A Construção de Maquetes Topográficas como Ferramentas Facilitadoras da Compreensão das Curvas de Nível. Arlan Tavares da Silva¹, Fernando Cartaxo Rolim Neto², Manoel Vieira de França³, Fernando José de Lima Botelho³ e José Machado Coelho Junior4 Introdução Material e métodos Segundo Uzeda [1], a altimetria tem por fim a representação do relevo sobre um plano, completando os dados da planimetria com outros tantos que nos digam os desníveis do solo e as formas do terreno, sendo os desníveis entre um ponto e outro de cota conhecida. Através de um levantamento planialtimétrico é possível representar graficamente qual a movimentação do relevo, podendo se obter uma série de informações sobre o terreno como: declividade, inclinação, diferença de nível, talvegue, divisor, garganta etc., sendo esses conhecimentos de relevância ao aprendizado dos alunos de graduação das áreas de engenharias e afins. Com o uso da modelagem é possível abstrair-se de um modelo teórico para um prático, podendo ter uma interação entre os grupos de estudo, observando o objeto de estudo de diferentes ângulos e perspectivas. Percebendo então a dificuldade inicial da compreensão deste tipo de planta, surgiu a necessidade de um modelo que facilitasse o estudo e a visualização do terreno em sua representação, sendo então proposto à confecção de maquetes topográficas em curvas hipsométricas ou curvas de níveis. Segundo Silva [2], com o ensino da elaboração das plantas e maquetes são estudadas as formas de realização de trabalhos topográficos preservacionistas, constituindo uma ferramenta poderosa para o estudo da erosão, hidrologia e até fenômenos naturais ou artificiais que poderão ocorrer no meio ambiente. Através de uma maquete o aluno pode observar de um prisma diferente como se da o relevo de uma planta topográfica hipsométrica, observando o contorno do desenho no papel e esta representação numa maquete em relevo declivoso ou plano, na forma de terraços. Objetivou-se nesse trabalho a construção de maquetes de plantas topográficas (Fig.1a e 1b) que são usualmente adotadas pelos professores da cadeira de topografia dos vários cursos de engenharias e áreas a fim da UFRPE. Nesse trabalho realizamos a construção de quatro maquetes topográficas originadas a partir de duas plantas topográficas didáticas, ambas em escala 1:5000, em que são grafadas as curvas de níveis de cinco em cinco metros. Inicialmente foram tiradas xérox das duas plantas topográficas, sendo ampliada em quatro vezes do seu tamanho original, com a função de ampliação da própria máquina de xérox. Foram adquiridas quatro folhas de isopor com 15mm, sendo divididas em três pedaços no seu comprimento, fazendo um total de doze pedaços de isopor. As curvas de níveis foram transferidas do papel ampliado para o isopor através de pontos perfurados sobre o mesmo, sendo posteriormente reconstruído a curva de nível no isopor. Após a transferência de todas as curvas de nível da ampliação para o isopor, foram realizados os cortes perpendiculares à folha no intuito de se representar terraços, e os diagonais que representariam toda a sinuosidade do relevo, sendo este necessário marcar a curva de nível na base e uma segunda no topo de cota maior e então efetuar o corte com um bisturi cirúrgico. Com todas as curvas de níveis devidamente cortadas, foram feitas as montagens das placas com cola branca, sendo soldada as placas colocando-se uma pressão sobre alguns pontos da maquete. Finalmente foi realizado um destaque das principais curvas de níveis, realçando seus intervalos com cores diferentes. Sendo ao final de sua confecção impermeabilizada com várias camadas sucessivas de cola sobre a superfície do relevo. Resultados e Discussão Com a utilização de quatro folhas de isopor com 15 mm cada, divididas em três partes iguais foi possível representar de dezessete cotas de curvas de níveis distintas (Fig. 1a) na maquete 1 (Fig.2a) em forma de terraços, que é a mais utilizada pelos professores da disciplina e quatorze curvas distintas pela maquete 2 (Fig.2b) em semelhança ao contorno do terreno, treze representações (Fig. 1b) na maquete 3 (Fig.3a) que esta disposta em terraços e quatorze ________________ 1. Graduando em Agronomia na UFRPE, Especialista em Ensino das Ciências/UFRPE. Rua Guaianazes, Nº 116, Campo Grande, Recife, PE, CEP 52031-300 E-mail: arlan.fí[email protected]; ats.fí[email protected]. 2. Professor Associado do Departamento de Tecnologia Rural da UFRPE. Av. Dom Manuel de Medeiros, S/N, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 51171130 E-mail: 3. Professor Adjunto do Departamento de Tecnologia Rural da UFRPE. Av. Dom Manuel de Medeiros, S/N, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 51171130 E-mail: 4. Professor Substituto do Departamento de Tecnologia Rural da UFRPE. Av. Dom Manuel de Medeiros, S/N, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 51171130 E-mail: linhas de nível na maquete 4 (Fig. 3b) que representa o contorno do terreno. Com relação à planta inicial (Fig. 1a e 1b), não foi viável reprodução de todas as curvas de nível, pois tornaria a construção da maquete inviável, com muitas curvas próximas umas das outras, devido à escala que se estava utilizando. Na maquete em terraço foi feito um único corte sobre a curva de nível desenhada, enquanto na maquete que tinha o relevo inclinado, seu corte foi realizado em duas etapas, cortando perpendicular na curva de nível inferior e depois ajustando a inclinação com a curva de nível superior. Segundo Silva [3], as plantas e maquetes facilitam aos alunos o estudo das formas do terreno, representadas por talvegue e divisores d’água, realizando-se concomitantemente, a escolha do local mais apropriado para a construção de uma barragem, considerando-se economia de material a ser empregado e maior acumulo de volume d’água. Foi possível constatar que ao final do semestre os alunos desenvolveram mais facilmente a capacidade de manipular os mapas hipsométricas, extraindo dos mesmos todas as informações que lhes serão necessárias na vida profissional, tendo inicialmente à maquete a função facilitadora de tecer uma visão tridimensional, e a partir desta, o próprio aluno construir um modelo mental que possa representar as curvas de nível num plano. Diante do exposto, podemos dizer que o estudo das curvas hipsométricas, assim como seu entendimento é de fundamental importância para os graduandos das Engenharias e áreas afins da UFRPE, conectando-se ao estudo em variadas áreas do conhecimento. As Disciplinas de Topografia da UFRPE, apesar de todas as dificuldades com equipamentos, escassez de recursos didáticos, teve na confecção da maquete um facilitador de aprendizado, que bem conservado poderá durar vários anos, contribuindo na formação de vários Engenheiros desta IFES. Agradecimentos A Deus por permitir que realizássemos a construção da maquete sem a ocorrência de acidentes, haja vista a sua importância nas aulas. A Universidade Federal Rural de Pernambuco e aos professores da cadeira de topografia, tendo em sua experiência o dinamismo de propor a idéia, lançando-o inicialmente como um desafio e posteriormente como uma meta a ser atingida. A minha família, por se ausentar um pouco da minha presença, mesmo nas férias, enquanto construía a maquete, e a minha mãe por ter sujado e desorganizado a casa como um atelier. Referências [1] [2] [3] UZEDA, Olívio Gondi. 1963. Topografia. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico S. A. SILVA, A. F.; FRANÇA, M. V.; NETO, F. C. R.; BOTELHO, F. J. L.; SEIXAS, A. 2004. Procedimentos Topográficos em áreas de Preservação Ambiental. Recife: JEPEX-2004. Anais em CD 2004. SILVA, A. F.; NETO, F. C. R.; FRANÇA, M. V.; BOTELHO, F. J. L. Contribuição do ensino das curvas de nível para a representação do relevo e conservação do solo. Recife: JEPEX-2004. Anais em CD 2004. Figura 1a. Foto da planta 1, com os pontos passados ao isopor. Figura 2a. Foto da maquete1 em terraços. Figura 3a. Foto da maquete 3 em terraço. Figura 1b. Foto da planta 2, com os pontos passados ao isopor. Figura 2b. Foto da maquete 2 em relevo inclinado. Figura 3b. Foto da maquete 4 em relevo inclinado.