construindo saberes entre língua inglesa e cultura

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CONSTRUINDO SABERES ENTRE
LÍNGUA INGLESA E CULTURA
Kellen Lucy Santos Silva1
Miliane Moreira Cardoso Vieira2
Universidade Federal do Tocantins (UFT)
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo mostrar que existe uma construção de
saberes interculturais no ensino e aprendizagem de Língua Inglesa como Língua
Adicional (LA), no contexto de cultura. Visa, também, mostrar que as trocas culturais
além de serem inseparáveis do ensino de uma Língua Estrangeira, são importantes para
o aprendizado do idioma, pois um ensino intercultural deve desenvolver no aluno a
compreensão da cultura do outro. Para que isto ocorra, faz-se necessário um ensino
crítico e dinâmico, que faça do aluno um aprendiz que seja não apenas mais um falante
da nova língua, mas que seja também capaz de compreender e aceitar as diferenças
culturais que a nova língua traz consigo. Entender o contexto das situações que
acontecem em uma cultura evita os estereótipos culturais que muitas vezes são
provenientes de um julgamento prévio da cultura do outro. O objeto de pesquisa neste
trabalho é o blog Brazil and the United States: An intercultural exchange in Araguaína,
onde são publicadas todas as oficinas que Assistentes de Ensino de língua inglesa
oferecem para os alunos no campus universitário de Araguaína. Tendo como foco as
oficinas que abordam assuntos relacionados à cultura, coletamos dados através dos
comentários respondidos pelos alunos e das reações dos mesmos ao assistirem as
oficinas sobre cultura.
Palavras-chave: ensino, língua inglesa; cultura.
1
Bolsista de Extensão – PIBEX - [email protected]
2
Professora Orientadora de Bolsista de Extensão – PIBEX/UFT,
[email protected]
Realização
Campus Araguaína -
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Contextos Iniciais
Há três anos, o Conselho de Diretores da Comissão Fulbright aprovou a
proposta de manter, por um ano, jovens norte-americanos recém-graduados, com
alguma experiência em ensino de inglês, em instituições brasileiras interessadas em
utilizá-los como instrutores no Curso de Letras (Língua Inglesa). Esse projeto tinha
como objetivo melhorar a qualidade na formação dos futuros professores e promover
uma experiência intercultural aos envolvidos. Então surgiu o Programa English
Teaching Assistants, mais conhecido como ETA’s no Brasil. A pesquisa que será
apresentada nesse artigo está relacionada ao projeto Brasil-Estados Unidos: construção
de saberes interculturais, e pretende analisar as oficinas apresentadas pelas ETAs, que se
encontram na UFT câmpus de Araguaína.
Neste trabalho optou-se por usar o termo LA (Língua Adicional) como uma
nova língua aprendida para evitar problemáticas de terminologias relacionadas as
definições de LE ou L2. Haupt e Vieira (no Prelo), explicam que Leffa (1988) define
língua estrangeira como uma língua aprendida em um país cuja língua não é
oficialmente utilizada (exemplo do aluno brasileiro aprendendo inglês no Brasil), e
segunda língua como a língua aprendida no próprio país onde a língua é falada (aluno
brasileiro aprendendo inglês nos Estados Unidos). Porém, estas definições tornam-se
muito simplistas ao considerarmos casos específicos, como, por exemplo, o de uma
criança que nasce no Brasil, mas tem mãe de nacionalidade diferente, tornando assim
difícil saber definir qual é a primeira e segunda língua desta criança.
Quanto à organização deste trabalho, na primeira parte será apresentado o blog
criado pelas ETA’s, utilizado para divulgação e interação com os acadêmicos das
oficinas. Na segunda parte, busca-se refletir sobre a relação intrínseca do ensino de uma
Língua Adicional (LA) e cultura no ensino/aprendizagem, nesta parte veremos que as
trocas culturais são essenciais na aprendizagem de uma nova língua e que ao
aprendermos um novo idioma devemos também aprender a cultura do outro, pois assim
teremos sucesso na competência comunicativa. Na terceira parte, será feita uma breve
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análise de uma das aulas oferecidas pela ETA’s nas oficinas de cultura Americana. Na
última parte serão apresentadas as considerações obtidas através da pesquisa. Passamos
então, a apresentação do blog no próximo tópico.
1. Apresentação do Blog
Segundo Bittencourt (2004), no artigo elaborado para a oficina de blogs
pedagógicos da UFRGS, blogs são páginas na Internet onde as pessoas escrevem sobre
diversos assuntos de seu interesse, que podem vir acompanhadas de figuras e sons de
maneira dinâmica e fácil, além de outras pessoas poderem colocar comentários sobre o
que está sendo escrito. Esta ferramenta colaborativa permite que pessoas troquem
informações, conhecimentos e possam ser utilizados como laboratórios de escrita
virtual, possibilitando aos membros agirem, interagirem e trocarem experiências sobre
assuntos de mesmo interesse cooperativamente.
Os blogs sintetizam o espírito de cooperação e interação através de projetos
educacionais, desencadeando entre os participantes o exercício da expressão criadora
crítica, artística e hiper-textual. Através de estrutura, podemos exercitar o diálogo, a
autoria e a coautoria. Eles possibilitam, também, a re-interpretação de conceitos e das
práticas (BITENCOURT, 2004).
O blog Brazil and the United States: an intercultural exchange in Araguaína,
que se encontra através do endereço http://etauft.blogspot.com.br/, está disponível desde
março de 2011. Neste blog são postadas as oficinas que as ETA’s oferecem na
Universidade Federal do Tocantins (UFT). O objetivo desse blog é fazer com que haja
um reforço no aprendizado do aluno, através dele pode-se perceber interações de alunos
e as oficinas assistidas. Este serve também como divulgação do trabalho das ETA’s na
UFT de Araguaína. O blog favorece a imaginação e facilita a socialização através dos
comentários que podem ser postados. Permite ainda ao aluno manifestar suas idéias sem
restrições e propiciar a interação direta com as ETAs. Uma das ETA’s descreve o blog
da seguinte maneira:
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“Way for us (Danielle and I) to share our work with students, university, and
the winder community (Including other ETA). It´s also a space where students
can further with our classes – Francesca.”
Ao acessar o blog, o aluno terá contato com conteúdos propostos pelas ETAs e
essa troca imediata contribuirá para a difusão do conhecimento da cultura Americana,
gramática e vocabulário amplo para enriquecer a aprendizagem de Língua Inglesa,
como Língua Adicional (LA). Após termos esclarecido sobre o objeto de estudo neste
artigo, passaremos a discutir sobre cultura e ensino, a seguir.
2. Cultura e o ensino de língua Adicional
Compreendendo que língua e cultura andam de mãos dadas no espaço de
ensino/ aprendizagem de uma língua, tais aspectos são indispensáveis na prática
pedagógica de um professor de LA. Janice (2002, p.19) instiga que pensemos da
seguinte forma: “A língua é a mediadora da cultura; a cultura é interpretada pela língua;
a cultura é conservada e relatada através da língua, consequentemente, quando se fala
em língua fala-se em cultura, e quando se fala em cultura, fala-se em língua.”
Sabe-se que a aprendizagem de língua inglesa não se restringe somente a
aquisição de informações acerca da gramática e vocabulário de outra língua, pois além
de toda aprendizagem gramatical haverá também uma grande troca cultural, que surge a
partir do momento em que se estuda uma nova LA. Sendo assim, ao aprender uma
língua é necessário saber analisar e diferenciar os aspectos culturais, de acordo com o
contexto onde essa língua é falada.
Há uma grande variação de acepções do termo cultura, estudiosos renomados
como Malinowski, Brown, Halliday, e outros, disponibilizam uma série de definições de
cultura que se complementam; e entre os antropólogos, como Malinowski, verifica-se
uma visão universalista e uma visão particularista da definição de cultura, pois segundo
eles a cultura é considerada como uma totalidade de características de um grupo social.
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Para Malinowski, a cultura é um sistema funcional, seus elementos não podem
ser vistos isoladamente, pois eles são interdependentes. Segundo este antropólogo, a
cultura representa a totalidade social, o conjunto de todas as instituições, um “ambiente
artificial”, uma forma de resolver as necessidades humanas:
Cultura é um conjunto integral de instituições em parte autônomas, em
partes coordenadas. Ela se integra a base de uma série de princípios,
tais como: a comunidade de sangue, por meio da procriação; a
contiguidade espacial, relacionada à cooperação; a especialização de
atividades (...). Cada cultura deve sua integridade e sua
autossuficiência ao fato de que satisfazer toda gama de necessidades
básicas, instrumentais e integrativas (MALINOWSKI, 1994, p. 40) Tradução minha.
Sendo assim, cultura de um grupo ou de uma classe representa um estilo de
vida especial e distinto deste grupo ou classe, nela estão inclusos ideias e valores, seus
significados e como eles são refletidos nas instituições, nas relações sociais, nos
costumes, nos sistemas de crenças e tradições, no uso dos objetos e na vida material.
Segundo Sarmento (2004), os valores e as normas de comportamento variam
largamente entre as culturas, a autora explica que sociedades pequenas tendem a ser
culturalmente uniformes, mas sociedades industrializadas apresentam diversidade
cultural, envolvendo numerosas subculturas diferentes. Sendo assim, cada cultura expõe
seus próprios padrões de comportamento, que podem parecer muito estranhos quando
vistos por pessoas de outras culturas. Entretanto, todas as comunidades fazem sentido
em seu dia a dia, e, quando os seus hábitos nos parecem estranhos, é porque não
estamos entendendo seus comportamentos. Uma cultura deve ser estudada em termos de
seus próprios significados e valores, e não de uma maneira etnocêntrica, que é o
julgamento de outras culturas a partir da nossa própria cultura.
De acordo com a perspectiva da Gramática Sistêmico-Funcional, Halliday
(1985, p. 4, apud Vian Jr., 2012) define cultura como “um conjunto de sistemas
semióticos, um conjunto de sistemas de significação, que estão todos interrelacionados”. Segundo Halliday (1978, apud Vian Jr., 2012), a língua como semiótica
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social é o ponto central na compreensão de como a realidade cultural é desenvolvida e
representada. Assim, é necessário crer que essa realidade cultural é tão heterogênea e
heteroglóssica quanto à língua em si. Para o autor (Idem, p. 5), todo “conhecimento é
transmitido em contextos sociais por meio das relações humanas, como aquela que se
estabelece entre pais e filhos, entre professores e alunos, ou entre colegas, que se
definem nos sistemas de valor e de ideologias de uma dada cultura.”
A partir dessas definições, observa-se que a cultura sempre está sujeita a
mudanças, ela é um conhecimento que é aprendido e que pode ser repassado, não existe
uma cultura melhor ou pior que a outra, o que existe são contextos diferentes que devem
ser analisados e entendidos. Todas as “ações” que acontecem numa comunidade fazem
sentido para aquela determinada cultura, e mesmo que para uma cultura diferente pareça
estranho, é necessário que haja uma compreensão e não um julgamento prévio adquirido
de forma universal.
O ensino de uma LA, em um contexto cultural, objetiva um desempenho do
aluno que faça com ele tenha proficiência comunicativa, que possa promover uma
competência comunicativa intercultural. Essa competência destaca o encontro entre
culturas como parte essencial da vida contemporânea e do aprendizado de uma segunda
língua. Através dela haverá uma capacidade de realizar a atividade de fala por meio dos
recursos da língua que se estuda, de acordo com os objetivos e a situação, ou seja, são
incluídos o componente pragmático e o cultural da língua estudada. Kraviski e
Bergmann citam Bergmann (2002) e afirmam que:
A aprendizagem de uma língua estrangeira é diferente da
aprendizagem de outras disciplinas, principalmente pelo seu caráter
social, que prevê a interação, direta ou indiretamente, do indivíduo
com povos e culturas diferentes da sua. Estando contemplada na área
de conhecimento das ciências humanas, a aprendizagem de uma
língua adquire um caráter individual e único, já que exige processos
cognitivos ligados à experiência de vida de cada indivíduo. Conhecer
a comunidade na qual a língua-alvo está inserida é imprescindível,
principalmente, se considerarmos a língua como um dos códigos que
melhor representa a cultura de um povo (2002, p: 64).
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Brown (2000) segue esse mesmo pensamento, pois segundo ele, ao
aprendermos uma língua estrangeira estamos aprendendo também uma nova cultura,
pois para o autor língua e cultura estão sempre ligadas. Neste sentido, no aprendizado de
outra língua sempre ocorrerá um processo chamado por Brown de aculturação: “(...) A
language is a part of culture, and a culture is a part of a language; the two are intricately
interwoven so that one cannot separate the two without losing the significance of either
language or culture” (BROWN, 2000, p.177).
Com essas reflexões, percebe-se que ao aprendermos um novo idioma devemos
também aprender a cultura do outro e assim, teremos sucesso na nossa competência
comunicativa. O ensino de cultura faz com que o aluno desenvolva estratégias
necessárias para atuar socialmente na cultura da língua alvo. Portanto, é necessário que
haja o ensino com uma abordagem crítica e dinâmica, que faça o aluno refletir e que
seja capaz de entender o contexto das situações vividas pela outra cultura. Veremos a
seguir a análise de uma aula de LA envolvendo o ensino de cultura.
3. American Culture - Análise de uma aula
Podemos dizer que, alunos que aprendem uma LA somente em sala de aula,
provavelmente não terá muitas oportunidade de praticar essa língua falada
cotidianamente através de interações com nativos. Graças ao projeto Fulbright em
algumas universidades brasileiras, essa interação com um nativo da língua inglesa
ocorre. Como dito anteriormente, na UFT temos, anualmente, duas ETAs, portanto, a
comunidade acadêmica e a comunidade de Araguaína estão sendo beneficiadas com
essa interação.
Ao longo de 2013, uma das ETAs ofereceu uma oficina de American Culture.
Em uma dessas aulas, o tema escolhido pela ETA foi American Folklore. Nesta aula foi
apresentado aos alunos o que era folclore, e qual era sua importância, definida no blog
como:
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Folklore consists of the legends, music, proverbs, jokes, popular
beliefs and oral history of a culture or group, and the ways in which
these are passed down from one generation to another. Folklore is
unofficial, or non-institutional in that it is transmitted between people
not institutions (like governments, schools, or churches). Folklore is
important because it is part of the history of a culture and can help us
better understand other cultures, but folklore also transcends
boundaries by 'saying something appealing about the basic human
condition' (Tim Schafer).
Ao abordar a aula com este tema, a ETA intencionou que houvesse uma troca
de conhecimento intercultural, afinal através do folclore podemos aprender e entender
mais sobre uma determinada cultura, mesmo que não seja algo que verdadeiramente
tenha acontecido, mas através das estórias folclóricas pode-se compreender a respeito de
muitos assuntos em uma cultura. Após aprender sobre a definição e importância do
folclore, a sala foi divida em grupos e cada grupo recebeu uma folha com a estória de
alguns personagens do folclore Americano: Pocahontas, Johnny Aplessed, Pecos Bill e
Betsy Ross. Os grupos leram as estórias com o auxílio da ETA e em seguida, os alunos
interpretaram através de uma pequena peça teatral a estória aprendida.
A reação dos alunos foi extremamente positiva, através das apresentações
puderam aprender e repassar o que aprenderam sobre a cultura Americana, com estórias
de lutas por liberdade, e de grandes aventuras. A aula foi muito produtiva e serviu
também para que houvesse desmistificação de estereótipos existentes em relação à
cultura Americana. Os comentários foram: A)“ Ahh que legal, o povo de lá também têm
suas estórias folclóricas, eu não sabia disso! B) “Que estória interessante!”
No blog os alunos puderam falar sobre alguns personagens do nosso folclore
brasileiro e sua importância, os alunos citaram a estória de Yara, Vitória Régia, Lobo
Mal, Boto e Saci. Usar a própria cultura para ensinar inglês é muito importante, pois,
precisamos entender e compreender que podemos nos comunicar em outra língua, mas
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devemos valorizar nossa cultura e nossos valores, nossas estórias. Um professor ou
professora de LA precisa valorizar a formação de indivíduos responsáveis pela nossa
cultura e nossos valores, contribuindo com sua formação para cidadania.
Sendo importante que o professor ao ensinar sobre cultura Americana, como a
ETA, possibilite ao aluno não apenas aprender conteúdos da língua ou obter
informações pontuais sobre a cultura-alvo, mas construir conhecimento intercultural a
partir dessa experiência pedagógica, discutindo a visão que o outro tem de nós,
determinando se aceitamos ou rejeitamos essa visão e comparando semelhanças e
diferenças entre as concepções de mundo nas duas culturas.
Shi-xu e Wilson (apud MOTTA-ROTH e RICHTER, 2001) sugerem um
programa educacional intercultural em dois estágios. No primeiro, ao invés de ensinar a
língua e a cultura do outro a nossos alunos e futuros professores, devemos ensiná-los a
examinar criticamente a própria língua e a própria cultura: “Isso também significa
ajudá-los a entender as relações essencialmente de poder entre culturas nas quais a
comunicação desempenha papel central” (Idem, p. 91). No segundo estágio, devemos
cultivar uma força de vontade moral para, construir continuamente objetivos e ações
interculturais comuns com o outro: “criando, a necessidade de comunicação,
sustentando a comunicação e praticando-a pelo bem da humanidade (Idem, p. 91).”
Sendo
assim,
as
competências
comunicativas
dependem
das
competências
interculturais, da capacidade de vermos a cultura do outro em relação a nossa própria
cultura.
4. Algumas Reflexões e Encaminhamentos
Nesta pesquisa pretendemos investigar sobre o processo de aprendizagem de
Língua Inglesa como Língua Adicional, e os aspectos culturais. Inserir a cultura como
um segmento interdisciplinar nos conteúdos da LA torna-se algo importante, e as
abordagens sobre cultura devem ser mostradas de uma maneira contextualizada e
reflexiva, com o objetivo de oportunizar nos aprendizes uma ampliação de seus
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conhecimentos. O que se percebeu através de pesquisas é que há muitos casos em que o
conteúdo passado pelo professor consegue apenas fazer com que o aluno almeje tornarse uma “cópia” dos falantes nativos, sem levar em consideração a influência que sua
própria cultura exerce sobre os processos de comunicação.
O professor deve abrir espaço para a curiosidade e para a busca de novas
experiências na língua-alvo, o que se busca é um aluno que seja “mediador”,
BELTRÃO (2007) cita Byram, Gribkova e Starkey (2002, p.9) que definem: “um
mediador é um indivíduo que, na comunicação entre culturas diversas, tem sucesso não
somente transmitindo informações, mas também desenvolvendo relações pessoais”.
Para os professores de LA é exatamente este falante ou mediador – aquele que está “no
meio”, entre culturas, e que sabe administrar as diferenças nos processos comunicativos
que se busca moldar. Um aprendiz “mediador” saberá refletir a respeito de si mesmo, do
outro e, naturalmente, sobre a sua cultura e as outras culturas abordadas.
Se os professores seguirem essa metodologia de ensino, haverá um grande
avanço no ensino de uma LA, pois aprender uma nova língua é também aprender uma
nova cultura. Cabe então ao professor, a responsabilidade de criar na sala de aula este
ambiente apropriado à interculturalidade, mesmo isso sendo um grande desafio, acredito
que através desse entrelaçamento, um aprendiz de LA poderá obter uma aprendizagem
muito significativa.
Pretendemos continuar pesquisando nessa mesma abordagem de pesquisa no
projeto Construção de saberes interculturais, para que futuramente haja uma
contribuição significativa no ensino de uma LA no município de Araguaína, através das
oficinas que se pretende oferecer, contudo até aqui já podemos afirmar que cultura e
língua são fatores que sempre estarão ligados. Conclui-se, portanto, que inserir a cultura
como um segmento interdisciplinar nos conteúdos da língua estrangeira é importante, e
que essas abordagens sobre cultura devem ser mostradas de uma maneira
contextualizada e reflexiva, com o objetivo de oportunizar nos aprendizes uma
significativa ampliação de seus conhecimentos.
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BRAZIL and the United States: An Intercultural Exchange in Araguaína. American
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Class.
<HTTP://etauft.blogspot.com.br/2013/08/american-culture-class218.html.> Postado em 21/08/2013.
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