Provinha n 4 - Tecnicas de cultivo - para o 01

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TÉCNICAS DE CULTIVO
Engº. Agrº. Erasmo José Paioli Pires
Engº. Agrº. Fernando Picarelli Martins
1. Introdução
2. Escolha da área
3. Preparo do solo
4. Implantação do vinhedo
4.1. espaçamento
4.2. demarcação do terreno
4.3. abertura e adubação das covas
4.4. Porta-enxertos
4.4.1. Preparo dos porta-enxertos
4.4.2 Plantio dos porta-enxertos
4.4.3. Controle fitossanitário dos porta-enxertos
5. Condução e poda
5.1. Modalidades de poda
5.2. Definições e objetivos da poda
5.2.1. Poda de inverno
5.2.2. Poda verde
5.2.3. Podas especiais
5.2.3.1. Nordeste brasileiro
5.2.3.2. Região noroeste do estado de são paulo
5.3. Execução dos cortes de poda
5.4. Sistemas de condução e poda
5.4.1. Condução em espaldeira e poda curta
5.4.2. Condução em latada e poda longa
5.4.3. Condução em manjedoura e poda longa
5.5. Instalação e manutenção do sistema de condução
5.6. Tratamento de mourões
6. Tratos culturais de manutenção do vinhedo
6.1. Tratamento fitossanitário
6.2. Controle de plantas infestantes
6.3. Manejo do solo do vinhedo
6.3.1. Solo coberto
6.3.2. Solo parcialmente coberto
6.3.3. Solo limpo
6.4. Amarração
7. Quebra da dormência
8. Reguladores de crescimento (idem, idem)
10. Proteção do vinhedo
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1. INTRODUÇÃO
O cultivo da videira no Brasil apresenta aspectos regionais diferenciados devido à utilização de bom
número de técnicas diversas, objetivando a mesma finalidade.
Neste capítulo procurou-se oferecer um quadro geral dessas técnicas, apresentando, sempre que
possível, as alternativas nas principais regiões produtoras, com ênfase na viticultura de mesa.
2. ESCOLHA DA ÁREA
Os fatores que devem ser levados em conta, quando da escolha da área para a implantação do
vinhedo são vários, e os principais são a exposição e a declividade do terreno.
Assim sendo, caso haja possibilidade de escolha da área, deve ser lembrado que os terrenos mais
indicados para a instalação de um vinhedo são aqueles com exposição para o norte, onde é melhor a
incidência dos raios solares. Outras boas exposições são as voltadas para o nordeste e noroeste. Os terrenos
com exposição para o sul devem ser evitados sempre que possível, pois essa é uma situação em que as
plantas ficam sujeitas aos danos causados pelos ventos, geralmente frios e fortes. Caso contrário, deve-se,
desde logo, tratar de proteger o vinhedo, com a instalação de quebra-ventos.
Quanto à topografia, pode-se afirmar que os inconvenientes resultantes da declividade são
diretamente proporcionais a esta, de modo que são tanto mais acentuados, quanto mais íngremes forem os
terrenos. Dessa forma, os melhores terrenos são os planos, por facilitar sobremaneira não só o preparo do
solo, mas também todas as práticas culturais que, rotineiramente, são desenvolvidas no vinhedo. Devem, no
entanto, ser descartadas as baixadas que, embora planas, sejam excessivamente úmidas. Para as regiões onde
a topografia não é plana, os mais recomendados são os terrenos de meia-encosta, uma vez que, quase sempre,
apresentam boa drenagem e são menos sujeitos às geadas tardias, quando comparados com terrenos de
baixada. Nos terrenos de declividade acentuada, superior a 20%, a implantação do vinhedo torna-se
dispendiosa, diante da necessidade da adoção de práticas conservacionistas para defesa contra a erosão, além,
evidentemente, das grandes dificuldades que advêm para a realização dos tratos culturais.
Quando da escolha da área deve-se, ainda, considerar a disponibilidade de água para facilidade da
realização dos tratamentos fitossanitários, indispensáveis para a manutenção da sanidade do vinhedo, e
também para a irrigação, principalmente quando se pretende cultivar variedades de uvas finas de mesa, onde
a prática se constitui em importante fator de produção.
Outro fator a ser levado em conta, é a existência de estradas que tornem fácil o acesso ao vinhedo e,
o que é muito importante, possibilitem o rápido e seguro escoamento da produção.
3. PREPARO DO SOLO
Inicialmente, alguns meses antes do preparo do solo, propriamente dito, deve-se providenciar a sua
amostragem, para realização das análises químicas que indicarão as correções que se farão necessárias ou
não, tendo em conta as exigências da cultura. Nunca é demais salientar a importância dos cuidados que
devem ser tomados quando da amostragem, pois que, por mais bem feitas que sejam as análises, elas não
corrigem falhas na retirada das amostras ou na sua representatividade, podendo, em razão disso,
comprometer todo o programa de calagem e adubação, recomendado em decorrência dos resultados obtidos.
Com relação ao preparo do solo, deve ser ressaltado que, na cultura da videira, esta operação
assume grande importância para o êxito do empreendimento, pois que dela dependerá não só o vigor das
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plantas e sua produção, mas também a duração do vinhedo. Em se tratando de cultura permanente, a
oportunidade de se proporcionar às plantas um solo profundo e bem trabalhado é única, já que fica afastada a
possibilidade de se proceder a sua movimentação, após a implantação do vinhedo.
O preparo do solo é operação que deve ser realizada com bastante antecedência em relação à
instalação da cultura. Com ele se visa condicionar fisicamente o solo, de modo a permitir o livre crescimento
do sistema radicular, facilitando a absorção dos nutrientes essenciais ao desenvolvimento da videira. Esta
operação serve também para, através da adoção de práticas conservacionistas apropriadas para cada caso,
evitar a erosão e, dessa forma, manter a fertilidade do solo.
Dependendo das condições em que o terreno se encontra, o preparo inicia-se com uma roçadura,
executada manual ou mecanicamente, para eliminação da vegetação existente. Não se deve queimar o
produto da roçadura, mas somente providenciar a retirada do material mais grosseiro, sendo o restante
incorporado ao solo, posteriormente. Caso o terreno esteja coberto por vegetação de maior porte, é de todo
aconselhável que, após a sua derrubada, se proceda ao destocamento, sem o que o preparo do terreno será
prejudicado. Posteriormente, o manejo do vinhedo também será bastante dificultado pela presença dos tocos.
A drenagem do terreno é prática recomendável em locais onde o lençol freático é superficial.
A subsolagem ou surriba, algumas vezes, também se mostra necessária para o adequado preparo do
solo. Nesse caso, é normalmente feita em todo o terreno, a uma profundidade de 50 a 60cm, de preferência
com o emprego de trator de esteira. No caso de terrenos argilosos e compactos, pobres em matéria orgânica,
há evidências de que a subsolagem beneficia o desenvolvimento inicial das plantas, ao passo que ela se
mostra dispensável, no caso dos terrenos arenosos.
Em algumas regiões vitícolas, o preparo do solo consta, simplesmente, da abertura de valetas no
sentido das linhas de plantas, na qual, posteriormente, de espaço em espaço, serão marcados os locais onde
deverá ser feito o plantio dos porta-enxertos. Tais valetas podem ser abertas por meio do emprego de
valeteadeiras de tração mecânica, que realizam o trabalho de maneira rápida e eficiente (Estampa 1).
Caso a análise de solo tenha mostrado a necessidade de calagem, para correção da acidez, deve-se
proceder à aplicação de calcário, em área total, para que sua incorporação ao solo seja feita o mais
profundamente possível, por ocasião da aração.
Por fim, para mobilização total do solo, o que possibilita melhor desenvolvimento do sistema
radicular da videira, faz-se a aração do terreno, tão profunda quanto necessária ou possível, de acordo com o
tipo de solo e com o uso que tinha anteriormente. A seguir, procede-se à gradagem, para uniformização do
terreno. A aração e a gradagem devem ser repetidas o número de vezes suficiente para permitir a perfeita
incorporação dos restos vegetais e do calcário, caso tenha sido aplicado.
Na região de Indaiatuba, SP, o preparo do solo é feito mediante duas subsolagens cruzadas,
executadas na profundidade de 0,4-0,5m. Depois disso, são feitas três arações cruzadas, a 0,3-0,4m.
É evidente que nem sempre podem ser executadas todas as operações recomendadas para o
adequado preparo do terreno, em face das limitações impostas sobretudo pela topografia do terreno. Em tais
situações o preparo do solo será menos perfeito ou completo, limitando-se, na maioria das vezes, à abertura
de covas para o plantio.
4. IMPLANTAÇÃO DO VINHEDO
Após o preparo do solo, seguem-se diversas operações seqüenciais para a correta implantação do
vinhedo.
4.1. ESPAÇAMENTO
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O espaçamento de plantio a ser adotado na cultura da videira varia em função de alguns fatores, dos
quais os principais são a declividade do terreno, a variedade que vai ser cultivada, a fertilidade do solo e o
sistema de condução adotado.
Nos terrenos planos, por permitirem tratos culturais mecanizados, os espaçamentos entre as linhas
de plantas geralmente são maiores do que os recomendados para os terrenos com declividade.
Do mesmo modo, as características de vigor da combinação copa/porta-enxerto a ser cultivada, têm
sua influência sobre o espaçamento de plantio. Ele será tanto maior, seja na linha de plantas, como também
nas entrelinhas, quanto mais vigorosa for a variedade escolhida.
A fertilidade do solo, assim como o sistema de condução, podem possibilitar maior ou menor
desenvolvimento das videiras. Assim, terrenos férteis e sistemas de condução que permitem grande expansão
vegetativa das videiras, condicionam espaçamentos maiores, tanto entre as plantas, como entre as linhas.
De modo geral, para as variedades vigorosas, conduzidas nos sistemas de latada ou manjedoura, sob
o regime de poda longa, os espaçamentos recomendados variam de 3 a 4m entre as linhas de plantas e de 2 a
3m entre as plantas na linha.
Já para as variedades menos vigorosas, conduzidas no sistema de espaldeira, com poda curta, os
espaçamentos variam de 2 a 2,5m entre as linhas e de 1 a 1,5m entre as plantas.
Assim, em decorrência do espaçamento, o número de plantas por hectare pode variar de 833 a
5.000, conforme se adote o maior ou o menor dos espaçamentos citados, que são, respectivamente, 4 x 3m e
2 x 1m.
Na microregião de Indaiatuba, SP, para o cultivo do ‘Niagara Rosada’ enxertado sobre ‘Ripária do
Traviú’, o espaçamento varia de 1,75 a 1,8m entre linhas e de 0,75 a 0,8m entre plantas na linha. Se, no
entanto, o porta-enxerto for o IAC 766, que é mais vigoroso, o espaçamento entre plantas é aumentado em
torno de 50%, elevando-se para 1,1 a 1,2m. Por outro lado, dependendo do maquinário empregado pelo
produtor, o espaçamento entre linhas pode se reduzir para até 1,6m.
Na viticultura do Rio Grande do Sul, os espaçamentos mais adotados variam de 2,5 a 3m entre as
linhas e de 1,5 a 2m entre as plantas na linha, do que resulta a densidade de 1.666 a 2.666 plantas por hectare.
No Vale do São Francisco, por sua vez, os espaçamentos recomendados são de 3 x 3m ou 4 x 2m,
no caso de variedades enxertadas sobre porta-enxertos vigorosos, e de 3 x 2,5m ou 3 x 2m, quando o portaenxerto usado é menos vigoroso.
Na região mineira de Caldas é recomendado, para as variedades muito vigorosas, o espaçamento de
2,2 m entre as linhas e de 2,0 m entre as plantas na linha, desde que o sistema adotado seja o de espaldeira,
com condução em cordão duplo. No caso das latadas, é indicado o espaçamento de 3,0 m entre as linha de
plantio e, também, de 3,0 m entre as plantas na linha.
4.2. DEMARCAÇÃO DO TERRENO
Em primeiro lugar, deve ser lembrado que, quando o terreno não for plano, as linhas de plantas
devem ser marcadas no sentido transversal ao do escoamento das águas das chuvas, para melhor controle da
erosão. É comum, no entanto, serem encontrados vinhedos alinhados no sentido da declividade do terreno, o
que, além de ferir elementares normas conservacionistas, dificulta sobremaneira todas as operações que
rotineiramente devem ser executadas na cultura.
Por outro lado, no caso de terrenos planos, quando o sistema escolhido é a espaldeira, no qual a
vegetação da videira fica disposta de forma vertical, a orientação das linhas de plantas deve ser feita no
sentido leste-oeste, o que permite melhor incidência dos raios solares. Em relação a esse aspecto, a
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disposição das linhas não tem nenhuma influência quando o sistema de condução for a latada ou a
manjedoura, uma vez que neles a vegetação tem desenvolvimento horizontal ou quase horizontal.
A demarcação do terreno inicia-se com sua divisão em talhões, de dimensões variáveis conforme a
conveniência de cada caso e que, por limitações decorrentes do local, nem sempre têm a forma perfeita, de
quadrados ou retângulos, como sempre se deseja. No entanto, no caso de se escolher a latada como sistema
de condução, é necessário que o talhão tenha a forma definida, de um quadrado ou retângulo.
É conveniente que a dimensão dos talhões no sentido das linhas de plantas não seja exageradamente
grande, para maior facilidade da execução das tarefas de rotina, principalmente quando o sistema de
condução for a espaldeira e a manjedoura, que dificultam bastante a movimentação pelo vinhedo.
Outro ponto a ser considerado é que os talhões precisam ser separados por carreadores que facilitem
a circulação do pessoal que vai trabalhar no vinhedo e, também, de tratores e outros veículos que farão o
transporte de materiais diversos, como fertilizantes, cobertura-morta, etc., além da produção.
Estabelecida a área do talhão, que pode variar de um mínimo de 3.000 m2 a um máximo de 40.000
m2 , como ocorre no pólo Petrolina/Juazeiro, o próximo passo é a marcação das linhas de plantas e, sobre
elas, a marcação dos pontos que correspondem a cada planta. Para tanto são usadas estacas de bambu,
maiores para balizar as cabeceiras das linhas e, menores, para indicar o posicionamento das covas, sobre as
linhas.
4.3. ABERTURA E ADUBAÇÃO DAS COVAS
A abertura das covas deve ser feita com certa antecedência em relação ao plantio, sendo, em São
Paulo, preferivelmente durante o mês de abril, ou, no mais tardar, em maio. Suas dimensões devem ficar em
torno dos 60cm x 60cm x 60cm.
O coveamento, quase sempre, é feito manualmente, com o uso de enxadões e cavadeiras, e não traz
grandes complicações nas áreas em que o solo foi convenientemente preparado. Já nos casos em que não foi
possível fazer a movimentação do solo, em razão da declividade do terreno, a abertura das covas pode se
tornar dificultosa, havendo, por vezes, a necessidade do uso de brocas perfuradoras, para auxiliar na
operação. Por outro lado, na microrregião de Indaiatuba, com o sistema de plantio que será visto mais
adiante, a abertura de covas é dispensada.
O enchimento das covas é feito com uma mistura de terra mais a matéria orgânica e os fertilizantes
que constituem a chamada adubação de implantação, conforme consta do capítulo específico.
Genericamente, pode-se dizer que a quantidade de matéria orgânica a ser adicionada por cova, no caso das
uvas finas de mesa, é de 40 litros de esterco de curral ou 15 litros de esterco de galinha ou 2 kg de torta de
mamona, enquanto que, no caso das uvas rústicas de mesa, vinho e suco, é de 10 litros de esterco de curral ou
3 litros de esterco de galinha ou 500 gramas de torta de mamona. A ela, em ambos os casos, adiciona-se 1 kg
de calcário dolomítico, além das quantidades dos adubos fosfatados e potássicos, recomendadas de acordo
com os resultados na análise de solo.
Na região de São Miguel Arcanjo, SP, é usual a colocação em cada cova, de 1kg de farinha de
ossos, 20kg de esterco de galinha e 1kg de calcário, quando não se dispuser da análise de solo, sempre
preferível.
A adição de material orgânico grosseiro, como cana de milho, palha de arroz, bagaços, capins, etc.,
bem compactado, no fundo da cova, é prática que tem revelado bons resultados.
No caso em que não foi feito o preparo do solo e que a abertura das covas é feita manualmente,
deve-se separar a terra das camadas mais superficiais geralmente mais ricas, para com ela compor a mistura
com a matéria orgânica e os adubos minerais, que será usada para o enchimento das covas.
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Em seguida ao enchimento, deve-se tornar a marcar nas linhas, por meio de pequenas estacas, os
lugares correspondentes ao centro das covas, para que o plantio dos porta-enxertos, que será feito
posteriormente, seja executado com facilidade e, também, para se que tenha um vinhedo com plantas bem
alinhadas, o que facilitará as futuras operações.
4.4. PORTA-ENXERTOS
Com o aparecimento da filoxera, praga que ataca o sistema radicular da videira, nos meados do
Século XIX, tornou-se impossível continuar cultivando a videira por meio de plantas produtoras-diretas,
formadas a partir de estacas da própria variedade.
Embora muitos métodos tenham sido preconizados, visando o controle da filoxera, as únicas
soluções técnica e economicamente viáveis foram a obtenção de híbridos produtores-diretos e a adoção da
prática da enxertia da variedade sobre porta-enxertos resistentes à praga.
Na maioria do países vitícolas, por razões de qualidade do produto obtido, a preferência recaiu
sobre o uso de porta-enxertos resistentes, que popularmente são conhecidos como cavalos.
Através da enxertia, o que se faz é dar à variedade que se deseja cultivar, um sistema radicular apto
a defender-se contra as pragas subterrâneas e que, além disso, venha proporcionar-lhe melhor fixação e
exploração do solo.
No geral, os porta-enxertos resistentes são variedades selecionadas de espécies silvestres americanas
de Vitis, ou híbridos de duas ou mais espécies americanas de Vitis ou, ainda, híbridos de uma ou mais
espécies americanas de Vitis com variedades de Vitis vinifera.
Deve ser ressaltado, desde logo, que um dos fatores que determinam o êxito da enxertia é a
compatibilidade ou afinidade entre o porta-enxerto e o enxerto, ou seja, a capacidade que devem ter de
viverem juntos, situação que envolve uma similaridade estrutural e química. Não existem conhecimentos que
permitam prever as combinações incompatíveis e poucas são as combinações que falham por completo,
muito embora sejam conhecidos casos de efeitos decorrentes de incompatibilidade parcial ou incompleta,
como é o caso da ‘Redglobe’ enxertada sobre o porta-enxerto 420-A e da ‘Niagara Rosada’ enxertada sobre o
porta-enxerto Kober 5BB.
Outro ponto a ser considerado, é que não há intercâmbio ou mistura de características entre o portaenxerto e o enxerto, de modo que a enxertia não produz nenhuma mudança nas características inerentes à
variedade enxertada.
No entanto, deve-se ter em mente que a enxertia pode alterar a nutrição das plantas e, em razão
disso, afetar caracteres do porta-enxerto ou da variedade enxertada, suscetíveis de serem influenciados por
alterações nutricionais. Assim, por exemplo, videiras enxertadas podem ser mais ou menos vigorosas, ter
maior ou menor frutificação, produzir uvas maiores ou menores, de cor mais clara ou mais escura ou
amadurecer mais cedo ou mais tarde, do que plantas não enxertadas da mesma variedade. Pode ser citado
como exemplo, o cultivar Rubi que, quando é enxertado sobre 420-A apresenta a coloração da casca mais
escura do que quando enxertada sobre IAC 572.
Tais alterações, ainda que pequenas, podem afetar seriamente a rentabilidade da cultura, razão pela
qual é da maior importância a escolha adequada do porta-enxerto, ao se planejar a instalação do vinhedo.
Além da variedade que vai ser enxertada, as condições edafo-climáticas do local onde vai ser
implantado o vinhedo, também podem influir sobre a escolha do porta-enxerto.
Para exemplificar, pode-se citar o caso da variedade Itália, que nas regiões mais quentes, como no
noroeste paulista e no Vale do Rio São Francisco, é preferentemente enxertada sobre o IAC 313‘Tropical’,
IAC 572 ‘Jales’ ou IAC 766 ‘Campinas’, ao contrário do que ocorre nas regiões vitícolas de clima mais
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ameno, como o norte do Paraná e em São Miguel Arcanjo, SP, onde os porta-enxertos mais usados são o
Kober 5BB e o 420-A. Em Indaiatuba, no caso da ‘Niagara Rosada’, os viticultores têm dado preferência, nos
novos plantios, ao IAC 766 porque representa certa garantia de suportar o sistema de duas podas por ano.
4.4.1. PREPARO DOS PORTA-ENXERTOS
O plantio dos porta-enxertos é feito por meio de estacas, que são porções de ramos maduros, de um
ano, com um número variável de gemas. Elas devem ser coletadas de plantas-matrizes sadias, principalmente
no que se refere às doenças causadas por vírus, ou, quando muito, de plantas prontas para enxertia, desde que
formadas a partir de material sadio, de origem conhecida.
A coleta das estacas é feita durante o período de repouso vegetativo, o mais próximo possível da
época do plantio. De preferência, os ramos maduros, retirados inteiros, devem ser transportados para um
galpão, onde, à sombra, as estacas são preparadas.
Ao se preparar uma estaca, o corte na região basal deve ser bem próximo a uma gema e o corte da
região apical deve ser feito a 2cm ou mais da gema terminal. A explicação para esse procedimento é que a
gema de baixo, estando rente ao corte, influi poderosamente no rápido enraizamento, e a de cima, estando
distante do corte, fica protegida contra o ressecamento e possíveis danos mecânicos.
As estacas devem ser limpas da brotação secundária e gavinhas, sendo descartadas as muito grossas,
as achatadas, com gemas atrofiadas e as com sinais evidentes ataque de pragas e doenças. Boas estacas são as
roliças, com diâmetro semelhante ao de um lápis.
Com relação ao comprimento, pode-se dizer que, para plantio diretamente no campo, em regiões
onde chove durante o inverno, as estacas podem ter em torno de 40 cm, enquanto que, em regiões de inverno
seco, devem ser plantadas estacas mais compridas, de 60 a 70 cm, pois caso contrário, elas se ressecam com
facilidade. Quando o plantio vai ser feito em recipientes, as estacas podem ser mais curtas, com comprimento
em torno de 30-40cm e, no mínimo, 3 gemas.
Prática de uso pouco generalizado entre nossos viticultores, mas bastante eficiente, é a de,
anteriormente ao plantio, cegar todas as gemas da estaca que irão ficar enterradas, o que evita o aparecimento
dos ramos ladrões, que são brotos do porta-enxerto, que emergem vigorosamente do solo e a conseqüente
necessidade de sua eliminação.
3.4.2 PLANTIO DOS PORTA-ENXERTOS
Preparadas as estacas, o mais aconselhável é que sejam plantadas logo em seguida, no local
definitivo ou em recipientes. Caso isso não seja possível, elas podem, por um certo período de tempo, ser
conservadas em locais frescos, desde que não sejam excessivamente úmidos, nem demasiadamente secos.
A conservação de material de propagação para fins de experimentação tem sido feita, com sucesso,
por 2 a 6 meses, em câmaras frigoríficas. No Instituto Agronômico de Campinas, as estacas cortadas são
amarradas em feixes que, por sua vez, são envoltos por várias folhas de jornal, a seguir umedecidas. Os
feixes são dispostos em sacos plásticos, perfeitamente amarrados para evitar dissecação. A temperatura é
regulada em torno de 2oC – 4ºC.
Mais comum, é o plantio das estacas diretamente no local definitivo, embora esse método seja mais
dispendioso e exija maiores cuidados. Para o plantio, inicialmente, com o auxílio de um chuço de madeira,
são abertos orifícios nos lugares anteriormente marcados nas linhas de plantas e que correspondem ao centro
das covas. Caso se pretenda executar um serviço mais bem feito, antes de plantar as estacas, cada orifício
deve ser regado com aproximadamente 5 litros de água. As estacas são então introduzidas nos orifícios, de
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modo que fiquem com duas gemas acima da superfície. Comprime-se bem a terra ao redor das estacas, para
que fiquem firmemente presas ao solo e, a seguir, elas devem ser regadas. Por fim, como nas regiões de
Jundiaí e Indaiatuba, SP, são completamente cobertas com um monte de terra solta, principalmente para
proteção contra os raios solares, sendo que, com o decorrer do tempo, este monte deverá ser gradativamente
removido, para evitar a formação de raízes acima do nível do solo. Uma pequena bacia, construída ao redor
de cada estaca plantada e coberta, permite melhor aproveitamento da água de irrigação ou das chuvas.
Nas regiões de inverno seco, para garantir bom pegamento dos porta-enxertos, recomenda-se a sua
irrigação a cada semana, até que se inicie o período chuvoso. Havendo disponibilidade de material, também
como meio de serem evitadas as falhas que normalmente ocorrem, podem ser plantadas duas estacas por
cova, sendo que, caso as duas enraízem, aproveita-se a que melhor se apresentar, quando da realização da
enxertia.
Mesmo assim, aconselha-se fazer um lote equivalente a 20% das estacas plantadas, para, nos meses
de novembro ou dezembro, proceder-se à reposição das falhas ou à substituição de plantas que apresentarem
fraco desenvolvimento. Para isso, as estacas são plantadas, geralmente, em sacos plásticos.
O plantio das estacas pode também ser feito em recipientes, método que vem sendo adotado com
sucesso em algumas regiões vitícolas, por apresentar melhor índice de pegamento e custo mais baixo do que
o plantio diretamente no campo. Além disso, permite maior aproveitamento do material disponível, uma vez
que, no caso, são usadas estacas curtas, com comprimento em torno de 30cm e no mínimo 3 gemas.
Normalmente são usados sacos plásticos, com 12cm de diâmetro e 35cm de profundidade, que são
cheios com uma mistura composta de terra de subsolo e adubo orgânico, para facilitar o enraizamento e
formar torrão. Deve-se fazer 10% a mais do que a quantidade necessária para que, por ocasião do plantio no
campo, se possa fazer uma seleção das melhores plantas e, também, evitar a falta que pode ocorrer em
conseqüência das falhas de pegamento, o que é normal acontecer.
O plantio nos sacos plásticos é feito abrindo-se furos com um chuço, nos quais as estacas são
colocadas, de modo a ficar com uma ou duas gemas acima da superfície da terra. Em seguida comprime-se a
terra e irriga-se. A irrigação é repetida com freqüência, resultando sempre em elevado índice de pegamento.
Os porta-enxertos enraizados nos sacos plásticos são levados para plantio no local definitivo, no
período de outubro a dezembro, como ocorre na região vitícola de São Miguel Arcanjo, SP. Para isso,
inicialmente, no lugar correspondente ao centro da cova, abre-se um buraco, com o auxílio de uma cavadeira.
Corta-se então o fundo do saco, coloca-se o torrão no buraco, retirando-se em seguida o restante do saco.
Comprime-se bem a terra ao redor do torrão e irriga-se. Pode-se usar cobertura-morta junto às plantas para
melhor conservar a umidade do solo e, também, construir uma bacia em torno de cada uma delas, para captar
água das chuvas ou de irrigação.
Na microrregião de Indaiatuba, SP, incluindo ainda os municípios de Monte Mór e Porto Feliz, o
sistema de plantio dos porta-enxertos é diferenciado. As estacas são cortadas com 90cm de comprimento,
com as quais são feitos feixes de 50 a 100 estacas. Esses feixes são colocados em caixas de areia úmida, à
sombra, em barracões abertos, sendo que a areia deve cobrí-los por completo. As estacas aí permanecem por
40 dias e, a seguir, os feixes são encanteirados a pleno sol, por 10 dias, para o chamado “desmame”. Nesse
momento, na base das estacas devem ter se formado calos ou primórdios de raízes, sendo que o ideal para o
plantio é a formação apenas de calo.
Simultaneamente a isso, o preparo do solo deve estar concluído, da forma já descrita, o que ocorre
de 15 a 25 de agosto. Uma vez escolhido o espaçamento, são preparadas correntes ou arames com 20m de
comprimento e as marcações exatas da distância entre plantas, identificadas por pequenos nós ou argolas. O
plantio é executado com o auxílio de um hidroinjetor, equipamento conhecido como ‘caneta’, que consta de
um tubo de metal oco, de 1/2” de diâmetro, com cabo duplo ou simples, também oco. No cabo simples ou
num dos lados do cabo duplo, é acoplada uma mangueira de pressão e um registro simples. A extremidade
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inferior do hidroinjetor, que será pressionada contra o solo, é feita com metal mais resistente, em formato
cônico, tendo um pequeno furo no centro (3/16”) (Estampa 2). A outra ponta da mangueira é acoplada ao
tanque pressurizado, junto ao trator.
Esticada a corrente sobre o local da linha de plantio, o operador do hidroinjetor aponta para o local
da cova, marcado com a argola ou nó, liga o jato d’água e, pressionando o equipamento no solo, faz o orifício
suficiente para a colocação da estaca pelo segundo operador. Com pequenos movimentos laterais, o
hidroinjetor é retirado e, com o jato ainda ligado, faz com que a terra adjacente seja mais aproximadada da
estaca, fechando o orifício. Assim, numa única operação, a cova é feita, a estaca é plantada e irrigada. Com
adoção do equipamento, três pessoas plantam de 3.000 a 3.200 estacas por dia. O pegamento é próximo de
100%, mas pequeno número de estacas são enraizadas em saquinhos, para cobrir eventuais falhas.
Qualquer que seja o método adotado, após o plantio deve-se colocar uma estaca de bambu como
tutor, ao lado de cada planta, com a finalidade de mantê-la ereta, pelo menos até a altura em que será feita a
enxertia.
4.4.3. CONTROLE FITOSSANITÁRIO DOS PORTA-ENXERTOS
A fim de manter os porta-enxertos livres de doenças, até por ocasião da enxertia, que será realizada
no inverno do ano seguinte, devem ser feitas pulverizações preventivas, visando principalmente o controle da
antracnose.
Atenção especial deve, também, ser dada ao controle das formigas cortadeiras, que costumam
causar sérios prejuízos, podendo até mesmo inviabilizar o cultivo.
5. CONDUÇÃO E PODA
Antes de iniciar o cultivo da videira, há necessidade de se conhecer a fertilidade das gemas ao
longo dos ramos, posto que, deste conhecimento dependem os sistemas de condução que advirão e a poda
das variedades a serem cultivadas.
Por gema fértil entende-se aquela que, após sua abertura, produzirá um ramo contendo geralmente,
um ou dois cachos de uva.
De acordo com HIDALGO (1979), o número de gemas férteis e sua distribuição por ramo é fixado
de modo invariável de cultivar para cultivar. O gráfico 1 mostra a fertilidade das gemas e o número médio
de cachos para algumas variedades de Vitis vinifera L.
5.1. MODALDADES DE PODA
Para SOUSA (1987), podem-se distinguir quatro modalidades principais de poda:
1- PODA DE FORMAÇÃO: tem por fim proporcionar à planta uma altura de tronco (do solo às primeiras
ramificações da copa) e uma estrutura de ramos adequados à exploração vitícola.
2- PODA DE FRUTIFICAÇÃO: objetiva regularizar e melhorar a frutificação, quer refreando o excesso
de vegetação da planta, quer reduzindo os ramos frutíferos para que haja maior intensidade de vegetação,
evitando-se dessa maneira, a superprodução da planta, que abaixa a qualidade da fruta e acarreta a
decadência rápida das videiras. Desse modo, a poda de frutificação uniformiza e controla a produção.
3- PODA DE REJUVENESCIMENTO, RECONSTITUIÇÃO E TRATAMENTO: tem por fim livrar as
videiras dos seus ramos doentes, praguejados, improdutivos ou decrépitos ou, se mais energicamente
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executada, reformar inteiramente a copa, renovando-a a partir das ramificações principais, eliminando
focos de doenças e pragas, reconstituindo a ramagem já estéril, reativando assim a produtividade perdida.
4- PODA DE LIMPEZA: é uma poda leve, consistindo na retirada de eventuais ramos doentes ou
inconvenientes.
5.2. DEFINIÇÕES E OBJETIVOS DA PODA
Segundo FERREIRA (1975), a palavra poda vem do latim putare, e significa cortar ramos de
(plantas); desbastar.
Segundo Bailey, citado por SOUSA (1987), poda é a remoção metódica das partes de uma planta
com o objetivo de melhorá-la em algum aspecto para os interesses do produtor; e seus objetivos principais
são:
1- modificar o vigor da planta;
2- produzir mais e melhor fruta;
3- manter a planta com um porte conveniente ao seu trato e manuseio;
4- modificar a tendência da planta em produzir mais ramos vegetativos que frutíferos e vice-versa;
5- conduzir a planta a uma forma desejada;
6- suprimir ramos supérfluos, inconvenientes, doentes e mortos;
7- regular a alternância das safras, de modo a obter anualmente colheitas médias com regularidade.
A videira é podada com a finalidade de equilibrar a vegetação e a frutificação. A execução da poda é
operação que requer, por parte do viticultor, amplo conhecimento da cultura, além de bom senso.
Com base no período em que é executada, ela se denomina poda seca ou de inverno e poda verde ou
herbácea.
5.2.1. PODA DE INVERNO
A poda inverno é aquela praticada durante o período de repouso vegetativo das videiras.
O momento mais indicado para a sua realização é aquele quando as gemas dos ramos maduros que
serão podados mostram-se inchadas ou, quando, através do corte da ponta do ramo, a videira começa a
gotejar seiva ou, popularmente, a "chorar".
Se a poda de inverno não for executada, boa parte das gemas da planta brotarão aleatoriamente, um
grande número de ramos formar-se-á, cada qual carregando um determinado número de cachos e, tanto os
ramos como os cachos, serão fracos e de mau aspecto.
Assim, anualmente, a poda de inverno disciplina a videira, de modo que a sua vegetação fique
limitada dentro do espaço que lhe é reservado no sistema de condução, distribuindo as energias de modo
equilibrado entre a vegetação e a frutificação.
Por ocasião da poda de inverno, os ramos de um ano, que são chamados de bacelos, são eliminados
pela base quando se mostrarem muito fracos ou doentes, ou ainda quando presentes em número excessivo.
Os ramos que permanecem na videira são podados, ficando com uma, duas ou mais gemas. Em
função do número de gemas deixadas, são definidas duas intensidades de poda: a poda curta ou pobre e a
poda longa ou rica.
Poda curta é aquela em que os ramos podados ficam com uma, duas ou, no máximo, três gemas,
passando a constituir os chamados esporões (Estampa 3). Na poda longa, os ramos podados apresentam
quatro ou mais gemas, dando origem às varas (Estampa 4).
Há casos, no entanto, em que nas plantas são deixadas varas e esporões, ao que se dá o nome de
poda mista (Estampa 5).
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A intensidade de poda a ser praticada depende principalmente do vigor da variedade cultivada. Não
se pode esquecer, no entanto, que dentro de cada variedade existem plantas com vigor diferente e que, dentro
de uma mesma planta, existem ramos mais ou menos vigorosos do que a média deles, situações essas que
também devem ser consideradas quando da realização da poda, exigindo bom senso por parte do viticultor.
Após a poda, devem-se eliminar as cascas velhas dos troncos, retirar as gavinhas dos arames e restos
de vegetação, os quais devem ser amontoados e destruídos pelo fogo para eliminar focos de doenças e pragas.
Na região de Indaiatuba, a poda é feita de 15 de julho a 15 de
agosto, centrada de 25/7 a 5/8, mas em cerca de 15 a 20% da área,
os produtores executam a poda de “risco”, antecipando ou
retardando a operação. Com o ciclo de 120 dias, o pico da colheita
recai de 20 de novembro a 30 de dezembro. Celso, acho que não há
necessidade disto pois é uma coisa muito localizada. Se entrar,
colocar no item 5.2.3.3.
5.2.2. PODA VERDE
A poda verde consiste em uma série de operações realizadas em ramos e órgãos em estado
herbáceo e tenros, durante o período em que as plantas estão em plena atividade vegetativa.
A poda verde compreende as seguintes operações:
Desbrota ou esladroamento
A desbrota consiste na eliminação de ramos ladrões ou improdutivos. Através da desbrota são
eliminados, periodicamente, os brotos que emergem do porta-enxerto e do tronco da videira, até a altura do
arame por onde o ramo principal é conduzido. Na desbrota deve ser eliminado os ramos inúteis que não
servem nem para a formação, como também para a reconstituição da planta na próxima poda (Estampa 6).
Desnetamento
Consta da eliminação dos netos ou feminelas, que são os ramos secundários que se formam a partir
e gemas prontas, uma vez que, além de quase sempre serem improdutivos, impedem melhor aeração da
planta e consomem substâncias nutritivas para que possam se desenvolver (Estampa 7).
Quando já se encontra desenvolvido, o neto é cortado no ápice, ficando com as folhas basais. Se,
porém, for recém formado, o corte é feito na base, junto ao ramo do qual se originou.
Capação ou desponte
Consiste na supressão da extremidade e últimos entrenós dos pâmpanos em crescimento. Sob o nome
genérico de desponte, leva-se a cabo uma série de operações que diferem entre si pelo comprimento do broto
eliminado (maior ou menor severidade) e pela época de realização.
Assim por exemplo, em algumas regiões, a eliminação de até 5cm da parte apical do broto recebe o nome de
"belisco", reservando a denominação desponte para intervenções mais severas, isto é, supressão de 15cm ou
mais.
Pode-se estabelecer um limite máximo de desponte do pâmpano, sempre deixando um mínimo de
oito folhas acima do cacho mais alto do broto. Este número de folhas garante uma certa superfície foliar que
permite à copa a manutenção de sua atividade vegetativa com uma copa mínima.
Os objetivos do desponte podem ser definidos como fisiológicos e logísticos.
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Objetivos fisiológicos:
São aqueles que se derivam das alterações produzidas na cepa e têm
como resultado a variação de alguns aspectos fisilógicos como a atividade fotossintética, transporte de seiva,
acúmulo de reservas dentre outros.
- Harmonia e homogeneidade da vegetação
Nas podas longas e mixtas, o desponte é imprescindível para igualar o vigor dos pâmpanos, já que
estes desabrocham de gemas muito díspares alcançando desenvolvimentos distintos. Trata-se de conter o
vigor dos brotos de situação privilegiada, em benefício de outros mais débeis. Assim por exemplo, em
sistema de cordão esporonado, o desponte equilibra o crescimento dos diferentes pâmpanos, proporcionando
vegetação uniforme ao longo do cordão.
- Diminuição do corrimento. Aumento do pegamento dos frutos
Outra função do desponte é favorecer o pegamento dos frutos. Para tal, bem como a eliminação dos
netos, deve ser realizado no momento da floração; com isso os fotossintetizados disponíveis drenam para o
racemo em formação. O desponte com esta finalidade deve ser feito principalmente em variedades com
tendência ao corrimento e em vinhedos vigorosos, em solos com elevada fertilidade e por estar enxertados
em porta-enxertos muito vigorosos. Entretanto, esse objetivo pode não ser levado a cabo em função de um
clima adverso.
- Maior tamanho do fruto
O desponte realizado no período compreendido entre o pegamento e o enchimento do fruto tem por
objetivo propiciar um aumento no tamanho do bago pelo impedimento do crescimento dos pâmpanos
despontados.
- Diminuição do vigor da cepa
Realizado com o objetivo de diminuir o vigor de plantas muito vigorosas em que, ano após ano,
apresentam porcentagens muito baixas de pegamento de frutos. Para esse objetivo, realizam-se despontes
severos e repetidos, não somente na mesma estação, mas também em anos consecutivos.
Objetivos logísticos:
- Permitir o trânsito de máquinas
Dependendo do sistema de condução, o excesso de vegetação entre ruas pode dificultar a passagem
dos implementos agrícolas, sendo assim deve-se então realizar um desponte mais enérgico.
- Defesa contra o vento
Em regiões onde o vento é intenso e constante o desponte de variedades com talo quebradiço é uma
operação necessária para se evitar a ruptura dos pâmpanos muito longos.
- Facilitar os tratamentos fitossanitários
A realização do desponte com este objetivo não é recomendada pois os aparatos de tratamento hoje
em dia utilizados, permitem que a calda pulverizada alcance toda a planta de forma adequada. Em segundo
lugar, os efeitos podem ser contraproducentes, uma vez que o crescimento dos netos acentua-se como
conseqüência do desponte, aparecendo maior quantidade de folhas jovens, que são particularmente sensíveis
à contaminação e desenvolvimento da enfermidade.
Desfolha
A desfolha é executada quando a videira apresenta vegetação muito densa, impossibilitando boa
aeração e impedindo que os tratamentos fitossanitários atinjam todas as partes da planta. Dependendo do
vigor vegetativo do cultivar faz-se necessário retirar algumas folhas ao redor ou próximas aos cachos, para
que estes, através de melhor ventilação e luminosidade possam se apresentar sadios, com bagas de
coloração mais intensa e doces.
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A desfolha exagerada poderá comprometer o vigor da planta, devendo-se evitar a retirada das folhas
opostas aos cachos e, também, as folhas basais, que são aquelas situadas desde a base do ramo até a altura do
primeiro cacho.
Abaixamento dos ramos:
Esta operação destina-se a controlar o desenvolvimento exagerado dos ramos e é feitas nas
seguintes fases:
1- Fase de formação: quando o broto (enxerto) atingir a latada, corta-se o ponteiro forçando o
aparecimento de brotações a 50cm abaixo da latada, com o objetivo de formar os ramos de acordo com o
sistema de condução desejado. Ainda na formação, faz-se o uso da capação de brotos, no ponteiro dos
ramos principais, quando estes atingirem o comprimento necessário ou estiverem ultrapassando a linha de
plantas da outra rua.
2- Fase vegetativa: Os ramos são conduzidos em cima da latada até o comprimento de 1,2m a 1,5m,
posteriormente são direcionados para baixo, e cortando-se o ponteiro quando atingir o solo.
3- Fase produtiva: Quando o porta-enxerto for vigoroso, como IAC 313 Tropical, IAC 572 Jales, poderá
haver necessidade de controlar o crescimento dos ramos produtivos, após a emissão da inflorescência
(mesmo modo da fase vegetativa).
Incisão anelar
A incisão anelar ou anelamento é prática comum em viticultura, mas pouco usual no Brasil.
Consiste na remoção de um anel de casca do tronco ou dos ramos lenhosos, de cerca de 3 a 6mm de
largura.
O efeito fisiológico primário dessa prática é o acúmulo de hidratos de carbono e outros
metabólitos nas partes acima da incisão. Para que esse efeito ocorra de fato, a casca tem de ser
completamente removida. O anelamento deve ser feito de tal modo que a ferida cicatrize dentro de um
tempo relativamente curto, o que é especialmente e importante quando feito no tronco, pois em caso de
falha de cicatrização, o resultado será a morte da planta. O anelamento deve ser feito com ferramentas
próprias chamada incisores. O incisor de faca dupla é o mais comum para uso nos troncos de videira. Para
os ramos, existe um incisor em forma de alicate, bastante prático e rápido.
A incisão anelar é efetuada usualmente com os seguintes objetivos: melhorar o pegamento ou
aumentar o número de bagas nos cachos; aumentar o tamanho das bagas; e antecipar a maturação.
Para se conseguir cada um desses objetivos, o anelamento deve ser feito na época apropriada, na
seguinte forma:
- Para aumentar o número de bagas em cachos de variedades que apresentam baixo pegamento como a
Kyoho, por exemplo, o anelamento deve ser feito durante o florescimento ou imediatamente após.
- Para aumentar o tamanho de bagas em variedades sem sementes, o anelamento deve ser feito quando
essas atingirem a fase de crescimento intenso, o que eqüivale a cerca de 2-3 semanas após o pleno
florescimento (bagas a 1/4 do tamanho total, entre "chumbinho" e "meia baga"). O uso mais comum da
incisão anelar é o que visa conseguir aumento no tamanho das bagas de uvas sem sementes. Cem por
cento das plantas de Thompson Seedless cultivadas para uva de mesa na Califórnia, são aneladas, sem
prejuízo da aplicação de ácido giberélico para o mesmo fim. Experimentos do IAC mostraram que o uso
conjugado do anelamento e do ácido giberélico no cultivar Maria propiciou elevados aumentos no peso
das bagas, que chegaram atingir até 10 gramas.
- Finalmente, o anelamento para antecipar a maturação deve ser feito na fase de "viragem" ("veraison"),
que corresponde ao início do amolecimento das bagas nas variedades de uvas brancas, ou no início da
formação de cor nas bagas de variedades de uvas rosadas ou pretas. Com esse objetivo, geralmente são
aneladas plantas de variedades com sementes, caso em que uma pequena antecipação na colheita
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represente o desejável retorno econômico. Pesquisa do IAC mostrou que é possível antecipar em cerca de
uma semana a colheita da Niagara Rosada.
Uma vez que a época da incisão anelar é o determinante principal de seu efeito, cuidado redobrado
com esse aspecto deve ser observado. Numa variedade sem sementes, de cachos compactos, se o
anelamento for feito muito cedo, poderá aumentar o pegamento dos frutos e isso, junto com o possível
efeito no aumento do tamanho das bagas, poderá tornar os cachos ainda mais compactos.
Qualquer um que deseje aplicar a incisão anelar em suas videiras, deve praticá-la antes em poucas
plantas, até garantir seu exato ponto, evitando situações desastrosas.
Desbaste do número de cachos: esta prática é utilizada para eliminar o excesso de cachos, que
poderia sobrecarregar a planta e dificultar a obtenção de produto de boa qualidade. Por exemplo: uva Itália
plantada no espaçamento 5m x 3m, leva à densidade de 666 plantas por hectare, as quais produzindo 30t,
daria uma média de 45kg/planta, ou seja aproximadamente 90 cachos de 0,5kg/planta.
Desbaste dos cachos: consiste em eliminar a porção final do cacho para torná-lo mais
arredondado, tornando-o mais atrativo e mais fácil de embalar. Esta operação é realizada comumente em
uvas sem sementes que apresentam as ramificações laterais dos cachos bem desenvolvidas como é o caso
da Thompson Seedless. Nessa variedade elimina-se o terço final do cacho, deixando-o com
aproximadamente 6-7 ramificações.
Desbaste das bagas: Os cachos do cultivar Itália (principal cultivar de uva de mesa plantado no
Brasil) e de suas mutações são muito grandes e compactos e suas bagas apresentam peso médio de seis a
sete gramas. No entanto, comercialmente são preferidos cachos soltos com peso médio variando de 400 a
600 gramas, com bagas uniformes, de nove a dez gramas. Para se obterem cachos com essas
características, deve-se realizar o desbaste, que consiste na retirada de 50 a 60% das bagas de cada cacho,
no caso do ‘Itália’.
Tal desbaste pode ser feito por meio de tesoura apropriada, de lâmina estreita e comprida, com
pontas arredondadas, no momento em que as bagas estiverem entre as fases "chumbinho" e "ervilha".
Uma prática que apresenta muita eficiência e eficácia é o uso da escova plástica adaptada a uma
pinça para o desbaste das bagas. Nesse sistema, o desbaste deve ser feito na fase de inflorescência
desenvolvida e botões florais separados, retirando-se até 60% das flores. Se o desbaste for menos intenso,
de 30 a 40%, deve-se realizar desbaste complementar com a tesoura, de mais 20-30% das bagas na fase de
meia baga. O ponto melhor para efetuar esse desbaste coincide mais ou menos uma semana antes do
florescimento. As seqüências deste tipo de desbaste estão nas estampas 8, 9, 10.
A escarificação mecânica das partes florais pode se constituir porta de entrada para fungos.
Imediatamente após o desbaste com a escova plástica deve-se pulverizar cada cacho com um fungicida
específico contra podridões.
5.2.3. PODAS ESPECIAIS
5.2.3.1. NORDESTE BRASILEIRO
Nessa região, de acordo com ALBUQUERQUE (1996), as plantas de videira caracterizam-se por
um contínuo crescimento, que as capacitam a produzir 2 a 3 safras por ano. Durante uma safra e outra é
recomendado um período de repouso de 20 a 30 dias para que haja a maturação dos ramos. Tal repouso é
dado pela diminuição quase total da irrigação, contudo mantendo certo nível de umidade no solo para evitar
que as plantas sejam danificadas pela total falta de água. Após o repouso é realizada nova poda de
frutificação.
15
5.2.3.2. REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nessa região, conforme TERRA et al. (1998), a produção de uvas prevê a colheita em apenas uma
época do ano. No entanto, como essa época eqüivale à entressafra do hemisfério sul, além da poda normal de
produção, os viticultores necessitam fazer uma poda adicional denominada poda de formação, para preparar
as plantas para o próximo período. A poda de formação é realizada após a colheita, nos meses de outubro e
novembro. . Este esquema de poda é realizado com maior sucesso em uvas finas de mesa que necessitam
poda longa para produzir. Nessa poda, as varas serão encurtadas deixando-se 2 a 3 gemas, que originarão 2 a
3 brotos, dos quais somente 2 serão conduzidos na pérgula. A brotação e o enfolhamento nessa época serão
intensos devido às condições climáticas de alta temperatura e pluviosidade. Os eventuais cachos que
apareçam serão eliminados.
A poda de produção é realizada de forma escalonada de março a junho, deixando-se a vara com 8 a
10 gemas. Excetuando-se as três gemas basais, as demais receberão estimulantes de brotação.
5.2.3.3. REGIÃO DE INDAIATUBA, S. P.
Graças ao microclima regional, é comum a execução de uma Segunda poda de produção. A época
é determinada por indicação da própria planta. Se ela começar a brotar, poda-se em fins de
dezembro/meados de janeiro. Se não exigir poda-se do final de janeiro a início de fevereiro. Neste caso o
ciclo é reduzido para 110 dias, sendo que 75% dos produtores utilizam-se deste procedimento. Para iniciar
a planta neste sistema, após a enxertia, o broto principal é conduzido no primeiro fio de arame. Atingindo
o comprimento necessário, o broto é despontado para forçar a brotação das gemas. Em dezembro podamse os brotos novos à meia-altura, para produção em abril/maio.
5.4. EXECUÇÃO DOS CORTES DE PODA
O podador deverá dispor de tesouras de poda bem afiadas e possuir destreza suficiente para que os
cortes resultem limpos e lisos. A lâmina cortante das tesouras deverá resvalar a contra lâmina sem folgas.
O esquema 1 mostra com precisão como devem ser executados os cortes nos sarmentos (HIDALGO,
1979)
Esquema 1. Cortes de poda em sarmentos: 1 e 2, corretos; A, secção sobre o nó superior; B, secção sobre o
entrenó com inclinação correta; 3, 4 e 5, incorretos; C, secção com uma gema de excesso; D, secção sobre
o entrenó com inclinação contrária à correta; E, secção demasiado próxima à última gema conservad
No esquema 1, o desenho 1 exibe o corte de poda feito sobre o nó. Neste caso, o diafragma
constitui uma barreira para a penetração de umidade e microorganismos; quando a planta apresenta
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entrenós muito longos, o corte de poda pode ser feito no entrenó, procurando-se deixar uns três
centímetros de madeira após a última gema, com inclinação do corte em sentido contrário à posição desta
gema, para que a água do “choro” e da chuva não se acumule na última gema (desenho 2).
5.5. SISTEMAS DE CONDUÇÃO E PODA
No Estado de São Paulo a condução da videira está em função da veriedade, portanto do seu hábito
de frutificação.
As uvas de mesa, como Niagaras branca e rosada, e as de vinho e suco como Isabel e Concord,
podem ser conduzidas em espaldeira permitindo poda curta, porque suas gemas férteis estão nas partes
basais dos ramos; com isso, o tamanho das plantas fica limitado a pequenas dimensões. As uvas finas de
mesa, representadas no Brasil, principalmente pela ‘Itália’ e ‘Rubi’ deverão ser conduzidas em latada,
também chamada de caramanchão ou pérgula, em manjedoura ou meia latada, uma vez que suas gemas
férteis situam-se no ramo a partir da 5ª gema, exigindo, conseqüentemente, poda longa, o que faz com que
as plantas atinjam grandes dimensões.
5.5.1. CONDUÇÃO EM ESPALDEIRA E PODA CURTA
Neste sistema, os postes são colocados nas linhas das plantas e espaçados de 4 a 6 metros. Os
postes de cabeceira deverão ser mais fortes, e serem ancorados à meia altura. Os postes podem ser de
madeira de lei, de eucalipto tratado, de concreto armado, de pedra, etc. Neles são fixados os arames que
sustentarão a vegetação e a produção. Colocam-se 3 fios de arame, bem esticados, ficando o primeiro a
1,0m do solo, o segundo a 0,4m acima do primeiro e o terceiro a 0,3m do segundo (Esquema 2).
No primeiro fio de arame é conduzido o ramo proveniente do enxerto do ano anterior que deverá
ter o seu comprimento correspondente ao espaçamento, que é de 1,0m. Apenas as folhas e gemas, e os
netos, que por ventura aparecerem, deverão ser eliminados (Esquema 2).
A primeira poda nesse sistema será efetuada com a remoção da parte do ramo que ultrapassou
1,0m, ou seja, o espaçamento entre as plantas na linha.
Da segunda poda em diante, nesse sistema, realiza-se a poda curta, que é aquela em que os bacelos
podados ficam com 1 a 3 gemas. Nesse caso, esses “toquinhos” que ficam sobre a planta podada chamamse esporões, o que dá a denominação ao sistema de cordão esporonado (Esquema 3).
4.5.2. CONDUÇÃO EM LATADA E PODA LONGA
A latada, conhecida também por pérgula ou caramanchão, é um sistema que permite grande
expansão vegetativa da planta. O sistema (KUHN et al., 1985) é constituído basicamente por dois
componentes - posteação e aramado (Esquema 4).
A posteação é formada de cantoneiras, postes internos e rabichos.
As cantoneiras (Esquema 4-B), são postes mais reforçados, colocados nos quatro cantos do
vinhedo, com o propósito de suportar a pressão exercida sobre os cordões da latada.
Os postes externos (Esquema 4-C), com comprimento mínimo de 2,5m devem ser fincados em
todo o contorno do vinhedo, inclinados para fora, e espaçados de 4 metros.
Os rabichos (Esquema 4-D) são postes menores com comprimento aproximado de 1,2m, fincados
alinhadamente a 2,0m de distância da parte externa dos postes externos e cantoneiras, e atados a estes com
um cordão de três fios, com a finalidade de manter o aramado esticado.
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Os postes internos (Esquema 4-E) possuem a finalidade de sustentar o peso da produção, dos
ramos e da rede de arames da latada. São espaçados entre si de 4 metros e alinhados aos postes externos.
O aramado é formado por cordões primários, secundários e fios simples, devendo manter uma
altura de 2 metros do solo.
Os cordões primários (Esquema 4-A) são constituídos por 7 a 9 fios enrolados sem pressão,
colocados de maneira a ligar duas cantoneiras entre si, de tal modo que a ligação fique na direção das filas.
Paralelamente aos dois cordões primários amarrados aos postes externos e apoiados sobre os postes
internos, localizam-se cordões secundários (Esquema 4-F), formados por dois fios enrolados sem pressão.
Os fios simples (Figura 5-G), são estendidos a partir das filas, paralelamente a estas, a cada 4050cm, passando sobre os cordões secundários e formando, deste modo, a rede da latada.
As plantas orientadas nesse sistema, serão espaçadas de quatro metros uma da outra, e o broto
proveniente do enxerto será conduzido em haste única, isto é, terá seus netos eliminados, até chegar na
rede da latada.
O ramo principal chegando à rede da latada não sofrerá mais a eliminação dos netos; assim sendo,
já no primeiro ano de enxertia, a planta terá seu esqueleto principal formado para receber as sucessivas
podas anuais de produção (Esquema 5).
Nesse sistema, executa-se a poda longa, que é a que deixa cada bacelo podado com 4 ou mais
gemas dependendo do cultivar, e as partes dos bacelos que permanecem sobre as plantas após essa poda
chamam-se varas.
5.5.3. CONDUÇÃO EM MANJEDOURA E PODA LONGA
De acordo com SANTOS NETO (sd.), A manjedoura é um sistema de condução intermediário
entre a latada e a espaldeira, também empregado entre os produtores de uvas finas de mesa. Pode-se dizer
que a manjedoura é uma modificação da espaldeira, onde, através do emprego de travessas horizontais,
consegue-se maior proteção aos cachos pelo sombreamento proporcionado. É constituída por três
travessas de 0,7; 1,2 e 2 metros que são pregados aos moirões, respectivamente a 1,3m, 1,5m e 2,0m da
superfície do terreno, e em cujas extremidades passam os fios de arame. A um metro do solo passa-se um
fio de arame por onde serão conduzidos os cordões. Essa é uma de muitas maneiras de se construir uma
manjedoura (Esquema 6).
5.7. INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO DO SISTEMA DE CONDUÇÃO
Deve ser ressaltado que, qualquer que seja o sistema de condução escolhido, a sua instalação não
precisa ser feita, necessariamente, de uma só vez. Parte pode ser implantada no ano da enxertia da variedade,
ficando a complementação para o ano seguinte.
No caso da espaldeira, no ano da enxertia, em cada linha são colocados os mourões de cabeceira e
alguns da parte interna e somente o primeiro fio de arame, que fica a 1m do solo, pelo qual serão conduzidos
os enxertos.
No caso da latada, no ano da enxertia inicia-se a instalação da estrutura básica, compreendendo a
fixação das cantoneiras, mourões externos e rabichos, colocação dos cordões principais e, também, de alguns
mourões internos e cordões secundários. Nas linhas de plantas são colocados fios simples, que servirão para a
condução dos enxertos, tão logo, através de um tutor, atinjam a altura da latada. Também no caso da
manjedoura, pode ser colocada apenas parte dos mourões e o fio de arame central, por onde vai ser
conduzido o enxerto.
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No ano seguinte, durante o período de repouso das videiras, antes de ser realizada a primeira poda
de inverno, deve ser providenciada a complementação da instalação do sistema de condução.
Há de se considerar, também, que o sistema de condução, qualquer que seja ele, tem de sofrer um
processo sistemático de manutenção, para que não venham a ocorrer surpresas desagradáveis. Assim,
anualmente, logo após a queda das folhas das videiras, deve-se fazer uma minuciosa vistoria, ocasião em que
é avaliada, principalmente, a necessidade de se proceder à substituição de mourões danificados e ao
esticamento dos arames frouxos.
Deve-se aproveitar a oportunidade para se proceder à limpeza dos fios de arame, retirando-se as
gavinhas secas, assim como os amarrilhos usados no alceamento dos ramos, que a essa altura do ano ainda se
encontram presos a eles.
5.8. TRATAMENTO DE MOURÕES
As plantas de videira têm uma vida produtiva relativamente longa e, em razão disso, quando da
instalação do seu sistema de condução, devem ser empregados materiais de boa qualidade, tanto no que se
refere ao madeiramento, quanto ao aramado.
Caso os mourões venham a ser preparados pelo próprio viticultor, como forma de baratear o custo
de implantação do vinhedo, é aconselhável que eles sofram um tratamento preservativo. Via de regra, esse
tratamento não é feito, tendo em vista o pensamento corrente de que ele é caro e difícil de ser executado.
Mesmo considerando que o custo inicial da madeira tratada é mais elevado, deve ser levado em conta que,
com o passar do tempo esse custo se dilui, tornando-se mais vantajoso do que o uso de madeira não tratada,
já que, em razão da sua maior durabilidade, ocorre menor necessidade de substituição de mourões estragados.
O tratamento preservativo mais prático, econômico, e que pode, com grande facilidade, ser
executado pelo próprio viticultor, é o conhecido como “tratamento pelo processo de substituição de seiva”
que, como o próprio nome indica, baseia-se na substituição da seiva da madeira, por uma solução de sais
preservativos.
Quando bem executado, o tratamento confere à madeira durabilidade 3 a 4 vezes maior do que a da
não tratada. Deve ser considerado, no entanto, que esse processo só se presta para o caso de mourões roliços,
descascados, desde que o tratamento tenha início, no máximo, até 24 horas após o corte da árvore, uma vez
que a penetração da solução preservativa se dá por capilaridade e, em razão disso, a secagem da madeira,
mesmo na sua fase inicial, compromete a eficiência do processo.
Para serem tratados, os mourões são cortados no comprimento desejado e transportados para o local
onde será feito o tratamento e, a seguir, descascados com cuidado, para que não ocorram ferimentos no
alburno (madeira branca), uma vez que esmagamentos, cortes ou a retirada de lascas, danificam os vasos
condutores da solução preservativa. Por essa mesma razão, os nós existentes na madeira não devem ser
removidos antes do tratamento, assim como furos ou encaixes só podem ser feitos após terminado o
tratamento.
Embora os melhores resultados sejam obtidos quando se faz o tratamento de mourões com diâmetro
de até 15 centímetros e com comprimento de até 2,5 metros, o processo é também bastante eficiente para o
tratamento de mourões de maior diâmetro e comprimento.
O local ideal para a realização do tratamento é um galpão aberto e bem arejado. Como isso nem
sempre é possível, deve ser lembrado que, pelos menos, o recipiente contendo a solução preservativa precisa
de alguma forma estar protegido contra as chuvas. Os recipientes mais usados são os tambores de 200 litros,
e os tanques construídos de alvenaria de tijolos, revestidos com argamassa, que devem ter altura mínima de
70 centímetros e, receber internamente uma pintura asfáltica.
19
O tratamento preservativo é feito quase sempre com uma mistura de sais solúveis, principalmente,
de cobre, cromo, boro, flúor e arsênico, existindo à venda diversos produtos específicos para esse fim. Deve
ser lembrado, no entanto, que o viticultor pode adquirir os diferentes sais e preparar ele próprio a solução
preservativa.
Para tanto, existem várias fórmulas, das quais uma delas, originária da Universidade Federal de
Lavras, vem dando resultados bastante satisfatórios. Segundo a recomendação, para se preparar 100 litros da
solução preservativa, na concentração de 2,4% aproximadamente, são necessários: 900 g de dicromato de
potássio, 850 g de sulfato de cobre e 615 g de ácido bórico. Após a completa dissolução dos sais na água,
deve-se acrescentar à solução 25 ml de ácido acético glacial. Para baratear o tratamento, pode-se substituir o
dicromato de potássio pelo dicromato de sódio, cujo preço é menor, sem que haja qualquer prejuízo para o
tratamento.
Para a realização do tratamento, os mourões descascados são colocados, em posição mais ou menos
vertical, no tambor ou tanque, de modo que a solução preservativa atinja perto de 60 centímetros da sua
altura. O tratamento dura aproximadamente 10 dias, sendo que no sétimo dia os mourões podem ser
invertidos, ficando nessa posição por mais 3 dias, com o que se assegura boa proteção também na parte
superior dos mesmos. Durante o tratamento, é necessário manter o nível do líquido, adicionado-se
diariamente certa quantidade da própria solução, que deve estar preparada à parte.
Concluído o tratamento, é recomendável que os mourões sejam postos para secar, à sombra, por um
período de mais ou menos 30 dias, com o que se consegue uma diminuição no seu peso, o que facilita o
manuseio, e, o que é mais importante, promove melhor fixação dos sais preservativos no interior da madeira.
Para que os mourões sejam eficientemente protegidos, considera-se que deve haver a absorção de
5,5 kg de ingredientes ativos por metro cúbico de madeira tratada, nos 10 dias em que dura o tratamento. A
tabela abaixo, elaborada pela Universidade Federal de Lavras, dá uma idéia do número de mourões de
eucalipto que podem ser tratados com 100 litros da solução preservativa a 2,4%, tendo em conta o
comprimento e o diâmetro na parte basal. Para outros tipos de madeira, é necessário que sejam feitas
avaliações para se determinar o número de mourões que podem ser tratados com os mesmos 100 litros de
solução.
Os sais usados são mais ou menos tóxicos, motivo pelo qual devem ser tomadas algumas
precauções, quando da realização do tratamento. Entre elas devem ser citadas: não manusear os produtos ou a
madeira recentemente tratada sem o uso de luvas: evitar o contacto dos produtos com a pele, olhos e nariz;
não fumar ou ingerir alimentos durante o manuseio dos produtos; terminado o serviço de cada dia, tomar
banho ou, no mínimo, lavar muito bem as mãos; guardar os produtos fora do alcance de crianças e animais.
COMPRIMENTO
DIÂMETRO (cm)
(m)
8
9
10
11
12
13
14
15
1,80
44
33
27
21
18
16
14
12
2,00
38
29
27
20
17
14
12
10
2,20
34
27
22
18
15
13
11
9
11
10
9
2,50
30
24
19
16
13
6. TRATOS CULTURAIS DE MANUTENÇÃO DO VINHEDO
6.1. TRATAMENTO FITOSSANITÁRIO
20
No ano de instalação do vinhedo, aconselha-se que sejam feitas uma ou duas pulverizações nos
porta-enxertos, visando principalmente o controle da antracnose.
A partir do ano da enxertia da variedade, o tratamento fitossanitário assume grande importância.
Realizado de forma preventiva, deve ser criteriosamente executado, para que o vinhedo seja mantido livre
das doenças fúngicas, causadoras de grandes prejuízos.
As pulverizações iniciam-se logo após a brotação, tão logo os brotos atinjam comprimento de mais
ou menos 10 cm. No início, nas regiões produtoras tradicionais, visam o controle da antracnose, pois nessa
época as condições de temperatura e umidade são favoráveis para o seu desenvolvimento. As pulverizações
específicas contra a antracnose continuam até que as condições climáticas, com temperatura e umidade
elevadas, tornem-se propícias ao aparecimento do míldio.
Os tratamentos para o controle do míldio, quando bem feitos, garantem proteção contra a mancha da
folha, doença de importância para as variedades americanas.
Se a cultura for de de uvas finas de mesa, deve-se dar toda atenção ao controle do oídio, causador de
grandes prejuízos, que aparece quando as condições são de baixa umidade e alta temperatura.
À medida que vai se aproximando o período da colheita, não se pode descuidar das podridões, as
quais afetam os cachos já formados, desde antes da maturação, até depois de colhidos e embalados.
Ao se esquematizar o programa de controle fitossanitário que vai ser executado, não se pode deixar
de considerar que as diferentes variedades apresentam comportamento peculiar, mostrando-se mais ou menos
suscetíveis ou tolerantes em relação às diferentes doenças fúngicas. A variedade Itália, por exemplo, é muito
mais suscetível às doenças do que a Niagara, exigindo tratamento fitossanitário intensivo. No entanto, ‘Itália’
não está sujeita à incidência da mancha da folha, doença de importância para ‘Niagara’, e, por seu lado,
‘Niagara’ é tolerante ao oídio, doença que causa sérios prejuízos para ‘Itália’.
Assim sendo, o tratamento fitossanitário varia em função da variedade que está sendo cultivada, não
só no que diz respeito ao número de pulverizações que devem ser feitas, mas também quanto aos tipos de
fungicidas que devem ser aplicados, para controle das diferentes doenças a que ela está sujeita.
Outro ponto a ser considerado, é o do tratamento de inverno, que traz sempre resultados vantajosos.
Consiste em, durante o período de completa dormência, pulverizar as videiras, até o ponto de escorrimento,
de modo a atingir todos os ramos que permanecerão após a poda, com a finalidade de eliminar micélios e
esporos dormentes de fungos causadores de doenças e, também, cochonilhas, ovos de insetos etc.
Atualmente, na falta de produtos específicos no mercado, o tratamento de inverno voltou a ser feito
com a tradicional calda sulfocálcica a 10%. Essa calda pode ser preparada, com muita facilidade e baixo
custo, pelo próprio viticultor, conforme indicado no capítulo correspondente.
6.2. CONTROLE DE PLANTAS INFESTANTES
Como em qualquer atividade agrícola, o controle de plantas infestantes na viticultura é prática que
se reveste de grande importância. As plantas infestantes, comumente chamadas de ‘mato’, apresentam
diversos inconvenientes principalmente a competição por água e nutrientes.
Dependendo da região e do tipo de exploração, diversos métodos são usados no controle do mato.
Na região de Jundiaí, em razão da predominância de terrenos arenosos e com declividade acentuada,
o controle das ervas infestantes é feito manualmente ou com o uso de pequenos cultivadores de tração animal
ou mecânica.
Em outras regiões vitícolas, como no noroeste do paulista e no pólo produtor nordestino de
Petrolina e Juazeiro, onde predominam os vinhedos conduzidos no sistema de latada, o controle do mato é
21
um pouco mais simples, sendo feita a roçadura das ruas, restando as linhas de plantas que são capinadas
manualmente.
O controle das plantas infestantes com o uso de herbicidas, prática comum em algumas regiões,
deve ser feito com muito critério. Não deve ser esquecido que a videira é extremamente sensível aos
herbicidas hormonais, do tipo 2,4D e a alguns outros. Entretanto, o uso de herbicidas de contato e sistêmicos,
como paraquat e glifosato, apresentam bons resultados.
6.3. MANEJO DO SOLO DO VINHEDO
A necessidade de cultivar o vinhedo é, desde muito tempo atrás, um sentimento natural do
viticultor. Esse sentimento é causado, muitas vezes, pelo desejo de manter seu vinhedo convenientemente
apresentável, livre das ervas daninhas, e, quase sempre, pelo convencimento de que os cultivos e a
eliminação dessas ervas eram favoráveis ao bom desenvolvimento das videiras. Ainda que variando segundo
os diferentes solos e climas, os cultivos foram sempre considerados como benéficos para a produção da
videira.
Três são os sistemas básicos de manejo do solo de um vinhedo: como solo coberto, como solo
parcialmente coberto e com solo limpo.
6.3.1. SOLO COBERTO
O solo do vinhedo pode ser mantido coberto, principalmente, por meio da manutenção da vegetação
natural, comumente chamada de ‘mato’, ou por meio do uso de cobertura morta.
No solo onde é mantida a vegetação natural, a videira sofre concorrência das plantas infestantes,
porém, se o terreno for declivoso e sujeito à erosão, é preferível mantê-lo coberto para evitar que os prejuízos
sejam maiores. Neste caso, deve-se roçar a vegetação natural, manual ou mecanicamente, de preferência na
época do seu florescimento, capinando apenas uma estreita faixa de cada lado das linhas de plantas.
O uso de cobertura morta nos vinhedos é prática largamente adotada em algumas regiões vitícolas e
consiste na distribuição, sobre o solo, de uma camada de materiais orgânicos diversos, tais como: capim seco,
bagaço de cana, aparas de madeira, casca de eucalipto, palhas de culturas diversas etc.
Tal prática apresenta uma série de aspectos positivos, entre eles: proteção do solo contra a erosão, o
que é muito importante, uma vez que os terrenos predominantes em algumas regiões vitícolas apresentam
elevada declividade; maior retenção de umidade pelo solo, em razão da sua menor exposição ao sol;
incorporação de matéria orgânica ao solo, através da decomposição dos materiais que são usados; controle
relativamente eficiente das ervas daninhas.
Para alguns, o uso da cobertura morta apresenta a desvantagem de provocar o afloramento do
sistema radicular, o que, no entanto, não chega a ser um argumento condenatório da prática, diante das
vantagens que proporciona. O que é realmente preocupante quando se adota o uso da cobertura morta é o
perigo de ocorrência de incêndios, já que todos os materiais usados são de fácil combustão.
Até não muito tempo atrás, na região vitícola de Jundiaí, o material mais usado como cobertura
morta era o capim gordura (Melinis minutiflora), então encontrado em abundância, plantado que era nas
terras em pousio ou impróprias para a agricultura. No entanto, essas terras vêm, em sua maior parte, sendo
loteadas em pequenas chácaras de lazer, fazendo com que, a cada ano que passa, seja menor a
disponibilidade de capim.
Tendo em conta que são necessários de 2 a 2,5 hectares plantados com capim para se forrar 1
hectare de vinhedo, pode-se facilmente entender que, atualmente, a cobertura morta com capim gordura é
22
prática que pode ser considerada como pouco viável, mesmo no caso de ser usada em ruas alternadas, como
vem sendo adotada por parte dos viticultores, como meio de contornar o problema, pois que, dessa forma,
precisa-se de apenas metade do volume de capim que seria usado para forrar todo o vinhedo.
Em razão disso, há alguns anos, os viticultores passaram a usar o bagaço de cana como cobertura
morta. Embora tivesse de ser trazido de locais distantes, a prática mostrava-se vantajosa em razão do baixo
preço do material.
Presentemente a situação já é outra. Considerando que o volume transportado por um caminhão,
perto de 40m3, é suficiente para cobrir apenas 800m2, verifica-se que o uso de bagaço de cana como
cobertura morta vem se tornando quase que proibitivo, em razão do elevado valor dos fretes, fator que pesa
bastante nos custos, já que as usinas distam sempre mais de 100 quilômetros da região vitícola jundiaiense,
ao que se soma, também, a alta cotação atual do bagaço, para o qual vêm sendo dadas outras destinações,
como queima para geração de energia na própria usina, uso na alimentação animal, na produção de chapas
aglomeradas etc.
Na região de Indaiatuba, a cobertura morta tem sido feita com braquiária picada, que vem sendo
comercializada na base de R$ 200,00 por caminhão (dado de 1998), o que é suficiente para se forrar 1.000
pés, em ruas alternadas.
Nos últimos tempos vem se tentando uma solução para o problema da pequena disponibilidade de
matéria, procurando-se alternativas para o uso da cobertura morta. Trabalhos experimentais foram realizados
com o intuito de se encontrar uma 'cobertura' que pudesse ser plantada diretamente no vinhedo, após o
período de colheita da uva e que, além disso, oferecesse um bom volume de massa verde, não concorresse
com a videira em água e nutrientes e, também, que não fosse hospedeira de pragas e doenças da videira.
Para esse fim, várias espécies foram testadas, como sorgo forrageiro, feijão-de-porco, guandu,
azevém, crotalária, ervilhaca, mucuna-anã, tremoço, centeio, aveia-preta, entre outras.
Algumas delas foram desde logo descartadas, por não satisfazerem os objetivos em vista. As
espécies que mais se destacaram e que vêm sendo recomendadas e usadas por bom número de viticultores,
são a aveia-preta (Avena strigosa) e a ervilhaca ou chícharo (Latyrus sativus), espécies de inverno, que
suportam bem a baixa precipitação pluvial que normalmente ocorre durante o seu ciclo. A primeira é uma
gramínea que produz bom volume de massa verde e, a segunda, uma leguminosa que traz como vantagem a
promoção da fixação do nitrogênio através das bactérias de seus nódulos radiculares. As duas espécies são
semeadas após a colheita da uva, a lanço ou em linhas, de modo a cobrir toda a área do vinhedo. O ideal é se
semear de 4 a 6 linhas em cada rua do vinhedo, uma vez que o espaçamento usualmente adotado entre as
linhas de videira é de 2 metros. Por hectare, são necessários, em média, 20 quilos de sementes de ervilhaca
ou 30 quilos de sementes de aveia-preta. Em ambos os casos, pouco antes de se iniciarem, no vinhedo, as
tarefas de inverno, o material é cortado e deixado sobre o solo, passando a constituir a cobertura morta.
Acredita-se que um bom procedimento é aquele de se semear a aveia-preta e a ervilhaca em ruas ou lotes
alternados e, anualmente, inverter a localização dessa espécies, de modo que cada rua ou lote seja plantado
com aveia-preta em um ano e, com ervilhaca, no outro.
6.3.2. SOLO PARCIALMENTE COBERTO
Muitas vezes, embora recomendável, a cobertura total do solo não é possível de ser conseguida, por
um motivo qualquer. Nestes casos, pelo menos parcialmente, o solo deve ser mantido coberto, por meio de
uma das formas anteriormente citadas.
É o que ocorre com freqüência na região vitícola de Jundiaí (SP), onde a escassez, que atualmente
se observa, de materiais para serem empregados como cobertura morta, vem obrigando o seu uso em ruas
alternadas, de modo que, a que é coberta em um ano, no próximo permanece sem cobertura.
23
6.3.3. SOLO LIMPO
Em solos mantidos permanentemente limpos, a videira apresenta melhor desenvolvimento, por estar
livre da concorrência das ervas infestantes, apesar destes solos ficarem mais sujeitos aos efeitos danosos
causados pela erosão.
Em razão disso, no caso de terrenos com topografia acidentada, em regiões sujeitas a altas
precipitações pluviais, não é recomendável manter o vinhedo totalmente limpo, uma vez que a erosão poderá
causar sérios prejuízos à fertilidade do solo.
No vinhedos brasileiros, a operação de controle das ervas daninhas é feita, principalmente, por meio
da capina manual, do emprego de cultivadores de tração animal ou mecânica e, também, do uso de
herbicidas.
Ainda que o cultivo da videira se caracterize pelo respeito à tradição, o uso de herbicidas vem se
generalizando e, em muitas regiões vitícolas, o seu emprego já se converteu em mais uma das tarefas a serem
realizadas, rotineiramente, ao longo do ano. Deve-se ter em mente, no entanto, que reduzir ou suprimir o
cultivo do solo, eliminando as ervas infestantes com o uso de herbicidas, traz como reflexo trabalhar menos o
solo ou não fazê-lo por completo, com todas as implicações e conseqüências que isso pode acarretar. Se não
se cultiva o solo para eliminar as ervas, teoricamente não se melhora a sua estrutura, não se o aera, não se
rompe a crosta superficial que normalmente se forma, etc. Assim, se de um lado a aplicação de herbicidas
produz um efeito em princípio favorável para o viticultor, que é eliminação das ervas daninhas, o não cultivo,
por sua vez, traz como conseqüência certos inconvenientes sobre a manutenção do estado ideal do terreno.
Sobre a eliminação em si das ervas daninhas presentes no vinhedo, pode-se dizer que, atualmente,
com os princípios ativos disponíveis, o viticultor está apto a controlar boa parte das que usualmente ocorrem.
Presentemente, os herbicidas registrados para uso na viticultura são os seguintes:........... (ver relação do
Ministério)
6.4. AMARRAÇÃO
A operação tem por finalidade amarrar a videira ao sistema de condução, de modo a facilitar todos
os tratos culturais que devem ser executados, tendo em vista que ela é uma planta trepadeira.
A amarração se inicia logo após a poda de inverno, quando os cordões principais das videiras e
também as varas, no caso de se praticar a poda longa, são amarrados aos arames do sistema de condução.
Deve ser ressaltado que, em muitas variedades em que é aplicada a poda longa, se as varas forem
amarradas retas ou na mesma direção em que brotaram no ano anterior, há a tendência de só brotarem as
gemas situadas nas pontas das mesmas, acarretando uma produção menor. Nesses casos, recomenda-se que
as varas sejam amarradas com uma certa curvatura, o que força a brotação de um maior número de gemas.
Iniciada a brotação, tão logo os brotos atinjam o comprimento de 20 a 25 cm, devem eles ser
cuidadosa e racionalmente amarrados, tendo em conta as particularidades que cada sistema de condução
apresenta.
Em todos os casos, a amarração deve ser frouxa para que não ocorra o estrangulamento dos ramos.
Os amarrilhos mais usados são a palha de milho molhada, fórmio, sisal, fitas plásticas etc.
Atualmente, existem no mercado pequenas máquinas, chamadas alceadores, que realizam a
operação com grande eficiência e rapidez.
6. QUEBRA DA DORMÊNCIA
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As videiras, como outras plantas decíduas, apresentam um período de dormência requerendo certa
quantidade de frio para retomar seu desenvolvimento na primavera. Elas não são, em geral, extremamente
exigentes em frio e, quando cultivadas em regiões tropicais podem até vegetar continuamente desde que
não entre em dormência quer por choque frio ou hídrico. Por outro lado, uma vez que a dormência tenha
sido estabelecida, o frio é necessário para quebrá-la e levar a uma abertura uniforme das gemas. Uma vez
que entrou em repouso, principalmente, nas regiões onde se produz uva de mesa no Brasil, é praticamente
obrigatório o emprego de reguladores vegetais que induzam a quebra de dormência das gemas após a poda
de produção, para que haja uma brotação uniforme ao longo da vara (Estampa 6), visto que o acúmulo de
frio não é suficiente para quebrar totalmente a dormência, para estimular uma brotação uniforme sem que
ocorra uma dominância apical.
Muitos compostos químicos como óleo mineral, dinitro-orto-cresol, tiouréia, nitrato de potássio,
nitrato de cálcio, ácido giberélico e cinetina são citados como efetivos na quebra de dormência de muitas
espécies de frutíferas. Esses compostos podem substituir parcialmente a necessidade de frio e estimular
uma abertura precoce e mais uniforme das gemas.
A videira, entretanto, não responde muito bem a esses compostos e, quando isso ocorre, os
resultados não são expressivos. Todavia, responde bem a compostos que contenham cianamida, como é o
caso da cianamida cálcica e da cianamida hidrogenada (Dormex®). A eficácia dos dois compostos advém
do grupo muito reativo CN.
O modo de ação desse composto ainda não está totalmente esclarecido. Sabe-se que a cianamida
hidrogenada afeta o sistema respiratório nas células e interfere em certos processos enzimáticos que, por
sua vez, controlam o repouso. Uma das hipóteses seria que o radical CN reage com a enzima-Fe da
catalase, inibindo-a e promovendo a respiração mitocondrial, desta forma tirando a planta do estádio
dormente.
Cianamida hidrogenada: o produto comercial possui 49% de ingrediente ativo devendo ser usado em
pulverização sobre as gemas, em doses que variam de região para região, conforme as condições
climáticas. Em São Paulo, no pólo vitícola Jundiaí/Indaiatuba, a dose recomendada encontra-se na faixa de
2,5 a 3% (Pires, 1995); para a região de São Miguel Arcanjo, Pires et al. (1993) recomendam as
concentrações de 4% ou 2% caso a poda seja realizada em meados de julho ou setembro respectivamente
(Estampa 12). No sub-médio São Francisco, no pólo Petrolina (PE)/Juazeiro (BA), a dose recomendada é
de 7% para o período maio-agosto e 6% de setembro-abril (Albuquerque, 1996). Em Bento Gonçalves
(RS), para o cultivar Cabernet Sauvignon, a dose ideal para a quebra de dormência foi de 1,8% de
cianamida hidrogenada (Miele, 1991).
Cianamida cálcica: é um fertilizante nitrogenado orgânico comercializado na forma de pó. Quando
hidrolizada, como primeira transformação, reage para cianamida hidrogenada e hidróxido de cálcio. No
Brasil, de modo geral, a literatura recomenda utilizar uma solução aquosa de 20%, aplicada por
pincelamento das gemas de interesse após a poda (Terra et al., 1987). No sub-médio São Francisco, no
pólo Petrolina (PE)/Juazeiro (BA), além da cianamida hidrogenada, é comum o uso de cianamida cálcica
20% + yogen nº 2 a 5%. Em Indaiatuba para a segunda poda, nos meses de dezembro/janeiro, usa-se
cianamida cálcica a 5%.
8. REGULADORES DE CRESCIMENTO
A giberelina é o regulador de crescimento mais usado na cultura da videira. Seu emprego tem
diversas finalidades, como: melhorar a fixação de frutos, diminuir a compactação de cachos, aumentar o
25
tamanho de bagos e cachos, induzir a apirenia; uniformizar a maturação, antecipar o período da colheita,
evitar o enrugamento do bago etc.
As doses e épocas para aplicação da giberelina variam em função da variedade cultivada e da
finalidade com que o tratamento está sendo feito. O produto é usado em doses extremamente pequenas e as
recomendações são sempre expressas em partes por milhão (ppm). O tratamento deve ser sempre feito por
imersão das inflorescências ou dos cachos, já que a ação do produto é por contacto, não ocorrendo
translocação.
Fixação de frutos: em variedades onde ocorre queda precoce de frutos como em ‘Concord’, a aplicação de
GA3 sobre os racimos a concentração de 100ppm 11 dias após o florescimento pode minimizar este
problema.
Desbaste de bagos: para induzir menor pegamento de flores, dando como conseqüência racimos mais
soltos em decorrência da menor quantidade de bagos fixados no cacho, o produto deve ser aplicado no
florescimento, visto que nessa fase da frutificação seu provável efeito é o de provocar danos nos óvulos,
sem intervir na fertilidade do pólen, além de estimular a divisão e crescimento celular, o que permite um
alongamento da ráquis e pedicelos. Dentre as variedades sem semente, a que melhor responde a este
tratamento é a Thompson Seedless ou Sultanina. É recomendado duas aplicações de GA3 na dose de
10ppm, a primeira à 40% de floração, e a segunda entre 80 e 90% de florescência (Muñoz, 1987). Outras
variedades como Perlette, Delight, etc. o desbaste químico nem sempre é satisfatório (Kasimatis et al.,
1971). Em variedades com sementes de bagos graúdos e racemos compactos o ácido giberélico não é a
solução para eliminar o excesso de bagos, e o método eficiente para resolver tal problema, para que os
frutos remanescentes tenham espaço para se desenvolver adequadamente no cacho é o desbaste manual
com tesouras apropriadas.
Aumento do tamanho de bagos em variedades sem sementes: a aplicação deve ser feita em torno de 15-20
dias após o florescimento, ou quando a baga tenha entre 3 e 5mm de diâmetro. As doses variam em função
da variedade, e na mesma variedade em função do local de cultivo. Para 'Sultanina' ou 'Thompson
Seedlees' em cultivo no Chile Muñoz (1987), recomenda 40ppm aplicado nos cachos quando os bagos
tenham um diâmetro entre 4-5mm, repetindo-se com igual dose uma semana após; no Brasil Pires et al.
(1998), para a variedade Centennial Seedless recomenda 25ppm, entre 15 e 20 dias após o florescimento.
Aumento do tamanho de bagos em variedades com sementes: Nessas variedades a resposta é bem menor
ou quase nula, exceção à ‘Dattier de Beirut (Rosaki)’, que tem seus bagos aumentados entre 50-70%
quando recebem aplicações entre 10-20ppm após o pegamento dos frutos (Weaver, 1976). Para 'Itália' e
suas mutações 'Rubi', 'Benitaka' e 'Brasil', a aplicação pode ser feita entre 20 e 30 dias após o
florescimento, ou 60 dias após a poda diretamente sobre os cachos, à doses entre 10 a 30ppm, dependendo
das condições de cultivo. Com esse procedimento a ráquis e a película dos bagos tornar-se-ão mais rijos,
sem contudo sofrer aumentos altamente significativos quanto ao tamanho e forma
Supressão de sementes: aplicado a 100ppm aproximadamente dez dias antes da antese, pode evitar a
formação de sementes como ocorre na variedade Delaware, entanto, em outras variedades, a supressão de
sementes não é total, coexistindo no mesmo racemo bagos com ou sem as mesmas (Weaver, 1976).
Uniformização da maturação: a aplicação de giberelina 20 ppm, logo após a frutificação, na fase chamada de
'chumbinho', na variedade Patrícia induz a uniformização do amadurecimento.
Erugamento do bago: o enrugamento do bago é a perda da turgescência aproximadamente um mês antes
da colheita. Se esse fenômeno ocorreu em muitos bagos o cacho torna imprestável à comercialização. A
aplicação a 20ppm quando os bagos estão com diâmetro entre 10-15mm pode minimizar este problema.
Entretanto, a concentração varia com o cultivar e o meio ambiente.
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Além do ácido giberélico outros compostos químicos podem ser utilizados com sucesso em
viticultura tais como:
Forchlorfenuron (CPPU): seu ação é do tipo citocinina e quando aplicado nos bagos estimula uma maior
atividade na divisão celular, permitindo que tenham um maior potencial de crescimento, tornando-os
maiores. Conforme o cultivar, o Forchlorfenuron pode promover aumento de espessura da ráquis e
pedicelo, evitando um excesso de degrana de bagos. De acordo com o fabricante (BASF AGRO, 1993), os
resultados positivos obtidos nos cultivares Thompson Seedless e Redglobe foi com aplicação de 10ppm do
princípio ativo nos racemos com bagos medindo de 4 a 8mm de diâmetro. Este produto atua de forma
localizada, portanto a aplicação deve ser efetuada no cacho. Este produto não substitui as tradicionais
aplicações de ácido giberélico para crescimento dos bagos, e sim complementa-as.
Quinmerac ou IUPAC: seu modo de ação é semelhante à auxina, promovendo a elongação celular,
portanto, incrementando o volume celular, particularmente em bulbos e frutos, e auxilia na divisão celular.
Como a auxina, esse produto auxilia o transporte de assimilados no interior da planta, tendo como
resultado frutos maiores e mais pesados.
Estreptomicina: Pommer, et al. (1996) obtiveram uvas Rubi totalmente sem sementes mergulhando os
racemos em uma solução contendo 400mg de estreptomicina por litro de água, 6 a 8 dias antes do
florescimento, combinado com ácido giberélico 30mg/litro aplicado 12 dias após o pleno florescimento.
Verificaram, após a colheita, que os cachos apresentavam boa densidade, com bagos pesando em média
6,6g.
Etileno: de ocorrência natural nas plantas, é tido como o hormônio do amadurecimento. Etefon, nome
genérico do ácido (2-cloroetil) fosfônico, mencionado também como CEPA e Ethrel®, é um agente
liberador de etileno. Aplicado aos racemos quando a frutescência apresentam em média 15% de cor,
acentua e antecipa a coloração geral dos bagos. Às vezes, pode diminuir a relação açúcar/acidez, e essa
melhora deve-se, principalmente, ao abaixamento da acidez. A aplicação deve ser dirigida nos cachos e
nas folhas para tornarem os resultados mais eficientes. Às vezes, pode provocar o amolecimento dos bagos
e, ocasionalmente, inferir frutos excessivamente escuros. O principal efeito benéfico em uvas de mesa, em
especial as rosadas, é de acelerar a coloração, sem aumentar o tamanho do bago e modificar a relação
açúcar/acidez. Deve ser usado, principalmente, em variedades e locais onde o desenvolvimento da
coloração natural seja pobre. Os efeitos do etefon na videira são governados por uma interação complexa
de numerosos fatores tais como concentração, temperatura atmosférica, vigor e nutrição mineral da planta;
não deve ser utilizado em variedades que degranam facilmente, posto que pode potencializar o efeito da
abscisão (Szyjewicz et al., 1984). As doses propostas pela literatura internacional variam de 100 a
1.000ppm em função da variedade e do local onde o vinhedo está plotado.
8. PROTEÇÃO DO VINHEDO
Cobertura da parreira com tela de náilom: a cobertura total da parreira é uma técnica
que tem por objetivo proteger o vinhedo e a uva contra o efeito de granizo, excesso de sol, e o ataque de
pássaros, morcegos, insetos de porte grande como vespas e marimbondos (Estampa 2). No mercado
existem pelo menos dois fabricantes: Equipesca, que produz o sombrite e o clarite; e a Nortene que fabrica
o tecnofil. A malha usual da tela é a de 18%, e a durabilidade prescrita pelos fabricantes é de 8 anos.
Cobertura da parreira com plástico (estufa): esta técnica tem por objetivo principal
proteger o vinhedo contra os efeitos nocivos do frio. É aplicada para antecipar a poda em vinhedos
localizados em regiões onde "existe inverno". Com este procedimento, pode-se antecipar e escalonar a
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colheita, em regiões onde a poda seria efetuada sempre na primavera e a colheita realizada sempre em um
mesmo período, no verão, com lucro menor ao viticultor.
Proteção dos cachos com "chapéu chinês": consiste em cobrir os cachos com um uma
proteção de plástico com formato de um cone. Os plásticos podem ser cortados de forma circular com
aproximadamente 30cm de diâmetro. De posse desse material faz-se um corte em seu raio, coloca-o no
pedúnculo do cacho logo acima da inserção das bagas, sobrepõe-se as extremidades e grampeia 2 a 3 vezes
para dar firmesa ao chapéu chinês (Estampa 10).
Produção de uvas na microregião de São Miguel Arcanjo
Poda: varia de 2 a 3 ramos/m2
Quebra de dormência: Calciocianamida 20% + Yogen nº 2 a 5%.
Desbaste: se usar o pente, + ou- 3 dias antes do florescimento
Giberelina: 1g/60 + 240g de yogen nº 2. A solução é aplicada + ou - 40 dias após o florescimento, i.e., nessa
época as bagas estão + ou - do tamanho de uma ervilha. Após a aplicação de GA cortar temporariamente o N
em cobertura.
Uso da estufa: de junho a dezembro: quando começa a gear, aquece com carvão 5 latas/120 plantas
Mato: capina ou round up na linha. Na entre linha deixa o mato, só roçagem
Calciocianamida 1kg + 300g yogen nº 2
GA : 1g/60 litros água + ou - 25/30 dias após florada.
Poda: 6 gemas/ramo, deixando 2,5-3 ramos /m2
Produção de uvas na microrergião de Indaiatuba
Sindicato rural 20/08/97
Enxertia: sistema tradicional. Garfagem quase rente ao solo, posteriormente cobre-se tudo com montículo de
terra. A equipe de enxertia: 5 homens - 1 limpa, 1 enxerta, 1 amarra e 2 cobrem.
Área cultivada: 5 milhões de plantas, no espaçamento 1,8x 0,8m = 1,44m2 portanto 720ha. Estima-se que em
1997 foram enxertadas 600 mil plantas, elevando a área para 800ha.
Época de poda: de 15/07 a 15/08. Centrada principalmente de 25/07 a 5/08. Em 15-20% da área é realizada a
poda de risco, i.e., antecipando-a ou retardando-a.
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Colheita: ciclo de 120 dias - pico da colheita entre 20/11 a 30/12.
Segunda poda: faz-se por indicaçào da própria planta. Se começar brotar executa-se em fins de
dezembro/mesados de janeiro. Se a planta não exigir poda é feita no final de janeiro a início de fevereiro.
Ciclo de 110 dias. 75% dos viticultores fazem.
Detalhe: na implantação, após a enxertia, o broto pp é conduzido no 1º arame. Atingindo o comprimento
necessário desponta-se, para forçar a brotaçào das gemas. Em dezembro podam-se os brotos à meia altura,
para produçào fora de época - abril/maio.
Longevidade: 10-12 anos c/ 2 podas.
Manejo do solo: capinas manuais e/ou mecânicas.
Irrigaçào: 20-40% dos viticultores - aspersão. Água distribuída do florescimento à outubro, e nos casos de
veranicos superiores a 10 dias.
Indução brotação: calcio 20% em julho/agosto e 5% na 2ª poda. Dormex 3% no inverno.
Complemento:
Preparo do solo: 2 subsolagens cruzadas a 0,4-0,5m de prof.
Depois disto: alinhamento, moirões de cabeceira.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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