Física em Engenharia - Prof.: João Lamesa Centro de Massa (CM) - Teoria Até o presente momento, estudamos a dinâmica das partículas, fazendo uso das leis de Newton ou analisando a energia mecânica. No entanto, para estudar qualquer movimento mais complicado (como, por exemplo, o de um corpo extenso, que pode sofrer rotação), são necessárias simplificações, como obter geometricamente um ponto que caracterize esse movimento. Trata-se do “Centro de Massa” do sistema físico. Para ilustrar a importância do centro de massa, considere o exemplo a seguir: Quando uma pequena bola é arremessada obliquamente, sem receber muita rotação, seu movimento é simples: ela segue uma trajetória parabólica, e pode ser tratada como uma partícula. Se, em vez disso, um cilindro for arremessado, o movimento torna-se mais complicado. Cada parte do cilindro segue uma trajetória diferente e não se pode representá-lo como uma única partícula. No entanto, existe um ponto do cilindro – seu centro de massa – que descreve uma trajetória parabólica simples. Os demais pontos do cilindro rotacionam em torno de seu centro de massa. respectivamente, nas posições dadas por: (x1, y1, z1); (x2, y2, z2); ... ;(xN, yN, zN). A figura a seguir ilustra a situação para uma massa qualquer mi. As coordenadas (xCM, yCM, zCM) do CM desse sistemas são calculadas pelas seguintes médias ponderadas. x CM y CM zCM m1 x1 m 2 x 2 ... mN x N 1 (m1 m 2 ... mN ) M N m x i i i 1 m1 y 1 m 2 y 2 ... mN y N 1 (m1 m 2 ... mN ) M m y m1 z1 m 2 z 2 ... mN z N 1 (m1 m 2 ... mN ) M N N i i i 1 m z i i i 1 Sendo que M = (m1 + m2 + ... + mN) é a massa total do sistema. Na forma vetorial, pode-se escrever o vetor posição do CM como: rCM = xCM i+ yCM j + zCM k. Deste modo: 1 N rCM mi ri M i 1 Enquanto o cilindro, lançado obliquamente para cima, gira, seu centro de massa (ponto em vermelho) não gira, mas descreve uma trajetória parabólica. Concluindo, o centro de massa (CM) de um sistema de partículas (como um sólido ou uma pessoa, por exemplo) permite prever com facilidade o movimento desse sistema. Pode-se pensar que toda a massa do sistema está concentrada nesse ponto. O centro de massa não precisa coincidir com o centro geométrico. O centro de massa nem ao menos precisa estar dentro do corpo, como será visto mais adiante. Cálculo do CM de um sistema de partículas Considere um conjunto de N partículas de massas m1; m2; ... ;mN, que se encontram, Obs.: Com base na propriedade de simetria, verifica-se que o CM de alguns corpos homogêneos coincide com seus centros geométricos, C. Corpos Maciços Para um objeto comum, como um taco de beisebol, tem-se um número tão grande de partículas (átomos) que se deve aproximar o corpo por uma distribuição contínua de massa. Nesse caso, as coordenadas do CM são obtidas mediante cálculos de integrais. A 2ª Lei de Newton para um sistema de partículas Considere um sistema físico com N partículas distintas. Em geral, ao estudarmos esse sistema, estamos interessados em caracterizálo como um todo, sem levar em conta cada uma de suas partículas individualmente. Por isso, analisamos o movimento de seu CM. Embora o CM seja apenas um ponto, ele se move como uma partícula cuja massa é igual à massa total do sistema. Assim, podemos atribuir-lhe uma posição, uma velocidade e uma aceleração. Analogamente, derivando-se a expressão anterior, obtemos a expressão da aceleração do centro de massa ( aCM ). m1a1 m 2 a 2 ... mN aN 1 N aCM mi ai , M M i 1 sendo a i a aceleração da partícula de ordem i. Por fim, pode-se concluir que, sendo M a massa total de um sistema de partículas, aCM sua aceleração e FR a força resultante de todas as forças externas que atuam no sistema, a 2ª Lei de Newton que descreve o movimento do CM é dada por: FR = M. aCM Exemplos 1. As partículas A e B, de massas m e 2m, respectivamente, deslocam-se ao longo do eixo Ox, com velocidades vA = 5,0 m/s e vB = 8,0 m/s. Qual é a velocidade do CM desse sistema? 2..Duas esferas, A e B, de massas respectivamente iguais a 0,10kg e 0,20kg, constituem um sistema físico e não interagem entre si. Na esfera B atua uma força externa F, constante e de intensidade 30N. Calcule: a) os módulos das acelerações de A e B. b) o módulo da aceleração do CM do sistema. Na figura, o projétil descreve uma trajetória parabólica até explodir. Depois da explosão, cada fragmento tem trajetória diferente, mas o centro de massa do projétil de antes da explosão mantém a trajetória parabólica. Derivando, em relação ao tempo, a expressão que fornece a posição rCM do CM, obtemos a expressão para a velocidade do centro de massa ( v CM ) de um sistema de partículas. m1v 1 m 2v 2 ... mN v N 1 v CM M M N m v i i 1 i , sendo M a massa total do sistema e v i a velocidade da partícula de ordem i. 3. As massas m1 = 3,0kg e m2 = 1,0kg foram fixadas nas extremidades de uma haste homogênea, de massa desprezível de 40cm de comprimento. Esse sistema foi colocado verticalmente sobre uma superfície plana, perfeitamente lisa, conforme mostra a figura, e abandonado. A massa m1 colidirá com a superfície a uma distância x do ponto P. Qual o valor de x?