VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA MORFOSSINTAXE I Rio de Janeiro / 2007 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO Todos os direitos reservados à Universidade Castelo Branco - UCB Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer forma ou por quaisquer meios - eletrônico, mecânico, fotocópia ou gravação, sem autorização da Universidade Castelo Branco - UCB. U n3p Universidade Castelo Branco. Morfossintaxe I. – Rio de Janeiro: UCB, 2007. 32 p. ISBN 978-85-86912-54-2 1. Ensino a Distância. I. Título. CDD – 371.39 Universidade Castelo Branco - UCB Avenida Santa Cruz, 1.631 Rio de Janeiro - RJ 21710-250 Tel. (21) 2406-7700 Fax (21) 2401-9696 www.castelobranco.br Responsáveis Pela Produção do Material Instrucional Coordenadora de Educação a Distância Prof.ª Ziléa Baptista Nespoli Coordenador do Curso de Graduação Antonio Carlos Siqueira de Andrade - Letras Conteudista Denise Monte Mór Paixão Supervisor do Centro Editorial – CEDI Joselmo Botelho Apresentação Prezado(a) Aluno(a): É com grande satisfação que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de nossos cursos de graduação, na certeza de estarmos contribuindo para sua formação acadêmica e, conseqüentemente, propiciando oportunidade para melhoria de seu desempenho profissional. Nossos funcionários e nosso corpo docente esperam retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade, por meio de uma estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria contínua. Esperamos que este instrucional seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seu conhecimento teórico e para o aperfeiçoamento da sua prática pedagógica. Seja bem-vindo(a)! Paulo Alcantara Gomes Reitor Orientações para o Auto-Estudo O presente instrucional está dividido em três unidades programáticas, cada uma com objetivos definidos e conteúdos selecionados criteriosamente pelos Professores Conteudistas para que os referidos objetivos sejam atingidos com êxito. Os conteúdos programáticos das unidades são apresentados sob a forma de leituras, tarefas e atividades complementares. As Unidades 1 e 2 correspondem aos conteúdos que serão avaliados em A1. Na A2 poderão ser objeto de avaliação os conteúdos das três unidades. Havendo a necessidade de uma avaliação extra (A3 ou A4), esta obrigatoriamente será composta por todo o conteúdo de todas as Unidades Programáticas. A carga horária do material instrucional para o auto-estudo que você está recebendo agora, juntamente com os horários destinados aos encontros com o Professor Orientador da disciplina, equivale a 60 horas-aula, que você administrará de acordo com a sua disponibilidade, respeitando-se, naturalmente, as datas dos encontros presenciais programados pelo Professor Orientador e as datas das avaliações do seu curso. Bons Estudos! Dicas para o Auto-Estudo 1 - Você terá total autonomia para escolher a melhor hora para estudar. Porém, seja disciplinado. Procure reservar sempre os mesmos horários para o estudo. 2 - Organize seu ambiente de estudo. Reserve todo o material necessário. Evite interrupções. 3 - Não deixe para estudar na última hora. 4 - Não acumule dúvidas. Anote-as e entre em contato com seu monitor. 5 - Não pule etapas. 6 - Faça todas as tarefas propostas. 7 - Não falte aos encontros presenciais. Eles são importantes para o melhor aproveitamento da disciplina. 8 - Não relegue a um segundo plano as atividades complementares e a auto-avaliação. 9 - Não hesite em começar de novo. SUMÁRIO Quadro-síntese do conteúdo programático............................................................................................................... 11 Contextualização da disciplina ................................................................................................................................... 12 UNIDADE I MORFOLOGIA 1.1. Conceituação ...................................................................................................................................................... 1.2. Vocábulo formal ................................................................................................................................................. 1.3. A análise mórfica ............................................................................................................................................... 1.4. Estrutura das palavras ................................................................................................................................... 1.5. Morfemas gregos e latinos ............................................................................................................................. 13 13 14 14 16 UNIDADE II PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS 2.1. Renovação do léxico ......................................................................................................................................... 18 UNIDADE III CLASSES DE PALAVRAS 3.1. Os critérios semântico, morfológico e sintático ........................................................................................... 3.2. Classes variáveis ................................................................................................................................................. 3.3. Classes invariáveis.............................................................................................................................................. 22 22 27 Glossário.......................................................................................................................................................................... 29 Gabarito........................................................................................................................................................................... 30 Referências bibliográficas............................................................................................................................................ 32 10 Quadro-síntese do conteúdo programático UNIDADES DO PROGRAMA OBJETIVOS I. MORFOLOGIA 1.1 - Conceituação 1.2 - Vocábulo formal 1.3 - A análise mórfica 1.4 - Estrutura das palavras 1.5 - Morfemas gregos e latinos Descrever aspectos morfológicos da língua portuguesa. II. PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS 2.1 - Renovação do léxico Identificar os processos de formação de palavras mais produtivos. III. CLASSES DE PALAVRAS 3.1 - Os critérios semântico, morfológico e sintático 3.2 - Classes variáveis 3.3 - Classes invariáveis Classificar as diferentes classes de palavras a partir de critérios sintáticos, semânticos e morfológicos. 11 12 Contextualização da Disciplina Usamos a língua portuguesa para nos comunicar diariamente nas mais diversas situações. Talvez, por essa proximidade que mantemos com a língua como usuários da mesma, muitas vezes não nos permitimos refletir sobre as palavras que usamos durante a comunicação. Para que servem? Como são formadas? Quais são seus significados? Como se organizam e se relacionam? São perguntas que, como estudiosos da língua, devemos discutir e descobrir respostas. UNIDADE I 13 MORFOLOGIA 1.1 - Conceituação forma reforma disforma transforma conforma informa forma Grünewald, José Lino. A palavra-chave que serve para a construção do poema de Grünewald é o objetivo da morfologia. A palavra morfologia provém do grego : morphê, forma, e logos, estudo. Assim, com base nos elementos de origem, a Morfologia é a parte da gramática que tem como o objetivo o estudo da forma. Mas de que forma estamos nos referindo? Rosa (2000) explica-nos que primeiramente, o termo forma pode ser tomado, num sentido amplo, como sinônimo de plano de expressão, em oposição a plano de conteúdo. Nesse caso, a forma compreende dois níveis de realização: os sons, destituídos de significado mas que se combinam e formam unidades com significado. De acordo com Martinet, lingüista francês, a linguagem humana é constituída por uma dupla articulação. Para o autor, a primeira articulação (plano de conteúdo) é composta pelas unidades significativas, enquanto a segunda articulação (plano de expressão) apresenta os elementos fonológicos ou não-significativos. Observe a palavra “livro”, se fizermos uma análise considerando a segunda articulação, podemos decompô-la em sílabas : li - vro, ou ainda nas consoantes e vogais que a constituem: /l/,/i/,/v/,/r/,/o/. Assim, chegamos as unidades menores desprovidas de significado, denominadas fonemas. A sílaba é uma construção de um, dois ou mais fonemas articulados, mas não ultrapassa os limites do campo a que pertencem as unidades não-significativas – o plano de expressão. Lá não há significados, tanto nos fonemas tomados isoladamente, quanto nas sílabas (...) (CARONE, 1995: 08). Se levarmos em consideração a primeira articulação, teríamos : livr -, o. Assim, chegamos a unidade mínima significativa, ou seja, é uma forma recorrente mínima que não pode ser dividida em unidades recorrentes menores. A estas unidades chamamos de morfemas. A morfologia se dedica ao estudo dos elementos que pertencem ao plano do conteúdo, é a parte da gramática que analisa a palavra sob o ponto de vista de sua forma. Tendo como objetivos: a. Identificar, em sua estrutura, os elementos que a constituem; b. Determinar seu processo de formação; c. Determinar a classe gramatical a que pertence e suas possíveis flexões. Morfemas são, portanto, unidades mínimas de caráter significativo. A morfologia divide-se em gramatical e lexical. A morfologia gramatical trata das relações que se estabelecem entre as diferentes formas de um mesmo vocábulo, ou seja, da flexão que o vocábulo sofre. Quanto à morfologia lexical, temos o estudo da estrutura e dos processos de formação das palavras. Realmente, fonemas e sílabas não querem dizer nada. 1.2 - Vocábulo Formal O espaço em branco entre um grupo de letras, que demarca o que normalmente chamamos de palavras, baseia-se em um critério morfológico ou formal, uma vez que tais palavras são o que chamamos de vocábulos formais. 14 Logo, em "proscrever uma lei", temos três vocábulos formais. Releia o poema que abre a unidade e identifique quantos vocábulos formais foram usados no texto. Segundo Bloomfield (1933), os vocábulos formais são de duas espécies: a. formas livres - são aquelas que podem constituir, isoladas, um enunciado suficiente para comunicação. Ex.: lei b. formas presas - aquelas que não são suficientes para, sozinhas, constituírem um enunciado. Ex.: pro - ( de proscrever), trans- (de transformar) Segundo Carone (1995: 32), uma palavra pode ser constituída: • de uma forma livre mínima: leal; • de duas formas livres mínimas: couve-flor; • de uma forma livre e uma ou mais formas presas: lealdade, in-feliz-mente; • apenas de formas presas: re-abert-ur-a. Aos conceitos de formas livres e formas presas, Mattoso ( 2006: 70) acrescenta as formas dependentes que, de acordo com o autor, não são livres porque não constituem, isoladas, um enunciado; e não são presas porque são separáveis como vocábulos formais. São consideradas formas dependentes os artigos, preposições, algumas conjunções e os pronomes oblíquos átonos. São exemplos de formas dependentes: • o rapaz, diga-me, preciso de ajuda. 1.3 - A Análise Mórfica Segundo Mattoso (2006), denomina-se análise mórfica a depreensão das formas mínimas, ou morfemas que constituem o vocábulo formal. Entende-se, então, que para realizar a análise mórfica, temos que reconhecer os morfemas e sua significação na estrutura da palavra. Assim, na palavra GAROTOS, temos os seguintes morfemas: • garot – responsável pelo significado; • -o – responsável por indicar o gênero; • -s – responsável por indicar o número. 1.4 - Estrutura das Palavras Classificação dos Morfemas A. RADICAL - é o morfema obrigatório em todas as palavras porque é o responsável pela base do significado. Ex.: laranj-a, roup-a, pedr-a As palavras que têm o mesmo radical são chamadas de cognatas. Portanto, são cognatas: laranja roupa pedra laranjada rouparia pedraria laranjal roupeiro pedreiro Bechara (2001: 496) explica-nos que: Não se confunda aparência formal com palavras cognatas; pode-se tratar de falsos cognatos. É o caso, por exemplo, da aproximação indevida que se faz entre faminto "com fome" e famigerado (do radical fome) (...). Observações: 1. O radical, às vezes, sofre pequenas alterações em sua forma, sem no entanto alterar o seu significado. Ex.: dúvida - indubitável. 2. Há palavras formadas apenas pelo radical. Ex.: flor. B. AFIXOS - São morfemas que se unem ao radical para, a partir dele, formar novas palavras. Os afixos subdividem-se em: • Prefixos: quando aparecem antes do radical. Ex.: infeliz. • Sufixos: quando aparecem depois do radical. Ex.: feliz-mente. C. DESINÊNCIAS - São os morfemas que indicam as flexões que os nomes e os verbos podem apresentar. Subdividem-se em dois tipos: • Desinências nominais - marcam o gênero e o número das palavras que apresentam essas variações. Ex.: garotas / - a - desinência nominal de gênero (feminino), - s - desinência nominal de número (plural). Observa-se que o singular não é marcado pela presença de um morfema, mas sim pela ausência do mesmo. Por isso, o singular é marcado pelo que denomina-se de morfema zero. Ex.: meninos/ menino. • Desinências verbais - indicam nas formas verbais as variações de pessoa (1ª, 2ª e 3ª), número (singular, plural), tempo (presente, pretérito, futuro) e modo (indicativo, subjuntivo e impertaivo). Ex.: Fal á va mos C. VOGAIS TEMÁTICAS - podem ser nominais ou verbais. As nominais são -a, -e, -o. Ex.: caneta, cidade e sapato As verbais são -a, -e, -i e são as responsáveis por indicar a conjugação a que o verbo pertence: Cant a va tema = canta Observações: 1. Chamamos de atemáticas as palavras que não possuem vogal temática. São atemáticos os nomes terminados em vogal tônica (sofá) e consoante (rapaz). 2. Em palavras como livrO, canetA, mesA, as vogais finais não são desinências nominais de gênero, uma vez que não estabelecem oposição masculino/feminino. 3. Em palavras como pireS, lápiS, ônibuS, o s final também não é desinência nominal, já que nesses casos não marca oposição singular/plural. a - vogal temática da 1ª conjugação: sambar, lavar, pular. e - vogal temática da 2ª conjugação: vender, saber, perceber. i - vogal temática da 3ª conjugação: investir, partir, colorir. 4. Além dos elementos mórficos citados, em certas palavras podem aparecer vogais e consoantes de ligação, as quais são desprovidas de significação e não são consideradas morfemas. Intercalam-se no vocábulo para facilitar a pronúncia. Ex.: pau l ada, gas ô metro. O radical já acrescido da vogal temática denomina-se tema. Podemos dizer, portanto, que tema é o radical pronto para receber as desinências. Exercícios de Auto-Avaliação 1. Indique o radical das seguintes palavras: a. pobreza b. encaixado c. repensei d. levássemos 2. As palavras aterro, aterrorizar e subterrâneo são cognatas. Você concorda ou discorda da afirmação? Justifique sua resposta. 3. Indique se as vogais em destaque são desinências de gênero ou vogais temáticas: a. casA b. carrO c. alunO d.bonecA 4. Indique, nas seguintes palavras, os morfemas indicados: a. o radical de pesquisadora b. o prefixo de percorrer c. o sufixo de evolução - 15 d. a desinência de gênero de práticos - 16 e. a desinência de número de inteligentes f. a vogal temática de poderão 5. As palavras adivinhar, adivinhação e adivinho têm o mesmo radical, por isso são cognatas. Assinale a alternativa em que não ocorrem três cognatos. a) alguém, algo, algum b)viver, vida, vidente c)candura, cândido, incandescência d) ler, leitura, lição 1.5 - Morfemas Gregos e Latinos DICK BROWNE. Hagar - Folha de São Paulo, 13/06/1991 (quadrinhos do Hagar). Hagar, personagem dos quadrinhos, é conhecido por ser altamente carnívoro. No entanto, para sua infelicidade, seu filho, no último quadrinho, se denomina como sendo frugivorista. Você sabe o que é frugivorista? Radicais gregos radical antropo arquia biblio sentido homem governo livro exemplo antropologia monarquia biblioteca A palavra frugivorista é formada por três elementos: Radicais latinos • Frugi - radical latino que significa "produto da terra" ( frutas, vegetais etc). • -voro - radical latino que significa " que come, que se alimenta de". • - ista - sufixo de origem grega que significa " adepto de, seguidor". Agora já se pode dizer que o filho de Hagar é adepto a uma alimentação composta somente de frutas e vegetais. Muitas das palavras da língua portuguesa são formadas por elementos gregos e latinos. A lista é imensa e a seguir citamos apenas alguns. radical agri ambi bi/bis sentido campo ambos duas vezes exemplo agricultura ambíguo bisneto Prefixos gregos prefixo a-/an epi meta sentido negação/ privação acima de mudança exemplo anormal epiderme metáfora Prefixos latinos prefixo adcircunsemi- sentido aproximação ao redor de metade exemplo advérbio circunferência semi-analfabeto Atividade Complementar Procure nas gramáticas prefixos e sufixos gregos e latinos que se correspondam quanto ao sentido. 17 18 UNIDADE II PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS 2.1 - Renovação do Léxico Basílio (2005) diz que formamos novas palavras por diversos motivos, por exemplo, a utilização da idéia de uma palavra em outra classe gramatical; a necessidade de um acréscimo semântico numa significação lexical básica. Mas acrescenta a autora que a razão básica para formarmos palavras é que seria muito difícil para a nossa memória e também pouco prático se tivéssemos que usar formas diferentes para cada necessidade que temos de usar palavras em contextos e situações diferentes. O primeiro passo para que comecemos a discutir os processos que formam as palavras da língua é lembrar que há palavras: • primitivas - aquelas que não provêm de outras palavras. Ex.: chuv+ eiro = chuveiro, feliz+mente = felizmente, orgulh+oso = orgulhoso c) prefixal e sufixal - quando se utilizam prefixos e sufixos. Ex.: in + feliz + mente = infelizmente d) parassintética - quando se utilizam prefixos e sufixos simultaneamente. Ex.: en + tard(e) + cer e)regressiva - quando formamos substantivos indicadores de ação, pelo acréscimo de a, e ou o ao radical dos verbos. Ex.: casa, pedra, dente Ex.: criticar - crítica, chorar - choro, empatar - empate • derivadas - aquelas que, na língua, provêm de outras palavras. Ex.: casebre, pedreiro, dentista • simples - aquelas que apresentam um só radical. Ex.: couve, pé, tempo • compostas - aquelas que apresentam mais de um radical. Ex.: couve-flor, pé-de-moleque, passatempo Embora tenhamos diversos processos formadores de palavras, são os processos de derivação e composição os mais produtivos, isto é, os que ocasionam o maior número de novas palavras no léxico. Derivação A derivação pode ser: a) prefixal - quando se utiliza prefixos para formar novas palavras. Ex.: re + fazer = refazer, de+ compor = decompor, in+feliz = infeliz b) sufixal - quando se utilizam sufixos para formar novas palavras. f) imprópria - quando ao formar novas palavras, mudase a classe gramatical de uma palavra sem alterar sua forma. Ex.: O professor falava alto. Composição A composição pode ser: a) por justaposição - ocorre quando cada elemento que compõe a nova palavra mantém sua pronúncia. Ex.: passatempo, meio-dia, pontapé b) por aglutinação - ocorre quando pelo menos um dos elementos que compõe a nova palavra sofre alteração. Ex.: planalto (plano + alto), aguardente (água + ardente) Segundo Basílio (2005), os processos de derivação e composição são diferentes, mas de certa maneira são complementares na função de formar palavras. De acordo com a autora, o processo denominado derivação obedece às necessidades de categorias nocionais, de teor geral, já o processo de composição estaria relacionado às necessidades de expressão de combinações particulares. Logo, teríamos nos afixos funções sintático-semânticas definidas e, assim, os usos e significados das palavras estariam de certa forma limitados. Não se pode esquecer que os afixos apresentam diferentes graus de generalidade que influenciam em maior ou menor grau em sua produtividade. Assim, temos nos afixos que formam verbos em substantivos uma grande produtividade, o que já não acontece, por exemplo, com o sufixo-ada como em feijoada, camaroada etc., cuja produtividade é bastante restrita. O processo de composição envolve a junção de uma base a outra base; não havendo elementos fixos nem funções predeterminadas. A composição é o processo que se utiliza de estruturas sintáticas para fins lexicais. Pode-se exemplificar com a palavra guarda-roupa, em que o substantivo tem função análoga à de objeto direto. Ainda é importante lembrar que, enquanto a derivação apresenta expressões de noções comuns, a composição permite a nomeação cada vez mais particular. Voltando ao quadro da derivação, deve-se notar que tanto a derivação prefixal e sufixal como a derivação parassintética são processos que se utilizam igualmente de prefixos e sufixos para a formação de novas palavras. Normalmente, ocorrem dúvidas para se estabelecer o tipo de derivação quando uma palavra apresenta prefixo e sufixo. Basílio (2005: 45) explica-nos que: (...) dada uma palavra que apresente prefixo e sufixo em sua construção, dizemos que esta palavra é um caso de derivação parassintética se, ao suprimirmos qualquer dos afixos, obtivermos uma forma não existente na língua. Assim, podemos exemplificar: Anormalidade - prefixal e sufixal, pois se retirarmos o prefixo, por exemplo, teremos a palavra normalidade, existente na língua. Desalmado - derivação parassintética, pois, se retirarmos o sufixo, teremos a palavra desalma, a qual não existe na língua. Embora sejam a derivação e a composição os processos mais produtivos quanto à formação de novas palavras, existem outros processos: HIBRIDISMO - consiste em formar palavras novas utilizando elementos de língua diferentes. Ex.: sociologia ( sócio= latim, logia =grego) Sambódromo ( sambo= português, dromo = grego) SIGLA - consiste em reduzir certos títulos e expressões, utilizando a letra ou a sílaba inicial de cada um dos elementos. Ex.: ONU (Organização das Nações Unidas) UCB (Universidade Castelo Branco) ABREVIAÇÃO - consiste na redução fonética de uma palavra ou expressão. Ex.: apê (apartamento) foto (fotografia) Cabe lembrar que não se pode confundir o processo de derivação regressiva com o de abreviação. O primeiro consiste na supressão de um seqüência fônica tomada como afixo e a palavra que resulta não tem o mesmo significado ou uso da palavra derivante, já na abreviação a parte suprimida é muitas vezes imprevisível e a palavra formada é sinônimo da derivante. Neologismos A palavra neologismo é um composto híbrido do latim neo (novo) e do grego logos (palavras), o termo significa palavra nova. Não é um processo de formação de palavras como até agora vimos aqui, mas são as palavras novas que surgem na língua a todo instante com o objetivo de acompanhar a evolução da sociedade e atender às necessidades culturais. Carvalho (1984: 32) afirma que: A língua, espelho da cultura, reflete essa busca frenética de novidade, evoluindo rapidamente, introduzindo novos termos, logo aceitos. Se os vocabulários novos foram considerados pelos gramáticos "vícios" da linguagem, hoje em dia são aclamados e consagrados de imediato. Bechara (2001: 506) explica-nos que: Os neologismos ou criações novas penetram na língua por diversos caminhos. O primeiro deles é mediante os elementos ( palavras, prefixos, sufixos) já existentes no idioma, quer no significado usual, quer por mudança do significado, o que já é um modo de revitalizar o léxico da língua. Manuel Bandeira, com o seu poema “Neologismo”, exemplifica bem o que Bechara (2001) e Carvalho (1984) afirmaram acima. 19 Neologismo 20 Beijo pouco, falo menos ainda Mas invento palavras Que traduzem a ternura mais funda E mais cotidiana. Inventei, por exemplo, o verbo teadorar. Intransitivo Teadoro, Teodora. Manuel Bandeira. Exercícios de Auto-Avaliação 1. Reconheça os processos que formaram as palavras abaixo: a) pontiaguda b) desmanchar c) despedaçar d) ponteira 2. Millôr Fernandes em seu livro Trinta anos de mim mesmo enumera as seguintes "perguntas cretinas". • Um desmaio pode acontecer em junho? • Quando a Disney faz um desenho ruim, é um desenho desanimado? • Se Pedro Álvares descobriu o Brasil, quem foi que o cobriu? As perguntas cretinas elaboradas pelo autor foram baseadas na análise morfológica de algumas palavras da língua. Faça comentários sobre essa afirmativa, levando em consideração o que você aprendeu sobre elementos mórficos e formação de palavras. 3. Substitua o trecho destacado por uma única palavra formada por derivação. a) Existem no mundo muitas organizações que lutam pela paz. b) Na tentativa de não tornar profunda crise, ele agiu de forma leal quando pediu para deixar o cargo. c) Com rapidez, os trabalhadores começaram a tirar a carga do caminhão. 4. Compare as palavras em destaque nestas duas frases: a) Ele morou, por vários anos, em uma ruazinha próxima ao mercado. b) Ele morou, por vários anos, em uma ruela próxima ao mercado. Essas duas palavras formaram-se pelo mesmo processo? Justifique. Nessas palavras, o efeito semântico criado pelos morfemas que indicam diminutivo é o mesmo? Justifique. 5. Os sufixos -inha(o) e - ão, normalmente são utilizados para expressar diminutivo e aumentativo respectivamente. Observe o uso desses sufixos nas palavras abaixo e identifique o valor semântico com que foram usados: a) Ele comprou um carrão do ano. b) Estava com saudades da mãezinha. 6. Observe a notícia: Nova CPI para discutir o mensalão. a) Qual o processo formador da palavra CPI? b) E a palavra mensalão? É aumentativo de mensal? Comente. "Beiramarávamos em auto pelo espelho de aluguel arborizado das avenidas marinhas sem sol. Losangos tênues de ouro bandeiranacionalizavam o verde dos montes interiores. No outro lado azul da baía a Serra dos Órgãos serrava. Barcos .(...) Copacabana era um veludo arrepiado na luminosa noite varada pelas frestas da cidade." Oswald de Andrade. 7. Considere as palavras arborizado, marinha e luminosa. a) De que palavras elas são derivadas? b) Elas se formaram pelo mesmo processo? Justifique. 8. No texto, o autor emprega dois neologismos. a) Transcreva-os e caracterize seus processos de formação. b) Explique o que o narrador quer dizer com essas duas palavras. 21 22 UNIDADE III CLASSES DE PALAVRAS 3.1 - Os Critérios Semântico, Morfológico e Sintático As classes de palavras podem ser definidas por critérios semânticos, sintáticos e morfológicos. A) CRITÉRIO SEMÂNTICO As classes de palavras são definidas pelo critério semântico quando se estabelecem os tipos de significados como base para a atribuição das palavras a classes. Quanto ao advérbio, pode ser definido pela propriedade de ser morfologicamente invariável. Assim, o substantivo é definido semanticamente como a palavra com a qual designamos os seres. No critério sintático, atribuímos palavras a classes a partir de propriedades distribucionais e/ou funcionais. O adjetivo define-se como a palavra que especifica o substantivo. Quanto ao verbo, é definido como a palavra que exprime ação, estado ou fenômenos. C) CRITÉRIO SINTÁTICO Assim, reconhece-se o substantivo como a palavra que pode exercer a função de núcleo do sujeito, objeto e agente da passiva. O adjetivo é definido como a palavra que acompanha, modifica ou caracteriza o substantivo. B) CRITÉRIO MORFOLÓGICO Esse critério reconhece as palavras a partir das categorias gramaticais que apresentam. De acordo com o critério morfológico, define-se o substantivo como uma palavra que apresenta as categorias de gênero e número. Vimos que são vários os critérios que podemos utilizar para classificar uma palavra, às vezes, apenas um critério não é suficiente, por isso devemos levar em consideração a questão da hierarquia de critérios. 3.2 - Classes Variáveis adjetivo são classes que acompanham o substantivo. Cada uma delas apresenta um tipo de relação diferente. ADJETIVO PRONOME SUBSTANTIVO NUMERAL Substantivo ARTIGO As classes variáveis são aquelas que apresentam variação de gênero, número ou grau. Pelo esquema acima, percebemos que o numeral, artigo, pronome e Nomeia os seres em geral. É uma palavra variável, isto é, sua forma pode ser modificada. As variações do substantivo ocorrem para indicar mudança de gênero, número e grau. Quanto ao gênero, o substantivo pode ser masculino ou feminino. Ex.: artesão / artesã De acordo com Mattoso (2006), a flexão de gênero apresenta-se incoerente nas gramáticas tradicionais do português, porque, segundo o autor, existe uma incompreensão semântica devido a idéia de gênero aparecer vinculada ao sexo, quando na verdade o gênero abrange todos os nomes substantivos portugueses, quer se refiram a seres animais, providos de sexo, quer designem apenas "coisas". Quanto à variação de número (singular/plural), existem inúmeras regras tanto para os substantivos simples como para os substantivos compostos. Propõe-se como atividade complementar a pesquisa nas gramáticas da língua para o reconhecimento das regras do plural dos substantivos simples. Na formação do plural do substantivo composto, devemos partir da idéia de que palavras que não têm plural permanecem invariáveis, quando elemento do composto, enquanto aquelas que são variáveis, continuarão variando. Logo, teremos: Quarta-feira (numeral e substantivo são variáveis) - quartas-feiras Cachorro-quente ( substantivo e adjetivo são variáveis) - cachorros-quentes Sempre-viva (advérbio é invariável e adjetivo variável) - sempre-vivas. Quando no referirmos ao plural dos nomes, fica a dúvida quanto ao coletivo, que se apresentando no singular se refere a uma significação plural. De acordo com Mattoso ( 2006: 92) "é uma peculiaridade da língua interpretar uma série de seres homogêneos como uma unidade superior, que, como unidade vem no singular". Exercícios de Auto-Avaliação 1. Pesquise nas gramáticas da língua e pluralize os compostos abaixo, justifique sua resposta: a) pé-de-moleque b) guarda-chuva c) corre-corre Adjetivo É a palavra que se associa ao substantivo para darlhe características. O adjetivo varia em gênero e número para estabelecer concordância com o substantivo. Ex.: praias brasileiras / aluno honesto O plural dos adjetivos compostos obedece a uma regra bem simples: Apenas o último elemento vai para o plural e somente se ele for um adjetivo. Ex.: atividade histórico-cultural - atividades histórico-culturais Mas três compostos não se enquadram na regra acima: azul-marinho e azul-celeste são invariáveis e em surdo-mudo varia os dois elementos. Grau é a flexão que expressa intensidade com que o adjetivo caracteriza o substantivo. Além do grau normal, existem os graus comparativo e superlativo. Grau comparativo a) superioridade - O jogo foi mais emocionante do que a luta. b) igualdade - O jogo foi tão emocionante quanto a luta. c) inferioridade - O jogo foi menos emocionante do que a luta. Grau superlativo a) absoluto - A viagem foi muito interessante. (analítico) A viagem foi interessantíssima. (sintético) b) relativo - Ele é o mais esforçado da família. (superioridade) 23 24 Grau é a flexão que expressa intensidade com que o adjetivo caracteriza o substantivo. Além do grau normal, existem os graus comparativo e superlativo. Grau comparativo a) superioridade - O jogo foi mais emocionante do que a luta. c) multiplicativo - Investiu o dobro da quantia que realmente possuía. d) fracionário - Bebeu dois copos e meio de vinho. Observação: é comum o emprego de numerais na construção de expressões de sentido intencionalmente exagerado. Ex.: Pedi mil vezes que se calasse. b) igualdade - O jogo foi tão emocionante quanto a luta. c) inferioridade - O jogo foi menos emocionante do que a luta. Grau superlativo a) absoluto - A viagem foi muito interessante. (analítico) A viagem foi interessantíssima. (sintético) b) relativo - Ele é o mais esforçado da família. (superioridade) Ele é o menos esforçado da família. (inferioridade) Mattoso (2006: 82) discute a inclusão do superlativo como uma "flexão", já que, para o autor, na flexão há obrigatoriedade e sistematização coerente e "não há obrigatoriedade no emprego do adjetivo com esse sufixo de superlativo, ou grau intenso". Artigo e Numeral O artigo relaciona-se com o substantivo para determiná-lo de maneira geral ( indefinida) ou particular (definida). Classificam-se em: a) definidos: o, a, os ,as b) indefinidos: um, uma, uns, umas Observação: o artigo substantiva qualquer palavra, isto é, toda palavra determinada por uma artigo passa a funcionar como substantivo. Esse fato é denominado substantivação. Ex.: Ouvia-se o cantar de um pássaro. O numeral indica uma quantidade definida e se classifica em: a) ordinal - Ocupava o terceiro banco do ônibus. b) cardinal - Não tinha mais do que vinte anos. Pronome Palavra que substitui ou acompanha o substantivo. Os pronomes subdividem-se em seis diferentes tipos: 1. Pessoais 2. Possessivos 3. Demonstrativos 4. Indefinidos 5. Relativos 6. Interrogativos Pronomes Pessoais Os pronomes retos (eu, tu, ele, nós ,vós, eles) são aqueles que podem exercer a função de sujeito, já os pronomes oblíquos (me, mim, comigo, te, ti, contigo, o, a, lhe, se, nos, conosco, vos, convosco) exercem a função de complemento verbal. Por isso frases como: Pediram para mim ajudar na festa ou Tudo acabou entre eu e ela são consideradas incorretas. Deve-se escrever: Pediram para eu (sujeito) ajudar na festa./ Tudo acabou entre mim e ela. Observação: os pronomes si e consigo são sempre reflexivos. Os pronomes de tratamento são palavras que são empregadas quando nos dirigimos ou nos referimos a alguém de maneira formal e respeitosa, exceto o pronome você(s), usado informalmente. Quanto aos pronomes de tratamento, é bom não esquecer que a forma VOSSA (Senhoria, Excelência etc.) é empregada quando se fala com a própria pessoa; a forma SUA (Senhoria, Excelência etc.) é empregada para falar da pessoa. Os pronomes de tratamento embora indiquem a 2ª pessoa, exigem que outros pronomes e o verbo a eles relacionados sejam usados na 3ª pessoa. Ex.: Vossa Excelência sabe que seus eleitores o apoiarão. Pronomes Possessivos c) Aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo Os pronomes possessivos indicam a coisa possuída à pessoa gramatical possuidora. São eles: meu, minha, meus, minhas teu, tua, teus, tuas seu, sua, seus, suas nosso, nossa, nossos, nossas vosso, vossa, vossos, vossas seu, sua, seus, suas Observação: os pronomes seu, sua, seus e suas podem causar ambigüidade. Ex.: Márcia, diga ao Paulo que aceito sua proposta. (proposta de quem: Márcia ou Paulo?) Pronomes Demonstrativos São pronomes cuja função principal é indicar o lugar em que um ser se encontra. Por isso, Mattoso (2006) enfatiza a função dêitica dos demonstrativos.Também deve-se lembrar do caráter anafórico desses pronomes. É importante que saibamos empregar corretamente os pronomes demonstrativos. a) Este, esta, estes, estas, isto • No espaço: indicam o que está perto de quem fala. Ex.: Este livro que está comigo foi publicado há tempos. • No contexto: referem-se a algo que vai ser mencionado mais adiante. • No espaço: indicam o que está longe de quem fala e também longe de quem ouve. Ex.: O que é aquilo lá no céu? • No contexto: são usados conjuntamente com os pronomes este(s), esta(s), para fazer referência a elementos já citados. Ex.: Marcelo e Pedro são meus amigos. Este (Pedro) é médico e aquele (Marcelo) é dentista. • No tempo: indicam um tempo distante, remoto. Ex.: Mudei para cá há vinte anos. Naquela época, aqui não havia escola. Pronomes Indefinidos São aqueles que se referem à 3ª pessoa de modo vago, geral, indeterminado. Conheça alguns pronomes indefinidos: algum(ns), muito(s), tanto(s), certa(s), qualquer, tudo etc. Os pronomes algum, alguns, alguma, algumas quando empregados antes do substantivo, têm valor afirmativo; quando usados depois do substantivo, têm valor negativo. Ex.: Algum amigo virá me socorrer. / Amigo algum virá me socorrer. Pronomes Relativos Ex.: Ela só nos pediu isto: compreensão e apoio. • No tempo: indicam um tempo presente atual. Ex.: Este tempo em que vivemos gera angústia em todos. b) Esse, essa, esses, essas, isso • No espaço: indicam o que está perto de quem ouve. Ex.: Esse livro que está com você é muito interessante. • No contexto: referem-se a algo que já foi mencionado. Ex.: Compreensão e apoio; ela só pede isso. • No tempo: indicam um tempo passado ou futuro, mas não muito distante. Ex.: A seleção brasileira jogará no Chile nesse final de semana. Retomam um substantivo (ou um outro pronome) já citado. Ex.: O rapaz que saiu é meu amigo. / Esse é o homem cujo filho está preso. Todos admiram a aluna com quem conversava. Pronomes Interrogativos São aqueles usados nas interrogativas diretas e indiretas. Ex.: Qual é seu nome? / Diga-me quanto tempo vai ficar lá. Verbos Palavras que exprimem um fato (em geral uma ação, um estado ou um fenômeno), localizando-o no tempo. 25 26 • Voz ativa - Os rapazes encomendaram os livros. Flexão do Verbo O verbo é uma palavra variável que se flexiona em número (singular, plural), pessoa (1ª, 2ª e 3ª), modo (indicativo, subjuntivo, imperativo), tempo ( presente, pretérito, futuro) e voz (ativa, passiva, reflexiva). A) MODO VERBAL - é a flexão que indica a atitude do falante em relação ao fato expresso pelo verbo. • Voz passiva - Os livros foram encomendados pelos rapazes. • Voz reflexiva - O rapaz se feriu com a faca. Formas Nominais • Indicativo - exprime atitudes de certeza. Ex.: Eles a) Infinitivo - Viajar é muito bom. viajarão à noite. b) Gerúndio - Estava viajando quando o fato aconteceu. • Subjuntivo - exprime atitudes de hipótese. Ex.: Talvez eles viajem amanhã. • Imperativo - exprime atitudes de ordem, pedido Ex.: Não viajes à noite. B) TEMPO - indica quando o fato ocorre. Ex.: Ele viaja de trem. c) Particípio - Tinha falado a verdade. Dependendo de como se flexiona, o verbo pode ser classificado em regular, aquele que não sofre alteração; e irregular, aquele que, ao ser conjugado, sofre alteração. Ex.: andei, pensava, vendia (regulares) / fiz, fariam, fez (irregulares). C) VOZES VERBAIS - é a flexão que indica se o sujeito pratica, recebe, pratica e recebe a ação. Exercícios de Auto-Avaliação 2. Considere a placa de estrada: SEJA PACIENTE NO TRÂNSITO PARA NÃO SER PACIENTE NO HOSPITAL. a) Aponte classe gramatical da palavra paciente nas duas ocorrências. b) Comente a alteração de sentido que essa mudança de classe gramatical gera na frase. 3. Complete a lacuna com o pronome demonstrativo adequado: a) ________ao meu lado é meu irmão. (esse - este) 4. Complete com EU ou MIM. a) Para _____, tudo está errado. b) Fizeram tudo para ________ ficar, mas preferi ir embora. 5. Leia o diálogo: – Não deixe sua cadela entrar na minha casa de novo. Ela está cheia de pulgas. – Diana, não entre nessa casa de novo. Ela está cheia de pulgas. a) Que palavra desse texto é fundamental para a criação do efeito de humor? b) Se o animal fosse macho, o texto continuaria sendo uma piada? Por quê? 3.3 - Classes Invariáveis 27 São as palavras que não admitem alteração de forma. São elas: advérbio, preposição, conjunção e interjeição. É a palavra invariável que relaciona duas ou mais palavras, estabelecendo entre elas determinadas relações de sentido. Advérbio a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por (per), sem, sob, sobre, trás. Os advérbios modificam o sentido do verbo e aqueles que indicam intensidade podem modificar o sentido de adjetivos e advérbios. Conjunção Palavra invariável que liga duas orações. Ex.: Chegaram cedo. / Parecia muito satisfeito. / Voltaram muito tarde. Também existem alguns advérbios que modificam a frase inteira. Ex.: Certamente as coisas irão melhorar. Chamamos de locução adverbial a expressão que funciona como advérbio. Ex.: Saiu de repente. Preposição Ex.: As horas passam e os homem caem, mas a poesia fica. Para Mattoso (2006), conjunções e preposições são consideradas conectivos subordinativos de vocábulos (preposições) e de sentenças (conjunções). Interjeição Palavra (ou conjunto de palavras) que expressa nossos sentimentos. Ex.: Oba! O lanche chegou. / Ufa! Que calor! Exercícios de Auto-Avaliação 6. Sabe-se que uma mesma palavra, de acordo com a frase em que se encontra, pode pertencer a classes gramaticais diferentes. Identifique a classe das palavras abaixo: a. O verde dos seus olhos encantava a todos. b. Era um velho amigo da família. c. Uma criança bem alimentada é sempre saudável. d. Só faltou um componente da banda. e. Estava muito entusiasmado com a chegada dos irmãos. f. Muito dinheiro não traz felicidade. 7. Leia: " Vem pra Caixa, você também". A frase bem conhecida, por ter participado de uma campanha publicitária, apresenta erro quanto ao uso do imperativo. Identifique-o e reescreva a frase corretamente. 8. Substitua o termo grifado pelo pronome oblíquo adequado: a) Vamos ouvir sua explicação. b) Escutem meu conselho. c) Leve a criança ao médico. 28 Se você: 1) 2) 3) 4) concluiu o estudo deste guia; participou dos encontros; fez contato com seu tutor; realizou as atividades previstas; Então, você está preparado para as avaliações. Parabéns! Glossário Desinência Zero – ausência de traço formal ou semântico numa unidade lingüística que se opõe a outra unidade dotada desse traço, como, em português, a desinência de singular em casa é zero por não conter a desinência de plural que aparece em casas. Dupla Articulação – A articulação se caracteriza pela possibilidade de divisão em partes. A dupla articulação se constituiria em uma organização característica da linguagem humana. A linguagem se dividiria em duas articulações. A primeira seria composta pelas unidades significativas (morfemas) e a segunda por unidades fonológicas (fonemas). Léxico – O conjunto de palavras de que dispõe uma língua, isto é o vocabulário. Morfologia – Parte da gramática que trata da formação, estrutura, flexão e classificação das palavras. Produtividade – potencialidade de um elemento ou processo de formação na produção e/ou no reconhecimento de formas. Semântico (do grego semainein = significar). É semântico tudo que o que diz respeito ao sentido das palavras: o que é uma palavra; quais as relações entre a forma e o sentido de uma palavra; quais as relações das palavras entre si. Sintático – relaciona-se com a organização, estruturação das palavras e expressões de uma língua que se combinam com o objetivo de comunicação. 29 30 Gabarito UNIDADE I 1. a) pobr b)caix- c)pens- d) lev- 2. Discordo. Aterro e subterrâneo são cognatos e derivados de terra. Já aterrorizava é derivado de terror. 3. a) VT b) VT c) DG 4) a) pesquis- b) per d) DG c) ção d) -o e) -s f) e 5.letra b. UNIDADE II 1.a) Composição por aglutinação. b) Derivação prefixal e sufixal. c) Derivação parassintética. d) Derivação sufixal. 2) O efeito de humor é dá-se pelo uso que o autor faz dos sentidos do prefixo des- e por considerar que a palavra desmaio também possui esse prefixo. 3. a) pacíficas b) lealmente c) rapidamente 4. Sim, em ambas usou-se o sufixo. É uma derivação sufixal. Não. Em ruazinha pode-se indicar tamanho menor ou afetividade. Em ruela usa-se o tom pejorativo. 5. a) Um carro atual, novo, caro etc. b) Afetividade. 6. a) Sigla b) Não; neologismo. 7. a) Árvore, mar e luz. b) Sim, derivação sufixal. 8. a) Beiramarávamos e bandeiranacionalizavam - composição por justaposição. b) Íamos pela beira mar; transformavam em bandeira nacional. UNIDADE III 1) a) pés-de-moleque. No composto ligado por preposição só varia o primeiro elemento. b) guarda-chuvas. Não varia o primeiro elemento porque ele é verbo. c) corre-corre. Verbos repetidos não variam. 2) a) Na primeira ocorrência é adjetivo; na segunda, substantivo. b) Na primeira significa que deve-se ter paciência no trânsito para evitar acidentes e na segunda significa se tornar um paciente de hospital. 3) a) este 31 4) a) mim b) eu 5) a) o uso do pronome ela. b) Não, porque usaríamos o pronome ele e não criaria ambigüidade. 6) a) substantivo b) adjetivo c) artigo d) numeral e) advérbio f) pronome indefinido 7) O erro ocorre devido à mistura de pronomes. Vem no imperativo é forma verbal da 2ª pessoa do singular (tu). No entanto o pronome usado é você. Existem duas possibilidades de reescritura: • Venha para Caixa, você também. / Vem pra Caixa, tu também. 8) a) Vamos ouvi-la b) Escutem-no c) Leve-a 32 Referências Bibliográficas BASÍLIO, Margarida. Teoria Lexical. 7 ed. São Paulo: Ática, 2005. BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001. _______. Moderna Gramática Portuguesa. 37 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999. BLOOMFIELD, Leonard. Language. New York, H. Holt & Co., 1933. CARONE, Flavia de B. Morfossintaxe. 5 ed. São Paulo: Ática, 1995. CARVALHO, Nelly. O que é neologismo. São Paulo: Brasiliense, 1984. KEHDI, Valter. Morfemas do Português. 6 ed. São Paulo: Ática, 2005. MATTOSO, Câmara Jr. Estrutura da língua portuguesa. 38 ed. Petrópolis: Vozes, 2006. NEVES, Maria Helena de Moura. Que Gramática ensinar na escola? Norma e uso na língua portuguesa. São Paulo: Contexto, 2004. PERINI, Mário A. Sofrendo a gramática. 3 ed. São Paulo: Ática, 2000. ROSA, Maria Carlota. Introdução à morfologia. São Paulo: Contexto, 2000.