Utilização de grupos geradores diesel em horário de ponta James Masseroni1 Cristina Maria de Oliveira2 Resumo: Como tentativa de reduzir o pico de carga que ocorre no final da tarde e início da noite, as concessionárias, ou seja, as empresas fornecedoras de energia elétrica, penalizam os consumidores industriais elevando em até três vezes o preço da energia no chamado horário de ponta em relação ao valor cobrado fora de ponta. Este aumento de preço é bastante expressivo, fazendo com que o custo da energia passe a ser mais representativo no total do produto, forçando os empresários a buscar alternativas para não perder competitividade. Uma das alternativas usuais é a redução de produção no horário de ponta, porém quando a demanda do mercado não permite tal atitude, a solução é buscar uma fonte própria de energia e, neste caso, o grupo gerador diesel passa a ser uma opção relativamente barata e rápida. Palavras-chave: Grupo motor gerador diesel em horário de ponta. Tarifa horosazonal. Horário de ponta. Abstract: As an attempt to reduce the electric change peak that occurs at the end of afternoon and at the beginning of evening, the dealers, that is, the supplying companies of electric energy, distress the industrial consumers, raising the price of energy up to thru during this specific schedule in relation to the changed price. This raise of price is very relevant, making the energy cost be more representative in amount of the product, forcing some businessmen to search alternatives for not lose the competitiveness. One of the usual alternatives is the reduction of production during this specific schedule, however when the market demand does not allow such attitude, the solution is to search one source of own energy, and, in this case, the generator group of diesel can be a very cheap and quick option. Keywords: Motor generator group of diesel in peak time. Horoseasonal tax. Peak time. Introdução O presente estudo bibliográfico tem como objetivo avaliar a viabilidade econômica desta alternativa calculando o custo operacional total de um grupo gerador, baseando-se em dados dos fabricantes e em informações relativas a manutenção obtidas com empresas prestadoras de assistência técnica. A partir de dados levantados para a elaboração do referido estudo, será feito o estudo de viabilidade econômica para três empresas com atividades econômicas diferentes. 1 2 Pós-graduando do curso de Eficiência Energética – SENAI/FATEC PoA. Professora Orientadora/disciplina de Metodologia Científica. Revista Modelos – FACOS/CNEC Osório Ano 2 –Vol.2 – Nº2 – AGO/2012 – ISSN2237-7077 52 Metodologia aplicada O presente artigo é um estudo bibliográfico cuja metodologia é baseada em dados obtidos através de pesquisas em materiais fornecidos pelas empresas estudadas, bem como por materiais fornecidos por empresas públicas que disponibilizam as normas vigentes a serem seguidas. Todo sistema elétrico deve ser dimensionado para suportar seus momentos de maior carga, não importando se tratar da distribuição de energia de uma residência ou dos sistemas de geração e distribuição de uma concessionária que forneça energia para todo um estado. Analisando uma concessionária, por exemplo, em sua curva típica de carga, nota-se um pico no período compreendido entre o final do horário comercial e o início da noite, que ocorre porque neste horário um grande número de consumidores residenciais chega em casa e começa a utilizar com mais intensidade a energia. É neste horário que grande parte das pessoas utiliza seus chuveiros elétricos, seus televisores, seus aparelhos de som, mantendo um número razoável de lâmpadas acesas, enfim, é neste horário que os consumidores residenciais utilizam simultaneamente diversos aparelhos elétricos. Porém, neste mesmo horário, muitas indústrias permanecem trabalhando em regime normal ou com uma pequena redução de carga e essa simultaneidade faz com que as concessionárias sintam a maior demanda de energia de todo dia. Com a intenção de eliminar ou minimizar este problema, o antigo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica, o DNAEE, criou, para os consumidores que recebem energia em alta tensão (indústrias em sua maioria), as chamadas tarifas horo-sazonais. Nestas tarifas a medição e o faturamento da energia passaram a ser divididos em Horário Fora de Ponta, para o qual foram definidos preços bastante acessíveis, e Horário de Ponta, no qual a energia passou a custar aproximadamente 3 vezes mais. Revista Modelos – FACOS/CNEC Osório Ano 2 –Vol.2 – Nº2 – AGO/2012 – ISSN2237-7077 53 O Horário de Ponta, por definição do DNAEE, consiste em quaisquer três horas consecutivas, nos dias úteis, compreendidas entre as 17 e às 22 horas a escolher pela concessionária de cada região. Como exemplo, pode ser citada a escolha da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), concessionária que atende uma parte do Rio Grande do Sul, a qual subdivide os horários de Ponta e Fora de Ponta do seguinte modo: Horário de Ponta das 18:00 às 20:59 horas nos dias úteis; Horário Fora de Ponta das 21:00 às 17:59 horas do dia seguinte nos dias úteis e durante todo dia nos fim de semana. Além da segmentação horária, estas tarifas também passaram a apresentar segmentação sazonal, ou seja, diferenciar o custo da energia entre período seco (meses com baixo índice de chuvas) e úmido (meses com alto índice de chuvas). Os períodos secos e úmidos foram definidos pelo DNAEE e são válidos para todo Brasil, sendo o primeiro nos meses de maio a novembro e o outro nos meses de dezembro a abril do ano seguinte. Antes da criação das tarifas horo-sazonais, a tarifação no país não tinha qualquer segmentação e, para os consumidores de alta tensão, era cobrada a tarifa binômia, hoje chamada de Tarifa Convencional, na qual são faturados o pico de potência (demanda) e o consumo total registrados entre duas leituras. Foram escolhidos os consumidores industriais pelo fato destes serem os responsáveis pela maior parcela do consumo total de energia e, se comparados aos residenciais, se apresentarem em menor número, o que representa um menor número de medidores especiais (com leituras por segmento horário) a instalar na implantação do novo sistema tarifário. Para incentivar a mudança para as tarifas horo-sazonais, foram estabelecidos valores de tarifas para o horário fora de ponta significativamente inferiores à Tarifa Convencional, o que, mesmo com as altas tarifas do horário de ponta, representava Revista Modelos – FACOS/CNEC Osório Ano 2 –Vol.2 – Nº2 – AGO/2012 – ISSN2237-7077 54 um custo global menor, desde que a energia fosse bem administrada e que a tarifa horo-sazonal fosse bem contratada, principalmente no horário de ponta. Com isto, as empresas começaram a optar pelas tarifas horo-sazonais conseguindo reduções reais nos gastos com energia. Apesar da redução do pico conseguida pelos fornecedores de energia, com o atual crescimento industrial do Brasil, a situação das concessionárias já é bastante preocupante, os sistemas de geração e distribuição estão com carga máxima nos horários de pico e sem perspectiva de solução a curto prazo. Além disto, os valores das tarifas horo-sazonais já não são mais encarados como uma economia e os empresários estão buscando alternativas para reduzir o custo e garantir o fornecimento de energia elétrica tendo em vista o ocorrido em 2001 o chamado “apagão”. No final do ano 2000 a atual agencia regulamentadora Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), prevendo o “apagão”, emitiu uma resolução para adequar o país a nova situação energética. Considerações finais Através do apresentado neste texto, podemos concluir que optar pelo desligamento da energia proveniente da rede concessionária no horário de ponta, substituindo esta por grupos geradores diesel, pode ser um grande negócio, trazendo uma redução considerável nos gastos com energia elétrica e praticamente financiando a compra do equipamento. Outro fator de grande importância, que se soma as vantagens já apresentadas, é a não interrupção da produção durante faltas da rede concessionária, evitando pesados prejuízos com mão de obra parada, atraso na produção, perda de matéria prima, etc. É importante observar que a economia proporcionada varia de acordo com o perfil de carga de cada empresa, devendo ser feita uma análise completa para cada caso. Revista Modelos – FACOS/CNEC Osório Ano 2 –Vol.2 – Nº2 – AGO/2012 – ISSN2237-7077 55 Para empresas com porte diferente, devem ser calculados os custos operacionais dos grupos geradores adequados para as mesmas. Por fim, este trabalho mostrará os resultados obtidos com a geração diesel no horário de ponta, alternativa desconhecida para maioria dos empresários em todo país, apresentando, em muitos casos, reduções superiores a 30% no gasto com energia elétrica. Referências CHEDE, G.J. Avaliação de Máquinas, Equipamentos e Noções Sobre Conjuntos Industriais. Porto Alegre: Editado pelo autor, 1978. HIRSCHFELD, H. 1989. Engenharia Econômica e Análise de Custos. São Paulo: Editora Atlas, 2000. NETO, J. C. & CRUZ, V. 1988. Faça as Contas: Azul, Verde ou Convencional?, Revista Eletricidade Moderna. Edição de Maio de 1997, MM Editora, São Paulo. Revista Modelos – FACOS/CNEC Osório Ano 2 –Vol.2 – Nº2 – AGO/2012 – ISSN2237-7077 56