ESTUDO DE CASO SOBRE AS POSSÍVEIS DIFICULDADES DE IMPLANTAÇÃO DE SOFTWARE LIVRE NOS SERVIDORES DA PREFEITURA DE GOVERNADOR VALADARES Cássio Duarte Melgaço* Marta Alves de Souza** Helder Rodrigues da Costa*** Resumo O presente artigo tem como objetivo analisar aspectos que envolvem a adoção do Software Livre em ambientes governamentais, prática que vem se difundindo bastante, visando economia de custos e de investimentos, sem que se perca o objetivo de modernização, atualização e competitividade. Tomando por base esse contexto, é apresentado o estudo de caso sobre as possíveis dificuldades de implantação do Software Livre na Prefeitura de Governador Valadares, enfatizando os aspectos do ambiente e da infraestrutura através da coleta de dados dos servidores e sistemas em uso atualmente e realizando um comparativo com as soluções de Softwares Livres disponíveis que possam ser utilizadas ou adaptadas para uso nesse ambiente. Palavras-chave: Software livre. Linux. Governo. Migração. Tecnologia da informação. Abstract The present article has as objective to analyze aspects that involve the adoption of Free Software in governmental environments, a practice that has been widely disseminated, seeking cost savings and investments, without losing the objectives of modernization, upgrading and competitiveness. Based on this context, the article shows the study case about the possible implementation difficulties of Free Software in the Governador Valadares City Hall, emphasizing the environment and infrastructure by collecting data from servers and systems currently in use and performing a comparison with the available open source software solutions that can be used or adapted for use in this environment. Key-words: Free software. Linux. Government. Migration. Information technology. * Analista de TI – Prefeitura de Governador Valadares / [email protected] ** Mestre em Administração e Planejamento de Sistemas de Informação – PUCCAMP *** Mestre em Ciências e Técnicas Nucleares – UFMG. Coordenador do curso de Gestão de Tecnologia da Informação – SENAC/MG. 2 1 INTRODUÇÃO O mercado da tecnologia está em constante desenvolvimento e mudança, e o mercado brasileiro de informática vem sentindo os efeitos dessas mudanças. Cada vez mais será necessário investir em tecnologia, infraestrutura, desenvolvimento, novas mídias, maior acesso com o aumento da inclusão digital, entre outros fatores. A entrada constante de novas tecnologias e a demanda cada vez maior por preço e qualidade obriga as equipes técnicas das empresas a buscarem fornecimento de soluções mais ágeis, eficientes e baratas possíveis. Dessa maneira, os profissionais da área precisam, além de obter as melhores respostas em menor tempo, assumir uma postura multidisciplinar, tendo conhecimento dos diversos aspectos dentro do seu ramo de atividade, sejam estes humanísticos, técnicos ou mercadológicos. Nesse sentido tem-se notado um grande avanço relativo à utilização de Softwares Livres tanto em ambientes corporativos quanto residenciais. Os softwares estão se tornando cada vez mais amigáveis, bastante estáveis e com maior facilidade relativo à busca de suporte, à medida que mais pessoas se tornam adeptas dos mesmos e consequentemente passam a compartilhar as suas experiências com outros usuários. A título de exemplo pode-se citar o Linux, um sistema operacional, que é usado de forma livre por milhares de pessoas em todo o mundo. Este programa é apenas um exemplo de como a liberdade na alteração, distribuição e utilização de programas de computador podem transformar ainda mais rapidamente, e de maneira mais democrática, o perfil do desenvolvimento social e tecnológico no mundo. Seguindo a tendência de setores da administração pública, como o Governo Federal, há uma crescente discussão sobre o tema em diversas autarquias do setor público onde se fala muito em agilidade, cortes de custos e de gastos. Em se tratando de aquisições de softwares e licenças, as mesmas, acabam sendo lentas e bastante burocráticas por conta de processos de licitação e pregões entre outros. Assim a utilização de Software Livre nestes setores torna-se bastante interessante. Neste contexto, quais são as possíveis dificuldades para a implantação de Software Livre? 3 Para responder ao problema de pesquisa é preciso levantar quais as possíveis barreiras podem ser encontradas através do estudo do ambiente e alinhamento com os objetivos que se deseja atingir para se obter um caso de sucesso. Fica evidente, portanto, a importância do estudo e do levantamento de dados, que poderão ser utilizados como base para a criação de projetos mais complexos de implantação dos Softwares Livres nos ambientes. Analisar os aspectos que envolvem a adoção do Software Livre em ambientes governamentais e levantar as possíveis barreiras para a implantação dos mesmos no ambiente de servidores da Prefeitura de Governador Valadares são os pontos principais deste artigo. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 SOTWARE LIVRE A definição de Software Livre foi criada pela Free Software Foundation (FSF), fundada em 1983 por Richard Stallman então pesquisador do MIT (Massachusetts Institute of Technology). Segundo a FSF (2011), Software Livre é o software que pode ser usado, copiado, estudado, modificado e redistribuído sem restrição. Ainda de acordo com a FSF (2011) o Software Livre se baseia em quatro liberdades associadas, são elas: a) a liberdade de se executar o programa para qualquer propósito; b) a liberdade de se estudar como o programa funciona e adaptá-lo para as suas necessidades. Acesso ao código-fonte é um requisito para esta liberdade. c) a liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar seu próximo. d) a liberdade de aperfeiçoar o programa e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie. Acesso ao código-fonte é um requisito para esta liberdade. São essas liberdades que caracterizam um software como sendo Software Livre, não importando a maneira como os utilizadores os adquiriram, os mesmos podem ser modificados ou alterados de acordo com a necessidade de cada um e 4 redistribuídos a outros utilizadores sem prévia autorização, inclusive na forma de venda. A idéia de Software Livre nem sempre está ligada a idéia de gratuidade ou software não comercial. Existem distribuições do sistema operacional Linux que são vendidas, como exemplo das versões Red Hat, mas que continuam sendo software livre, pois são distribuídas com o código fonte aberto podendo os utilizadores estudá-los e modificá-los, que são princípios dos softwares livres como descritos anteriormente. Quando se fala em Software Livre a maior vantagem de utilização são os custos, pois não há gastos com pagamento de licenças de uso, então essa economia alcançada pode ser direcionada para a aquisição de melhores equipamentos e treinamento. O Software Livre normalmente é distribuído com o seu código fonte e sob a Licença Pública Geral do GNU (GPL). A licença GPL de acordo com Cisneiros (2011) permite que o autor distribua o seu código fonte livremente, outras pessoas possam modificá-lo adaptando à suas necessidades e utilizá-lo à vontade desde que o código modificado também seja distribuído como código aberto. Este princípio contribui para a melhoria contínua do código dos softwares através das colaborações da comunidade de desenvolvedores adeptos ao Software Livre. 2.2 SOFTWARE LIVRE NA GESTÃO PÚBLICA O Software Livre tem ganhado espaço e adeptos nos órgãos públicos, a sua utilização vem crescendo muito na esfera governamental, pois, o mesmo, tem como principal ponto a favor o menor custo financeiro comparado com os softwares proprietários. Em 29 de outubro de 2003 foi publicado pelo Brasil.Governo Federal (2011) o decreto que determinou a criação de comitês técnicos destacando-se entre eles o Comitê Técnico de Implementação de Software Livre, cuja finalidade é estimular e articular projetos de pesquisa científica e de desenvolvimento tecnológico voltados à ampliação da cidadania digital. Desde então o governo vem investindo muito na divulgação do software livre com a criação de cartilhas, como a Cartilha Amarela voltada para a população, que contém esclarecimentos e benefícios de utilização do software livre, e com criação de portais específicos sobre o assunto como o Portal 5 do Governo Eletrônico (www.governoeletronico.gov.br), Software Livre no Governo (www.softwarelivre.gov.br) e o Portal do Software Público Brasileiro (www.softwarepublico.gov.br). De acordo com o ITI (2011) o Comitê Técnico de Implementação de Software Livre foi coordenado pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) até abril de 2008, atualmente, é coordenado pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Através dos trabalhos desenvolvidos pelo ITI, o Governo Federal determinou um conjunto de diretrizes com a finalidade de orientar as ações dos diversos órgãos e empresas públicas, no sentido de promover a adoção planejada e de forma contínua desses softwares. A opção do Governo Federal pelo Software Livre é adotada como estratégia para reduzir custos, ampliar a concorrência, gerar empregos e desenvolver o conhecimento e a inteligência do país na área, segundo o Brasil.Ministério do Planejamento (2011). Para incentivar o uso do software livre, o Estado promove ações voltadas para o uso de padrões abertos, o licenciamento livre dos softwares e a formação de comunidades interessadas no tema. Visando esse incentivo e facilitar o processo de migração nos diferentes órgãos, o Brasil.Ministério do Planejamento (2011) coordenou, junto a 28 órgãos federais, a construção do Guia Livre - Referência de Migração para Software Livre, que, traz dicas para a elaboração de planos de migração e relatos de experiências bem sucedidas no Governo Federal. O Guia Livre destaca importâncias para a adoção do Software Livre, são elas: a) necessidade de adoção de padrões abertos para o Governo Eletrônico (eGov); b) nível de segurança proporcionado pelo Software Livre; c) eliminação de mudanças compulsórias que os modelos proprietários impõem periodicamente a seus usuários, em face da descontinuidade de suporte a versões ou soluções; d) independência tecnológica; e) desenvolvimento de conhecimento local; f) possibilidade de auditoria dos sistemas; g) independência de fornecedor único. 6 2.3 REFERÊNCIAS EM SOFTWARE LIVRE 2.3.1 Sistemas Operacionais Um sistema operacional é composto por um conjunto de programas responsáveis por controlar os recursos de hardware do computador, mantendo a integridade do sistema, gerenciando o escalonamento e interação das tarefas, além de fornecer interface entre o computador e o usuário, segundo a Wikipédia (2011). Existem diversos sistemas operacionais livres disponíveis para utilização, mas pode-se afirmar que o mais conhecido é o Linux, em suas diversas distribuições. De acordo com o Guia Livre do Brasil.Ministério do Planejamento (2011), o sistema operacional Linux consiste de um kernel, responsável pela alocação dos recursos da máquina que opera em modo supervisor junto com programas de suporte, como compiladores, carregadores de suporte e drivers. Nesse sentido, o kernel do Linux é fornecido em pacote, junto com um conjunto de programas de suporte e aplicativos, formando uma distribuição. Os componentes do conteúdo de uma distribuição devem interagir, e o kernel pode ser compilado para possuir características específicas não disponíveis como padrão. O portal DistroWatch (2011) faz um comparativo entre as dez mais conhecidas distribuições Linux, incluindo, versões para estação de trabalho e versões para servidores. Entre as versões voltadas para estações de trabalho utilizadas pode-se citar o Kurumin, Linux Educacional e Ubuntu entre outras. Relacionado a distribuições voltadas para uso em servidores, algumas delas são, Slackware, Red Hat, Debian, Fedora, CentOS e Ubuntu Server. 2.3.2 Aplicativos de escritório Os aplicativos de escritório, de acordo com o Guia Livre do Brasil.Ministério do Planejamento (2011), abrangem a criação, a modificação e a impressão de arquivos contendo dados do negócio em formato padrão, tais como cartas e relatórios, planilhas e apresentações. Atualmente, em se tratando de aplicativos de escritório baseados em Software Livre, está sendo bastante utilizado o pacote BROffice.org, versão 7 brasileira do pacote OpenOffice.org. O BROffice.org está disponível em português, é capaz de ler muitos formatos fechados de documentos e pode ser instalado em sistemas operacionais Windows e Linux, sendo uma boa alternativa para utilização onde o sistema operacional não pode ser migrado para Software Livre. 2.3.3 Navegadores e Correio Eletrônico O navegador, também conhecido por browser, é o programa responsável para acesso a conteúdos publicados na web e o software de correio eletrônico é utilizado para envio e recebimento de e-mails. Nesse contexto, o navegador e o leitor de correio eletrônico em Software Livre que possuem bastante adeptos são o Mozilla Firefox e o Thunderbird respectivamente. Estes dois softwares possuem versões tanto para Windows como para Linux. 2.3.4 Banco de Dados Banco de dados pode ser definido como um conjunto de dados interrelacionados, representando informações sobre um domínio específico. É, basicamente, uma tabela composta de várias linhas divididas em colunas que são identificadas por campos, e cada linha representa um registro de banco de dados. O Guia Livre do Brasil.Ministério do Planejamento (2011), cita que para sistemas que necessitam de um banco de dados rápido, como as aplicações com interface web, pode ser utilizado o MySQL e para sistemas que necessitam de maior robustez, o PostgreSQL e o Firebird. O MySQL é um banco de dados SQL leve, voltado especialmente para aplicações web e similares. O PostgreSQL é bastante completo, comparável aos mais robustos do mercado, com os recursos necessários para lidar com grande volume de dados e mostra-se uma boa opção com relação à soluções corporativas. O Firebird é uma versão do banco de dados Interbase da Borland, assim como o PostgreSQL, é uma opção em se tratando de soluções corporativas. 8 3 METODOLOGIA O estudo de caso, segundo Yin (2001), representa uma investigação empírica e compreende um método abrangente, com a lógica do planejamento, da coleta e da análise de dados. Pode incluir tanto estudos de caso único quanto de múltiplos, e também, abordagens quantitativas e qualitativas de pesquisa. Uma pesquisa de natureza exploratória, de acordo com Gil (1999), envolve um levantamento bibliográfico com a finalidade básica de desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias para a formulação de abordagens posteriores. Dessa forma é apresentado o estudo de caso sobre as possíveis dificuldades de implantação de Software Livre no ambiente de servidores da Prefeitura de Governador Valadares. Através da pesquisa exploratória foram enfatizados os aspectos do ambiente e da infraestrutura pela observação e coleta de dados dos servidores e sistemas em uso atualmente e foi realizado o levantamento bibliográfico para o comparativo das soluções de Softwares Livres disponíveis que possam ser utilizadas ou adaptadas para uso nesse ambiente. 4 DADOS E ANÁLISE DA PESQUISA A Prefeitura de Governador Valadares é composta por quinze secretarias responsáveis por cuidar da administração da cidade. Estas secretarias são compostas por departamentos que, por sua vez, são divididos em gerências para melhor organização e execução dos serviços. A prefeitura conta atualmente com um parque de aproximadamente quatrocentos computadores em seu prédio e mais oitocentos divididos entre os diversos setores externos, num total de mil e duzentos computadores. No prédio central estão localizados os servidores que sustentam essa infraestrutura, onde os computadores dos setores internos estão conectados através da LAN e os setores externos se conectam através da WAN por uma extensa malha de fibras óticas e rádios. A estrutura da rede é baseada no protocolo TCP/IP. O Departamento de Informática assume um papel fundamental no processo de modernização, pois é ele que traça toda a política de tecnologia da informação para a Prefeitura. 9 Nesse sentido, o Departamento de Informática é responsável por manter toda a infraestrutura de informática, contratar prestadores de serviços de internet e transmissão de dados, manutenção dos computadores, impressoras e equipamentos, garantindo o melhor funcionamento da estrutura e do ambiente de rede. Figura 1 – Ambiente de Servidores Fonte: da pesquisa 10 A estrutura de serviços da prefeitura gira em torno do ambiente de servidores, que é composto por treze servidores de dados e aplicativos, cada um executando sua função específica como mostrado na figura 1. Os casos de utilização de Software Livre são baseados e analisados a partir desta estrutura. O servidor PMGV-S1 possui o sistema operacional Windows Server 2003, exerce as funções de controlador de domínio através do Active Directory e servidor de nomes DNS. A dificuldade encontrada para a migração deste servidor está no fato de que não foi possível através dos estudos definir um alternativa baseada em Software Livre que substituísse com todas as funcionalidades disponíveis no Active Directory, a função de controlador de domínio. O servidor PMGV-S2 possui o sistema operacional Windows Server 2000, executa a função de terminal server para a utilização de softwares legados baseados na arquitetura Windows. A dificuldade de migração deste servidor encontra-se justamente no fato de se tratarem de softwares legados, onde não apresentaria nenhuma vantagem relativo ao desenvolvimento destes softwares em outra linguagem de programação compatível com Linux, haja visto que são softwares usados somente para consulta a dados. O servidor PMGV-S3 possui o sistema operacional Windows Server 2003, executa a função de banco de dados para o sistema de protocolo Control Docs. O banco de dados utilizado é o Firebird, que se trata de Software Livre, para arquitetura Windows. Este servidor poderia ser migrado para o ambiente Linux, pois, de acordo com o estudo, está disponível o mesmo banco de dados para o sistema operacional Linux. O servidor PMGV-S4 possui o sistema operacional Windows Server 2003, exerce as funções de Servidor Web IIS e banco de dados Oracle, hospedando os sistemas da Intranet da prefeitura, rodando códigos ASP.NET e PHP. Este servidor poderia ser migrado para o sistema operacional Linux baseado no Servidor Web Apache, porém necessitaria de um trabalho maior para a migração relativo ao banco de dados e páginas em ASP.NET. O conteúdo web deveria ser modificado para a utilização de um banco de dados baseado em Software Livre como o MySQL ou PostgreSQL e as páginas desenvolvidas em ASP.NET deveriam ser modificadas para PHP. O servidor PMGV-S5 possui o sistema operacional Windows Server 2003 e exerce a função de banco de dados em SQL Server 2008 para os sistemas de 11 contabilidade. A dificuldade encontrada na migração deste servidor está no fato dos softwares que utilizam o banco de dados serem desenvolvido por empresa externa. Em contato com a empresa desenvolvedora dos sistemas foi constatado que os mesmos somente utilizam o banco de dados definido e que não há projeto para a migração para banco de dados baseado em Software Livre, o que torna inviável a migração deste servidor. O servidor PMGV-S6 possui o sistema operacional Linux CentOS, já baseado em Software Livre e exerce a função de servidor de aplicativos do sistema tributário. Portanto, como visto, não é necessária nenhuma alteração da estrutura do mesmo. O servidor PMGV-S7 possui o sistema operacional Windows Server 2003, é utilizado apenas como servidor de testes de aplicativos em desenvolvimento. Portanto não se justifica o trabalho de migração do mesmo. O servidor PMGV-S8 possui o sistema operacional Windows Server 2003 e exerce a função de servidor de arquivos de rede. Este servidor poderia ser migrado para o sistema operacional Linux sem maiores dificuldades, para o compartilhamento de arquivos do sistema SMB, apenas realizando-se as devidas adaptações. O servidor PMGV-S9 possui o sistema operacional Windows Server 2003 e possui a função de banco de dados Oracle para os sistemas de almoxarifado, frotas e compras. Estes sistemas são desenvolvidos por empresa externa. Em contato com a empresa desenvolvedora verificou-se que a mesma possui uma versão destes sistemas voltada para o banco de dados livre PostgreSQL. Fica evidente, portanto, que poderia se realizar a migração deste servidor para o sistema operacional Linux com a utilização do banco de dados PostgreSQL, observando-se que haveria um custo de implantação relativo a empresa desenvolvedora. O servidor PMGV-BD01 possui o sistema operacional Windows Server 2003, exerce a função de banco de dados em SQL Server 2000 para o sistema de recursos humanos. Este servidor enquadra-se na mesma situação do servidor PMGV-S5, devido aos sistemas de ambos serem desenvolvidos pela mesma empresa. Nesse caso, portanto, encontra-se a mesma dificuldade tornando inviável a sua migração para Software Livre. O servidor INSTALL possui o sistema operacional Windows Server 2003 e é utilizado como armazenamento de arquivos em rede, responsável por guardar as instalações de todos os softwares utilizados no ambiente da prefeitura. Este servidor 12 poderia ser migrado para o sistema operacional Linux e utilizado como compartilhamento de arquivos o sistema SMB, com as devidas adaptações. O servidor E-MAIL possui o sistema operacional Linux Ubuntu Server e é o responsável por controlar toda a estrutura de recebimento e envio de e-mails da prefeitura. Não seria necessária nenhuma migração por já utilizar Software Livre. O servidor GATEWAY possui o sistema operacional Linux Ubuntu Server, exercendo a função de firewall e proxy. Este servidor realiza o controle de tráfego da internet. É através dele que passa todo o tráfego da prefeitura por de um link dedicado com velocidade de 20 Mbps. O mesmo já é baseado em Software Livre, portanto não é necessária a migração. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES A utilização do Software Livre em ambientes governamentais, em seus diferentes níveis, é parte de um processo abrangente que envolve diversos aspectos, alguns deles abordados durante o desenvolvimento da pesquisa. O estudo teve como base, em grande parte, documentos divulgados pelo Governo Federal onde são discutidos aspectos dos mais diferenciados, com questões que vão desde complexidade do uso dos Softwares Livres e segurança até processos de inclusão social, pela inclusão digital. O desenvolvimento de um processo de migração é complexo, e pode ser considerado como peça principal quando se trata de projetos de modernização da área de informática, garantindo que o ambiente não se torne obsoleto e que possa acompanhar as exigências que ainda estão por vir. Além do levantamento das possíveis barreiras de implantação, um processo de migração de Software Livre, deve envolver toda equipe, diretoria, analistas e desenvolvedores no processo de decisão. É interessante destacar que talvez seja necessária a contratação de pessoal especializado para execução de determinada tarefa, o que gera um custo, e testes em laboratório antes da implementação em ambiente de produção também se fazem necessários. Outro ponto de grande importância é relativo a treinamento, visto que a migração implica em mudança ou desenvolvimento de novos softwares, isto gera a necessidade do treinamento dos usuários que utilizaram os novos sistemas. 13 O processo de migração deve ser planejado para minimizar os impactos através do estudo do ambiente e alinhamento com os objetivos que se deseja atingir ou todo o processo estará fadado a ser um fracasso. Vale ressaltar que, atualmente, a Prefeitura, através do Departamento de Informática, vê a importância da utilização do Software Livre. Por isso está sendo utilizado o conceito, para o desenvolvimento de novos softwares, baseado em linguagem e banco de dados que são independentes do sistema operacional, o que facilitaria uma possível migração. Como exemplo, a utilização da linguagem de programação JAVA e do banco de dados PostgreSQL que possuem versões tanto para Windows como para Linux. Ao analisar as vantagens e desvantagens que a implantação do Software Livre acarreta, constatados através da pesquisa, alguns pontos se revestem de significativa importância. Como vantagem, um dos enfoques que mais chama a atenção é a economia de recursos e consequentemente a possibilidade de aplicação desses recursos em melhoria de equipamentos e treinamentos. Falando-se sobre as desvantagens, foi constatada deficiências quanto à documentação de alguns softwares, muitas vezes pouco detalhadas ou confusas e complexas. Como o objetivo do artigo não é limitar nem abranger na totalidade o assunto, visto que os conceitos do Software Livre estão em constante desenvolvimento, acredita-se que o objetivo do mesmo foi atingido, pois, através do estudo e da análise dos dados foi possível visualizar o que pode ser migrado para Software Livre, auxiliando na criação de um processo de migração com as definições de prioridades, e levantadas algumas possíveis barreiras que podem ser encontradas para tal, respondendo ao problema de pesquisa. Que este artigo possa ser utilizado como base para futuros estudos ou elaboração de projetos de implantação de Software Livre. 14 REFERÊNCIAS BRASIL.GOVERNO FEDERAL. Decreto de 29 de Outubro de 2003. Disponível em: <http://www.softwarelivre.gov.br/documentos-oficiais>. Acesso em: 10/05/2011. BRASIL.MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO. Software Livre. Disponível em: <http://www.governoeletronico.gov.br/acoes-e-projetos/software-livre>. Acesso em: 10/05/2011. CISNEIROS, Hugo. The Linux Manual. Disponível em: <http://www.devin.com.br /tlm4/s1-o-que-e-gpl.html>. Acesso em: 17/05/2011. DISTROWATCH. Top Ten Distributions. Disponível em: <http://distrowatch.com/ dwres.php?resource=major>. Acesso em: 10/06/2011. FSF – FREE SOFTWARE FOUNDATION. O que é software Livre? Disponível em: <http://www.fsfla.org/svnwiki/about/what-is-free-software.pt.html>. Acesso em: 17/05/2011. GIL, Antonio C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. ITI – INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO. Software Livre. Disponível em: <http://www.iti.gov.br/twiki/bin/view/Swlivre/WebHome>. Acesso em: 02/06/2011. WIKIPÉDIA. Sistema Operativo. Disponível Sistema_operativo>. Acesso em: 10/06/2011. em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ YIN, Robert. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.