Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra Departamento de Física Teórica e Experimental Programa de Pós-Graduação em Física Processos não-randômicos associados ao aquecimento do disco galáctico Carlos Augusto Pitombeira Viana Natal-RN Maio de 2016 Carlos Augusto Pitombeira Viana Processos não-randômicos associados ao aquecimento do disco galáctico Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Mestre em Física. Orientador: Prof. Dr. Daniel Brito de Freitas Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Departamento de Física Teórica e Experimental - DFTE Natal-RN Maio de 2016 Dissertação apresentada sob o título Processos não-randômicos associados ao aquecimento do disco galáctico apresentada por Carlos Augusto Pitombeira Viana e aceita pelo Programa de Pós-Graduação em Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sendo aprovada por todos os membros da banca examinadora abaixo especicada: Dr. Prof. Daniel Brito de Freitas Orientador Departamento de Física Teórica e Experimental Universidade Federal do Rio Grande do Norte Natal-RN, Maio de 2016 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / SISBI / Biblioteca Setorial Centro de Ciências Exatas e da Terra – CCET. Viana, Carlos Augusto Pitombeira. Processos não-randômicos associados ao aquecimento do disco galáctico / Carlos Augusto Pitombeira Viana. - Natal, 2016. xi, 94 f.: il. Orientador: Prof. Dr. Daniel Brito de Freitas. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Física. 1. Mecânica estatística – Dissertação. 2. Aquecimento do disco galáctico. 3. Velocidade espacial – Dissertação. 3. Processos não-randômicos – Dissertação. 4. Estatística não-extensiva – Dissertação. I. Freitas, Daniel Brito de. II. Título. RN/UF/BSE-CCET CDU: 531.19 A Soa, minha pequena. Se os dias acumulassem o peso das horas em nossos ombros, se os eventos passados todos pesassem na memória, como fardos de metal se os sopros dos adeuses eternos não suavizassem com o tempo, e a marca da traidora mulher não se apagasse com as carícias de uma outra qualquer, então o universo seria uma coleção de uivos e dentes rangendo um batalhão de Sísifos cansados e de músculos doloridos formidáveis heróis num mundo onde o heroísmo é vazio, o esquecimento é força da vida mas é ali, na carne que se recompõe lentamente que mil possibilidades de crime fecundam o coração dolorido não esquece uma ofensa e aguarda na espreita o momento certo de atacar O tempo destrói tudo, LIAL. ii Agradecimentos Dedico esse espaço para tecer agradecimentos aos que me ajudaram a trilhar meu caminho nos diversos âmbitos da vida pessoal e prossional. Tenho pessoas maravilhosas que ajudaram em minha escalada através dos vales do conhecimento e sem a ajuda delas o pouco do que tenho não teria sido possível. Resumo aqui todo o meu agradecimento e reconhecimento às pessoas que foram e ainda serão bastante importantes em meu percurso. Espero que cada esforço se faça grande para vencer cada dia de batalha que nos espera. Obrigado amigos e família, sem vocês minha jornada pelo vale das incertezas seria bem mais árdua. E é com essas breves palavras que início minhas estimas e agradecimentos. Começarei com os que me alicerçam: Minha Família. • A minha pequena Soa, a que tem o sorriso mais belo, que nem com toda a innitude do pensamento seria capaz de conceber tamanha beleza e cujo amor que sinto não cabe em mim e transborda além do cosmos; • Aos meus pais, Erlange e Carlos, pelo amor incondicional, lições, conselhos e esforços. Sempre será pouco estimar em palavras toda a consideração e amor que sinto por vocês; • Ao meu irmão e irmãs, Eduardo, Mairla e Iasmim, por todo amor, brigas, conversas e bagunças. Crescer nos deixou mais longe, mas não menos importantes uns aos outros; • A Jujuba e Jão, meus pequenos sobrinhos, por toda beleza e afeto de seus abraços; • Aos meus avós, Danilo e Maria, por todos os conselhos e amor distribuído em cada encontro; • Aos meus tios, Dendena, Leleu, Maquinhos, Geninha, por serem sempre pessoas massa!; • A Isabelle, minha companheira, por toda paciência, encorajamento, vida e cumplicidade. Obrigado por me ensinar a ser uma pessoa melhor a cada dia. Cada lição e aprendizado que traçamos juntos e que nos faz crescer em nossa comunhão. Te amo!; • Aos irmãos não sanguíneos: Tássio, Fernando e Will: BANDA, viagens, brodagem e amor!!! A Dayvim, Nelinho, Dandam e Zezé por sempre serem massa que só! Pedro, Aninho, Melissa, Jéssyca, Camilla, Andrezão e todo o beco, nossa TAZ. Ao GUETO, iii nosso refúgio de toda monotonia e fuga dos processos de institucionalização da amizade. Obrigado demais Cachorrão, Mackson, Vanessa, Marcos Vínicius, Fabrício e Babá por sempre serem companheiros e tramar contra o mundo. Analine, Paulo, Nagilson, Ricardo, Suzana, Cidoca, Veruska e Murilo por momentos massa! Breno e Magno pela confabulação contra dogmas. Joaquim e Lucina, pelas conversas, tramas e baladas góticas. Paolo, Ícaro, Rosa, Cegão, Samuel, que, mesmo com a distância, nunca deixaram que nada se fazesse abalar em nossa parceria. • Aos amigos, todos, sinceramente, estimo todo amor a vocês. Os agradecimentos seguem para os que no âmbito prossional ajudaram na minha formação: • Ao grande Professor Dr. Daniel Brito de Freitas, grande Mestre, por todo auxílio e orientação, empreendendo bastante esforço e encorajamento a minha formação. Tenho bastante estima e admiração por todo seu esforço em construir um mundo mais justo; • Aos Professores do departamento de Física da UERN que ajudaram em minha formação, direta ou indiretamente; • Aos Professores do DFTE da UFRN, com quem tive o prazer em me relacionar e usufruir de seus ensinamentos; • Aos colegas que conheci no caminho pelo aprendizado. Ainda agradeço: • Aos demais que estiveram junto a mim em algum momento deste percurso na jornada por novos horizontes; • A CAPES pela bolsa de estudos concedida. iv Resumo Neste trabalho, analisamos os mecanismos que regem os processos que governam o aquecimento do disco galáctico através da dinâmica das velocidades espaciais U , V e W , extraídas do Catálogo Genebra-Copenhagen. Nós partimos da premissa, até então aceita a priori, de que os processos que atuam no disco galáctico são de natureza aleatória e responsáveis por um aquecimento puro, revelado pela componente W . Em seguida, nós utilizamos um modelo baseado na Mecânica Estatística Não-Extensiva, a partir do qual derivamos as funções de distribuição de probabilidade que quanticam o afastamento da Gaussianidade dado o perl da cauda da distribuição mensurado pelo índice entrópico q . Nossos resultados revelam que a aleatoriedade ocorre apenas em regiões limitadas de idade, independente da velocidade espacial e faixa espectral, contrariando assim a premissa acima destacada. Além disso, utilizando as distribuições do tipo não-Gaussianas para descrever o comportamento das velocidades U , V e W , nós chegamos ao entendimento de que o aumento da dispersão da velocidade, σ , com a idade das estrelas segue uma lei do tipo lei de potência, indicando que existe um desencadeamento do tipo avalanche ocorrendo em diferentes escalas. Finalmente, nossos resultados colocam um novo olhar sobre essa questão e abre um caminho para o estudo das componentes cinemáticas Galácticas pela ótica de modelos estatísticos mais robustos, que levam em conta os efeitos de não-gaussianidade e não-linearidade. Palavras-chave: Aquecimento do disco galáctico; Velocidade espacial; Processos nãorandômicos; Estatística não-extensiva. v Abstract In this work, we analyze the mechanisms ruling the processes that rules the heating of the galactic disk through the dynamics of space velocities U , V and W , extracted from the Geneva-Copenhagen catalog. We start from the premise − until then accepted in priority − that the processes operating in the galactic disk have random nature and are responsible for a pure heating, revealed by the W component. Then we use a model based on NonExtensive statistical mechanics where we derive the probability distribution functions that quantify the removal of Gaussian, given the prole of the tail of the distribution measured by entropic index q . Our results show that randomization occurs only in limited regions, independently of age, space velocity and spectral range, thus counteracting the above premise highlighted. Furthermore, using the distribution of the non-Gaussian to describe the behavior of the velocities U , V and W , we have found that the increasing dispersion rate, σ , at the age of stars follows a law of the power law type, indicating a trigger type avalanche occurring at dierent scales. Finally, our results put a new look in this matter and opens the way for the study of Galactic kinematics components through the eyes of more robust statistical models that considers the eects of non-Gaussian and non-linearity. Keywords: Galactic disk heating; Space velocity; Non-random process; Non-extensive statistical. vi Lista de Figuras 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 1.10 1.11 1.12 1.13 1.14 Modelo da Via Láctea proposto por Herschel. O ponto mais escuro, próximo ao centr,o seria a posição ocupada pelo Sol (Fonte: Herschel, 1785). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Foto panorâmica da Via Láctea. Crédito: ESO/S. Brunier (Fonte: https://www.eso.org/public/brazil/images/eso0932a/). . . . . . . . . . . Esquema ilustrativo das componentes da Via Láctea onde estão destacados o disco, o bojo central e o halo de aglomerados globulares. (Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Via_Láctea) . . . . . . . . . . . . . (a)Imagem do disco no e bojo de NGC 4762 (a partir do Digital Sky Survey). (b) Uma imagem mais profunda da mesma galáxia, NGC 4762, que agora mostra a extensão do disco espesso. As setas representam a altura vertical em que o disco espesso é mais brilhante do que o disco no (Fonte: Freeman & Bland-Hawthorn, 2002). . . . . . . . . . . . . . . . . Vista dos planos superior (plano XY) e lateral (plano XZ) de simulações para formação do disco Galáctico ainda na fase de formação estelar (Fonte: Brook et al., 2004). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Taxa de formação estelar (SFR) em função do tempo com pico de formação de estrelas em ∼ 9 Gano (Fonte: Brook et al., 2004). . . . . . . . . . . . Parte da simulação de ondas espirais suaves responsáveis pelo aquecimento do disco no estelar (Fonte: Sellwood & Binney, 2002). . . . . . . . . . . Representação esquemática das bolhas próximas ao Sol. (Fonte: Welsh et al., 1994) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Representação esquemática das bolhas Local e Loop I (Fonte: Breistchwerdt, 2000). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Coordenadas galácticas U, que aponta para cento da Via Láctea; V, para o sentido de rotação da Galáxia; e W, que é coordenada que se direciona ao polo norte galáctico. (Fonte: http://www.astro.sunysb.edu/metchev/AST443/lecture15.pd)f . Velocidades U, V e W vs. Idade para 4065 estrelas simples do CGS (Fonte: Holmberg at al., 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Diagrama U-V separado em quatro grupos de idade. (Fonte:Holmberg at al., 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Diagrama V-W separado em quatro grupos de idade. (Fonte:Holmberg at al., 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Histograma para a componente W da velocidade para uma subamostra de estrelas F e G single retiradas do CGS (Fonte: Holmberg et al., 2007). . . vii 2 3 4 7 10 11 11 13 14 16 17 18 19 20 2.1 2.2 2.3 2.4 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8 3.9 3.10 3.11 3.12 3.13 4.1 4.2 4.3 Função de distribuição Normal, ou Gaussiana, para diversos valores de σ . Comportamento da função de distribuição q -Exponencial para alguns valores de q . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Comportamento da função de distribuição q -Logarítimo para alguns valores de q . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Função de distribuição q -Gaussiana para diversos valores de q e σ xo. . Relação idade-dispersão de velocidade das componentes de velocidade U, V e W e da velocidade total(tot) retirada do Geneve-Copenhagen Survey. Linha tracejada é o ajuste da relação excluindo os três primeiros e os três últimos intervalos. (Fonte:Holmberg et al. (2009)) . . . . . . . . . . . . . Diagrama U-V com dados de uma subamostra formada por 4065 estrelas do CGS, com σ(idade) < 25%, separadas em quatro grupos. . . . . . . . Diagrama V-W com dados de uma subamostra formada por 4065 estrelas do CGS, com σ(idade) < 25%, separadas em quatro grupos. . . . . . . . Distribuição da velocidade W separadas por idade. Figura retirada do Geneve-Copenhagen Survey, Holmberg et al. (2007). A linha pontilhada é o ajuste Gaussiano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Velocidades U,V e W em função da idade para 7237 estrelas single da amostra com dados para idade e velocidade bem denidos. Figura retirada do Geneve-Copenhagen Survey, Holmberg et al. (2004). . . . . . . . . . . Velocidades U,V e W em função da idade para 2852 estrelas single da amostra com idades melhores que 25%. Figura retirada do GeneveCopenhagen Survey, Holmberg et al. (2004). . . . . . . . . . . . . . . . . Histograma da idade das estrelas F (Giga-ano). . . . . . . . . . . . . . . Histograma da idade das estrelas G (Giga-ano). . . . . . . . . . . . . . . Boxplot para idade das estrelas do tipo G evidenciando qual a faixa de idade onde encontra-se maior número de estrelas. . . . . . . . . . . . . . Histograma da massa em função da massa solar para estrelas F singles. . Histograma da massa em função da massa solar para estrelas G singles. . Histograma da metalicidade em função da metalicidade solar para estrelas F single. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Histograma da metalicidade em função da metalicidade solar para estrelas G single. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 36 36 39 41 42 43 44 45 46 46 47 47 48 49 49 50 Esquerda: Histograma da distribuição de velocidade para a componente U de todas as estrelas F e G single com ajuste da função Kernel. Direita: Dados ajustados pela função Kernel (círculos) com ajuste q-Gaussiano (linha azul). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Esquerda: Histograma da distribuição de velocidade para a componente V de todas as estrelas F e G single com ajuste da função Kernel. Direita: Dados ajustados pela função Kernel (círculos) com ajuste q-Gaussiano (linha azul). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Esquerda: Histograma da distribuição de velocidade para a componente W de todas as estrelas F e G single com ajuste da função Kernel. Direita: Dados ajustados pela função Kernel (círculos) com ajuste q-Gaussiano (linha azul). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . viii 52 53 53 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 4.11 4.12 4.13 4.14 4.15 4.16 4.17 4.18 Esquerda: Histograma da distribuição de velocidade para a componente U das estrelas do tipo F single com ajuste da função Kernel. Direita: Dados ajustados pela função Kernel (círculos) com ajuste q-Gaussiano (linha azul). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Esquerda: Histograma da distribuição de velocidade para a componente V das estrelas do tipo F single com ajuste da função Kernel. Direita: Dados ajustados pela função Kernel (círculos) com ajuste q-Gaussiano (linha azul). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Esquerda: Histograma da distribuição de velocidade para a componente W das estrelas do tipo F single com ajuste da função Kernel. Direita: Dados ajustados pela função Kernel (círculos) com ajuste q-Gaussiano (linha azul). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Esquerda: Histograma da distribuição de velocidade para a componente U das estrelas do tipo G single com ajuste da função Kernel. Direita: Dados ajustados pela função Kernel (círculos) com ajuste q-Gaussiano (linha azul). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Esquerda: Histograma da distribuição de velocidade para a componente V das estrelas do tipo G single com ajuste da função Kernel. Direita: Dados ajustados pela função Kernel (círculos) com ajuste q-Gaussiano (linha azul). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Esquerda: Histograma da distribuição de velocidade para a componente W das estrelas do tipo G single com ajuste da função Kernel. Direita: Dados ajustados pela função Kernel (círculos) com ajuste q-Gaussiano (linha azul). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Curvas de resíduo obtidas a partir da razão entre os dados empíricos e o ajuste da função q-Gaussiana para as velocidades espaciais (U, V, W) de todas as estrelas F e G single. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Curvas de resíduo obtidas a partir da razão entre os dados empíricos e o ajuste da função q-Gaussiana para as velocidades espaciais (U, V, W) das estrelas do tipo F single. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Curvas de resíduo obtidas a partir da razão entre os dados empíricos e o ajuste da função q-Gaussiana para as velocidades espaciais (U, V, W) das estrelas do tipo G single. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ajuste da função Kernel (círculos) com o ajuste q -Gaussiano (linha azul) para cada faixa de idade das componentes U, V e W, via bootstrap. . . . Dispersão da velocidade em função da idade para estrelas do tipo F. A linha em vermelho é o ajuste q-exponencial. . . . . . . . . . . . . . . . . Dispersão da velocidade em função da idade para estrelas do tipo G. A linha em vermelho é o ajuste q-exponencial. . . . . . . . . . . . . . . . . Comportamento do índice entrópico q-original e q-bootstrap pela idade para as estrelas F single. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Comportamento do índice entrópico q-original e q-bootstrap pela idade para as estrelas G single. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Medida de desvio de mecânismos randômicos (q − 1) de U, V e W para estrelas do tipo F. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix 54 55 56 57 58 58 59 60 61 62 65 65 66 68 70 4.19 Medida de desvio de mecânismos randômicos (q − 1) de U, V e W para estrelas do tipo G. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . x 71 Sumário Agradecimentos iii Resumo v Abstract vi 1 Introdução 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 A Via Láctea . . . . . . . . . . 1.1.1 O Bojo . . . . . . . . . . 1.1.2 O Disco Galáctico . . . . 1.1.3 O Halo . . . . . . . . . . Bolha Local . . . . . . . . . . . Vizinhança Solar . . . . . . . . Aquecimento do Disco Galáctico Plano de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 Estatística generalizada: uma abordagem não-extensiva 2.1 2.2 Mecânica estatística de Boltzmann-Gibbs . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.1.1 Extensividade e Aditividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.1.2 Distribuição de Probabilidade para a Estatística de Boltzmann-Gibbs Mecânica Estatística Não-extensiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.2.1 Função de distribuição de probabilidade q-Gaussiana . . . . . . . 3 Descrição da amostra e dados observacionais 3.1 3.2 Catálogo Geneva-Copenhagen . . . Parâmetros astrofísicos . . . . . . . 3.2.1 Velocidades Espaciais (U, V, 3.2.2 Idade . . . . . . . . . . . . . 3.2.3 Massa e metalicidade . . . . 3.2.4 Denição da amostra . . . . 4 Resultados e Discussões 4.1 4.2 . . . . . . W) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . As distribuições de velocidade espacial . . . . . . . . . . . . 4.2.1 Distribuições de velocidade para estrelas F single . . 4.2.2 Distribuições de velocidade para as estrelas do tipo G 4.2.3 Razão Dados empíricos/Curva de ajuste . . . . . . . xi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . single . . . . . . . . . . 1 3 5 6 11 12 15 15 20 22 25 27 29 33 37 40 40 40 40 43 47 49 51 51 52 54 56 59 4.3 Segregação da amostra por idade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.3.1 Relação entre σ e a idade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.3.2 Relação entre o indíce entrópico q e a idade . . . . . . . . . . . . 62 63 66 5 Conclusões e Perspectivas 72 Referências 75 5.1 5.2 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Perspectivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 73 Capítulo 1 Introdução Desde o início, a humanidade vem buscando compreender a dinâmica daqueles objetos luminosos que rondam o céu. Desde sempre houve a curiosidade de entender e descrever o comportamento das estrelas. Com o passar dos séculos, o avanço cientíco e tecnológico, permitiu uma melhor compreensão, não só das estrelas, mas também sobre a estrutura de nossa e outras Galáxias: as fantásticas fábricas de estrelas. As primeiras observações da Via Láctea, com critério cientíco, foram feitas ainda no início do século XVII, por Galileu Galilei (1564 - 1642), ao usar o telescópio na astronomia. Esse pensador italiano conseguiu enxergar, com distinção, que a faixa esbranquiçada vista no céu se tratava, na verdade, de milhares de estrelas, que não eram visíveis a olho nu, percebendo também que muitas dessas estrelas estavam reunidas em aglomerados. Suas observações inuenciaram muitas outras investigações sobre o meio celeste nos séculos seguintes, o que resultou no modelo conhecido hoje para a Via Láctea. Observações posteriores revelaram que as estruturas difusas e extensas de formato discoide, que desde a época do Almagesto 1 de Ptolomeu eram descritas como nebulosas, eram constituídas por um grande número de estrelas[1]. Em 1750, o lósofo inglês Thomas Wright (1711 - 1786), em seu livro new hypothesis of the Universe (1750), An original or arma que um vasto número de estrelas formam grupos isolados no espaço e que a faixa esbranquiçada que é vista no céu em noites escuras seria resultado da distribuição de estrelas em forma de disco achatado - estando o Sol inserido nesse grupo. O modelo proposto por Wright teve forte presença nos estudos do lósofo prussiano Immanuel Kant (1724 - 1804), que interpretou à Via Láctea como sendo um disco de estrelas. Inuenciado por ideias da Física Newtoniana, Kant descreve a Galáxia em 1 Inuente tratado cientíco da antiguidade, feito por Cláudio Ptolomeu, compilando toda a produção astronômica realizada naquele período, distribuídos em treze volumes. Foi bastante aceito na época por apresentar uma teoria consistente para o movimento do Sol, da Lua e dos planetas (Silva, 2013). 1 uma dinâmica rotacional, onde as estrelas teriam um comportamento semelhante aos dos anéis de Saturno, girando em torno do centro da Via Láctea. Ele também propôs que as estruturas extensas, antes chamadas de nebulosas, poderiam ser sistemas estelares semelhantes a Via Láctea. Essa proposição foi nomeada de Hipótese dos Universos-ilhas. Os modelos propostos tanto por Wright quanto por Kant, no entanto, não tiveram aceitação, pois baseavam-se mais em especulações do que em deduções cientícas. Nesse meio tempo, de Kant até os tempos atuais, muitos foram os avanços cientícos, também, vários modelos propostos para a Via Láctea, como, por exemplo o modelo de Willian Herschel (1738 - 1822), que foi baseado na contagem de estrelas em várias direções no céu, formulando que a densidade de estrelas no espaço era uniforme e que a concentração aparente de maior número de estrelas em algumas direções era devido à extensão da Via Láctea[2]. A gura 1.1 mostra a concepção da Galáxia segundo o modelo de Herschel. Este modelo foi aceito durante muito tempo, e somente no início do século XX, depois das observações feitas por Hubble (1923), é que foi constatado que as nebulosas na verdade eram outras Galáxias e que não faziam parte da Via Láctea - o que validava a hipótese nebular de Kant[3]. Figura 1.1: Modelo da Via Láctea proposto por Herschel. O ponto mais escuro, próximo ao centr,o seria a posição ocupada pelo Sol (Fonte: Herschel, 1785). A partir das observações de Hubble, há o surgimento de estudos pioneiros sobre a natureza da Galáxia, catalogando informações sobre dimensões, composição e estrutura. Tudo isso resulta no desenvolvimento de teorias para tentar descrever toda a dinâmica galáctica: Lindblad mostra que a Via Láctea tem movimento próprio de rotação com período aproximado de 200 milhões de anos[4, 5, 6, 7]; Oort propõe a existência do halo galáctico e mede a massa da Galáxia[8, 9, 10]; Baade apresenta o conceito de populações estelares relacionando distribuição espacial, propriedades cinemáticas e intrínsecas das estrelas[11]. Esses são somente alguns, dentre tantos estudos importantes, a serem citados sobre as características da Via Láctea. Nos últimos anos, vastos estudos têm sido realizados, recolhendo uma innitude de dados; e mesmo com essa gama de informações, ainda existem lacunas a serem preenchidas sobre como aconteceu a formação e a evolução da Galáxia. 2 Na próxima seção, a Via Láctea será descrita em função das regiões que a compõe e dos modelos que são utilizados para explicar o surgimento de cada uma destas partes, o que se faz necessário para que haja o melhor entendimento de como se deu o processo de evolução Galáctica. 1.1 A Via Láctea A Via Láctea existe há bilhões de anos, mas o conhecimento sobre sua estrutura é consideravelmente recente, datado em pouco mais de três séculos. Somente com o avanço nas observações, ocorridas no início do século XX, foi que o escopo de teorias para explicar sua origem e evolução foi se tornando mais consistente. A gura 1.2 mostra uma foto panorâmica da Galáxia. Figura 1.2: Foto panorâmica da Via Láctea. Crédito: https://www.eso.org/public/brazil/images/eso0932a/). ESO/S. Brunier (Fonte: Os primeiros estudos classicavam a Via Láctea como sendo dividida em dois grupos distintos, ou populações. Baad[11], levando em conta levantamentos feitos por Oort[8, 9] e Lindblad [5], divide a Galáxia em dois grupos: População I e População II. A População I é formada pelos objetos que habitam o disco galáctico, possuindo uma ampla variação de idade e composição química quase solar. Por sua vez, a População II é onde se encontram as estrelas aglomeradas na componente esferoidal da Galáxia, que são estrelas bastante velhas e pobres em metais, comparadas com a composição do Sol. Os avanços nas técnicas observacionais e nas teorias possibilitaram o enriquecimento do conceito de populações estelares. As estrelas da população II, mesmo com deciência em metais, apresentam traços de elementos mais pesados, que não poderiam ter sido produzidos no interior estelar desse grupo, indicando a possibilidade de existência de uma 3 população interior, que teria enriquecido o meio interestelar (MI) antes do surgimento da População II[12, 13, 14, 15, 16, 17]. Esta população ancestral passa então a ser denominada de População III. Os avanços nas descobertas redeniram o conceito de população estelar, categorizando novos tipos de populações, ou subpopulações. Por exemplo: População I Extrema (regiões de HII), População I Velha (o Sol), População II Intermediária (estrelas de alta velocidade), População II do Halo (aglomerados globulares)[18]. Pesquisas recentes apontam que a Via Láctea pode ser descrita de uma forma geral como sendo composta por três regiões básicas: o bojo, Galáxia, tendo forma esferoidal e grande densidade; o localizado na parte central da halo, região mais externa da Via Láctea, onde são encontrados aglomerados globulares e as estrelas mais antigas da Galáxia; e o disco, região onde estão localizados os braços espirais, constituído-se de duas partes chamadas de disco no e disco espesso. Estas regiões são assim classicadas de acordo com as distribuições de: idade, cinemática e metalicidade[19]. A gura 1.3 ilustra a divisão das regiões que compõem a Via Láctea. Nos subtópicos a seguir, apresentaremos uma melhor caracterização das regiões que formam a Galáxia, assim como também a descrição de teorias que tentam esclarecer a formação do bojo, dos discos no e espesso e do halo. Figura 1.3: Esquema ilustrativo das componentes da Via Láctea onde estão destacados o disco, o bojo central e o halo de aglomerados globulares. (Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Via_Láctea) 4 1.1.1 O Bojo Acredita-se que o bojo tenha sido originado no colapso inicial da protogaláxia. Eggen et. al ([20]) sugeriram um modelo para formação do bojo depois de estudar estrelas anãs na vizinhança solar e encontrar relação entre metalicidade e a excentricidade da órbita e da velocidade perpendicular com a metalicidade. Vericou-se que estrelas com idade elevada e baixa metalicidade possuem órbitas excêntricas e altas, enquanto que as que teriam metalicidade maior possuíam órbitas quase circulares no plano galáctico. O modelo proposto consiste em uma nuvem de gás primordial, que teria dado origem à protogaláxia depois de uma colapso rápido (∼ 1 2 Mega-ano) . Este colapso teria dado origem à região central - aquela que possui maior densidade -, onde o índice de formação estelar aumentaria, fazendo com que ocorresse o esgotamento de matéria para a formação de estrelas. Os objetos criados neste período teriam baixa abundância de elementos mais pesados, o que seriam responsáveis pela presença de estrelas velhas na região central[21],[22]. O restante do gás circundante da região central de colapso cairia, formando o disco da Galáxia. Isso explicaria a baixa excentricidade e a alta metalicidade no plano galáctico. Após observações das abundâncias químicas de estrelas do disco e do halo, este modelo passou a ser menos aceito. Um outro modelo sugerido é a formação do bojo por [23, 24, 25, 26]. colisão e fusão de galáxias Seguindo esse modelo, fusões sucessíveis de Galáxias menores provocariam aumentos na formação estelar e acréscimo de estrelas[27]. Esta hipótese é bastante aceita, tendo em vista que observações revelarem que Galáxias espirais gigantes possuem Galáxias Satélites(GS) gravitacional. em suas vizinhanças, sendo atraídas pelo forte potencial O engolimento das Galáxias menores provoca, então, o aparecimento do bojo na região central. Há indícios desse canibalismo cósmico na Galáxia anã de Sagittarius[28, 29] e na estreita relação entre a Assim, as Galáxias tipo precoce (early type) Nuvem de Magalhães e a Via Láctea[30]. teriam seus bojos formados pela matéria acrescida, proveniente das Galáxias satélites, no decorrer do processo evolutivo, ocorrendo a destruição do disco e aumentando a concentração da população típica do bojo. Já Galáxias tipo tardias (late type) teriam baixa quantidade de vizinhas menores engolidas. A alta dispersão da abundância química seria facilmente explicada pelo processo de evolução do bojo por canibalismo galáctico, no entanto, análises cinemáticas voltadas para o bojo[31], para estrelas e Nebulosas Planetárias, sugerem a existência de poucas estrelas com movimento retrógrado e órbitas excêntricas para componente radial, o que vai de encontro com a teoria de fusão entre Galáxias, apresentada anteriormente [32]. Existem, de fato, Galáxias sendo absorvidas por outras. Mas estudos sugerem que o processo de engolimento poderia ser responsável pela formação do disco espesso e do 2 1 Mega-ano = 106 anos ou 1 milhão de anos 5 halo galáctico e que outros processos seriam responsáveis pela formação do bojo[33]. Bojos formados por estes processos recebem a denominação de bojos clássicos por muitos autores. Um outro mecanismo de formação do bojo conhecido é o de Evolução Secular, que é baseado na instabilidade da região central da barra galáctica. Combes & Sanders ([34]), através de simulações numéricas, observaram um incremento, em um curto intervalo de tempo (∼ 1 3 Giga-ano) , na espessura da barra central em regiões de disco no. O aquecimento vertical da barra pode ser causado por ressonâncias orbitais e instabilidade, ocorrendo dispersão de velocidade, o que por sua vez, causaria um aumentando na altura com relação ao plano galáctico. O transporte de gás para a região mais interna da Galáxia pode ser induzido pela barra central. O acúmulo de gás nesta região geraria uma instabilidade, provocando um rompimento, que acarretaria no aparecimento do bojo. Futuramente, a barra apareceria e voltaria a injetar gás, congurando assim um processo cíclico. Desse modo, o fenômeno de aparecimento do bojo está ligado diretamente à dinâmica do disco[35], sugerindo que a população estelar teria uma herança cinemática e química da região interna do disco[36, 37]. Estudos teóricos conseguem reproduzir Galáxias de bojo pequeno, ou Galáxias tardias, enquanto que, para reproduzir os bojos proeminentes das Galáxias early-type, são encontrados problemas. Espera-se que, com os dados observacionais recolhidos nos últimos anos para estrelas e nebulosas planetárias, novas análises possam produzir um estudo mais consistente no que diz respeito à formação do bojo galáctico[38, 39]. 1.1.2 O Disco Galáctico Como pode ser observado na gura 1.3, o disco Galáctico foi denido como sendo formado por duas regiões, o disco no e o disco espesso[40], e suas propriedades têm sido objeto de inúmeros estudos. A escala de altura para o disco no é de ∼ 300 pc4 , e ∼ 900 pc para o disco espesso[41]. A gura 1.4, retirada do trabalho de Freeman & Bland-Hawthorn [42], mostra as diferentes espessuras das componentes do disco para a Galáxia NGC 4762; as setas evidenciam as diferentes alturas para os discos no e espesso. Ao comparar as guras 1.4(a) e 1.4(b), o disco espesso é facilmente notado. O disco espesso apresenta um grande número de estrelas velhas com alta dispersão cinemática e pobres em metais. Por sua vez, o disco no é composto por estrelas ricas em metais e mais jovens. Estas características são essenciais para que o disco seja separado em duas componentes distintas. Estudos e levantamentos mais detalhados da cinemática e das abundâncias químicas têm sugerido a presença de uma outra população intermediária 3 1 Giga-ano = 109 anos ou 1 bilhão de anos. 4 O termo pc é a abreviação de Parsec. 1 P arsec = 3, 08568 × 1016 metros = 3, 26156 6 anos-luz. Figura 1.4: (a)Imagem do disco no e bojo de NGC 4762 (a partir do Digital Sky Survey). (b) Uma imagem mais profunda da mesma galáxia, NGC 4762, que agora mostra a extensão do disco espesso. As setas representam a altura vertical em que o disco espesso é mais brilhante do que o disco no (Fonte: Freeman & Bland-Hawthorn, 2002). entre os discos, possuidora de características de ambos[43, 44, 46]. Catálogos como o Geneva-Copenhagen Survey[47, 48, 49] mostram que a separação entre os discos não é de fácil detecção, pois não há, na literatura, um consenso sobre os valores limites a serem adotados nos estudos de abundância química, cinemática ou idade, que possam revelar a diferença entre estrelas do disco no e do disco espesso, sendo adotados critérios diferentes para cada uma dessas populações. Reddy et al. [50] apontam que há um aumento claro da metalicidade com a idade, além do que as populações estelares dos discos no e espesso possuem abundâncias químicas distintas[51]. Estudos baseados na abundância química têm sido considerados mais conáveis para identicar a qual região do disco uma estrela pode pertencer. Mas se o interesse for estudar o caminho evolutivo do disco Galáctico e a formação dos discos no e espesso, o estudo de abundância química é ineciente. Estudos cinemáticos feitos por Bensby et al. [52] e Reddy et al. [46] atribuem a probabilidade de cada estrela pertencer ao disco no ou ao disco espesso. Os estudos partem do pressuposto de que as velocidades espaciais U,V e W, de cada população possuem uma distribuição com perl Gaussiano com determinados valores médios e dispersões σU , σV e σW . As equações que determinam as probabilidades são dadas por: 7 Pf ino = f1 Pesp = f2 P1 P P2 P Phalo = f3 (1.1) P3 P Onde Pfino , Pesp , Phalo correspondem à probabilidade da estrela estar localizada no disco no, no disco espesso ou no halo. P e Pi são dados por: P = f 1 P 1 + f 2 P 2 + f 3 P3 e (V − Vass )2 W2 U2 − P = k · exp − 2 − 2 2σUi 2σV2i 2σW i (1.2) sendo k= 1 (2π)2/3 σUi σVi σWi (1.3) onde fi são as densidades relativas para cada uma das regiões e Vass é o termo de assimetria. Como é observado uma sobreposição entre as distribuições Gaussianas para as velocidades espaciais, a denição da população para o disco no ou disco espesso é bastante sensível aos parâmetros que denem as distribuições normais para cada população estelar. A dispersão das velocidades σ são medidas através do tensor dispersão de velocidade dado por[132, 147]: σij2 ≡ (vi − v̄i )(vj − v¯j ) 8 (1.4) onde, v ≡ (U, V, W ) e v ≡ (U , V , W ). As estrelas do disco movem-se ao redor do centro Galáctico com órbitas quase circulares. O Padrão Local de Repouso (LSR) é denido como sendo centrado na posição do Sol em relação ao centro da Galáxia, sendo a órbita solar considerada perfeitamente circular em torno centro da Via Láctea, movendo-se paralelamente ao plano Galáctico. O LSR é utilizado para a correção das velocidades espaciais para as estrelas na solar. vizinhança A tabela 1.1, extraída do trabalho de Bensby et al. ([51, 52]), mostra a dispersão das velocidades espaciais σU , σV e σW para o disco no, disco espesso e halo. O disco no é formado maioritariamente por estrelas relativamente jovens, com idades menores que 8 Giga-anos, ricas em metais e que possuem órbitas com elevado momento angular ao redor do bojo Galáctico. Binney & Merrield [54] demonstram uma tendência na dispersão para estrelas do disco espesso, em comparativo com as do disco no, utilizando análises cinemáticas. Estrelas tipicamente do disco espesso possuem baixa velocidade orbital, com grande dispersão na velocidade[55, 56, 57, 58], elevada razão [α/Fe], além de serem mais velhas e pobres em metais[46, 51, 53, 59, 60]. As estrelas do disco espesso devem ter se formado anteriormente às estrelas do disco no. Características que evidenciam são o fato delas possuírem uma alta razão [α/Fe] e idades bem mais elevadas. Estas estrelas experimentaram um ambiente de rápida formação estelar e passaram por aquecimento dinâmico e processos seculares, como a dispersão por pertubações no disco[61]. A formação do disco espesso é resultado de múltiplos processos complexos, experimentados pelas estrelas durante suas vidas; no entanto, não existe um consenso sobre a natureza desse fenômeno. Os processos que são discutidos como sendo responsáveis pela formação do disco espesso estão divididos em dois grupos: origem violenta e evolução secular. Exemplos de processo de origem violenta são dados por Quinn et al. [62] e Kazantzidis et al. [63, 64]. Estes autores armam que o disco espesso pode ter sido formado à partir do aquecimento dinâmico do disco no, que existia anteriormente, por fusão de Galáxias satélites. Villalobos & Helmi [65, 66], por meio de simulações, demostraram que 10 20% das estrelas do disco espesso são provenientes da fusão de Galáxias, enquanto que o restante seria resultado do aquecimento do disco no. Existe a hipótese de que estrelas formadas em Galáxias anãs foram capturadas em órbitas próximas ao plano do disco galáctico dando origem ao disco espesso [67]. Este processo seria responsável por ∼ 70% das estrelas do disco espesso [67]. Outro modelo de mecanismo de origem violenta é o de que as estrelas do disco espesso podem ter sido formadas in situ por meio de fusões desordenadas de sistemas ricos em gás, levando a formação de estrelas em momentos anteriores e durante as fusões. As estrelas formadas no disco no migrariam para a região espessa num tempo posterior ao 9 Tabela 1.1: Dispersão da velocidade espacial (σU , σV , e σW ) no disco no, no disco espesso e no halo estelar, utilizando a equação 1.2. f é a densidade de estrelas observadas para cada população na vizinhança solar e Vass é o termos de assimetria para cada componente V (Fonte: Bensby et al.,2003 e Bensby et al.,2004). Disco Fino Disco Espesso Halo f σU σV σW Vass −1 - [km s ] - 0.90 0.10 0.0015 35 67 160 20 38 90 16 35 90 −15 −46 −220 das fusões[68, 69, 70, 71] . A gura 1.5, extraída do trabalho de Brook et al. [68], mostra, através de simulações, a formação do disco gasoso e do disco de estrelas além de um bojo ainda na fase de formação estelar. A gura 1.6, também extraída do trabalho de Brook et al. [68], faz um traçado histórico da formação estelar, evidenciando um pico de formação estelar em ∼ 9 Gano, passando por um decaimento até 4 ou 5 Gano, e assumindo um perl razoavelmente estável para os últimos 5 Gano, aproximadamente. Figura 1.5: Vista dos planos superior (plano XY) e lateral (plano XZ) de simulações para formação do disco Galáctico ainda na fase de formação estelar (Fonte: Brook et al., 2004). Spitzer e Schwarzschild [72] mostraram que a evolução secular por aquecimento do disco, causada por encontros de nuvens moleculares, aumenta a dispersão de velocidade das estrelas tipo tardias (late-type). Outro mecanismo que provoca a dispersão da velocidade de estrelas mais velhas é causado pela interação de estruturas espirais na vizinhança solar[73]. Estudos teóricos e simulações[74, 75, 76] sugerem que o disco espesso poderia ter se formado por processos seculares cumulativos associados à migração radial das estrelas[77, 78]. A simulação mostrada na gura 1.7, retirada do trabalhode Sellwood & Binney [77], demostram uma sucessão de ondas espirais suaves que aquecem o disco no, favorecendo o aparecimento do disco espesso. 10 Figura 1.6: Taxa de formação estelar (SFR) em função do tempo com pico de formação de estrelas em ∼ 9 Gano (Fonte: Brook et al., 2004). Figura 1.7: Parte da simulação de ondas espirais suaves responsáveis pelo aquecimento do disco no estelar (Fonte: Sellwood & Binney, 2002). 1.1.3 O Halo O halo é uma estrutura com formato quase esférico, com baixa ou nenhuma rotação[79], composto por diversos objetos Galácticos distintos, como: estrelas, que se distribuem num raio entre 1 - 40 kpc, a partir do centro Galático[80]; cerca de 150 aglomerados globulares[81, 82]; ∼ 20 Galáxias satélites[83]; além da presença de (ME), que alguns estudos mostram que corresponde a cerca de 10 matéria M espalhadas em 100 kpc[84, 88]. Esta estrutura é responsável apenas por 1% da luz emitida pela Via Láctea, sendo o restante do espectro emitido de responsabilidade das estruturas internas (bojo e disco)[42, 89]. A presença de matéria escura é inferida em analogia ao comportamento de outras Galáxias, onde estudos apontam a presença de mais massa do escura 12 11 que é observado, sendo sua presença detectada apenas como efeitos gravitacionais[90], onde curvas ópticas para as velocidades de rotação de Galáxias espirais permanecem relativamente constantes para raios consideravelmente grandes, em vez de diminuir, como é esperado caso a massa gravitacional seja atribuída apenas para às estrelas visíveis[91]. As estrelas que habitam o halo possuem órbitas altamente aleatórias e baixa rotação, além de baixa metalicidade e de serem bastante escassas em comparação ao disco e ao bojo. A baixa metalicidade nesta região é um registro fóssil da formação da Galáxia. Por ser tão antigo, o halo deve abrigar alguns dos primeiros objetos da Via Láctea, como exemplo de algumas anãs brancas com idade em torno de 11 Gano[92]. Nas próximas seções a nossa abordagem será restrita às estruturas menores pertencentes a Galáxia onde todas as estrelas utilizadas no presente trabalho estão connadas, no caso a 1.2 Bolha Local ea Vizinhança Solar. Bolha Local Estruturas semelhantes a bolhas ou cavidades de plasma são comumente encontradas em Galáxias. O Sol está imerso em uma dessas regiões globulares, que recebe o nome de Cavidade Local ou Bolha Local,[93, é extremamente rarefeita (n 94, 95, 96, 97, 98, 99, 101, 100]. Esta região = 0, 005 cm3 ) e possui formato irregular. Dentro da bolha local, existem pequenas nuvens de baixa densidade nHI ≤ 0.01 cm−3 , com dimensões entre 3 - 5 pc[93, 97, 102] e temperatura T ≈ 7000K . O Sol está no interior ou próximo da borda de uma dessas nuvens, a qual recebe o nome de Nuvem Interestelar Local (NIL)[103]. Existem ainda, dentro da bolha local, regiões de gás aquecido (T ≈ 106 K), que emitem radiação no comprimento de onda do raio-X, conhecidas como Bolha Local Quente(BLQ)[93, 97, 98, 100, 101]. A cavidade local não está sozinha no meio Galáctico. Em sua vizinhança existem outras bolhas com características semelhantes que podem interagir. Como mostrado na gura 1.8, algumas destas bolhas são a Eridanus Loop, Gum Nebula, Loop I, II, III e IV[100, 104, 105, 106]. Welsh elt al. [100] mostraram uma esquematização de como podem se congurar estas bolhas no meio interestelar local. A gura 1.8 mostra o esquema idealizado por Welsh et al. [100]. Na direção de Scorpio-Centauri (Sco-Cen), localiza-se a região de Loop I, que é uma cavidade ainda maior que a bolha local. Acredita-se que esta região se formou por explosões de supernovas das estrelas de Sco-Cen junto da ação de ventos estelares fortíssimos, que agiram sobre a matéria remanescente da formação estelar, criando, então, a cavidade de baixa densidade[105, 107, 108]. rmHI 12 Figura 1.8: Representação esquemática das bolhas próximas ao Sol. (Fonte: Welsh et al., 1994) Devido a proximidade entra as bolhas local e Loop I, acreditava-se que deveria existir uma interação entre elas. Análises de dados de raio-X e Hidrogênio neutro feitas por Egger e Aschenbach ([109]) indicaram a existência dessa região de interação entre as bolhas. Uma representação dessa interação entre as bolhas local e Loop I, baseada no modelo de Breistchwerdt [101], é mostrada na gura 1.9. Como foi denido, a Cavidade Local (CL) é uma região de baixa densidade ao redor do Sol, enquanto que a Bolha Local Quente é congurada pelas regiões de gás aquecido dentro da cavidade local que emitem em raio-X. Ao serem analisadas as linhas de absorção do Sódio neutro, se tem um bom indicador da quantidade de gás neutro presente no meio interestelar. Sfeir et al. [98], através dos estudos das linhas de absorção de NaI para 465 estrelas, revelaram a existência de uma cavidade de gás interestelar neutro em torno do Sol. Os autores sugerem uma cavidade assimétrica, que pode estar sendo comprimida por expansões de bolhas jovens que possuem pressão interna maior que a da bolha local. As emissões de raio-X revelam que o volume ocupado pelo gás aquecido pode ser comparado ao de uma esfera de 100 pc de raio[93]. Observações do ROSAT (abreviação da palavra 13 Figura 1.9: Representação esquemática das bolhas Local e Loop I (Fonte: Breistchwerdt, 2000). Röntgensatellit, que signica satélite de raios-X em tradução livre), em raio-X de baixa energia (SRX), revelaram interferências de corpos gasosos fora da bolha local, que podem estar associadas ao bojo ou halo Galáctico[110]. Craves et al. [111] mostram que o meio interplanetário também é responsável pela emissão de SRX. Estes levantamentos evidenciam que a cavidade local e a BLQ não coincidem em tamanho e volume, sendo as dimensões da CL ∼ 200 pc, enquanto a BLQ tem tamanho entre 40 - 130 pc[112]. Diversos modelos existem para a explicação do surgimento da bolha local. Alguns autores apontam que a formação da BL ocorreu através da explosão de uma ou mais supernovas em uma região próxima ao Sol, gerando a cavidade e a região emissora de raio-X de baixa energia[113, 114, 115, 116, 117, 118]. Outro modelo é o de que a BL faz parte de uma superbolha que surgiu numa região de baixa densidade entre os braços espirais da Galáxia[102, 119, 120, 121, 122]. Há também a suposição de que a cavidade não teria relação com a atividade estelar, sendo apenas um local típico entre os braços espirais[123, 124]. Lépine & Sartori [125] sugerem que choques entre os braços espirais e o meio interestelar teriam provocado o aparecimento das bolhas. A interação das nuvens de alta densidade, encontradas no interior da bolha local, com o disco Galáctico, afeta a dinâmicas das estrelas, provocando difusão em suas velocidades[72, 126, 127, 128]. Este efeito de encontrado na e será discutido na seção 1.4. vizinhança solar 14 aquecimento na velocidade estelar é Antes, no entanto, apresentamos a denição de vizinhança solar. 1.3 Vizinhança Solar A Vizinhança Solar (VS) é onde podemos testar as teorias sobre a formação e evolução do disco Galáctico[129]. As estrelas compreendidas num volume ao redor do Sol revelam estimativas sobre a densidade de massa próxima ao plano Galáctico, onde a distribuição da idade dessas estrelas pode fornecer um traçado histórico do processo evolutivo. Detalhes sobre a abundância de elementos pesados em função da idade descrevem o registro fóssil da evolução e o enriquecimento químico do disco[60, 130]. Assim como os movimentos espaciais e órbitas Galácticas, também em função da idade, revelam a evolução dinâmica e o grau de mistura das populações estelares de diferentes regiões do disco[42, 131]. O volume para a vizinhança Solar depende do tipo espectral, sendo a magnitude dada em função da distância[54]. Ou seja, a determinação do limite da vizinhança para as estrelas G poderá ser menor do que para as estrelas F, por exemplo, pois o uxo cai com o inverso do quadrado da distância. Em nosso trabalho serão utilizadas estrelas anãs do tipo F e G, pois são relativamente numerosas; possuem tempo de vida extenso, podendo algumas ter tempo de vida próximo ou igual ao tempo de formação do disco Galáctico; as atmosferas convectivas destas estrelas reetem sua composição química inicial; e as idades podem ser estimadas por comparação com modelos de evolução estelar. O sistema de fotometria Strömgren uvbyβ foi utilizado para derivar os parâmetros observacionais intrínsecos[133, 134]. Olsen [135, 136, 137, 138] utilizou a fotometria Strömgren uvbyβ para determinar os parâmetros das estrelas F e G. Os catálogos do Hipparcos[139] e Tycho-2[140] forneceram dados precisos para paralaxe e movimento próprio. Os dados para velocidade radial foram retirados do Bright Star Catalog[141], de observações do CORAVEL[142] e por técnicas convencionais de espectroscopia. Informações das velocidades radiais, órbitas e paralaxe são importantes para descrever o movimento tridimensional e derivar resultados estatísticos conáveis para relação velocidade idade- das estrelas F e G. (Uma melhor descrição sobre a denição da amostra será feita no Capítulo 3). 1.4 Aquecimento do Disco Galáctico O termo aquecimento foi forjado para indicar um processo de dispersão na velocidade em grupos de estrelas com idades em comum. A distribuição das velocidades U, V e 15 W na vizinhança Solar fornece uma abordagem sobre o campo potencial Galáctico e as relações entre cinemática, idade e metalicidade para as estrelas do disco. Denido o padrão local de repouso (PLR) como sendo um ponto ctício que coincide com o ponto onde o Sol está localizado e viaja em órbita circular em torno do centro da Galáxia. As componentes cartesianas usuais (x, y, z), utilizadas para referenciar a onde U é direcionado para o centro da Galáxia, V aponta para a direção de rotação da Galáxia e W está na direção do polo norte Galáctico, como pode ser visto na posição do objeto celeste, foram substituídas pelas componentes (U, V, W); gura (1.10). Figura 1.10: Coordenadas galácticas U, que aponta para cento da Via Láctea; V, para o sentido de rotação da Galáxia; e W, que é coordenada que se direciona ao polo norte galáctico. (Fonte: http://www.astro.sunysb.edu/metchev/AST443/lecture15.pd)f Estudos mostram que as populações formadas por estrelas mais velhas possuem maior dispersão na velocidade do que populações mais jovens[144]. A dispersão da velocidade das estrelas aumenta com a idade, provavelmente porque o disco é aquecido por interações com mecanismos dinâmicos. Desse modo, é possível notar uma relação direta entre a idade e dispersão de velocidade em estrelas próximas, indicando a existência de mecanismos que causam aumento aleatório das velocidades estelares[47, 144]. Desde os trabalhos de Spitzer & Scharwzschild [72, 126], existe o interesse no estudo da relação entre idade e dispersão de velocidade de estrelas. Os autores sugeriram uma relação entre o aumento da excentricidade das órbitas, inicialmente circulares, e o aumento da difusão de velocidade estelares, que poderiam ter como causa a interação com nuvens moleculares massivas. Outros mecanismos de interação gravitacional foram 16 propostos como inuenciadores na difusão de velocidade, por exemplo: a interação de braços espirais no disco Galáctico[73]; ou buracos negros massivos na periferia da Galáxia[145]. Quinn et al. [62] sugerem fusões abruptas entre a Galáxia e as Galáxias satélites, que gerariam o aquecimento do disco; mas processos suaves de interação entre Galáxias também aquecem as velocidades[146]. A gura 1.11 mostra o incremento na difusão da velocidade com a idade, além de uma assimetria aparente na difusão para estrelas com idades superiores a 6 Gano nas componentes U e V. Figura 1.11: Velocidades U, V e W vs. Idade para 4065 estrelas simples do CGS (Fonte: Holmberg at al., 2007) Trabalhos mais recentes, baseados em simulações, mostraram em seus resultados que a dispersão da velocidade em função do tempo obedece a uma lei de potência do tipo[147]: 1/p σ1 (t) = (σ0 + Ct)p . (1.5) Trabalhos como o De Simone et al. [147] sugerem braços espirais transitórios como agentes do aquecimento do disco; Mincheve e Quillen [148] mostram que a interação entre sistemas espirais pode produzir uma estrutura de aquecimento; ou ainda as interações entre estruturas espirais e a barra Galáctica[149]. A gura 1.12 mostra a dispersão da velocidade no plano U-V para estrelas do CGS separadas em quatro grupos de idade. Muitos trabalhos mostram o incremento da dispersão da velocidade com o tempo para 17 Figura 1.12: al., 2007) Diagrama U-V separado em quatro grupos de idade. (Fonte:Holmberg at estrelas anãs e subgigantes[84, 85, 86, 87]. É notável que o aquecimento dinâmico do disco local continua em toda a vida útil das estrelas[45] e pode ser observada a existência de um domínio na evolução das velocidades U e V; enquanto que, para W, as velocidades parecem permanecer aleatórias[48, 49]. Isto pode signicar a existência de mecanismos, tais como nuves moleculáres gigantes[59]; ou perturbações causadas pelos braços espirais da Galáxia[147]; ou intereções com a barra galáctica[187], que agem aumentando a dispersão das velocidades e das órbitas estelares no disco Galáctico[143], desde o nascimento até sua morte, num processo gradual. A gura 1.13 mostra a dispersão da velocidade no plano V-W para estrelas do CGS separadas em quatro grupos de idade. As velocidades U, V e W sugerem distribuições com perl ligeiramente Gaussiano, onde para as componentes U e V possuem uma certa assimetria que precisa ser corrigida. Para a componente W, as distribuições obedecem a um perl da distribuição normal. A gura 1.14 mostra o histograma para a velocidade W de uma subamostra de estrelas F e G single do CGS. A dinâmica das estrelas da Galáxia podem receber inuência de vários fenômenos. Em especial, destacamos o aquecimento do disco como sendo de interesse no presente trabalho. No entanto, tendo em vista que esse aquecimento é produto de interações de estrelas com o ambiente, surge-nos a pergunta: o que provocaria esses mecanismos nãorandômicos ao longo da história das estrelas? Uma outra questão seria: se existem tais 18 Figura 1.13: Diagrama V-W separado em quatro grupos de idade. (Fonte:Holmberg at al., 2007) processos não-randômicos (ou não-aleatórios), tal comportamento não pode ser descrito por uma distribuição normal? Deste modo, como poderíamos quanticar esses processos de forma consistente? É a partir da ótica dessas questões que o Capítulo 2 apresenta seu foco; ou seja, descreveremos o ambiente necessário para uma teoria estatística que forneça um indicador preciso e revisite o conceito de aquecimento do disco, em particular, o conceito de aquecimento puro, na direção z, como apontado por Holmberg et al. [48]. 19 Figura 1.14: Histograma para a componente W da velocidade para uma subamostra de estrelas F e G single retiradas do CGS (Fonte: Holmberg et al., 2007). 1.5 Plano de trabalho Neste trabalho, temos como objetivo investigar a dinâmica do aquecimento do disco galáctico na vizinhança solar, utilizando um viés estatístico mais elaborado para descrever a inuência de mecanismos não-randômicos sobre a evolução nas dispersões das velocidades espaciais em estrelas do tipo F e G single. Utilizando uma teoria estatística mais elaborada, que nos forneceu a base necessária para as investigações, pudemos vericar a atuação dos mecanismos não-aleatórios e como as distribuições de velocidade se afastam de um distribuição normal convencional. Tal estatística se faz necessária, tendo em vista que, ao considerarmos sistemas com interação gravitacional,por exemplo, a Mecânica Estatística de Boltzmann-Gibbs já se mostrou limitada para descrever processos que envolvam interações de longo alcance. No Capítulo 2, iremos expôr os conceitos básicos da teoria estatística não-extensiva de Tsallis e o porquê desta ser mais usual para tratarmos problemas onde interações não podem ser desprezadas. Também apresentaremos as distribuições que serão utilizadas em nosso trabalho. No Capítulo 3, abordaremos a amostra de estrelas F e G single utilizada no trabalho, destacando as características e parâmetros estelares pertinentes para a pesquisa. O Capítulo 4 é aquele no qual vamos expôr nossos resultados. Nele faremos nossos ajustes, utilizando as funções de distribuições q-gaussiana e q-exponencial, grácos de resíduos que medem o quão nossos ajustes se afastam das curvas teóricas, além dos 20 grácos que medem o desvio dos mecanismos randômicos, desvencilhando qualquer comportamento da velocidade espacial (U, V, W) de um aquecimento puro. Por último, o Capítulo 5 consiste na apresentação de nossas conclusões e perspectivas para trabalhos futuros. 21 Capítulo 2 Estatística generalizada: uma abordagem não-extensiva O desenvolvimento de leis físicas que pudessem explicar o comportamento macroscópico da matéria se deu, essencialmente, sob um ponto de vista fenomenológico e experimental. Foi assim que toda a base da Termodinâmica, que é uma das teorias mais consistentes da Física, foi fundamentada. Suas leis têm base empírica e analisam os comportamentos térmicos de corpos macroscópicos. O desenvolvimento da formulação da descrição dos processos e fenômenos físicos ligados à matéria veio com os primeiros trabalhos sobre a Teoria Cinética dos Gases, atingindo seu apogeu com os trabalhos de Maxwell e Boltzmann ao m do século XIX. Esses trabalhos expuseram ideias como a descrição microscópica de sistemas macroscópicos, a probabilidade como conceito inerente aos processos físicos, irreversibilidade. e a formulação de uma equação cinética com propriedade explícita de Em meio a tudo isso, o conceito de entropia é desenvolvido, sendo esse um dos conceitos principais da Termodinâmica, e uma das bases da Mecânica Estatística. Na Termodinâmica, a função entropia é denida, considerando estados de equilíbrio, através da equação, ∆Q , T que também pode ser escrita em termos de parâmetros extensivos, como energia interna U , volume V e número de partículas N de um dado sistema composto5 , e está baseada em três propriedades [151]: ∆S = • A entropia é uma função energia. contínua, diferenciável e monotonicamente crescente 5 Um de sistema composto é aquele formado por um conjunto de sistemas simples separados por paredes ou vínculos. 22 • Considerando um sistema composto, a entropia, S , é aditiva sobre cada uma dos seus componentes. Por exemplo, se um sistema é formado por dois uidos puros, temos que S(U1 , V1 , N1 , U2 , V2 , N2 ) = S1 (U1 , V1 , N1 ) + S2 (U2 , V2 , N2 ). A aditividade da entropia signica que S(U, V, N ) é uma função homogenia de primeiro grau das suas variáveis, ou seja, S(λU, λV, λN ) = λS(U, V, N ), para qualquer valor de N. • Na remoção de um vínculo interno, os parâmetros assumem valores que maximizam a entropia. A entropia, como função dos parâmetros extensivos, constitui uma equação fundamental de uma dado sistema e contém toda a informação termodinâmica do mesmo. O conceito de entropia é um dos maiores feitos da ciência e um dos pilares mais importantes da Termodinâmica. Foi através dele que as teorias que dão escopo à termodinâmica de equilíbrio e de processos irreversíveis se desenvolveram, além de ser base fundamental da Mecânica Estatística e ter inuenciado fortemente a Teoria de 6 Informação . A Termodinâmica trata de efeitos macroscópicos de sistemas formados por inúmeras partículas que podem ser governadas por leis da Mecânica, que pode ser Clássica ou Quântica. Se pensarmos em um mundo microscópico onde cada partícula é governada por leis da Mecânica, e o número de partículas é da ordem 1023 , cada uma delas terá sua própria equação de movimento, o que torna o estudo de sua dinâmica inviável. Sendo assim, para sistemas formados por inúmeros outros subsistemas, faz-se necessária a utilização de uma teoria estatística que possa descrever o comportamento macroscópico através do comportamento microscópico. Desta forma, a Mecânica Estatística, que é sustentada na teoria de probabilidade, é quem faz a ligação entre os dois níveis, macroscópico e microscópico. Os fenômenos térmicos são manifestações macroscópicas da dinâmica microscópica. Quando se compreende essa interação, torna-se mais fácil perceber a conexão entre a termodinâmica e a microdinâmica. Utilizando a Mecânica Estatística, pode-se, então, fazer interpretações mais gerais dos sistemas, sem que haja a necessidade de um tratamento individual para cada partícula, onde o conjunto de microestados pode ser descrito através das variáveis macroscópicas do sistema. 6 Ramo da matemática que estuda a quanticação da informação através da aplicação de conceitos estatísticos e foi desenvolvida inicialmente por Claud Shannon, em 1948. 23 Mecânica Estatística foi como cou conhecido o ramo da Física que se dedica ao estudo de sistemas constituídos por inúmeros outros subsistemas, onde as informações sobre esses cam limitadas de se conhecer. A formulação da Mecânica Estatística está sustentada na denição de entropia feita por Boltzmann, podendo as propriedades macroscópicas do sistema serem obtidas através das informações microscópicas[150, 151]. Temos, então, que a entropia pode ser associada à medida do grau de irreversibilidade do processo termodinâmico, conceito que está ligado à 2a Lei da Termodinâmica. Ela também pode ser denida como sendo a medida do grau de desordem de um sistema, estando esta abordagem mais caracterizada pela Mecânica Estatística. Uma outra denição possível, ainda, é a de que a entropia é a medida do grau de desinformação que se tem sobre um sistema qualquer, ou seja, a entropia é a medida do grau de incerteza que existe antes que uma escolha seja feita[152]. Esta última é contextualizada dentro da teoria da informação. Utilizaremos a abordagem da Mecânica Estatística; esta fornece uma relação entre as propriedades macroscópicas (entropia) e a informação microscópica. Para situações onde são considerados sistemas que estão em equilíbrio termodinâmico, Boltzmann estabeleceu a conexão entre os micro e macro estados através da expressão para entropia, S = −KB ln W, sendo esta a primeira formulação para uma visão microscópica da Termodinâmica. Posteriormente, Gibbs trouxe contribuições fundamentais através da teoria de ensemble. A Mecânica Estatística de Boltzamann-Gibbs (B-G) é, sem dúvida, uma poderosa ferramenta para descrever sistemas usuais, quando a extensividade termodinâmica é ocorrente, em outras palavras, quando sistemas são considerados isolados. Ao considerar sistemas onde existe a presença de força de longo alcance, por exemplo, ou quando não pode ser desprezada qualquer interação que ocorra, havendo a violação da extensividade da entropia, a termodinâmica de B-G torna-se usual, sendo necessária uma maneira alternativa para descrever estes sistemas. Pensando neste contexto onde há a inviabilidade da Mecânica Estatística Clássica, o Físico greco-brasileiro Constantino Tsallis propôs uma generalização para a entropia de B-G. Partindo destas considerações, descreveremos nas próximas seções quais são as implicações favoráveis ao uso da Estatística de Tsallis em nosso trabalho. 24 2.1 Mecânica estatística de Boltzmann-Gibbs O conceito de entropia foi introduzido por Clausius ainda no século XIX, fator predominante para o desenvolvimento da Mecânica Estatística. James Maxwell foi o primeiro a dar um interpretação estatística à teoria da entropia, em seu trabalho sobre sobre as Distribuições de Velocidades Moleculares; assim, ele alicerçou o que viria a ser conhecido como Mecânica Estatística. Os trabalhos posteriores de Boltzmann, sobre a Hipótese Ergódica, a Equação de Transporte e o Teorema H de Maxwell. Mais tarde, Josiah Gibbs e sua teoria dos traçado do que cou conhecido como alicerçam melhor a teoria Ensembles dão robustez a todo o Mecânica Estatística de Boltzmann-Gibbs. Este conceito de forma simples relaciona os parâmetros macroscópicos, neste caso, a entropia, com os estados microscópicos ou microestados. Considerando um sistema com energia, volume e número de partículas constantes, se o espaço de fases deste sistema macroscópico, isolado, for dado por W possíveis estados microscópicos, sua entropia é dada por S = −KB ln W (2.1) onde KB (constante de Boltzmann) é positiva e dene a unidade em que a entropia é medida. No entanto, é desta relação que é dada a interpretação da medida do grau de desordem de um sistema. Como descrito por Borges[165], existe apenas um local para guardar um objeto; e de acordo com a relação dada pela equação (2.1), S(W = 1) = 0, temos então um sistemas organizado. Ao considerar um maior número de estados acessíveis, maior será também a desordem e a entropia. Podemos expressar a entropia de forma mais geral através da funcional S = −KB W X pi ln pi (2.2) i=1, onde pi é a probabilidade do sistema ser encontrado num estado i e W é o número total de estados microscópios acessíveis. Em outras palavras, pi é a fração de tempo que o sistema permanece no estado i durante a evolução no espaço de fases. Sendo assim, os valores de pi variam de acordo com o estado i. As condições macroscópicas, às quais o sistema está submetido, denem o modo como estes valores se distribuem pelo espaço de fases. Quando a energia, volume e o número de partículas são mantidos constantes, os valores de pi são independentes do 25 estado i; nesse caso, os estados são igualmente prováveis, sendo este o caso particular que valida a equação (2.1). Este conjunto de estados é chamado de ensemble microcanônico. Em outras palavras, quando pi = 1/W , a equação (2.2) retorna à entropia usual de Boltzamann-Gibbs, equação (2.1). Um outro modo de analisar a relação entre os micro e macro estados é pelo canônico, ensemble segundo o qual a energia não mais é mantida constante, sendo consideradas pequenas varições ou utuações em torno de seu valor médio, que é mantido constante. O efeito físico recorrente dessa interpretação pode ser dado por um efeito macroscópico de manter a temperatura constante. Sendo assim, o estado de fases não mais terá estados equiprováveis; logo, o sistema terá estados com maior e menor energia, com o sistema passando mais tempo nos níveis com valores de energia inferiores, que são os estados de maior probabilidade. Dessa forma, os estados de maior energia são os estados pouco prováveis, onde o sistema passará um tempo relativamente curto. Logo, pela Mecânica Estatística de B-G, a distribuição de probabilidade no equilíbrio térmico será dada por: pi = e−βEi Z (2.3) Onde: Ei é a energia do estado i, e β é o parâmetro de Lagrange, dado por β = 1/kB T . Z é a função de partição, que é um fator que garante a normalização das probabilidade Z= W X (2.4) e−βEi i=1 pi é o fator de Boltzmann. O valor médio da energia é uma grandeza macroscópica denominada que é dada por hEi ≡ U = W X energia interna, pi Ei (2.5) i=1 A entropia de Boltzmann-Gibbs é côncava, o que signica que a expressão dada pela equação (2.1) tem apenas um máximo. Esta é a propriedade que leva a satisfazer a Segunda Lei da Termodinâmica, garantindo, assim, a estabilidade do sistema[154]. 26 2.1.1 Extensividade e Aditividade A Termodinâmica de Boltzmann-Gibbs clássica depende das propriedades de extensividade e aditividade dos sistemas abordados[153]. A entropia de Boltzmann-Gibbs é uma entropia extensiva, ou seja, despreza a interação de elementos que pertençam a diferentes sistemas[150, 155]. A extensividade da entropia é obedecida em casos onde a interação de curto alcance ou microscópica podem ser desconsideradas, e quando a memória microscópica é de curta duração ou inexistente[156]. Por exemplo, ao ser considerado um sistema que não troca matéria, energia ou informação com sua vizinhança, dito sistema isolado, este corresponde à idealização de interação de curto alcance, onde a interação decai bruscamente com a distância, sendo este comportamento descrito numa função tipo exponencial. Implica dizer que este sistema se aproxima de um sistema isolado ideal, pois, ao separar as partículas que o compõe, as interações destas tornam-se tão fracas que podem ser desprezadas[156]. Assim, se um subsistema a uma entropia S (A) , e um subsistema B, A, onde esta associado associado a uma entropia S (B) , relacionam-se, a soma das quantidades dos subsistemas é igual ao sistema total, ou, como descrito por Salinas[151] S (A+B) = S (A) + S (B) (2.6) Essa armação é verdadeira ao serem considerados sistemas não interagentes. Para N subsistemas diferentes, a relação torna-se: S N X ! Xi i=1, = N X S (Xi ) . (2.7) i=1, Quando Xi = X , que seria quando todos os subsistemas são iguais, tem-se: S N X ! Xi = S (N X) = N S (X) . (2.8) i=1, O conceito de extensividade obedece a seguinte relação: |S(N )| < ∞, N →∞ N lim (2.9) onde um sistema extensivo tem um comportamento assintótico com o número de 27 subsistemas N, onde existe um fator de proporcionalidade entre S (N ) e N nito. Logo, um sistema extensivo é assintoticamente aditivo. Para sistemas onde a interação de seus subsistemas não são desprezíveis, a entropia de Boltzmann-Gibbs torna-se ineciente. É o caso de sistemas com presença de força de longo alcance, por exemplo, que causam modicações importantes na Termodinâmica [157], como, por exemplo, a possibilidade de calor especíco negativo no ensemble microcanônico, pois é justamente a aditividade que garante a concavidade da entropia. No entanto, no ensemble canônico, a existência do calor especíco negativo não é possível. Sendo assim, as interações de longo alcance, ou de memória de longo prazo, podem acarretar uma violação da equivalência de ensembles, um conceito fundamental na estatística tradicional de Boltzmann-Gibbs[150, 155]. Outro problema que surge quando tratamos estatisticamente sistemas de longo alcance é sua ergodicidade7 . Para Boltzmann (1877), em sua hipótese de equiprobabilidade dos microestados, é necessário que o sistema seja ergódico. Considerando um espaço de fase de 2dN dimensões, onde N é o número de partículas e d é a dimensão do sistema, cada ponto nesse espaço representa uma conguração (microestado) do sistema. Assim, um sistema, inicialmente em um ponto, deve evoluir ao longo de uma superfície de energia constante nesse espaço de fase de acordo com as leis de Hamilton. Ao invés de considerar apenas um único sistema evoluindo ao longo de toda a superfície, imaginam-se innitos sistemas distribuídos sobre ela. Este conjunto de sistemas é o ensemble microcanônico, ou seja, sistemas em todos os possíveis microestados correspondentes a dadas variáveis macroscópicas de mesma energia. Entretanto, ao serem consideradas regiões da superfície de energia constante que são inacessíveis para o sistema a partir de uma determinada condição inicial, não há ergodicidade, e a correspondência entre a evolução temporal de uma sistema e uma distribuição de innitos sistemas não é mais válida[159]. Ao considerar sistemas de curto alcance, a ergodicidade é observada, embora não haja uma prova de sua existência. Já, para sistemas de longo alcance, há indícios de quebra de ergodicidade[158, 159]. O formalismo de B-G pode não ser a melhor ferramenta para se trabalhar com sistemas que incluem força de longo alcance, efeitos de memória de longa duração e de multifractalidade, pois quando estas interações são relevantes, os parâmetros Termodinâmicos tendem a perder seu caráter extensivo. É o caso de sistemas onde não se verica a extensividade da entropia, em que a aproximação do equilíbrio é tão lenta que não pode ser encontrada na prática. Esses sistemas são chamados de sistemas 7 Na complexos. Termodinâmica, a hipótese da ergodicidade estabelece que, em um dado período de tempo, o tempo de permanência em dada região do espaço de fase de microestados com a mesma energia é proporcional ao volume da região, ou seja, todos os microestados acessíveis são equiprováveis em um longo período de tempo. 28 2.1.2 Distribuição de Probabilidade para a Estatística de Boltzmann-Gibbs Um procedimento baseado na maximização da entropia é utilizado para se obter uma função de distribuição Normal ou Gaussiana no contexto da Mecânica Estatística Clássica de Boltzmann-Gibbs. Ao se considerar um caso contínuo de estados possíveis x, a entropia pode ser expressada por: Z S = −KB p(x) ln p(x)dx. Esta nova forma de entropia é conhecida como Entropia de Shannon, ou entropia informacional. Partindo da equação (2.3) para distribuições contínuas da entropia de Shannon, podemos encontrar a distribuição de probabilidade que maximiza a entropia de Boltzmann-Gibbs. Na eq.(2.3) temos que, para cada x associado, temos uma probabilidade associada p(x). Para cada distribuição p(x) pode ser associada uma medida de incerteza ligada à informação sobre o sistema que esta distribuição representa. Maximizar a entropia signica assumir que o sistema é o mais aleatório possível dentro dos vínculos anunciados. Ou encontrar a função de probabilidade que maximiza a entropia permitida pela informação disponível[167, 168, 169]. Para a entropia de Boltzmann-Gibbs, a função de probabilidade está restrita aos vínculos. Segundo Salinas[151], temos que: (a) Condição de normalização: Z p(x)dx = 1 (2.10) (b) A variância de p(x ), que caracteriza a largura da distribuição, deve ser nita. Considerando distribuições de média nula: 2 hx i = Z x2 p(x)(x)dx = σ 2 (2.11) Utilizando a técnica de multiplicadores de Lagrange[170], sob n condições de vínculo Si [p(x)] = 0, a maximização de S(p) equivale à maximização da Lagrangiana. Assim, 29 L[p, λ1 , λ2 , ..., λn ] = S(p) − n X (2.12) λi Fi [p] i=1, onde λi , (i = 1 , ..., n) são os multiplicadores de Lagrange. Usando a equação(2.12) e os vínculos (2.10) e (2.11), tem-se: Z Z L[p, λ1 , λ2 ] = − p(x) ln p(x)dx − λ1 [p(x)dx − 1] − Z −λ2 [x2 p(x)dx − σ 2 ] (2.13) L[p, λ1 , λ2 ] possui máximo global[171]. Considerando variações δp(x) arbitrárias em relação à distribuição que maximiza L[p, λ1 , λ2 ]: δL = δL =− δp Z Z δp(x) ln p(x)dx − Z δL δL δp = 0 −→ =0 δp δp δp(x) p(x) dx − λ1 p(x) Z (2.14) Z δp(x)dx − λ2 δp(x)[ln p(x) + 1 + λ1 + λ2 x2 ]dx = 0 x2 δp(x)dx (2.15) (2.16) ln p(x) + 1 + λ1 + λ2 x2 = 0 (2.17) p(x) = exp[−1 − λ1 ] − exp[−λ2 x2 ] (2.18) Aplicando os vínculos (2.10) e (2.11) na eq.(2.17), obtêm-se: 1 (1 + λ1 ) = √ 2πσ 2 30 (2.19) e λ2 = 1 2σ 2 (2.20) Logo, os multiplicadores de Lagrange λ1 e λ2 estão associados à constante de normalização e à variância da distribuição maximizada. Substituindo λ1 e λ2 em (2.18), temos que: x2 √ exp − 2 p(x) = 2σ 2πσ 2 1 (2.21) Fornecendo uma distribuição Gaussiana, ou distribuição normal, como a distribuição de máxima entropia do sistema. Ou seja, as propriedades macroscópicas das difusões são regidas por uma distribuição Gaussiana. Isso já era previsto pela própria mecânica estatística, que assume que a entropia de uma sistema tende a um máximo, assumindo a validade do princípio variacional, e assumindo também que o vínculo da variância garante esta distribuição, de acordo com o O Teorema do Limite Central Teorema de Limite Central é bastante conhecido na (TLC). Teoria das Probabilidades e se trata de um formalismo baseado em conceitos probabilísticos e provas matemáticas[172]. O TLC arma que, se as funções de probabilidade (FDP) forem contínuas, elas evoluem para um perl Gaussiano. Isso demonstraria o motivo das distribuições Gaussianas serem tão recorrentes na natureza, uma vez que uma grande quantidade de número/recorrência de ações que satisfazem a TLC tem a propriedade de convergir para uma função de probabilidade Gaussiana[173]. Na sua formulação mais simplista, o Teorema do Limite Central estabelece que, dada uma sequência de n variáveis aleatórias independentes e identicamente distribuídas, seu somatório converge, à medida que n cresce, para uma distribuição normal. Este teorema tem grande importância, pois muitas estatísticas envolvem somas de variáveis aleatórias, que se referem aos dados da amostra, e vários fenômenos de interesse estatístico, que podem ser pensados como agregações de contribuintes de fatores menores. Estas considerações fazem com que a distribuição seja amplamente empregada na inferência e modelagem estatísticas. De forma bastante geral, o TLC pode ser descrito como sendo: Sejam x1 , x3 , x3 , .., xn variáveis aleatórias independentes e igualmente distribuídas, n P onde xi = X, onde i = 1, 2, 3, .., n. Considerando hXi i = µi , onde µi é o valor médio i=1 da distribuição, temos então que: 31 hXi2 − µi i = σi (2.22) onde σi > 0 é a variância da distribuição. Então a variável aleatória: n P X− µi i=1 Zn = r n P 2 σi (2.23) i=1 onde a função de distribuição de probabilidade é dada por: 1 −(Zn )2 f (Zn ) = √ exp 2 2π (2.24) Essas condições são responsáveis por fazerem com que muitas das distribuições estatísticas sejam representadas por um função normal, desde o comportamento de ações na bolsa de valores, a distribuição de altura de habitantes de uma cidade e até mesmo alguns fenômenos físicos. A gura (2.1) mostra o comportamento da distribuição de probabilidade Normal para diversos valores σ . Figura 2.1: Função de distribuição Normal, ou Gaussiana, para diversos valores de σ . 32 A Mecânica Estatística de B-G encontrou uma vasta aplicabilidade em diversos sistemas físicos, como uídos quânticos, fenômenos físico-químicos não-lineares, fenômenos críticos, teoria de transporte, biofísica, entre outros[155]. No entanto, mesmo a termoestatística de Boltzmann-Gibbs tendo vasta aplicabilidade, muitas pesquisas sugerem que existem sistemas que possuem comportamento anômalo, onde são consideradas interações de longo alcance, memória de longa duração, ou que possuem geometria fractal ou multifractal; esses casos não podem ser descrito pela Mecânica Estatística Clássica[174, 175]. Muitas pesquisas já sugerem este comportamento em muitos sistemas, encontrados, por exemplo, na astrofísica estelar[185, 191, 176, 173, 177, 178, 179], na física de plasmas[175, 16], na gravitação, em fractais [160], em espectro de raios cósmicos[181], em superfícies de crescimento, em difusão anômala[182, 161], na estatística de terremotos[183], em formação de estruturas em cosmologia[184], entre muitos outros. Estes sistemas não obedecem à restrição imposta pela expressão (2.1), encontrando-se fora da extensividade da entropia, exigindo, assim, uma nova proposta que englobe uma estatística generalizada, que considere essas as interações. Neste contexto é que a q-estatística de Tsallis torna-se uma grande ferramenta para a descrição destes sistemas fora de equilíbrio. 2.2 Mecânica Estatística Não-extensiva A Mecânica Estatística de Boltzmann-Gibbs descreve bem muitos fenômenos na natureza, mas, ao serem considerado alguns sistemas onde existam interação de longo alcance, regimes caóticos ou turbulentos, há a necessidade de uma reformulação no interior da teoria de B-G. O físico greco-brasileiro Constantino Tsallis propôs uma generalização da estatística de B-G, levando em consideração que, em alguns casos, ocorrem interações entre os componentes dos sistemas, e estas não podem ser desconsideradas[160, 164]. A abordagem feita por Tsallis torna possível um tratamento não extensivo para a energia interna e a entropia. Ou seja, a q -entropia de Tsallis é uma generalização da entropia Clássica de B-G. Segundo Borges[165], ao generalizar uma teoria, possivelmente será necessário romper com alguns de seus postulados, sendo isto fator fundamental para o êxito ou fracasso da teoria. A entropia não extensiva viola a aditividade da entropia clássica. Podemos vericar isto da seguinte forma: ao considerarmos um sistema composto por dois subsistemas independentes (A) e (B), sabemos, através da equação (2.6), que é um dos postulados da Termodinâmica que arma que a entropia é aditiva sobre seus subsistemas contínuos, ou seja, a entropia total do sistema será dada pela soma das entropias de cada 33 subsistema. Na q -entropia de Tsallis, a formulação clássica não é obedecida, e a aditividade da entropia não ocorre. No contexto não-extensivo, a entropia é dada por: Sq(A+B) = Sq(A) + Sq(B) + (1 − q) (A) (B) Sq Sq k (2.25) onde q é o índice entrópico que caracteriza a generalização e k é a contante de Boltzmann. Quando q −→ 1 ou k −→ ∞, a extensividade da entropia é recuperada. Esta relação entre q e a constante k pode implicar um relação não trivial entre eles. Quando a extensividade é recuperada, através de k −→ ∞, considera-se que, para temperaturas innitas, todos os sistemas tornam-se extensivos[165]. A medida da não-extensividade de um sistema é dada pelo termo (1 − q). Se q < 1, (A+B) o sistema é superaditivo, Sq > S (A+B) ; e quando q > 1, o sistema é subaditivo, (A+B) Sq < S (A+B) . Fisicamente, quando ocorre a violação da aditividade da entropia, um dos conceitos mais básicos da Termodinâmica, que é o de sistema isolado, não mais pode ser considerado. De forma mais clara, quando temos dois subsistemas, (A) e (B), como na equação (2.6) , e estes são juntados para formar um sistema composto (A + B), cada um destes contribui com sua quantidade. Já, quando consideramos o sistema composto (A + B), dado pela equação (2.25), é como se cada subsistema contribuísse com (A) (B) (A) (B) (A) a quantidade Sq [1 + (1/2)((1 − q)/k)Sq ], para a Sq , e Sq [1 + (1/2)((1 − q)/k)Sq ], (B) para Sq . Isso quer dizer que, mesmo antes de estarem em contato, ou seja, antes do sistema composto ser formado, cada um dos subsistemas (A) e (B), já sentia um ao outro, rompendo, então, com o conceito de sistemas isolados. A Mecânica Estatística Não-Extensiva postula que a q -entropia está relacionada com as probabilidades pi dos microestados pela equação[160]. 1− Sq [(pi )] = k W P pqi i=1 q−1 (2.26) Quando q −→ 1, a eq. (2.26) se reduz à entropia de Boltzmann-Gibbs, ou seja, quando q se aproxima de 1 o formalismo clássico da Mecânica Estatística é recuperado. A expressão para entropia de Tsallis, Sq , é uma função não negativa, para qualquer valor de q . Quando q > 0, a entropia generalizada Sq tem concavidade com ponto de máximo, ou quando q < 0, a entropia generalizada Sq é convexa e apresenta um ponto de mínimo. Assim como a teoria clássica de Boltzmann-Gibbs, a entropia generalizada de Tsallis satisfaz a segunda Lei da Termodinâmica. Segundo essa, os valores do índice entrópico q , sejam 34 eles q > 0 ou q < 0, representam valores de máximo e mínimo, respectivamente. O que signica dizer que a entropia de um sistema isolado é um extremo , que pode ser máximo ou mínimo[165]. Através do ensemble microcanônico, que postula que todos os estados acessíveis são equiprováveis, ou seja pi = 1/W , da equação (2.26), obtém-se Sq [1/W ] = k W 1−q − 1 1−q (2.27) A eq. (2.27) corresponde à entropia generalizada da q -Estatística de Tsallis para o microcanônico. Denindo a função q -logaritmo como: lnq ≡ x1−q − 1 , x > 0, 1−q (2.28) a q -Entropia pode ser reescrita da seguinte forma: Sq = k lnq W, (2.29) onde: • q < 1, a desordem cresce mais rapidamente que o logaritmo de W; • q > 1, a desordem cresce mais lentamente; • q −→ 1, a equação da entropia generalizada recupera a forma usual da estatística de Boltzamann-Gibbs. A função inversa da q -logaritmo, denominada q -exponencial, é dada por: exq ≡ [1 + (1 − q)x]1/(1−q) (2.30) onde é possível se vericar que: lnq (expq x) = expq (lnq x) = x. (2.31) As funções q -logaritmo e q -exponencial foram denidas por Tsallis em seu trabalho de 35 1994, e são generalizações para as funções exponencial e logarítmica convencionais[160, 163, 166]. A Mecânica Estatística Não-Extensiva é, portanto, uma generalização para a estatística de Boltzmann-Gibbs, sendo esta última um caso particular da estatística de Tsallis. A gura (2.2) apresenta os comportamentos da q -exponencial para alguns valores de q . Figura 2.2: Comportamento da função de distribuição q -Exponencial para alguns valores de q . O valor do índice entrópico q pode ser considerado como uma medida da não- extensividade do sistema, onde, para valores altos de q, tem-se os regimes onde as interações dos microestados não podem ser desprezadas, como os encontrados em sistemas complexos. A gura (2.3) apresenta os comportamentos da q -logarítimo para diversos valores de q . Figura 2.3: Comportamento da função de distribuição q -Logarítimo para alguns valores de q . 36 2.2.1 Função de distribuição de probabilidade q-Gaussiana Utilizando um procedimento análogo ao descrito na subseção (2.1.2) para encontrar a distribuição Normal, vamos maximizar a entropia de Tsallis. Temos então os vínculos modicados dados por: Z p(x)dx = 1 Z xR Z (x − µ̄q )2 R (2.32) [p(x)]q dx ≡ hxiq = µ̄q [p(x)]q dx (2.33) [p(x)]q dx ≡ h(x − µ̄q )2 iq = σq2 [p(x)]q dx (2.34) O primeiro vínculo é a condição de normalização da função de densidade de probabilidade. Já os outros dois vínculos correspondem à média generalizada e à variância de x. A função de distribuição de probabilidade que maximiza a entropia de Tsallis é obtida, assim como a função de distribuição Gaussiana, através dos multiplicadores de Lagrange. Depois de grande algebrismo, obtemos que: pq (x) = Aq [1 + (1 − q)Bq (x − µ̄q )2 ]1/(1−q) válido para todo q (2.35) < 3. A contante de normalização Aq é obtida através da equação (2.32), e é válida para os intervalos: (i) q < 1, 5 − 3q r Γ 1−q 2 − 2q Aq = Bq 2−q π Γ 1−q 37 (2.36) e (ii) q < 1, 1 r Γ q−1 q−1 Bq Aq = 3−q π Γ 2q − 2 (2.37) O Valor de Bq é função de variânicia σq e é dado por: Bq = [(3 − q)σq−2 ]−1 (2.38) Assim, a função de distribuição q-Gaussiana pode ser escrita como: pq (x) = Aq [1 + (1 − q)]1/(1−q) (2.39) quando: • q = 1, a função retorna a Gaussiana padrão; • q > 1, há o aparecimento de caldas que seguem uma lei de Potência; • q < 1, sempre que q < 0 a q-exp é negativa, aparece um corte e o suporte é nito. Assim como a função de distribuição Gaussiana padrão, a q -Gaussiana de Tsallis obedece ao teorema do limite central, havendo uma q -generalização para este teorema, na qual uma sequência de variáveis aleatórias apresentam correlações fortes entre si, com uma q -variância nita. O TLC q -generalizado estabelece que a recorrência de efeitos na natureza podem ser descritos por uma q -Gaussiana. A gura (2.4) descreve o comportamento da função de distribuição normal generalizada para diferentes valores de q e σ. 38 Figura 2.4: Função de distribuição q -Gaussiana para diversos valores de q e σ xo. 39 Capítulo 3 Descrição da amostra e dados observacionais 3.1 Catálogo Geneva-Copenhagen A amostra utilizada neste trabalho é composta por estrelas anãs single e de campo com tipo F e G localizadas na vizinhança solar, completa em magnitude e volume de ∼ 40 pc, retiradas do catálogo Geneva-Copnhagen Survey (GCS), que foi publicado por Nordström et al. [47] e posteriormente revisado por Holmberg et al. [48],[49] e Casagrande et al. [129], contendo dados de idade, metalicidade, massa, velocidade de rotação projetada (vsini) e propriedades cinemáticas para cerca de 14000 estrelas na vizinhança solar. Nas próximas seções, descreveremos os parâmetros astrofísicos pertinentes ao nosso trabalho, que são as velocidades espaciais (U, V, W), Idade, Massa e Metalicidade. 3.2 Parâmetros astrofísicos 3.2.1 Velocidades Espaciais (U, V, W) Na Seção (1.4) do Capítulo 1 foi dinido o sistema de refrências para a velocidade espacial, para o meio estelar, em termos de suas componentes (U, V, W), onde U aponta para o centro da Galáxia, V se direciona no sentido da rotação da Galáxia e W para o polo norte Galático. As velocidades (U, V, W) presentes no GCS foram calculadas utilizando dados de distância, movimento próprio e a média da velocidade radial8 , sendo que estes parâmetros foram obtidos através do CORAVEL e CfA, para cada uma das estrelas. 8 Ver o artigo Nordström et al. (2004). 40 Para garantir uma maior precisão nos resultados, Holmberg et al. [49] zeram um levantamento para estrelas que possuíam erro na idade inferior a 25% (∼ 2600 estrelas). Essa subamostra foi dividida em 30 intervalos, contendo 88 estrelas em cada, sendo, então, calculada a dispersão de velocidade média para as componentes U, V e W da velocidade espacial e da velocidade total para cada um dos intervalos. A Fig. (3.1) mostra a relação idade-velocidade, onde pode ser percebido um aumento das dispersões das velocidade com a idade das estrelas. A linha pontilhada representa o ajuste do tipo lei de potência, dado pela equação de De Simone[147], que forneceu os seguintes valores para os σ de cada uma das distribuições de velocidade σtot = 0.40, σU = 0.38, σV = 0.38 e σW = 0.54[48]. A gura (3.1) está com valores em log para ambos os eixos. Figura 3.1: Relação idade-dispersão de velocidade das componentes de velocidade U, V e W e da velocidade total(tot) retirada do Geneve-Copenhagen Survey. Linha tracejada é o ajuste da relação excluindo os três primeiros e os três últimos intervalos. (Fonte:Holmberg et al. (2009)) Uma análise detalhada, feita por Famey et al. [186], identicou grupos dinâmicos distintos. As estrelas desses grupos possuem uma faixa de variação nas idades e na composição química, sendo esse um provável indicativo de que essas estrelas não tiveram uma origem em comum. Podemos então inferir que deve existir algum mecanismo do disco Galáctico capaz de aproximar essas estrelas em órbitas semelhantes, como braços espirais transientes[147] ou ressonância externa de Lindblad com a barra Galáctica [187]. Segundo Holmberg et al.[48], as guras (3.2) e (3.3) descrevem a difusão das velocidades nos planos U-V e V-W, separados em quatro grupos de idade. Pode-se perceber uma difusão não-aleatória na Fig. (3.2), enquanto que na Fig. (3.3), essa 41 não-aleatoriedade não está presente. Figura 3.2: Diagrama U-V com dados de uma subamostra formada por 4065 estrelas do CGS, com σ(idade) < 25%, separadas em quatro grupos. Para Holmberg et al.[48] a distribuição de velocidade nos eixos U e V é resultado de um aquecimento não puro, ou seja, a interferência de estruturas cinemáticas poderia ser causadora da difusão. Já para o eixo W, o aquecimento não teria inuência dessas estruturas, o que resultaria num aquecimento puro, sendo, então, uma difusão totalmente aleatória. Contudo, as distribuições das componentes U e V parecem não apresentar uma distribuição Gaussiana, o que pode caracterizar a presente inuência dessas estruturas[188]. Por sua vez, o movimento difusivo para componente W apresenta um perl aparentemente Gaussiano em todas as idades[47],[48],[49]. A Figura (3.4) tenta descrever o perl Gaussiano proposto por Holmerg et al., para quatro grupos de idades, sendo que há um incremento considerável para o valor de σ para cada uma das distribuições. Devemos, então, considerar que os processos dinâmicos podem contribuir com o aumento na dispersão da velocidade espacial, onde esses processos introduzem energia cinética nas componentes do movimento com o passar do tempo[189]. As componentes das velocidades espaciais U, V e W, em função da idade para as estrelas F e G da amostra, são mostradas nas Figuras (3.5) e (3.6). Essas distribuições para as velocidades espaciais correspondem a uma espécie de série temporal composta por diversos objetos com 42 Figura 3.3: Diagrama V-W com dados de uma subamostra formada por 4065 estrelas do CGS, com σ(idade) < 25%, separadas em quatro grupos. parâmetros estelares aproximadamente similares, nos quais uma evolução da difusão da velocidade em função do tempo pode ser percebida mais claramente para as componentes U e V. Para Seabroke & Gilmor[188], o melhor parametro físico para especicar o aumento aleatório nas componentes (U, V, W) é aquecimento. 3.2.2 Idade As idades estelares individuais têm grande importância quando queremos inferir dados conáveis para determinação de propriedades químicas e cinemáticas ao considerarmos o viés evolutivo das estrelas. Estudos com base na atividade cromosférica têm sido usados para estimativa de idades estelares, mas esses se mostram pouco ecientes ao considerarmos estrelas com idades próximas à do Sol, pois nesta faixa de idade a emissão cromosférica praticamente cessa. Já o método de determinação de idades por isócronas se mostra uma ferramenta melhor, mesmo apresentando discrepância para idades de estrelas mais velhas e de baixa massa. As idades adotadas no GCS foram obtidas por meio de isócronas estelares por Nordström el al.[47], utilizando a técnica Bayesiana proposta por Jørgensen e Lindegren[190]. Os dados foram revisados por Holmberg 43 et al. [48],[49] e Casagrande Figura 3.4: Distribuição da velocidade W separadas por idade. Figura retirada do Geneve-Copenhagen Survey, Holmberg et al. (2007). A linha pontilhada é o ajuste Gaussiano. et al. [129], onde consideraram novas calibrações para temperatura e metalicidade. Para Nordström el al.[47] e Holmberg et al.[48],[49], 81% das estrelas da amostra original do GCS possuem erro abaixo de 50%. As idades são computadas determinando a posição que as estrelas se encontram no diagrama-HR tridimensional, utilizando os parâmetros de temperatura efetiva Tef (log Tef ), magnitude visual (Mv ) e metalicidade ([Fe/H]). O cálculo da probabilidade revela onde a estrela deverá estar no diagrama-HR, usando a interpolação de Padova9 . O cálculo da probabilidade é feita através da equação: " # ∆Te2 ∆Mv2 ∆[F e/H]2 P = exp − 2 exp − 2 exp − . 2 2σTe 2σMv 2σ[F e/H] (3.1) Nessa equação, os erros são retirados do CGS. Integrando (3.1) sobre todos os pontos, 9 As isócronas, diferentemente dos traços evolutivos tradicionais, consideram as idades como constante, mas variando a massa. São modelos teóricos para determinar o comportamento de parâmetros da estrela no diagrama-HR. Padova é uma homenagem à cidade italiana onde foi criado o modelo. 44 Figura 3.5: Velocidades U,V e W em função da idade para 7237 estrelas single da amostra com dados para idade e velocidade bem denidos. Figura retirada do Geneve-Copenhagen Survey, Holmberg et al. (2004). obtém-se a distribuição de probabilidade global para as idades possíveis de cada estrela. Novamente, utilizando (3.1) é possível obter a função de distribuição normalizada, ou função-G, integrando a função da probabilidade. O valor máximo da função normalizada fornece o valor mais provável da idade de uma estrela. As Figuras (3.7) e (3.8) apresentam os histogramas das idades de todas as estrelas FeG single presentes na amostra. Cada um desses histogramas evidencia quais são os intervalos de idade que apresentam maior número de estrelas, sendo entre 1,5 e 3,0 anos Giga- para estrelas do tipo F, e entre 2,8 e 7,0 Giga-anos para estrelas do tipo G - tipo em que maior parte das estrelas estão concentradas. Como o histograma mostrado pela Fig. (3.8) não deixa claro qual a faixa de idade onde encontra-se maior parte das estrelas, foi utilizado um gráco do tipo boxplot para determinar esse intervalo, como pode ser visto na gura (3.9). Nele é possível ver com clareza quais é o intervalo com maior número de estrelas, além da média e mediana, como também os valores atípicos para a idade da amostra. 45 Figura 3.6: Velocidades U,V e W em função da idade para 2852 estrelas single da amostra com idades melhores que 25%. Figura retirada do Geneve-Copenhagen Survey, Holmberg et al. (2004). 1.000 F-stars Frequency 800 600 400 200 0 0 2 4 6 8 Age (Gyr) Figura 3.7: Histograma da idade das estrelas F (Giga-ano). 46 10 250 G-stars Frequency 200 150 100 50 0 0 2 4 6 8 10 Age(Gyr) Figura 3.8: Histograma da idade das estrelas G (Giga-ano ). Agegyr 10 Mean 95% 9 Median x Outlier 8 75% Age (gyr) 7 6 5 50% 4 3 25% 2 1 5% 0 Figura 3.9: Boxplot para idade das estrelas do tipo G evidenciando qual a faixa de idade onde encontra-se maior número de estrelas. 3.2.3 Massa e metalicidade A massa estelar também pode ser inferida utilizando a análise de isócronas[47]. Os dados para massa possuem erros individuais na ordem de 0,05 M . A metalicidade foi estimada usando fotometria uvbyβ de Strömgren. A distribuição de metalicidade para as estrelas na vizinhança solar presentes nesta amostra obedece a uma distribuição Gaussiana com média de -0,14 e desvio padrão de 0,19 dex, como indicado nas guras 47 (3.12) e (3.13). Holmberg et al.[48] analisam uma subamostra contendo 5835 estrelas single presentes no GCS. Essa análise mostrou uma média de h[F e/H]i = -0,18 e desvio padrão de 0,21 dex. Podemos, então, observar que a maioria das estrelas que compõem este trabalho são do tipo solar. Um outro fator que também é evidenciado é o de que há a presença de um número pequeno de estrelas com metalicidade subsolar. Recentemente, Casagrande et al. [129] reexaminaram a maioria dos parâmetros do catálogo através do uxo de infravermelho. Esse método apontou diferenças nas medidas de temperatura efetiva; logo, os novos dados resultaram em uma melhor concordância entre a posição das estrelas e as isócronas no diagrama HR. Um histograma para as massas de todas as estrelas F single em função da massa solar é apresentado na Fig. (3.10). A maioria das estrelas F single possuem massas entre 1,0 M e 1,6 M e maior concentração na faixa de 1,1 M até 1,2 M . 900 F-stars 800 Título do eixo Y 700 600 500 400 300 200 100 0 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 2,2 2,4 M/Mο Figura 3.10: Histograma da massa em função da massa solar para estrelas F Na Fig. single singles. (3.11) temos um histograma para as massas, M/M , de todas as G presentes na amostra. Podemos ver que as estrelas do tipo G single têm massa compreendida no intervalo de 0,8 M e 1,2 M e apresentam um pico entre 0,9 M e 1,1 M . Observando a Fig. (3.12), vemos que a metalicidade para as estrelas F single apresentadas na amostra estudada está entre -1,4 dex e 0,4 dex. Enquanto que, para as estrelas G single, a metalicidade ca em torno de -0,8 dex e 0,4 dex (Fig. 3.13). As metalicidades apresentadas para as estrelas F e G são dadas em função da metalicidade solar. 48 Tabela1_FeH 700 G-stars 600 frequency 500 400 300 200 100 0 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 2,2 2,4 M/Mο Figura 3.11: Histograma da massa em função da massa solar para estrelas G 1.000 singles. F-stars Frequency 800 600 400 200 0 −1,4 −1,2 −1 −0,8 −0,6 −0,4 −0,2 0 0,2 [Fe/H](dex) 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 Figura 3.12: Histograma da metalicidade em função da metalicidade solar para estrelas F single. 3.2.4 Denição da amostra Nesta dissertação foram utilizados dados para as componentes da velocidade espacial (U, V, W), idade e massa presentes no Limitamos a idade em torno de 10 GCS Giga-ano. para estrelas F e G single[47, 48, 49]. Para a massa, adotamos um intervalo entre 0,90 M ≤ M ≤ 2,0 M . O limite superior de 10 Giga-ano para idade foi escolhido por este compreender a idade aproximada da Galáxia. Já, para as massas (ou tipo 49 600 G-stars 500 Frequency 400 300 200 100 0 −1,4 −1,2 −1 −0,8 −0,6 −0,4 −0,2 0 0,2 [Fe/H](dex) 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 Figura 3.13: Histograma da metalicidade em função da metalicidade solar para estrelas G single. espectral), os limites foram denidos baseando-se em análises de isócronas teóricas, com erros individuais da ordem de 0,05 M , obtidos através da equação (3.1). A metalicidade foi obtida por fotometria. Optamos por estes limites para evitar a contaminação da amostra com estrelas que possuíssem incertezas consideráveis nesses parâmetros - ou seja, as estrelas de baixa massa e as consideradas mais velhas que a galáxia foram deixadas de fora, assim como as estrelas muito massivas. Como resultado, a amostra nal apresenta 6166 estrelas single (estrelas que não possuem companheiras), onde 3838 são do tipo F (2063 têm tipo espectral entre F0 e F5, e 1175 entre F6 e F9) e 2328 do tipo G (2156 possuem tipo espectral entre G0 e G5, e 172 entre G6 e G9)[185]. Assim, toda a amostra utilizada neste trabalho tem sua completeza em magnitude dentro de um volume com aproximadamente 40 pc na vizinhança solar. 50 Capítulo 4 Resultados e Discussões 4.1 Introdução Neste capítulo, serão apresentados os resultados, discussões e implicações físicas de nosso trabalho. Em virtude das investigações, a partir da perspectiva da estatística de Tsallis e da inuência de mecanismos que atuam no disco galático originando difusões na velocidade estelar, podemos propôr que, para todas as componentes da velocidade espacial (U, V, W), existe a atuação de mecanismos não-randômicos; fato que diverge de estudos anteriores, onde foram desprezados esses efeitos não aleatório na difusão para a coordenada W. Nordströn el al. ([47]) e Holmberg et al. ([48, 49]) descreveram o comportamento da difusão para a componente W da velocidade como sendo um aquecimento puro, ou randômico, onde os mecanismos que atuam no plano U-V provocando uma difusão não-aleatória não estariam presentes. Os autores sugerem distribuições em que as componentes U e V da velocidade não seguem um perl puramente Gaussiano, sendo assim, somente a componente W teria o comportamento descrito por uma curva Gaussiana padrão. De Freitas & De Medeiros ([191]) mostraram que o melhor ajuste para a velocidade radial de estrelas anãs F e G é dado por uma q-Gaussiana. Considerando esse resultado, utilizamos função de densidade Kernel e a q-Gaussiana de Tsallis para determinar os parâmetros pertinentes para nosso trabalho. Utilizando análises de cunho estatístico, observa-se um comportamento que diverge dos resultados da literatura ao considerar velocidades espaciais de estrelas F e G single na sequência principal. Os métodos estatísticos, as análises que foram utilizadas e resultados são apresentados nas próximas seções. 51 4.2 As distribuições de velocidade espacial As guras (4.1), (4.2) e (4.3) são as distribuições do tipo histogramas para as componentes U, V e W, respectivamente, para todas as estrelas F e G foram utilizadas neste trabalho. single A curva em vermelho representa o ajuste que Kernel. Este ajuste mede a inuência de um ponto sobre outro da distribuição, sendo que os pontos que estão mais próximos têm maior inuência do que aqueles que estão mais distantes, possibilitando, assim, identicar uma suavização da inuência à medida que a distância do ponto até a origem é aumentada. Desta forma, ao plotar histogramas, que são descontínuos, junto com o ajuste Kernel, este último converge mais rápido para a verdadeira densidade do histograma, por ser mais suave [192]. A função Kernel que foi utilizada para a suavização da distribuição foi retirada do programa estatístico MATLAB10 . Figura 4.1: Esquerda: Histograma da distribuição de velocidade para a componente U de todas as estrelas F e G single com ajuste da função Kernel. Direita: Dados ajustados pela função Kernel (círculos) com ajuste q-Gaussiano (linha azul). Mesmo que as guras mostrem pers bem próximos de uma Gaussiana, pode ser vericado uma certa assimetria aparente em cada uma das componentes da velocidade espacial estelar, havendo, também, um desvio para a esquerda, notório em todas as distribuições. Na gura (4.2), no painel da direita, referente à componente V, o 10 MATLAB (abrevição das palavras inglesas MAtrix LABoratory) é um programa interativo destinado a cálculos numéricos e grácos cientícos. 52 Figura 4.2: Esquerda: Histograma da distribuição de velocidade para a componente V de todas as estrelas F e G single com ajuste da função Kernel. Direita: Dados ajustados pela função Kernel (círculos) com ajuste q-Gaussiano (linha azul). Figura 4.3: Esquerda: Histograma da distribuição de velocidade para a componente W de todas as estrelas F e G single com ajuste da função Kernel. Direita: Dados ajustados pela função Kernel (círculos) com ajuste q-Gaussiano (linha azul). deslocamento para a esquerda é bem evidente, indicando que, aparentemente, maior parte das estrelas possuem velocidade contrária ao movimento rotacional da galáxia. Os grácos dispostos à direita são as funções de distribuição de probabilidade (PDF) 53 normalizadas para o método Kernel junto do ajuste q-Gaussiano. Como as distribuições apresentam regiões de calda, a função q-Gaussiana fornece um melhor ajuste nessas regiões do que a Gaussiana padrão. A distribuição Kernel garante uma suavização, onde a região de maior concentração de dados, o ajuste q-Gaussiano, é bem ajustado. Para as regiões mais afastadas do centro da distribuição, nas regiões de calda, é perceptível que não há um ajuste tão no para a componente V, onde o melhor ajuste revela um perl que foge bastante de regime próximo da gaussianidade padrão. O ajuste da curva em azul foi feito utilizando a distribuição q-Gaussiana de Tsallis, dada pela equação (2.32): pq (x) = Aq [1 + (1 − q)]1/1−q . Segregando a amostra por tipo espectral, podemos analisar com maior riqueza de detalhes o comportamento das distribuições para as estrelas F e G. 4.2.1 Distribuições de velocidade para estrelas F single As guras (4.4), (4.5) e (4.6) são os histogramas para as velocidades U, V e W para as estrelas F, assim como o ajuste da função Kernel para cada uma das componentes, além dos ajustes q-Gaussianos sobre os pontos das distribuições Kernel (painéis à direta). É possível notar que as distribuições tendem para uma perl aparentemente Gaussiano. Figura 4.4: Esquerda: Histograma da distribuição de velocidade para a componente U das estrelas do tipo F single com ajuste da função Kernel. Direita: Dados ajustados pela função Kernel (círculos) com ajuste q-Gaussiano (linha azul). Pela normalização da PDF, percebe-se que a curva q-Gaussiana (linha azul) se ajusta 54 de forma suave aos pontos da distribuição Kernel para a componente U, contemplando quase todos os pontos, como se vê na g. (4.4). Para a componente V, a curva sobre a distribuição não se ajusta bem na região próxima a -100 kms−1 (região de calda mais aparente), mas o t q-Gaussiano tem melhor ajuste no restante da distribuição, como é possível notar no painel direito da gura (4.5). A Figura (4.6) é a distribuição de velocidade para a componente W. Nela podemos notar que, mesmo a distribuição se aproximando da gaussianidade, há uma clara assimetria (deslocamento para esquerda) e a forte presença de caldas. A normalização sobre a distribuição Kernel mostra caldas bem aparentes para as velocidades V e W. Figura 4.5: Esquerda: Histograma da distribuição de velocidade para a componente V das estrelas do tipo F single com ajuste da função Kernel. Direita: Dados ajustados pela função Kernel (círculos) com ajuste q-Gaussiano (linha azul). 55 Figura 4.6: Esquerda: Histograma da distribuição de velocidade para a componente W das estrelas do tipo F single com ajuste da função Kernel. Direita: Dados ajustados pela função Kernel (círculos) com ajuste q-Gaussiano (linha azul). 4.2.2 Distribuições de velocidade para as estrelas do tipo G single As guras (4.7), (4.8) e (4.9) são as distribuições para as estrelas do tipo G. É de fundamental importância notar que, para todas estas distribuições, mesmo se aproximando de distribuições Gaussianas, as extremidades apresentam espécies de caldas às quais a distribuição normal padrão não se adéqua. É pela presença dessas regiões que se faz necessário o uso da estatística não-extensiva, onde o melhor ajuste é feito pela q-Gaussiana. Essas regiões caracterizam valores para q que fogem dos regimes extensivos (q > 1), inviabilizando a estatística usual de Boltzmann-Gibbs para melhor descrever o fenômeno. Os valores dos σ e q de cada distribuição, obtidos através da função q-Gaussiana de Tsallis, estão agrupados na tabela 4.1. Pelas distribuições mostradas nas guras de (4.1) à (4.9), podemos inferir que elas se aproximam de distribuições Gaussianas, havendo assimetria em todas, sendo mais evidente para a componente V. A normalização da PDF ajuda a vericar a presença de caldas assimétricas, o que poderia exigir uma função q-Gaussiana modicada, ou qGaussiana assimétrica, como a proposta por Burlaga & Viñas[193], mas os melhores ajustes e valores mais adequados para o índice entrópico foram dados pela q-Gaussiana padrão proposta por Tsallis. Aparentemente, nenhuma das guras expõe pers de distribuições puramente Gaussianos, o que se contrapõe com alguns trabalhos anteriores, 56 Figura 4.7: Esquerda: Histograma da distribuição de velocidade para a componente U das estrelas do tipo G single com ajuste da função Kernel. Direita: Dados ajustados pela função Kernel (círculos) com ajuste q-Gaussiano (linha azul). por exemplo, Nordström et al.[47] e Holmberg et al.[48, 49], que descrevem pers puramente Gaussianos para componente W da velocidade para todas as estrelas F e G. Tabela 4.1: Valores para os índices entrópicos (qU , qV , qw ) para cada uma das distribuições de velocidade espacial, além das dispersões das velocidades (σU , σV , e σW ) para todas as estrelas e estrelas F e G, em separado. Os valores destas variáveis foram obtidos pela função do ajuste q-Gaussiano dada pela equação 4.1. qU Todas as estrelas Estrelas F Estrelas G 1.023 1.108 1.07 qV qW 1.406 1.086 1.565 1.20 1.092 1.432 σU σV σW xU xV xW −1 [km s ] 46.35 39.58 53.26 57 20.03 23.24 23.07 21.43 17.74 17.66 -13.27 -11.54 -9.86 -15.70 -13.66 -14.75 -6.16 -7.244 -5.23 Figura 4.8: Esquerda: Histograma da distribuição de velocidade para a componente V das estrelas do tipo G single com ajuste da função Kernel. Direita: Dados ajustados pela função Kernel (círculos) com ajuste q-Gaussiano (linha azul). Figura 4.9: Esquerda: Histograma da distribuição de velocidade para a componente W das estrelas do tipo G single com ajuste da função Kernel. Direita: Dados ajustados pela função Kernel (círculos) com ajuste q-Gaussiano (linha azul). 58 4.2.3 Razão Dados empíricos/Curva de ajuste As guras (4.10), (4.11) e (4.12) são os resultados da razão entre os dados empíricos obtidos utilizando a distribuição Kernel e a curva de ajuste teórica dada pela q-Gaussiana. Essas guras representam o resíduo de nossas distribuições e revelam quanto o ajuste teórico se afasta dos dados empíricos, evidenciando em quais pontos a curva melhor se ajustou. Quanto mais o ajuste teórico se aproxima dos dados reais, mais próxima de 1 será a razão. Essa relação ca bem clara ao observarmos a gura (4.10), onde quase toda a distribuição ca próxima de 1, para as componentes U e W da velocidade para todas as estrelas, na região entre -100 e 100 kms−1 , e menos evidente para a velocidade V. As regiões nas extremidades fora desse intervalo possuem picos, evidenciando as regiões de calda das distribuições e onde os ajustes não são tão precisos. Figura 4.10: Curvas de resíduo obtidas a partir da razão entre os dados empíricos e o ajuste da função q-Gaussiana para as velocidades espaciais (U, V, W) de todas as estrelas F e G single. A gura (4.11) mostra os grácos para as estrelas F single. Para a componente U, os valores do resíduo estão bem próximos de 1, variando entre 0.5 e 1.5 para quase 59 toda a amostra, entre -100 e 100 kms−1 , que corresponde a 3σ da distribuição. Para a componente V, os valores das regiões de calda são bem extrapolados. Em W, observa-se uma discrepância alta para região acima de 50 kms−1 , estando a distribuição com valores próximos de 1 na faixa entre -50 e 50 kms−1 (região que representa 2σ da distribuição). Figura 4.11: Curvas de resíduo obtidas a partir da razão entre os dados empíricos e o ajuste da função q-Gaussiana para as velocidades espaciais (U, V, W) das estrelas do tipo F single. Por último, temos a análise residual dos dados das estrelas G single. Nessas estrelas observam-se comportamentos mais excêntricos para o resíduo. Os valores residuais estão bem próximos de 1 em todas as componentes U, V e W da velocidade estelar, apresentando pers que se assemelham a oscilações. Esse comportamento pode ser observado facilmente no primeiro painel da gura (4.12), onde um regime oscilatório está bem evidente para a componente U. Nos outros painéis, para V e W, essas oscilações também estão presentes, todas com valores próximos de 1. Essas oscilações são amplamente conhecidas em diversas áreas da Física, da Geológia e da Economia, conhecidas como oscilações log-periódicas. Elas têm sido encontradas em estudos de terremotos[195, 196], em probabilidade de fuga em mapas caóticos próximos 60 Figura 4.12: Curvas de resíduo obtidas a partir da razão entre os dados empíricos e o ajuste da função q-Gaussiana para as velocidades espaciais (U, V, W) das estrelas do tipo G single. a ponto crítico[197], em difusões anomalas em estudos de sistemas randômicos[198, 199, 200], em processos cinemáticos e dinâmicos em aquecimentos randômicos e informação fractal[201, 202, 203], em calor especíco associado a sistemas autossimilares[204] ou espectro fractal[205], em clusters limitados ou difusões agregadas[206], em modelos de grupo[207], mercado de ações perto de crises nanceiras[206, 208, 209, 210], entre outros. Todos esses casos foram obtidos utilizando leis de potências básicas, livres de escalas que regulam seus comportamentos. Em contrapartida, nos trabalhos recentes de De Moura et al., [211], que analisam a dinâmica de convergência de mapas de z-logística, e de Wilk & Wldorczyk [212], que se voltam à ocorrência de capacidade térmica complexa, à noção de probabilidade complexa e ao ruído multiplicativo complexo, utiliza-se um contexto da mecânica estatística não-extensiva. Wilk & Wldorczyk, utilizando dados do LHC, CERN, CMS, ATLAS e ALICE, encontraram oscilações para as distribuições de Tsallis. Nossos resultados dos resíduos para as estrelas G single seguem um perl semelhante aos obtidos por Wilk & Wldorczyk [212], embora não tenhamos conseguido encontrar uma 61 implicação Física que origine essas oscilações. 4.3 Segregação da amostra por idade Além da segregação por tipo espectral, F e G, a amostra foi dividida em intervalos de idade de 1 Giga-ano. As quantidades de estrelas por faixa de idade estão expostos na tabela (4.2). Essas novas subamostras separadas por idade forneceram dados para q e σ através de novas distribuições de velocidade, que foram de suma importância na compreensão da ação de mecanismos que afetam a dinâmica do Disco Galático, alterando o comportamento da velocidade espacial (U, V, W). Para cada umas dessas subamostras separadas por idade, novos valores para foram abtidos. A técnica bootstrap q e σ foi utilizada para que houvesse melhor tratamento para os resultados. A gura (4.13) fornece o ajuste via bootstrap segregado por idade para todas as estrelas F e G. Figura 4.13: Ajuste da função Kernel (círculos) com o ajuste q -Gaussiano (linha azul) para cada faixa de idade das componentes U, V e W, via bootstrap. O método bootstrap consiste em uma técnica de reamostragem bastante utilizada em diversas situações estatísticas. Nele, um conjunto de novas amostras é obtido através da amostra original[213]. Empregamos esse método para que houvesse conabilidade em 62 Tabela 4.2: Quantidade de estrelas F e G Idade (Giga-ano) single por faixa de idade. Número de estrelas F single 0−1 1−2 2−3 3−4 4−5 5−6 6−7 7−8 8−9 9 − 10 G single 103 970 1592 622 226 162 80 52 20 09 165 120 354 333 245 241 254 245 208 105 nossos dados e para que qualquer análise tendenciosa fosse eliminada de nossos resultados. Logo, a reamostragem via bootstrap nos oferece resultados conáveis a respeito dos pers de nossas distribuições, eliminando qualquer viés provocado pelo baixo número de estrelas em algumas faixas de idade, por exemplo, as estrelas F com idade entre 9 e 10 anos Giga- que possue apenas 09 estrelas, como pode ser vericado na tabela (4.2). Para eliminar qualquer comportamento provocado pela baixa quantidade de dados, o bootstrap gerou 1000 valores para cada uma das faixas de idade, sendo que estas novas amostras possuem pers estatísticos semelhantes aos das amostras originais. Assim, esse método de reamostragem fornece estimativas mais conáveis sobre o uso da estatística de Tsallis para a análise do comportamento das estrelas na vizinhança solar e, inferindo, assim, resultados mais claros de como o aquecimento do disco galáctico pode ocorrer. É visível na tabela (4.2) que a distribuição das estrelas G em cada faixa de idade é mais uniforme, tendo em cada idade um número considerável de dados. 4.3.1 Relação entre σ e a idade Nordströn el al. [47] e Holmberg et al. [48, 49] discutem a difusão das componentes (U, V, W) da velocidade através da dispersão de σ com a idade. Utiliza-se, para tanto, um ajuste de lei de potências dada pela equação (1.5)[147]: 1/p σ1 (t) = (σ0 + Ct)p . Esse ajuste forneceu os expoentes que estão colocados na tabela (4.3). Segundo os autores, os valores dos σ para U, V, W e total representam a evolução das velocidades 63 ao longo da idade, sendo caracterizados pelo aumento suave nas proporções entre σV /σU e um maior aumento da proporção σW /σU . A gura (3.4) do capítulo anterior ilustra a dispersão dos σU , σV , σW e σtotal com a idade. O σtotal é calculado por: σtotal q 2 = σU2 + σV2 + σW (4.1) Igualando a equação (4.1) com a equação (2.31), que é a exponencial de Tsallis, podemos encontrar o expoente p em função de q , dado por: 1/p (σ0 + Ct)p σ(t)] = σ0 [1 + (q − 1)(t/τ )](1/q−1) p= 1 . q−1 (4.2) e τ = (q − 1) σ0 1/p . C (4.3) onde τ representa um tempo característico. O gráco presente na gura (3.4) mostra inclinações suaves para a distribuição de σU e σV , enquanto para σW há uma inclinação mais acentuada. Nas guras (4.14) e (4.15) estão os valores dos σ encontrados para nossas distribuições em função da idade e as curvas dadas por uma q-exponencial. É bem claro que, para as estrelas anãs do tipo F, o ajuste utilizando a exponencial de Tsallis se adéqua bem ao comportamento da distribuição, sendo que, para σU e σV , ocorre um crescimento bem suave. Já para σW , observa-se um aumento suave até ∼ 7 Giga-anos, e, após essa idade, tem-se um aumento mais abrupto. Os valores de σW que estão mostrados na gura(4.14) estão em concordância com os valores encontrados na literatura. Outra consideração é de que nossos sigmas são dados em função do índice entrópico q . Para as estrelas do tipo G, como pode ser observado na gura (4.15), o ajuste da curva tem um perl bem suave para todas as idades para todos os σ , onde é vericado que para σW o comportamento se assemelha ao de uma reta. 64 1 0 0 s t e l l a r v e l o c i t y d i s p e r s i o n ( σ) ( k m / s ) σt o ta l σU 8 0 6 0 σW = 0 . 3 9 σt o ta l 4 0 2 0 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 A g e (G y r) Figura 4.14: Dispersão da velocidade em função da idade para estrelas do tipo F. A linha em vermelho é o ajuste q-exponencial. s t e l l a r v e l o c i t y d i s p e r s i o n ( σ) (k m / s ) 1 0 0 σt o 8 0 6 0 ta l σU 4 0 σW = 0 . 3 6 s 2 0 to ta l 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 A g e (G y r) Figura 4.15: Dispersão da velocidade em função da idade para estrelas do tipo G. A linha em vermelho é o ajuste q-exponencial. 65 4.3.2 Relação entre o indíce entrópico q e a idade As guras (4.16) e (4.17) são referentes aos valores dos índices entrópicos para cada faixa de idade, onde a linha preta representa o valor mediano de e a faixa em cinza q representa os valores de máximo e mínimo, considerando o nível de conança de 95%, obtido através do bootstrap. os valores obtidos pelo Os painéis à esquerda são os valores originais de q, enquanto bootstrap estão nos painéis da direita. Nas guras (4.16) e (4.17) estão os valores para as estrelas F e G, em separado, respectivamente. 3.2 2.8 2.6 2.6 2.4 2.2 2.0 1.8 1.6 1.4 1.2 1.0 0.8 0.6 U (F stars) 3.0 2.8 Entropic index (q bootstrap) Entropic index (q no bootstrap) 3.2 U (F stars) 3.0 2.4 2.2 2.0 1.8 1.6 1.4 1.2 1.0 0.8 0 2 4 6 8 0.6 10 0 2 4 Age 2.0 1.7 1.7 Entropic index (q bootstrap) Entropic index (q no bootstrap) 1.8 1.6 1.5 1.4 1.3 1.2 1.1 1.0 0.9 0.8 0.7 1.6 1.5 1.4 1.3 1.2 1.1 1.0 0.9 0.8 0.7 0.6 0.6 0 2 4 6 8 0.5 10 0 2 4 Age (Gyr) 1.6 6 8 10 Age (Gyr) 1.6 W (Fstars) 1.5 W (F stars) 1.5 1.4 Entropic index (q bootstrap) Entropic index (q no bootstrap) 10 V (F stars) 1.9 1.8 1.3 1.2 1.1 1.0 0.9 0.8 0.7 0.6 8 2.0 V (F stars) 1.9 0.5 6 Age (gyr) 1.4 1.3 1.2 1.1 1.0 0.9 0.8 0.7 0 2 4 6 8 0.6 10 0 2 Age (Gyr) 4 6 8 10 Age (Gyr) Figura 4.16: Comportamento do índice entrópico q-original e as estrelas F single. 66 q-bootstrap pela idade para Tabela 4.3: Valores para os índices entrópicos q-original e q-bootstrap para as estrelas do tipo F da amostra, separadas por faixa de idade e componentes U, V e W. Idade Estrelas tipo F (Giga-ano) qU qV qW qU bs qV bs qW bs 0−1 1−2 2−3 3−4 4−5 5−6 6−7 7−8 8−9 9 − 10 1.068 0.859 1.001 1.095 1.434 0.941 0.705 0.980 2.461 - 1.199 1.406 0.976 0.829 1.012 1.111 1.158 1.731 0.941 - 0.865 0.925 0.939 1.037 1.193 1.391 0.927 0.725 1.310 - 0.693 1.022 1.123 1.270 0.993 1.020 1.244 1.691 0.780 - 1.326 1.070 1.079 1.124 1.198 1.183 1.599 1.473 0.734 - 1.034 1.097 1.168 1.064 1.305 0.881 0.751 0.884 0.946 - A tabela (4.3) contém os valores para os q-originais e Na faixa de idade entre 9 e 10 Giga-anos, os valores para q q-bootstrap para as estrelas F. não foram computados, posto que não obedeçam às condições iniciais aplicadas pelo programa bootstrap, que impõe ser necessário um número mínimo de 20 dados para que possa ocorrer a reamostragem. Como este intervalo apresenta apenas nove dados, esses foram desprezados pelo programa. Podemos observar que o comportamento do índice entrópico é bem semelhante tanto para a dispersão de q original quanto para a amostra bootstrap. Sendo que, para faixas de idade com número reduzido de dados, o valor proveniente da reamostragem tende a uma redução de bias que possam interferir na distribuição, como mostrado na tabela (4.2). Na tabela (4.4) estão os valores de bootstrap q para a amostra original e para a reamostragem das estrelas G. Mesmo as estrelas F estando em maior número, os dados para cada faixa de idade para as estrelas G é bem mais homogêneo, vericando que há um número considerável para cada faixa de idade. Na gura (4.17) estão as distribuições do índice entrópico das estrelas G pela idade onde pode ser vericada uma redução na dispersão dos valores. O índice entrópico q mede o quão a distribuição se afasta da gaussianidade padrão. Temos que, para todas as estrelas F e G, nenhuma das componentes tende a uma curva Gaussiana usual. Os q encontrados e sua evolução no tempo não apresentam um comportamento crescente ou decrescente, mas aparentemente oscilatório, podendo estar associado a transições de fase com o passar do tempo, mais evidente nas esrelas G. 67 1.4 U (G stars) 1.3 1.3 1.2 1.2 Entropic index (q bootstrap) Entropic index (q no bootstrap) 1.4 1.1 1.0 0.9 0.8 0.7 0.6 U (G stars) 1.1 1.0 0.9 0.8 0.7 0 2 4 6 8 0.6 10 0 2 4 Age ( Gyr) 2.3 2.0 1.9 1.9 Entropic index (q bootstrap) Entropic index (q no bootstrap) 2.1 2.0 1.8 1.7 1.6 1.5 1.4 1.3 1.2 1.1 1.0 0.9 1.8 1.7 1.6 1.5 1.4 1.3 1.2 1.1 1.0 0.9 0.8 0.8 0 2 4 6 8 0.7 10 0 2 4 Age (Gyr) 6 8 1.9 W (G stars) 1.8 10 Age (Gyr) 1.9 W(G stars) 1.8 1.7 1.7 Entropic index (q bootstrap) Entropic index (q no bootstrap) 10 V (G stars) 2.2 2.1 1.6 1.5 1.4 1.3 1.2 1.1 1.0 0.9 8 2.3 V (G stars) 2.2 0.7 6 Age (Gyr 1.6 1.5 1.4 1.3 1.2 1.1 1.0 0 2 4 6 8 0.9 10 0 2 Age (Gyr) 4 6 8 10 Age (Gyr) Figura 4.17: Comportamento do índice entrópico q-original e as estrelas G single. q-bootstrap pela idade para Pensando nos processos de aquecimento do disco galáctico, a suposição de que esse aquecimento tem uma natureza não-aleatória no plano U-V, e tendo em vista que estudos apontam a interferência de mecanismos que atuam modicando sua cinemática, queremos acrescentar que, para a componente W da velocidade espacial, pode existir a presença de mecanismos que produzam um aquecimento não-puro. Na literatura, a dispersão da velocidade em W é considerada como sendo proveniente da aleatoriedade, onde não há a presença de estruturas que possam interferir na sua difusão; em outras palavras, a aleatoriedade domina todo o processo de difusão em W. Em nosso trabalho, 68 Tabela 4.4: Valores para os índices entrópicos q-original e q-bootstrap para as estrelas do tipo G da amostra, separadas por faixa de idade e componentes U, V e W. Idade Estrelas tipo G (Giga-ano) qU qV qW qU bs qV bs qW bs 0−1 1−2 2−3 3−4 4−5 5−6 6−7 7−8 8−9 9 − 10 0.885 0.883 1,189 1.165 0.721 0.966 0.979 1.214 0.938 1.094 1.079 2.042 1.343 1.506 1.169 1.654 1.005 1.617 1.178 1.157 1,330 1.341 1.121 1.415 1.275 1.716 1.360 1.127 1.260 1.380 1.232 0.992 0.992 0.843 1.096 1.003 1.008 1.061 0.941 1.068 1.395 1.771 1.565 1.702 1.460 1.494 1.824 1.875 1.400 1.464 1.264 1.267 1.682 1.401 1.287 1.456 1.495 1.400 1.116 1.455 é vericado que há uma certa discordância com as pesquisas que sugerem essa tendência de aquecimento puro. Utilizando um processo que foi chamado de desvio de mecanismos randômicos (DMR), que seria, na verdade, uma medida da inuência cinemática aleatória no processo de aquecimento do disco galáctico como função do índice entrópico q pela idade, nós usamos como padrão de referência para designar esse desvio o termo (q − 1). Isso signica que, para as componentes W, essa diferença deveria ser próxima de 0 (zero) para cada intervalo de idade, como armam Nordström et al. [47] e Holmberg et al. [48, 49]. As guras (4.18) e (4.19) apresentam as distribuições de (q − 1) pela idade para as estrelas F e G. Essas distribuições sugerem o quanto as velocidades (U, V, W) são inuenciadas por mecanismos de difusão não-aleatórios, onde valores de q próximos de 1 representam o quão randômica é a distribuição. Ou seja, para movimentos regidos pela aleatoriedade, temos comportamento de (q − 1) bem próximos de zero. Na gura (4.18) observa-se que os valores para as componentes U, V e W estão bem próximos de 0 até a idade de ∼ 3 Giga-ano, havendo, então, um afastamento dos valores para idades superiores. Na gura (4.19) também está bem explícito como o comportamento das componentes estão bem longe de um equilíbrio próximo de zero. Para as estrelas G, há um forte indício que sugere que a aleatoriedade não governa nenhuma das componentes da velocidade espacial em qualquer faixa de idade, sendo o processo de difusão totalmente nãorandômico para toda a vida do disco Galáctico. Esse fato evidencia o quanto as distribuições da componente W da velocidade estelar se afastam do equilíbrio gaussiano. Logo, pode ser observado que, para todas as componentes da velocidade espacial, existe um desvio, que sugere movimentos não69 Figura 4.18: Medida de desvio de mecânismos randômicos (q − 1) de U, V e W para estrelas do tipo F. aleatórios, o que contrasta com os resultados de Nordströn et al.[47] e Holmberg et al.[48, 49], por exemplo. Esses autores armam que o movimento W é puramente aleatório, o que seria explicado pelo perl gaussiano da distribuição; no entanto, pode ser observado que a velocidade W segue uma dispersão característica, encontrada tanto na componente U quanto na V, o que foge de uma curva Gaussiana padrão. Sabe-se que muitos são os mecanismos que atuam no plano U-V modicando a velocidade e causando sua dispersão, mas pouco se sabe sobre como o incremento da dispersão da velocidade na componente W acontece. Não podemos deixar de fora da discussão a existência de mecanismos não-aleatórios que atuam modicando o comportamento de W. É visível, ao analisar as guras (4.18) e (4.19), que a difusão na componente W da velocidade não pode ser atribuída somente aos processos nãorandômicos, ou à aleatoriedade, sendo que os efeitos de aquecimento puro estão presentes apenas numa estreita faixa de idade. É nesse cenário que colocamos que os comportamento experimentados por todas as componentes da velocidade espacial 70 Figura 4.19: Medida de desvio de mecânismos randômicos (q − 1) de U, V e W para estrelas do tipo G. obedecem a uma difusão anômala à medida que a idade aumenta, não havendo para nenhuma dessas componentes processos de aquecimento aleatório. 71 Capítulo 5 Conclusões e Perspectivas 5.1 Conclusões A função de distribuição q -Gaussiana baseada no formalismo estatístico desenvolvido por Tsallis tem se mostrado bastante eciente em descrever inúmeros fenômenos recorrentes na natureza onde há um alto grau de interação e complexidade. O teorema do limite central q -generalizado dá o suporte necessário para a interpretação de o porquê desses fenômenos serem descritos por distribuições q -Gaussianas, ampliando o aparato teórico que justique o uso das generalizações das FDP. O índice entrópico q é o termo que controla o comportamento das distribuições q Gaussianas e q -dispersões, σq , onde q = 1 representa distribuições onde despreza-se qualquer interação, havendo um regime totalmente extensivo; ou seja, para q = 1, temos distribuições totalmente aleatórias. O intuito de nosso trabalho foi investigar o quão a aleatoriedade pode governar a dispersão de velocidade das componentes (U, V, W), em especial para W. Para isso utilizamos uma amostra com pouco mais de 6166 estrelas divididas entre F e G single que ocupam posições na vizinhança solar. Primeiramente, em nossas análises, pudemos observar que há o incremento das dispersões das velocidades com a idade. É notável que ocorre um crescimento suave para as componentes U e V, das estrelas F, em todas as faixas de idade. A componente W apresenta um comportamento suave até uma idade aproximada de 7 Giga-anos, havendo um crescimento mais acentuado após essa idade. Para as estrelas G, o aumento da dispersão nas componentes da velocidades (U, V, W) acontece de forma suave em todas as idades. Estes resultados estão de acordo com os encontrados na literatura, onde os valores para a razão σW /σT foram de 0,39, para as estrelas F, e 0,36, para as estrelas G − sendo estes valores inferiores aos encontrados por alguns autores. A técnica boostrap foi utilizada para que não ocorresse algum resultado inuenciado 72 por qualquer tendência provocada por baixo número de dados em qualquer faixa de idade. Observamos que, mesmo depois da técnica de reamostragem, o comportamento de q com a idade enfrenta regimes de subextensividade (q < 1) e superextensividade (q > 1) ao longo de toda a história evolutiva das estrelas F e G, não podendo ser encontrado um regime de crescimento ou decaimento suave com a idade, mas sim algo que se assemelha a transições entre esses dois comportamentos para o índice entrópico sem saturação, caracterizando o quanto o sistema se encontra fora da extensividade. As investigações dos resíduos revelaram oscilações log-periódicas, apresentando q imaginários. algumas Este fato era previsto pela Mecânica Estatística não- extensiva, sendo esses efeitos já observados em alguns outros estudos. Ainda não encontramos qualquer interpretação física que justique o aparecimentos destas oscilações em nossas análises. Por último, temos que, pela medida dos desvios randômicos (q−1), durante quase toda a vida das estrelas há a presença de mecanismos que afetam as dispersões das velocidades (U, V, W), discordando de resultados na literatura que apontam um aquecimento totalmente puro, ou aleatório, para a componente W da velocidade. É notável que, para estrelas do tipo F, somente uma região próxima de 3 Giga-anos parece ser dominada pela aleatoriedade para as três componentes. Este resultado tem bastante importância, pois revela que a componente W não aquece de forma aleatória, como previsto por trabalhos anteriores que atribuíam a esta componente uma evolução totalmente governada pelo aleatoriedade. Não podemos inferir quais mecanismos atuam sobre a componente W, mas podemos armar que, pelo grau de interação que existe entre as componentes da velocidade espacial, não podemos desconsiderar qualquer inuência que algum mecanismo que atue modicando as velocidades U e V possa ter sobre W. O grau de mistura do sistema revela o quão as componentes estão correlacionadas. 5.2 Perspectivas Trabalhos futuros podem tratar com maior profundidade alguns pontos relevantes que foram levantados. Desta forma, temos como perspectivas: • Ampliar o número de estrelas da amostra, utilizando outros catálogos, para vericar se o comportamento não-aleatório para todas as componentes se mantém; • Utilizar estrelas com outros tipos espectrais e tentar observar se há comportamento similar aos que foram encontrados neste trabalho; • Investigar as possíveis causas da dispersão na componente W, e quais mecanismos são responsáveis pelo aquecimento nesta componente; 73 • Buscar interpretações possíveis para os valores imaginários de q e quais são as implicações físicas destes resultados; • Realizar estudos do comportamento das estrelas F e G utilizando distribuições à partir da energia cinética; • Realizar um amplo estudo em estrelas do tipo O e B, por considerar que estas estrelas ainda não enfrentaram mudanças evolutivas rotacionais importantes, o que por sua vez, estão na sua maioria localizadas nos ambientes em que foram recentemente formadas e, por consequência, são bons marcadores de estruturas jovens. 74 Referências Bibliográcas [1] Galilei, G. Sidereus Nuncius - O Mensageiro das Estrelas. Fundação Calauste Gulbenkuan, Lisboa. Tradução Henrique Lira, 2010. p.68-77, 1610. [2] Herschel, W. On the Construction of the Heaven. Philosophical Transactions of the Royal Society of London, 75, p.213-266, 1785. [3] Hubble, E. The Realm of the Nebulae. Oxford University Press, London. p. 97-100, 1936. [4] Lindblad, B. Cosmogonic Consequences of Theory of Stellar System. Ark. 19A. No.35, 1926a. [5] Lindblad, B. Star-Streaming and Structure of Stellar System. Paper2. Ark. 19B. No.7, 1926b. [6] Lindblad, B. On the Nature of the Stellar Nebulae. MN 87, p.420-426, 1927a [7] Lindblad, B. On the State Motion in Galactic System. MN 87, p.553-564, 1927b [8] Oort, J. H. On a Possible Relation Between Globular Cluster and Stars Velocity. Proc, Natl Acad Sci USA 10(6) p.256-260, 1924. Some Problems Concerning the Distribution of Luminosities and Peculiar Velocities of Extragalactic Nebulae. Bull. Astron. Inst. Neth. 6, [9] Oort, J. H. p.155-159, 1931. The Force Exerted by the Stellar System in the Direction Perpendicular to the Galactic Plane and Some Related Problems. Bull. [10] Oort, J. H. Astron. Inst. Neth. 6, p.249-287, 1932. The resolution of Messier 32, NGC 205, and the central region of the Andromeda nebula. ApJ v.100 137-146, 1944. [11] Baad, W. 75 [12] Puget, J. L. & Heyvaerts, J.Population III stars and the shape of the cosmological black body radiation. A&A, vol. 83, no. 3, p.L10-L12, 1980. [13] Bond, H. E. [14] Carr, B. J. Where is Population III?. Ap. J. Part 1, vol. 248, p.606-611, 1981. Pre-galactic stars and the origin of the microwave background. Mon. Not. R. Astron. Soc., vol. 195, p.669-684, 1981. [15] Kashlinsky, A. & Rees, M. J. Formation of population III stars and pregalactic evolution. Mon. Not. R. Astron. Soc., vol. 205, p.955-971, 1983. [16] Carr, B. J., Bond, J. R., & Arnett, W. D Cosmological consequences of Population III stars. ApJ, Part 1, vol. 277, p. 445-469, 1984. [17] Ashman, K. M. & Carr, B. J. Pre-galactic cooling ows and baryonic dark matter. Mon. Not. R. Astron. Soc., vol. 234, p.219-240, 1988. Stellar populations: proceedings of the conference sponsored by the Pontical Academy of Science and the Vatican Observatory. May 20-28, 1957. North Holland Pub. Co., p.426, 517, 533, 1958. [18] O'Connell, D. J. K. [19] Spinrad, H. Galaxy Formation and Evolution. Springer Praxis Books, p.3, 2005. [20] Eggen, O. J.; Lynden-Bell, D. & Sandage, A. R. Evidence from the motions of old stars that the Galaxy collapsed. Astrophysical Journal, vol. 136, p.748-766, 1962. Evidence for an old Galactic bulge from RR Lyrae stars in Baade's window - Implications for the formation of the Galaxy and the age of the universe. Astr. J. 104, 1780?1789, 1992. [21] Lee, Young-Wook. [22] Barbuy, B.; Bica, E. & Ortolani, S. Globular clusters within 5(deg) of the Galactic center. A&A, vol.333, p.117-124, 1998. [23] White, S. D. M. & Rees, M. J. Core condensation in heavy halos - A two-stage theory for galaxy formation and clustering. Mon. Not. R. Astr. Soc., vol.183, p.341-358, 1978. [24] Matteucci, F. & Brocato, E. Metallicity distribution and abundance ratios in the stars of the Galactic bulge. ApJ, Part 1, vol.365, p.539-543, 1990. [25] Ferreras, I., Wyse, R. F. G. & Silk, J. The formation history of the Galactic bulge. Mon. Not. R. Astr. Soc., Vol. 345, I. 4, pp.1381-1391, 2003. 76 [26] Rahimi, A., Kawata, D., Brook, Chris B. & Gibson, Brad K. Chemodynamical analysis of bulge stars for simulated disc galaxies. Mon. Not. R. Astr. Soc., Vol.401, I. 3, pp. 1826-1831, 2010. [27] Kaumann, G. The age of elliptical galaxies and bulges in a merger model. Mon. Not. R. Astr. Soc., Vol.281, I.2, p.487-492, 1996. [28] Ibata, R.A., Gilmore, G. & Irwin M.J.A Dwarf Satellite Galaxy in Sagittarius. Nature 370, p.194-196, 1994. [29] Ibata, R.A., Gilmore, G. & Irwin M.J.Sagittarius ? the nearest dwarf galaxy. Mon. Not. R. Astr. Soc., Vol.277, p.781-800, 1995. [30] Putman, M. E.; Gibson, B. K.; Staveley-Smith, L.; Banks, G.; Barnes, D. G.; Bhatal, R.; Disney, M. J.; Ekers, R. D.; Freeman, K. C.; Haynes, R. F.; Henning, P.; Jerjen, H.; Kilborn, V.; Koribalski, B.; Knezek, P.; Malin, D. F.; Mould, J. R.; Oosterloo, T.; Price, R. M.; Ryder, S. D.; Sadler, E. M.; Stewart, I.; Stootman, F.; Vaile, R. A.; Webster, R. L.; Wright, A. E Tidal disruption of the Magellanic Clouds by the Milky Way.Nature, Vol.394, I.6695, pp.752-754, 1998. [31] Wyse, R. F. G., Gilmore, G. & Franx, M. Galactic bulges..An. Rev. Astrom. Astrophys., Vol.35, p.637-675, 1997. [32] Beaulieu, S. F., Freeman, K. C., Kalnajs, A. J., Saha, P., Zhao, H. Dynamics of the Galactic Bulge Using Planetary Nebulae. The Astronomical Journal, Vol.120, Issue 2, pp. 855-871, 2000. [33] Pagel, B. E. J. Chemical Evolution of the Galaxy. The Evolution of Galaxies on Cosmological Timescales, ASP Conference Series,Vol. 187. Edited by J. E. Beckman and T. J. Mahoney, p.3-19, 1999. [34] Combes, F.; Sanders, R. H.Demianski, M. Formation and properties of persisting stellar bars.A&A, vol. 96, no.1-2, p. 164-173, 1981. [35] Friedli, D.; Martinet, L. Bars Within Bars in Lenticular and Spiral Galaxies: a Step in Secular Evolution?. A&A, Vol. 277, P. 27-41, 1993 [36] Kormendy, J. Observations of galaxy structure and dynamics. IN: Morphology and dynamics of galaxies; Proceedings of the Twelfth Advanced Course, Saas-Fee, Switzerland, March 29-April 3, 1982 (A84-15502 04-90). Sauverny, Switzerland, Observatoire de Geneve, 1983, p. 113-288. 77 [37] Kormendy, J.; Illingworth, G. Rotation of the bulge components of disk galaxies. Astrophysical Journal, Part 1, vol. 256, p.460-480, 1982. [38] Escudero, A. V.; Costa, R. D. D. Abundances of recently discovered planetary nebulae towards the galactic bulge.A&A, v.380, p.300-308, 2001. [39] Escudero, A. V., Costa, R. D. D. & Maciel, W. J. New abundances of planetary nebulae in the Galactic Bulge. A&A, v.414, p.211-221, 2004. New light on faint stars. III - Galactic structure towards the South Pole and the Galactic thick disc. Mon. Not. R. Astr. Soc., [40] Gilmore, G. & Reid, N. vol. 202, p. 1025-1047, 1983. [41] Juric, M., Ivezi?, ?., Brooks, A., Lupton, R. H., Schlegel, D., Finkbeiner, D., Padmanabhan, N., Bond, N., Sesar, B., Rockosi, C. M., Knapp, G. R., Gunn, J. E., Sumi, T., Schneider, D. P., Barentine, J. C., Brewington, H. J., Brinkmann, J.. Fukugita, M., Harvanek, M., Kleinman, S. J., Krzesinski, J., Long, D., Neilsen, E. H. The Milky Way Tomography with SDSS. I. Stellar Number Density Distribution. The Astrophysical Journal, Jr., Nitta, A., Snedden, S. A., York, D. G. Volume 673, Issue 2, p.864-914, 2008. [42] Freeman, K. & Bland-Hawthorn, J. The New Galaxy: Signatures of Its Formation. Ann. Rev. Astron. Astrophys., Vol. 40, p. 487-537, 2002. On the correlation of elemental abundances with kinematics among galactic disk stars.A&A, v.418, p.551-562, 2004. [43] Mishenina, T. V.; Soubiran, C.; Kovtyukh, V. V.; Korotin, S. A. [44] Soubiran, C.; Girard, P. Abundance trends in kinematical groups of the Milky Way's disk. A&A, Vol. 438, Issue 1, p.139-151, 2005. [45] Soubiran, C.; Bienaymé, O.; Mishenina, T. V.; Kovtyukh, V. V.Vertical distribution of Galactic disk stars. IV. AMR and AVR from clump giants. A&A, Volume 480, pp.91-10, 2008. [46] Reddy, B. E.; Lambert, D. L. & Allende Prieto, C. Elemental abundance survey of the Galactic thick disc Mon. Not. R. Ast. Soc., Vol.367, Issue 4, pp. 1329-1366, 2006. [47] Nordström, B.; Mayor, M.; Andersen, J.; Holmberg, J.; Pont, F.; Jørgensen, B. R.; Olsen, E. H.; Udry, S.; Mowlavi, N. The Geneva-Copenhagen survey of the 78 Solar neighbourhood. Ages, metallicities, and kinematic properties of ?14 000 F and G dwarfs A&A, v.418, p.989-1019, 2004. The Geneva-Copenhagen survey of the Solar neighbourhood II. New uvby calibrations and rediscussion of stellar ages, the G dwarf problem, age-metallicity diagram, and heating mechanisms of the disk A&A, Vol. 475, Issue 2, p.519-537, 2007. [48] Holmberg, J.; Nordström, B.; Andersen, J. The Geneva-Copenhagen survey of the solar neighbourhood. III. Improved distances, ages, and kinematics. [49] Holmberg, J.; Nordström, B.; Andersen, J. A&A, Vol.501, Issue 3, pp.941-947, 2009. [50] Reddy, B. E.; Tomkin, J.; Lambert, D. L.; Allende Prieto, C. The chemical compositions of Galactic disc F and G dwarfs. Mon. N. R. Astr. Soc., Vol.340, Issue 1, p. 304-340 2003. Elemental abundance trends in the Galactic thin and thick disks as traced by nearby F and G dwarf stars. [51] Bensby, T.; Feltzing, S.; Lundström, I. A&A, v.410, p.527-551, 2003. [52] Bensby, T.; Feltzing, S.; Lundström, I. Oxygen thick disks.A&A, v.415, p.155-170, 2004. trends in the Galactic thin and [53] Bensby, T.; Feltzing, S.; Lundström, I.; Ilyin, I. ?-, r-, and s-process element trends in the Galactic thin and thick disks. A&A, Volume 433, Issue 1, p.185203, 2005. [54] Binney J., Merrield M. Galactic Astronomy. Princeton University Press, Princeton, New Jersey, USA, 1998. [55] Majewski, S. R. Galactic structure surveys and the evolution of the Milky Way. Ann. Rev. astron. Astrophys. Vol. 31, p.575-638, 1993. [56] Chiba, M. & Beers, T. C. Kinematics of Metal-poor Stars in the Galaxy. III. Formation of the Stellar Halo and Thick Disk as Revealed from a Large Sample of Nonkinematically Selected Stars. The Astronomical Journal, Vol. 119, Issue 6, p. 2843-2865, 2000. [57] Robin, A. C.; Reylé, C.; Derrière, S.; Picaud, S. A synthetic view on structure and evolution of the Milky Way. A&A, v.409, p.523-540, 2003. 79 [58] Wyse, Rosemary F. G.; Gilmore, Gerard; Norris, John E.; Wilkinson, M. I.; Kleyna, Further Evidence of a Merger Origin for the Thick Disk: Galactic Stars along Lines of Sight to Dwarf Spheroidal Galaxies. The Astrophysical Journal, Vol. 639, Issue 1, p. L13-L16, Jan T.; Koch, A.; Evans, N. W.; Grebel, E. K. 2006. [59] Fuhrmann, K. Nearby stars of the Galactic disc and halo - IV. Mon. Not. R. Astr. Soc., Vol. 384, Issue 1, p. 173-224, 2008. Radial mixing and the transition between the thick and thin Galactic discs. Mon. Not. R. Astr. Soc., Vol. 388, Issue 3, pp. 1175-1184, 2008. [60] Haywood, M. [61] Lee, Y. S.; Beers, T. C.; An, D.; Ivezi?, ?.; Just, A.; Rockosi, C. M.; Morrison, H. L.; Johnson, J. A.; Schönrich, R.; Bird, J.; Yanny, B.; Harding, P.; Rocha-Pinto, H. Formation and Evolution of the Disk System of the Milky Way: [?/Fe] Ratios and Kinematics of the SEGUE G-dwarf Sample. The Astrophysical J. Journal, Vol. 738, Issue 2, article id. 187, 17 p. , 2011. [62] Quinn, P. J.; Hernquist, Lars; Fullagar, D. P. Heating of galactic disks by mergers. Astrophysical Journal, Part 1, vol. 403, no. 1, p. 74-93, 1993. [63] Kazantzidis, S.; Bullock, J. S.; Zentner, A. R.; Kravtsov, A. V.; Moustakas, L. Cold Dark Matter Substructure and Galactic Disks I: Morphological Signatures of Hierarchical Satellite Accretion. The Astrophysical Journal, A. Vol.688, Issue 1, p.254-276, 2008. [64] Kazantzidis, S.; Zentner, A. R.; Kravtsov, A. V.; Bullock, J. S.; Debattista, V. P.Cold Dark Matter Substructure and Galactic Disks II: Dynamical Eects of Hierarchical Satellite Accretiontext. The Astrophysical Journal, Vol. 700, Issue 2, pp. 1896-1920, 2009. [65] Villalobos, A.; Helmi, A. Simulations of minor mergers - I. General properties of thick discs. Mon. Not. R. Astro. Soc., Vol.391, Issue 4, pp.1806-1827, 2008. [66] Villalobos, A.; Helmi, A. Simulations of minor mergers - II. The phase-space structure of thick discs. Mon. Not. R. Astro. Soc., Vol.399, Issue 1, pp. 166-176. Simulations of Galaxy Formation in a ? Cold Dark Matter Universe. II. The Fine Structure of Simulated Galactic Disks. The Astrophysical Journal, Volume 597, Issue 1, pp. [67] Abadi, M. G.; Navarro, J. F.; Steinmetz, M.; Eke, V. R. 21-34, 2003. 80 [68] Brook, C, B.; Kawata, D.; Gibson, B. K.; Freeman, K. C. The Emergence of the Thick Disk in a Cold Dark Matter Universe. The Astrophysical Journal, Vol.612, Issue 2, pp. 894-899, 2004. The Emergence of the Thick Disk in a CDM Universe. II. Colors and Abundance Patterns. The [69] Brook, C. B.; Gibson, B. K.; Martel, H.; Kawata, D. Astrophysical Journal, Vol. 630, Issue 1, pp. 298-308, 2005. [70] Brook, C. B.; Richard, S.; Kawata, D.; Martel, H.; Gibson, B. K. Two Disk Components from a Gas-Rich Disk-Disk Merger. The Astrophysical Journal, Vol.658, Issue 1, pp. 60-64, 2007. [71] Brook, C. B.; Veilleux, V.; Kawata, D.; Martel, H.; Gibson, B. K. Mergers in Disk Formation. Gas Rich ISLAND UNIVERSES, Astrophysics and Space Science Proceedings. ISBN 978-1-4020-5572-0. Springer, p.551, 2007. [72] Spitzer, L. Jr. & Schwarzschild, M. The Possible Inuence of Interstellar Clouds on Stellar Velocities. II. Astrophysical Journal, vol. 118, p.106, 1953. Orbits in Spiral Galaxies and the Velocity Dispersion of Population I Stars. Astrophysical Journal, vol. 150, p.461, 1967. [73] Barbanis, B. & Woltjer, L. [74] Schönrich, R. & Binney, J. Chemical evolution with radial mixing. Mon. Not. R. Astro. Soc., Vol.396, Issue 1, pp. 203-222, 2009a. [75] Schönrich, R. & Binney, J. Origin and structure of the Galactic disc(s). Mon. Not. R. Astro. Soc., Vol.399, Issue 3, pp. 1145-1156, 2009b. [76] Loebman, S. R.; Ro?kar, R.; Debattista, V. P.; Ivezi?, ?.; Quinn, T. R.; Wadsley, J. The Genesis of the Milky Way's Thick Disk Via Stellar Migration. The Astrophysical Journal, Volume 737, Issue 1, article id. 8, 17 pp. 2011. [77] Sellwood, J. A.; Binney, J. J. Radial mixing in galactic discs. Mon. Not. R. Astro. Soc., Vol.336, Issue 3, pp. 785-796, 2002. [78] Ro?kar, R.; Debattista, V. P.; Stinson, G. S.; Quinn, T. R.; Kaufmann, T.; Wadsley, J. Beyond Inside-Out Growth: Formation and Evolution of Disk Outskirts. The Astrophysical Journal Letters, Vol. 675, Issue 2, p. L65-L68 2008. [79] Freeman, K. C. The Galactic spheroid and old disk. Ann, Rev. Astro. astrophys. Vol.25 . Palo Alto, CA, Annual Reviews, Inc., p. 603-632, 1987. 81 [80] Bell, E. F.; Zucker, D. B.; Belokurov, V.; Sharma, S.; Johnston, K. V.; Bullock, J. S.; Hogg, D. W.; Jahnke, K.; de Jong, J. T. A.; Beers, T. C.; Evans, N. W.; Grebel, E. K.; Ivezi?, ?.; Koposov, S. E.; Rix, Hans-Walter; Schneider, D. P.; Steinmetz, M.; Zolotov, A. The Accretion Origin of the Milky Way's Stellar Halo. The Astrophysical Journal, Vol. 680, Issue 1, p.295-311, 2008 [81] Harris, W. E.A Catalog of Parameters for Globular Clusters in the Milky [82] Harris, W. E.A New Catalog of Parameters for Globular Clusters in the Way. Astronomical Journal v.112, p.1487, 1996. Milky Way. arXiv:1012.3224 , 2010. [83] Helmi, A. The stellar halo of the Galaxy. The Astronomy and Astrophysics Review, Volume 15, Issue 3, pp.145-188, 2008. [84] Dehnen, W. & Binney, J. Mass models of the Milky Way. Mont. Not. R. Astro. Soc., vol. 294, p. 429, 1998. [85] Mignard, F. Local galactic kinematics from Hipparcos proper motions. A&A, v.354, p.522-536, 2000. [86] Bosch, G.; Selman, F.; Melnick, J.; Terlevich, R. The ionising cluster of 30 Doradus. IV. Stellar kinematics. A&A, v.380, p.137-141, 2001. Kinematic segregation of nearby disk stars from the Hipparcos database. A&A,471, 475-484, 2007. [87] de Souza, R. E. & Teixeira, R. [88] McMillan, P. J. Mass models of the Milky Way. Mon. Not. R. Astro. Soc., Vol. 414, Issue 3, pp. 2446-2457, 2011. [89] Morrison, H. L. The local density of halo giants. Astronomical Journal, vol. 106, no. 2, p. 578-590, 1993. [90] Ashman, K. M.Dark matter in galaxies. Astronomical Society of the Pacic, Publications (ISSN 0004-6280), vol. 104, no. 682, p. 1109-1138, 1992. [91] Rubin, V. C Constraints on the dark matter from optical rotation curves. Dark matter in the universe; Proceedings of the IAU Symposium, Princeton, NJ, June 24-28, 1985 (A87-30805 12-90). Dordrecht, D. Reidel Publishing Co., 1987, p. 51-62; Discussion, p. 63-65. 1985. [92] Kaliarai, J. S. The age of the Milky Way inner halo. Nature 486, p.90-92, 2012. 82 A model for the distribution of material generating the soft X-ray background. [93] Snowden, S. L., Cox, D. P., McCammon, D., & Sanders, W. T. Astrophysical Journal, Part 1, vol. 354, p.211-219, 1990. [94] Warwick, R. S., Barber, C. R., Hodgkin, S. T., & Pye, J. P. The EUV source population and the local bubble. Mon. Not. R. Astro. Soc., vol.262, no. 2, p. 289-300, 1993. [95] Lallement, R.; Welsh, B. Y.; Vergely, J. L.; Crifo, F.; Sfeir, D. 3D mapping of the dense interstellar gas around the Local Bubble. Astronomy and Astrophysics, v.411, p.447-464, 2003. [96] Paresce, F On the distribution of interstellar matter around the sun. Astronomical Journal (ISSN 0004-6256), vol. 89, p. 1022-1037, 1984. [97] Cox, D. P. & Reynolds, R. J. The Local Interstellar Mediun. Ann. Rev. Astron. AStrophys., v.25, p.303-344, 1987. [98] Sfeir, D. M.; Lallement, R.; Crifo, F.; Welsh, B. Y. the Local bubble: preliminary results. Mapping the contours of Astronomy and Astrophysics, v.346, p.785-797, 1999. Interstellar dust and magnetic eld at the boundaries of the Local Bubble. Analysis of polarimetric data in the light of HIPPARCOS parallaxes. Astronomy and Astrophysics, v.346, p.955-960, 1999. [99] Leroy, J. L. [100] Welsh, B. Y.; Lallement, R. Highly ionized gas in the local ISM: Some like it hot?. Astronomy and Astrophysics, Vol. 436, Issue 2 pp.615-632, 2005. Origin of H I clouds in the Local Bubble I: A hydromagnetic Rayleigh-Taylor instability caused by the interaction between the Loop I and the Local Bubble. Astronomy and [101] Breitschwerdt, D.; Freyberg, M. J.; Egger, R. Astrophysics, v.361, p.303-320, 2000. [102] Frisch, P. C.; York, D. G.Synthesis maps of ultraviolet observations of neutral interstellar gas. Astrophysical Journal, Part 2, vol. 271, p. L59-L63, 1983. Northern-Hemisphere observations of nearby interstellar gas - Possible detection of the local cloud. Astronomy and [103] Lallement, R. & Bertin, P. Astrophysics, vol. 266, no. 1, p. 479-485, 1992. 83 A Survey of the Continuum Radiation at 820 MHz between Declinations -7◦ and +85◦ : A Study of the Galactic Radiation and the Degree of Polarization with Special Reference to the Loops and Spurs. Astronomy and Astrophysics, Vol. 14, p. 359, 1971. [104] Berkhuijsen, E. M. [105] Iwan, D. X-ray observations of the North Polar Spur. Astrophysical Journal, Part 1, vol. 239, p.316-327, 1980. [106] Egger, R. Interaction of the Local Bubble with its environment. Lecture Notes in Physics, vol.506, The Local Bubble and Beyond. Lyman-Spitzer Colloquium, Proceedings of the IAU Colluquium No. 166 held in Garching, Germany, 21-25 April, 1997, XXVII, 603pp. Springer-Verlag Berlin Heidelberg New York (ISBN 3-540-64306-0), edited by D. Breitschwerdt, M. J. Freyberg, and J. Truemper, pp. 287-296, 1998. [107] Weaver, H. Large supernova remnants as common features of the disk. The large-scale characteristics of the galaxy; Proceedings of the Symposium, College Park, Md., June 12-17, 1978. (A80-19476 06-90) Dordrecht, D. Reidel Publishing Co., 1979, p. 295-298; Discussion, p. 298-300. [108] de Geus, E. J.; de Zeeuw, P. T.; Lub, J.Physical parameters of stars in the Scorpio-Centaurus OB association. Astronomy and Astrophysics, vol. 216, no. 1-2, p. 44-61, 1989. [109] Egger, R. J. & Aschenbach, B. Interaction of the Loop I supershell with the Local Hot Bubble. Astronomy and Astrophysics, vol. 294, no. 2, p. L25-L28, 1995. [110] Moritz, P.; Wennmacher, A.; Herbstmeier, U.; Mebold, U.; Egger, R.; Snowden, S. L.X-ray shadows of the Draco nebula. A new method to determine total hydrogen column densities. Astronomy and Astrophysics, v.336, p.682-696, 1998. Temporal variations of geocoronal and heliospheric X-ray emission associated with the solar wind interaction with neutrals. ournal of Geophysical Research, Volume 106, Issue [111] Cravens, T. E.; Robertson, I. P.; Snowden, S. L. A11, p. 24883-24892, 2001. [112] Snowden, S. L.; Egger, R.; Finkbeiner, D. P.; Freyberg, M. J.; Plucinsky, Progress on Establishing the Spatial Distribution of Material Responsible for the 1 4 keV Soft X-Ray Diuse Background Local and Halo Components. The Astrophysical Journal, Volume 493, Issue 2, pp. 715-729, P. P. 1998. 84 Large-Scale Eects of Supernova Remnants on the Galaxy: Generation and Maintenance of a Hot Network of Tunnels. [113] Cox, D. P.; Smith, B. W. Astrophysical Journal, vol. 189, p.L105, 1974. Extended adiabatic blast waves and a model of the soft X-ray background. Astrophysical Journal, Part 1, vol. 253, p. 268-289, [114] Cox, D. P.; Anderson, P. R. 1982. [115] Cox, D. P.; Snowden, S. L. Perspective on the local interstellar medium. COSPAR and IAU, Symposium on UV Space Astronomy - Physical Processes in the Local Interstellar Medium, 7th, Toulouse, France, June 30-July 11, 1986 Advances in Space Research (ISSN 0273-1177), vol. 6, no. 2, 1986, p. 97-107. [116] Cox, D. P. Modeling the Local Bubble. Lecture Notes in Physics, vol.506, The Local Bubble and Beyond. Lyman-Spitzer Colloquium, Proceedings of the IAU Colluquium No. 166 held in Garching, Germany, 21-25 April, 1997, XXVII, 603pp. Springer-Verlag Berlin Heidelberg New York (ISBN 3-540-64306-0), edited by D. Breitschwerdt, M. J. Freyberg, and J. Truemper, pp. 121-131, 1998. [117] Smith, R. K.; Cox, D. P. Modeling the Local Bubble Using Multiple Supernova Remnants. Lecture Notes in Physics, vol.506, The Local Bubble and Beyond. Lyman-Spitzer Colloquium, Proceedings of the IAU Colluquium No. 166 held in Garching, Germany, 21-25 April, 1997, XXVII, 603pp. Springer-Verlag Berlin Heidelberg New York (ISBN 3-540-64306-0), edited by D. Breitschwerdt, M. J. Freyberg, and J. Truemper, pp. 133-136, 1998. The origin of the young stellar population in the solar neighborhood - A link to the formation of the Local Bubble?. Astronomy and Astrophysics, v.390, p.299-306, 2002. [118] Berghöfer, T. W.; Breitschwerdt, D. [119] Frisch, P. C. The nearby interstellar medium. Nature, vol. 293, Oct. 1, 1981, p. 377-379, 1981. [120] Frisch, P. C. The physical properties of the 'local u'. COSPAR, IAGA, and SCOSTEP, Plenary Meeting, 26th, Symposium on Solar Wind Interactions, 6th, Toulouse, France, June 30-July 11, 1986 Advances in Space Research (ISSN 0273-1177), vol. 6, no. 1, 1986, p. 345-351. [121] Frisch, P. C. Characteristics of Nearby Interstellar Matter. Reviews, Volume 72, Issue 3-4, pp. 499-592, 1995. 85 Space Science [122] Bochkarev, Nikolai G. Local intersteller medium. Astrophysics and Space Science, vol.138, no.2, p. 229-302, 1987. [123] Bruhweiler, Fredrick C. Interstellar Medium. The Morphology and Physics of the Local Astrophysics in the extreme ultraviolet. Proceedings of colloquium no. 152 of the International Astronomical Union; held in Berkeley; California; March 27-30; 1995; Dordrecht: Kluwer Academic Publ.; |c1996; edited by Stuart Bowyer and Roger F. Malina, p.261 Radio, Millimeter and Infrared Observations of the Local Hot Bubble and Its Environment.Lecture Notes [124] Mebold, U.; Kerp, J.; Kalberla, P. M. W. in Physics, vol.506, The Local Bubble and Beyond. Lyman-Spitzer Colloquium, Proceedings of the IAU Colluquium No. 166 held in Garching, Germany, 21-25 April, 1997, XXVII, 603pp. Springer-Verlag Berlin Heidelberg New York (ISBN 3540-64306-0), edited by D. Breitschwerdt, M. J. Freyberg, and J. Truemper, pp. 199-210, 1998. [125] Lépine, J. R. D. & Sartori, M. J. The Oph-Sco-Lup-Cen-Cru-Mus-Cha star- formation region. Open Issues in Local Star Formation. Proceedings of the Ouro Preto Colloquium, Brazil, April 5-10, 2003. Edited by Jacques Lépine and Jane Gregorio-Hetem. Astrophysics and Space Science Library, Volume 299. Kluwer Academic Publishers, Dordrecht, 2003., p.63 [126] Spitzer, L. Jr.; Schwarzschild, M. The Possible Inuence of Interstellar Clouds on Stellar Velocities. Astrophysical Journal, vol. 114, p.385, 1951. [127] Tenorio-Tagle, G.; Franco, J.; Bodenheimer, P.; Rozyczka, M. Collisions of highvelocity clouds with the Milky Way - The formation and evolution of large-scale structures [128] Comerón, F. & Torra, J. The oblique impact of a high velocity cloud on the galactic disk. Astrophysical Journal v.261, 94-104, 1992. [129] Casagrande, L.; Schönrich, R.; Asplund, M.; Cassisi, S.; Ramírez, I.; Meléndez, New constraints on the chemical evolution of the solar neighbourhood and Galactic disc(s): Improved astrophysical parameters for the Geneva-Copenhagen Survey. Astronomy & Astrophysics, J.; Bensby, T.; Feltzing, S. Volume 530, id.A138, p.1-21, 2011. [130] Rocha-Pinto, H. J.; Maciel, W. J. The metallicity distribution of G dwarfs in the solar neighbourhood. Mon. Not. R. Astro. Soc., Vol. Vol.279, No. 2, p.447458, 1996. 86 [131] Aumer, M.; Binney, J. J. Kinematics and history of the solar neighbourhood revisited. Mon. Not. R. Astro. Soc., Volume 397, Issue 3, pp. 1286-1301, 2009. [132] Binney J., Tremaine S. Galactic Dynamics. Second Edition, Princeton University Press, Princeton, 2008. Main Sequence Stars, Problems of Internal Constitution and Kinematics. Quarterly Journal of the Royal Astronomical Society, Vol. 4, p.8 [133] Strömgren, B. An Investigation of the Relations Between Age, Chemical Composition and Parameters of Velocity Distribution Based on uvby? Photometry of F Stars within 100 Parsec. The Galaxy, Vol. 207 of the series [134] Strömgren, B. NATO ASI Series, p.229-246, 1987. [135] Olsen, E. H. Four-colour UVBY and H-beta photometry of A5 to G0 stars brighter than 8.3 M. Astronomy and Astrophysics Supplement Series (ISSN 03650138), vol. 54, Oct. 1983, p. 55-134, 1983. Stromgren Four-Colour UVBY Photometry of G5-TYPE Hd-Stars Brighter than MV=8.6. Astronomy and Astrophysics Supplement, [136] Olsen, E. H. Vol.102, NO.1, P. 89, 1993. [137] Olsen, E. H. A large, complete, volume-limited sample of G-type dwarfs. I. Completion of Stroemgren UVBY photometry. Astronomy and Astrophysics Suppl. 104, 429-472, 1994. Stroemgren photometry of F- and G-type stars brighter than V = 9.6. I. UVBY photometry; Astronomy and Astrophysics Suppl. 106, [138] Olsen, E. H. 257-266, 1994. The HIPPARCOS and TYCHO catalogues. Astrometric and photometric star catalogues derived from the ESA HIPPARCOS Space Astrometry Mission. The Hipparcos and Tycho catalogues. Astrometric and [139] ESA photometric star catalogues derived from the ESA Hipparcos Space Astrometry Mission, Publisher: Noordwijk, Netherlands: ESA Publications Division, 1997, Series: ESA SP Series vol no: 1200 [140] Høg, E.; Fabricius, C.; Makarov, V. V.; Urban, S.; Corbin, T.; Wyco, G.; Bastian, U.; Schwekendiek, P.; Wicenec, A. The Tycho-2 catalogue of the 2.5 million brightest stars. Astronomy and Astrophysics, v.355, p.L27-L30, 2000. 87 [141] Hoeit, D., & Jaschek, C. The Bright Star Catalogue. Yale University Obs., 1982. [142] Andersen, J.; Nordstrom, B.; Ardeberg, A.; Benz, W.; Mayor, M.; Imbert, M.; Radial velocities of southern stars obtained with the photoelectric scanner CORAVEL. III - 790 latetype bright stars. Astronomy and Astrophysics Supplement Series (ISSN 0365Martin, N.; Prevot, L.; Lindgren, H.; Maurice, E. 0138), vol. 59, Jan. 1985, p. 15-36. Research supported by the Swiss National Science Foundation and Observatoire de Marseille, 1985. The inuence of massive gas clouds on stellar velocity dispersions in galactic discs. Mon. Not. R. Astron. Soc., vol. 208, p. 687-707, [143] Lacey, C. G. 1984. The diusion of stellar orbits derived from the observed agedependence of the velocity dispersion. Astronomy and Astrophysics, vol. 60, [144] Wielen, R. no. 2, p. 263-275, 1977. [145] Lacey, C. G.; Ostriker, J. P. Massive black holes in galactic halos?. Astrophysical Journal, Part 1, vol. 299, p. 633-652, 1985. [146] Velazquez, H. & White, Simon D. M. Sinking satellites and the heating of galaxy discs. Mon. Not. R. Astro. Soc., Vol. 304, Issue 2, p.254-270, 1999. [147] De Simone, R.; Wu, X.; Tremaine, S. solar neighbourhood. The stellar velocity distribution in the Mon. Not. R. Astro. Soc., Vol.350, Issue 2, pp. 627-643, 2004. [148] Minchev, I. & Quillen, A. C. spiral density waves. Radial heating of a galactic disc by multiple Mon. Not. R. Astro. Soc., Vol.368, Issue 2, pp. 623-636, 2006. [149] Chakrabarty, D. Phase space structure in the solar neighbourhood. Astronomy and Astrophysics, Volume 467, Issue 1, pp.145-162, 2007. [150] Huang, K. Statistical Mechanics. 2a Edição, Wiley, 1987. [151] SALINAS, S. R. A. Introdução à Física Estatística. 2ed. São Paulo: Edusp, 2008. [152] Brillouin, L. Science and Information Theory. 2 nd Ed. Academic Press, New York, 1962. 88 [153] Callen, H.B. Thermodynamics and an Introduction to Thermostatistics. 2 nd Ed. John Wiley & Sons, New York, 1985. [154] Tizza, L. Generalized Thermodynamics. The MIT Press, Cambridge, MA, 1966. [155] Reichl, L. E.A Modern Course in Statistical Physics. Published by University of Texas Press, 1980. [156] Pedron, I. T. Integrais, Equações Diferenciais e Entropia de Tsallis. Dissertação de Mestrado, Departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá, 1999) Statistical mechanics and dynamics of solvable models with long-range interactions.Physics Reports, Volume 480, [157] Campa, A., Dauxois, T. & Ruo, S. Issues 3?6, Pages 57?159, 2009. Breaking of ergodicity and long relaxation times in systems with long-range interactions. Phys Rev Lett. Epub, 2005. [158] Mukamel D, R. S. & Schreiber N. Ergodicity Breaking and Parametric Resonances in Systems with Long-Range Interactions. [159] Benetti, F. P. da C., Teles, T. N., Pakter, R. & Levin, Y. Rev. Lett. 108, 2012. [160] Tsallis, C. Possible generalization of Boltzmann-Gibbs statistics. Journal of Statistical Physics, Volume 52, Issue 1-2, pp. 479-487, 1988. Anomalous diusion in the presence exact time-dependent solutions and their [161] TSALLIS, C. & BUKMAN, D. J. of external forces: thermostatistical basis. Phys. Rev. E, 54:R2197, 1996. Some statistical mechanics.Chaos, [162] Tsallis, C. comments on Boltzmann-Gibbs Solitons & Fractals, Volume 6, Complex Systems in Computational Physics, Pages 539?559, 1995. [163] Tsallis, C. What are the Numbers that Experiments Provide?. Quim. Nova, 17(6), 468-471, 1994. Nonextensivity and multifractality in lowdimensional dissipative systems. Physical Review Letters 80, 53-56, 1998. [164] Lyra, M. L., Tsallis, C. [165] Borges, E. P. Manifestações dinâmicas e termodinâmicas de sitemas não- extensivos. Tese de Doutorado, CBPF, 2004. 89 A possible deformed algebra and calculus inspired in nonextensive thermostatistics. Physica A, Volume 340, Issues 1?3, Pages 95?101, [166] Borges, E. P. 2004. [167] Jaynes, E. T. Information Theory and Statistical Mechanics. Phys. Rev. 106, 620, 1957a [168] Jaynes, E. T. Information Theory and Statistical Mechanics. II. Phys. Rev. 108, 171, 1957b [169] Fang, S. C., Rajasekera,J. R., Tsao, H. S. J. Entropy Optimization and Mathematical Programming. Book, International Series in Operations Research & Management Science, Volume 8, 1997. [170] Kaplan, W. Advanced Calculus. Addison-Wesley, 1957 printing, c1952. (1952) [171] Kapur J. N. & Kesavan H. K. Entropy optimization principles with applications. Academic Press, INC., 1992. [172] Papoulis, A. The Fourier Integral and Its Applications. McGraw-Hill Book Copany, INC/New York, San Francisco, London and Toronto, 1962. [173] Nascimento, C. N. Análise multifractal e seções de Lévy de utuações heterocedásticas. Tese de Doutorado, Instituto de Física da Universidade Federal de Alagoas, 2008. Não-extensividade termodinâmica, invariância discreta de escala-plasticidade: estudo de um modelo geodinâmico auto-organizado criticamente. Tese de Doutorado, PUC-RIO, Rio de Janeiro, 2003. [174] Menezes Filho [175] SILVA, R. Teoria Cinética Não-Extensiva: Efeitos Físicos em Gases e Plasmas. Tese de Doutorado, DFTE, UFRN, Natal, 2000. [176] PLASTINO, A. R. & PLASTINO entropy.Phys. Lett. A, 174:384, 1993. [177] SILVA, R. & ALCANIZ, J. S. Stellar polytropes and Tsallis?s Non-extensive statistics and the stellar polytrope index. Physica A, 341:208?214, 2004. [178] CARVALHO, J. C.; SILVA, R.; NASCIMENTO, J. D. & MEDEIROS, J. R. Power law statistics an stellar rotationnal velocities in the Pleiades. EPL Journ., 84:59001, 2008. 90 [179] LIMA, J. A. S. & SOUZA, R. E. Power law stellar distribtions. Physica A, 350:303?314, 2005. Dis-tribution [180] HASEGAWA, A.; KUMIONI, A. M. & DUONG-VAN, M. Plasma Function in a Superthermal Radiation Field. Phys. Lett., 54:2608?10, 1985. Plasma Distribution Function in a [181] WILK, G. & WLODARCZYK, Z. Superthermal Radiation Field. Phys. Rev. D, 50:2318?20, 1994. [182] ZANETE, D. & ALEMANY, P. Thermodinamics anomalous diusion. Phys. Rev. Lett., 75:366, 1995. [183] VILAR, C. S.; FRANÇA, G.S.; SILVA, R. & ALCANIZ, J. S. Geological Faults?. Physica A, 377:285?290, 2007. [184] ALMEIDA, L. M. Nonextensivity in Efeitos não-gaussianos em Astrofísica e Cosmologia.(Tese S. de Doutorado). UFRN, Natal, 2007. [185] De Freitas, D.B. & De Medeiros, J. R. A non-extensive approach to the stellar rotational evolution?I. F-and G-type stars. Mon. Not. R. Astro. Soc., vol.433, p.1789-1795, 2013. [186] Famaey, B.; Jorissen, A.; Luri, X.; Mayor, M.; Udry, S.; Dejonghe, H.; Turon, C. Local kinematics of K and M giants from CORAVEL/Hipparcos/Tycho-2 data. Revisiting the concept of superclusters. Astronomy and Astrophysics, v.430, p.165-186, 2005 Order and chaos in the local disc stellar kinematics induced by the Galactic bar. Astronomy and Astrophysics, v.373, p.511-535, 2001. [187] Fux, R. Revisiting the relations: Galactic thin disc age-velocity dispersion relation. Mon. Not. R. Astro. Soc., vol. 380, Issue 4, pp. [188] Seabroke, G. M.; Gilmore, G. 1348-1368, 2007. [189] Nordström, B. Signatures of heating processes in the Galactic thin disk. The Ages of Stars, Proceedings of the International Astronomical Union, IAU Symposium, Volume 258, p. 31-38, 2009. [190] Jørgensen, B. R.; Lindegren, L.Determination of stellar ages from isochrones: Bayesian estimation versus isochrone tting. Volume 436, Issue 1, pp.127-143, 2005. 91 Astronomy and Astrophysics, [191] De Freitas, D.B. & De Medeiros, J. R. Nonextensivity in the solar neighborhood. Europhysics Letters, Volume 97, Number 1, 2012. Estimação tipo Kernel para distribuições simétricas usando técnica de Monte Carlo. UFPB, CCeT, TCC, 2014. [192] Nascimento, A. P. Multiscale structure of the magnetic eld and speed at 1 AU during the declining phase of solar cycle 23 described by a generalized Tsallis probability distribution function. J. Geophys. Res., [193] Burlaga, L. F., and A. F.-Viñas 109, A12107, 2004. Multi-scale probability distributions of solar wind speed uctuations at 1 AU described by a generalized Tsallis distribution. Geophys. Res. Lett., 31, L16807, 2004. [194] Burlaga, L. F., and A. F.-Viñas [195] Saleur H., Sammis C.G., Sornette D Discrete scale invariance, complex fractal dimensions, and log-periodic uctuations in seismicity. ournal of Geophysical Research: Solid Earth, Volume 101, Issue B8, pp. 17,661-17,677, 1996. [196] Huang, Y., Saleur, H., Sammis, C., Sornette, D. Precursors, aftershocks, criticality and self-organized criticality. Europhys. Lett, 41 (1), pp. 43-48, 1998. Log-periodic oscillations and noise-free stochastic multiresonance due to self-similarity of fractals. Chaos, Solitons & Fractals, vol. 18, issue 1, pp. 89-96, 2003. [197] Krawiecki, A.; Kacperski, K.; Matyja?kiewicz, S.; Ho?yst, J. A. [198] Bernasconi, J.; Schneider, W. R. Diusion in random one-dimensional systems. Journal of Statistical Physics, Volume 30, Issue 2, pp.355-362. 1983. [199] Stauer, D.; Sornette, D. random lattice. Log-periodic oscillations for biased diusion on Physica A: Statistical Mechanics and its Applications, Volume 252, Issue 3, p. 271-277, 1998. [200] Stauer, D. New simulations on old biased diusion. Physica A: Statistical Mechanics and its Applications, Volume 266, Issue 1, p. 35-41, 1999. [201] Kutnjak-Urbanc, B.; Zapperi, S.; Milo?evi?, Sava; S., H. E. Sandpile model on the Sierpinski gasket fractal. Physical Review E (Statistical Physics, Plasmas, Fluids, and Related Interdisciplinary Topics), Volume 54, Issue 1, July 1996, pp.272277, 1996. 92 Detailed characterization of log-periodic oscillations for an aperiodic Ising model. Physical Review E (Statistical Physics, Plasmas, [202] Andrade, R. F. S. Fluids, and Related Interdisciplinary Topics), Volume 61, Issue 6, pp.7196-7199, 2000. Critical behavior of an Ising system on the Sierpinski carpet: A short-time dynamics study. Physical Review E, [203] Bab, M. A.; Fabricius, G.; Albano, E. V. vol. 71, Issue 3, 2005. Connection between energy spectrum, self-similarity, and specic heat log-periodicity. Physical [204] Vallejos, R. O.; Mendes, R. S.; da Silva, L. R.; Tsallis, C. Review E (Statistical Physics, Plasmas, Fluids, and Related Interdisciplinary Topics), Volume 58, Issue 2, pp.1346-1351, 1998. [205] Tsallis, C.; da Silva, L. R.; Mendes, R. S.; Vallejos, R. O.; Mariz, A. M. Specic heat anomalies associated with Cantor-set energy spectra. Physical Review E (Statistical Physics, Plasmas, Fluids, and Related Interdisciplinary Topics), Volume 56, Issue 5, pp.R4922-R4925, 1997. [206] Sornette, D.; Johansen, A.; Arneodo, A.; Muzy, J. F.; Saleur, H. Complex Fractal Dimensions Describe the Hierarchical Structure of Diusion-LimitedAggregate Clusters. Physical Review Letters, Volume 76, Issue 2, pp.251-25, 1996. [207] Huang, Y.; Ouillon, G.; Saleur, H.; Sornette, D. discrete scale invariance in growth models. Spontaneous generation of Physical Review E (Statistical Physics, Plasmas, Fluids, and Related Interdisciplinary Topics), Volume 55, Issue 6, pp.6433-6447, 1997. The crash of October 1987 seen as a phase transition: amplitude and universality. Physica A: [208] Vandewalle, N.; Boveroux, Ph.; Minguet, A.; Ausloos, M. Statistical Mechanics and its Applications, Volume 255, Issue 1, p. 201-210, 1998. [209] Vandewalle, N.; Ausloos, M.; Boveroux, P.; Minguet, A. How the nancial crash of October 1997 could have been predicted. The European Physical Journal B, Volume 4, Issue 2, pp. 139-141, 1998. [210] Wosnitza, J. H.; Leker, J. random uctuations?. Can log-periodic power law structures arise from Physica A: Statistical Mechanics and its Applications, Volume 401, p. 228-250, 2014. Convergence to the critical attractor of dissipative maps: Log-periodic oscillations, fractality, and [211] de Moura, F. A. B. F.; Tirnakli, U.; Lyra, M. L. 93 nonextensivity. Physical Review E (Statistical Physics, Plasmas, Fluids, and Related Interdisciplinary Topics), Volume 62, Issue 5, pp.6361-6365, 2000. [212] Wilk, G.; W?odarczyk, Z.Tsallis Distribution Decorated with Log-Periodic Oscillation. Entropy, vol. 17, issue 1, pp. 384-400, 2015. [213] Efron B., Tibshirani R.J., An Introduction to the Bootstrap.Chapman Hall/CRC; Softcover reprint of the original 1st ed. 1993. 94 and