Os seres humanos já viveram em cavernas, aldeias e hoje vivem

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INSETOS: PREVENÇÃO EM CONDOMÍNIOS
Os seres humanos já viveram em cavernas, aldeias com 30-50 pessoas e hoje vivem em
cidades com milhares e milhões de habitantes. A expansão urbana levou ao
desenvolvimento de tecnologias, melhoramento da qualidade de vida, relacionada à
saúde e consumo, no entanto, houve a perda de espaço com o meio natural e rural.
As cidades atualmente concentram animais considerados sinantrópicos, ou seja, que
tem a capacidade de adaptarem-se às condições ecológicas favoráveis criadas pelo
homem nas áreas urbanas. Podem viver de forma permanente nas cidades, ou estar
apenas de passagem. Por quê? Há alimento, água e abrigo – os três “As”. Animais ou
mesmo vegetais em grande numero, no local errado e na hora errada, são
considerados, PRAGAS e surge a preocupação de manejá-los.
Segundo o dicionário do Aurélio Buarque de Macedo:
Praga = Calamidade, qualquer pessoa, animal ou coisa importuna; abundância de
coisas desagradáveis ou nocivas; designação aos insetos, plantas ou doenças que
incomodam ou atacam o homem.
Controle = ação, efeito de matar ou eliminar algo ou alguém.
Atualmente, a terminologia mais correta empregada é “Manejo Integrado de Pragas”
(MIP).
Na figura abaixo verifica-se as reclamações mais comuns com relação à fauna
sinantrópica existentes em áreas urbanas no ano de 2015 conforme a sazonalidade:
É evidente que os insetos e mesmo outros animais considerados pragas diminuem sua
atividade durante o período mais frio do ano.
BARATAS
São onívoras, ingerem qualquer tipo de alimento. Podem disseminar bactérias, fungos,
vírus, helmintos e protozoários patogênicos, causadores de enfermidades como
conjuntivites, gastroenterites, infecções urinárias, toxinfecções alimentares, alergias,
verminoses, micoses, amebíase, giardíase, hepatite, entre outras.
No entanto, são importantes na cadeia alimentar, e foram empregadas na cura da
AIDS, pois possuem polissacarídeos e aminoácidos que produzem efeitos similares ao
AZT, bem como auxiliam em enfermidades cardíacas [Li Shunan, Dpto. Farmacologia,
Inst. Médico de Yunnan, China, 2004].
As baratas tem um comprimento total entre 1 mm a 10 cm; a coloração das espécies
urbanas é frequentemente escura (marrom ou negra) e as espécies silvestres podem
ser coloridas. Machos são menores que as Fêmeas, porém com asas mais
desenvolvidas. Em algumas espécies somente os machos voam.
1) Blattella germanica = "baratinha de cozinha ou de madeira", "francesinha ou
alemãzinha", devido as faixas dorsais longitudinais claras e escuras. É de difícil manejo.
Possui tolerância a diversos inseticidas. Suas ninfas completam seu desenvolvimento
em 36 dias do estágio de ovo à adulta. A ooteca possui cerca de 50 ovos. 2) Periplaneta
americana = "barata de esgoto" ou “barata voadora”. Vive em média de 2,5 anos,
produzindo até 810 ovos. São comumente observadas em cozinhas e banheiros devido
à temperatura e umidade, permanecendo em torno de equipamentos geradores de
calor (geladeira, freezer, forno de microondas) e sob as pias, próximas dos
encanamentos. Possuem dispersão passiva, isto é, adentrando no ambiente através do
transporte junto às embalagens.
José Albertino Rafael que estuda a ordem das baratas informa que o nojo das pessoas
por estes insetos é consequência do contato com as baratas de esgotos, maiores e
presentes em residências, restaurantes, empresas. As espécies silvestres não exalam
mau cheiro, não mordem e não transmitem doenças.
Métodos de Controle Manejo
A prevenção na forma de limpeza das residências e do terreno ou jardins, vedação de
ralos, manutenção e limpeza de caixas de esgoto, adequação correta do destino final
do lixo em residências e condomínios. Aerossóis vendidos em supermercados ou
inseticidas tradicionais a base de piretróides funcionam, mas algumas espécies
apresentam resistência; se a infestação for grande, deve-se contratar uma empresa
especializada para desinsetizar o ambiente.
FORMIGAS
São insetos sociais que formam colônias. Pertencem ao mesmo grupo das vespas e
abelhas. As formigas domésticas são encontradas em residências (áreas alimentares e
jardins), hospitais, restaurantes e empresas de eletrodomésticos; as formigas rurais
são especializadas em cortar folhas e partes vegetais para garantir a sua sobrevivência
(cortadeiras).
Ocorrem em todos os continentes com exceção dos pólos. Estima-se que existam cerca
de 18.000 espécies de formigas e no Brasil há aproximadamente 2.000 espécies
conhecidas, sendo que somente 20 a 30 são consideradas pragas.
Há sobreposição de gerações, divisão de tarefas e cuidado com a prole. São úteis, pois
auxiliam na dinâmica de populações de outras espécies de insetos e na aerificação do
solo. Tornam-se um incomodo quando invadem residências, jardins e cultivos. As
“formigas-carpinteiras” destroem a madeira furando-a para fazer os seus ninhos. As
“formigas-assassinas” tendem a atacar animais maiores para se alimentar ou para
defesa.
As formigas estão presentes em muitas culturas, lendas e histórias infantis
representando o trabalho, a cooperação e agressividade. Em algumas localidades do
continente Africano são consideradas mensageiras dos deuses; para os indígenas
norte-americanos, como os Hopi, consideram as formigas como os primeiros
habitantes do Planeta. Os índios brasileiros no Xingu utilizam suas mordidas em
cerimônias de iniciação como teste de resistência.
Diversidade de Formigas
*Formigas- correição: não constroem formigueiros permanentes e alternam entre uma
vida nômade e a organização de abrigos temporários.
*Formigas-pote-de-mel: criam obreiras especiais, cuja única função é armazenar um
líquido adocicado em seus próprios abdomens para o resto do grupo, ficando em geral
imóveis. Vivem geralmente em locais secos e são consideradas um “petisco” delicioso.
*Formigas-tecelãs: constroem ninhos em árvores e formam pontes através da união de
folhas tecidas com fio de seda obtido de larvas.
*Formigas-cortadeiras: alimentam-se exclusivamente de um fungo que se reproduz
sobre a matéria orgânica depositada no interior do formigueiro.
Formas de Controle
Mecânico: somente viável quando o formigueiro é jovem. Consiste na retirada do
ninho escavando-se o local até encontrar a(s) panela(s) de fungo juntamente com a
rainha. É um controle efetivo principalmente quando a área infestada é pequena.
Químico: executado por meio de iscas granuladas, pó seco, líquidos termonebulizáveis
ou gases liquefeitos.
Iscas Granuladas: fácil utilização através de pequenos pedaços de substâncias atrativas
impregnados com um ingrediente ativo tóxico (inseticida). A eficiência depende da
correta aplicação e do ingrediente ativo nela contido.
As iscas mais eficientes possuem ingredientes ativos de ação lenta, não matam as
formigas por contato e possibilitam o seu transporte para o interior do formigueiro
sendo distribuída junto com o fungo, ou dependendo do principio ativo, matando o
fungo. Durante a aplicação as iscas devem ser manuseadas com luvas, pois as formigas
percebem o odor e o suor e podem rejeita-las. Não deve ser realizada a aplicação em
dias chuvosos e solos úmidos. Também evitar contato com crianças e animais
domésticos.
Pó seco: aplicado no interior do formigueiro através de polvilhadeiras (bombas
insufladoras de pó), e apresentam maior sucesso em terrenos secos. Em ninhos
antigos, cujas panelas são profundas a eficiência é limitada. Podem intoxicar as
pessoas próximas ao local de aplicação quando em dias de vento.
Líquidos termonebulizáveis: introdução de inseticida líquido diretamente nos olheiros
do formigueiro por meio de aparelhos que produzem fumaça tóxica. Esse inseticida
tem ação rápida e age por contato. É oneroso devido ao equipamento e mão-de-obra
especializada.
Gases liquefeitos: gases comprimidos em embalagens apropriadas que são liberados
diretamente no interior de olheiros por meio de mangueiras adaptadas a uma válvula
de saída. Deve-se ter o cuidado de fechar todos os olheiros próximos. A fumaça tóxica
pode intoxicar pessoas e animais domésticos.
MOSQUITOS
São de grande importância em saúde pública, pois podem transmitir diversas doenças:
febre amarela, dengue, zika, malária, encefalites, filariose, entre outras. Causam
grande incômodo e muitas áreas de recreação deixam de ser utilizadas devido à
presença destes insetos em determinadas épocas do ano. Dentre as espécies
importantes estão as do gênero Anopheles, Culex e Aedes. Existem cerca de 2.700
espécies.
Os mosquitos apresentam duas fases distintas de desenvolvimento:
- dependentes da água: ovo, larva e pupa;
- aérea: adultos.
A duração do ciclo é regulada pela temperatura e disponibilidade de alimento e varia
de 7 a 11 dias. As larvas são visíveis na água, mas a identificação da espécie é realizada
em laboratório.
Medidas Preventivas
Para diminuir as populações de mosquitos é necessário: EVITAR CRIADOUROS.
1) O município é responsável pela supervisão e tratamento de galerias de águas
pluviais, redes de esgoto, valetas, obras em construção e cemitérios.
2) Os munícipes podem auxiliar com as seguintes dicas:
- não deixar água parada limpa ou suja exposta em quaisquer recipientes; caixas
d'água devem ser fechadas, latas, garrafas, jarros, copos, pratos de vasos, tambores
virados; piscinas sem tratamento devem ser fechadas com lonas apropriadas;
- não jogar materiais e resíduos em córregos, rios, lagos, açudes, obstruindo-os;
- colocar flores artificiais em vasos de cemitério; se for usar flores naturais não coloque
água;
- não jogar materiais diversos ou resíduos sólidos em terrenos baldios.
Método químico: uso de inseticidas, inibidores de crescimento, feromônios, atrativos e
repelentes. O uso de determinados inseticidas e larvicidas requerem cuidados, uma
vez que algumas destas substâncias são tóxicas e colocam em risco a saúde humana e
animal e o meio ambiente. A utilização de DDT, em especial na região amazônica, é um
dos exemplos clássicos do perigo que estes produtos podem representar, uma vez que
este produto é cancerígeno e pode ser fatal.
Método biológico: emprega organismos (vírus, bactérias, fungos, protozoários) e
outros invertebrados (insetos aquáticos, planarias, escorpiões, aranhas) capazes de
predar as larvas dos mosquitos indesejáveis, alám de aves insetívoras, morcegos,
peixes, anuros, répteis. O uso de OGM – organismos geneticamente modificados – têm
sido introduzidos na natureza, como machos estéreis em zonas afetadas. Este
procedimento provoca o acasalamento de fêmeas férteis com machos inférteis, e
consequentemente, a produção de ovos inviáveis.
Os processos químicos, mecânicos e biológicos não são mutuamente exclusivos,
devendo ser estudada a sua utilização numa perspectiva integrada.
Curiosidades
Os mosquitos voam a uma velocidade média de 1,5 a 2,0 Km/h e podem deslocar-se a
distâncias de 100 - 160 km; podem detectar a "vítima" a 25 - 30 m; sua saliva contém
anticoagulantes que evitam que o sangue coagule; essas proteínas é que provocam a
reação alérgica associada às picadas do mosquito; as fêmeas se alimentam de sangue
para obter as proteínas necessárias para a produção de ovos; machos se alimentam do
néctar das plantas; os ovos podem permanecer inertes por um período superior a um
ano e eclodir quando em contato com a água; Um numero superior a 50 espécies de
mosquitos são resistentes ao menos a um inseticida. Nada melhor do que o útil e velho
mosquiteiro!
CUPINS
Insetos cujo hábito alimentar são raízes, partes de vegetais e fungos,
preferencialmente compostos de celulose. Atacam papéis, livros, estruturas de
madeira ou qualquer outro material derivado deste polímero. São fundamentais na
natureza, pois desempenham papel fundamental no meio ambiente, na decomposição
de matéria orgânica ao solo e contribuem para a incorporação de nutrientes e
fertilidade do solo.
Salienta-se a importância na identificação correta das espécies a ser controladas,
distinguindo as espécies que causam danos ao patrimônio privado, histórico ou
cultural do homem, daquelas úteis na manutenção da cadeia alimentar na natureza.
Manejo
Como os cupins são insetos sociais, é fundamental controlar a colônia ou criar
barreiras para que não tenham acesso à edificação. Em geral, não são resistentes a
inseticidas, mas a dificuldade no controle da infestação esta em atingir a colônia, que
pode ser impossível de localizar. É essencial determinar a espécie:
a) cupim de madeira seca (não sai da madeira)
b) cupins de solo ou cimento.
As estratégias de controle são diferentes em cada caso.
Não adianta criar barreiras no solo se o cupim é de madeira seca ou aplicar inseticida
na peça afetada se o cupim é de solo. O método mais utilizado é a aplicação de
inseticidas químicos para cupins de madeira. Métodos alternativos incluem: barreiras
físicas, iscas, atmosferas modificadas e controle biológico.
Um móvel de madeira, 50% tomado por cupins, NÃO TERÁ UM CONTROLE EFETIVO!
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) e a Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), criaram um grupo de
especialistas em cupins (Termite Expert Group) para discutir e avaliar alternativas para
o controle desses insetos.
Os documentos abaixo contêm os resultados do trabalho dessa comissão:
Report of the UNEP/FAO/Global IPM Facility Termite Biology and Management
Workshop (relatório em pdf)
Finding Alternatives to Persistent Organic Pollutants (POPs) for TermiteManagement
(Página com versão em PDF e DOC)
Biol. Drª. Susi Missel Pacheco
Diretora Presidente do Instituto Sauver
Av. Pernambuco, 2623/404 - Porto Alegre, RS.
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