PREFEITURADA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Secretaria Municipal de saúde e Defesa Civil Subsecretaria de Promoção da Saúde, Atenção Primária e Vigilância em Saúde. Superintendência de Atenção Primária, Coordenação de Linhas de Cuidado e Programas Especiais, Gerência de Pneumologia Sanitária Rua Afonso Cavalcanti, 455. Sala 807. Cidade Nova. Rio de Janeiro. Cep: 20.211.901 Tel: 39711958 email:[email protected] NOTA TÉCNICA nº 1 DE 2015 SMS-RIO/SUBPAV/SAP/CPNASF Recomendações sobre o atendimento, instrumentos e ferramentas do fisioterapeuta no trabalho dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) Introdução O NASF foi instituído com o objetivo de ampliar a abrangência e o escopo das ações da Atenção Primária, por intermédio da ampliação da clínica, auxiliando no aumento da capacidade de análise e de intervenção sobre problemas e necessidades de saúde, tanto em termos clínicos quanto sanitários. Apesar de tratar-se de apoio especializado, os NASF fazem parte da Atenção Primária à Saúde e seu acesso deve se dar a partir das demandas identificadas no trabalho conjunto com as equipes da Estratégia Saúde da Família a fim de fortalecer a responsabilidade das equipes de Atenção Primária e a coordenação do cuidado nas Redes de Atenção à Saúde. As ações da fisioterapia na Atenção Primária fundamentam-se no conhecimento epidemiológico, demográfico, social, na identificação dos problemas de saúde mais prevalentes da população e, de forma específica, sobre a prevenção e tratamento dos distúrbios cinético-funcionais. É importante salientar que a ação da fisioterapia no NASF não deve caracterizar-se como as práticas operadas nos ambulatórios tradicionais. O acesso dos usuários às atividades fisioterapêuticas deve ser regulado pela equipe de referência mediante discussão do caso. O espaço preferencial para que isso aconteça é a reunião de equipe, onde deve ter participação de pelo menos um profissional do NASF, ou após a discussão do caso com o profissional da equipe de referência. Na discussão dos casos, serão decidas, de forma compartilhada, as questões referentes aos critérios que nortearão a avaliação, o acompanhamento, a alta, a reavaliação e o acionamento nos casos de urgência; ao tipo de ferramenta e materiais/adaptações a serem utilizadas no manejo do caso; a possibilidade de elaboração de um Projeto Terapêutico Singular (PTS). A proposta é que mediante a discussão de um caso específico, planos terapêuticos individuais e coletivos possam ser traçados, protocolos validados e o espaço da reunião de equipe seja um dispositivo de educação permanente, ampliando assim o escopo de cuidado da Atenção Primária. Quanto ao compartilhamento do cuidado do usuário com outros pontos de atenção, ressalta-se que a decisão seja tomada pela equipe de Atenção Primária, juntamente com o NASF, e orientada por uma classificação de risco e vulnerabilidade em que o tripé periodicidade/frequência, gravidade e acessibilidade seja considerado. Sendo assim, a capacidade de deslocamento do usuário, gravidade do caso, exigência de atendimento ambulatorial frequente, situação clínica, presença ou não de uma rede de apoio ou de um cuidador, grau de acessibilidade, posse de benefício e o prognóstico do caso são parâmetros de relevância nas discussões, caso se confirme a necessidade de assistência em outro nível de complexidade. Nesse sentido, cabe lembrar que o usuário deverá ser referenciado para os demais pontos de atenção à saúde por meio do Sistema de Regulação Interna (SISREG). A emissão de laudos, pareceres, relatórios e de atestado, a fim de qualificar o itinerário terapêutico do paciente, é de responsabilidade do fisioterapeuta em conjunta com a equipe de referência de Atenção Primária. Para os casos de usuários que estão aguardando regulação no SISREG, o fisioterapeuta, em conjunto com as equipes e Responsáveis Técnicos (RT), deverá analisar criticamente as filas de espera das consultas e procedimentos de fisioterapia, fisiatria, incontinência urinária, ortopedia e exames de imagem articulares, de modo a viabilizar os atendimentos e reduzir possíveis demandas reprimidas. Objetivo Estabelecer parâmetros para a atuação dos fisioterapeutas atuantes no NASF, de acordo com condições e agravos mais prevalentes na rotina de atendimento da APS. Escopo do trabalho Atividades previstas Atividade coletiva na unidade de saúde e nos equipamentos sociais do território; Atendimento individual (compartilhado e específico); Visita domiciliar (compartilhada e específica); Reunião de equipe NASF; Participação na reunião de equipe da Atenção Primária; Prevenção de comprometimentos cinético-funcionais que possam limitar as atividades de vida diária (básicas, instrumentais, laborais e de lazer); Elaboração do Diagnóstico Cinesiológico Funcional; Identificar pessoas com deficiência no território, mapear a rede de atenção à saúde existente, utilizar métodos de classificação de risco e vulnerabilidade, e pactuar fluxos de forma conjunta com as equipes vinculadas; Realizar intervenções de reabilitação considerando a avaliação funcional e sócio familiar, os objetivos a curto, médio e longo prazo e os recursos disponíveis; Realizar cuidado aos pacientes que se encontram com dificuldade de locomoção ou alterações funcionais que limitem suas atividades, que necessitam de cuidados paliativos, atenção em reabilitação e que estão impossibilitados pela condição de saúde ou barreiras geográficas de se deslocarem até as unidades de saúde e, por estas singularidades, necessitam do cuidado no domicílio para a continuidade da atenção. Planejamento, organização, construção de projetos terapêuticos em relação às atividades fisioterapêuticas; Estabelecimento de rotinas para a assistência fisioterapêutica fazendo adequações de materiais, caso seja necessário; Registro no prontuário eletrônico, das prescrições fisioterapêuticas, sua evolução, as intercorrências e as condições de alta da assistência; Elaboração de pareceres técnicos especializados, sempre que solicitados; Elaboração de cartilhas que auxiliem e orientem os usuários e cuidadores quanto ao cuidado a ser realizado; Contribuição para o aprimoramento de outros profissionais de saúde visando autonomia da equipe para o cuidado; Orientação de estágios e participação de programas de treinamento em serviço; Condições e agravos No apêndice I estão apresentadas as principais condições e agravos trabalhados pelos profissionais fisioterapeutas. Entretanto, outras condições e agravos que possam ser manejados pelo NASF devem ser avaliados e considerados pelo profissional. Lista de materiais de apoio ao trabalho Abaixo, segue a lista de materiais sugeridos ao trabalho do fisioterapeuta do NASF. Os materiais sugeridos podem ser adaptados em função dos recursos do usuário e do território. Aparelho de propriocepção; Bambolê; Bastão; Bola; Caneleira; Colchonete; Estesiômetro; Faixa elástica; Halter; Mecanismos de incentivo inspiratório e de resistência expiratória Nebulizador CONDIÇÕES E AGRAVOS Traumato-Ortopédico Situações Exemplos Atividades Algias vertebrais; Fraturas de membros sup e inf; Lesões ligamentares; Pré e pós operatório de Lombalgia; Lesão de manguito rotador; cirurgias ortopédicas; entorses; pós-imobilização Lesão meniscal Orientação analgesia; Orientação cinésioterapica; eletrotermoterapia Reumatológico Situações Artralgias inespecíficas; Espondiloartrose Exemplos Atroses em geral; Hérnia de disco; Gonartrose; coxoartrose; Tendinites; Bursites, Atividades Orientação analgesia; Orientação cinésioterapica e termoterapica domiciliar Neurológico Situações Exemplos Atividades Paralisias em geral; Tremores; Perda de equilíbrio; Diminuição de força muscular; Alteração da sensibilidade; Atraso no desenvolvimento neuromotor; Alteração na marcha Sequela AVC; Paralisias periféricas; Atraso no desenvolvimento neuromotor; Doença de Parkinson; Neuropatias; lesões cerebelares; TRM; Condutas cinesioterapicas e termoterapicas possíveis de serem realizadas pela AP, cuidadores e usuários; Identificar, TCE compartilhadamente, com as equipes de referência as pessoas com seqüela ou que sofreram AVC no território Respiratório Situações Exemplos Enfisema Pulmonar/bronquite crônica; asma brônquica; doenças Disfunções do sistema respiratório obstrutivas e neuromusculares; sequelas de restritivas de baixa e média complexidade tuberculose e alterações posturais/osteoarticulares relacionados aos músculos e estruturas envolvidas no processo respiratório Atividades Avaliação funcional respiratória; Orientação para prevenção ambiental; Discussão sobre necessidade de suporte medicamentoso; Apoio na abordagem da temática doenças respiratórias nas escolas, identificando respiradores bucais e problemas posturais; Orientação de equipes e cuidadores sobre possíveis técnicas de fisioterapia respiratória e motora prevenindo agudizações ou crises com enfoque nas técnicas de remoção de secreções brônquicas e exercícios ventilatórios. Pessoas com deficiência permanente Situações Exemplos Atividades Deficiências físicas em geral Auxiliar as eSF na identificação das pessoas com deficiência do território bem como suas condições de saúde e suas necessidades; Orientar as eSF no acolhimento, apoio e orientação às famílias para o manejo das situações decorrentes da deficiência; Identificar com a eSF os impedimentos e facilitações de acesso ao território; Apoiar as eSF no compartilhamento do cuidado aos outros níveis de atenção e na articulação intersetorial para a aquisição de tecnologias assistidas (próteses, órteses, meios auxiliares de locomoção,recursos ópticos etc); Orientar o cuidador no melhor manejo Cadeirantes; Amputados; Deficientes do deficiente prevenindo outras complicações ou deformidades no processo de manutenção da autonomia e visuais e auditivos independência funcional ressaltando as potencialidades de cada indivíduo. Pé de risco Situações Exemplos Alteração de sensibilidade; alteração do pulso Diabetes; pedioso; perda de solução de continuidade da pele Hanseníase Atividades Doenças Identificar, de forma compartilhada com as eSF, de situações onde há risco eminente de complicações (amputações) ; vasculares; Articular de forma compartilhada com as eSF estratégias para a realização de ações que proporcionem o aumento da abrangência do auto cuidado Pessoas restritas ao leito ou ao domicílio Situações Exemplos Atividades Auxiliar as eSFna identificação de pessoas restritas ao leito ou ao domicílio; Orientar o cuidador e eSFpara manejo e cuidado do acamado assim como a prevenção de possíveis complicações geradas pela restrição; Propor intervenção junto a eSF para idosos frágeis que se encontrem em situação de vulnerabilidade, quanto ao risco de quedas e imobilismo. Todos as condições patológicas que Todas as condições e agravos de forma transitória levam a restrição ao leito ou ao ou permanente domicílio Saúde do Trabalhador Situações Exemplos Atividades Identificar, de forma compartilhada com as eSF, as doenças ocupacionais comuns no território fornecendo orientações aos trabalhadores para a redução de agravos à saúde; Realizar grupos terapêuticos para tratar problemas ocasionados pelo trabalho passíveis de serem abordados na AP; Encaminhar os pacientes para a atenção secundária quando necessário; Encaminhar os pacientes para o CEREST (Portaria Ministerial 1.679/2002, os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador - CERESTs); Adequar espaços para evitar agravos; Estar atento aos problemas de saúde relacionados ao Hérnia de disco; tendinites; bursites; trabalho dos pacientes adscritos no território; Promover ações terapêuticas preventivas a instalações de processos que Sequelas por acidente de trabalho; LER/DORT; deficiências permanentes; levam a incapacidade funcional laborativa; Analisar os fatores ambientais contributivos ao conhecimento de distúrbios complicações respiratórias pneumoconiose funcionais laborativos; Desenvolver programas coletivos contributivos à diminuição dos riscos de acidente de trabalho