Discurso proferido pelo Deputado Átila Lins (PMDBAM), em sessão plenária do dia 29 de outubro de 2007. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Cresce em todo o mundo o movimento contra o aquecimento global provocado pela ação humana. O ponto alto dessa cruzada foi a concessão do Prêmio Nobel da Paz de 2007 ao ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al GORE e ao Painel Intergovenamental sobre Mudanças Climáticas. O prêmio foi outorgado visando aumentar a consciência sobre o tema aquecimento global e pressionar governos a realizarem ações imediatas para conter este fenômeno que assusta a humanidade. Foi também uma mensagem para os que ainda teimam não acreditar no impacto das mudanças climáticas. 1 Al Gore abandonou a política nos Estados Unidos para abraçar a causa do meio ambiente. Já o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU reúne cerca de três mil cientistas de diversos país. Seu trabalho consiste em avaliar as informações cientificas sobre os efeitos das mudanças climáticas, destacar seus impactos e traçar estratégias planetárias para responder ao fenômeno. A Fundação Nobel, que tem sede em Oslo, na Noruega, anunciou que decidiu premiar tanto o grupo de cientistas do qual fazem parte nove brasileiros, como o político , para chamar a atenção do mundo para as causas ambientais. O presidente da Fundação Nobel, Olé Mjoes, destacou que as mudanças climáticas importantes podem alterar e ameaçar as condições de vida de grande parte da humanidade, podendo desencadear migrações em massa e criar uma feroz competição pelos recursos da terra. “As mudanças climáticas- destacou o norueguês- podem representar um alto risco de conflitos de guerras entre Estados e dentro deles. É preciso agir agora, antes que a mudança no clima saia do controle do homem”. Senhor Presidente: A pergunta que se faz, não só aqui dentro de nosso país, como em todo mundo, o que é que o Brasil está fazendo para contribuir para melhorar as condições climáticas do planeta Terra. Estudos de instituições brasileiras já revelam sinais de que o clima de fato está mudando no Brasil 2 e que o aquecimento global está associado a isso. Estudo feito pelo Ministro do Meio Ambiente, e recentemente divulgado, aponta para mudanças mais significativas nas próximas décadas. Mantidas as taxas globais de emissões de gases do efeito estufa, a temperatura na Amazônia poderá aumentar em 8 graus Celsius até 2100. E, a partir de 2050, florestas do centro da Amazônia poderão dar lugar a uma vegetação típica de cerrado. A mata seria dividida ao meio, com conseqüências para o clima do Brasil e da América do sul. Segundo o estudo do Ministério do Meio Ambiente, se nada for feito, a temperatura média do Brasil poderá aumentar 4 graus Celsius até 2100. As conseqüências seriam desastrosas. A elevação de temperatura poderá levar a uma diminuição na vazão dos rios devido à evaporação, causada pelo aquecimento do ar, e à redução das chuvas. Em algumas regiões, a região de energia hidroelétrica poderá ficar comprometida. Além disso, o aumento da temperatura pode afetar a biodiversidade do pais, uma das mais ricas e maiores do mundo. O presidente Luís Inácio Lula da Silva, discursando na abertura da 62ª Assembléia geral da ONU, em Nova Iorque, conclamou os governantes de todo o mundo a ingressarem no movimento para salvar o meio ambiente. Culpou os países do primeiro mundo de serem os responsáveis pela degradação do meio ambiente. Sugeriu a realização, no Rio de Janeiro, de uma conferência mundial para discutir as mudanças ambientais. 3 O presidente Lula ressaltou os resultados brasileiros no combate às mudanças climáticas e destacou as iniciativas do governo federal e do governo do Estado do Amazonas, O presidente afirmou que o desmatamento da região foi reduzido à metade. “ Um resultado como esse não é obra do acaso. Até porque – destacou o presidente – o Brasil não abdica, em nenhuma hipótese, de sua soberania nem de suas responsabilidades na Amazônia”. Este orador, que tem a honra de representar o Estado do Amazonas na Câmara dos Deputados, chefiando a delegação do Congresso Nacional à 117º Assembléia da União Interparlamentar, realizada nos dias 07 a 10 do corrente mês, em Genebra, na Suiça, cumpriu a nobre missão de informar os participantes da Assembléia sobre as políticas públicas do Brasil em relação ao meio ambiente, em especial do Estado do Amazonas. O destaque foi para o programa Bolsa Floresta, implementado no ano passado pelo governador Eduardo Braga, e que vai contribuir para a diminuição do desmatamento da floresta amazônica. Esse programa, juntamente com outras medidas adotadas, vai ser de grande valia para o movimento mundial em favor da redução do aquecimento global. A própria ONU – Senhor Presidente – está dando sinais claros que pretende dar uma maior visibilidade para os problemas da Amazônia. No próximo dia 11 deste mês, o secretário-geral da ONU, o coreano Ban Ki-Moon estará em Manaus para uma visita à Amazônia. Essa visita terá um significado todo especial, já que ocorrerá às vésperas da 4 conferência internacional em Bali para definir uma estratégia de combate às mudanças climáticas. Kim- Moon quer chamar à atenção do mundo para a região da Amazônia ameaçada pelas mudanças climáticas. O que queremos é garantias internacionais de que o Brasil será apoiado em seus esforços para manter intacta a floresta. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, depois de visitar a Amazônia, terá um encontro aqui em Brasília com o presidente Lula. Aqui no Brasil ele vai fazer o lançamento do relatório anual do Programa da ONU para o Desenvolvimento – o PNUD-, que, nessa edição, avaliará o impacto das mudanças climáticas nas populações principalmente as mais pobres. Precisamos da ajuda internacional até porque a diminuição do desmatamento favorece o planeta inteiro. Se a colaboração vier, se os programas de preservação ambiental e de combate às queimadas que estão sendo implementadas pelos governos brasileiro e do Estado do Amazonas receberem apoio internacional, certamente o desmatamento ilegal chegará ao índice zero. Este sim será um passo importante para o combate ao aquecimento global. Temos trabalhado muito para reduzir o desmatamento. Mas ainda há muito a ser feito, mas também é preciso que a comunidade internacional reverta sua lógica da multiplicação do lucro e da riqueza a qualquer preço. Caso o modelo de desenvolvimento global não for repensado – como observou o presidente Lula na ONU – crescem os 5 riscos de uma catástrofe ambiental e humana sem precedentes. Ai todos perdem. Era o que tinha a dizer, Senhor Presidente. Muito obrigado. 6