enquanto a baixa Califórnia se afastou do México à medida que o golfo da
Califórnia se abria. O Atlântico Norte continuou a abrir-se dando fim à ponte
intercontinental que ligava a América do Norte e a Eurásia (Gronelândia Noroega). No Terciário superior as duas Américas ligaram-se através do istmo do
Panamá. No Hemisfério Sul a Antártida separou-se definitivamente da Austrália, o
mar Vermelho abriu-seenquanto a Peninsula Arábica se afastou de África.
Formaram-se os Himalaias por colisão da India com o Tibete. No Pacífico
desenvolveu-se anel de fogo.
No Paleocénico o Atlântico Norte continuou a abrir-se; primeiro entre a
Gronelândia e o Canadá, no Eocénico entre a Gronelândia e a Escandinávia; ao
mesmo tempo a Eurásia deslizou para SE provocando compressão na Mesogeia
que culminou próximo do limite Eocénico-Oligocénico com a elevação final dos
Pirinéus (Fase Pirenaica). Nesta altura a América separa-se da Eurásia; os
mamíferos, que no Paleocénico e no Eocénico inferior migraram da América do
Norte para a Eurásia pelas terras boreais, passaram a transitar pelo ora istmo ora
peninsula de Bering. No Miocénico superior a expansão fazia-se a uma
velocidade de 2 a 4cm por ano e levou à constituição do sistema actual de 6
placas principais (africana, euroasiática, americana, pacífica, Indica e antártida)
limitadas por rifts oceânicos ou por fossas na periferia dos continentes.
A orogénese alpina conduziu à obliteração da Mesogeia. No final do
Miocénico terminal ficou reduzida a um mar fechado, transformando-se em
imensa bacia evaporítica; no Pliocénico rompeu-se o estreito de Gibraltar e a
Mesogeia tomou o aspecto que hoje lhe conhecemos (Mar Mediterrâneo).
Na América do Norte a orogénese traduziu-se pelo retraimento do domínio
das Caraíbas e pelo aparecimento da Serra Nevada e dos Coast Ranges; na
América do Sul pela elevação final dos Andes jé esboçados no Mesozóico. Os
movimentos orogénicos nas Américas foram acompanhados pela instalação de
falhas extensas, activas na actualidade, e por vulcanismo intenso que ainda hoje
se manifesta.
No Pliocénico soldaram-se as duas Américas o que permitiu que a fauna
de mamíferos placentários da América do Norte invadisse o continente Sul
Americano, povoado por marsupiais e ungulados primitivos que aí tinham
evolucionado em isolamento.
O nível do mar era relativamente baixo no Cenozóico. Nas margens
continentais acumulara-se depósitos detríticos de pequena profundidade. Contudo
acumularam-se aí enormes quantidades de petróleo e de gás (como os do médio
oriente). Os climas arreferceram progressivamente condizindo às glaciações do
Quaternário.
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Estratigrafia e Paleontologia
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Os climas variaram muito em função de ligeiras modificações na posição
do eixo de rotação da Terra e dos polos o que conduziu à ocorrência de
glaciações no Quaternário. No Paleogénico os climas eram tropicais nas zonas
temperadas actuais. A partir daí houve arrefecimento e diminuição da precipitação
(certa tendência para a aridez); a cintura de evaporitos ocupava a Europa Média
(bacia de Paris), depois desloca-se para Sul, atingindo a África no Quaternário.
Caracteres gerais do Paleogénico
Durou cerca de 40 Ma entre o final do Cretácico e a base do Neogénico.
Foi reconhecido por Naumann (1860); Hang chamou-lhe Numulítico em 1907.
É subdividido em Paleocénico, Eocénico e Oligocénico, Séries
reconhecidas em locais diversos.
Paleocénico
O limite inferior coincide com o da Era. o limite superior é feito com base
nas faunas de mamíferos da bacia de Paris. Nos mares coincide com o
aparecimento das Numulites
É dividido em diversos andares (ver quadro).
Eocénico
O limite inferior situa-se entre o Tanetiano e o Esparnaciano; coincide com
o aparecimento dos roedores, carnívoros, artiodáctilos e perissodáctilos.
O limite superior, definido com rigor apenas em 1987, no "Meeting of the
Subcommission on Paleogene stratigraphy" em Ancona (costa adriática de Itália),
situa-se no final do Priaboniano. O estratótipo situa-se em Massignano, 10Km a
SE de Ancona. O limite é marcado pela extinção dos foraminíferos Hantkenina e
Cribrohantkenina, que marcam a separação entre as zonas P17 e P18 de Blow,
há cerca de 34 Ma.
Oligocénico
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Estratigrafia e Paleontologia
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Foi definido por Beyrich (1854) reunindo as formações compreendidas
entre o Eocénico superior e o Miocénico inferior. Termina com o desaparecimento
das Numulites e com o aparecimento de Globigerinoides e Miogypsina.
Caracteres paleontológicos
O Paleogénico é marcado pela expansão dos mamíferos até então
representados por formas raras e de pequeno porte.
As monocotiledóneas surgem e desenvolvem-se rapidamente permitindo o
estabelecimento da cadeia alimentar monocotiledónea ∧ herbívoro ∧ carnívoro.
Fauna e flora são próximas das actuais.
Os moluscos expandem-se; cefalópodes regridem; em ambientes neríticos
são comuns equinodermes, hexacoraliários, briozoários e algas calcárias. Dentes
e otólitos de peixes são frequentes bem como restos de carapaças de tartarugas
e de crocodilos.
Os mamíferos têm um papel fundamental no Cenozóico; No Paleocénico
as jazidas principais situam-se na América do Norte e na Mongólia. Os
multituberculados extinguiram-se no Eocénico. São frequentes marsupiais
próximos das sarigueias actuais bem como uma grande diversidade de
placentários. No Eocénico extinguem-se os amblípodes (formas pesadas),
multituberculados, creodontes (sem caninos diferenciados) e condilartros
(dentadura completa sem diastema e dentes trituberculados) e surgem os
cetáceos, sirenídeos, roedores, artiodáctilos, perissodáctilos e carnívoros
fissípedes, anunciando a fauna actual. Cervídeos, girafídeos, bovídeos e
hominídeos surgem no decurso do Neogénico. É no Eocénico que vivem os
primeiros animais da linha evolutiva do cavalo (Hyracotherium seguido por
Palaeotherium no Eocénico superior). Os proboscídeos surgem próximo do limite
com o Oligocénico por formas do tamanho de um macaco (Moeritherium). Entre o
Eocénico e o Oligocénico situa-se a grande linha de Stehlin que se situa entre a
fauna de Montmartre (Paris) e a de Ronzon (Alto Loire) (extinguem-se os
perissodáctilos eocénicos - Palaeotherium, e surgem os rinocerontes, tapires e
Antracotherium, enquanto os equídeos aumentam de tamanho - Mesohippus e
Miohippus); desenvolvem-se os símios, por formas (Propliopithecus do Egipto)
que se admite estejam na base da linha evolutiva que levou ao gibão.
Paleogeografia
_________________________________________________________________________
119
DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
_________________________________________________________________________________________________
Existiam 4 grandes continentes: América do Norte, América do Sul, África e
Eurásia. A América do Norte estava ainda soldada à Gronelândia e esta estava
ligada à Grã-Bretanha. A ligação Oceano Ártico-Atlântico só será estabelecida
próximo do limite Eocénico- Oligocénico. A separação das Américas era feita por
alturas da Venezuela.
A India ainda não encontrou a Ásia e o Oceano Índico continuou a crescer.
No Paleocénico a Antártida separou-se da Austrália.
O Mar Urálico continuava a separar a Ásia da Europa; desaparece no final
do Oligocénico.
A Europa estava separada de África pela Mesogeia; a Oeste esta
contactava com o Atlântico através de dois estreitos, a Norte o estreito Norte
Bético e a Sul o Sul rifenho de um e outro lado de uma ilha situada no local do
actual estreito de Gibraltar.
Mais a Sul o Continente Africano era atravessado, no Paleocénico, por um
braço de mar que se estendia da Líbia e do Egipto até o Golfo da Guiné.
No Eocénico superior aumenta o volume de gelo nos polos o que conduziu
à instalação da psicrosfera (camada de água fria existente no fundo dos oceanos
actuais)
A cadeia pirenaico-provençal iniciou a sua elevação.
Neogénico
Foi definido por Hoernes em 1853 levando em conta o aparecimento de
formas novas que vão evoluir até aos nossos dias. Engloba o Miocénico e o
Pliocénico. Durou cerca de 20 Ma.
Miocénico
Foi definido por Lyell em 1833. Está dividido em diversos andares (ver
quadro).
O limite inferior confunde-se com o limite superior do Oligocénico. A
malacofauna que acompanha a transgressão miocénica é próxima da actual. Nos
foraminíferos inicia-se a expansão de Globigerinoides e de Miogypsina.
O Miocénico inferior termina com o aparecimento de Praeorbulina. O
Miocénico superior inicia-se com o aprecimento Globigerina nepenthes e pela
_________________________________________________________________________
120
DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
_________________________________________________________________________________________________
expansão de Globorotalia menardii. No domínio continental é assinalado pela
chegada de Hipparion à Europa
O limite superior é marcado, nos foraminíferos, pelo aparecimento de
Sphaeroidinellopsis e de Globorotalia margaritae e pelo desaparecimento de
Globorotalia menardii. Na Mesogeia o Miocénico termina por depósitos
evaporíticos do Messiniano existentes em todo o Mediterrâneo.
Pliocénico
Durou cerca de 3 Ma. As subdivisões foram estabelecidas em Itália.
O limite inferior coincide com o aparecimento de Globorotalia margaritae. O
superior é controverso; falaremos dele mais adiante.
Do ponto de vista paleontológico, o Pliocénico caracteriza-se por fauna e
flora quase idêntica às actuais; só a distribuição geográfica era diferente.
Caracteres paleontológicos
Nos microrganismos os foraminíferos e o nanoplancton calcário são
particularmente importantes para a cronostratigrafia.
Moluscos têm interesse paleoecológico e incluem formas semelhantes às
actuais.
Os mamíferos atingiram o seu acme. Os proboscídeos aumentaram de
tamanho e diversificaram-se; surgem os Mastodontes com 4 defesas no
Miocénico e com duas no Pliocénico, vão persitir em África até o Plistocénico.
Prosseguiu a evolução dos cavalos com aumento de tamanho, redução dos
dedos laterais e hipsodontia dos dentes (Merychippus no Miocénico inferior,
Hipparion, emigrante americano que chegou à Europa no Miocénico superior).
Existiam carnívoros como cães e gatos para além de tipos intermédios
como Amphycion. Dos felídeos Mio-Pliocénicos merecem referência especial
Machairodus (na Eurásia) e Smilodon (na América do Norte), os tigres-dente-desabre, com caninos gigantescos.
Os artiodáctilos primitivos do Paleogénico foram substituídos por
ruminantes como antilopes e bois com chifres ocos, com chifres maciços como
cervos e girafas que acompanhavam hipópotamos, porcos e rinocerontes. Foi no
Miocénico que apareceram os macacos com cauda e sem cauda. Todavia, no
final do Pliocénico, boa parte dos grandes mamíferos desapareceu enquanto
_________________________________________________________________________
121
DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
_________________________________________________________________________________________________
apareceram Equus e Elephas
(Australopithecus).
e se dá a expansão dos hominídeos
Paleogeografia
No final do Oligocénico desapareceu o Mar dos Urais.
A India chocou com a Ásia penetrando nesta entre 4 e 500Km e produzindo
o levantamento dos Himalaias.
O continente Eurasiático adquiriu configuração com aspecto familiar. No
Sul a paleogeografia da Mesogeia põe alguns problemas. As fossas molássicas
peri-alpinas tiveram o máximo desenvolvimento ao mesmo tempo que se faziam
sentir as fases paroxismais da Orogenia Alpina. Os arcos alpinos
individualizaram-se e encerraram, na Europa central e oriental, um mar (Paratétis)
que, a partir do Miocénico superior, se dessaliniza. Entretanto, a Mesogeia evoluiu
para o fecho a Este e depois a Oeste. Foi estabelecido contacto com a África no
final do Miocénico inferior (± 18 Ma) o que permitiu a migração para a Europa dos
proboscídeos e dos bovídeos africanos. A Mesogeia ficou tranformada num "Mar
Morto" gigante descendo as suas águas cerca de 2 000m. Em relação com as
variações eustáticas ligadas, talvez, com os primeiros estádios glaciares e
interglaciares das altas latitudes, a barreira de Gibraltar foi rompida algumas
vezes, a depressão encheu-se o que justifica a ocorrência de vasas com
foraminíferos intercaladas nos evaporitos. Durante os periodos de isolamento e de
descida do nivel das águas os rios cavaram gargantas profundas, hoje canhões
submarinos; na foz dos grandes rios acumularam-se enormes quantidades de
material detrítico. Esta paleogeografia transformou-se, bruscamente, por volta dos
5Ma, no início do Pliocénico. A Mesogeia transformou-se no actual Mediterrâneo
por abertura do estreito de Gibraltar.
Em África começou a abrir-se o Vale do Rift anunciando nova
fragmentação de Gonduana.
No Pliocénico as Américas soldaram-se o que permitiu grandes migrações,
apenas travadas pelo deserto do México: equídeos, mastodontes, tapires, lamas
deslocaram-se para a América do Sul; Megatherium, sarigueias e tatus foram
para a América do Norte.
O vulcanismo foi activo; foram emitidos andesitos ao longo das cinturas
mesogeiana e peripacifica e basaltos no interior dos cratões.
O clima foi mais quente que o actual mas a diferenciação climática
acentuou-se com os primeiros arrefecimentos climáticos. No Miocénico superior
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122
DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
_________________________________________________________________________________________________
aparecem microfaunas frias na Califórnia e na Nova Zelândia. Os sinais
indiscutíveis de arrefecimento surgem no Pliocénico através da morfologia da
concha de foraminíferos (globigerinas com enrolamento sinestro).
Quaternário
Individualizado em 1829 por Jules Desnoyers para designar os terrenos
mais modernos que os terciários da bacia do Sena. Em 1833 Henri Reboul dividiuo em Plistocénico, representando todo o intervalo com glaciações e em
Holocénico para os tempos post-glaciários. Os depósitos continentais
compreendidos entre 3Ma e 900 000 anos são designados por Vilafranquiano.
O limite inferior varia conforme os critérios usados. O início é normalmente
marcado pela deterioração climática posta em evidência pela aparição de formas
frias nos sedimentos marinhos italianos por volta de 1,8 Ma, o que coincide,
aproximadamente, com o episódio de polaridade normal de Olduvai, longe do
aparecimento dos primeiros hominídeos há 3-4Ma.
Nos depósitos marinhos, o andar mais antigo é o Calabriano marcado pelo
aparecimento de uma fauna fria com Cyprina islandica e Hyalinea baltica (descida
de temperatura de 24° para 15°C na água do Mediterrâneo); por outro lado a
extinção dos Discoaster e o aparecimento de Globorotalia.truncatulinoides são
usadas, também, para marcar o início do Quaternário. Nos continentes a aparição
de Bos, Elephas e Equus é usada como indicadora do início do Quaternário.
Plistocénico inferior (1 800 000 -700 000 anos)
O clima primeiro quente e húmido durante cerca de 600 000 degrada-se no
decurso da 1ª glaciação denominada Günz. Violentas erupções vulcânicas
afectam várias regiões, nomeadamente o centro da França. A regressão
correspondente ao máximo de glaciação é compensada pela orogénese. A fauna
tem características mediterrânicas e a flora termófila refugia-se nas regiões
abrigadas; a partir destas "ilhas" a flora vai recuperar quando da melhoria
climática; Juglans, Platanus, Castanea e Vitis puderam sobreviver ao frio e
expandiram-se de novo após o máximo glaciário.
O Homem já existe na Europa e marca a sua passagem de Oeste para
Este abandonando utensílios arcaicos, talhados em pedra (pebble culture); é um
caçador robusto, ainda não conhece o fogo mas organiza acampamentos ao ar
livre ou abriga-se em grutas.
_________________________________________________________________________
123
DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
_________________________________________________________________________________________________
Plistocénico médio - civilização acheulense (700 000 - 130 000 anos)
O início é marcado por certo aquecimento e recuperação das florestas
dizimadas pela glaciação anterior. O interglaciar durou perto de 50 000 anos. A
partir dos 650 000 anos desenvolveu-se novo periodo frio que levou os gelos até
à Alemanha. Durou cerca de 350 000 anos e constituiu a glaciação de Mindel.
Este arrefecimento foi responsavel pelo desaparecimento das últimas faunas
vilafranquianas que deram lugar a elementos frios como a raposa polar, o boi
almiscarado e os lemings que migraram até o centro da Europa.
A vegetação não se degradou completamente. Para o final do intervalo os
espectros polínicos mostram melhoria sensivel anunciadora do intervalo MindelRiss.
Segue-se novo intervalo frio (Riss) que durou cerca de 100 000 anos. O frio
foi intenso; desenvolveram-se estepes frias, as coniferas desceram até o litoral; o
Homem refugiou-se em grutas, dominou o fogo, construiu cabanas e afeiçoou os
bifaces.
Plistocénico superior - Mustierense ( 130 000 - 35 000 anos)
Iniciou-se por um episódio de reaquecimento (130 000 e 100 000) que
provocou a fusão dos gelos e o retraimento dos glaciares alpinos. Houve uma
importante transgressão que elevou o nível dos oceanos cerca de 10m. É o
Eemiano ou intervalo Riss- Würm. A vegetação recuperou por completo.
A pouco e pouco o clima voltou a degradar-se. Por volta de 70 000 anos o
frio instalou-se de novo. Na Europa os glaciares desceram até Lyon. Houve
vulcanismo em Espanha, França e Alemanha. Primeiro frio mas húmido depois
frio e seco o clima degradou-se. As florestas desapareceram e deram lugar a
estepes frias com renas, mamutes, rinocerontes lanudos, antilopes e roedores
como marmotas.
No Würm antigo (40 000 anos BC) o frio reinava na Europa. Dá-se a
regressão würmiana levando o mar a descer a mais de 100m abaixo do nível
actual. Aos 35 000 anos os Neandertalianos deram lugar ao Homo sapiens.
Plistocénico superior, Paleolítico superior (35 000 - 10 000)
_________________________________________________________________________
124
DCT/FCT(UNL)
Estratigrafia e Paleontologia
_________________________________________________________________________________________________
Separação feita com base em mudanças na civilização. As faunas e floras
são semelhantes às do Würm antigo. A partir dos 18 000 anos BC, o final da
glaciação foi inetrrompido por oscilações temperadas que foram sendo mais
constantes até ao Post-glaciário. O vulcanismo foi bastante activo. A partir do
Paleolítico superior o Homo sapiens refinou as industrias líticas e ósseas; a vida
social e espiritual evoluíu (culto dos mortos).
Holocénico, Paleolítico a actual (± 10 000 - ∨)
O Holocénico iniciou-se por volta de 9 800 anos BC. Entre 8 200 e 6 800
anos BC deu-se houve uma fase de transição entre os últimos frios do tardiglaciar
e o prenúncio dos aquecimentos post-glaciares, caracterizado pelo
desenvolvimento de Betula, Quercus, Ulmus, Corylus; foi o Pré-boreal.
Entre 6 800 e 5 500 anos BC (Boreal) houve aquecimento e instala-se
mesmo certa secura ambiental, favorecendo o desenvolvimento de florestas de
pinheiros e de Corylus (aveleira). Seguem-se os intervalos Atlântico, Boreal do Sul
e Sub-atlântico.
As espécies animais de climas mais frios migraram para Norte com este
aquecimento. Algumas linhas extinguiram-se; mantiveram-se auroques, bisontes,
cervídeos, javalis, coelhos, cavalos e cabras de montanha.
No intervalo de passagem entre Plistocénico e Holocénico houve
desenvolvimento da civilização do Mesolítico, situada entre predadores e
produtores; aparecem micrólitos geométricos. A caça e a pesca são tarefas da
vida diária das populações.
A civilização neolítica iniciou-se na primeira metade do intervalo atlântico; o
Neolítico antigo (6 000 - 5 500 a 4 000-3 800 anos BC); houve tentativas de
criação de gado e de práticas agricolas.
O Neolítico médio (5 000 - 4000 a 2 800 - 2 700 anos BC) é o alvorecer do
megalitísmo.
O Neolítico final é o calcolítico ou o alvorecer da idade dos metais; iniciouse há 3 500 BC e é marcado pela ocorrência de sepulturas colectivas.
Segue-se a idade dos metais com o bronze (1 800 - 700BC) com
incineração dos mortos etc.
_________________________________________________________________________
125
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Importância e objectivos da Estratigrafia nas Ciências da Terra
Biostratigrafia. Importância e unidades principais. Métodos de caracterização de
unidades biostratigraficas
O que é necessário para a elaboração de cartas de fácies.
Importância dos métodos sísmicos em Estratigrafia. Campo de Aplicação.
Relações entre cronozona e biozona
Unidades cronostraftigraficas. Geocronológicas e cronométricas. Principais tipos
e exemplos. Relações e valor
Validade e campo de aplicação dos princípios fundamentais da estratigrafia
O magnetismo terrestre e a geologia. Modos de utilização para a datação de
unidades líticas
Sub-divisões do pré-câmbrico
Depois há várias perguntas com quadros para completar, perguntas do género que
espécies limitam e são utilizadas para datar os períodos e sistemas geológicos…
MIDDLE
LOWER/EARLY
GSSP
11.2
14.8
16.4
20.5
GSSP
GSSP
23.8
28.5
GSSP
33.7
37.0
41.3
49.0
55.0
57.9
61.0
65.5
0.1
GSSP
71.3
0.5
GSSP
83.5
0.5
85.8
0.5
89.0
0.5
93.5
0.2
98.9
0.6
112.2
1.1
121.0
1.4
127.0
1.6
132.0
1.9
136.5
2.2
142.0
2.6
150.7
3.0
154.1
3.3
159.4
3.6
GSSP
164.4
3.8
169.2
4.0
176.5
4.0
180.1
4.0 GSSP
189.6
4.0
195.3
3.9
201.9
3.9
205.1
4.0
209.6
4.1
220.7
4.4
227.4
4.5
234.3
4.6
241.7
4.7
244.8
4.8
250
4.8
GSSP
GSSP
GSSP
GUADALUPIAN
E1
K2
K
K1
J3
J2
PENNSYLVANIAN
Artinskian
T3
T2
T1
T
283
GSSP
292
Moscovian
c5
GSSP
Visean
327
3.6
354
4
Famennian
Frasnian
Givetian
Eifelian
Emsian
LOWER/EARLY
Pragian
Lochkovian
PRIDOLI
LUDLOW
WENLOCK
Ludfordian
Gorstian
Homerian
Sheinwoodian
Telychian
LLANDOVERY
UPPER/LATE
MIDDLE
LOWER/EARLY
UPPER/LATE
MIDDLE
LOWER/EARLY
GSSP
370
GSSP
380
GSSP
391 G
GSSP
400
GSSP
G
GSSP
GSSP
417
419
G
GSSP
GSSP
GSSP
423
GSSP
428
GSSP
G
GSSP
Aeronian
"sixth stage"
GSSP
440
GSSP
"third stage"
467.5
495
3
C2
C
c3
C1
d7
d6
d5
d4
D3
D2
d2
d1
D1
s8
s7
s6
s4
s5
s3
S4
s2
S1
S
s1
O2
GSSP
O1
500
520
545
GSSP
C3
C2
C1
MESOPROTEROZOIC
850
GSSA
1000
GSSA
1200
GSSA
1400
GSSA
1600
GSSA
1800
GSSA
2050
GSSA
2300
GSSA
2500
GSSA
ECTASIAN
CALYMMIAN
STATHERIAN
PALEOPROTEROZOIC
OROSIRIAN
RHYACIAN
SIDERIAN
NOTATION
ERA
AGE
GSSA
SYSTEM
NOTATION
(Defines these
Eras and Periods)
SYSTEM
PERIOD
ERATHEM
ERA
STENIAN
650
NP3
NP2
NP
NP1
MP3
MP2
MP
MP1
PP4
PP3
PP2
PP
PP1
NA
NEOARCHEAN
2800
MA
MESOARCHEAN
No subdivision
PALEOARCHEAN
3200
into periods
PA
3600
EA
D
S3
S2
CRYOGENIAN
TONIAN
EOARCHEAN
d3
GSSP
GSSP
EONOTHEM
EON
SYSTEM
NOTATION
P1
GSSP
"second stage"
Tremadocian
P
O3
"fifth stage"
Darriwilian
P2
c1
GSSP
364
412
NEOPROTEROZOIC
c4
c2
342
Tournaisian
MIDDLE
p3
p2
p1
540
P3
p4
Kazimovian
Serpukhovian
MISSISSIPPIAN
p6
p5
ICS
International Commission on Stratigraphy
NEOPROTEROZOIC III
p7
c7
c6
320
SERIES
NOTATION
STAGE
NOTATION
AGE
GSSP
Sakmarian
Rhuddanian
J1
GSSP
Bashkirian
UPPER/LATE
J
GSSP
265
Kungurian
Gzhelian
E
p8
Roadian
CISURALIAN
E3
p9
253.4
Wordian
Asselian
E2
Subcommissions
or other sources
STAGE
AGE
ERATHEM
ERA
SYSTEM
PERIOD
EONOTHEM
EON
SERIES
EPOCH
Capitanian
N
N1
Wuchiapingian
3.6
PROTEROZOIC PR
7.12
N2
Changhsingian
ARCHEAN AR
GSSP
+/-
P R E C A M B R I A N PC
5.32
PERMIAN
GSSP
GSSP
CARBONIFEROUS
3.60
n9
n8
n7
n6
n5
n4
n3
n2
n1
e9
e8
e7
e6
e5
e4
e3
e2
e1
k6
k5
k4
k3
k2
k1
b6
b5
b4
b3
b2
b1
j7
j6
j5
j4
j3
j2
j1
l4
l3
l2
l1
t7
t6
t5
t4
t3
t2
t1
DEVONIAN
GSSP
GSSP
SILURIAN
GSSP
GSSP
2.58
ORDOVICIAN
Toarcian
Pliensbachian
Sinemurian
Hettangian
Rhaetian
Norian
Carnian
Ladinian
Anisian
Olenekian
Induan
1.81
CAMBRIAN
Ypresian
Thanetian
PALEOCENE
Selandian
Danian
Maastrichtian
Campanian
Santonian
UPPER/LATE
Coniacian
Turonian
Cenomanian
Albian
Aptian
Barremian
LOWER/EARLY
Hauterivian
Valanginian
Berriasian
Tithonian
UPPER/LATE
Kimmeridgian
Oxfordian
Callovian
Bathonian
MIDDLE
Bajocian
Aalenian
UPPER/LATE
SYSTEM
NOTATION
SERIES
NOTATION
STAGE
NOTATION
AGE
Q
Q1
PALEOZOIC PZ
EOCENE
Serravallian
Langhian
Burdigalian
Aquitanian
Chattian
Rupelian
Priabonian
Bartonian
Lutetian
LOPINGIAN
PH
MIOCENE
Calabrian
Gelasian
Piacenzian
Zanclean
Messinian
Tortonian
Ma
251.4
Q2
PH A NE R OZOI C
NEOGENE
CRETACEOUS
JURASSIC
+/-
0.01
PLEISTOCENE
LOWER/EARLY
TRIASSIC
MESOZOIC MZ
Compiled by Jurgen Remane, Chairman of the International Commission of Stratigraphy (ICS) with the collaboration of all ICS Subcommissions, A. FAURE-MURET (Université Paris Sud) and G.S. ODIN (ICS-CNRS)
Edited by an intercommission working group with J:REMANE, M.B. CITA (IUGS-ICS); J. DERCOURT, P.BOUYSSE (CGMW);F. REPETTO (Unesco) and A. FAURET- MURET (UPS)
Composition : G. ROCHE and L. DAUMAS (CNRS, Université Paris Sud, Orsay)
HOLOCENE
OLIGOCENE
PALEOGENE
CZ
CENOZOIC
PH
International Union of Geological Sciences
SEPM Spec.
Vol. #54 (1995)
Ma
PLIOCENE
PH A NE R OZOI C
STAGE
AGE
Commission de la Carte Geologique
du Monde
Commission on the Geological Map
of the World
SERIES
EPOCH
ERATHEM
ERA
Quaternary SYSTEM
PERIOD
EONOTHEM
EON
UN ESC O
INTERNATIONAL STRATIGRAPHIC CHART
O
C
This 2000 edition of the International Stratigraphic Chart is intended to give a clear picture of the present
state of the art in chronostratigraphic subdivisions of geological time, mentionning only units recommended for
international use. A typographical distinction is made between formal, semiformal and informal units.
The 1986 Guidelines of ICS (COWIE et al, 1986)and their recent revision (REMANE et al, 1996) regulate
the definition of the international chronostratigraphic/geochronologic units. The Revised Guidelines were voted
by the full commission of ICS as a mandatory document. Both versions of the guidelines stipulate that global
chronostratigraphic units are not defined by unit-stratotypes, but their lower boundary only, following the
principle introduced with the definition of the base of the Devonian in 1972 (MARTINSSON, 1977). This is
indeed the only way to arrive at a global chronostratigraphic scale made of strictly contiguous units.
Phanerozoic global chronostratigraphic boundaries are formally defined by a Global Standard Stratotype
Section and Point (GSSP - COWIE et al, 1986), whereas Precambrian chronostratigraphic boundaries are
formally defined in terms of absolute ages : Global Standard Stratigraphic Age (GSSA- REMANE et al, 1996).
In order to to become mandatory, a boundary definition as to be accepted by 60% majority in successive votes,
first by the working group responsible for the choice of the GSSP, then by the concerned Subcommission of
ICS and finally by the Full Commission of ICS. With its ratification through IUGS, the GSSP or GSSA
becomes mandatory.
FORMAL UNITS (in bold characters) are all the those which have their lower boundary defined by a GSSP
or GSSA voted by ICS in accordance with the Guidelines and ratified by IUGS. Proposed GSSPs (in bold italic)
are pending ratification. SEMIFORMAL UNITS (normal characters): Several Subcommissions of ICS
(Neogene, Paleogene, Jurassic, Triassic, Permian) have conducted a formal vote by postal ballot about the stage
names which should be used and codified by a GSSP. But as long as no GSSP has been formally adopted, these
units, recommendable as they are, have no formal status. INFORMAL UNITS (in italics) are not formally
adopted by the Subcommissions.
The subdivisions used in the present Global Chart, are based on the proposals made by the concerned
Subcommissions. Simplified subdivisions have, however been adopted for the Carboniferous and the
Ordovician, in order to maintain the necessary homogeneity of presentation. The complete versions were
included in the detailed explanatory note. Also some traditional names which are becoming obsolete have been
omitted : Lias, Dogger, Malm in the Jurassic and Tertiary in the Cenozoic (the latter already abandoned in the
first edition of this chart). "Tertiary" can be used as an informal name like Permotrias.
Numerical ages of the Phanerozoic chronostratigraphic boundaries were provided by Subcommission
summaries, compilation in Episodes (1997) by Gradstein & Ogg, or other sources, and are subject to revision.
The letter/number symbols used for divisions down to stage/age rank and the colours of the individual units
are established by the CGMW, taking as a basis its Geological Atlas of the World. This chart is updated
periodically during its general assemblies occuring within the International Geological Congress and upon
ratification of GSSPs by IUGS.
Status of GSSPs in January 2002 (updated by James Ogg)
Exercício 1
Legenda do Exercício 1
História Geológica 1
Esta sucessão litológica é constituída por 5 camadas, todas com deposição horizontal dos
sedimentos. A primeira e segunda camadas são constituídas pela deposição de argilitos e
arenitos, o que confere uma baixa energia do meio. No contacto entra as duas verifica-se uma
continuidade na sedimentação.
Na terceira camada observa-se um aumento da energia, pois a deposição de argilitos diminui,
aparecendo apenas em finos níveis, aumentando a quantidade de arenitos. Para este aumento
de energia contribui também a existência de estratificação cruzada. Pelo contrário a
profundidade do ambiente diminui devido ao aumento de dimensão dos sedimentos.
Também com uma continuidade na sedimentação chegamos à quarta camada constituída
apenas por arenitos de grão médio verificando-se uma diminuição ainda maior da
profundidade. A presença nesta camada de conchas robustas de pectinídeos, tubulações e
valvas revelam uma energia do meio bastante forte. Na passagem para a última camada temos
uma paragem na sedimentação, com um contacto brusco entre as duas camadas. A deposição
de arenito de grão médio e a presença de estratificação confirmam o aumento progressivo da
energia do meio.
Obtemos assim como conclusões gerais: um aumento de energia para o topo da sucessão,
enquanto que a profundidade, pelo contrário, vai diminuindo porque a deposição em
sedimentos mais grossos vai aumentando. Podemos também conferir um ambiente marinho à
sucessão devido à presença de bioturbações em quase todas as camadas e de pectinídeos,
podendo dizer-se que se trata de uma regressão.
Exercício 3
file:///G|/Escolinha/Site%20de%20Apoio/Relatório%20Final%20Estratigrafia.htm (3 of 18) [08-01-2004 19:55:35]
Bibliografia
Legenda do exercício 3
História geológica 3
Nesta sucessão litológica, a deposição da primeira e segunda camadas terá ocorrido num
ambiente marinho, pois verifica-se a presença de fragmentos de conchas na segunda camada e
uma regressão ligeira, passando a ser menor a profundidade e um pouco maior a energia ligada
ao processo de sedimentação. Dá-se também um aumento significativo da fracção arenosa.
No contacto da camada dois com a três não nos é dada informação, passando o ambiente a
continental. Na área erodida está implícita uma regressão, visto que de outra forma esta não
ficaria emersa. As camadas três e quatro ocorreram em ambiente marinho, comprovado
pela presença de fósseis: ostreídos e lamelibrânquios e pela deposição de calcários. Observa-se
um aumento da profundidade devido ao aumento da fracção silto-argilosa e uma diminuição da
energia do ambiente de sedimentação, ocorrendo assim uma transgressão. Entre as camadas
quatro e cinco temos uma descontinuidade, na qual está implícita uma regressão, pois a área
terá ficado emersa. Da camada cinco à sete verifica-se uma regressão bem demarcada pela
existência de fósseis de ostreídos, turritelídeos e lamelibrânquios. As camadas cinco e seis
depositaram-se em ambiente marinho. Ao longo destas duas camadas a profundidade diminui,
devido à diminuição da fracção silto-argilosa e ao aumento da fracção arenosa, tornando o
ambiente mais energético. A camada sete, no entanto apresenta raízes in situ e restos de
vegetais, evidenciando sinais de ambiente terrestre (ou pantanoso). Mesmo assim, sabe-se que a
área acabou por ficar totalmente emersa, observando-se uma intensa actividade erosiva
formando um canal que chega a atingir um metro na camada quatro. Entre a camada oito e a
camada quatro dá-se uma transgressão, depositando-se a camada oito em ambiente
continental, com a presença de fósseis de restos de vegetais e uma elevada fracção arenosa.
Para as camadas nove e dez tem-se um ambiente marinho, evidenciado pela presença de fósseis
de ostreídos e lamelibrânquios, relativamente calmo, de forma a que se possa verificar a
deposição de lignito e matéria orgânica que conferem a cor negra a estas camadas. O ambiente
torna-se mais energético a partir do topo da camada dez (aumento da fracção arenosa),
realizando-se a deposição a pequenas profundidades (existindo a formação de concreções
carbonatadas).
Torna-se um pouco difícil obter conclusões gerais, devido ao facto de existirem linhas
evolutivas bastante diferentes e notoriamente separadas.
Exercício 4
Coluna Litológica 4
História geológica 4
Durante o Ordovícico ocorreu a deposição em conformidade da série sedimentar:
conglomerados, arenitos argilosos, arenitos e argilitos (por esta sequência). Pela evolução
litológica, de conglomerados para argilitos, pode inferir-se que a energia ligada ao ambiente de
sedimentação
terá diminuído (ainda que não se possa tirar grandes conclusões em relação a esta matéria,
uma vez que nos encontramos na ausência de informação em relação ao aspecto fóssil). A série
foi posteriormente dobrada em sinclinal (os argilitos mais recentes da série encontram-se no
topo).
Não se pode afirmar ao certo se a instalação dos diques de doleritos (contacto intrusivo com
as rochas existentes) é anterior ou posterior à da falha vertical um (F1), visto que estes não se
intersectam na área do mapa. Na movimentação desta falha, o bloco Este desceu em relação ao
bloco Oeste. A superfície é aplanada por efeito da erosão de que resulta uma planície,
depositando-se os calcários na horizontal, em discordância angular com a série sedimentar
inferior.
Durante o período de erosão terá ocorrido uma transgressão ficando a zona submersa, o que
possibilitou a deposição dos calcários, no Carbonífero. Apesar de não se poderem relacionar
cronologicamente a instalação da falha vertical dois (F2) e uma nova actividade da falha
vertical um com a instalação de uma intrusão granítica, acompanhada por uma auréola de
corneanas (resultantes do metamorfismo de contacto) a sua relação poderá ter sido
contemporânea. Esta nova movimentação da falha um não é muito pronunciada (não é visível
qualquer movimentação a nível dos calcários). A movimentação da falha 2 pode ser resultado
de uma componente horizontal e de uma componente vertical (subida do bloco Este em
Bibliografia
relação ao bloco Oeste).
A área foi sujeita a erosão até adquirir a topografia actual.
Exercício 5
Coluna Litológica
Historia Geológica 5
A série sedimentar constituída por argilitos com moluscos, arenitos e argilitos depositou-se em
conformidade, ocorrendo em ambiente marinho, comprovando-se pela presença de fósseis de
moluscos. A deposição de argilitos confere um ambiente calmo e de alguma profundidade.
Contudo, a deposição de arenitos confere um ambiente menos profundo e mais energético.
Esta série foi dobrada em sinclinal, o que conferiu uma inclinação de 45° para ambos os lados.
Posteriormente ocorre a instalação de duas falhas verticais, ao longo das quais se terão
projectado os filões de felsito. As duas falhas provocaram um deslocamento semelhante, com a
descida relativa do bloco Sudoeste em relação ao bloco Noroeste. No entanto, anteriormente à
projecção dos filões de felsito, terá ocorrido a instalação de uma intrusão granítica,
acompanhada por uma auréola de metamorfismo. A área terá ficado emersa, ocorrendo
regressão, sofrendo os efeitos da actividade erosiva, que lhe conferiu um aspecto mais plano.
Terá ocorrido uma transgressão, passando o ambiente a ser de novo marinho, pois a deposição
de calcários ocorre sobre a série sedimentar inferior que se encontra dobrada em sinforma,
logo existe uma descontinuidade do tipo discordância angular entre a série sedimentar inferior,
com o calcário que se terá depositado quase na horizontal.
Não é possível estabelecer relações cronológicas entre os dois factos que terão ocorrido
posteriormente, como a instalação de uma escoada de basalto e de uma soleira de dolerito, uma
vez que estas não se intersectam. A área terá ficado finalmente emersa, ocorrendo uma
regressão, ficando sujeita a processos erosivos até adquirir o relevo actual.
Exercício 6
Legenda do Exercício 6
Legenda da curva litológica:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Conglomerados
Arenitos
Siltitos
Argilitos
Margas
Calcários
Perfil
Exercício 7
Legenda do Exercício 7
Legenda da curva litológica:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Conglomerados
Arenitos
Pelitos
Carvão
Margas
Calcários
História Geológica 7
A primeira série sedimentar representada na figura corresponde às camadas 2, l, 3, 4 e 13
dispostas em conformidade. Nestas, a granulometria aumenta no geral e como tal, terá
ocorrido regressão, confirmada pela passagem de ambiente marinho para ambiente parálico,
como comprovam os fósseis. Terá ocorrido actividade tectónica que provocou o dobramento
em sinforma e antiforma ao qual se seguiu um período de erosão.
Posteriormente, e já num ambiente continental (regressão), foram depositados conglomerados
que passando a arenitos, indicam uma variação de energia, que neste caso diminuiu.
Ocorre novamente actividade tectónica que é seguida por um período de erosão, facto que
provoca uma descontinuidade no contacto com a série sedimentar seguinte.
A série sedimentar composta pelas camadas 5 e 12 foi depositada em ambiente marinho (recifal
na camada 12) como confirmam os fósseis presentes. Nesta área houve uma aproximação à
costa, pois a camada 12 foi depositada perto do litoral. A profundidade diminuiu. Em seguida
ocorreu emersão e erosão (regressão) depositando-se as camadas 6 e 7 em ambiente litoral e
marinho respectivamente. Por conseguinte verifica-se uma diminuição da energia do meio
como resultado do aumento da profundidade.
Por fim, terá ocorrido novamente emersão e erosão depositando-se já em ambiente
continental (regressão) as camadas 8, 9 e 10 após uma descontinuidade com a série
sedimentar anterior. Não é possível, mesmo recorrendo aos vários princípios fundamentais da
estratigrafia retirar conclusões acerca da idade relativa das mesmas.
Exercício 8
Correlação litoestratigráfica
Legenda do Exercício 8
Exercício 9
Correlação cronostratigráfica
Sobreposição de 8 e 9
Exercício 10
Correlação cronostratigráfica das colunas A, B e C
Bibliografia
Legenda exercício 10
Legenda da Curva Litológica
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
Conglomerados
Arenitos
Siltitos/Pelitos/Xistos
Argilas
Margas
Calcários
Dolomitos
Reconstituição geológica da zona da zona
História Geológica 10
Durante o Devónico apenas existe o registo de xistos e grauvaques com cefalópodes. Sendo
estas rochas metamórficas, a existência destes fósseis tipicamente marinhos indica que estas
têm origem em rochas sedimentares que se depositaram em ambiente marinho. Terá ocorrido
uma
regressão, uma vez que este material se encontra erodido.
A segunda unidade está separada de l por uma descontinuidade do tipo discordância angular.
Esta camada apresenta conteúdo fossilífero marinho incluído numa rocha metamórfica
(xisto), pelo que se teria depositado em ambiente marinho. A unidade 2 data do Pérmico.
Terá existido um processo de erosão seguido ao qual, se depositaram as camadas 3, 4, e 5
segundo uma sequência sedimentar positiva, o que corresponde uma evolução das litologias
para termos mais finos. A deposição da unidade 3 terá ocorrido em ambiente continental, uma
vez que possui restos de vegetais, tendo existido uma diminuição do nível energético
conjugado ao ambiente de sedimentação (passagem de conglomerados a arenitos). De
seguida, ocorreu uma transgressão confirmada pelo conteúdo fossilífero marinho (ceratites). O
depósito de 3, 4, 5 e 1a ocorreu durante o Triásico.
Durante o Jurássico ter-se-ão depositado as unidades 2a e 3a (coluna B) . A deposição de 2a
terá ocorrido em ambiente marinho (calcário e amonóides como indicadores desse
ambiente). A área terá sido erodida (regressão) depois de uma emersão.
A unidade 3a deposita-se sobre 2a depois de uma descontinuidade do tipo disconformidade
ocorrendo compactação da bacia. 3a apresenta uma evolução transgressiva, depositando-se
segundo uma sequência sedimentar positiva e evoluindo de conglomerados a arenitos e estes a
margas (ambientes cada vez menos energéticos e indicadores de maiores profundidades). O
ambiente é marinho (presença de amonóides). Terá ocorrido emersão e erosão. lb data do
Paleogénico tendo a sua deposição ocorrido em ambiente continental (conteúdo fóssil),
segundo uma sequência sedimentar positiva, evoluindo a litologia para termos mais finos.
Durante o Neogénico depositaram-se 2b, 3b e 4b (coluna C), ocorrendo a deposição
destas segundo uma sequência sedimentar positiva.
A unidade 2b encontra-se depositada sobre lb (tendo esta sofrido erosão) separadas por uma
descontinuidade. Existiu uma transgressão em 2b. 3b continua a depositar-se em ambiente
marinho pouco energético (siltitos), confirmado também pelos fósseis marinhos
(lamelibrânquios). Existe uma variação lateral de fácies ao nível de 3 B, passando-se a depositar
4b em ambiente continental (regressão) confirmado pela presença de mamíferos terrestres.
No Quaternário, deposita-se 6, 4a e 5b, segundo uma sequência sedimentar positiva em
ambiente continental (vegetais e animais tipicamente terrestres). Ocorre uma evolução de
termos litológicos mais grosseiros para termos litológicos mais finos, o que indica uma
diminuição da
energia ligada ao ambiente de sedimentação. Terá ocorrido erosão e consequente
descontinuidade sobre a qual se depositou a camada 5a, em ambiente continental
(Angiospérmicas como fósseis) e segundo uma sequência sedimentar positiva (evolução da
litologia para termos mais finos). A área correspondente às colunas A, B e C uma vez que
actualmente se encontra em ambiente continental, está em constante actividade erosiva.
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