VERSÃO DO PROFESSOR
D I S C I P L I N A
Organização do Espaço
Região e a Geografia tradicional
Autoras
Eugênia Maria Dantas
Ione Rodrigues Diniz Morais
aula
10
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Governo Federal
Presidente da República
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Fernando Haddad
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VERSÃO DO PROFESSOR
Apresentação
A
caminhada pelos meandros da Geografia tem nos levado à compreensão dos conceitos
básicos dessa ciência: espaço, território, paisagem e lugar. Agora, nossa atenção
estará voltada para o estudo dos conceitos de região e regionalismo. Tal investida
será desenvolvida em duas aulas, nas quais iremos analisar as diferentes abordagens
conceituais relativas à região, tendo como referências os paradigmas do Determinismo
Ambiental, do Possibilismo, da Nova Geografia e as novas tendências que se configuraram a
partir da década de 1970, vinculadas à Geografia Crítica e à Geografia Humanista e Cultural.
Associada à discussão sobre região, será tratada a noção de regionalismo. Esta primeira
aula sobre o conceito de região no pensamento geográfico está ancorada nas perspectivas
do Determinismo Geográfico e do Possibilismo, ou seja, nos paradigmas que constituíram
a chamada Geografia Clássica ou Tradicional. Para consolidar seus conhecimentos, será
interessante revisar as aulas de Introdução à Ciência Geográfica, nas quais você estudou as
bases do pensamento geográfico.
Objetivos
1
2
3
Compreender o contexto político em que emergem os
paradigmas determinista e possibilista.
Identificar os conceitos de região derivados das referidas
correntes do pensamento geográfico.
Estabelecer os diferenciais entre os pressupostos
teóricos dos paradigmas mencionados.
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Região: referências primeiras
P
ara início de conversa, vamos exercitar seus conhecimentos sobre Geografia? Então,
responda: em qual continente está localizado o Brasil? Nesse continente, qual o
subcontinente (ou região) em que o Brasil se localiza? Qual a região do Brasil em que
se situa o seu estado? Sabendo que os estados brasileiros estão divididos em mesorregiões
e microrregiões, qual a localização do seu município? Se você respondeu a todas as questões
sem consulta, parabéns! Mas, se você não conseguiu, pesquise em livros, Internet ou outras
fontes e adquira essas informações. É importante saber sobre o espaço onde moramos para
compreender o seu universo de relações.
As respostas às questões formuladas revelam que o termo região foi empregado em
diferentes situações e escalas. Afinal, o que define uma região, ou seja, o que caracteriza uma
fração do espaço como região?
De fato, alguns esclarecimentos são necessários para fazermos uma travessia segura e
tranqüila pelo universo conceitual que estamos nos propondo a desbravar.
Região constitui um dos conceitos fundamentais da Geografia, assim como as noções
anteriormente estudadas: espaço, território, lugar e paisagem. O termo região apresenta
diferentes sentidos, sendo amplamente empregado no senso comum, remetendo à idéia de
localização e extensão de um dado fenômeno; como unidade administrativa, definida em uma
escala subnacional sobre a qual o poder e o controle do Estado se exercem, e, em diversas
áreas do conhecimento, apresentando acepções variadas no âmbito da Geografia. Todavia, é
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importante ressaltar que está associado à noção básica de diferenciação de área, ou seja, ao
reconhecimento de que a Terra é formada por áreas diferentes entre si.
A diferenciação de áreas aparece na própria configuração do espaço natural, isto é, na
integração em área dos elementos da natureza. No entanto, na trajetória de elaboração do
conceito, passou-se a admitir que a conformação regional não se define apenas pelas suas
características naturais, mas também pelo processo histórico de ocupação e construção do
espaço, que estabelece diferenciações de natureza social, econômica, política e cultural entre
as áreas. Nesse sentido, a diferenciação de áreas é resultante das relações entre os homens
e entre estes e a natureza.
A palavra região está presente no conhecimento elaborado desde a Antigüidade.
Aparece com destaque nos estudos sobre as diferenças e os contrastes da
superfície da Terra, que foi denominado, pelos gregos, de estudo corográfico
(descrição do lugar). (LENCIONE, 1999, p. 187).
Etimologicamente, região deriva do latim regere, palavra composta pelo radical reg, que
deu origem a vocábulos como regência, regra, regente etc. No Império Romano, designava-se
de regione as áreas que, apesar de terem uma administração local, estavam subordinadas às
regras gerais e hegemônicas das magistraturas sediadas em Roma. No período de formação
dos Estados-Modernos na Europa, recoloca-se a questão regional, ou seja, rediscute-se a
relação entre a centralização, a uniformização administrativa e a diversidade espacial – física,
econômica, cultural e política – sobre a qual esse poder centralizado deve ser exercido (GOMES,
1995, p. 50/52). Esse também foi o momento em que a Geografia começou a se firmar como
um campo disciplinar específico, conforme você já estudou na disciplina Introdução à Ciência
Geográfica.
Teoricamente, a região tem sido pensada sob diversos aspectos a partir de diferentes
paradigmas geográficos. Essa perspectiva não invalida a abordagem regional, porém, a torna
mais complexa, de forma que os diversos conceitos de região podem ser utilizados como
meios para se conhecer a realidade, ou seja, como chaves de leitura que permitem desvendar
as formações sócio-espaciais.
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Sinal amarelo! Atenção! Que tal uma breve pausa para organizar as idéias?
Atividade 1
1
2
De que se constitui a essência da noção de região?
Utilizando o mapa político do seu estado, identifique e relacione a
mesorregião onde está situado o seu município e as microrregiões
geográficas que ela abrange, conforme definição do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).
Sinal verde! Prosseguindo a viagem pelos caminhos da Geografia, vamos
construindo o conhecimento sobre seus conceitos e paradigmas. Mas, antes
de dar partida, precisamos anular uma dúvida: faz sentido falar de região
em tempos de globalização? Sem pressa de avançar, vamos ultrapassar
essas trepidações...
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A justificativa para tais questionamentos pauta-se na perspectiva de que o processo
de globalização, fase atual do capitalismo, atingiu uma escala planetária fazendo ecoar,
dentre outros, o discurso da homogeneização e uniformização dos lugares, o que repercute
sobre a idéia de região no sentido de negar a sua existência. Contudo, os processos sócioespaciais que envolvem a sociedade mundial tornam evidente que a globalização produziu
também a fragmentação, nas frestas da qual, manifestações regionalistas e de desigualdades
socioeconômicas reportam-se a diferentes espacializações.
É possível observar que, em alguns locais ou regiões, a modernização provocou alterações
que resultaram em uma certa uniformização de traços da paisagem, enquanto em outros, a
tendência à despersonalização tem enfrentado certa resistência, justamente como forma de
subsistir, defender e/ou reafirmar a identidade/personalidade regional. Nesse sentido, também
se verifica que, em certos casos, a aceleração das mudanças provocadas pela globalização,
longe de produzir a preconizada homogeneização, aumentou as diferenciações regionais.
Nesse ínterim, fortalece-se a tese de que a região não desapareceu, mas teve sua existência
recriada exigindo uma reinterpretação dos processos que definem seus novos formatos
e/ou conteúdos.
O termo modernização está sendo empregado no sentido de criação de
um fato moderno, ou seja, “que possui uma ligação intrínseca com a
contemporaneidade, [que] substitui alguma coisa do passado, defasada, ou,
simplesmente, alguma coisa que não encontra mais justificativa no tempo
presente”. (GOMES, 1995, p. 48).
O termo personalidade refere-se a “um conjunto de traços identitários”. O autor
adverte que ao empregar o termo, não o faz no sentido há muito criticado pela
Geografia: o lugar ou a região como sujeito. (YÁZIGI, 2001, p. 17/44).
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Desse modo, é reconhecível a importância da questão regional, “através da proliferação
de regionalismos, identidades regionais e de novas-velhas desigualdades tanto a nível global
como intranacional” (HAESBAERT, 1999, p. 15). A despeito da tendência homogeneizadora da
globalização, a diversidade territorial criada e recriada no decorrer desse processo requer a
religação das significações aos contextos políticos, econômicos e culturais nos quais a noção
de região serve como elemento-chave de um sistema explicativo (GOMES, 1995, p. 50).
Portanto, revaloriza-se a região no âmbito do próprio processo de globalização por meio
do retorno às singularidades e particularidades, definidoras da personalidade regional. De
acordo com Santos (2002, p. 246),
as regiões são o suporte e a condição de relações globais que de outra forma não se
realizariam. Agora, exatamente, é que não se pode deixar de considerar a região, ainda
que a reconheçamos, como um espaço de conveniência e mesmo que a chamemos por
outro nome.
Sinal amarelo! Atenção! Uma paradinha para reflexão...
Atividade 2
Se a noção de região está vinculada à diferenciação de áreas, qual a pertinência
das abordagens regionais em tempos de globalização?
Esse tópico introdutório da aula sobre região constitui um ponto de partida para as novas
investidas. O que vislumbraremos adiante? O estudo da região tendo como fio condutor a
evolução do pensamento geográfico. Portanto, sinal verde! Avançar...
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Região – Múltiplas
abordagens conceituais
A
temática regional acompanha a trajetória do pensamento geográfico. São múltiplas as
abordagens conceituais sobre região derivadas dos diferentes paradigmas da Geografia.
Os processos de adaptações, reformulações e novos conceitos estão sintonizados
com o quadro de mudanças teórico-metodológicas que a dinâmica espacial exige. Assim, as
modificações conceituais relativas à região estão situadas no quadro histórico das mudanças
sucedidas no mundo que alteram a espacialização da sociedade e, por conseguinte, o
conhecimento da realidade espacial.
Tendo como ponto de partida a emergência da Geografia como ciência, caminhemos para
um encontro com os paradigmas geográficos na perspectiva de identificarmos o contexto em
que emergem os pressupostos teóricos nos quais se fundamentam e os conceitos de região
que formulam.
Região natural e
Determinismo Geográfico
R
evisitando os conteúdos estudados na disciplina Introdução à Ciência Geográfica,
iremos encontrar informações sobre a emergência da Geografia como uma disciplina
acadêmica, no final do século XIX. Esse momento é marcado pela ocorrência de dois
importantes processos: a passagem do capitalismo concorrencial para uma fase monopolista
e imperialista e a fragmentação do saber universal em várias disciplinas.
Para saber mais sobre as diferentes fases do capitalismo, leia A Sociedade
Global, de Octávio Ianni ou História Econômica Geral, de Cyro Resende. Para
ampliar seus conhecimentos sobre a fragmentação do saber universal, consulte
A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências
humanas, de Christian Laville e Jean Dionne, que se encontram nas referências
desta aula.
A definição de um objeto de estudo específico tornou-se um imperativo para o
estabelecimento da identidade científica e acadêmica da Geografia, ou seja, para o seu
reconhecimento como ciência. Nesse contexto, o primeiro paradigma da Geografia foi o
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Determinismo Geográfico, que se fundamentava na teoria da evolução das espécies de Lamarck
(1744-1829) e na teoria da seleção natural das espécies de Darwin (1809-1882). Segundo
Corrêa (1990, p. 9), “estas teorias foram adotadas pelas ciências sociais, que viam nelas a
possibilidade de explicar a sociedade através de mecanismos que ocorrem na natureza”.
Aportados nas idéias naturalistas, os geógrafos deterministas afirmavam que o
meio tinha uma influência determinante na vida do homem. Dessa forma, defendiam o
pressuposto de que
as condições naturais, especialmente as climáticas, e dentro delas a variação da
temperatura ao longo das estações do ano, determinam o comportamento do homem,
interferindo na sua capacidade de progredir. Cresceriam aqueles países ou povos que
estivessem localizados em áreas meteorológicas mais propícias (CORRÊA, 1990, p. 9).
Sinal amarelo! Atenção! Você lembra o que já estudou sobre Determinismo?
Articule suas idéias e expresse sua aprendizagem na atividade proposta.
Atividade 3
Analise os fundamentos do paradigma do Determinismo Geográfico.
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Atividade respondida? Continuemos nossa investida pela evolução do pensamento
geográfico e do conceito de região.
Atrelado às bases do pensamento determinista, surgiu o conceito de região natural,
entendida como uma parte da superfície da Terra, dimensionada segundo escalas
territoriais diversificadas, e caracterizadas pela uniformidade resultante da combinação
ou integração de fenômenos em área dos elementos da natureza: o clima, a vegetação,
o relevo, a geologia e outros adicionais que diferenciam ainda mais cada uma dessas
partes (CORRÊA, 1990, p. 23).
Nessa perspectiva, o conceito de região evidencia que a diferenciação de áreas se
estabelece a partir dos elementos da natureza e que se faz necessário considerá-los sob o
prisma da integração ou combinação.
O Determinismo Geográfico teve em Friedrich Ratzel (1844-1904), geógrafo alemão,
uma das figuras de maior destaque. Seu pensamento estava fundamentado na valorização
da ação do meio natural sobre o homem, na visão de que o homem é um produto do meio.
Transportando as teorias biológicas para o universo geográfico, atribuía grande importância
aos elementos físicos no processo de articulação política, utilizando as noções de seleção
natural, competitividade, áreas de domínio e luta na construção de estratégias de expansão e
domínio do Estado alemão.
As concepções deterministas de Ratzel foram expandidas para o campo da política. Para
ele, os grupos humanos são organismos que crescem e se multiplicam, tendendo a expandirse; sendo natural que procurem alargar o seu território, ocupando áreas maiores ou fazendo-o
à custa dos territórios vizinhos. Neste contexto, tem-se a supremacia dos vencedores sobre
os vencidos. Os estados organizam-se de uma forma hierarquizada, justificando a expansão
dos povos superiores à custa dos inferiores. A base de tais concepções estava atrelada ao
ideário determinista de que o homem vivia sujeito às leis da natureza e, assim como na teoria
da Evolução das Espécies, de Darwin, valida as idéias de luta pela vida e de seleção dos mais
fortes. Essas concepções de cunho determinista não tiveram conseqüências políticas imediatas.
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Todavia, na década de 1930, foram retomadas pelo nazismo e serviram de fundamento ao
expansionismo alemão. A tentativa de colocar em prática essas concepções fez com que a
Alemanha, sob o comando de Hitler, fosse responsabilizada pela deflagração da II Guerra
Mundial, uma das maiores tragédias da humanidade.
Aprofunde seus conhecimentos sobre a II Guerra Mundial. Ao estudar o
assunto, você vai saber mais a respeito da perseguição e do genocídio de
judeus, dos milhares de soldados de diferentes nacionalidades que perderam
suas vidas, do lançamento da primeira bomba atômica nas cidades japonesas
e muitas outras atrocidades que o homem foi capaz de cometer nessa guerra,
motivado pelo poder.
Posteriormente, Ratzel repensou suas idéias e passou a admitir a natureza como suporte da
vida humana e não como determinação. Tal mudança de rota encaminhou-o ao ambientalismo,
que modernamente se desenvolveu apoiado na ecologia.
Sinal amarelo! Atenção! Para não acumular muitas informações, dificultando
sua aprendizagem, enfrente o desafio de sistematizar sua compreensão.
Bom exercício!
Atividade 4
1
2
10
Descreva, a partir de sua interpretação, a concepção de região
derivada do paradigma determinista.
Explique a relação entre o Determinismo de Ratzel e a eclosão da II
Guerra Mundial.
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sua resposta
1.
2.
As análises críticas sobre o Determinismo Geográfico o definem como uma ideologia das
classes sociais e dos países dominantes, que procuram justificar o poder, o desenvolvimento e
a expansão a partir das características do meio natural. Dessa forma, encobrem as razões que
conduziram os países a níveis diferenciados de desenvolvimento e domínio, o imperialismo,
transformando em “natural” uma situação que é histórica e socialmente construída.
O enfoque determinista exerceu grande influência sobre os estudiosos da época, que
acreditavam ser este a única vertente explicativa para os fenômenos geográficos.
Embora superado do ponto de vista científico, atualmente, ainda é possível constatar
o eco do Determinismo, basicamente em discursos políticos. De que forma? Um exemplo
pode ser extraído de discursos que identificam a seca como sendo a causa da situação de
pobreza e miséria de grande parte da população do Nordeste brasileiro ou do atraso da região.
Dessa forma, esconde-se a realidade, socialmente construída, sob o envoltório das condições
climáticas. De fato, o quadro socioeconômico do Nordeste não se construiu naturalmente,
mas ao longo de sua história a partir de relações de exploração e de poder, estabelecidas por
uma elite que tinha em suas mãos o comando da região e, assim, definia a trama das relações
intra-regionais e viabilizava os fios da articulação extra-regional. Sendo assim, o discurso
da seca serve, antes de tudo, à elite político-econômica, que se beneficia das políticas e dos
recursos canalizados para a região e desenvolvem estratégias que asseguram sua manutenção/
reprodução no poder. Desse modo, continuar a justificar a condição de subdesenvolvimento da
região Nordeste recorrendo a esse argumento distancia-se, sensivelmente, da compreensão
dos fatos em sua historicidade.
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Sinal amarelo! Atenção! Pare, pense e procure estabelecer relações entre as
informações sistematizadas no texto e o conhecimento já adquirido a partir
de sua realidade. Como fazer isso? Vejamos algumas questões que podem
nortear suas reflexões com base na realidade do semi-árido nordestino:
você já ouviu algum político ou representante da sociedade atribuir à seca as
responsabilidades pela falta d’água, pela pobreza, pela falta de trabalho, pela
quebra ou perda da produção agrícola, pela mortandade dos rebanhos? Há
referências desse discurso da seca, no seu município? Como e por quem ele é
propagado? E, sobre a “indústria da seca”, o que você sabe? Após essa leitura
crítica que envolve a realidade socioeconômica e ambiental do Nordeste semiárido, eis o desafio que espera você...
Atividade 5
Analise a relação entre o Determinismo Geográfico e o discurso sobre o
subdesenvolvimento da região Nordeste do Brasil, justificando a quem serve
tal discurso.
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Região humana ou geográfica
e Possibilismo Geográfico
C
omo reação às explicações e análises geográficas baseadas no Determinismo, ainda
no final do século XIX, surgiu o Possibilismo Geográfico, na França. Como você deve
ter estudado anteriormente, essa reação ao determinismo ambiental foi mais forte na
França, por existir uma situação de confronto entre ela e a Alemanha, associada à política
imperialista e aos interesses expansionistas dessas nações.
O Determinismo e o Possibilismo geográficos constituem os paradigmas da Geografia
Tradicional e tinham como foco de análises as relações Homem x Natureza. Então, em que
reside a diferença entre eles? A distinção situa-se no direcionamento do foco de estudo.
Enquanto o Determinismo considerava que a natureza determinava a vida do homem, ou seja,
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que este era um ser passivo que buscava se adaptar às condições geográficas do meio, o
Possibilismo concebia que a natureza era fornecedora de possibilidades para que o homem a
modificasse. Assim, o homem era visto como um agente ativo que, ao tomar conhecimento do
ambiente físico que o cerca, é capaz de modificá-lo (possibilidades ambientais) com base em
suas aptidões culturais. Dessa forma, tem-se a passagem da concepção de adaptação humana
à ação modeladora, “pela qual o homem com sua cultura cria uma paisagem e um gênero de
vida, ambos próprios e peculiares a cada porção da superfície da Terra” (CORRÊA, 1990, p.
28). Isso significa que na relação Homem x Natureza, esta pode influenciar e moldar certos
gêneros de vida, mas é sempre a sociedade, seu nível de cultura, de educação, de civilização,
que tem a responsabilidade da escolha, segundo a fórmula: o meio ambiente propõe e o homem
dispõe (GOMES, 1995, p. 56).
Deriva desses pressupostos o conceito de região humana ou geográfica, entendida como
um espaço em que as características naturais (físicas) e culturais (humanas) se interpenetram
como resultado de uma evolução histórica; em que conferem a um determinado espaço
características de homogeneidade que o diferenciam de qualquer outro espaço contíguo. A
região passou a ser vista como uma síntese entre o homem e o meio. Dessa forma, a ênfase
das análises geográficas recaiu sobre essa síntese, resultante das relações humanas sobre o
meio natural, e a região foi considerada o próprio objeto de estudo da Geografia.
Sinal amarelo! Atenção! Hora de reduzir a marcha para caminhar com
tranqüilidade pelas estradas do conhecimento. Pronto para a investida?
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Atividade 6
1
Analise os aportes teóricos do paradigma do Possibilismo
Geográfico.
2
Considerando os pressupostos possibilistas, explicite o seu
entendimento a respeito da concepção de região deles derivada.
sua resposta
1.
2.
A Escola Francesa de Geografia teve como principal expoente Paul Vidal de La Blache
(1845-1918), cujas teorias motivaram um retorno às análises físico-humanas, conduziram ao
estudo das relações e enfatizaram a importância da história para as abordagens geográficas.
Nesse sentido, sua contribuição foi decisiva para a formulação do conceito de região na
Geografia Possibilista.
As repercussões desse paradigma não se restringiram à França ou à Europa, difundindose por outras paragens na primeira metade do século XX. As idéias possibilistas atravessaram
o Oceano Atlântico e aportaram no Brasil, influenciando professores, geógrafos e técnicos,
principalmente nas décadas de 1930/1940. Os responsáveis por essa travessia foram os
pesquisadores e professores franceses que chegaram ao país, nesse período, para ajudar
a estruturar a base universitária da Geografia brasileira (BEZZI, 2004, p. 79). Tendo as
proposições vidalinas como norteadoras, em 1941, o Conselho Nacional de Geografia definiu
uma regionalização, que representou o primeiro esforço organizado de sistematização de uma
divisão regional do Brasil. Tal divisão tinha por objetivos uniformizar e tornar comparáveis entre
si os estudos e levantamentos estatísticos realizados pelos órgãos federais, fornecendo-lhes uma
base territorial comum, e servir de suporte para o ensino de Geografia nas escolas brasileiras.
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A divisão regional do Brasil tomou como referência inicial a escala macro, ou seja, de
divisão do todo (território brasileiro), que foi sendo subdividido em unidades menores que
iram desde as Grandes Regiões (unidades maiores), passando pelas Regiões e Sub-regiões
(unidades intermediárias) até as zonas fisiográficas (unidades menores).
Tendo por base o conceito de região natural, introduzido no Brasil, via influência francesa,
por Delgado de Carvalho em 1913, o território brasileiro foi dividido em cinco grandes regiões
naturais: Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste. Denotando a influência da Geografia
regional francesa, as grandes regiões definidas pelos caracteres naturais foram subdivididas
em zonas fisiográficas que, a despeito do nome, eram caracterizadas por elementos de ordem
humana, ou seja, socioeconômicos. Essa divisão regional foi a única oficialmente adotada pelo
governo brasileiro para ser usada pelos diferentes setores da gestão pública. Decorre desse
reconhecimento oficial o fato de que as zonas fisiográficas serviram de matriz territorial para
a sistematização e divulgação dos resultados dos censos de 1950 e 1960. Tal regionalização
perdurou até 1968, quando foi substituída por uma nova divisão regional.
TERRITÓRIO DO RIO BRANCO
AM
TERRITÓRIO DO AMAPÁ
PA
MA
CE
PB
PE
PI
TERRITÓRIO ACRE
TERRITÓRIO DO GUAPORÉ
LEGENDA
AL
BA
GO
MT
TERRITÓRIO DE
FERNANDO DE
NORONHA
RN
MG
NORTE
ES
SP
NORDESTE
RJ
PR
LESTE
SC
CENTRO - OESTE
RS
SUL
FONTE: ich.unito.com.br/.../images/chc/old/chc125b6.jpg. Adaptado.
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Sinal amarelo! Nova parada se faz necessária. Você percebeu como esse
universo da Ciência não é algo estranho e distante da realidade histórica e social
que nos envolve?
Atividade 7
1
2
O pensamento lablacheano foi importante para a produção geográfica.
Em que se baseavam as suas teorias?
A Geografia brasileira foi bastante influenciada pelo paradigma
possibilista. Quais as repercussões dessa situação?
sua resposta
1.
2.
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Resumo
A abordagem regional acompanha a trajetória histórica da Geografia e
está atrelada, em princípio, à noção de diferenciação de áreas. Nesta aula,
você estudou o conceito de região à luz do Determinismo Geográfico e do
Possibilismo, o contexto político em que tais paradigmas emergiram e os
principais diferenciais que os envolvem. Foi possível, ainda, evidenciar de que
forma os conceitos de região natural e região geográfica repercutiram no Brasil,
fundamentando as primeiras regionalizações do território nacional.
Auto-avaliação
1
2
3
18
Considerando os paradigmas do Determinismo Geográfico e do Possibilismo,
analise o diferencial existente entre os seus pressupostos teóricos.
Explique a relação entre as teses deterministas e a política, tendo como base o
pensamento ratzeliano.
As zonas fisiográficas constituem a primeira divisão regional oficial do Brasil,
tendo como referência microrregiões (pequena escala). Identifique a zona
fisiográfica em que se localizava o município em que você mora e compare
com a divisão microrregional atual. Houve mudança no recorte regional e em
sua identificação?
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Referências
BEZZI. M. L. Região: uma (re)visão historiográfica, da gênese aos novos paradigmas. Santa
Maria, RS: UFSM, 2004.
CORRÊA, Roberto Lobato. Região e organização espacial. São Paulo: Ática, 1990.
FERREIRA, Conceição Coelho. A evolução do pensamento geográfico. Lisboa, Portugal:
Gradiva, 1986.
GOMES, Paulo César da Costa. A região e sua discussão. In: CASTRO, Iná Elias de; GOMES,
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IANNI, Octávio. A sociedade global. São Paulo: Civilização Brasileira, 1996.
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RESENDE, Cyro. História econômica geral. São Paulo: Contexto, 1999.
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YÁZIGI, Eduardo. A alma do lugar: turismo, planejamento e cotidiano. São Paulo:
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Aula 10 Organização do Espaço
Material APROVADO (conteúdo e imagens)
Data: ___/___/___ Nome:______________________
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VERSÃO DO PROFESSOR
Anotações
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Aula 10 Organização do Espaço
Material APROVADO (conteúdo e imagens)
Data: ___/___/___ Nome:______________________
Organização do Espaço – GEOGRAFIA
EMENTA
Objeto de estudo da geografia; as correntes filosóficas que embasam o pensamento geográfico; espaço,
território,lugar, região e paisagem nas diversas abordagens geográficas; a importância das redes no estudo
geográfico do mundo globalizado; a ciência geográfica na sociedade pós-moderna:paradigmas, perspectivas
e dificuldades; as formas de abordagens dos temas geográficos no Ensino de geografia; atividades práticas
voltadas para a resolução de problemas referentes ao espaço geográfico em situações de ensino
AUTORAS
n Eugênia Maria Dantas
n Ione Rodrigues Diniz Morais
AULAS
01 Despertando para a leitura do espaço
02 Aprofundando o conceito de espaço
03 A Organização do Espaço: um desafio inter-trans-disciplinar?
04 A dinâmica entre o global e o local na globalização
05 Paisagem como categoria da análise geográfica
06 Lugar e (des) identidade
07 Território e territorialidade: abordagens conceituais
08 Território e territorialidade: abordagens conceituais (parte II)
09 Por entre territórios e redes: múltiplas leituras
10 Região e a Geografia tradicional
11 Região no contexto da renovação da geografia
2º Semestre de 2008
12 Organização do espaço: do universo conceitual ao ensino da Geografia