BRINQUEDOTECA NO HOSPITAL: PARA ALÉM DO SOFRIMENTO

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BRINQUEDOTECA NO HOSPITAL: PARA ALÉM DO SOFRIMENTO
BATISTA, Luiza Carolina1 - HIWM
CARLESSO, Andréa Stefanski2 - HIWM
SOUZA, Thaís Cristina3 - HIWM
SOUZA, Amanda Patrícia4 - HIWM
Grupo de Trabalho - Pedagogia Hospitalar
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
O fato de uma criança estar internada em um Hospital Pediátrico não quer dizer que ela deixa
de ser criança e, com essa pesquisa, pode-se destacar que as brincadeiras contribuem para sua
recuperação. As brinquedotecas hospitalares vêm proporcionar um lugar lúdico e de
descontração para os pacientes e acompanhantes. Por isso o Hospital Infantil Waldemar
Monastier, que atende crianças e adolescentes do Estado do Paraná pelo Sistema Único de
Saúde (SUS), conta em suas dependências com duas brinquedotecas, destinadas a públicos
específicos, que são adequadas para o atendimento dos pacientes em todas as faixas etárias.
Todavia, o espaço da brinquedoteca não pretende somente ter brinquedos disponíveis para os
pacientes, mas, também, proporcionar momentos com oficinas direcionadas para atingir um
determinado público em suas especificidades. Portanto, esta pesquisa tem como objetivo
demonstrar que o espaço da brinquedoteca pode ser mais bem utilizado quando há uma
mediação entre o desconhecido e o novo para a criança e adolescente internados, por meio de
oficinas que desmitifiquem o processo de hospitalização ao qual o paciente é submetido, com
o auxílio de recursos como o lúdico e recreativo, que contribuem no processo de
aprendizagem. Contudo, as oficinas não visam somente aos pacientes; os acompanhantes
também são inseridos nas atividades, como as mães da Unidade de Tratamento IntensivoNeonatal (UTI-Neo), que têm uma oficina direcionada somente para elas. Pode-se comprovar
que a brincadeira consegue amenizar questões como o estresse e o medo dos procedimentos
que ocorrem durante a sua permanência no Hospital. Com isso a criança consegue trazer para
dentro do ambiente hospitalar um pouco do seu contexto vivenciado fora do Hospital,
1
Acadêmica do 6º período do curso de Pedagogia da Faculdade Cenecista de Campo Largo. Estagiária de
Pedagogia no Hospital Infantil Waldemar Monastier.
2
Acadêmica do 4º período do curso de Pedagogia do Centro Universitário Internacional. Estagiária de Pedagogia
no Hospital Infantil Waldemar Monastier.
3
Acadêmica do 3º período do curso de Pedagogia da Faculdade Cenecista de Campo Largo. Estagiária de
Pedagogia no Hospital Infantil Waldemar Monastier.
4
Acadêmica do 3º período do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Paraná. Estagiária de Pedagogia
no Hospital Infantil Waldemar Monastier.
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contribuindo, assim, para que o processo de hospitalização torne-se menos angustiante e
doloroso e o hospital passe a ser um lugar onde ela possa encontrar alegria.
Palavras-chave: Brincar. Crianças. Brinquedoteca Hospitalar. Oficinas.
Introdução
Na área da Educação existem diversos questionamentos acerca do principal
protagonista dessa área: a criança. Uma das questões mais discutidas no meio é como o
processo de desenvolvimento integral da criança ocorre.
Para Vygotsky (1991) uma das formas de desenvolvimento integral das crianças
advém das suas experiências e relações sociais, sendo uma delas o brincar. Este autor ainda
defende que o jogo e a brincadeira são atividades indissociáveis das crianças, pois o
brinquedo dispõe de influências para o desenvolvimento tanto sociocultural, quanto para o
cognitivo, possibilitando a formação da identidade e autonomia das crianças.
É através de brincadeiras como o faz-de-conta que a criança tem a possibilidade de
desenvolver sua imaginação, associando-a a fantasia. É por intermédio desses elementos que a
criança sai de sua realidade e parte para um mundo que, para ela, seja, talvez, mais agradável,
já que é neste mundo que ela pode ser o que desejar.
A brincadeira acontece em diversos lugares, como em hospitais pediátricos,
possibilitando um atendimento lúdico, recreativo e educativo, para pacientes internados,
através das brinquedotecas hospitalares. Pode-se destacar que a brincadeira em Hospitais
ameniza o estresse e o medo do tratamento, reduzindo assim o desgaste emocional que a
criança e adolescente sofrem durante o seu processo de hospitalização.
Segundo a Lei Federal 11.104 de 21 de março de 2005, é obrigatória a instalação de
brinquedotecas em hospitais que ofereçam tratamento pediátrico. Tal lei afirma que:
Art. 1° Os hospitais que ofereçam atendimento pediátrico
obrigatoriamente, com brinquedotecas nas suas dependências.
contarão,
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se a qualquer unidade de
saúde que ofereça atendimento pediátrico em regime de internação.
Art. 2° Considera-se brinquedotecas, para os efeitos desta Lei, o espaço provido de
brinquedos e jogos educativos, destinado a estimular as crianças e seus
acompanhantes a brincar. (BRASIL, 2005).
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Visando oferecer tal atendimento às crianças hospitalizadas, o Hospital Infantil
Waldemar Monastier, localizado em Campo Largo, região metropolitana de Curitiba, é um
hospital público que atende apenas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) as crianças e
adolescentes de todo o Estado do Paraná. Ele tem a missão de “promover a saúde da criança e
do adolescente com excelência em humanização” (HIWM, 2012).
A instituição considera o atendimento humanizado das famílias e pacientes internados
ou em tratamento de saúde nos ambulatórios de especialidades, conforme preza a Cartilha do
Ministério da Saúde “HumanizaSus” (BRASIL, 2010).
Para que o trabalho lúdico possa ser levado não somente às crianças e adolescentes
que podem se deslocar até o espaço da brinquedoteca, foram contratadas estagiárias de
Pedagogia que implementam o projeto da brinquedoteca, com atividades recreativas de
oficinas lúdicas para além do espaço físico “Brinquedoteca”. Esse trabalho abrange também
os ambulatórios que atendem em diversas especialidades, a Unidade de Tratamento IntensivoNeonatal (UTI-Neo) e a Unidade de Tratamento Intensivo Pediátrica (UTI-Ped).
Acredita-se, assim, que o estresse passado durante o internamento e/ou tratamento de
saúde pode ser minimizado quando ocorre um trabalho humanizado que consiga trazer para
dentro do Hospital a vida cotidiana do paciente, da forma mais próxima possível.
Por intermédio das brincadeiras a criança terá disponibilizada a melhor forma de
entender o mundo à sua volta, conhecendo o próprio corpo, interagindo com o próximo e
despertando a imaginação. Através das brincadeiras, aprende-se a resolver pequenos
problemas, o que contribuirá para o desenvolvimento cognitivo, que certamente envolve
prazer e divertimento.
Segundo Oliveira (2002, p. 160),
ao brincar, a criança passa a compreender as características dos objetos, seu
funcionamento, os elementos da natureza e os acontecimentos sociais. Ao mesmo
tempo, ao tornar o papel do outro na brincadeira, começa a perceber as diferenças
perspectivas de uma situação, o que lhe facilita a elaboração do diálogo interior
característico de seu pensamento.
Dessa maneira, podemos perceber que as brincadeiras, desde as mais simples até as
mais complexas, são uma necessidade natural para o desenvolvimento da criança e a auxiliam
na construção de seu conhecimento.
É brincando que a criança desenvolverá sua capacidade de imaginação, de inserção na
sociedade e aprenderá a conviver com seus pares. Sozinha ou em grupo, ela usa todos os
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recursos de que dispõe para explorar o mundo, ampliar a sua percepção sobre ele, organizar o
pensamento e trabalhar com afetos e sentimentos.
Desenvolvimento
Antigamente as crianças e adolescentes internados em hospitais pediátricos eram
privados de realizar suas atividades recreativas, educacionais e lúdicas durante a sua
hospitalização; com isso, ocorria uma mudança em seus hábitos e acabavam adequando-se a
uma realidade, mesmo que temporária.
Visto que desse modo o processo de internamento tornava-se mais doloroso e
frustrante para as crianças e adolescentes, surgiram as brinquedotecas hospitalares, que têm o
objetivo de oferecer a crianças e adolescentes internados um período menos traumatizante e
mais prazeroso, já que é por intermédio das brincadeiras que os procedimentos médicos
invasivos se tornam amenizados durante a hospitalização dos pacientes. Sobre a internação
hospitalar de uma criança, o autor abaixo afirma:
A internação num hospital, além de provocar uma interrupção na rotina de vida da
criança, favorece a sua insegurança porque a priva de seus parentes e amigos, seus
brinquedos e tudo o que lhe é familiar. Ela fica, portanto sujeita a deixar-se envolver
pelo pânico ou pela tristeza, o que certamente dificultará tanto a aceitação do
tratamento como a sua recuperação. (CUNHA, 2007, p. 95).
A criança em estado de internamento não deixa de ser criança e como uma
necessidade natural da criança é o brincar, ela necessita disto durante o seu processo de
hospitalização, já que é um período em que ela está fragilizada e passa por diversas situações
de desequilíbrio emocional. Portanto, o brinquedo e as brincadeiras vêm de modo a
proporcionar momentos estáveis para a criança, o que resulta em um desenvolvimento que
não esteja tão comprometido em aspectos emocionais ou intelectuais.
Brinquedoteca: história de alegria e desenvolvimento
Compreende-se que, para uma criança que fica dias, semanas, meses ou até anos em
um Hospital, o tempo parece não passar e a vida parece estar parada num ponto do qual não se
vê futuro. Assim, a brinquedoteca é um espaço em que o tempo corre e a vida é sentida como
algo real.
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Porém, o espaço “brinquedoteca” pode extrapolar o passar o tempo, bem como o
espaço físico. Lugar de diversão pode também passar a ser lugar educativo por intermédio da
realização de oficinas lúdicas e recreativas, que têm como objetivo desmitificar o processo da
hospitalização que o paciente vivencia, tornando, assim, o internamento uma situação mais
aconchegante e próxima da sua realidade fora do hospital,
as reações das crianças, nos casos mais graves e nas hospitalizações demoradas ou
repetidas, podem causar graves sequelas psicossocias. No entanto, a brinquedoteca
favorece a amizade com outras crianças, porque elas brincam juntas, trocam
impressões e enfrentam melhor a doença, além da segurança que os brinquedos e o
brincar proporcionam, fazendo que se sintam em casa. (GIMENES; TEIXEIRA,
2011, p. 198).
Com isso, no Hospital Infantil Waldemar Monastier são desenvolvidas pelas
estagiárias de Pedagogia oficinas dentro e fora das brinquedotecas, sendo que os setores que
recebem esse atendimento são: Enfermarias 3 e 4, UTI-Neo, UTI-Ped e Ambulatórios. Cada
oficina agrega um conhecimento para os pacientes, como mencionado anteriormente, de
forma lúdica e educativa, já que são planejadas para atender crianças que estão em diversos
setores do Hospital. Para que isso aconteça de forma que abranja todos os pacientes, as
oficinas são realizadas em dias específicos na semana e horários pré-determinados; porém,
como a rotina do hospital é instável, os horários tornam-se flexíveis, para que todos possam
participar, pacientes, acompanhantes e até mesmo os colaboradores do HI.
As oficinas surgiram no Hospital Infantil quando se observou a necessidade das
crianças perceberem que o Hospital não é somente um lugar de dor e sofrimento. Com isso, as
oficinas têm como objetivo geral modificar essa visão que pacientes e acompanhantes têm do
Hospital. A seguir serão descritas as oficinas vivenciadas no Hospital Infantil Waldemar
Monastier.
Oficina Caça ao Tesouro
Essa oficina é destinada aos pacientes internados na Enfermaria 4, que permanecem no
hospital por um período mais prolongado. Por esse motivo, a oficina de caça ao tesouro foi
desenvolvida para que os pacientes tivessem a oportunidade de conhecer de forma divertida o
hospital e alguns dos materiais hospitalares, como o acesso, soro, álcool-gel e pijama que
utilizam para permanecer no HI, entre outros materiais.
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A metodologia empregada nessa atividade inicia-se com um convite de sensibilização
realizado nos quartos das crianças. Com isso os pacientes e acompanhantes, com a orientação
das estagiárias, percorrem o Hospital procurando as pistas e objetos espalhados no interior do
espaço físico. Durante o desenvolvimento, é feita a mediação do conhecimento prévio das
crianças com o novo conhecimento. Ao se chegar ao destino do caça ao tesouro, procura-se
fazer uma roda de conversa e recapitular o que já foi encontrado e, assim, as crianças
procuram o tesouro e cada um recebe o seu, seja um gibi ou figurinhas adesivas.
Nessa atividade, percebe-se o desenvolvimento que as crianças e pacientes
demonstram e, também, os medos e ansiedades. Procura-se, então, desmitificar o processo de
hospitalização e esclarecer dúvidas sobre objetos por eles usados, buscando envolver o lúdico
e o educativo para uma melhor compreensão dos pacientes e também dos acompanhantes.
Oficina Pré-Cirúrgicas
No HI são realizadas diariamente cirurgias de Adenoidectomia, Amigdalectomia,
Adenoamigdalestomia,
Septoplastia,
Turbinectomia,
Apendicectomia,
entre
outras.
Percebendo o medo que as crianças tinham em relação às cirurgias, foi desenvolvida uma
oficina entre as estagiárias de Pedagogia e a Psicóloga responsável pela Enfermaria 3, que
demonstra para as crianças como será realizado cada procedimento, com esclarecimentos de
algumas dúvidas freqüentes que as crianças têm. Para a realização das oficinas, as estagiárias
entram em contato com a equipe de enfermagem para obter a informação de quais serão feitas
no dia. O desenvolvimento da oficina acontece com uso de uma boneca que representa uma
criança na sala de cirurgia. Primeiro as estagiárias demonstram de forma lúdica todo o
processo da cirurgia para um grupo de pacientes, eliminando possíveis dúvidas. Após todo
esse processo, é disponibilizado material médico de brinquedo para que as crianças possam
realizar os procedimentos na boneca.
Na finalização da oficina, é dada uma estrela adesiva para cada paciente que
representa a coragem de quem faz a cirurgia, para que haja uma desmitificação dos
procedimentos cirúrgicos.
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Oficinas nos ambulatórios
As oficinas realizadas nos ambulatórios vêm transformar a espera e a angústia em um
momento de criatividade e ludicidade. Para que isto aconteça, há um espaço destinado a esse
fim, que conta com tapete de etil venil acetato (EVA), de modo que a criança tenha mais
conforto no momento em que desenvolverá a atividade, e cadeiras para que os acompanhantes
possam permanecer junto à criança neste trabalho. Os materiais, inclusive os tapetes, são
higienizados após o uso.
O planejamento das atividades é realizado para um trabalho que envolva a criança,
tirando-a do estresse da espera. Por este motivo, as oficinas são realizadas de acordo com o
momento que as crianças vivenciam no ambulatório. As durações das oficinas tendem a ser
rápidas, para que a criança possa participar delas por inteiro e, também, para que ela não fique
mais nervosa ou frustrada pelo não término da brincadeira.
As oficinas são direcionadas para a construção de brinquedos como peteca de jornal,
que proporciona a brincadeira em grupo, swing poi, bilboquê, pintura em desenhos e desenhos
livres. Além desses materiais, são disponibilizados brinquedos para a interação social entre os
pacientes. São desenvolvidas atividades que visam às datas comemorativas, para que as
crianças possam conhecer a cultura de nosso país.
A participação dos pais é de grande valia para o andamento das oficinas, pois é neste
momento que a criança tende a se distrair da tensão de espera; com isso, a interação da família
vem muito a contribuir para esse momento angustiante.
Oficina de mães
A oficina é realizada com mães da UTI-Neo, pelo motivo de elas não precisarem
permanecer em tempo integral com os bebês internados na UTI-Neo. Por isso, o trabalho com
as mães visa proporcionar ações que ajudem a controlar a ansiedade e a aproveitar o tempo
livre durante o período que estão no hospital. Portanto, as oficinas objetivam motivar as mães
através do trabalho manual, na esperança de recuperação de seu filho, diminuindo, dessa
forma, a ansiedade.
As atividades desenvolvidas são de interesse das próprias mães, como o crochê,
bordão de ponto cruz e tricô, que resultam em toalhinhas de boca, touquinhas em tricô e
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tapetes em crochê, entre outros trabalhos artesanais, sempre tendo como objetivo um trabalho
para seu bebê.
Percebe-se que com esse trabalho elas ficam mais confiantes com a recuperação de
seus filhos, pois é na realização dessa atividade manual que elas compensam o tempo em que
ficam separadas de seus bebês. Observa-se ainda que a oficina contribui para a interação
social entre as mães, pois, nos momentos em que não tem a estagiária para auxiliar no
trabalho proposto, elas acabam se ajudando, criando assim um trabalho humanizado.
Contação de histórias na UTI-Pediátrica
Para a oficina de contação de histórias na UTI-Ped, é preciso uma preparação para
entrar nesse ambiente, devido à precaução necessária com o ambiente. Para tanto, as
estagiárias vestem roupas adequadas e fazem a higienização das mãos. É a partir da orientação
dos profissionais de saúde que elas se dirigem aos boxes das crianças que podem receber esse
atendimento da contação de histórias.
Como as crianças da UTI-Ped apresentam patologias mais graves e requerem cuidados
em tempo integral por parte de uma equipe multidisciplinar, a contação de histórias vem
como uma quebra da rotina da criança internada, trazendo para o paciente a fantasia e a
imaginação de um mundo diferente da realidade em que está inserido no momento. Assim, a
contação de história torna-se essencial para a criança durante sua internação.
[...] encantam e cativam crianças até os dias de hoje, com suas histórias fantásticas,
de uma forma indireta, as ensinam a aceitar o medo, a perda, a conhecer o amor, o
valor de uma amizade... Sem falar é claro das bruxas, fadas, lobos maus, príncipes
encantados, princesas e tanto outro personagens que aparecem geralmente para nos
oferecerem alguma mensagem. (KNÜPPE, 2002, p. 11).
A contação de história é importante, pois propicia aos pacientes um momento de
descontração em relação aos rígidos procedimentos que são realizados na UTI.
Resultados
As brinquedotecas do Hospital Infantil Waldemar Monastier foram instituídas no dia
17 de março de 2011 por meio da Resolução nº 032/2011 (HIWM, 2011). No início, elas não
abrangiam todo o espaço do hospital, ficando restritas às Enfermarias 3 e 4. Com a orientação
da equipe de Pedagogia e Psicologia do HI, foram criadas e desenvolvidas as oficinas que
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garantam um atendimento de ludicidade para todas as crianças que venham a passar pelo
Hospital.
Deste modo, as oficinas foram pensadas e desenvolvidas respeitando as características
dos usuários de cada setor do hospital, sendo planejadas antecipadamente e revisadas pela
Pedagoga e Psicóloga do HI, que dão o direcionamento quanto às adequações necessárias.
Para a organização das oficinas, em relação aos dias em que serão realizadas, foi
desenvolvido um cronograma em que constam os dias da semana e os horários programados,
sendo passível de mudança, conforme as necessidades do hospital.
Com o início da aplicação das oficinas, acabou sendo evidenciada uma real
necessidade de atendimento da brinquedoteca em outros setores, para uma melhor relação
entre a equipe da brinquedoteca, profissionais de saúde e colaboradores. As oficinas são
potencializadas para auxiliar os pacientes e acompanhantes a esquecer, por um momento, a
doença, o tratamento e a amenizar a dor pelo qual eles passam intensamente no ambiente
hospitalar. Com isso, as crianças que passam pelas oficinas tornam-se mais suscetíveis à
socialização com outros pacientes e melhoram o seu relacionamento com a equipe do
hospital. Isso torna o seu internamento menos traumatizante. Oliveira (2005) afirma que “o
brincar revela-se como um sinal de saúde num contexto que tem como principal objetivo a
cura de uma doença”. Portanto, sente-se a necessidade da existência da brinquedoteca no
ambiente hospitalar, para que a criança possa ser criança, não sendo caracterizada apenas
como paciente, e que ela possa ser ativa no seu processo de hospitalização.
Considerações Finais
A brinquedoteca é um espaço de diversão, mas, ao mesmo tempo, de valorização da
recuperação da saúde da criança enferma. Valoriza-se, portanto, nesse espaço, a socialização
entre os pacientes e acompanhantes, com auxílio de uma abordagem lúdica, que possibilita
aos pacientes fazer novos amigos e aos acompanhantes a interação com o meio e a troca de
saberes com outros acompanhantes.
É durante a hospitalização que se evidenciam os laços afetivos entre acompanhantes e
pacientes e a brinquedoteca auxilia nessa questão de afetividade, uma vez que é estimulado
aos acompanhantes permanecerem e participarem das brincadeiras com os pacientes,
auxiliando-os a enfrentar de uma outra maneira a hospitalização. É nesse sentido que o
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trabalho nas brinquedotecas do Hospital Infantil Waldemar Monastier é direcionado,
favorecendo a humanização nas relações entre a equipe e o usuário.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 11.104, de 21 de março de 2005. Dispõe a obrigatoriedade de instalação de
brinquedotecas nas unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico em regime de
internação. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 mar. 2005. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ATO2004-2006/2005/Lei/L11104.htm>. Acesso em:
06 abr. 2013.
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de
Humanização: formação e intervenção. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2010.
CUNHA, N. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. São Paulo: Aquariana, 2007.
GIMENES, B. P.; TEIXEIRA, S. R. O. Brinquedoteca: manual em educação e saúde. São
Paulo: Cortez, 2011.
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<http://www.hospitalinfantil.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=11>.
Acesso em: 8 abr. 2013.
KNÜPPE, L. Contos de fadas: fundamental é despertar nas crianças o gosto pela leitura.
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