Produção e qualidade das plantas de milho de textura mole ou dura

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Moraes, G.J., Santos, T.A.B. Produção e qualidade das plantas de milho de textura mole ou
dura em diferentes maturidades para silagem. PUBVET, V.2, N.27, Art#276, Jul2, 2008.
PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.
Disponível em: <http://www.pubvet.com.br/texto.php?id=276>.
Produção e qualidade das plantas de milho de textura mole ou dura em
diferentes maturidades para silagem
Gelta Juliana de Moraes1 e Taís Aline Bregion dos Santos2
1
Zootecnista, Mestre em Zooctenia – UNESP/Botucatu.
2
Médica Veterinária, Mestre em Zooctenia – UNESP/Botucatu.
RESUMO
Alimentos volumosos, como a silagem de milho, são importantes para
garantir elevados índices de produtividade. Estima-se que sejam cultivados no
Brasil aproximadamente 800 mil hectares com milho destinado exclusivamente
para produção de silagem, e esta área vem crescendo nos últimos anos. Além
das características como produtividade, digestibilidade e percentual de espigas
nas cultivares de milho utilizadas para produção silagem, a textura do grão
(vitreosidade) é outra variável que passa a ser observada na escolha de
genótipos
utilizados
para
alimentação
de
ruminantes,
uma
vez
que
características relacionadas ao endosperma do grão do milho afetam a
degradabilidade do amido no rúmen. Outro aspecto importante na escolha do
cultivar é a maturidade fisiológica da planta no momento da ensilagem, a qual,
tem sido uma ferramenta importante para quantificar o potencial produtivo e
qualitativo da silagem de milho. Torna-se necessário o desenvolvimento de
Moraes, G.J., Santos, T.A.B. Produção e qualidade das plantas de milho de textura mole ou
dura em diferentes maturidades para silagem. PUBVET, V.2, N.27, Art#276, Jul2, 2008.
pesquisa que visem, além do aumento da produtividade do milho, a obtenção
de plantas de melhor qualidade de maior valor nutritivo.
Palavras chaves: milho, silagem, grão duro, grão mole
Production and quality of the plants of maize of soft texture or last in
different maturities for ensilage
ABSTRACT
Voluminous foods, as corn ensilage, are important to guarantee high
índices
of
productivity.
It
is
esteemed
that
are
cultivated
in
Brazil
approximately 800,000 ha with corn destinated exclusively for ensilage
production, and this area is growing in recent years. Beside the characteristics
as productivity, digestibility, and percentage of spikes in cultive of corn used
for ensilage production, the texture of the grain (viteriosity) is another variable
that gets to be observed in the choice of genotypes used for the feeding of
ruminants, once that characteristic realited to endosperma of the corn grain
affects the degradability of the starch in rumen. Another important aspect in
the choice of the cultivate is the physiological maturity of the plant at the
moment of the ensilage, which, has been an important tool to quantify the
productive and qualitative potencial of the corn ensilage. The development of
research that they aim at, besides the increase of the corn productivity, turns
necessary the attainment of better quality and bigger quality and bigger
nutritional value plants.
Keywords: corn, ensilage, hard grain, soft grain
1. INTRODUÇÃO
A silagem tem sido usada como instrumento na manutenção e
incremento da produção animal, principalmente durante o período de menor
produção das forragens. O milho vem sendo tradicionalmente utilizado como
opção interessante na forma de silagem de boas produções com alto valor
nutritivo (NISSUO,1991).
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O uso do milho para ensilagem é muito atrativo aos pecuaristas, pois nas
áreas onde o milho esta bem adaptado, resulta numa produção de energia que
não é ultrapassada por nenhuma outra forrageira. Apesar disso, o que se
observa é que o desempenho produtivo dos animais ainda não corresponde ao
esperado porque a qualidade do alimento conservado é baixa, devido à
pequena porcentagem de grãos, altos teores de umidade e má conservação do
produto (RUSSO, 1995).
2. DESENVOLVIMENTO
•
Genes que afetam a textura do grão
Os grãos de milho são classificados em seis tipos, quanto a sua textura e
aspecto: 1) amiláceo ou farinhoso (“floury”); 2) dentado (“dent”); 3) duro ou
cristalino (“flint”); 4) pipoca (“popcorn”); 5) doce (“sweet”); 6) ceroso
(“waxy”). Somente nos últimos anos melhoristas de milho tem procurado obter
material de maior rendimento por unidade de área assim como, obter
variedades e híbridos resistentes a pragas e doenças, sem, contudo se
preocuparem com o valor nutricional do grão (TOSSELO, 1987).
O grão de amido no milho dentado comum (mais indicado para produção
de silagem), contém dois tipos de moléculas, amilose e a amilopectina na
proporção de 27% de amilose e 73% de amilopectina.Os principais ácidos
graxos encontrados na semente do milho estão representados pelo ácido
palmítico (12%), esteárico (2%), oléico (27%), linoléico (59%), linolênico
(0,8%) e β – caroteno. Energia é obviamente um requerimento nutricional
muito importante e esta é uma das razões pela qual o milho é largamente
empregado na alimentação animal como fonte energética e é ainda a melhor
fonte de energia, pois seu alto conteúdo de amido, é uma forma facilmente
digerível e de baixo custo, o que coloca à frente de todos os cereais segundo
TOSELLO (1987).
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dura em diferentes maturidades para silagem. PUBVET, V.2, N.27, Art#276, Jul2, 2008.
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Parâmetros de digestibilidade
Segundo
PHILIPPEAU
e
MICHALET-DOREAU
(1998),
citados
por
JOHNSON (1999), observaram que no mesmo ponto de maturação, os
cultivares de grão dentado (Dent) apresentaram maior degradabilidade e
digestibilidade do que os cultivares de grão duro (Flint). Com a ensilagem, a
degradabilidade do grão Flint aumentou, porém, ainda foi significadamente
menor à observada no grão dentado.
Com a menor digestibilidade da fração amido, a hipótese da “diluição”
nem sempre estaria ocorrendo, levando à menor digestibilidade, das plantas
colhidas com estágio avançado de maturidade. Em decorrência desse fato, em
especial, os cultivares que apresentam origem de endosperma Flint, como é
caso do Brasil, inúmeras recomendações de antecipação do momento de
colheita foram observadas, com o objetivo de se evitar a perda excessiva do
valor nutritivo da planta.
Segundo OWENS et al. (1986); THEURER, (1986); HUNTINGTON,
(1997), embora o amido do grão de cereais é quase completamente digerido
em todo trato digestivo, a taxa e extensão de fermentação ruminal varia
amplamente com a fonte de grão e processamento do cereal. O local de
digestão do amido tem implicações de natureza e quantia de alimento
fornecido ao animal.
Outro modo de manipular a taxa de degradação do amido é selecionar o
cultivar a ser utilizado para ensilagem. A textura do grão parece fazer um
papel principal na degradação ruminal do amido,
CALESTINE et al. (2001), observou que a degradação ruminal da
matéria seca do grão, de dois híbridos Dent e Flint presentes no mercado
brasileiro diminuiu e aumentou com o estágio de maturação. CORRÊA et al.
(2003), concluiu em seu trabalho que vacas em lactação com dietas de
silagem de milho dentado em maturidade fisiológica, foi semelhantes o
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desempenho com vacas em dietas com silagem de milho duro em estágio de
meia linha do leite.
BAL et al. (1997), observou que em dietas com 33% de silagem de milho o
estágio de maturidade da planta não afetou a performance de vacas em
lactação,
embora
o
efeito
de
maturidade
foi
notado
em
relação
a
digestibilidade de fibra e amido da dieta.
STOCK et al. (1987) verificaram que a combinação de milho com alto
teor de umidade (que possui rápida fermentação ruminal) com milho seco
proporcionaram maiores ganhos e melhor eficiência alimentar para bovinos
quando comparado àqueles alimentados somente com grão úmido ou seco. Do
ponto de vista de saúde, MENDONZA et al. (1998) citaram que a associação de
um grão de rápida digestão de amido com um de baixa digestão reduziu a
incidência de acidose causada pela queda brusca do pH ruminal, que pode
reduzir a digestão da fibra. A fermentação do amido ocorre pelas bactérias
amilolíticas, que produzem uma maior proporção de ácido propiônico (35 a 45
mol/100 mol de ácidos graxos voláteis) do que as bactérias celulolíticas (15 a
20 mol/100 mol). A produção de ácido propiônico é vantajosa do ponto de
vista da fermentação ruminal já que assegura a utilização do hidrogênio, ao
invés de ser perdido como metano. Entretanto, há problemas metabólicos
associados com a utilização de uma grande quantidade e proporção de ácido
propiônico, que não é completamente metabolizado pelo fígado podendo
promover a síntese de ácidos graxos de cadeia ímpar no tecido adiposo (em
condições normais são sintetizados ácidos graxos de cadeia par); e durante a
lactação, o excesso de ácido propiônico não é metabolizado pelo fígado e
estimula a produção de insulina. Com isso há um aumento do fluxo de
nutrientes para os tecidos e redução da lipólise (quebra da gordura), com
conseqüente redução da produção de leite, particularmente da gordura do
leite.
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Parâmetros de produtividade e qualidade da silagem de milho
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Segundo SOUZA et al. (2000), os valores nutricionais da silagem estão
intimamente relacionados à tecnologia de produção empregada pelo produtor,
principalmente no que se refere ao preparo do solo, adubação utilizada, teor
de matéria seca à época do corte e cuidados básicos durante o processo de
ensilagem. Não podemos escolher um cultivar como sendo o melhor, pois cada
produtor dispõe de uma situação em particular, cabendo a ele analisá-la e
assim
escolher
o
cultivar
que
melhor
se
adapte
ao
seu
caso.
O aumento de produção de MS, sem concomitante maior participação de
espiga na massa total, pode reduzir a qualidade da silagem. Entretanto, nem
sempre a maior proporção de grãos na forragem confere melhor qualidade à
silagem. A qualidade do grão e da fração verde da planta (caule, folha e
palha), combinada com o percentual de cada uma dessas partes na planta,
determina o valor nutritivo do material ensilado (SCAPIM et al., 1995; SILVA et
al., 1999).
3. CONCLUSÃO
Na produção silagem de milho de boa qualidade deve-se considerar não
somente o percentual de grãos na matéria ensilada, mas também os demais
componentes da planta como um todo. Objetiva-se com isso a obtenção de
produtos finais de qualidade o que propiciará melhor resposta animal nos
diversos sistemas de produção, quer seja leite ou de carne bem como a
viabilidade econômica. Outro importante aspecto é a escolha da cultivar,
verificar sua adaptação à região onde a lavoura será instalada, práticas
culturais adequadas, híbridos com textura de grão preferencialmente dentado
ou semi-dentado onde podemos manipular melhor a época de ensilagem com
um ponto de maturidade adequado, afim obter maior performance animal,
produtividade e valor nutritivo por hectare.
4. REFERÊNCIAS
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BAL., M.A.; COORS, J.G.; SHAVER, R.D. Impact of the maturity of corn for use as silage in
the diets of dairy cows on intake, digestion, and milk production. Journal of Dairy
Science, v.80, p.2497-2503, 1997.
CALESTINE, G.A.; PEREIRA, M.N.; BRUNO, R.G.S.; VON PINHO, R.G.;
Moraes, G.J., Santos, T.A.B. Produção e qualidade das plantas de milho de textura mole ou
dura em diferentes maturidades para silagem. PUBVET, V.2, N.27, Art#276, Jul2, 2008.
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CORRÊA, C.E.S. Effect of corn grain texture and maturity on ruminal in situ degradation.
Journal of Dairy Science, v.84, p.419, 2001. Supplement 1.
CORRÊA, C. E. S. et al. Performance of holstein cows fed sugarcane or corn silages of
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HUNTINGTON, G. B.. Starch utilization by ruminants: From basics to the bunk. Journal of
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NUSSIO, L. G. Cultura de milho para produção de silagem de alto valor alimentício. IV
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NUSSIO, L. G. Produção de silagem de milho de alta qualidade para animais de alta
produção. IV Simpósio sobre nutrição de bovinos. Anais... Piracicaba, 1991.
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RUSSO, H. G. Efeito de três densidades de plantio sobre a produção e composição
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Concentração Produção Animal) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária,
Universidade Estadual Paulista.
SCAPIM, C.A. et al. Uma proposta de classificação dos coeficientes de variação para a
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maio 1995.
SILVA, F.F. et al. Qualidade de silagens de híbridos de sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench)
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TOSELLO, G. A. Milhos especiais e seu valor nutritivo. In: Melhoramento e produção do
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