Karla Cristina Batista Botelho

Propaganda
1
PROPOSTA DE CONTENÇÃO DE
EROSÃO DE TALUDE EM SOLO: UM ESTUDO DO CASO DA DF-180
Pró-Reitoria de Graduação
Km, SENTIDO GAMA – DF.
Curso de Engenharia Ambiental
Trabalho de Conclusão de Curso
PRODUÇÃO DE LACTUCA SATIVA (ALFACE) EM
DIFERENTES EFLUENTES UTILIZANDO A TÉCNICA
DE HIDROPONIA
Autora: Karla Cristina Batista Botelho
Orientadora: Prof. MSc. Beatriz Rodrigues Barcelos
Brasília - DF
2013
2
Karla Cristina Batista Botelho
PRODUÇÃO DE LACTUCA SATIVA (ALFACE) EM
DIFERENTES EFLUENTES UTILIZANDO A TÉCNICA
DE HIDROPONIA
Projeto de pesquisa apresentado à disciplina de
Projeto Final do curso de Engenharia Ambiental da
Universidade Católica de Brasília, como requisito
parcial de aprovação no mesmo.
Orientadora:
Barcelos
Brasília, DF
2013
Prof.
MSc
Beatriz
Rodrigues
3
Projeto de pesquisa de autoria da aluna Karla Cristina Batista Botelho, intitulado
“PRODUÇÃO DE LACTUCA SATIVA (ALFACE) EM DIFERENTES EFLUENTES
UTILIZANDO A TÉCNICA DE HIDROPONIA” apresentada como requisito parcial para
aprovação da disciplina de Projeto Final, em 20 de junho de 2013, aprovada e abaixo
assinada:
_________________________________________
Prof. MSc. Tatyane Souza Nunes Rodrigues
Examinadora
_________________________________________
Prof. MSc. Beatriz Rodrigues Barcelos
Orientadora
Brasília, DF
2013
4
PRODUÇÃO DE ALFACE LACTUCA SATIVA (ALFACE) EM DIFERENTES
EFLUENTES UTILIZANDO A TÉCNICA DE HIDROPONIA
Karla Cristina Batista Botelho
[email protected]
Prof.MSc.Beatriz Rodrigues Barcelos
[email protected]
Curso de Graduação em Engenharia Ambiental – Universidade Católica de Brasília
RESUMO
Há uma crescente preocupação com a escassez de água em todo o planeta, por ser um recurso
finito e de grande importância para a vida, sendo necessário cada vez mais a realização de
pesquisas para melhorar a utilização dos recursos hídricos. Entre as atividades que afetam a
oferta de águas destaca-se o lançamento de efluentes nos mananciais hídricos. Como forma de
tentar sanar esse problema ambiental pode-se utilizar a prática do reúso, um meio de
aproveitamento da água já utilizada para outros fins como, por exemplo, para benefícios na
agricultura, dessedentação de animais, recargas de aquíferos entre outros. Nesse sentido, o
artigo propõe uma pesquisa para produção de hortaliças utilizando a técnica da hidropônia por
meio do uso de efluentes oriundos de aterro e piscicultura. Foram desenvolvidas três unidades
pilotos e nelas depositadas efluentes de aterro e da piscicultura, ao longo do tempo foram
observados o crescimento e o desenvolvimento das mudas de lactuca sativa (alface). Os
resultados obtidos para o efluente do tanque de peixes da Universidade Católica de Brasília
foram satisfatórios para o desenvolvimento da hortaliça, pois houve crescimento das raízes e
das folhas sendo possível a utilização do efluente para a produção hidroponica, porém o
lixiviado mostrou altos teores de matéria orgânica e de amônia e de acordo com as
observações realizadas não houve desenvolvimento das folhas nem das raízes levando-as ao
apodrecimento, as altas taxas foram letais para as mudas da hortaliça. O trabalho foi realizado
visando uma possível forma de propiciar benefícios do reúso da água à agricultura para que
possamos continuar a produção de hortaliças de uma forma sustentável sem prejudicar os
recursos hídricos.
Palavras-chave: Reúso, hidroponia, hortaliças, efluentes.
1.
INTRODUÇÄO
A água é um recurso natural finito e essencial à vida, seja como componente
bioquímico de seres vivos, meio de vida de várias espécies, elemento representativo de
valores sociais e culturais, além de importante fator de produção no desenvolvimento de
diversas atividades econômicas (BERNADI, 2003).
Considerando que os recursos hídricos acessíveis ao consumo humano direto
constituem em fração mínima do capital hidrológico, observa-se ainda a cada dia que a água,
5
em escala mundial, é um recurso cada vez mais escasso, seja pelo crescimento da população e
de atividades econômicas, com o aumento da demanda, seja pela redução da oferta, esta
condicionada especialmente pela poluição dos mananciais (BERNARDI, 2003).
Com relação ao consumo de água nas diversas atividades existentes, Mancuso e
Santos (2003) apontam que 65% de toda a água consumida é utilizada pela agricultura, 25%
pelas indústrias e os outros 10% são encaminhados para diferentes fins urbanos. Destaca-se
que a irrigação agrícola contribui para escassez da água potável em todo o mundo. De acordo
com Bertoncini (2008), desperdícios de água na irrigação agrícola ocorrem devido ao uso de
métodos de irrigação que favorecem perdas de até 60% da água por evaporação, como a
inundação, os sulcos rasos, o pivô central e a aspersão. Aponta-se que a situação poderia ser
alterada, caso houvesse uma redução de 10% na fração destinada à irrigação, grosseiramente
poder-se-ia duplicar o consumo doméstico em âmbito mundial.
Aponta-se como alternativas para agricultura a utilização de águas residuárias, que
amenizariam o problema de escassez de água em muitas regiões (SANDRI, 2003). É provável
que a produtividade aumente utilizando essas águas para irrigação, reduzindo assim a
necessidade de expansão da fronteira agrícola, bem como o uso de fertilizantes.
São vários os benéficos da água de reúso proveniente de esgotos na agricultura,
podendo-se mencionar a possibilidade de substituição parcial de fertilizantes químicos, com a
diminuição do impacto ambiental, em função da redução da contaminação dos cursos d’água;
um significativo aumento na produção, tanto qualitativo quanto quantitativo; além da
economia da quantidade de água direcionada para a irrigação, que pode ser utilizada para fins
mais nobres como o abastecimento público (BERNARDI, 2003).
Segundo Brega Filho e Mancuso (2002), a prática de reúso de água no meio agrícola,
além de garantir a recarga do lençol freático, serve para fertirrigação de diversas culturas, bem
como para fins de dessedentação de animais. A utilização de água proveniente de reúso é
diferenciada para irrigação de plantas não comestíveis (silvicultura, pastagens, fibras e
sementes) e comestíveis (nas formas cruas e cozidas), necessitando essas de um nível maior
de qualidade.
Existem várias definições na literatura para a terminologia do reúso de água, porém há
uma divergência entre vários autores o que acaba dificultando o discernimento dessa prática,
de modo geral o reuso ocorre de forma direta e indireta, por meio de ações planejadas ou não
(MANCUSO; SANTOS, 2003).
Lavrador Filho (1987) apud Mancuso e Santos (2003), define reúso de água como o
aproveitamento de águas previamente utilizadas, uma ou mais vezes, em alguma atividade
humana, para suprir as necessidades de outros usos benéficos, inclusive o original. Pode ser
direto ou indireto, bem como decorrer de ações planejadas ou não planejadas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (1973), tem-se:
Reúso indireto: ocorre quando a água já usada, uma ou mais vezes para uso
doméstico ou industrial, é descarregada nas águas superficiais ou subterrâneas
e utilizada novamente à jusante, de forma diluída;
Reúso direto: é o uso planejado e deliberado de esgotos tratados para certas
finalidades como irrigação, uso industrial, recarga de aquífero e água potável;
Reciclagem interna: é o reuso da água internamente a instalações industriais,
tendo como objetivo a economia de água e o controle da poluição.
O reúso de água para diversos fins, incluindo o da irrigação, surge então como
alternativa para reduzir a escassez de água, garantindo economia do recurso e racionalização
do uso desse bem. Na agricultura o reúso pode ser utilizado na agricultura convencional ou
até mesmo na técnica de hidroponia. O uso de águas residuárias no cultivo hidropônico é
registrado em diversas literaturas, embora ainda com certa limitação.
6
A palavra hidroponia é originária do grego: Hydro que significa água e Phonos que
significa trabalho. Atualmente o termo hidroponia nomeia a técnica de cultivo de plantas sem
o solo como suporte, na qual os nutrientes são fornecidos através de uma solução nutritiva
balanceada de acordo com as necessidades da cultura que se deseja cultivar. Seja qual for a
técnica hidropônica, o fundamental em termos conceituais é que a solução nutritiva substitui o
solo em sua função mais complexa, que é a de suprir as necessidades de nutrientes dos
vegetais (PROSAB, 2006).
Ainda segundo o Programa de Pesquisa em Saneamento Básico – PROSAB (2006),
dentre as principais vantagens da hidroponia pode-se destacar: (i) versatilidade de instalação e
de localização da infra-estrutura; (ii) demanda reduzida da área; (iii) demanda relativamente
reduzida de água; (iv)ciclos mais curtos, o que permite melhor programação da produção; (v)
possibilidade de emprego às mais diversas culturas, em qualquer estação do ano, propiciando
a produção fora de época com baixa dependência de adversidades climáticas e (vi)
produtividade elevada com maior rendimento por área.
Segundo Resh (1997) apud Potrich, Pinheiro e Schmitd (2012), a hidroponia é uma
ciência jovem, sendo utilizada como atividade comercial há apenas 40 anos. Nesse curto
período de tempo a técnica foi adaptada a diversas situações: nutrient film tecnique (NFT),
denominada técnica de fluxo laminar de nutrientes; deep film technique (DFT), denominada
floating; em substrato; e, aeroponia, sistema em que as raízes das plantas ficam suspensas
recebendo água e nutrientes por atomizadores.
A alface (Lactuca sativa L.) é a cultura utilizada em maior escala pelo cultivo
hidropônico denominado NFT - “Nutrient Film Technique” ou técnica do fluxo laminar de
nutrientes (POTRICH; PINHEIRO; SCHMITD, 2012). Isso se deve, de acordo com Ohse et
al. (2001), à sua fácil adaptação ao sistema, no qual tem revelado alto rendimento e reduções
de ciclo em relação ao cultivo no solo. Além disso, segundo Santos et al., (2008), a alface é a
hortaliça folhosa mais consumida no Brasil, sendo considerada a base das saladas.
O reúso na agricultura utilizando a técnica da hidroponia pode-se valer de vários
efluentes existentes das diversas atividades realizadas pelos seres humanos, todavia é de suma
importância que as águas residuárias sejam ricas em micro e macronutrientes necessárias para
o crescimento das plantas.
Sabe-se que alguns efluentes como os oriundos de estações de tratamentos de esgotos
e lixiviados presentes em lixões/aterros sanitários, são ricos em micro e macronutrientes e
podem ser usados como solução nutritiva para o desenvolvimento de culturas hidropônicas
desde que sejam realizadas adaptações e correções se necessárias para que não haja
contaminações do produto a ser cultivado. Portanto se faz necessário a realização de estudos
na área de cultivos hidropônicos com usos de efluentes para que possa os mesmos possam ser
utilizado como fertilizante evitando que águas de boa qualidade seja empregadas na
agricultura, evitando o desperdício.
Resíduos de efluentes da aquicultura (águas incorporadas com dejetos dos peixes e
sobras de ração) adicionam grandes quantidades de carbono, nitrogênio e fósforo no ambiente
induzindo a produção primária e impulsionando o processo de eutrofização, comprometendo a
qualidade da água do manancial inclusive para a própria atividade de piscicultura (WITHERS,
2008).
O conhecimento para se analisar e interpretar os resultados dos parâmetros da
qualidade da água é de grande importância para os piscicultores pois, fatores como oxigênio
dissolvido e temperatura, entre outros, estão diretamente relacionados com o desenvolvimento
dos peixes e fatores como pH, alcalinidade, dureza e transparência também afetam os peixe,
mas não são tóxicos, já fatores da qualidade de água interagem uns com os outros e essa
interação pode ser complexa; o que pode ser tóxico e causar mortalidades em uma situação,
pode ser inofensivo em outra, por isso há importância de cada fator, o método de
7
determinação e frequência do monitoramento dependem do tipo e intensidade do sistema de
produção usado (SILVA; FERREIRA; LOGATO, 2013).
Nos últimos anos, a atividade de criação de peixes em cativeiro vem crescendo
substancialmente no Brasil trazendo a necessidade de estudos sobre a quantificação e a
qualificação dos fluxos de carbono, nitrogênio e fósforo e seus impactos na qualidade da água
(Tovar, 2000).
A qualidade da água na piscicultura é resultado de influências externas (por exemplo,
qualidade da fonte de água, características do solo, clima, introdução de alimentos – ração) e
internas (densidade de peixes, interações físico-químicas e biológicas). Em tanque de
piscicultura é um ambiente complexo e dinâmico (BASTOS et al,.2003).
Segundo Andrade (2008), um tanque de piscicultura assim como uma lagoa de
estabilização, abriga uma comunidade complexa composta de organismo produtores primários
(fitoplâncton, perifíton e, por vezes, macrófitas) heterotróficos (peixes, zooplânctos,
zoobentos) e decompositores (bactérias e fungos). Porém tanques de peixes de acordo com
Durborow et al (1997) apud Andrade (2008), a amônia é o principal produto de excreção de
animais aquáticos. Os peixes digerem proteínas na sua alimentação e excretam amônia por
meio das suas guelras e nas suas fezes. A quantidade de amônia excretada varia conforme a
quantidade de alimentos disponíveis no sistema.
Tendo em vista a grande quantidade de nutrientes encontrados em viveiros de peixes
pode-se perceber que quando não são monitorados de forma adequada ou são desativados
causa um grande impacto ambiental devido a grande quantidade de matéria orgânica que é
liberada de uma só vez em corpos receptores, devido ao volume de matéria orgânica uma das
soluções possíveis seria o uso do efluente gerado na piscicultura para a agricultura através da
irrigação, já que o efluente gerado é muito rico em matéria orgânica, nitrogênio e fósforo, que
são ótimos nutrientes para o crescimento e desenvolvimento das plantas.
De acordo com Bernardi (2003), no Brasil deve-se ainda trabalhar socialmente a
cultura de reúso de água, que apesar de ser uma prática inconsciente utilizada há vários anos
(reuso não planejado) há preconceito quanto à sua forma de utilização por parte do público
consumidor.
Com isso, sabendo que o lançamento de efluentes como os gerados em aterros/lixões
(lixiviado) e os oriundos da piscicultura nos corpos hídricos pode causar degradação
ambiental, assim sendo, tais efluentes necessitam de tratamento e uma alternativa seria o uso
na hidroponia, visto que as hortaliças produzidas precisam exatamente de nutrientes advindos
do nitrogênio, fósforo e matéria orgânica para o crescimento. Com base no presente contexto,
nota-se que novos estudos e novas pesquisas na área da hidroponia com o reuso de efluentes
se faz necessária, pois pode ser uma grande alternativa para evitar o descarte em corpos
hídricos evitando assim a contaminação do meio ambiente.
Assim, o presente trabalho tem a finalidade de analisar o desempenho de produção de
lactuca sativa (alface) em unidades pilotos confeccionadas com dois diferentes tipos de
efluentes, lixiviado e água de piscicultura. Como objetivos específicos têm-se: avaliar as
características físico-químicas e bacteriológicas dos efluentes; acompanhar eficiência dos
efluentes para o crescimento e desenvolvimento das hortaliças.
2. MATERIAL E MÉTODOS
A presente pesquisa objetivou principalmente, acompanhar o desenvolvimento de
lactuca sativa (alface) em dois diferentes efluentes (lixiviado e a água oriunda da piscicultura),
utilizando o sistema hidropônico.
8
Figura 1- Aterro Controlado Jóquei Clube
Figura 2 – Tanque de peixes da UCB
O experimento foi realizado na Universidade Católica de Brasília (UCB), no
Laboratório de Resíduos localizado no bloco I, no período de fevereiro de 2013 até maio de
2013, sendo as etapas apresentadas na Figura 3.
Figura 3 – Fluxograma com as etapas dos procedimentos realizados.
Para o desenvolvimento da pesquisa foram construídas três unidades piloto, conforme
apresentado na Figura 4.
9
Figura 4- Unidades pilotos construída para o desenvolvimento de lactuca sativa através de
técnicas hidropônica.
Para a construção do piloto foram utilizados os seguintes materiais (Figura 5):
a) Três vasilhames de plástico de 30 litros;
b) Folhas de isopor para confecção da base de sustentação das alfaces;
c) Mudas de lactuca sativa (alface) do tipo crespa ;
d) Bombinhas de ar (AIR-PUMP Resun Ac-2600);
e) Enriquecedor NPK (Polifértil 8-8-8) para o ensaio do experimento testemunha;
f) Dois tipos de efluentes: lixiviado coletado no aterro controlado da Estrutural e
água de piscicultura oriunda do tanque de peixes da própria Universidade
Católica de Brasília.
g) Um vasilhame foi realizado a produção convencional utilizando água destilada
e acrescentando o enriquecedor para acrescentar os nutrientes necessários para
o desenvolvimento das mudas, servindo como experimento testemunha que
será utilizado a fim de comparação de resultados.
10
Figura 5: Disposição de materiais utilizados para a construção das unidades piloto para
melhor visualização.
Para monitoramento do desenvolvimento das hortaliças foram analisados 10
parâmetros físico-químicos nos efluentes utilizados. Os parâmetros e seus respectivos
métodos seguem apresentados na Tabela 1. Todos os parâmetros realizados nos efluentes
foram analisados depois da coleta já no Laboratório de Águas da Universidade Católica de
Brasília.
Tabela 1 – Parâmetros analisados nos efluentes para controle do desenvolvimento da lactuca
sativa e seu respectivo método de mensuração.
PARÂMETROS
MÉTODOS
1- Fósforo total (mg/L P)
Cloro estanoso 4500 - P D
2- pH
pHmetro marca Hach- 2520 B
3- DBO (mg/L)
Respirometric Method (OXITOP) - 5210 D
4- Amônia (mg/L)
Nessler Method - 4500 - NH3 B & C
5- DQO (mg/L)
Closed Reflux Method - 5220 D
6- Nitrito (mg/L)
Método Colrimétrico 4500 – NO2-B
7- Sólidos dissolvidos (mg/L)
Condutivímetro marca Hach - DR 2100P
8- Nitrogênio Total (mg/L)
Semi-Micro Kjeldahl Method 4500 Norg
9- Condutividade (ms/cm)
Condutivímetro marca Hach - DR 500
10- Nitrato (mg/L)
NBR 12620
Para melhor visualização dos procedimentos realizados na presente pesquisa foi
montado um fluxograma representado na Figura 4 com as etapas. Após a inserção das mudas
11
nos efluentes, as mudas foram observadas por um período de 15 dias subsequentes ao início
da produção, o experimento foi repetido três vezes para melhor clareza dos resultados obtidos.
Destaca-se que após 15 dias do início do experimento já conseguimos notar as
mudanças nas hortaliças, vale salientar que a produção de lactuca sativa dependendo do tipo e
da região, pode variar de 50 a 80 dias após o plantio e sua semeadura.
3.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 RESULTADOS OBTIDOS
Após as análises físico-químicas dos efluentes, foram obtidos os resultados
apresentados na Tabela 2.
Tabela 2 – Resultados das análises físico-químicas dos efluentes utilizados na pesquisa para
produção de alface.
Parâmetros
Efluente Piscicultura
Efluente Aterro
Controlado (lixiviado)
Fósforo total (mg/L P)
0,0486
pH
5,7
7,83
4
287,8
Amônia (mg/L)
0,34
330,00
DQO (mg/L)
9,4
352,10
Nitrito (mg/L)
0,027
12,00
Sólidos dissolvidos (mg/L)
50,9
509,09
Nitrogênio Total (mg/L)
5,6275
373,00
Condutividade (ms/cm)
101,8
1080,00
Nitrato (mg/L)
0,1652
31,00
DBO (mg/L)
Os resultados obtidos com o experimento podem ser visualizados na Tabela 3.
Tabela 3 – Características da lactuca sativa após 15 dias.
Acompanhamento do desenvolvimento após 15 dias
Parâmetro
Lixiviado
Piscicultura
Tradicional
Raiz
Não houve
Houve crescimento
Houve crescimento.
crescimento.
Apodreceram.
Desenvolvimento das
Não houve tanto
folhas, coloração
crescimento, porém
Folhas
Murcharam e
verde, porém
as folhas se
secaram
crescimento
mantiveram verdes.
desordenado.
Aspectos Gerais
Não cresceram e
Maior crescimento
Crescimento lento
morreram.
das mudas.
das mudas.
12
3.2 DISCUSSÃO
De acordo com os resultados obtidos nas análises físico-químicas dos efluentes podese perceber que o valor pH foi de 5,7 para o efluente da piscicultura e de 7,83 para o lixiviado.
De acordo com Cortez et. Al (2009), os referidos valores de pH estão dentro da faixa
considerada ideal para o cultivo de alface em hidroponia.
A condutividade apresenta um valor um muito alto nos dois efluentes comparando
com o valor considerado adequado para o crescimento das alfaces que é entre 2,0 e 2,5
mS.cm-1 de acordo com Castellane & Araújo (1995) apud Cortez (2009). Segundo Silva,
Ferreira e Logato (2013) o valor de condutividade desejável em piscicultura encontra-se entre
0,02 a 0,1 µ.S/cm, portanto pode ter ocorrido algum erro nas análises.
Analisando a amônia dos dois efluentes pode-se perceber que o valor obtido na
amostra do lixiviado é muito maior do que o presente no efluente da piscicultura, isso pode ter
ocorrido, pois o lixiviado não tem nenhum tratamento, apenas é depositado direto na piscina
de chorume e depois é recirculado sobre os resíduos sólidos novamente. Essa técnica acaba
por garantir a decomposição da matéria orgânica depositada no aterro e, por conseguinte
gerando a amonificação.
Tanques de peixes geralmente apresentam altas taxas de amônia, porém no tanque no
qual o efluente foi coletado existem algumas macrófitas presentes o que pode estar servindo
de filtro biológico, por tanto com esse tratamento primário pode ser que a biorremediação
esteja abaixando as taxas de amônia presentes nos tanques. Outro fator que deve ser
considerado é que os peixes dos tanques são alimentados apenas com as raízes de aguapés,
não sendo introduzido ração para a alimentação dos peixes como podemos ver na Figura 6.
Figura 6- Aguapés utilizadas para a alimentação dos peixes nos tanques.
Em relação à Tabela 3 onde foram listadas as características das mudas de lactuca
sativa (alfaces) após 15 dias da introdução dos efluentes, pôde-se perceber que devido às altas
taxas de amônia do lixiviado houve mortandade de todas as mudas que foram colocadas nesse
efluente, isso porque a amônia é toxica para as plantas, corroborando para tanto Faquin e
Andrade (2004) indicam que deve-se ter bastante cuidado no uso da amônia, pois ela é
facilmente absorvida pelas folhas podendo provocar a toxidez na planta devida as altas
13
concentrações de NH3 (amônia). De acordo com a citação anterior pode ter ocorrido o
apodrecimento das raízes não havendo nenhum desenvolvimento das alfaces que estavam
nessa unidade (Figura 7).
Nota-se também na Tabela 3 que há nos efluentes altos teores de matéria orgânica o
que segundo a UFC (2013), há uma “relação sintoma versus função”, o suprimento
inadequado de um elemento essencial (excesso ou deficiência) resulta em uma desordem
nutricional manifestada por características definidas como sintomas. O relacionamento entre o
crescimento ou a produtividade das plantas e a concentração dos nutrientes no tecido
evidencia a ocorrência de três zonas distintas (Figura 7).
• Zona de deficiência – ocorre quando o teor do nutriente no tecido é baixo e o
crescimento é reduzido. Nesta zona, adição de fertilizante produz incrementos na
produtividade.
• Zona Adequada – Nesta região, aumento no teor do nutriente não implica em
aumento do crescimento ou da produtividade.
• Zona de toxicidade – o nutriente acumulou em excesso, produzindo toxicidade.
Figura 7– Relacionamento entre o crescimento (ou produtividade) e o teor de
nutrientes no tecido vegetal
Fonte: Taiz & Zeiger (1998) apud UFC (2013).
Portanto como citado anteriormente temos duas causas que podem ter levado as raízes
e as folhas da lactuca sativa ao não desenvolvimento e ao seu respectivo apodrecimento, as
altas taxas de amônia e as altas taxas de matéria orgânica presentes no lixiviado (Figura 8),
uma vez que o lixiviado possuía a concentração de amônia na zona de toxicidade.
14
Figura 8- Raízes da lactuca sativa na amostra do Lixiviado.
Já as amostras que foram colocadas no efluente da piscicultura tiveram um melhor
desenvolvimento, isso porque como já foi citado, possuem os melhores resultados físicoquímicos nas analises, alguns parâmetros analisados são considerados ideais para o
desenvolvimento de lactuca sativa no sistema hidropônico, as raízes se desenvolveram
bastante e algumas folhas também, entretanto a maioria dos estudos que integram cultivos
hidropônicos com criação de peixes vem ressaltando que os peixes são capazes de fornecer
quantidades suficientes de quase todos os nutrientes de planta, exceto potássio e magnésio
(CORTEZ et al, 2009), independente da espécie de peixe utilizada, o que torna necessário
uma suplementação mineral para o correto desenvolvimento das plantas. Ainda nos primeiros
15 dias observou-se um crescimento rápido, porém desordenado das folhas no efluente da
piscicultura, algumas folhas cresceram mais do que outras, o que comprova que faltaram
alguns nutrientes para uma melhor produção das alfaces.
Algumas folhas também apresentaram queima das bordas como apresentado na Figura
9. Nas três unidades do experimento, inclusive no experimento testemunha, vale salientar que
em condições de temperatura e umidade elevadas e fornecimento contínuo de nutrientes, a
planta da alface apresenta rápido crescimento, entretanto apesar de disponíveis, nem todos os
nutrientes são absorvidos em quantidades suficientes para seu desenvolvimento e expansão
foliar, ocorrendo, assim, deficiência de cálcio nos pontos de crescimento que se caracteriza
por uma queima nas bordas das folhas jovens. Este sintoma é conhecido como tipburn,
podendo também ocorrer em outras hortaliças folhosas, o que compromete o valor comercial
das plantas. Após o surgimento do sintoma não é possível corrigi-lo nas folhas afetadas
(EPAMIG, 2013).
15
Figura 9- Queima na borda das folhas nas unidades.
4.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Com o trabalho realizado conclui-se que os efluentes utilizados para o
desenvolvimento da pesquisa desempenharam diferentes resultados no experimento.
A utilização do lixiviado não foi satisfatória, em função da sua carga tóxica, vista a
elevada concentração de Nitrogênio, principalmente na forma de amônia e nitrato o que levou
as mudas de lactuca sativa ao apodrecimento das raízes, ao não desenvolvimento das folhas e
consequentemente a morte, entretanto devem ser realizadas mais pesquisas com o efluente
advindo do aterro controlado, pois é um efluente tóxico que contamina o solo além de não ter
ainda nenhum tratamento nem utilidade, sendo o lixiviado recirculado sobre o próprio lixo
como uma forma de tratamento.
Ainda sobre o efluente produzido no aterro controlado, sugere-se que seja feita
diluição do efluente para os próximos experimentos, visto que há um alto teor de matéria
orgânica. Também podem ser feitos testes com lixiviado pré-tratado para remoção parcial de
matéria orgânica e do nitrogênio, com a redução dessas taxas é possível que a utilização desse
efluente para a produção de hortaliças seja viável.
O lixiviado produzido em aterros sanitários/lixões podem ser submetidos à alguns prétratamentos que reduzam o teor de matéria orgânica e da amônia presentes neste resíduo antes
da sua utilização para novos testes, entretanto para tais tratamentos deve-se levar em
consideração as características do líquido percolado pois cada aterro possui uma característica
particular sobre os resíduos gerados, há alguns pré-tratamentos que são eficientes na remoção
do excesso de nutrientes tais como os tratamentos biológicos e tratamentos físico-químicos
(filtros biológicos, reatores aeróbios/anaeróbios, filtração direta, stripping da amônia,
coagulação-floculação, precipitação química) entre outros.
O efluente oriundo do Tanque de peixes da própria Universidade mostrou um
desenvolvimento parcialmente satisfatório em relação à alta taxa de crescimento e
desenvolvimento da raiz e das folhas da alface alcançando níveis de crescimento mais elevado
do que a produção convencional. É possível produzir lactuca sativa (alface) utilizando
16
efluentes oriundos de piscicultura, que apresentou crescimento elevado, porém são
necessárias algumas correções dos nutrientes para que haja uma melhor produção e para que a
muda seja desenvolvida uniformemente.
Diante do exposto recomenda-se que para realização da produção de hortaliças por
hidroponia sejam realizadas analises do efluente utilizado para que haja um melhor
desenvolvimento da produção e para não haver contaminação das hortaliças, pois dependendo
da fonte do efluente utilizado pode haver contaminação do produto e transmitir doenças aos
consumidores. Além disso, é preciso realizar testes de produção de alface por hidroponia
utilizando efluentes de piscicultura e lixiviado com as devidas considerações apontadas para
verificação da eficiência, evitando assim os problemas de toxicidade e redução da produção.
PRODUCTION LACTUCA SATIVA (LETTUCE) WASTEWATER IN DIFFERENT
TECHNIQUE USING HYDROPONICS
ABSTRACT
There is growing concern about water scarcity across the globe for being a finite resource
and of great importance to life, requiring increasingly conducting research to improve the use
of water resources. Among the activities that affect the supply of water there is the release of
effluents into water sources. In and attempt to solve this environmental problem, one can use
the reuse of water, a means of use of water already used for others porpoises such as, for
example, to benefits in agriculture, animal watering, among other recharge aquifers. In this
sense, the article proposes a search for the production of vegetables using hydroponics
technique through the use of effluents from landfill and fish. We developed three pilot units
and different effluent being deposited in them they originated from the dump and fish farming,
over time we observed the growth and development of seedlings lactuca sativa (lettuce) in
different effluents. The results obtained for the effluent from the fish tank at the Catholic
University of Brasília were satisfactory for the development of greenery, as there was growth
of roots and leaves is possible to use the effluent for hydroponic production, but the leachate
showed high levels of raw organic and ammonia and in accordance with the observations
made there was no development of the leaves or roots causing them to decay, high rates were
lethal to the seedlings of vegetable. The work was carried out to a possible way to provide
benefits of water reuse for agriculture so that we can continue to produce vegetables in a
sustainable manner without harming water resources.
Keywords: Reuse, hidroponycs, vegetable, effluents.
REFERÊNCIAS
Apostila de Nutrição Mineral da UFC (APOSTILA DE NUTRIÇÃO VEGETAL DA
<http://www.fisiologiavegetal.ufc.br/APOSTILA/NUTRICAO_MINERAL.pdf> acessado em
25 de abril de 2013.
ANDRADE, A. C. de. CULTIVO DE TILÁPIA DO NILO EM EFLUENTE DE
SISTEMA DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO
DE ESGOTOS DE SAMAMBAIA-DF. 2008. 205 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de
Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil E Ambiental, Universidade De Brasília,
Brasilia/df, 2008.
17
BERNARDI, C. C. REUSO DE ÁGUA PARA IRRIGAÇÃO. 2003. 63 f. Monografia
(Especialização Lato Sensu) - Curso de Gestão Sustentável da Agricultura Irrigada, Com Área
de Concentração em Planejamento Estratégico, Isea-fgv/ Ecobusiness School, Brasília Distrito
Federal - Brasil, 2003.
BERTONCINI, E. I. TRATAMENTO DE EFLUENTES E REÚSO DA ÁGUA NO MEIO
AGRÍCOLA. Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária, Piracicaba, SP, n. , p.1-18, 2
jun. 2008. Anual.
BREGA FILHO, D.; MANCUSO, P.C.S. Conceito de reúso de água. In: MANCUSO,
P.C.S; SANTOS, H.F. (Eds.). Reúso de Água. São Paulo: Universidade de São
Paulo/Faculdade de Saúde Pública: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental, 2002.cap.2, p. 21-36
CORTEZ, G. E. P.; ARAUJO, J. A. C. de; BELLINGIERI, P. A. and DALRI, A.
B.. Qualidade química da água residual da criação de peixes para cultivo de alface em
hidroponia. Rev. bras. eng. agríc. ambient. [online]. 2009, vol.13, n.4, pp. 494-498. ISSN
1807-1929.
FAQUIN, V.; ANDRADE, A.T.; NUTRIÇÃO MINERAL E DIAGNOSE DO ESTADO
NUTRICIONAL DAS HORTALIÇAS. 2004. 88f Dissertação ( Especialização – PósGraduação Latu Sensu) – UFLA – Universidade Federal de Lavras - MG, Curso de Produção
de Hortaliças – Lavras/MG 2004.
EPAMIG. Hidroponia: Uma Técnica Alternativa de Cultivo. Disponível em:
<http://www.epamig.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=16>.
Acesso em: 06 maio 2013.
POTRICH, A. C. G., PINHEIRO, R. R., SCHMITD, D. ALFACE HIDROPÔNICA COMO
ALTERNATIVA
DE
PRODUÇÃO
DE
ALIMENTOS
DE
FORMA
SUSTENTÁVEL. Enciclopédia Biosfera: Centro Científico Conhecer, Goiânia, v. 8, n. 15,
p.36, 30 nov. 2012.
MANCUSO, P.C.S. e SANTOS, H.F. Reuso da Água. Barueri, SP: Manole, 2003. Volume 2.
574p.
PROSAB: Tratamento e Utilização de Esgotos Sanitários. 4. Ed. Recife: Abes, 2006. 403 p.
SANDRI, D. Irrigação da Cultura da Alface com água residuária Tratada com Leitos
Cultivados com Macrófita, Campinas, 2003. 207 f. Tese de Doutorado Engenharia Agrícola
na área de concentração em Água e Solo. Universidade Estadual de Campinas, São Paulo,
2003.
SANTOS, R. S. da S., DIAS, N. da S., SOUSA NETO, O. N. de and GURGEL, M. T. Uso
do rejeito da dessalinização de água salobra no cultivo da alface (Lactuca sativa L.) em
sistema hidropônico NFT. Ciênc. agrotec. [online]. 2010, vol.34, n.
SILVA, V. K., FERREIRA, M. W., LOGATO, P. V. R. Qualidade da água na Piscicultura.
2013. Disponível em: <http://www.editora.ufla.br/upload/boletim/extensao-tmp/boletimextensao-079.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2013.
18
TOVAR, A., MORENO, C., MÁNUEL-VEZ, M. P., GARCÍA-VARGAS, M.,
Environmental impacts of intensive aquaculture in marine waters. Water Resource,
34(1), 2000, 334.
WHO – World Health Organization. Reuse of effluents: methods of wastewater treatment
and health safeguards. Of a WHO meeting of experts. Technical report serires nº 517.
Genebra, 1973.
WITHERS, P. J. A., JARVIE H. P., Delivery and cycling of phosphorus in rivers: A
review. Science of the Total Environment, 400, 2008, 379. 4, pp. 983-989. ISSN 14137054.
Download