Prevalência da gengivite e hábitos de higiene bucal

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Orthodontic Sci. Pract. 2011; 4(16): 757-764
757
Prevalência da gengivite e hábitos de higiene bucal
de pacientes atendidos no curso de Especialização em
Ortodontia da Universidade de Itaúna-MG.
Prevalence of gingivitis and oral hygiene habits of patients treated at the specialization course in
Orthodontics at the University Itaúna-MG.
Luana Paula da Silva Fernandes1
Marcos Souza Pinto de Carvalho2
Regina Coeli Cançado Pires Peixoto3
A presença do biofilme e sinais de gengiva inflamada são frequentemente observados nas consultas de manutenção, devido à dificuldade de
higienização causada pelos acessórios ortodônticos. O objetivo desse estudo foi avaliar o índice de sangramento gengival (ISG) dos pacientes
portadores de aparelhos ortodônticos fixos em
ambas arcadas, na Clínica de Especialização em
Ortodontia da Universidade de Itaúna. Após
cálculo amostral, foram examinados aleatoriamente 135 pacientes de ambos os sexos. Para o
cálculo do ISG, foi utilizado o método proposto
por Ainamo e Bay (1975) avaliando a presença
de sangramento marginal através de sondagem
com sonda da OMS. Variáveis como gênero,
idade, tempo de tratamento ortodôntico, frequência de escovação diária e comportamento
com o cuidado bucal após instalação do aparelho fixo também foram avaliados. Para análises
descritivas foram calculadas média, mediana,
mínimo, máximo e desvio padrão; e para análises de cruzamento os testes Pearson, Qui-Quadrado, Teste Exato de Fisher, Mann-Whitney U,
T-Student, Anova, Kruskal Wallis. Os resultados
mostraram que 80 (59,3%) eram do sexo feminino e 55 (50,7) do sexo masculino, com faixas
etárias entre 10 anos a 51 anos, média de 20,1
anos de idade. Houve 100% de prevalência de
gengivite, com média de ISG de 39,4%, varia-
Especialista em Ortodontia - Universidade de Itaúna (MG)
Mestre em Ortodontia - Universidade de Itaúna (MG)
3
Doutora em Epidemiologia - Universidade de Itaúna (MG)
1
2
Correspondência com o autor: [email protected]
Recebido para publicação: 15/07/10
Aceito para publicação: 20/07/11
ções entre 7,4% a 100% de pontos sangrantes. Notou-se que 25% da amostra apresentou
ISG menor que 23,1%, 25% ISG entre 23,1% e
35,8%, e na amostra total 75% apresentaram
ISG até 50%, pelo menos 25% com ISG menor que 50%. Observou-se que a variação do
ISG não esteve associada às variáveis frequência
de escovação diária, tempo de tratamento e o
aumento do número de escovação após a instalação do aparelho. Assim, sugere-se a implementação de programas educativos para esses
pacientes, como também incluir na rotina dos
profissionais a observação e controle dessas alterações.
Descritores: Aparelho ortodôntico fixo, biofilme, sangramento gengival.
Abstract
The presence of biofilm and the signs of inflamed
gum are usually observed in service clinical, due
to the difficulty of cleaning caused by the orthodontic accessories. The aim of this study was to
evaluate the gingival bleeding index (ISG) of patients with braces in both arches, at the Clínica de
Especialização em Ortodontia da Universidade de
Itaúna. After sample calculation, were randomly
examined 135 patients of both sexes. To calculate the ISG were used the method proposed by
Ainamo and Bay (1975) evaluating the presence
of marginal bleeding by using the probe of OMS.
Fernandes LPS, Carvalho MSP, Peixoto RCCP.
Resumo
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Orthodontic Sci. Pract. 2011; 4(16): 757-764
Variables as sex, age, duration of orthodontic treatment, frequency of daily brush and the conduct
with oral care after installation of the braces were
also evaluated. For descriptive analysis were calculated the mean, median, minimum, maximum,
standard deviation; and for crossing analysis Pearson test, Chi Square, Fischer test, Mann-Whitney U,
T-Student, Anova, Kruskal Wallis. The results showed that 80 (59.3%) were female and 55 (50.7%)
were male, with ages between 10 and 51 years old
and mean age 20.1 years old. There was 100%
of prevalence of gingivitis, with mean of ISG of
39.4%, variation between 7.4% to 100% of blee-
ding points. It was noted that 25% of the sample
had ISG less than 23.1%, 25% of the ISG between
23.1% and 35.8% and of the total sample 75%
has ISG up to 50% and at least 25% with ISG less
than 50%. It was observed that the variation of the
ISG was not associated with variables of frequency
of daily brush, time of treatment and the increase in the number of brushing after installation of
the braces. It was suggested the implementation of
educational programs for this patients, but also the
inclusion of the observation and control of these
disturbances in the professional´s routine.
Descriptors: Braces, biofilm, gingival bleeding
Artigo original (Original article)
Introdução
Na Ortodontia, para a intervenção nas anomalias dentofaciais, o profissional na maioria das vezes, precisa usar como recurso os mais diversos tipos de aparelhos fixos e/ou removíveis que podem
proporcionar alterações na saúde bucal.16,17,33,51 Os
acessórios ortodônticos colados nas superfícies
dentárias constituem risco elevado para as doenças bucais, como a mancha branca, cárie dentária
e doenças periodontais, assim como aumento do
sangramento e hiperplasia gengival generalizada.
17,24,29,30,33,42,46,47,51
A presença do biofilme e sinais
de gengiva inflamada são frequentemente observados nas consultas de manutenção percebendose também grande dificuldade de higienização.
Acredita-se que medidas de promoção de saúde,
como o controle do sangramento gengival, são
importantes para manter a saúde periodontal durante tratamento ortodôntico.
O objetivo desse estudo foi avaliar o ISG (indice de sangramento gengival) dos pacientes portadores de aparelhos ortodônticos fixos em ambas as arcadas, atendidos na Clínica do Curso de
Especialização em Ortodontia da Universidade de
Itaúna, Minas Gerais, no ano de 2007, através de
uma amostra aleatória simples, para analisar a relação entre a presença de acessórios ortodônticos
e a gengivite, assim como fornecer informações
para implementação de estratégias de prevenção
e tratamento da doença periodontal.
Revisão da literatura
Prevalência das doenças periodontais
Os levantamentos epidemiológicos mundiais
mostraram considerável variação na prevalência
e severidade das doenças periodontais e tais variações podem ser decorrentes dos diferentes hábitos de higiene bucal ou refletir fatores raciais,
geográficos e nutricionais2. Além disso, oferecem
uma base importante para avaliar a situação atual
e as futuras necessidades de cuidados de saúde
bucal de uma população.30,36
Com a evolução da perspectiva ampla de saúde bucal, a Odontologia passou a dar importância
aos problemas periodontais. Sabe-se que a prevalência da gengivite é bastante elevada, afetando
todas as idades e com pico na puberdade, pois
relaciona-se à presença de biofilme acumulado
sobre os dentes. Além disso, o aumento de hormônios sexuais no ambiente crevicular é um fator
agravante para a gengivite.13,34
A porcentagem de pessoas sem nenhum problema periodontal nas faixas etárias de 15 a 19,
35 a 44 e 65 a 74 anos de idade foi, respectivamente, 46,2%, 21,9% e 7,9% no Brasil.12
As doenças periodontais referem-se a diferentes quadros clínicos denominados doenças gengivais ou periodontais e ambas suportam algumas
subdivisões, sendo a classificação mais difundida
proposta em 1999 pela AMERICAN ACADEMY OF
PERIODONTOLOGY. Sabe-se que a gengivite não
tratada não progride necessariamente para a periodontite, sendo consideradas entidades completamente distintas. Porém, quando se desenvolve
periodontite ela é frequentemente precedida pela
gengivite.14,18,37 A mudança nos paradigmas das
doenças periodontais e métodos aprimorados para
a mensuração resultaram em melhor entendimento
da distribuição das condições periodontais.18
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Alterações periodontais e terapia ortodôntica
Os aparelhos ortodônticos, de um modo geral, aumentam sobremaneira o risco de manchas
brancas na superfície do esmalte, representativas
de áreas de desmineralização, além de estimular
o desenvolvimento de uma gengivite hiperplásica
generalizada. Isto atribui-se, principalmente, ao
maior acúmulo de biofilme observado após a instalação dos aparelhos ortodônticos.1,29,30 40
Os principais fatores responsáveis pela doença
periodontal são o acúmulo de biofilme, seguido
pelas diferenças na composição do mesmo, o sistema de defesa imunológico, a morfologia do tecido gengival, a presença dos diferentes tipos de
má oclusão e fatores relacionados com a erupção
dentária.28
É importante antes das movimentações ortodônticas, o ortodontista diagnosticar o quadro
periodontal e encaminhar o paciente ao periodontista, fazendo também o controle de higienização
durante toda a fase do tratamento, podendo
também utilizar agentes químicos que poderiam
auxiliar no controle do crescimento do biofilme
dental40 , como a clorexidina, quando necessário.48
Para evitar danos ao periodonto, recomenda-se
força ortodôntica leve, considerando os aspectos
biomecânicos para que ocorra movimentos dentários sem causar danos aos tecidos.25,49
O restabelecimento funcional e estético da
oclusão é proporcionado pelo tratamento ortodôntico através do alinhamento e posicionamento dos dentes. Assim, a saúde dental pode
ser facilmente preservada por meio da perfeita
higienização bucal e, consequentemente, a conservação dental. A presença das bandas, bráquetes e fios metálicos exigem considerações especiais na manutenção da higiene. Caso o biofilme
microbiano não seja removido eficientemente e
regularmente, o surgimento da gengivite pode
ocorrer rapidamente e evoluir para uma doença
periodontal avançada, levando a defeitos mucogengivais e perda do osso alveolar.40 Portanto,
o ortodontista não deve deixar de almejar uma
higiene bucal correta, identificar pacientes com
alto risco e, principalmente, tratá-los oferecendo
uma profilaxia intensiva.19
Material e método
Após cálculo amostral e sorteio aleatório, foram selecionados para participarem do estudo
135 pacientes dos gêneros masculino e feminino,
atendidos no curso de Especialização em Ortodontia da Universidade de Itaúna, Minas Gerais,
no ano de 2007, na faixa etária entre 10 e 51 anos
de idade, sendo todos portadores de aparelhos fixos em ambas as arcadas. A coleta de dados foi
realizada em cadeira odontológica, com o paciente devidamente deitado e com auxílio de refletor,
por um único examinador calibrado.
O índice utilizado foi o índice de sangramento
gengival (ISG) proposto por Aynamo e Bay (1975).
Foram usadas sondas periodontais CPI ou OMS,
utilizadas no Levantamento Epidemiológico SB
Brasil-2003 (Figura 1). A coleta de dados foi realizada inserindo a sonda em torno de 0.5 mm
na entrada do sulco gengival percorrendo toda a
sua extensão. Após 10 segundos, as faces dentais
sangrantes foram observadas e marcadas em uma
ficha elaborada especificamente para o estudo.
Cada superfície foi codificada com o número um
(1) quando observou-se presença de sangramento
gengival e zero (0) na ausência de sangramento
gengival. Todas as superfícies de todos os elementos dentais foram sondadas, sendo excluídas
aquelas que não estavam completamente erupcionadas ou com infraoclusão.
Fernandes LPS, Carvalho MSP, Peixoto RCCP.
Índice de Sangramento gengival (ISG)
O ISG proposto pelos autores Ainamo e Bay
em 1975, avalia a presença de sangramento marginal através de uma leve sondagem percorrendo
os sulcos gengivais, diagnosticando se o paciente
possui ou não gengivite. A presença de sangramento após 10 segundos indica uma contagem
positiva que é expressa como uma porcentagem
de um número total de margens gengivais examinadas.14
Para a sondagem, recomenda-se também
uma força de aproximadamente 20 a 25 gramas. A sonda é cuidadosamente inserida no sulco
gengival em um mínimo de seis pontos em cada
dente (mesiovestibular, vestibular, distovestibular
e os pontos correspondentes na face lingual) ou,
de preferência, “caminhando” a sonda ao redor
do dente para explorar a extensão total de uma
determinada bolsa.37
A presença de sangramento gengival é um indicador real que existe biofilme, desequilibrando
a relação saúde-doença, há alguns dias. Sendo
esta uma das melhores maneiras de monitorar a
situação gengival marginal, a sondagem mostra
o verdadeiro hábito de higienização do paciente
e se o mesmo tem de realizar um adequado ou
melhor controle de placa bacteriana.13
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recer 043/07. Vale ressaltar que todos assinaram
um termo de consentimento livre e esclarecido e
os menores de idade tiveram autorização de seus
pais ou responsáveis.
Os participantes responderam a um questionário com informações sobre idade, gênero,
tempo de tratamento, hábitos de higiene bucal,
frequência de escovação diária e se após a colocação do aparelho o paciente alterou o número
de escovações. Após o exame, foram repassadas
orientações para os participantes individualmente,
mostrando as áreas de maior deficiência na escovação e instruindo sobre o uso de fio-dental.
Resultados
A amostra foi composta pelo sexo feminino
80 (59,3%) e sexo masculino 55 (40,7%), sendo
dividida em dois grupos, considerando as idades:
<18 anos, adolescentes e jovens - 85 (63%) e >18
anos, adultos - 50 (37%). A maioria dos indivíduos apresentava acima de dois anos em tratamento, sendo a maior quantidade com três anos de
tratamento 53 (39,3%). O percentual mais baixo
foi para indivíduos com até um ano de tratamento
19 (14,1%).
Para escovações diárias, a Figura 2 mostra
as frequências encontradas. Observou-se que 58
(43%) da população estudadada escova os dentes
aproximadamente 03 vezes ao dia, 39 (28,9%) escovam 04 vezes ao dia, 22 (16,3%) acima de 04
vezes e 16 (11,9%) escovam menos que 03 vezes
ao dia. Pôde ser observado que cerca de 97 (72%)
escovam entre 03-04 vezes, sendo maior entre os
adultos 38 (76%) do que nos jovens 59 (70%).
(Tabela 1).
Figura 1 - Sonda periodontal da OMS.
Fonte: Manual do examinador, SB Brasil-2003 12
Para a análise dos dados, o ISG foi demonstrado individualmente e expresso em porcentagem,
calculando-se a soma dos números de superfícies
sangrantes (SS), dividido pelo total de superfícies
avaliadas (SA) e multiplicadas por 100: ISG = SS/
SA x 100. Para análises descritivas foram calculadas medidas de tendência central (média, mediana) e de variabilidade (mínimo, máximo e desvio
padrão); e análises de cruzamento foram utilizados os testes Pearson, Qui-Quadrado, Teste Exato
de Fisher, Mann-Whitney U, T-Student, Anova,
Kruskal Wallis.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética
e Pesquisa da Universidade de Itaúna, com pa-
Figura 2 - Estratificação da população estudada de acordo com a freqüência
de escovação diária.
Tabela 1 - Relação do número de escovações diárias e faixa etária, dos pacientes atendidos na Clínica do curso de especialização em Ortodontia, Itaúna-2007.
Artigo original (Original article)
Número de escovações diárias
01-02
Jovens e
Adolescentes
Idades
Categorizadas
Adultos
Total
03
04
04<
Total
15(17,6%)
37(43,5%)
22(25,9%)
11(12,9%)
85 (100,0%)
1(2,0%)
21(42,0%)
17(34,0%)
11(22,0%)
50(100,0%)
16(11,9%)
58(43,0%)
39(28,9%)
22(16,3%)
135(100,0%)
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Para a distribuição quanto ao comportamento da escovação após a colocação do aparelho
ortodôntico, a Tabela 2 mostra que 99 (73%)
aumentou o número de escovações diárias, independente do tempo de tratamento que se encontrava, sendo mais evidente entre os adultos
(92,9%).
Os testes estatísticos demonstraram que existe
associação entre a faixa etária e comportamento
após colocar o aparelho (Tabela 3), encontrando
a maior porcentagem em pacientes com menos
Tabela 2 - Comportamento em relação a escovação após a colocação do
aparelho, dos pacientes atendidos na Clínica do curso de especialização em
Ortodontia, Itaúna-2007.
Comportamento das escovações diárias após a colocação dos aparelhos
N
%
Válidos
Aumentou
99
73,3
Não modificou
26
Não percebeu
Total
de um ano de tratamento 17 (89,5%) (Tabela 4).
A Tabela 5 e Figura 4 mostram a estatística
descritiva em relação ao ISG. Pôde-se verificar que
a média de superfícies sangrantes considerando a amostra em estudo foi 39,4% e a mediana
35,83%, com variações de 100% a 7,4% entre
os pacientes. Os resultados para os indivíduos
demonstraram o ISG < 23,1% (25%), ISG entre
23,1% a 35,8% (25%), ISG entre 23,1% a 50%
(75%). Notou-se ainda que pelo menos 25% dos
pacientes tiveram ISG>50%.
Tabela 3 - Testes de associação entre o número de escovação dos dentes
após colocação do aparelho e grupos etários dos pacientes atendidos na
Clínica do curso de especialização em Ortodontia, Itaúna-2007
Valor-p
Qui-Quadrado Pearson
,043
19,3
Exato de Fisher
,047
10
7,4
Casos Válidos
135
135
100,0
Tabela 4 - Cruzamento entre Tempo de tratamento e Comportamento em relação a escovação após a colocação do aparelho, dos pacientes atendidos na Clínica
do curso de especialização em Ortodontia, Itaúna-2007.
Comportamento após a colocação do aparelho com
o nº de escovações diárias
Tempo de Tratamento
Total
Aumentou
Não modificou
Não percebeu
até 1 ano
17(89,5%)
1(5,3%)
1(5,3%)
19(100,0%)
1 e 2 anos
22(71,0%)
6(19,4%)
3(9,7%)
31(100,0%)
2 e 3 anos
23(71,9%)
6(18,8%)
3(9,4%)
32(100,0%)
+ 3 anos
37(69,8%)
13(24,5%)
3(5,7%)
53(100,0%)
99(73,3%)
26(19,3%)
10(7,4%)
135(100,0%)
Total
Tabela 5 - Estatística Descritiva para ISG.
Válidos
Ausentes
135
0
Média
39,4147
Mediana
35,8300
D.P.
21,39254
Min.
7,40
Max.
100,00
Percentis
25
23,1400
75
50,0000
Figura 4 - Box Plot para ISG.
Fernandes LPS, Carvalho MSP, Peixoto RCCP.
N
762
Orthodontic Sci. Pract. 2011; 4(16): 757-764
Para as superfícies lisas (vestibular e lingual ou
palatina) e interproximais (mesial e distal) foram
criados dois índices adicionais, o ISGLisas (Lisas) e
o ISGInterProx (interproximais), respectivamente a
partir das médias de ISGVest com ISGLingPal e de
ISGMes com ISGDist. O teste t para as amostras
pareadas demostrou que não houve diferença entre os dois grupos de superfícies sangrantes.
A média total de ISG encontrada neste estudo
(Tabela 6) foi 39,4%, visto que os menores valores
foram encontrados para os adultos em 36,5% , variando entre 7,4% a 80,4%. Para os jovens e adolescentes, a média encontrada foi 41,1%, variando
de 7,7% a 100%. Portanto, concluiu-se que apesar
das diferenças entre as idades, não houve diferença
significante para os grupos e ISG (Tabela 7).
Tabela 6 - Comparação do ISG entre Jovens e Adultos dos pacientes atendidos na Clínica do curso de especialização em Ortodontia, Itaúna-2007.
ISG
N
Média
D.P
Intervalo de Confiança
para a Média a 95%
LI
Máx.
Jovens e Adolescentes
85
41,1
22,5
36,3
46,0
7,7
100,0
Adultos
50
36,5
19,2
31,0
42,0
7,4
80,4
Total
135
39,4
21,4
35,8
43,1
7,4
100,0
Tabela 7 - Testes para comparação entre jovens e adultos relação ao ISG
dos pacientes atendidos na Clínica do curso de especialização em Ortodontia, Itaúna- 2007
Índice de Sangramento
Gengival
Mann-Whitney
,333
T-Student
,228
Discussão
Artigo original (Original article)
Min.
LS
Este estudo avaliou o ISG em pacientes portadores de aparelhos fixos atendidos na Clínica de
Especialização em Ortodontia da Universidade de
Itaúna, no ano de 2007, e a presença de gengivite
encontrada foi em 100% dos pacientes.
Os resultados demonstraram que o ISG variou entre os indivíduos e existem vários fatores
que podem ter contribuído para isso. As variáveis
analisadas através das respostas a entrevistas sobre o comportamento desses pacientes em relação a frequência de escovação diária, tempo de
tratamento e se o paciente aumentou o número
de escovação após a instalação do aparelho, não
apresentaram correlação com o ISG. Um alto ISG
encontrado não significou que o paciente escovava menos ou que este possuia maior tempo com
aparelho fixo e maior ambiente à instalação de
placa bacteriana e vice versa.
O maior número de indivíduos encontrava-se
nas faixas etárias mais jovens. O maior acúmulo
de placa bacteriana sobre a superfície dentária
e as alterações hormonais, neste grupo, podem
ter contribuído pela prevalência de gengivite. Os
adultos parecem ter maior consciência sobre higienização e frequência e passaram a escovar mais
após a colocação dos aparelhos, além de possuírem normalmente a coroa clínica longa, favorecendo uma colagem do acessório mais distante
da margem gengival e maior acesso à escovação
levando assim a remoção da placa bacteriana.
A presença de elásticos, amarrilhos, arcos
com alças, tubos, bandas, excesso de compósito
resinoso nas superfícies dentárias, apinhamentos,
rotações, tamanho e posição dos bráquetes próximos às margens gengivais certamente dificultam
a higienização e proporcionam um maior acúmulo
de microrganismos. A falta de escovação e uso do
fio-dental podem ser considerados fatores que propiciam o acúmulo de biofilme, aumentando o risco
de desenvolverem uma gengivite hiperplásica generalizada e desmineralização do esmalte.24,31,46,51
Portanto, esses podem ter contribuído para a ocorrência de sangramento gengival em 100% dos pacientes ortodônticos deste estudo.
A inter-relação Ortodontia-Periodontia vem
sendo objeto de estudo ao longo dos anos, na
abordagem do uso dos acessórios ortodônticos
como retentores de biofilme e obstáculos para
correta higiene bucal.42
Na literatura observam-se relatos de prevalência
das doenças periodontais com os diversos traços de
má oclusão. O apinhamento dentário, sobressaliência e sobremordida, oclusão traumática, diastemas
e alterações de tecido mole podem predispor à doença periodontal, desde que dificultem a remoção
da placa bacteriana. Já a má posição dentária pode
também dificultar a autolimpeza.45,47
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Orthodontic Sci. Pract. 2011; 4(16): 757-764
Conclusão
• A prevalência de gengivite para a população estudada foi 100%.
• É evidente que os acessórios ortodônticos
dificultam a higienização, mas existem outros fatores individuais e comportamentais
que podem influenciar nos resultados.
• A detecção de sangramento gengival auxilia
no diagnóstico dos pacientes que possuem
predisposição a desenvolver doenças gengivais e periodontais, como inflamação dos
tecidos gengivais, manchas brancas, lesões
cariosas e perda óssea.
• É importante que isto seja reconhecido individualmente na prática ortodôntica, já que
o indivíduo será exposto a movimentações
dentárias.
• Para a redução de ISG nesta população são
necessárias medidas educativas e preventivas por parte do ortodontista, complementando seu papel precípuo de agente de saúde.
Assim, sugere-se a implementação desses programas nos atendimentos da Clínica de Especialização em Ortodontia da Universidade de Itaúna,
estimulando o hábito de escovação e uso de fio
dental nesses paciente, como também incluir na
rotina dos profissionais a observação e controle
dessas alterações.
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Fernandes LPS, Carvalho MSP, Peixoto RCCP.
As escovações diárias e comportamento variam individualmente, sendo que existem outras
variáveis que influenciam no desenvolvimento das
doenças periodontais como a idade (a prevalência
aumenta com a idade), doenças sistêmicas como
diabetes, fumo, problemas cardiovasculares, predisposição genética (imunidade, transmissão bacteriana familiar), condição de estresse, utilização
de medicamentos (anti-inflamatórios, drogas citotóxicas e imunossupressoras associados à hiperplasia gengival), condição econômica, alterações
hormonais nas gestações (entre o segundo e terceiro trimestres) e puberdade, tipo de má oclusão
associada a respiração bucal (atresia de arco, mordida aberta). Tais fatores podem estar associados
a uma maior probabilidade de ocorrência das doenças periodontais sem, no entanto, serem fatores causais.3,6,7,9,10,11,14,15,20,22,23,27,33,37,38,40,41,42,47,50
Em relação ao tempo de tratamento, o longo
período em que o paciente permanece sob terapia ortodôntica pode ser conveniente para que o
profissional consiga motivar seu paciente quanto às mudanças de comportamento, resultando
na escolha de hábitos mais saudáveis e higiene
adequada.4,8,17,19,43 Assim, o sucesso do tratamento ortodôntico está em corrigir a má oclusão da
maneira mais satisfatória possível sem alterar a higidez pré-existente dos dentes e tecidos de suporte, necessitando para isto, aplicar um modelo de
programa educativo-preventivo individualizado,
considerando a avaliação de risco em relação as
doenças bucais, incluindo o conhecimento do potencial de colaboração de cada paciente.33
Para reduzir o ISG encontrado nesta população, os indivíduos deverão ser orientados a aumentar o auto-cuidado, escovar corretamente
as superfícies dentárias e usar fio dental. Ainda,
o paciente deve sempre observar qualquer alteração na cavidade bucal e comunicar ao profissional
responsável. Programas educativos são capazes de
estimular a frequência de higienização, reduzindo
significativamente ISG e biofilme dental, principalmente quando acompanhado por motivações
diretas e sessões de reforço continuado que poderão ser realizados nas consultas de manutenção.
Artigo original (Original article)
764
Orthodontic Sci. Pract. 2011; 4(16): 757-764
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